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. ' GEOMETRIA DO DESIGN Geometria do design Estudos sobre proporção e composição Kimberly Elam tradução Claudio Marcondes COSACNAIFY Sumário 5 Introdução Proporção no homem e na natureza 6 Proporções e preferências cognitivas 8 Proporção e natureza 12 Proporções do corpo humano na escultura clássica 14 Proporções do corpo humano no desenho clássico 18 Proporções faciais Proporções na arquitetura 20 Proporções arquitetônicas 22 Traçados reguladores de Le Corbusier Seção áurea 24 Construção do retângulo áureo 27 Proporções áureas 29 Scção áurea e sequência de Fibonacci 30 Triângulo e elipse áureos 32 Retângulos áureos dinâmicos Retângulos de raiz 34 Construção do retângulo de raiz 2 36 Norma DIN de formatos proporcionais de papel 37 Retângulos dinâmicos de raiz 2 38 Retãngulo de raiz 3 40 Retãngulo de raiz 4 41 Retãngulo de raiz 5 42 Comparação dos retângulos de raiz 43 Análises visuais do design 44 Cartaz "Folies·Bergêre" 46 Car taz "Job" 48 Cartaz "Bauhaus Ausstellung" 50 Cartaz para o jornal L'lntransigeant 54 Cartaz "East Coast by L.N.E.R." 56 Cadeira Barcelona 58 Chaise Longue 60 Cadeira Brno 62 Cartaz "Negerkunst" 64 Cartaz "Wagon·Bar" 66 Cartaz "Konstruktivisten" 68 Cartaz "Der Berufsphotograph" 70 Cadeira Plywood 72 Cartaz "Konkrete Kunst" 76 Capela do Instituto de Tecnologia de Illinois 78 Cartaz "Beethoven" 81 Cartaz "Musica Viva" (1957) 82 Cartaz "Musica Viva" (1958) 84 Cadeira Tulipa 86 Cartaz "Vormgevers" 88 Cartaz "Fürstenberg Porzellan" 90 Cartaz "Majakovskij" 92 Processador de alimentos Braun 94 Cafeteira Aromaster Braun 96 Chaleira 11 Conico 98 Novo Fusca 101 Epílogo 102 Agradeci mentes 103 Créditos de ilustrações 104 Bibliografia selecionada 105 Índice remissivo 106 Sobre a autora Introdução nada aborrece tanto o juízo sadio quanto uma pi11· "A geometria é a linguagem do homem. Mas ao deter· I lr•l realizada sem conhecimento técnico, ainda que I 1la com cuidado e diligência. Ora, o único motivo P• lo qual os pintores desse tipo não se dão conta de 11, próprios erros é o fato de não terem aprendido Jeometria, sem a qual ninguém pode ser, ou se tor· 1 n, um verdadeiro artista; mas a responsabilidade por 1 lo deve ser atribuída aos seus mestres, eles próprios 1 1110rantes dessa arte." Albrecht Dürer. Unterweisung der Messing [Instrução p.tra medição]. 1525 minar as distãncias respectivas dos objetos, ele inven· tou ritmos, ritmos sensíveis ao olho, nítidos nas suas relações. E esses ritmos estão no nascimento de com· portamentos humanos. Ressoam no homem por uma fatalidade orgânica, a mesma fatalidade que faz com que as crianças. os velhos, os selvagens, os letrados tracem a seção áurea." Le Corbusier, Por uma arquitetura, 1923 [ed. bras. 1998] 1 'lO que é possível aperfeiçoar uma arte sobretu· " .. as proporções dos elementos formais e de seus J l partir de uma base matemática de pensamento.'' espaços intermediários quase sempre estão relacio· M.1x Bill, extraído de um texto de 1949, republicado nadas a determinadas progressões numéricos logica· ••m Typographic Communications Today, 1989 mente dedutíveis." Josef Müller·Brockmann, The Graphic Artist and His De· sign Problems [O artista gráfico e seus problemas de design], 1968 Multas vezes. como profissional do d@sign e como edu· e guardam vínculos com o estilo e a tecnologia das c .ulora. vi excelentes ideias conceituais acabarem pre· Judie adas durante o processo de realização. em grande po�r te devido a uma falta de entendi mente, por parte do eh ,,gner, dos princípios visuais da composição geomé· épocas em que foram produzidas, mas também com a intemporal idade do design clássico. Apesar das dife· renças que marcam tais épocas e da diversidade formal das obras, de pequenas obras gráficas bidimensionais lfl< a. Tais princípios incluem uma compreensão dos sis· a estruturas arquitetônicas, nota-se uma extraordinária lt 111<1s clássicos de proporções. como a seção áurea similaridade em sua concepção e ordenamento, a qual o·. retângulos de raiz, assim como dos conceitos de se deve ao uso deliberado da geometria. 1111,\0 e proporção e das relações entre as formas e os Este Geometria do design não pretende usar a llotc;.ldos reguladores. Este livro se propõe a explicar, ""'termos visuais, os princípios da composição geo· "" Inca e também a analisar, em conformidade com lnl' princípios, um conjunto abrangente de cartazes, >hiPtos e edifícios. 1\ �eleção dessas obras teve como critério o fato de I• l••m passado pela prova do tempo e de serem con· I lnloJdas, em muitos aspectos, exemplos clássicos de h IIJn. Elas são apresentadas em ordem cronológica geometria como critério de avaliação estética, mas an· tes pór em evidência aquelas relações visuais que se baseiam em atributos essenciais tanto da vida. como a proporção e os padrões de crescimento, quanto da matemática. Seu propósito é esclarecer o processo projetual e oferecer coerência ao desenho por meio de estruturas visuais. Com tal entendimento, o artis· ta ou o designer poderá encontrar, por conta própria, mérito e valor para si mesmo e suas obras. Kimberly Elam Ringling School of Art and Design Primavera de 2001 5 6 Proporções e preferências cognitivas Ao longo de toda a história, no contexto tanto do am biente humano como do mundo natural, jó se com provou uma evidente preferência cognitiva dos seres humanos pelas proporções baseadas na seção áurea. Alguns dos mais antigos indícios do emprego de um retãngulo áureo-ou seja, aquele no qual há uma pro porção de 1:1,618 entre os lados -estão na estrutura de Stonehenge, erguida entre 2450 e 1600 aC. Outros indí cios documentados encontram-se em textos e na arte e arquitetura dos antigos gregos. no século V aC. Mais tarde. artistas e arquitetos renascentistas também es tudaram, documentari:lm e empregaram as proporções derivadas da seção áurea em extraordinárias obras de escultura, pintura e arquitetura. E. além das obras feitas pelo homem, as proporções da seção áurea podem ser observadas no mundo natural, tanto nas proporções do corpo humano como nos padrões de crescimento de muitas plantas, animais e insetos. Intrigado pela seção áurea, o psicólo go alemão Gustav Fechner estudou, no final do século XIX, o modo Tabela da preferência por retângulos conforme a proporção razão: largura/comp, retângulo mal$ $eleclonado '% Fechner 1:1 3,0 5:6 0,2 4:5 2,0 3:4 2,5 7:10 7,7 2:3 20,6 5:8 35.0 13:23 20,0 1:2 7.5 2:5 1.5 Totais: 100,0 1:1 quadrado % Lalo 11,7 1,0 1,3 9,5 5,6 11,0 30,3 6.3 8.0 15.3 100,0 :i ;'/.: 5:6 retãngulo menos seleclonado % Fechner % Lalo 27,8 22,5 quadrado 19,7 16,6 9,4 9,1 2,5 9,1 1,2 2,5 0.4 0.6 0.0 0.0 proporção áurea 0.8 0,6 2.5 12,5 quadrado duplo 35.7 26.6 100.0 100,1 4:5 3:4 7:10 como as pessoas reagiam as qualidades estéticas espe cíficas do retângulo áureo. A curiosidade de Fechner foi despertada pelos indícios existentes de uma predileção estética arquetípica e transcultural pelas proporções da seção áurea. Fechner restringiu seu experimento ao mundo hu mano e começou tomando as medidas de milhares de objetos retangulares, tais como livros, caixas, edifí cios, caixas de fósforo, jornais etc. E descobriu que a razão média dos retângulos estava próxima daquela Gráfico comparativo das preferências por retângulos Gráfico de Fechncr, 1876 e Gráfico de Lalo, 1908 • 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% conhecida como seção áurea, ou seja, 1:1,618, e que a maioria das pessoas preferia os retãngulos que exibiamproporções semelhantes a essa. Os experi mentos exaustivos mas informais de Fechner acaba ram sendo repetidos, com maior rigor cientifico. pelo francês Charles Lalo em 1908, e mais tarde por ou tros pesquisadores, que obtiveram resultados nota velmente similares. /, ""' // '"' ""' -V / "' ._,. / / "' ""' - 15% / v "' ""- ------- 10% "-.._ 5% 0% rezão 1:1 quadrado 5:6 / � � ...- 4:5 3:4 ) 7:10 5:8 13:23 seção áurea 2:3 5:8 seção áurea - 13:23 1 :2 ....._ 1:2 quadrado duplo quadrado duplo -=:::.::;. 2:5 2:5 7 8 Proporção e natureza "O poder do segmento áureo de criar harmonia advém de sua capacidade singular de unir as diferentes par tes de um todo, de tal forma que cada uma continua mantendo sua identidade, ao mesmo tempo que se integra ao padrão maior de um todo único." Gyõrgy Doczi, O poder dos limites: harmonias e propor ções na natureza, arte e arquitetura, 1986 [ed. bras. 1990) A predileção pela seção áurea não se restringe ao sen so estético dos seres humanos; ela também faz parte Archítectonica nobilis Padrão de crescimento em espiral. das notáveis relações entre as proporções nos padrões de crescimento de seres vivos como plantas e animais. As formas com perfil em espiral das conchas re velam um padrão cumulativo de crescimento, o qual foi objeto de vários estudos científicos e artísticos. Os padrões de crescimento das conchas são espirais logarítmicas de proporções áureas, refletindo o que ficou conhecido como a teoria de um padrão de cres cimento perfeito. No livro The Curves of Life [As cur vas da vida). Theodore Andrea Cook descreve esses Náutllo Espiral áurea Diagrama de construção de um retângulo áureo e da espiral resultante. Corte transversal do Nautitus pompitius mostrando o padrão de crescimento em espiral. Polinices duplicatus Padrão de crescimento em espiral. padrões de crescimento como "os processos essen ciais da vida". Em cada etapa de crescimento, assi nalada por uma espiral, a nova espiral é muito próxi ma da proporção de um quadrado áureo maior que o anterior. Os padrões de crescimento das conchas d o náutilo e d e outros moluscos nunca exibem propor ções áureas exatas. Em vez disso, o que se constata nas proporções dos padrões de crescimento biológico é a tentativa, nunca alcançada, de chegar a propor ções áureas exatas nas espirais. Comparação do crescimento em espiral de uma concha e a proporção áurea Padrão pentagona l O pentágono e o pcntagrama têm proporções áureas, pois a ruzão dos lados elos triângulos em um pentagrama é 1:1,618. As mesmas relações 1 resentes no pentágono/ p<'ntagrama silo ••ncontradas nas bolachas-da-praia e nos llocos de neve. O pentágono e o pentagrama (um pentágono re gular estrelado) também exibem proporções áureas e podem ser encontrados em muitas criaturas vivas, como a bolacha-da-praia. As divisões internas de um pentágono criam um pentagrama, no qual a razão en tre duas linhas quaisquer tem a proporção de 1:1,618. 9 10 A pinha e o girassol apresentam padrões de cresci mento em espiral muito semelhantes. As sementes dos dois crescem ao longo de duas espirais que se inters ectam e irradiam em direções opostas, e cada semente pertence a ambos os conjuntos de espirais. O exame das espirais da pinha revela que 8 delas se movem em sentido horário e outras 13 em sentido anti-horário, aproximando-se bastante das propor ções da seção áurea. A mesma proximidade com a seção áurea ocorre no caso das espirais do girassol: há 21 espirais em sentido horário e 34 em sentido anti-horár io. Os números 8 e 13, constatados nas espirais da� pinhas, e 21 e 34, nas dos girassóis, são bem conhe cidos dos matemáticos. Eles são pares adjacentes nn série matemática conhecida como sequência de F1 bonacci. Nesta, cada número ê obtido pela soma do� dois anteriores: O, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55 ... A razão entre dois termos sucessivos na série tende no limite a 1:1,618, ou seja. à proporção áurea. Padrões de crescimento em espiral dos girassóis Tal como ocorre nas pi nhas. cada semente no girassol pertence a ambos os conjuntos de espirais: 21 espira is irradiam cm sentido horário, e 34.em sentido anti-horário. A proporção de 21:34 é 1:1,619- muito próxima de 1:1,618, a proporção áurea. Padrões de crescimento em espiral das pinhas Cada semente na pinha pertence a ambos os conjuntos de espirais: 8 delas irradiam em sentido horário e 13, em sentido anti-horário. A proporção de 8:13 é 1:1,625 - também muito próxima de 1:1,618, a proporção áurea. \ Muitos peixes também exibem medidas relaciona- Talvez parte do nosso fascínio pelo ambiente natu- das com a seção áurea. A superposição de três dia- ral e por seres vivos como conchas. flores e peixes seja gramas de construção com a proporção aurea ao cor- devido à nossa predileção subconsciente pelas pro- po de uma truta arco-íris mostra as relações entre o porções. formas e padrões associados à seção áurea. olho e a nadadeira caudal nos retãngulos e quadrados dourados recíprocos. Além disso, as nadadeiras indi- viduais exibem proporções áureas. O peixe-anjo-azul enquadra-se exatamente em um retãngulo áureo, e sua boca e guelras estão no ponto áureo reciproco da altura do corpo. ret ãngu l o áureo Análise da seção áurea em uma truta O corpo de uma truta enquadra-se em três retângulos áureos. O olho é bissectado pelo lado de um retângulo áureo reciproco. e outro retângulo deste tipo define a nadadeira caudal. Análise da seção áurea em um peixe-anjo-azul Todo o corpo do peixe se enquadra em um retííngulo aureo. A boca e a guelra estão no retângu lo áureo recíproco. retâng ulo áureo 11 12 Proporções do corpo humano na escultura clássica Assim como muitas plantas e animais compartilham as proporções áureas, o mesmo se dá com os seres humanos. Talvez outro motivo para a predileção cog nitiva pelas proporções áureas seja o fato de que o rosto e o corpo humanos exibem as mesmns relações proporcionais matemáticas constatadas em todos os seres vivos. Algumas das mais antigas investigações sobre pro porções anatómicas e arquitetônicas são encontradas Proporções áureas na escultura grega O Doríforo (o portador de lança) à esqu erda. O Zeus do CaboArtemísion à direita. Cada retãngulo áureo é representado por um retângulo com uma linha diagonal tracejada. Múltiplos retãngulos áureos partilham a mesma diagonal tracejada. As proporções das duas figuras são quase idênticas. nos tratados de um arquiteto e estudioso latino do prime iro século dC, Marcus Vitruvius Pollio. Vitrúvio, como é mais conhecido, recomendava que a arquite tura dos templos fosse baseada nas proporções ideais de um corpo humano em que todas as partes estão em perfeita harmonia. Ao descrever tal ideal, ele expli cava que a altura de um homem bem-proporcionado é equivalente ao comprimento de seus braços aber tos. A altura do corpo e o comprimento dos braços \ i- est"nd1dos cnam um quadrado, enquanto as máos e os pés tocam um c rculo CUJO centro é o umb1go Nes se esquema. a forma humana é diVIdida ao me1o na v1nlha e pela seçâo aurea no umb1go As estátuas do Doriforo e de Zeus sllo ambas dos anos 1400 ac Em bora real1zadas por escultores diferentes multo tem po antes dos estudos de Vótrúvlo. ambas co1ncidem claramente com as proporções por ele recomendadas. 13 ' Z•us analisado segundo o cânone de Vitrúvio \1111 quadrado encerra o corpo, ao passo que as mãos 1 ·111 um círculo cujo centro coincide com o umbigo. A. li• Jura é d ividida ao meio na virilha e (a direita) pela 10 .�urea no umbigo. estendidoscriam um quadrado, enquanto as mãos e os pés tocam um círculo cujo centro é o umbigo. Nes· se esquema, a forma humana é dividida ao meio na virilha e pela seção áurea no umbigo. As estátuas do Doríforo e de Zeus são ambas dos anos 1400 aC. Em· bora realizadas por escultores diferentes muito tem· po antes dos estudos de Vitrúvio, ambas coincidem claramente com as proporções por ele recomendadas. 13 14 Proporções do corpo humano no desenho clássico O cânone vitruviano foi adotado por artistas renas centistas como Leonardo da Vinci e Albrecht Dürer, no final do século XV e início do XVI. Tanto Da Vinci como Dürer se dedicaram ao estudo dos sistemas de proporções da anatomia humana. Os experimentos de I \ Homem Inscrito num círculo, Albrecht Oürer, após 1521 Dürer com vários desses sistemas podem ser vistos em sua obra Vier Bücher von menschlicher Proportion [Quatro livros sobre a proporção humana], de 1528. Já Leonardo da Vinci fez as ilustrações para o livro De divina proportione [Sobre a divina proporç5o] Homem vítruviano, Leonardo da Vinci, 1485-90 \. de Da Vinci e de Dürer se conformam ao sistema de Vitrúvio. Além disso, quan IIMramos esses desenhos com a ajuda de so- 15 16 O cânone vitruviano aplicado ao Homem vltruvíano, de Leonardo da Vinci Um quadrado encerra o corpo, ao passo que as mãos e os pés tocam um círculo cujo centro coincide com o umbigo. A figura está dividida ao meio na virilha e pela seção áurea no umbigo. \ 17 Comparação das proporções de DOrer (om vermelho) e Da Vinci (em preto) A� proporções de 1mbos os artistas são quase idênticas. • \ 17 18 Proporções faciais O cânone de Vitrúvio abrange as proporções do ros to e do corpo humano. O posicionamento dos traços faciais revela as proporções classicas usadas na es cultura greco-romana. Embora tanto Leonardo da Vinci como Albrecht Dürer tenham empregado o cânone vitruviano de proporções anatômicas, notam-se diferenças sig nificativas nas proporções faciais. O sistema de Da Vinci para o rosto reproduz o de Vitrúvio e linhas Comparação de proporções faciais e seção áurea Detalhe da cabeça do Doríforo (esquerda). Detalhe da cabeça do Zeus do Cabo Artemísion (direita). Quando aplicamos às cabeças das estátuas o cánone vitruviano, notamos que as proporções são Quase idênticas. Estudos das proporções faciais por Oürer, c. 1526-27 Quatro cabeças construídas, desenho publicado em Das Skizzenbuch von Albrecht Dürer [O caderno de rascunhos de Albrecht Dürer]. 1905 de construção suaves podem ser vistas em seu de senho original. Dürer, no entanto, recorre a proporções faciais cla ramente diferentes. No Homem inscrito num círculo. as proporções são caracterizadas pe los traços con centrados na parte inferior do rosto e pela testa mais ampla, o que possivelmente revela uma predileção es tética comum à época. O rosto é dividido ao meio por uma linha no topo das sobrancelhas, com os olhos, O diagrama mostra Que um único retãngulo áureo rege o comprimento e a largura da cabeça. Esse retãngulo subdivide-se a seguir em retângulo s áureos menores que definem a posição dos outros elementos faciais. de- ::la J/o, ::>n ais es- •o r JS, , lloiiiZ e a boca debaixo dela; além disso, o pesco ' , encurtado. Essas mesmas proporções reapare- ' 111 com frequência nos desenhos de Vier Bücher von Hlf nschlicher Proportion, de 1528. Dürer também ex pllllol outros tipos de proporções faciais no desenho !JII,rtro cabeças construídas, no qual introduz linhas ullllquas no grid de base a fim de obter variações. Os seres humanos, tal como as outras criaturas, ra- 1 11nente exibem proporções faciais ou corporais que comparação de proporções faciais em desenhos de 0111 VInci e Dürer llt•talhes das cabeças de Homem vitruviano, de Da Vinci '"�querda ). e Homem inscrito num círculo, de Dürer <<l•reita). No desenho de Da Vinci. as proporções faciais •, adequam ao cânone vitruviano. ao contrário do que oJcorre na cabeça desenhada por Dürer. < S r « refletem perfeitamente a seção áurea, exceto nas con cepções artísticas manifestadas em desenhos, pintu ras e esculturas. O emprego da proporção áurea pe los artistas, sobretudo pelos gregos antigos, era uma tentativa de idealizar e sistematizar a representação da figura humana. 19 20 Proporções arquitetônicas Além de registrar as proporções da anatomia huma na, Vitr uvio também era arquiteto e catalogou as proporções arquitetônicas mais harmoniosas. Se gundo ele, a arquitetura dos templos deveria se ba sear no corpo humano bem-proporcionado, aquele no qual há perfeita harmonia entre todas as par tes. Atribui-se a ele a introdução do conceito de módulo, do mesmo modo que as proporções hu manas se expressavam de acordo com um módu lo definido pela medida da cabeça ou do pé. Esse Desenho do Partenon, Atenas, c. 447-432 aC, e relação arquitetõnica com a seção áurea Análise das proporções áureas segundo o diagrama de construção da seção aurea. jJ-' ' ' ' \ ' ' \ ' \ ' / \ / ' \ Análise da harmonia áurea conceito viria a adquiri r muita importância na his tória da arquitetura. O templo do Partenon, em Atenas, é um exemplo do sistema de proporções usado pelos gregos an tigos. Um exame sumário revela que a fachada do edifício é contida em um retângulo áureo subdivi dido. O quadrado do retângulo recíproco principal fornece a altura do frontão, e o retângulo menor do diagrama determina o posicionamento do friso e da arquitrave. ;- o<'lculos depois, a "proporção divina", ou seção ''''"·foi propositalmente empregada na arquitetura · IC)rejas góticas. Em Por uma arquítetura, Le Cor li tN cita o papel do quadrado e do círculo nas pro ot�Oes da fachada da catedral de Notre-Dame, em acima do óculo. a janela circular central, que intercep tam as principais linhas de força verticais da catedral. A porta central também tem uma proporção áurea. como se pode ver no diagrama de construção. A pro porção do óculo é 1/4 do diâmetro do círculo inscrito O retângulo em torno da fachada da catedral no quadrado maior. 111 ,, proporção áurea. O quadrado desse retângulo 1111 o encerra a parte principal da fachada. e o retãn- III•J ,\ureo recíproco inclui as duas torres. Os traçados u11ladores são as diagonais que se encontram logo 101l"e das proporções e • •dos reguladores Ullndo o retângulo áureo, " ll'ge todas as proporções torres. no retângulo ""o recíproco. Além disso, a ''' lo inferior da fachada f ser dividida em seis "' l·ldes, cad<� qu<�l formando '• 11 t�ngulo áureo. omtlnração das proporções • 1110 esta na proporção de 1" relação ao grande '' ttln da fachada. retângulo áureo recíproco 21 22 Traçados reguladores de Le Corbusier "Do nascimento fatal da arquitetura. A obrigação da ordem. O traçado regulador é uma garantia contra o arbitrário. Proporciona a satisfação do es pírito. O traçado regulador é um meio; não é uma receita. Sua escolha e suas modalidades de expressão fazem parte integrante da criação arquitetural." L e Corbusier, Por uma arquitetura, 1923 Redesenhada a partir de uma lápide de mármore descoberta em 1882, a Fachada do Arsenal do Pireu. Le Corbusier, Por uma arquitetura, 1923 Le Corbusier cita os traços reguladores das divisões simples. que determinam a proporção entre a altura e a largura e orientam o posicionamento e a medida das portas. A fachada enquadra·se em um retãngulo áureo, com a posição e a altura da porta principal correspondendo a essa proporção. O interesse de Le Corbusier pela aplicação da geo metria e da matemática está registrado em Por uma arquitetura.Nesse livro, ele discute a necessidade dos traçados reguladores como um meio de criar ordem e beleza na arquitetura. e também responde à crítica de que "com seus traçados reguladores, vocês ma tarão a imaginação e entronizarão a receita". Ao que ele retruca: "Mas o passado nos legou provas, docu mentos iconográficos, estelas, lajes, pedras gravadas. pergaminhos. manuscritos, impressos ... [ ... ] ��-- I � ' ' I ' I ' ' I ' ' I .. I ' I ' ' I í \ i I ,, . X f---' ' ' ' ' ' ' ;Jeo- :ica ICU .. Jas, P.va construir bem e para repetir seus esforços. 1•1 il solidez e a utilidade da obra. ele [o homem 1 passado] tomou medidas, admitiu um módu· tt>gulou seu trabalho, introduziu a ordem. [ ... ] ,,, medir, tomou seu passo, seu pé, seu cotove· •HI seu dedo. Impondo a ordem com seu pé ou 1111 �eu braço, criou um módulo que regula toda a l•1o�, e esta obra esta em sua escala, em sua con· 1111 ncia, em seu bem-estar, em sua medida. Está '"'�)O desenho de Le Corbusier Le Corbusier considera o traçado regulador "um dos momentos da inspiração. é uma das operações capitais da arquitetura". Mais tarde, em 1950 publicou Le Modu· for: essai sur une mesure harmonique â l'échel/e humaine app/icab/e universel/ement â /'architecture et à la méca· nique [O Modulor: ensaio sobre uma medida harmónica em escala humana de aplicação universal na arquitetura e na mecânica]. O Modulor apresenta o seu sistema de proporções baseado na matemática da seção áurea e nas proporções do corpo humano. ,I 1 ,, a série de traçados reguladores ' loJ1.1m usados no projeto do e difício. li11hols vermelhas sobrepostas ao nho mostram o retângulo áureo e as ·'',,,is de construção. &o� fw __ :} ___________________ _ I• dos traçados reguladores de d u�1er com os dois diagramas ''' t rução do retângulo áureo. I I I I I I I 23 24 Construção do retângulo áureo O retãngulo áureo é uma razão da "proporção divi na". Esta é derivada d<J divis5o de uma linha em dois segmentos. ta is que a razão entre o segmento todo AB e sua parte ma is longa AC é igua l à razão entre AC e a pa rte menor CB. E ta l razão é de aproximada mente 1,61803 para 1, também expressa como l + ís. Seção áurea, método de construção com quadrado 1. Comece com um quadrado. 2. Trace uma diagonal desde o ponto mediano A em um dos lados até o vértice oposto B. �ssa diagonal torna-se o raio de um arco de circu nferência que intercepta o ponto C no prolongamento da linha inferior do quadrado. O retângulo menor e o quadrado se tornam um retângulo áureo. 3. Ao dividir-se o retângulo áureo, obtém-se um retângulo áureo menor, denominado recíproco. Resta uma área quadrada depois da subdivisão, também chamada de gnômon. 4. O processo de subdivisão pode continuar indefinidamente, gerando retângulos e quadrados proporcionais cada vez menores. 2 A proporção divina: A AB = AC AC CB I I I I I c B retângul áureo I I I ' ' \ \ \ ' B A c gnõmon (quadrado�' ' \ ..... ' t�ãngu lo "" áureo rec�roco \ ' \ ' \ �-\ ' \ ' \ ' ' \ I 1etfingulo áureo é unico porque, ao ser dividido, o 1 u retãngulo recíproco é um retãngulo proporcional 1111 nor. e a área remanescente após a divisão é um 111.1drado. Os quadrados proporcionais decrescentes P•>d�m gerar uma espiral quando se usa um raio com • 1nesmo comprimento dos lados do quadrado. 1111 um diagrama de subdivisões da • /lo áurea é possível construir uma pirai áurea. Basta usar o comprimento t ' t.1dos dos quadrados das subdivisões •1110 raio de um segmento de circulo, 111,\o traçar e conectar os arcos em "'" os quadrados do diagrama. , ''"'drados do diagrama da subdivisão , ç:lo áurea mantêm entre eles a P•>rçl!o áurea. .. --- - ..... \ ' ' ' / 25 26 Retângulo áureo, método de construção com triângulo 1. Comece com um triângulo reto cujos lados estejam na proporção 1:2. Trace um arco a partir de D. usando DA como raio, e intersecte a hipotenusa. 2. Trace outro arco ao longo da hipotenusa a partir de C, usando CE como raio para intersectar a linha de base. 3. Do ponto B. onde o arco intersecta a linha de base, trace uma linha vertical que toca a hipotenusa. 4. Esse método resulta em proporções áureas ao definir o comprimento de AB e BC, que são os lados do retângulo. A divisão do triângulo proporciona a criação dos lados de um retãngulo com proporção áurea. pois a razão entre AB e BC é de 1:1,618. o o A A B c B c ---- ---- +-------------� ' ' I I Proporções áureas A> divisões e proporção do método de construção ' om triângulo geram os lados de um retângulo áureo. Alóm disso. o método pode resultar em uma série de c lrculos ou quadrados que mantêm entre si a propor \ .\o áurea, como se vê nos exemplos abaixo. retângulo áureo + A AB + ABC ABCD + ABC DE + ABCDEF + quadrado B = c = o = E = F : G = AB: BC +CD BC =CD+ DE CD: DE+ EF etc. retãngulo áureo AB ABC ABCD ABCDE ABCDEF ABCDEFG A c F GH 27 o lcFf E G F 28 Proporções áureas em círculos e quadrados O método de construção de seções aureas por meio do triângulo também produz uma série de círculos ou quadrados aureos. Seção áurea e sequência de Fibonacci As propriedades específicas da seção áurea têm es- os dois números antecessores para se obter o seguinte. treita relação com a série de números denominada se- Por exemplo, 1 + 1 = 2, 1 + 2 = 3, 2 + 3 = 5 etc. A pro quência de Fibonacci, assim chamada em homenagem porção entre qualquer par de números na sequência .10 seu descobridor, o matemático Leonardo de Pisa é muito próxima da proporção áurea. Os primeiros (1170-1250), conhecido como Fibonacci, e que também pares da série vão progressivamente se aproximando 101 o introdutor dos algarismos arábicos na Europa cer- da seção áurea, e, depois do 152 número, a divisão de ca de oitocentos anos atrás. Essa sequência de núme- qualquer número pelo subsequente tende a 0,618, e ros -1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21,34-é calculada somando-se a divisão por qualquer número anterior tende a 1,618. Sequência numérica de Fibonacci 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, etc. 1+1 =2, 1+2=3, 2+3=5, 3+5=8, 5+8=13, 8+13=21, 13 +21=34, 21+34=55 34+55=89 2j1 2,0000 3j2 1,5000 5;3 1,66666 8Js 1,60000 13;8 1,62500 21j13 1,61538 34/21 1,61904 55/34 1,61764 89/55 1,61818 144/89 1,61797 233/144 1,61805 377/233 1,61802 610/377 1,61803 seção áurea 29 30 Triângulo e elipse áureos O triângulo áureo é um triângulo isósceles, ou seja, com dois lados iguais, também conhecido como triân· guio "sublime", pois tem propriedades estéticas simi· lares às do retângulo áureo - e é o triângulo preferi· do pela maioria das pessoas. Facilmente construído a partir de um pentágono. tem ângulos de 36° no vér· tice e de 72• na base. Essa construção pode ainda dar origem a outro triângulo áureo, conectando-se o ân· guio da base do triângulo maior ao vértice do pentá· gono no lado oposto. A interligação dos vértices com Construção do triângulo áureo a partir do pentágono Comece com um pentágono. Conecte os ângulos na base ao vértice do pentágono, o que resulta em um triângulo áureo com ângulos de 72" na base e de 36" no vértice. Construção de triângulo áureo secundário a partir do pentágono A construção do pentágono também resulta em triângulos áureos secundá rios. Basta conectar um ângulo da base a um dosvértices do lado oposto. Construção de triângulo áureo a partir do decágono Comece com um decágono, ou seja, um polígono com dez lados. Conecte quaisquer dois vértices adjacentes ao centro para obter um triângulo áureo. as diagonais resulta em um pentagrama. O decágono, um polígono com dez lados, também resulta numa série de triângulos áureos quando o seu ponto cen· trai é conectado a quaisquer dois vértices adjacentes. Também se comprovou que a elipse áurea tem qua· I idades estéticas simila res às do retângulo e do triân· guio áureos. Tal como no retângulo, nela se constata a mesma proporção de 1:1,618 entre os seus dois eixos. o principal e o secundário. Elipse áurea inscrita em retângulo áureo Triângulo áureo inscrito em elipse áurea, inscrita em retângulo áureo I I Proporções áureas do pentagrama A estrela de cinco pontas criada a partir das diagonais de um pentágono regular 11 um pentagrama, cuja parte central é outro pentágono etc. A progressão de pcntágonos cada vez menores é ' onhecida como lira de Pitágoras, devido � sua relação com a seção áurea. Criação de espiral áurea a partir do triângulo áureo I Jm triângulo áureo pode ser dividido em 111na série de triângulos áureos menores quando se traça um novo ângulo de 36" , partir de um ângulo da base. Para se • dar a espiral, usa-se o comprimento dos 1.\dos dos triângulos das subdivisões • omo raio de um círculo . • .... ------ ,,' _..............�' ',,\ .....,....---- /, . 31 ( 32 Retângulos áureos dinâmicos Todos os retângulos se dividem em duas categorias: os retângulos estáticos, com razões de frações de nú· meros racionais (como 1/2, 2/3, 3/3, 3/4 etc.), e os retângulos dinâmicos, com razões de frações de nú meros irracionais (como !2, !3, JS. !j> da seção áurea etc.). Quando divididos, os retângulos estáticos não resultam numa série de superfícies proporc ionais vi· suai mente atraentes. As subdivisões são previsíveis e não apresentam muitas variações. Por outro lado, os Retãngulos áureos dinâmicos Esses diagramas, extraídos de The Geometry of Art and Ufe [A geometria da arte e da vida], de Matila Ghyka, ilustram vários exemplos de subdivisões harmónicas de retêngulos áureos dinâmicos. Os pequenos retãngulos em vermelho (esquerda) most ram a construçao dos retângulos aureos. Os retãngutos nas cores cinza e vermelho (coluna intermediária) mostram a construção dos retángulos áureos em vermelho. com as subdivisões harmónicas em linhas cinzentas. Já os retãngulos com linhas pretas (direita) indicam apenas as subdivisões. retângulos dinâmicos produzem, ao se dividirem, uma interminável quantidade de subdivisões e razões de superfície harmoniosas em termos visuais, pois suas razões derivam de números irraciona is. O processo de div isão de um retângulo dinâmico em uma série de subdivisões harmõnicas é muito sim ples. Diagonais são traçadas entre vértices opostos e então uma rede de linhas paralelas e perpendiculares é construída a partir dos lados e das diagonais. I LO ' ' - 33 [[] ' - - 34 Construção do retângulo de raiz 2 Os retángulos de raiz 2 exibem a propriedade espe cial de serem infinitamente divisíveis em retângu los proporcionais menores. Isso significa que. quando se divide ao meio um retángulo de raiz 2, resultam dois retângulos menores também de raiz 2; e, quando é Construção do retângulo de raiz 2, método do quadrado 1. Comece com um quadrado. dividido em quatro. resultam quatro retângulos me no res de raiz 2 etc . Cabe notar ainda que as proporções do retângulo de raiz 2 são bem próximas da seção áurea: as dos retângulos de raiz 2 são 1:1,41, contra 1:1,618 da seção áurea. / / � ' ' 2. Trace uma diagonal no interior do quadrado. Use a diagonal como raio de um arco que intersecta a linha da base do quadrado. Complete o retêngulo em torno da nova figura. Este é um retêngulo de raiz 2. / / / \ \ I \ Subdivisão de raiz 2 1. O retângulo de raiz 2 pode ser dividido em retângulos similares menores. Dividindo-se o retângulo com a ajuda de uma diagonal, obtêm-se dois retângulos menores. Subdividindo cada um destes, obtêm-se sucessivamente retângulos menores de raiz 2. 2. Esse processo pode ser repetido sem cessar, gerando uma série infinita de retãngulos de raiz 2. / / / • / / / / / / / / / / / / retllngulon / ' ' \ ' '.-' / ' ' n� , / fl ' / ' ' ' ' ' / / / / ' ' ' ' ' ' retãngulon I J Construção do retãngulo de raiz 2, método do circulo 1. Outra maneira de se construir um retângulo de raiz 2 começa com o traçado de um c írculo. Em seguida, inscreve-se um quadrado no cfrculo. 2. Prolongue os dois lados opostos do quadrado de modo que tangenciem o c írculo. O retângulo obtido é de raiz 2. Espiral decrescente de raiz 2 Pode· se construir uma espiral decrescente de raiz 2 traçando-se e conectando-se as diagonais nos retângulos recíprocos de raiz 2. Relações proporcionais de raiz 2 A subdivisão contínua de um retângulo de raiz 2 resulta em retãngulos similares proporcionalmen· te menores. 35 36 Norma DIN de formatos proporcionais de papel Os retàngul os de raiz 2, como se viu, têm a proprie dade de se subdividirem sem cessar cm retàngulos proporcionalmente menores. Por esse motivo, servem de base para a norma DIN - Deutsche Industrie Nor men (normas Industriais alemãs), um critério para a definição de formatos de papel. E também regem as proporções de muitos dos cartazes examinados nes te livro. Uma dobra inicial no meio da folha resulta em d uas meias-folhas. ou fólios. Dobrando-se quatro A2 A1 A4 A3 AS Al A2 vezes a folha original, obtêm-se quatro folhas meno res ou oito páginas impressas etc. Esse sistema não só é eficiente, como t ambém otimiza o uso do papel. As cidades europeias nas quais é tradicional o uso de cartazes dispõem de áreas publicas próprias para eles com essa proporção. Além da vantagem prát1ca de evitar o desperdício no uso das folhas de papel, o retângulo de raiz 2 se aprox1ma das propriedades es téticas da seção áurea. A3 A4 AS I I Rotângulos dinâmicos de raiz 2 I> o mesmo modo que os retângulos âureos, os re- O processo de divisão harmônica requer o traçado t.,ngulos de raiz 2 são conhecidos como retângulos de diagonais e, depois, o traçado de uma rede de li- •llnâmicos, pois, como aqueles, produzem uma varie- nhas paralelas e perpendiculares aos lados e às diago ' 1.1de de subdivisões e combinações harmônicas que na is. Os retângulos de raiz 2 sempre vão se subdividir ·.c>mpre guardam as proporções do retângulo original. em um número equivalente de retângulos recíprocos. Divisões harmônlcas dos rttângulos de raiz 2 ll•�querda) Divisão de urn retãngulo de raiz 2 ' m 16 retângulos menores do raiz 2. (<l<reita) Divisão de um 111tangulo de raiz 2 em 4 colunas e ângulos Hltacentes. c�>squerda) Divisão de lltn retângulo de raiz 2 • m 9 retângulos n1cnores de raiz 2. !direita) Divisão de um 111tangulo de raiz 2 em ! 1etângulos menores •I" raiz 2 e 3 quadrados. wsquerda) Divisão de um '' tângulo de raiz 2 em 5 t•ttàngulos menores de raiz ) e 2 quadrados. 1 direita) Divisão de 2 '' têngulos de raiz 2. ' ' ' ' I \ 37 38 Retângulo de raiz 3 Assim como o retângulo de raiz 2 pode ser dividido O retângulo de raiz 3 tem a propriedade de per em outros retãng u los similares, o mesmo se dá com os mitir a construção de um prisma hexagonal regular. retángulos de raiz 3, raiz 4 e raiz 5. Esses retângulos Esse hexágono é encontradotambém na forma dos podem ser divididos tanto na vertical como na horizon- cristais de neve, dos favos de mel e em muitas outras tal. O de raiz 3 pode ser subdividido em 3 retãngulos estruturas do mundo natural. verticais de raiz 3; e estes, por sua vez. em 3 retângulos horizontais de raiz 3 etc. Construção de raiz 3 1. Comece com um retângulo de raiz 2. 2. Trace uma diagonal no interior do retângulo de raiz 2. Use a diagonal como taio dê ur'n arco de circunferência que intersecta o prolongamento da linha na base do retângulo de raiz 2. Complete o retângulo em torno da figura. Este é um retângulo de raiz 3. Subdivisão de raiz 3 O retângulo de raiz 3 pode ser dividido em retãngulos similares menores. Divida o retãngulo em três retãngulos menores. Divida de novo cada um destes em retângulos de raiz 3 ainda menores. Esse processo pode ser repetido sem cessar, criando-se assim uma série infinita de retângulos de raiz 3. / / / / / / ' \ / ' ' \ I \ \ Construção de hexágono É possível construir um hexágono a partir de um retângulo de raiz 3. Para tanto. gira-se o retângulo em torno de seu eixo central de modo que os vértices se encontrem. 39 40 Retângulo de raiz 4 Construção de raiz 4 1. Comece com um retângulo de raiz 3. 2. Trace uma diagonal no interior do retângulo de raiz 3. Use a diagonal como raio de um arco de circunferência quê intersecta o prolongamento da linha da base do ratângulo. Complete o retângulo em torno da figura. Este é um retângulo de raiz 4. Divisão de raiz 4 O retângulo de raiz 4 pode ser dividido em retângulos similares menores. Divida o retângulo em 4 retângulos menores. Em seguida, subdivida cada um destes em retângulos de raiz 4 ainda menores. Esse processo pode ser repetido sem cessar, criando-se assim uma série infinita de retãngulos de raiz 4. / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / ' ' ' J,rt \ \ \ \ \ \ \ \ \ Retângulo de raiz 5 Construção de raiz 5 I. Comece com um retângulo de raiz 4. 2. Trace uma diagonal no interior do retângulo de raiz 4. Use a diagonal como raio de um arco de circunferência que Intersecta o prolongamento da linha na l>ase do retângulo de raiz 4. Complete o 1etângulo em torno da figura. Este é um rctãngulo de raiz 5. Divisão de raiz 5 O retãngulo de raiz 5 pode ser dividido um retàngulos similares menores. Divida o retângulo em 5 retângulos menores. Em \eguida, subdivida cada um destes em retângulos de raiz 5 ainda menores. Esse processo pode ser repetido sem cessar. cnando-se assim uma série infinita de 1etângulos de raiz 5. Raiz 5, método de construção com quadrado Outra maneira de construir um retàngulo d!' raiz 5 parte de um quadrado. Um emicfrculo é traçado a partir do ponto central da linha de base do quadrado. Em 'oguida, prolonga-se o quadrado de modo .ffncluir os arcos em ambos os lados. Os pequenos retãngulos em ambos os I. Idos do quadrado são retângulos áureos, ,. cada um deles, juntamente com o qt1adrado original, forma outro retãngulo flureo. Os dois retêngulos áureos e o quadrado formam um retãngulo de raiz S. -- + --- 41 42 Comparação dos retângulos de raiz , .... : .. ": ........... .. ,;_�;;;;;;:) ::------, ' ' _- , ' ' ' ' >' / ' ' ' Análises visuais do design Não há melhor maneira de iniciar esta análise de exemplos clássicos do design gráfico, ilustração. arquitetura e design industrial do que recorrendo a uma intro dução escrita por Le Corbusier. Em seu livro Le Modu/or, ele fala de uma revelação que teve durante sua juven tude em Paris. "Um dia. sob a lamparina o óleo em seu quartinho parisiense, alguns cartões-pos tais com obras de arte estavam espalhados sobre a mesa. Seu olho deteve-se em uma imagem do Capitólio de Michelangelo, em Roma. Ele virou outro cartão, dei xando-o com o verso para cima, e intuitivamente um de seus ângulos (um ângulo reto) cobriu a fachada do Capitólio. De repente, ele ficou impressionado de novo com \)ma verdade corriqueira: o ângulo reto rege a composição; os lieux (lieux de l'angle droit, "localizações do ângulo reto") ordenam toda a composição. Para ele isso foi uma revelação. uma certeza. O mesmo teste funcionou com uma pintura de Cézanne. Mas ele desconfiou de seu próprio veredicto, dizendo a si mesmo que a composição de uma obra de arte é ordenada por regras: tais regras podem ser métodos conscientes, apropriados c sutis, ou podem ser regras corriqueiras, apli cadas desatentamente. Elas também podem estar implícitas no instinto criativo do artista, como manifestação de uma harmonia intuitiva, o que sem dúvida era o caso de Cézanne. Já Michelangelo era de outra natureza. mais propenso a seguir planos conscientes, preconcebidos e deliberados. Foi um livro que lhe trouxe a certeza: algumas páginas da Historie de I'Architecture [História da arquitetura], de Auguste Choisy, que falavam do tracé regu!ateur (tra çado regulador). Então havia coisas como traçados reguladores que determinavam a composição? Em 1918 decidiu dedicar-se seriamente à pintura. Os dois quadros iniciais foram compostos a esmo. Já no terceiro. em 1919, tentou preencher a tela de maneira ordenada. O resultado mostrou-se quase satisfatório. Então veio a quarta pintura, uma réplica me) horada da terceira, devido ao plano categórico que a unificava. continha e lhe dava uma estrutura. Depois houve a série de pinturas feitas em 1920 (expostas na Galerie Druet. em 1921), todas rigorosamente baseadas na geometria. Dois recursos matemáticos foram usados nesses quadros: a posição do ângulo reto e a razão áurea." Essa percepção deLe Corbusier é valiosa para todos os artistas. designers e arqui tetos. A compreensão dos princípios organizativos geométricos permite atribuir a uma obra criativa um sentido de coesão compositiva, o qual por sua vez confere a todos os elementos um senso de adequação visual. Por meio do exame de ca racterísticas geométricas. esquemas e proporções, pode-se entender melhor as intenções e o raciocínio dos designers e arquitetos. Essa análise esclarece o pro cesso de criação c proporciona uma explicação racional para muitas das decisões tomadas em tais obras, seja o ordenamento geométrico intuitivo ou proposital. aplicado com rigidez ou adotado de maneira casual. 43 • 44 Cartaz "Folies-Bergere", Jules Chéret, 1877 O cartaz "Folies-Bergere", de Jules Chéret (1836-1932). é uma obra fascinante e repleta de dinamismo que cap tura o movimento de um grupo de dançarinos. A pri meira vista, parece ser uma composição espontânea e desprovida de ordenamento geométrico, mas um exa me mais detido revela uma estrutura visual cuidadosa. menor e proporcional. A razão dos lados dos triângu los no interior de um pentagrama é 1:1,618, a razão áu rea. O centro exato do cartaz é um ponto pivotante no quadril da dançarina, e as pernas estendidas dos seus companheiros criam um triângulo invertido, a ponta su perior do pentagrama que a enquadra. Os membros e As posições dos membros dos dançarinos correspon- os ombros de todas as figuras são dispostos com exa dem a um pentágono inscrito em um círculo. ti dão em conformidade com a geometria da estrutura. As divisões internas do pentágono criam um penta grama que, por sua vez, delimita um outro pentágono I ' l. "'lesmo a figura menor arte onfenor partac1pa estrutura na med dil e sua cabeça toca o o e o per>tagono a•xo) O tnãngulo do pelas pemas dos ar nos e um tnângulo O pentagrama As subdiVISões do pePtágono c r am uma estrela Interna de cinco pontas CUJO centro é outro pentagono. A seçâoáurea está presente alo. nos tnángulos. a razão entre os dOIS lados 1gua1s B e C, e a base A é 1.1.618. ou seJa. a razão áurea \ Análise Na ordenação das três f1guras estão implícitos primeiro um círculo. depois um pentágono, em seguida um pentagrama e, por fim, outro pentágono, com o centro no ponto pivotante localizado no quadril da dançarina. Até mesmo a figura menor na parte inferior participa dessa estrutura, na medida em que sua cabeça toca o circulo e o pentágono. (embaixo) O triângulo formado pelas pernas dos dançarinos é um triângulo áureo. O pentagrama As subdivisões do pentágono criam uma estrela interna de cinco pontas cujo centro é outro pentágono. A seção áurea está presente ali: nos triângulos. a razão entre os dois lados iguais, 8 e c. e a base A é 1:1,618. ou seja, a razão áurea. B c o 45 46 Cartaz "Job", Jules Chéret, 1889 um mestre da impressão, o parisiense Chéret é consi- ele foi assíduo frequentador dos principais museus derado um dos responsáveis por elevar ao patamar de de arte da Europa, onde estudava atentamente as forma artística a técnica conhecida como cromolito- obras dos grandes pintores. grafia. Seu dominio dessa técnica foi a consequência Muitos dos cartazes de Chéret alcançaram êxito de uma aprendizagem iniciada aos 13 anos de idade. imediato, devido ao belo jogo de cores e às mara Em termos de educação formal no cnmpo da arte e vilhosas figuras que os ilustravam. Ele aproveita do desenho, Chéret fez apenas um curso na École va ao máximo os recursos da cromolitografia, as Nationale de Dessin, onde provavelmente tomou con- sim como os princípios da composição, usando-os tato com a geometria e os princípios da composição. para conferir unidade a esta e muitas outras de Apesar das limitações de sua formação acadêmica. suas obras. Análise Um círculo cujo centro o•ncide com o ponto entrai do cartaz determ ina n posicionamento da figura !••minina e do título "Job". A. diagonal entre o canto uperior direito e o inferior • �querdo organiza o posicionamento da cabeça, do olho e da mão. Já a nutra diagonal passa pelo �>mbro e define o limite lo quadril. O pentagrama e a proporção do cartaz Nota-se que as proporções do formato do cartaz se baseiam no esquema conhecido como ·'página pentagonal". A base do cartaz coincide com o lado inferior do pentagono e sua altura estende-se até tocar o círculo. 47 48 Cartaz "Bauhaus Ausstellung", Fritz Schleifer, 1922 Fritz Schleifer (1903-77) celebra os princípios do construtivismo em seu cartaz de 1922 para a Bauhaus Ausstellung (Exposição Bauhaus). Seguindo os ideais construtivistas da época, o rosto humano e a tipo grafia são apresentados de maneira abstrata, com as formas geométricas simplificadas que caracterizam a era das máquinas. O rosto geométrico, concebido por Oskar Schlem mer como parte de um selo da Bauhaus, é submeti do a uma simplificação ainda maior e abreviado em Selo da Bauhaus, Oskar Schlemmer, 1922 cinco formas retangulares e depuradas graças à el iminação das finas linhas horizontais e verticais. A largura do menor retângulo, que representa a boca, é o módulo de medida para a largura dos outros retângulos. A tipografia. concebida para ser compatível com os elementos retangulares do rosto. ecoa as rígidas formas angulares. Em seu desenho, os tipos são si milares àqueles originalmente concebidos por Theo van Ooesburg em 1920. BRUHRUS RUSSTELLUn WEimRR .AUu SEPT 1!323 f oesign dos tipos Baseada em um quadrado de 5 por 5 unidades, a estrutura dos tipos permite que os caracteres mais largos, M e W, ocupem o quadrado todo, com cada traço e contraforma ocupando uma unidade. Os caracteres mais estreitos ocupam uma porção do quadrado com S por 4 unidades, com cada traço ocupando uma unidade, e as contra formas ampliadas até duas unidades. O B e o R são exceções, na medida em que mais meia unidade é reservada para as formas originalmente arredondadas, assim como para marcar as diferenças entre o R e o A e entre o B e o numeral·8. Análise O olho está alinhado com o eixo vertical central. Os outros elementos faciais são dispostos em relações assimétricas com esse eixo. A tipologia fica alinhada, no alto e embaixo, ao retãngulo que representa o pescoço. Proporções entre as larguras dos retângulos (considerando-se a largura a menor dimensão dos retângulos) '�� cabeça, nar;:_. que1xo pescoço olho .. ., � ·;: " "' .. ., .. ., ·;: " � "' N ';:> .. ., .. ., c " .. ., .. ., ·;: " UHSG em EIEi' 49 50 Cartaz para o jornal L'lntransigeant, A. M. Cassandre, 1925 "O módulo expresso matematicamente serve apenas para confirmar uma percepção espontânea. A razão áurea só define a proporção 1deal previamente intui da pelo artista; trata-se antes de um meio de verificação do que um sistema (ela estaria condenilda [se fosse] mais um SIStemil)." Diário, Adolphe Mouron (A. M. Cassandre), 1960 Concebido em 1925 por Adolphe Mouron (1901-68) - que se tornaria mais conhecido sob o pseudónimo de A. M. Cassandre - para o jornal parisiense L'lntransigeant, o cartaz é ao mesmo tempo um triunfo conceituai e um exemplo de construção geométrica. Um triunfo por traduzir a figura de uma cabeça feminina no símbolo visual de Marianne, a personificação da França. Cassandre teve formação artística acadêmica e es· tudou pintura em diversos ateliês de Paris. Na verdade, dotou o pseudôn1mo de Cassandre com a 1ntenção .Jsar o nome verdade•ro em seus quadros. Con oo. logo f1cou fnscmado pelas artes gráficas, nelas vmbrando mais poss1b11idades de uma v1gorosa ex r :nentação do que na pirotura Outros aspectos que trafam eram a 1de1a de comunicação de massa e a prát•ca art1stcca desv1nculada das trad1c1ona•s e renhas distinções de classe.Devcdo a seus •nteres e estudos no campo da pmtura, Cassandre acabou ato do cartaz está ordenado segundo um to do modulos de 6 por 8 un1dades. propore onan campos v sua1s quadrados Todos os elementos u m· se a esse gnd em termos de pOSIÇêo e orçlio o onf cio do ouv1do f1ca na ntersccção campos visuaiS ass1m como o centro da boca nto de L esta no centro exato do cartaz. O que1xo profundamente Influenciado pelo cub1smo Em uma entrevista de 1926, ele ass1m descreveu esse MOVI· mento: " ... sua lóg1ca Implacável e o esforço do artis ta para construir geometncamente a obra trazem à luz o aspecto eterno, o aspecto impessoal. para além de toda cont1rogênc1a e complexidade 1ndiv1dua1s" Ele reconhecia que sua própna obra era 'essencialmente geométnca e monumental" e que os elementos de construção geométnca eram perceptíveiS em quase da f1gura enca xa-se num de ses campos, ass m como o poste de telégrafo O êngulo de 45° do pescoço estende-se de um vért1ce a outro de um quadrado oue abrange quatro campos vsua1s. Os fios do te égrilfo saetl' do centro do ouv1do em ángulos sucossrvos de 15°, formando do•s ângulos de 45° acima e embacxo da I nha honzootill centra . SI adotou o pseudônimo de Cassandre com a intenção de usar o nome verdadeiro em seus quadros. Con tudo, logo ficou fascinado pelas artes gráficas, nelas vislumbrando mais possibilidades de uma vigorosa ex perimentação do que na pintura. Outros aspectos que o atraíam eram a ideia de comunicação de massa e uma prática artística desvinculada das tradicionais e ferrenhas distinções de classe.Devido a seus interes ses e estudos no campo da pintura, Cassandre acabou Análise O formato do cartaz está ordenado segundo um conjunto de módulos de 6 por 8 unidades. proporcionan do 48 campos visuais quadrados. Todos os elementos adequam-se a esse gridem termos de posição e proporção. O orificio do ouvido fica na intersecção desses campos visuais. assim como o centro da boca. O canto do L está no centro exato do cartaz. O queixo profundamente influenciado pelo cubismo. Em uma entrevista de 1926, ele assim descreveu esse movi mento: " ... sua lógica implacável e o esforço do artis ta para construir geometricamente a obra trazem à luz o aspecto eterno, o aspecto impessoal, para além de toda contingência e complexidade individuais". Ele reconhecia que sua própria obra era "essencialmente geométrica e monumental" e que os elementos de construção geométrica eram perceptíveis em quase da figura encaixa-se num desses campos, assim como o poste de telégrafo. O ângulo de 45• do pescoço estende-se de um vértice a outro de um quadrado que abrange quatro campos visuais. Os fios do telégrafo saem do centro do ouvido em ângulos sucessivos de 15•, formando dois ângulos de 45• acima e embaixo da linha horizontal central. 51 52 todos os seus cartazes. Cassandre tinha plena cons ciência da força visual do círculo e o empregou deli beradamente neste cartaz e em vários outros com o objetivo de dirigir e concentrar o olhar do observador. Além da pintura cubista, a obra de Cassandre foi influenciada pelo Sa ch Plakat (cartaz-objeto), um movimento de artes gráficas que procurou se afas tar da tendência expressiva e ornamental do passado ressaltando sobretudo a objetividade e a função. Tal filosofia refletiu-se na Bauhaus da década de 1920 e deixou repetidas marcas nos cartazes que Cassandre desenhou ao longo de sua carreira. Neste cartaz. o tí tulo do jornal é abreviado para L 'lntrans no cabeçalho que se sobrepõe a um símbolo mais poderoso, a figura de Marianne, a voz da França. Ângulos e raiz de 2 O formato do cartaz é um retângulo de raiz 2. O olho da figura é bissectado pela diagonal do retãngulo de raiz 2, indicada por uma linha tracejada. Essa diagonal também bissecta o centro do cartaz no canto inferior esquerdo do L. A linha de base do título L 'lntrans coincide com uma diagonal de 45" originada no centro do cartaz. Os fios telegráficos estão dispostos em ângulos sucessivos de 15•. gerando o módulo de 45• que se repete nos ângulos do nariz e do pescoço. z Razões dos diâmetro s dos drc:ulos = 4 circulos da boca = c irc ulo externo da orelha crrculo da cabeça cfrculo da boca círculo da boca = 21/2 cfrculos pequenos da orelha círculo Interno da orelha = drculo do o lho cfrculo in terno da orelha = circulo s dos isoladores no poste círculo interno da orelha = circulo do lóbulo da orelha Proporções do círculo • 1 clrculos da boca e da parte mais externa da orelha I• 1n o diâmetro de um módulo. Os círculos menores do • li H>. da parte interna e do lóbulo da orelha e dos 1 • >lo1dores no poste têm o diâmetro equivalente a 2/5 de 1111 campo visual. O círculo maior, da cabeça, tem o 11 1111etro de 4 campos visuais. Os círculos da cabeça estão dispostos de tal modo que os pontos centrais estão alinhados segundo diagonais de 45°. Os círculos dos isoladores estão todos alinhados em diagonais com ângulos sucessivos de aproximadamente 15°. Três desses incrementos resultam no módulo de 45°, 53 54 Cartaz "East Coast by L.N.E.R", Tom Purvis, 1925 Cr iado em 1925 pelo artista inglês Tom Purvis (1888- 1959), o cartaz "East Coast by L.N.E.R." é um convi te para que o espectador viaje, nas férias de verão, pela ferrovia London Northeast. Mais de 25 anos antes, dois ilustradores que assinavam suas obras como "Beggarstaffs'' i ntroduziram a abordagem então radical de s implificar suas composições mar cantes com áreas de cores chapadas delimitando silhuetas graticas. Os cartazes de Purvis usam uma técnica s imilar de si mpl ificação e jogo de espaço, cor e padronagem. O guarda-sol em forma de elipse é o elemento visual mais incisi vo e atraente do cartaz, não só em função de sua cor vibrante, mas também devido ao formato e ao posicionamento na diagonal. O laranja vivo estabelece um contraste complementar com o azul do céu e do mar. A elipse tem um formato que se aproxima daquele do círculo, e este atrai mais a atenção do que qualquer t a forma geométnca. Ja a d1agonal é a d1reçao ma1s ante em termos VJSUills dev1do a sua JnstabiiJda· 'T\OVI'nento Jmplic1tos. A drarnát1ca forma elípt1· pete-se por duas vezes. 'lil estrutura :-1terna do da-sol e na termmação preta do suporte. das as formas são mems Silhuetas desenhadas extrema concisão. As I stras e o i"lrrilnJO Irregular a Introduzem vanedade em me1o as formas f cadas r .a do cartaz torn ·se ev dente por me1o de e 6 por 6 un1dades A linha entre a P'aa e o r d v1de o cartaz e a parte azul ocupa os 2/3 re da rnagem O e1xo menor da elipse no guarda-sol alaran1ado passa pelo ponto central do cartaz e dá equ1 1bno à composição As figuras foram dispostas à d re1ta e à esquerdil desse e1xo, de novo reforçando o eoull bno de cores e formas 55 '0, le 10 te lo I e e r outra forma geométrica. Já a diagonal é a direção mais mtrigante em termos visu ais devido à sua instabilida de e movimento implícitos. A dramática forma elípti ca re pete-se por duas vezes : na estrutura interna do gu arda-sol e na terminação preta do suporte. Todas as formas são meras silhuetas desenhadas com extrema concisão. As listras e o arranjo irregu lar da toalha introduzem variedade em m eio às formas si mplificadas. Análise A estrutura do cartaz torna-se evidente por meio de um grid de 6 por 6 unidades. A linha entre a praia e o céu e o mar divide o cartaz e a parte azul ocupa os 2/3 superiores da imagem. O eixo menor da elipse no guarda-sol alaranjado passa pelo ponto central do cartaz e dá equilíbrio à composição. As figuras foram dispostas a direita e à esquerda desse eixo, de novo reforçando o cquilibrio de cores c formas. 55 56 Cadeira Barcelona, Mies van der Rohe, 1929 A cadeira Barcelona foi projetada para o Pavilhão da Alemanha na Exposição Universal de 1929, realizada na cidade de Barcelona. O pavilhão destacava-se de todos os outros pelo fato de não abrigar nenhuma exposição; o que se queria mostrar era o próprio edi fíc io. Elegante, austero e combinando painéis de tra vertino e mármore, lâminas de vidro fumê e colunas cromadas, o pavilhão estava mobiliado apenas com mesas, cadeiras e banquetas Barcelona, estas últi mas forradas de couro branco. Tanto as banquetas Proporções da cadeira (direita) A vista lateral (acima, à direita) e a frontal (ao lado) revelam que a cadeira se encaixa perfeitamente em um quadrado. As divisões do encosto são muito similares a retângulos de raiz 2. como as mesas exibiam a mesma estrutura em "x" da cadeira. Mies van der Rohe (1886-1969) projetou o edifício e a mobí lia, e ambos são considerados mar cos do design e a maior realização do período euro peu do arquiteto. É difíc il crer que uma peça tão contemporânea e clássica tenha sido projetada e produzida há mais de setenta an os. A cadeira Barcelona é uma sinfo nia de proporções meticulosas baseadas em um sim ples quadrado. A altura, a largura e a profundidade da - cade1ra são 1dênt1cas. seJa, ela se enca1xa perfe1ta- Mente num cubo. s retángulos de couro do asseP to e do encost f1xados nu armaçao de aço ex1bem uMa propor o de retángulo de ra1z 2 Os mesmos retângulos oram concebidos de modo que, quando é necess io refazer a tapeçaria. mantenham a forma despe1to dos esforços e tensões dos proce- s de reforma. A construção em "x'' das pernas B+ 57 Proporções das curvas curva pr nc1pal r rnooeodo o ��"o' s pernas ó1ante1ras <la ade1ra, é formada por m CirCulo com o r"'! esmo , a10 do quadrado, tendo comocertro o ponto A A curvatura do Circulo oragmal re pete se na parte d ante1ra do suporte do assento. com um c�rculo dênt co CUJO centro é o ponto B Outro Circulo, com Metade do ra10 dos maiores. def•ne as pernas trase1ras e tem o centro no ponto C cadeira são idênticas, ou seja, ela se encaixa perfeita mente num cubo. Os retângulos de couro do assen to e do encosto fixados na armação de aço exibem uma proporção de retângulo de raiz 2. Os mesmos retângulos foram concebidos de modo que, quando é necessário refazer a tapeçaria, mantenham a forma original a despeito dos esforços e tensões dos proce dimentos de reforma. A construção em "x" das pernas forma uma estrutura elegante que se tornou a marca registrada da cadeira. A B c 57 Proporções das curvas A curva principal, abrangendo o encosto e as pernas dianteiras da cadeira, é formada por um círculo com o mesmo raio do quadrado. tendo como centro o ponto A. A curvatura do circulo original repete-se na parte dianteira do suporte do assento, com um circulo idêntico cujo centro é o ponto B. Outro circulo, com metade do raio dos maiores, define as pernas traseiras e tem o centro no ponto C. 58 Chaise Longue, Le Corbusier, 1929 Os arquitetos formados na tradição acadêmica quase sempre levam em conta os princípios da proporção clássica e os aplicam tanto na arquitetura como na mo bília que projetam. Charles Édouard Jeanneret (1887- 1965), mais conhecido como Le Corbusier, é um caso exemplar disso, c a sua atenção meticulosa aos de talhes e proporções também está presente na Chaise Longue. Na década de 1920, Le Corbusier foi influencia do por outros arquitetos. como Mies van der Rohe, que vinham desenhando móveis de aço tubular para seus edifícios. Por sua vez. tanto Le Corbusier como Mies se inspiraram nas formas geométricas das cadeiras de madeira vergada do austríaco Michael Thonet, adotan do em suas criações formas igualmente despojadas. Em 1927, Le Corbusier começou a trabalhar com a ar quiteta e designer Charlotte Perriand e com seu primo Pierre Jeanneret. Essa bem-sucedida colaboração resul tou em vários projetes clássicos de móveis que levam o nome de Le Corbusier, entre os quais a Chaise Longue. A estrutura tubular cromada da cadeira é uma peça Predecessora da Chaise Longue Cadeira de balanço reclinável Thonet, c. 1870 arqueada que se apoia num si Esse arco é um sistema elegan desliza em am- As proporções '"�''"''';" variedade de posições ao atr ito e à força da gra ou os pés erguidos. Tal como a estrutura n.,,...,.,.,.;,t•iroi do arco. o encosto para a cabe cilindro que pode ser facilmente decomposição harmónica de um 59 60 Cadeira Brno, Mies van der Rohe, 1929 Após o sucesso do Pavilhão alemão de Barcelona em 1929, Mies van der Rohe foi contratado para projetar a residência da família Tugendhat, que também lhe encomendou o design da mobília mais adequada ao estilo decididamente modernista do edifício. Já em 1926 Mies havia desenvolvido com êxito uma cadeira com braços em cantiléver, batizada de MR. Na época, a tecnologia para vergar tubos de aço era re cente e abriu um novo horizonte para desenhos ino vadores. O da cadeira MR baseou-se em cadeiras de balanço com estrutura de ferro tubular projeta das ain du no século XIX e na célebre cadeira de balanço d e madeira vergada de Michael Thonet. No caso d a MR, a resistência dos tubos de aço permitiu a adoção de uma estrutura em cantiléver e a simplificação radical de suas linhas. O projeto da casa Tugendhat previa uma imensa sala de jantar, com uma mesa com capacidade para 24 pessoas. A cadeira MR foi destinada originalmen te para essa mesa, mas se revelou inadequada pois Predecessoras da cadeira Brno (esquerda) Cadeira de balanço Thonet. c. 1860, e (direita) vista lateral da cadeira MR, projetada por Mies van der Rohe em 1926. os braços não se encaixavam sob o tampo. Van der Rohe desenhou então as cadeiras Brno, assim chama da por causa da cidade em que viviam os Tugendhat, com braços mais baixos e um formato compacto que permitia sua perfeita acomodação sob o tampo da mesa. As cadeiras originais tinham forração de cou ro e foram produzidas versões tanto em aço tubular como em perfis chatos de aço, o que daria origem a variações estruturais. Análise Vista de cima, a cadeira encaixa-se exatamente em um quadrado (acima, a direita). Como se nota nas vistas frontal (direita) e lateral (extrema direita), a cadeira coincide com um retãngulo áureo. O ângulo das pernas dianteiras e o do encosto da cadeira (embaixo, a direita) sêo simétricos, e os raios das curvas estão numa proporção de 1:3. I I I I I I • I I I I I 61 62 Cartaz "Negerkunst", Max Bill, 1931 Divulgando uma exposição de pintura rupestre pré histórica da África do Sul, a geometria e o despoja mento veementes do cartaz "Negerkunst", desenhado pelo suíço Max Bill (1908-94) em 1931, remontam ao desenvolvimento dos conceitos da arte concreta na década de 1930. Esse movimento propunha a cons trução aritmética de elementos visuais depurados, e Bill adotou esse ideal de uma linguagem visual de ab soluta clareza e apelo universal. A chave de toda a figura é a medida do diâmetro do circulo central. Este é idêntico à altura das partes superior e inferior; e a metade do diâmetro é a me dida das áreas laterais da figura. A linha vertical que passa pelo centro do circulo torna-se o eixo para o alinhamento esquerdo da caixa de texto. Proporções dos círculos maiores (direita) Os círculos externos são duas vezes maiores do que o interno. Proporções de raiz 2 (extrema direita) O formato do cartaz baseia-se num retângulo de raiz 2, cuja decomposição harmónica se pode ver no diagrama. A linha vertical serve de eixo para o alinhamento do texto e o centro do círculo interno. Análise As proporções do grande O baseiam-se no círculo interno. Os lados esquerdo e direito medem metade do diâmetro do círculo interno, ao passo que os lados superior e inferior equivalem ao seu diâmetro. A diagonal de um canto a outro passa pelo centro do círculo, assim como a linha vertical que determina a margem esquerda da caixa de texto. o :; � o 'D 2 "ii E ... :;; I 63 '---"d""lã.,met r o do c frculo " 64 Cartaz "Wagon·Bar", A. M. Cassandre, 1932 .. MJitos acham que os meus cnrtazes são cubistas. Eles O cartaz "Wagon·Bar" é u m prodígio de inter·rela· têm razão no sentido de que o meu método é essen· ções geométricas e tão impecável quanto o anterior cialmente geométrico e monumental. A arquitetura. "L'Jntransígeant". Mais uma vez, Cassandre elege ele· que prefiro acima de tudo. me fe7 abominar as idios· sincrasias deformantes ... Sempre fui mais sensível às formns do que às cores, ao modo como se organizam as coisas do que nos seus detalhes. ao espírito de geometria do que ao espírito de requinte ... " Adolphe Mouron (A. M. Cassandre). La Revue de I'Uníon de I'Affiche Françaíse. 1926 mentes representativos e os simplifica e estiliza em formas geométricas depuradas. A garrafa de soda, a taça e o copo, o pão, a garrafa de vinho e os canudos são colocados sobre a imagem de uma roda de trem. O diâmetro da roda é usado como medida do seg· mente de trilho que enfatiza as frases "Restaurez·vous" e ''A Peu de frais". O centro do cartaz é visualmente realçado pelas pontas dos dois canudos dentro do copo. No sentido vertical, o cartaz é facilmente divisí vel em três retãngulos. A geometria das figuras desenhadas é aparente na curvatura das garrafas e da taça de vinho. Há um belo jogo de espaços, com o fundo branco do cartazinvadindo o sifão da garrafa de soda. Uma mudança simi lar do espaço ocorr e entre o pão e o rótulo da garrafa de vinho, e também entre a parte superior do copo e o contorno do envoltório da roda. Análise O posicionamento meticuloso e o controle de cada elemento são evidentes nos pontos centrais dos cfrculos que definem o bojo da taça de vinho e as curvas da garrafa de soda, pois ambos estão situados na diagonal traçada entre o canto superior esquerdo e o inferior direito. Do mesmo modo, o centro do círculo da garrafa de vinho e o centro da roda estão alinhados na mesma vertical. Esse é um cartaz relativamente complexo em função da quantidade de elementos que demandam simplifi cação geométrica. das inter-relações estruturais e do domínio organizativo. Todavia, a análise deixa claro que cada uma das decisões tomadas tem sua justificativa. ,, 65 .. 66 Cartaz "Konstruktivisten", Jan Tschichold, 1937 "Não sabemos por quê. mas podemos demonstrar que um ser humano acha os planos de proporções defini das e intencionais mais agradáveis ou mais belos do que os de proporções acidentais." Jan Tschichold. A forma do livro: ensaios sobre tipo grafia e estética do livro, 1975 [ed. bras. 2007] ser interpretados como indicação desse ocaso. Os construtivistas defendiam a mecanização da arte e do design por meio do posicionamento matemático de elementos geométricos abstratos como a forma mais adequada de exprimi r a cultura industrial. Neste cartaz. Tschichold orienta-se pelos ideais constru tivistas de abstração geométrica. organização visual Este cartaz foi desenhado por Jan Tschichold (1902- matemática e tipografia assimétrica - tal como pre- 74) em 1 929 para anunciar uma exposição de arte. gava em seu livro Die Neue Typographie [A nova ti Como ele foi criado numa época em que já declinava pografia], publicado em 1928. o movimento construtivista. o círculo e a linha podem .. kunslhaJie be.s.el konstruktivisten '""' kln&-.sk)' liMib:kf mohol)'-1'11119)' ?=" • &m: r ''"""' 'niii iiMgetlOO - Análise O diâmetro do círculo é usado como unidade de medida tanto para o formato do cartaz como para a distribuição de seus elementos. O próprio círculo é um ponto focal, atraindo inexoravelmente o olhar. Ele também destaca o título da exposição, assim como a relação dos artistas participantes. O pequeno círculo junto à linha de texto com as datas de abertura e encerramento da mostra é um fator de pontuação visual na medida em que ecoa e contrasta em escala com o círculo principal. A lista dos participantes da exposição começa no ponto de intersecção da diagonal do próprio cartaz com a diagonal da seção retangular inferior. As distâncias entre os textos e os elementos principais são módulos da distância entre a linha horizontal e a linha de base do termo konstruktívisten, que está centralizado no circulo. Proporções do cartaz O formato retangular estreito é uma página pentagonal e deriva de um pentágono inscrito num círculo. O lado superior do pentágono invertido coincide com a largura do retângulo e seu vértice inferior tangencia o lado inferior do retângulo. A linha horizontal no cartaz está situada de modo a conectar dois vértices do pentágono. Triângulo compositivo A tipografia forma um triângulo que serve para ancorá-la no formato do cartaz e acentua o interesse visual. 67 68 Cartaz "Der Berufsphotograph", Jan Tschichold, 1938 Projetado em 1938 por Jan Tschichold, este cartaz destinava-se a uma exposição da obra de fotógrafos profissionais e desde então tornou-se um clássico por sua concepção e composição. Devido ao conteúdo da mostra, a imagem é figurativa, mas também abstra ta pois a mulher é retratada em negativo fotográfico. Essa técnica dirige a atenção do espectador para os procedimentos fotográficos em vez de ressaltar as ca racterísticas dessa mulher específica. O título principal, gewerbemusaum basal ausstellung "der berufsphotograph", é impresso em íris, técnica em que as cores se mesclam quando tintas distintas (ama relo, vermelho e azul) são adicionadas ao cilindro de impressão. Esse arco-íris tipográfico é um raro desvio expressionista em relação ao formalismo que marca o resto da obra de Tschichold. Todavia, sua predileção pela tipografia assimétrica e funcional é evidente na disposição das texturas e elementos tipográf icos me ticulosamente alinhados e interconectados. seine •beaeo - sein wertzeag 'II II,. .... tl ll u =" M-1!1 1 9-1 1. ..... " lt-11 14•lt i• tiiW n a- e o o o a e- Relações do retângulo de raiz 2 Um diagrama de construção de raiz 2 foi sobreposto ao cartaz. O canto do retângulo recíproco e as diagonais bissectam o olho da mulher na foto. linha central Análise A foto em negativo estii exatilmente à direita do centro do cartaz em formato retangular de raiz 2. O olho esquerdo da figura está cuidadosamente posicionado e a imagem foi recortada de modo a se tornar o nexo das diagonais que regem o posicionamento dos elementos. As medidas de largura e altura da imagem repetem-se nos elementos tipográficos à esquerda. ' ' ' ' ' ' -' ,, 69 ,, 70 Cadeira P lywood, Charles Eames, 1946 Embora contasse com bolsa integral para estudar ar quitetura, Charles Eames (1907-78) abandonou a fa culdade após dois anos na Universidade Washington, em St. Louis. cujo currículo se baseava no ensino tra dicional das academias de belas-artes. Certamente algo nada animador para quem já demonstrava um ardoroso interesse pelo modernismo e pela obra de Frank Lloyd Wright. Porém, no decorrer de sua car reira, Eames veio a apreciar os fundamentos de sua formação acadêmica. sobretudo os princípios clássi cos de proporção. Cadeira Plywood Sua cadeira Plywood, de madeira compensada mol duda, foi projetada para a Organic Furniture Competi tion (Concurso de Mobília Orgânica), patrocinada pelo Museu de Arte Moderna de Nova York em 1940. Eames e seu colaborador, o arquiteto Eero Saarinen, preten diam fazer uma junção de formas orgânicas em um todo unificado. A peça resultante, com belas formas curvilíneas. cativou os jurados, assim como as inovado ras técnicas de moldagem tridimensional da madeira e de fixação de compensado e metal com borracha. A cadeira ganhou o primeiro lugar na competição. Há um modelo todo em madeira compensada (acima) e outro com compensado e estrutura metálica (direita). A cadeira também foi concebida em duas versões: uma mais baixa, para uso na sala de estar, e outra um pouco mais alta, para a sala de jantar. Até hoje em produção, o modelo atual foi desen· volvido a partir da cadeira original. É impossível afir mar inequivocamente que a relação das proporções da cadeira com o retângulo áureo tenha sido deci d i d a de propósito, mas a formação acadêmica clás sica de Eames, assim como sua colaboração com Saarinen, faz com que isto seja bastante provável. Encosto (acima) O encosto enquadra-se perfeitamente em um retã ngu lo áureo. Proporções (à direita) Na cadeira para a sala de jantar. as proporções são bem próximas da seção áurea. Proporções dos detalhes Os raios dos cantos do encosto e as pernas tubulares são proporcionais entre si, nas razões 1 4:6:8. A=l B= 4 C= 6 D= 8 ' / / / / ' / 71 ,, 72 Cartaz "Konkrete Kunst ", Max Bill, 1944 "Estou convenc1do de que é possível desenvolver uma arte recorrendo sobretudo ao pensamento matemático." Max Bill, entrevista de 1949, republicada em Typogra· phic Communications Today, 1989 Max Bill distinguiu-se como artista plástico, arquiteto e tipógrafo. Na Bauhaus, estudou
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