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1 Didática no Ensino Contabilidade Geral 1 GRUPO ESTRATEGO CONTABILIDADE GERAL 1 Didática no Ensino Contabilidade Geral 1 Neto, Fernando Cabral de Melo, 2019. Contabilidade Geral - Belém, PA: Faculdade Estratego. 53 páginas; 2 Didática no Ensino Contabilidade Geral 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................3 1. FUNDAMENTOS DE CONTABILIDADE .........................................................................................4 1.1 PRINCÍPIO DA ENTIDADE .......................................................................................................9 1.2 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE .........................................................................................10 1.3 PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE .......................................................................................11 1.4 PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL .............................................11 1.5 PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA ..........................................................................................14 1.6 PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA ..................................................................................................14 2. PATRIMÔNIO: CONCEITOS E APLICAÇÕES ............................................................................17 3. ATIVO, PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO ................................................................................32 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................................48 3 Didática no Ensino Contabilidade Geral 3 INTRODUÇÃO O homem atual tornou-se vítima da sua própria evolução em relação aos números: horário para todo tipo de atividade, salários, contas a pagar, telefones, impostos, produção, transportes, informática, mercado financeiro, balanços, câmbio etc. A partir de um ponto de vista lógico, perguntamo-nos: alguém conseguiria viver sem números no mundo? Com o passar do tempo, a sociedade se desenvolveu e surgiram novos tipos de relações econômicas e também a propriedade privada, o que exigiu a criação de novas formas de controle empresarial. As primeiras notícias que se tem em relação a sistemas de controle remontam à Antiga Mesopotâmia, onde os registros eram grafados em pequenos tijolos. A Contabilidade mais próxima da que se conhece hoje surgiu na Idade Média, mais precisamente no século XV, por volta de 1494, quando o Frei Franciscano Luca Pacioli, a pedido do Papa, foi encarregado de organizar uma enciclopédia que continha o conhecimento humano relativo à época, inclusive um sistema que era usado pelos mercadores de Veneza e que consistia na escrituração de livro caixa, de livro de inventário e no uso da Partida Dobrado. Coube a ele a divulgação dos primeiros princípios contábeis – princípios básicos do Método das Partidas Dobradas. Por esse método, cada crédito corresponde a um débito de igual valor. Grandes nomes, como o de Vicenzo Mazi (Teoria Patrimonialista – que reflete o pensamento mais moderno sobre a classificação das contas), Fábio Besta e Gino Zappa (Teoria Materialista), Francesco Marci e Giuseppe Cerboni (Teoria Personalista), estão ligados à origem e evolução da Contabilidade, cabendo a Luca Pacioli o mérito de preconizador. 4 Didática no Ensino Contabilidade Geral 4 1. FUNDAMENTOS DE CONTABILIDADE Neste primeiro capítulo são apresentados os aspectos introdutórios da Ciência Contábil, partindo da origem da Contabilidade, seu objetivo de estudo, campo de atuação e usuários, para finalizar com a abordagem das carreiras profissionais que se envolvem com a função contábil. Após o estudo deste capítulo você será capaz de: • Conhecer a origem da Ciência Contábil; • Compreender a necessidade da Contabilidade como linguagem homogênea no atual ambiente globalizado de negócios; • Conhecer o campo de atuação e os principais usuários da informação contábil; • Conhecer postulados contábeis, princípios e convenções (e características quali- tativas da informação contábil). A Contabilidade tem por objeto o patrimônio e por finalidade registrar os fatos e produzir informações, propiciando possibilidades de planejamento e controle dele. A partir dessa definição, propõe-se a questão: se a Contabilidade tem por objeto o patrimônio e sua finalidade, o registro dos fatos e a produção de informações visando ao controle, ao desempenharem suas atividades os pastores não estavam, de forma primitiva, controlando seu patrimônio? Não foi inevitável a contagem e o controle de objetos? Pode-se expor com precisão que tal circunstância, apesar de primitiva, consiste nos primeiros passos da Contabilidade? Da mesma forma que a matemática utilizou os números, a Contabilidade também o fez. Assim, pode-se afirmar que a Contabilidade surgiu paralela à matemática, ou seja, de uma necessidade do homem de contar e controlar o produto de seu trabalho. DEFINIÇÃO DE CONTABILIDADE No Brasil, de 17 a 27 de agosto de 1924, foi realizado o lº CBC – Congresso Brasileiro de Contabilidade, na cidade do Rio de Janeiro. Naquela oportunidade, a Contabilidade foi definida da seguinte forma: Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativas à administração econômica. Nesse mesmo sentido, Osni Moura Ribeiro, no seu livro Contabilidade básica, Editora Saraiva, definiu a Contabilidade do seguinte modo: A Contabilidade é uma ciência que permite, por meio de suas técnicas, manter 5 Didática no Ensino Contabilidade Geral 5 um controle permanente do patrimônio da sociedade. Por outro lado, Hilário Franco, no seu livro Contabilidade geral, assim a definiu: É a ciência (ou técnica, segundo alguns) que estuda, controla e interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a revelação desses fatos, com o fim de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial. A Contabilidade permite o controle da movimentação do patrimônio das sociedades. O patrimônio de uma sociedade é movimentado em função dos acontecimentos diários, tais como compras, vendas, pagamentos, recebimentos etc. Registrando esses acontecimentos, a Contabilidade terá condições de fornecer informações sobre a situação do patrimônio, sempre que solicitada. Observa-se que os autores até aqui citados deram contribuições significativas, pontuando os diferentes estágios da evolução do conceito da Contabilidade. Entretanto, o estágio atual dos cenários econômico, político e sociológico nos quais a Contabilidade tem de atuar, exigiu que os seus profissionais pudessem prover os diferentes tipos de usuários com informações seguras e eficazes que servissem de base para o processo decisório. Com essa visão foi que o Ibracon, em seu pronunciamento aprovado pela CVM, através da Deliberação CVM nº 29/86, definiu Contabilidade da seguinte maneira: A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. A seguir será discutido o objetivo do estudo da Contabilidade. OBJETIVO DO ESTUDO O objetivo do estudo da Contabilidade é o patrimônio da entidade contábil. O patrimônio é um conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a uma pessoa física ou jurídica. É o elemento sobre o qual se exercitará a função contábil. Sobre esse conjunto de valores é que a Contabilidade atuará acompanhando sua evolução, suas variações e os efeitos da ação administrativa. FUNÇÕES As principais funções da Contabilidade são: captar, registrar, acumular, resumir e interpretar as modificações do patrimônio em virtude da atividadeeconômica ou social que a sociedade exerce no contexto econômico. 6 Didática no Ensino Contabilidade Geral 6 • Captar informações de todas as transações realizadas pela empresa; • Registrar todos os fatos que ocorrem e podem ser representados em valor mo- netário; • Acumular, por meio de sistema de controle adequado, informações para atender aos usuários da Contabilidade; • Resumir, com base nos registros realizados, periodicamente, por meio de de- monstrativos, a situação econômica, patrimonial e financeira da sociedade; • Interpretar os demonstrativos com a finalidade de apuração dos resultados ob- tidos pela sociedade e executar os planos econômicos, prevendo os pagamentos a serem realizados e as quantias a serem recebidas de terceiros, alertando para eventuais problemas. FINALIDADE A finalidade básica da Contabilidade é o acompanhamento das atividades realizadas pela sociedade, no sentido indispensável de controlar o comportamento de seu patrimônio, avaliando e comparando os resultados obtidos entre períodos analisados. A Contabilidade faz o registro metódico e ordenado dos negócios realizados e a verificação sistemática dos resultados obtidos. Ela deve identificar, classificar e anotar as operações da entidade e de todos os fatos que, de alguma forma, afetam sua situação econômica, financeira e patrimonial. Com esse acúmulo de dados, convenientemente classificados, a Contabilidade procura apresentar de forma ordenada o histórico das atividades da sociedade, a interpretação dos resultados e produzir, através de relatórios, as informações que se fizerem precisas para o atendimento das diferentes necessidades. As finalidades fundamentais da Contabilidade referem-se à orientação da administração das sociedades no exercício de suas funções e tomada de decisões. Portanto, a Contabilidade permite o controle e o planejamento de toda e qualquer entidade socioeconômica. Controle: a administração, através das informações contábeis fornecidas via relatórios, pode se certificar, na medida do possível, de que a organização está agindo em conformidade com os planos e políticas determinados. Planejamento: a informação contábil, principalmente no que se refere ao estabelecimento de padrões, ao inter-relacionamento da Contabilidade e aos planos orçamentários, é de grande utilidade no processo de decisão sobre que curso de ação deverá ser tomado para o futuro. 7 Didática no Ensino Contabilidade Geral 7 Todo e qualquer levantamento de informações administrativas e gerenciais deve ter como alicerce a Contabilidade. Relatórios baseados em informações, as quais não são provenientes dos livros contábeis, são especulativos, pois não refletem a realidade da sociedade, não têm consistência, não têm amparo na escrituração, não podem ser usados como prova contábil, são inexatos. Somente os dados retirados dos livros contábeis merecem boa-fé, tanto para fins comerciais, tributários e civis quanto para decisões judiciais. CAMPO DE ATUAÇÃO DA CONTABILIDADE O campo de atuação da Contabilidade é muito amplo visto que a complexidade das atividades industriais, agrícolas, comerciais, bancárias ou de prestação de serviços no mundo de hoje fez com que inúmeros registros e controles fossem criados. A Contabilidade capta, registra e interpreta fatos que afetam as situações patrimoniais, financeiras ou econômicas de qualquer entidade. Assim, a pessoa física, a sociedade, a entidade de fins não lucrativos, as pessoas de direito público como os órgãos pertencentes à administração direta, não controlarão seus patrimônios. Não atingirão seus fins e não serão passíveis de uma boa administração se não utilizarem a Contabilidade para tal. Para conhecer e utilizar a aplicação das mudanças contábeis, leia o CPC 13 – Adoção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da Lei nº. 11941/2009, disponível em: http:// www.cpc.org.br/pronunciamentosIndex.php. USUÁRIOS DA CONTABILIDADE Os usuários são as pessoas que se utilizam das informações contábeis com algum interesse. Os interesses desses usuários são os mais variados. Dentre eles podemos destacar: • Proprietários (sócios): têm interesse no futuro e no sucesso da empresa, tendem a ser cautelosos nas finanças. Procuram ver como a empresa está em comparação aos anos anteriores e a concorrência para garantir que o dinheiro que eles aplica- ram está seguro. • Investidores (acionistas): são agentes que investem seus recursos em ações da empresa. A análise das demonstrações contábeis pelos investidores costuma ser detalhada, pois eles procuram informações sobre a empresa que permita compa- rações com outras companhias, de modo que dê pra escolher em qual investir. • Instituições financeiras ou credores: fazem empréstimos a serem pagos em até 12 meses (curto prazo) ou acima de 12 meses (longo prazo) e procuram indícios de que a empresa será capaz de pagar os juros das dívidas e os bens da empresa, caso a dívida não seja paga e o negócio sofra uma crise. • Concorrentes: estão interessados na atuação financeira da empresa e nas es- tatísticas empresariais dos rivais. Procuram aumento de vendas, da parcela de mercado, de lucros líquidos e da eficiência total da empresa e informações sobre a 8 Didática no Ensino Contabilidade Geral 8 estrutura de custos. • Gerentes/Empregados: são pessoas que trabalham para a empresa e dependem dela para receber os seus salários e procuram garantir que a empresa continue a operar com competitividade e números que reflitam o seu esforço e competência durante o ano. • Clientes/Fornecedores: são aqueles que precisam saber se estão lidando com empresas financeiramente sólidas, respeitadas e apresentam condições de conti- nuidade em seus negócios, ou seja, se serão capazes de fornecer seus produtos e pagar suas contas. • Governo: examina os relatórios financeiros para ver se são aceitáveis e precisos; verificam o montante de impostos devidos, os quais procuram relatórios bem pre- parados seguindo a legislação e solidez nas contas, quando comparadas às de em- presas similares. E, para que todos esses usuários possam tirar informações confiáveis dos relatórios, a contabilidade segue as regras básicas apresentadas no tópico a seguir. PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE A questão é: quais regras a contabilidade segue para conseguir demonstrar a situação patrimonial de uma empresa? Os Princípios de Contabilidade, nova denominação dada aos Princípios Fundamentais de Contabilidade pela Resolução CFC nº 1.282/10, foram fixados pelo Conselho Federal de Contabilidade por meio da Resolução n° 750/93, cujos dispositivos passamos a comentar. A Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993 dispõe sobre os Princípios de Contabilidade. O Conselho Federal de Contabilidade, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, considerando a necessidade de prover fundamentação apropriada para interpretação e aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade, resolve: Art. 1º - Constituem Princípios de Contabilidade (PC) os enunciados por esta Resolução. § 1º A observância dos Princípios de Contabilidade é obri- gatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). § 2º Na aplicação dos Prin- cípios de Contabilidade a situações concretas, a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais. A referida Resolução, em sua redação original adotava a denominação “Princípios Fundamentais de Contabilidade”. Todavia, com a edição da Resolução CF C nº 1.282, de 28 de maio de 2010, essa denominação foi substituída por “Princípios de Contabilidade”, expressão que, segundo o Conselho Federal de Contabilidade, é “suficiente para o perfeito entendimento dos usuários das demonstrações contábeis e dos profissionais da Contabilidade”. Conforme informações contidas no Art. 2º da Resolução CFC nº. 1282/10, 9 Didática no Ensino Contabilidade Geral 9 os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativasà ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso país. Concernem, pois, a Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades. Pelo Art. 3º são Princípios de Contabilidade: I. o da entidade; II. o da continuidade; III. o da oportunidade; IV. o do registro pelo valor original; V. o da atualização monetária; VI. o da competência; e VII. o da prudência. Por ser uma ciência social, portanto não exata, a Contabilidade necessita de princípios por meio dos quais sejam convencionados critérios uniformes de adoção obrigatória na sua execução. Se, por exemplo, uma empresa adotasse o regime de competência e outra o regime de caixa, seria impraticável a comparação de seus resultados nos períodos considerados. Assim, os princípios funcionam como um padrão a ser seguido por todos os que se ocupam da Contabilidade, pois possibilitam que as técnicas contábeis sejam desenvolvidas uniformemente. Os princípios são decorrentes da observância da aplicação das técnicas contábeis, da prática contábil e têm como objetivo tornar as informações contábeis divulgadas uniformes, confiáveis e úteis para o público nelas interessado. 1.1 PRINCÍPIO DA ENTIDADE Conforme Art. 4º da Resolução CFC nº. 1282/10, o Princípio da Entidade reconhece o patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nessa acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. O objeto da Contabilidade ou assunto do qual ela trata é o patrimônio. É preciso, porém, delimitar-se o patrimônio que será objeto da orientação, do controle e do registro contábil. Em se tratando de sociedade, é necessário reconhecer diferenças entre o patrimônio dos sócios e o da pessoa jurídica, pois 10 Didática no Ensino Contabilidade Geral 10 esta e aqueles são sujeitos de direitos e obrigações legais diferentes. Uma ação trabalhista, por exemplo, deve ser proposta pelo empregado contra a pessoa jurídica empregadora, e não contra seus sócios, ainda que eles, por disposição contratual, pratiquem atos em nome da pessoa jurídica. No caso da pessoa física que desenvolve atividades comerciais, industriais, de produção rural etc., há necessidade da segregação dos bens, direitos e obrigações afetadas por essas atividades. A pessoa física que utiliza parte de sua residência na exploração de atividade comercial, a rigor, deve manter registros contábeis separados para o controle dos bens, direitos e obrigações vinculados à atividade empresarial. Por determinação do Código Civil, o titular de um patrimônio é, necessariamente, pessoa física ou jurídica, uma vez que só quem tem personalidade pode ser titular de direitos e obrigações jurídicas. Isso explica o fato de o patrimônio pertencer à entidade, mas a entidade não pertencer ao patrimônio. A entidade é o sujeito dos direitos e obrigações que constituem o patrimônio. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova entidade. Da consolidação das demonstrações da controladora e de suas controladas, por exemplo, não surge uma nova entidade, mas apenas uma unidade de natureza econômico-contábil. A unidade decorre do fato de as entidades envolvidas pertencerem a uma mesma pessoa (a sociedade controladora), apesar de serem pessoas distintas do ponto de vista legal, cada uma com seus direitos e obrigações. 1.2 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE Segundo Art. 5º da Resolução CFC nº. 1282/10, o Princípio da Continuidade pressupõe que a entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância. Salvo disposição legal, contratual ou evidências em contrário, presume-se que a vida da entidade é contínua e que ela deverá desempenhar suas atividades por um período indeterminado. Pode ocorrer de o contrato ou a lei, em caso excepcional, determinarem o prazo de duração da entidade, ou de as evidências nos levarem à conclusão de que ela não continuará a desenvolver suas operações por muito tempo. É o caso de uma entidade com falência decretada ou em fase de liquidação (situação anterior à extinção da sociedade, em que se promove a realização do ativo e o pagamento do passivo exigível – o acervo líquido, se houver, será dividido entre os acionistas). Os ativos de uma entidade normalmente sofrem efeitos negativos em função da descontinuidade das suas operações. Para ilustrar se uma companhia entra 11 Didática no Ensino Contabilidade Geral 11 em liquidação, como regra o valor apurado por seus ativos é significativamente menor que o valor normal de realização dos bens, em virtude das circunstâncias em que estão sendo vendidos. O passivo também pode ser afetado. Na liquidação, por exemplo, não há distinção entre dívidas vencidas e vincendas, exceto pelo desconto aplicável ao valor dessas. Se uma entidade trabalha com a presunção de descontinuidade de suas operações, não há sentido na aplicação do princípio da competência no registro das suas transações. O diferimento de uma receita por vários exercícios, por exemplo, não pode ser aplicado a uma entidade que terá suas atividades encerradas no curto prazo. O mais adequado, nesse caso, será a adoção do regime de caixa e a avaliação pelo valor presente. 1.3 PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE Pelo Art. 6º da Resolução CFC nº. 1282/10, o Princípio da Oportunidade fere- se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas. O princípio da oportunidade exige o registro de todas as variações sofridas pelo patrimônio da entidade no momento em que elas ocorrerem, ainda que sejam considerados valores estimados. Um exemplo é o registro da depreciação. O tempo de vida útil de um bem é baseado numa hipótese mais ou menos fundamentada tecnicamente e dependente de diversos fatores aleatórios. Apesar disso, a depreciação deve ser registrada no momento em que há a perda de valor do bem. Como é difícil determinar o valor exato dessa perda, os cálculos são feitos por estimativas. A integridade diz respeito à necessidade de os registros serem confiáveis, isto é, sem faltas ou excessos. A tempestividade determina que as variações sejam registradas no momento oportuno, mesmo na hipótese de alguma incerteza de valor. A informação divulgada fora do momento adequado e/ou que não seja confiável normalmente deixa de ser importante para o público nela interessado. Por exemplo, no mercado de ações o investidor não pode esperar um relatório contábil por muito tempo antes de tomar decisões. Portanto, é preciso haver agilidade na divulgação da informação, sem se perder de vista a segurança quanto a sua veracidade. 1.4 PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL O Art. 7º da Resolução CFC nº. 1282/10 traz que o Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional. 12 Didática no Ensino Contabilidade Geral 12 As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para adquiri- los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidaro passivo no curso normal das operações; e Variação do custo histórico. Uma vez integrados ao patrimônio, os componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores: a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equiva- lentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equiva- lentes fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contábeis; b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalen- tes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordena- da. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as corresponden- tes obrigações no curso normal das operações da entidade; c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações da entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da en- tidade; d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo li- quidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos; e e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajusta- mento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. Uma vez integrado ao ativo, o valor do bem (seu custo histórico) pode sofrer varia- ções em razão destes fatores: i. Custo corrente. O ativo (um equipamento, por exemplo) inicial- mente registrado pelo custo histórico terá seu valor corrente repre- sentado pelo desembolso necessário para adquiri-lo no mercado 13 Didática no Ensino Contabilidade Geral 13 caso seja tomada como base a data das demonstrações. Todavia, é preciso considerar o ativo no estado em que se encontra, e não o custo de um bem novo igual ou semelhante. De forma idêntica, um passivo registrado contabilmente pelo custo histórico terá va- lor corrente equivalente ao que seria desembolsado para quitá-lo na data das demonstrações, sem desconto a valor presente. ii. Valor realizável. Consiste no valor que seria apurado na hipótese de o ativo ser vendido em condições normais. Já o valor realizá- vel (ou exigível) de um passivo é o que seria desembolsado, sem desconto a valor presente, para quitá-lo. iii. Valor presente. É o valor atual do fluxo futuro de caixa que o ativo vai gerar. É o que acontece, por exemplo, no caso do ajuste a valor presente de contas a receber realizáveis a longo prazo. No caso do passivo é o valor atual dos pagamentos que serão neces- sários para saldá-lo. iv. Valor justo. Trata-se do valor pelo qual o ativo poderia ser trocado ou o passivo quitado sem favorecimento entre as partes. Assim, não pode ser um preço acima ou abaixo do mercado, em benefício ou prejuízo de uma das partes, como é possível acontecer nas transações entre pessoas ligadas. v. Atualização monetária. Eis aqui o extinto princípio do regis- tro pelo valor original, agora como um dos critérios para regis- tro das variações do custo histórico. A atualização monetária não representa aumento real de valor, e sim um mecanismo de manutenção do poder aquisitivo original dos valores re- gistrados contabilmente. Com os efeitos da inflação, se não for adotada a atualização monetária, os valores registrados pela Contabilidade deixam de representar o poder de compra original. Se considerarmos um determinado valor em moeda em duas datas diferentes, teoricamente, o valor em moeda na data 1 terá poder de compra igual a esse valor em moeda na data 2 acrescido da correção monetária. Isso significa que o valor na data 1 e o valor corrigido monetariamente na data 2 deveriam possibilitar a compra dos mesmos bens. Quanto a alguns bens, o mercado possui mecanismos de atualização. Uma parte significativa da alteração dos preços dos bens no mercado corresponde à correção de seus valores em virtude da inflação. Se imaginarmos essa correção aplicada a todos os bens, verificaremos que ela não representa um aumento real de valor, mas a atualização dos preços em virtude dos efeitos da inflação. O problema é que alguns grupos sociais não conseguem repassar os efeitos da inflação para os preços de seus bens e serviços. 14 Didática no Ensino Contabilidade Geral 14 1.5 PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA Já o Art. 9º da Resolução CFC nº. 1282/10 define que o Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. Conforme o princípio da competência, as receitas e despesas devem ser registradas no período ao qual pertencem, ainda que não tenham sido recebidas ou pagas. Segundo esse raciocínio, a receita de venda é realizada quando da efetiva entrega da mercadoria e a receita de serviço, quando da sua efetiva prestação. Os valores recebidos antecipadamente, por conta da entrega de mercadoria ou prestação futura de serviço, devem ser registrados no passivo exigível. Por definição, despesa é um sacrifício patrimonial necessário à realização de receita. Trata-se da redução de um ativo ou do aumento de um passivo com a finalidade de gerar receita. Portanto, o resultado deve ser formado pelas receitas realizadas, segundo o regime de competência, e pelas despesas necessárias à geração das receitas correspondentes, vale dizer, pela confrontação das receitas e despesas correlatas. Por exemplo, realizada a receita da venda de mercadoria ou da prestação de serviços, devem ser consideradas incorridas, simultaneamente, as despesas relativas aos custos das mercadorias vendidas ou serviços prestados. 1.6 PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA Conforme Art. 10 da Resolução CFC nº. 1282/10 o Princípio da Prudência determina a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. O Princípio da Prudência deve ser considerado quando o contador tiver de avaliar o provável efeito de um evento sobre o patrimônio, diante de duas ou mais alternativas que ele julgue igualmente possíveis de se materializar. Nesse caso, deve ser adotada a opção da qual resulte menor valor para o ativo ou maior valor para o passivo exigível. É importante observar que as alternativas consideradas devem ser equivalentes, ou seja, envolver um grau semelhante de incerteza. Se uma for mais provável que a outra, não será o caso da aplicação da opção que resulte em menor ou maior valor, e sim da mais provável. Por exemplo, se a companhia é acionada judicialmente, isso não é suficiente para seu contabilista constituir provisão. Com base na avaliação de casos semelhantes, caso se conclua que a Justiça tende a dar ganho de causa para a empresa, não deverá ser lançada provisão. A adoção de uma postura prudente na avaliação das hipóteses de incerteza é necessária para se evitar a superavaliação de ativos e receitas, bem como a subavaliação de passivos e despesas. 15 Didática no Ensino Contabilidade Geral 15 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL Com o advento do CPC 00, conhecido como Framework ou “Pronunciamento Conceitual Básico (R1) – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil- Financeiro”, a informação contábil passou a ter que manter certas características qualitativas para melhor atender seus usuários. Segundo esta norma, as informações dos relatóriosse destinam, primariamente a: investidores, financiadores e outros credores, sem hierarquia de prioridade. Assim, ficou firmada a posição de que prover prontamente informação fidedigna e relevante pode melhorar a confiança do usuário e assim contribuir para a promoção da estabilidade econômica. Por que essa preocupação em definir as características qualitativas das informações contábeis? Isso porque, os usuários podem utilizar dessa informação para vários aspectos com relação as decisões econômicas, segundo a norma CPC 00, como: • Decidir quando comprar, manter ou vender um investimento em ações; • Avaliar a administração quanto à responsabilidade, qualidade de seu desempenho e prestação de contas; • Avaliar a capacidade da entidade de pagar seus empregados; • Avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos financeiros emprestados à entidade; • Determinar a distribuição de lucros e dividendos. Assim, as principais características são divididas em 2 grandes grupos com suas subcategorias: CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS • Relevância: É a informação capaz de fazer diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários. • Materialidade: A informação é material se a sua omissão ou sua divulgação distor- cida (misstating) puder influenciar decisões. • Representação fidedigna: Para ser representação perfeitamente fidedigna, a rea- lidade retratada precisa ter três atributos, ser: Completa. Neutra e Livre de erro. CARACTERÍSTICAS DE MELHORIA • Comparabilidade: Permite que os usuários identifiquem e compreendam similaridades dos itens e diferenças entre eles. • Verificabilidade: Significa que diferentes observadores podem chegar a um con- senso, embora não cheguem necessariamente a um completo acordo. 16 Didática no Ensino Contabilidade Geral 16 • Tempestividade: Ter informação disponível para tomadores de decisão a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. • Compreensibilidade: Classificar, caracterizar e apresentar a informação com cla- reza e concisão. Assim, as empresas que divulgam sua contabilidade seguindo essas características qualitativas estão dando maior subsídio aos usuários para tomada de decisão. 17 Didática no Ensino Contabilidade Geral 17 2. PATRIMÔNIO: CONCEITOS E APLICAÇÕES No presente capítulo são estudados conceitos primordiais para o processo de execução da escrituração contábil. São apresentados os mecanismos de lançamentos contábeis, estruturação de contas e grupos de contas, natureza das contas, bem como o plano de contas. Após o estudo deste capítulo você será capaz de: • Compreender a estruturação das contas contábeis; • Aprender a aplicabilidade e a utilidade de cada conta contábil e dos grupos de contas; • Conhecer as principais modificações da legislação brasileira pertinentes à Conta- bilidade brasileira na atualidade. INTRODUÇÃO O termo patrimônio significa, a princípio, o conjunto de bens pertencentes a uma pessoa ou a uma empresa. Bens – Satisfazem as necessidades de uma entidade contábil, podendo ser mensurados economicamente. Contabilmente, eles podem ser de dois tipos: tangíveis e intangíveis. O Código Civil Brasileiro distingue, ainda, os bens em: • Imóveis: vinculados ao solo, que não podem ser retirados sem destruição ou da- nos, como edifícios, construções, árvores etc. • Móveis: que podem ser removidos por si próprios ou por outras pessoas, como animais, máquinas, equipamentos, estoques de mercadorias etc. Compõe-se também de valores a receber (ou dinheiro a receber). Por isso, em Contabilidade esses títulos são denominados direitos a receber ou, simplesmente, direitos. Direitos – São todos valores que a entidade contábil tem para receber de tercei- ros, como duplicatas a receber, promissórias a receber, aluguéis a receber etc. 18 Didática no Ensino Contabilidade Geral 18 Relacionando-se, todavia, bens e direitos não se pode identificar a verdadeira situação de uma pessoa ou empresa. É necessário evidenciar as obrigações (dívidas) referentes aos bens ou direitos. Por exemplo, se você disser que tem como patrimônio um apartamento e não fizer referência à dívida com o banco financiador (em caso de ter sido adquirido por meio desse sistema de crédito), sua informação será incompleta e pouco esclarecedora (MARION, 2009, p. 37). Obrigações – Abrangem os valores que a sociedade tem de pagar a terceiros, isto é, compromissos que serão exigidos no futuro, como resultado de eventos ou transações passadas. O patrimônio, portanto, constitui-se objeto da Contabilidade e pode ser representado pelo conjunto de bens, direitos e obrigações mensuradas em moeda corrente e pertencente a uma entidade contábil. Representação gráfica do Patrimônio A figura 2.1 a seguir apresenta a forma como o patrimônio deve ser representado graficamente. Pela análise da figura acima é possível inferir que, no lado esquerdo, também denominado ativo, são classificados os elementos positivos do patrimônio, ou seja, os bens e os direitos. No lado direito, denominado passivo, são classificados os elementos negativos, ou seja, as obrigações. Veja figura a seguir: 19 Didática no Ensino Contabilidade Geral 19 Para compreender o Balanço Patrimonial, inicialmente é necessário conhecer um conceito básico demonstrado nesse relatório: origens = aplicações. Todas as vezes que recebemos um dinheiro que se originou do nosso trabalho ou de um empréstimo que fizemos no banco, utilizamos esse valor em alguma coisa, ou seja, nenhuma parte desse dinheiro fica perdida sem que você saiba onde foi utilizada. Na empresa também é assim, todo o recurso que entra é aplicado nela mesma e, por meio da Contabilidade, é feito esse controle. Enfim, a Contabilidade controla o patrimônio da empresa. Você pode estar pensando: — Mas, se o dinheiro para a abertura da empresa ainda não foi utilizado para comprar ou pagar nada, onde ele está aplicado? No disponível da empresa. O disponível também é uma forma de aplicação do recurso, isso porque, quando nos referimos ao Balanço Patrimonial, o termo aplicação indica onde o dinheiro foi colocado ou no que ele foi usado, portanto, não precisa propriamente ter sido feita uma aplicação financeira que renda juros. Retomando o conceito de que todas as origens de recursos possuem aplicações, graficamente podemos ilustrar esse conceito na seguinte figura, demonstrando o patrimônio de uma entidade. 20 Didática no Ensino Contabilidade Geral 20 No Balanço Patrimonial está demonstrado exatamente de onde veio o dinheiro da empresa, ou seja, as origens dos recursos e onde esses recursos foram aplicados. Os tipos de origens de recursos ou de capital são capitais de terceiros (pessoas que não são as proprietárias do negócio) e capital próprio (proprietários da empresa e os lucros gerados por ela). Esses recursos obtidos de terceiros e dos sócios/empresa são aplicados em bens e direitos da empresa. Os bens são as instalações, máquinas, equipamentos, veículos, dinheiro (moeda no caixa), estoques, entre outros. Os direitos são as contas a receber dos clientes, investimentos em ações que a empresa possua, depósitos em contas bancárias (direito do saque), entre outras. Ambos possuem a característica de ser mensuráveis monetariamente. Quando uma empresa faz um financiamento e compra uma máquina, a origem do recurso é o capital de terceiros, banco que fez o financiamento, e a aplicação é a máquina, considerado um bem da empresa. No caso da empresa que usa o capital inicial e os lucros para compra de novas instalações, a origem do recurso é o capital próprio e a aplicação é o prédio adquirido. A seguir são apresentadas as equações patrimoniais. EQUAÇÃO PATRIMONIAL A expressão Balanço Patrimonial pressupõe uma situação de igualdade, ou seja, de equilíbrio entre o total do ativo e o total do passivo. Entretanto, na vida real, nem sempre a soma dos bens e direitos é igual à soma das obrigações. A diferença apurada entre o ativo (bens e direitos) e o passivo (obrigações),que se denomina situação líquida, ou patrimônio líquido, será evidenciada sempre do lado do passivo, como se fosse um peso no prato da balança para manter o equilíbrio entre os dois lados. Veja: Conforme já tivemos a oportunidade de discutir, os bens, direitos e obrigações que compõem o patrimônio são avaliados em moeda e, quando do seu registro, 21 Didática no Ensino Contabilidade Geral 21 serão contabilizados pelo valor correspondente da moeda do local onde a entidade contábil estiver funcionando. Portanto, adicionando os valores dos bens e dos direitos, teremos o total do ativo. Por outro lado, somando os valores das obrigações, teremos o total do passivo. A diferença entre o total de bens e direitos, das obrigações, representa o valor do patrimônio líquido. Veja: O Balanço Patrimonial é uma demonstração resumida e estática, como uma foto, da situação financeira e patrimonial da empresa em um determinado momento. A maioria dos países adota essa forma de representação: valores ativos do lado esquerdo e passivo (dívidas com terceiros ou capital de terceiros) com o patrimônio líquido (capital próprio) do lado direito. Essa demonstração contábil será estudada com mais detalhes nos próximos capítulos. SITUAÇÕES LÍQUIDAS PATRIMONIAIS POSSÍVEIS Os componentes patrimoniais devidamente equacionados poderão apresentar três situações líquidas patrimoniais diferentes: I. Ativo maior que o passivo 22 Didática no Ensino Contabilidade Geral 22 Diferentes formas de se referir a essa situação líquida: Situação líquida positiva; Situação líquida ativa; Situação líquida superavitária; A = P + SL; P = A – SL; SL = A – P; Ativo maior que zero e passivo maior que zero: situação líquida maior que zero. II. Ativo menor que passivo Diferentes formas de se referir a essa situação líquida: Situação líquida negativa; Situação líquida passiva; Situação líquida deficitária; Passivo a descoberto; A = P – SL; P = A + SL; SL = P – A; Ativo maior que zero, passivo maior que zero e situação líquida menor que zero (desde que o ativo seja menor que o passivo). III. Ativo igual ao passivo Diferentes formas de se referir a essa situação líquida: Situação líquida nula; Situação líquida inexistente; A = P; P = A; SL = Zero; Ativo maior que zero, passivo maior que zero e situação líquida igual a zero (desde que o ativo seja igual ao passivo). Outros casos Observa-se que, nas três situações apresentadas, ativo e passivo sempre foram maiores que zero. Em raras ocasiões, porém, poderão ser iguais a zero. Nesses casos, teremos: Ativo igual a situação líquida (passivo = zero) 23 Didática no Ensino Contabilidade Geral 23 Na prática, o momento da constituição da entidade contábil é uma das raras ocasiões em que essa situação poderá ocorrer. Situação líquida igual ao passivo (ativo = zero) O momento do encerramento de atividades é uma das raras ocasiões em essa situação poderá ocorrer. Conceitos de contas contábeis Em sua linguagem cotidiana você pode imaginar que a palavra conta pode traduzir uma série de conceitos diferentes: • Uma operação matemática de soma, subtração, etc.; • A conta de energia elétrica, de internet ou telefone que temos que pagar; • Uma conta corrente que temos em um banco; • Um valor a pagar em uma loja, um supermercado, etc. Acontece, porém, que do ponto de vista contábil, a conta representa a descrição dos componentes patrimoniais (contas de ativo e passivo), assim, como elementos do resultado (despesas e receitas, que serão vistas a frente). O título de uma conta deve expressar o significado adequado das operações nela registradas. Seguem alguns exemplos: contas a receber, caixa, salários a pagar, financiamentos a longo prazo, etc. A importância da adequada denominação das contas decorre do fato de que as demonstrações contábeis não são de utilização apenas da própria empresa; são também analisadas por auditores, fornecedores, instituições financeiras, e, é claro, pelo fisco. Além disso, se a empresa for uma sociedade anônima de capital aberto (com ações negociadas em bolsas de valores), é fundamental que suas demonstrações tenham uma linguagem precisa e, tanto quanto possível, clara, para facilidade de seus acionistas em particular e do mercado em geral. Resumindo, como pessoas diferentes e, principalmente, pessoas fora da Contabilidade da empresa e mesmo do dia a dia da empresa devem entender os relatórios contábeis, é essencial que saibam e confiem nos conteúdos de cada conta contábil. Na 24 Didática no Ensino Contabilidade Geral 24 realidade, pode-se representar elementos de características semelhantes em uma mesma conta, a qual receberá o nome que melhor represente os elementos agrupados. Exemplificando tal situação: a) O conjunto formado por cadeiras, mesas, máquinas de escrever, máquinas de somar, etc., poderia ser registrado em uma única conta, que teria por nome: Móveis e utensílios (a não ser é claro, em se tratando de um comércio de mó- veis que vise vender esses itens, onde, nessa situação, deveriam ser alocados na Conta estoques). b) Todos os grupos de materiais que são comprados ou produzidos com fina- lidade de venda ou obtenção de receita poderiam ser registrados na conta de Estoque de produtos acabados. c) Diversos valores a receber de diversos clientes, sem necessidade de repre- sentação (e não registro) isolada, poderiam ser registrados na mesma conta Contas a receber ou Valores a receber. d) Diversos valores a pagar de diversos fornecedores, sem a necessidade de re- presentação (e não registro) isolada, poderiam ser registrados na mesma conta “Contas a pagar” ou “Valores a pagar. Plano de contas O conjunto de todas as contas contábeis de uma empresa forma o chamado plano de contas. Trata-se de um conjunto de contas e normas que disciplina as tarefas do setor de Contabilidade focando a uniformidade dos registros contábeis, ou seja, é instrumento de grande importância no processo contábil. Cada organização deve elaborar um plano de contas específico que obedeça aos seus objetivos e a legislação da atividade que a mesma exerce. Obviamente que um plano de contas contábil deve seguir a ordenação e a codificação básica, sendo modificado em cada empresa apenas com suas especificidades, ou seja, toda empresa deverá ter em seu plano de contas, um grupo chamado ativo e um grupo chamado passivo, porém empresas de serviços talvez não precisem da conta de estoques de mercadorias, por exemplo. Na realidade, na confecção do plano de contas temos dois tipos contas contábeis relacionadas ao seu cadastro ou lançamento: contas sintéticas e contas analíticas. Imagine que você tenha em sua casa um almoxarifado de materiais gerais que esteja dividido em: materiais de escritório, materiais de copa e cozinha, materiais de limpeza, etc. Ao comprar, por exemplo, uma caneta, você saberá que ela pertence ao grupo de materiais de escritório e poderá lançar no controle específico de 25 Didática no Ensino Contabilidade Geral 25 canetas (esse controle específico seria uma ficha de estoque). Perceba, neste caso, que mesmo não classificando o gasto como material de escritório e sim como caneta, o valor ou a quantidade do grupo material de escritório também aumentou, afinal ninguém compra material de escritório, mas sim canetas, papéis, lápis, borracha, etc., sendo que estes itens comprados podem se classificar como materiais. Caso você queira saber quanto em dinheiro ou mesmo em valor está estocado de materiais de escritório, você deveria somar as canetas, lápis, borrachas, papel, etc. É como se o grupo material de escritório fizesse parte das contas sintéticas, aquelas que concentram os bens, direitos e obrigações de acordo com a sua natureza em comum (exemplo: 1.1.2.01 contas a receber) e que não recebem lançamento, apenas sumarizam ou totalizam grupos de contas de natureza similar. As canetas, lápis, borrachas, etc., seriam as contas contábeis analíticas, aquelas que descrevem cadadireito, bem ou obrigação específica, sendo alocadas dentro da conta contábil sintética que pertence, ou seja, as contas que recebem os lançamentos (exemplo: 1.1.2.001 Cia Outorgada S S/A – contas a receber). Abaixo segue exemplo que ilustra esta situação: A seguir é apresentado o Plano de contas para elaboração do Balanço Patrimonial. Plano de contas – Balanço Patrimonial Por definição, as contas do Balanço Patrimonial da empresa recebem numeração 1 para o grupo de ativos e numeração 2 para o grupo de passivos e patrimônio líquido. Na sequência, as demais contas de ativos, passivos e patrimônio líquido são numeradas. A título de exemplo vamos conhecer as possíveis divisões em um grupo de ativos: 26 Didática no Ensino Contabilidade Geral 26 Percebam o seguinte, o grupo de ativo é 1; este grupo é dividido em ativo circulante (1.1) e ativo não circulante (1.2). Se pegarmos o ativo circulante como exemplo, vamos ver que a próxima conta é de banco (1.1.1), a qual se abre em mais duas contas, recebendo mais um dígito no código: Banco do Brasil (1.1.1.1) e Santander (1.1.1.2) e assim sucessivamente. No grupo de passivo e patrimônio líquido temos a mesma lógica, contudo, o número dominante e inicial passa a ser o “2”. Vamos ver um exemplo: 27 Didática no Ensino Contabilidade Geral 27 De modo semelhante à análise do ativo, percebam o seguinte, o grupo de passivo e patrimônio líquido é 2; este grupo é dividido em passivo circulante (2.1), passivo não circulante (2.2) e patrimônio líquido (2.3). Se pegarmos o passivo circulante como exemplo, vamos ver que a próxima conta é de fornecedores (2.1.1), a qual se abre em mais duas contas, recebendo mais um dígito no código: fornecedor X (2.1.1.1) e fornecedor Y (2.1.1.2) e assim sucessivamente. Plano de contas – Demonstração de resultado do exercício De maneira semelhante às contas do Balanço Patrimonial, as contas da Demonstração de Resultados do Exercício apresentam uma numeração, no caso 3 para todas as contas. A título de exemplo vamos conhecer as possíveis divisões em uma demonstração de resultados do exercício: Grande destaque e atenção na elaboração de uma Demonstração de Resultados do Exercício é para as contas de maior código, como: receitas de vendas, custo da mercadoria vendida, lucro bruto, despesas administrativas e gerais, financeiras, outras receitas e despesas, lucro antes do imposto de renda (LAIR) e resultado do período. 28 Didática no Ensino Contabilidade Geral 28 Noções débito e crédito Em nosso cotidiano, nos termos de nossa linguagem comum, conceituamos a palavra débito como algo ruim, relacionando a dívidas, situação negativa, ter saldo negativo na conta corrente do banco. De forma análoga, crédito é conceituado como algo bom, relacionado à possibilidade de comprar a prazo, ter crédito na praça, saldo positivo na conta do banco. Na realidade contábil, precisamos desmistificar estes conceitos e extrapolá- los para o seu significado quando de sua criação pela Contabilidade. Isso não quer dizer que você possa, a partir daqui, achar que uma conta devedora no banco seja fantástico, ok? Esses conceitos são da Contabilidade e não de sua vida particular. Para facilitar o entendimento desses conceitos, vamos pensar no enquadramento do débito em relação ao gráfico em forma de “T”, ou seja, o razonete, que será estudado em detalhes nos próximos capítulos. Pelo razonete, o lado esquerdo de uma conta é chamado de débito e o lado direito de uma conta é chamado de crédito. Quando lançamos no lado esquerdo de uma conta denominamos lançamento a débito ou debitando. Abaixo a figura demonstra esta situação: A diferença que deve ocorrer entre a totalidade de débitos e créditos feitos em uma determinada conta contábil e em determinado período, é denominado saldo. Se o valor de débitos for maior que o valor de créditos, a conta terá um saldo devedor. Se o valor de créditos for maior que o valor de débitos, a conta terá um saldo credor. Exemplo de saldo devedor: não ocorre, pois tais denominações são simplesmente convenções contábeis, com uma função específica em cada conta. Os principiantes em Contabilidade são levados a pensar muitas vezes que débito significa algo desfavorável e crédito algo favorável. Na verdade, isto As contas possuem dois lados – esquerdo e direito – dessa forma, os aumentos podem ser registrados em um lado e as diminuições no outro. A natureza da conta é que irá determinar o lado a ser utilizado para os aumentos e o lado para as diminuições. A regra, que como qualquer regra, tem suas exceções, coloca que: 29 Didática no Ensino Contabilidade Geral 29 Os grupos de contas contábeis serão detalhados no Capítulo 3, a seguir. Regime de caixa x Regime de competência A seguir são apresentados os regimes de caixa e competência, destacando- se suas utilidades e principais diferenças. Regime de caixa O regime de caixa, conhecido também como regime financeiro, apura o resultado da empresa considerando como receita aquela efetivamente recebida (havendo a entrada de dinheiro na empresa) e gastos (custos/despesas) quando forem realmente pagos no período (havendo a saída de dinheiro). Esse regime é adotado para que os gestores possam ter um controle gerencial do caixa da empresa, vital para a continuidade e manutenção da situação financeira da empresa, e é apresentado na demonstração do fluxo de caixa (DFC). Contudo, esta metodologia não é permitida por lei para elaboração das demonstrações financeiras (Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultados do Exercício). Para elaboração destas demonstrações a norma contábil exige a utilização do regime de competência, cujo conceito será visto no tópico a seguir. Assim, características do regime de caixa podem ser resumidas em: • Não aceito oficialmente; • Desenvolvido nas empresas como Contabilidade auxiliar. Deste modo podemos resumir o registro das receitas e das despesas como sendo: • Receita – considera a receita do exercício aquela efetivamente recebida, ou seja, quando houver a entrada de dinheiro; • Despesa – considera a despesa do exercício aquela efetivamente paga, ou seja, quando houver a saída de dinheiro. Regime de competência A Contabilidade é formada e desenvolvida considerando-se alguns princípios ou regras gerais, as quais são base e fundamento para criação das demais normas. Um desses princípios é o chamado regime de competência. O regime de competência é a outra forma de registro das operações da empresa, mais propriamente das receitas e das despesas, sendo que, diferentemente do regime caixa, este é aceito e exigido pelas normas contábeis. Então a divulgação das demonstrações financeiras das empresas quando elaboradas e divulgadas aos usuários externos estão sob bases do regime de competência. Além disso, 30 Didática no Ensino Contabilidade Geral 30 o conceito do regime de competência está atrelado à necessidade do fato gerador, ou seja, ocorrendo o fato gerador as receitas e despesas podem ser reconhecidas. Mas o que seria o fato gerador das receitas e despesas que permite o reconhecimento das mesmas pelo regime competência? Resumidamente teríamos: • Receita – a Contabilidade considera a receita gerada em determinado exercício social, não importando seu recebimento, mas considera o período em que a re- ceita foi ganha, ou seja, o fato gerador, não o seu recebimento. Assim, reconhece a Receita quando os serviços forem entregues ao cliente, ou estiver pronto para entrega ou quando todos os esforços da empresa para deixar o produto em condi- ções de venda estiverem sido cumpridos, mesmo que não haja o recebimento do dinheiro propriamente dito. • Despesa – a Contabilidade considera a despesa consumida, incorrida, em de- terminado período contábil, sendo irrelevante o período de pagamento. Portanto, basta ter havido o consumo, sem necessidade de ter tido o pagamento ou a saída do dinheiro da empresa. Assim, o regime de competência, também conhecido por regimeeconômico, é uma forma de se contabilizar o resultado da empresa, registrando as receitas no momento em que elas são geradas e os gastos (despesas e custos) no momento em que são consumidos, independentes de seus recebimentos ou pagamentos. Não se contabiliza somente a receita recebida, e sim a receita gerada. Os gastos são contabilizados conforme o consumo ocorrido no período (competentes àquele período) e não conforme o pagamento desses gastos. Este regime de competência é indicado pela Teoria da Contabilidade e pelo Imposto de Renda (Legislação Fiscal) e deve ser adotado na apuração do resultado. Análise comparativa Os tipos de registro da Contabilidade (regime de caixa e regime de competência) apresentam diferentes regras para reconhecimento das receitas e despesas, além da exigência ou não pelas normas contábeis. Resumidamente 31 Didática no Ensino Contabilidade Geral 31 podemos destacar as seguintes características de cada um desses regimes: Imagine uma empresa que tem receita de $10 milhões no período (sendo que apenas 60% foram recebidos) e despesa totalizando 8 milhões (sendo que 6 milhões já foram pagos). Como ficaria o resultado desta empresa considerando o regime competência e regime caixa? Poderíamos chegar aos seguintes resultados: Portanto, percebemos que o resultado é diferente entre os dois regimes. De fato, o resultado tende a ser diferente pois a regra de reconhecimento destes dois regimes não é igual. Contudo, o resultado apurado pelo regime de caixa e pelo regime de competência pode ser igual quando as vendas e despesas ocorrem à vista. Para visualizar esse efeito, vamos retomar o exemplo anterior alterando o montante recebido em caixa e o montante pago. 32 Didática no Ensino Contabilidade Geral 32 3. ATIVO, PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO O terceiro capítulo apresenta os conceitos primordiais que serão base para a escrituração contábil do Balanço Patrimonial: o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido. Além de apresentar essa distinção, demonstra também como eles devem ser classificados em grupos Circulante e Não Circulante. Após o estudo deste capítulo, você será capaz de: • compreender a estruturação das contas contábeis; • aprender a aplicabilidade e a utilidade de cada dos grupos de contas contábeis; • apresentar as principais modificações da legislação brasileira pertinentes à conta- bilidade. INTRODUÇÃO Como exposto, essa unidade tem como objetivo o estudo dos grupos de contas contábeis: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido e suas subdivisões em Circulante e Não Circulante. Esses grupos de contas são os que compõe o Balanço Patrimonial e sua apresentação deve seguir as normatizações do Pronunciamento Técnico CPC 26: Apresentação das Demonstrações Contábeis, aprovado pelo Conselho Federal de Contabilidade sob a NBC TG 26 (R2). Nesse documento estão as diretrizes para as bases das demonstrações contábeis, de modo a dar uniformização e possibilitar a comparação entre as demonstrações contábeis da mesma organização (entre períodos anteriores) e das demonstrações entre organizações distintas. Desse modo, cabe diferenciar inicialmente os grupos do Balanço Patrimonial. O Ativo abrange, basicamente, os bens e os direitos da entidade, como o dinheiro em Caixa ou disponível nas contas correntes no Banco, além das aplicações financeiras, dos estoques, das marcas e patentes, dos imóveis, dos veículos, das máquinas e dos equipamentos, das contas a receber de clientes. Todos esses itens são bens e direitos da empresa e que, quando somados, compõe o seu Ativo. Lembre-se que as contas do Ativo são apresentadas do lado esquerdo do Balanço Patrimonial. Já o Passivo, também de forma simplificada, abrange as obrigações assumidas pela empresa com terceiros, ou seja, é composto pelas dívidas que a empresa possui, como os salários a pagar de seus empregados, os fornecedores, os empréstimos e financiamentos, os impostos a pagar, entre outros. Lembre-se que 33 Didática no Ensino Contabilidade Geral 33 as contas do Passivo são apresentadas do lado direito do Balanço Patrimonial. Por fim, tem-se o Patrimônio Líquido (PL) que pode ser definido como a diferença entre o valor registrado no Ativo e no Passivo em determinado período de tempo. Por exemplo, se uma empresa possui R$ 20.000 em ativos e R$ 12.000 de passivos, logo terá R$ 8.000 de Patrimônio Líquido, respeitando a equação fundamental da contabilidade. Lembre-se que as contas do Patrimônio Líquido são apresentadas do lado direito do Balanço Patrimonial, logo abaixo do Passivo. Porém, isso não significa dizer que o Patrimônio Líquido não possui as suas próprias contas, como já visto anteriormente. Inicialmente, o Patrimônio Líquido é composto por duas grandes fontes: os investimentos dos sócios e os lucros auferidos pela empresa e que não foram distribuídos aos sócios. Por exemplo, nos R$ 8.000 de Patrimônio Líquido que foi encontrado no exemplo acima, ele poderia ser distribuído em R$ 6.000 de Capital Social (Investimento dos Sócios na Entidade) e de R$ 2.000 de Reservas de Lucros (lucros não distribuídos aos sócios). Dada essa natureza do Patrimônio Líquido, de ser a diferença entre o Ativo e o Passivo, pode ocorrer a situação da empresa possuir mais Passivos do que Ativos. Por exemplo: se uma empresa possui R$ 20.000 em ativos e R$ 32.000 de passivos, logo terá um valor negativo de R$ 12.000 de Patrimônio Líquido, respeitando a equação fundamental da contabilidade, também chamado Passivo a Descoberto. Feita essa primeira distinção, cabe agora separar os Ativos e Passivos entre Circulante e Não Circulante. Tanto os Ativos quanto os Passivos devem ser apresentados em ordem de liquidez decrescente no Balanço Patrimonial, iniciando com o Ativo ou Passivo mais líquido. Aqui, a “liquidez” é a capacidade do Ativo ou do Passivo se converter em dinheiro em determinado período de tempo. Assim, a diferença básica entre esses dois grupos (Circulante e Não Circulante) é que as contas apresentadas no Circulante devem ser recuperadas ou liquidadas em 12 meses a partir da data de encerramento do Balanço Patrimonial. Assim, tem-se os seguintes exemplos, imaginando duas empresas, a empresa Alpha, que vende máquinas de costura, e a empresa Beta, de confecção de roupas. A empresa Beta adquiriu um maquinário em 01/11/2015 da empresa Alpha, a ser pago em duas parcelas anuais, em 01/07/2016 e 01/03/2017, sendo de R$ 8.000 a primeira e de R$ 12.000 a segunda. Dessa forma, no encerramento do exercício em 31/12/2015, a empresa Alpha possui um direito de receber R$ 20.000 da empresa Beta, de modo que demonstrará em R$ 1.00 a receber no Ativo Circulante e R$ 12.000 no Ativo Não Circulante. Já a empresa Beta possui uma obrigação junto a empresa Alpha, de modo que demonstrará R$ 8.000 a pagar no Passivo Circulante e R$ 12.000 no Passivo Não Circulante. 34 Didática no Ensino Contabilidade Geral 34 Isso ocorre devido à primeira parcela da compra ocorrer 7 meses após a data do encerramento do exercício e a segunda parcela ocorrer após 15 meses após a data de encerramento do exercício, obedecendo assim a classificação de 12 meses. Essa obrigatoriedade da separação de curto e longo prazo pode ser verifica- da nos itens 60 a 65 do Pronunciamento Técnico CPC 26: Apresentação das Demonstrações Contábeis, aprovado pelo Conselho Federal de Contabilidade sob a NBC TG 26 (R2). Acesso em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos- Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57 ATIVO Inicialmente, definiu-se que o Ativo é o conjunto de bens e direitos de uma organização. Agora, será proposta uma definição mais técnica, na qual o Ativo, segundo o CPC 00 - Estrutura Conceitual, “é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade”. Dessa maneira, o ativo é um recurso com três características: a) controlado pela entidade; b) resultado de eventos passados; e c) combenefício econômico futuro. O correto atendimento da definição de Ativo é importante, pois ela define se um recurso poderá ser reconhecido como Ativo por determinada entidade. “Reconhecer” algo na contabilidade é dizer que esse recurso pode ser exibido no conjunto de Demonstrações Contábeis da empresa. Desse modo, “Reconhecer um Ativo” significa dizer que aquele recurso está apto para ser evidenciado no Balanço Patrimonial. O primeiro item é a característica do “controle”. Muitas vezes esse controle está ligado com a propriedade legal do bem, embora isso não seja essencial. Dessa forma, um veículo financiado por uma operação de leasing pela empresa pode não se encontrar registrado no nome dela em definitivo, ficando, até o término 35 Didática no Ensino Contabilidade Geral 35 do pagamento das parcelas, em nome do financiador. Porém, esse recurso é um ativo da empresa, uma vez que ela exerce o controle do mesmo. O segundo item é que esse ativo só pode ser reconhecido como tal, quando tiver sua origem em eventos anteriores, ou seja, o evento que confere o direito à entidade já ocorreu não podendo reconhecer como ativo algum evento que ainda está para ocorrer. As entidades obtêm, em geral, os seus ativos por meio da produção ou da aquisição, por exemplo, a empresa pode adquirir uma máquina e produzir produtos para a venda a partir dessa máquina. Então, essa entidade apresenta dois ativos advindos de duas maneiras distintas: a máquina, pela aquisição, e o estoque, pela produção. Embora a figura do gasto esteja presente nesses dois exemplos, isso também não é determinante, pois a empresa também pode reconhecer um terreno como ativo, o qual lhe foi doado por um ente governamental. Como já mencionado, se uma empresa tem a intenção de fazer um contrato com seu fornecedor de matérias-primas para aquisição de estoques, ela não poderá reconhecer esses estoques como ativo, uma vez que os eventos previstos para ocorrer no futuro não garantem o surgimento de ativos. Por fim, o último atributo é a geração de benefícios econômicos futuros. Esse item significa dizer que o ativo possui potencial para contribuir, de forma direta ou indireta, para o fluxo de caixa da entidade. Esse potencial poderá ser produtivo (como no caso da máquina) ou pela sua possível conversão em dinheiro, como no caso do estoque de produtos que será vendido aos clientes. Cabe ressaltar que, apesar dos exemplos acima terem se dado com itens que possuem substância física (tangíveis), eles também podem não ter substância física, ou seja, serem intangíveis. Imagine um laboratório farmacêutico que possui inúmeras patentes de medicamentos, os quais garantem que somente ele pode produzir os referidos medicamentos. Essa patente é um ativo, pois satisfaz os critérios de ativo: é um recurso controlado pela entidade (somente ela tem direito de explorar esses medicamentos), resultado de eventos passados (a empresa pode ter adquirido a patente de outro laboratório ou ela mesma ter desenvolvido) e que gera benefícios econômicos futuros (a empresa por deter essas patentes, fabrica e comercializa os referidos medicamentos). Por fim, para reconhecer um recurso como um ativo, além de satisfazer a definição de ativo acima apresentada, necessita ser mesurado confiavelmente. Segundo o item 4.54 do CPC 00 - Estrutura Conceitual, a mensuração é “o processo que consiste em determinar os montantes monetários por meio dos quais os elementos das demonstrações contábeis devem ser reconhecidos e apresentados no balanço patrimonial e na demonstração do resultado.” Como já verificado anteriormente, no tópico de Princípios da Contabilidade, especificamente no Princípio do Registro Pelo Valor Original, existem diversas bases, para a mensuração, aceitáveis. Assim, no que tange ao Balanço Patrimonial, ele deve constar os seguintes ativos, respeitando as características de cada 36 Didática no Ensino Contabilidade Geral 36 empresa, de acordo com item 54 do CPC 26 - Apresentação das Demonstrações Contábeis: • caixa e equivalentes de caixa; • clientes e outros recebíveis; • estoques; • ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas “a”, “b” e “g”); • total de ativos classificados como disponíveis para venda (Pronunciamento Téc- nico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração) e ativos à disposição para venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada; • ativos biológicos; • investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial; • propriedades para investimento; • imobilizado; • intangível. A seguir, serão apresentadas as contas acima descritas já destacadas nos grupos Circulante e Não Circulante ATIVO CIRCULANTE O Ativo Circulante é composto pelos bens e direitos que serão convertidos em dinheiro no prazo máximo de até 12 (doze) meses após o encerramento do exercício social. De acordo com o item 66 do CPC 26 - Apresentação das Demonstrações Contábeis, o ativo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios: • espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; • está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; • espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou • são caixa ou equivalente de caixa (conforme definido no Pronunciamento Téc- nico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa), a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do balanço. Assim, divide-se nos subgrupos: disponível, realizável a curto prazo, estoques, despesas antecipadas e investimentos para negociação. O grupo do Disponível é composto pelas exigibilidades imediatas, representadas pelas contas de caixa, bancos conta movimento, cheques para 37 Didática no Ensino Contabilidade Geral 37 cobrança e aplicações financeiras. Caixa: A conta caixa deverá estar em conformidade com os boletins de caixa, elaborados diariamente pelos funcionários dos setores ou filiais da sociedade, assim vistados pelos responsáveis. Essa conta representa a quantidade de moedas, de papel moeda e de cheques não depositados presentes na empresa, como em caixas registradoras, cofres, etc. Bancos: O saldo das contas bancárias deve estar de acordo com os extratos bancários, ou conciliação bancária explicando o motivo da diferença. Também é recomendável que o contador mantenha a evidência de que realmente essas contas foram conciliadas. Aplicações financeiras: As contas de aplicações financeiras são os investimentos de curto prazo, ou seja, que possibilidade de resgate imediato ou que poderá haver o resgate em até 12 meses (para figurar no Ativo Circulante). Caso ultrapasse esse período de 12 meses, a empresa deve contabilizar essa aplicação financeira no Ativo Não Circulante. Ressalta-se que elas devem estar de acordo com os extratos bancários e respectiva pla- nilha de apropriação das receitas financeiras. Já o grupo do Realizável a Curto Prazo se registra os direitos a receber no prazo de até 12 (doze) meses, representados pelas seguintes contas: duplicatas a receber, impostos a recuperar e outros créditos. vi. Duplicatas a Receber: essa conta também é conhecida como Tí- tulos a Receber ou Clientes. Ela está ligada diretamente às contas de receitas (faturamento) da sociedade. Nela são registradas as vendas a prazo que, atualmente, representam uma parcela signi- ficativa do faturamento das sociedades. Assim, ela representa o quanto a empresa tem a receber derivado de vendas passadas que, de certa forma, é o quanto a empresa está financiando seus clientes. As duplicatas com vencimento no prazo de 12 meses após o encerramento do balanço deverão ser contabilizadas em contas de duplicatas a receber, no ativo realizável a longo prazo. Uma característica importante dessa conta é que ela possui uma subcontadedutora, que é a Perda Estimada em Crédito de Liquidação Duvidosa (PECLD). Essa conta é constituída uma vez que o recebimento dos valores devidos pelos clientes, nem sempre, é líquido e certo. Assim, a sua constituição é uma dedução da conta de Duplicatas a Receber, devido ao risco na cobrança pela inadimplência dos clientes. Impostos a Recuperar: São os impostos retidos quando da emissão da nota fiscal da sociedade, tais como: IRPJ, CSSL, PIS, COFINS e outros. Podem representar, também, adiantamentos de IRPJ ou CSSL pagos durante o ano ou a recuperar, relativos a anos anteriores. Em outras situações representam o saldo credor de ICMS, IPI, PIS e COFINS, em que o valor creditado nas compras é superior aos débitos relativos às vendas. É comum a existência desses saldos quando a sociedade for exportadora, uma vez que se credita sobre os valores das compras e não há o débito na venda. Os saldos devem estar em consonância com os livros de apuração dos respectivos tributos, com as declarações anuais de retenção fornecidas pelos clientes no caso de faturamento e pelas Instituições Bancárias para as aplicações financeiras. Todo o saldo existente na contabilidade 38 Didática no Ensino Contabilidade Geral 38 deve ter origem comprovada. Outros créditos: Podem ser classificados nessa conta: adiantamentos de viagens, adiantamento de salários, empréstimos a funcionários, empréstimos a terceiros não sócios, adiantamento de 13º salários. Os saldos devem estar de acordo com relatórios ou posições de cada setor ligados à respectiva conta. Exemplo: adiantamentos a funcionários, o setor de pessoal, adiantamentos de viagens, o setor financeiro. As contas de adiantamentos e outros créditos devem ser conciliadas no sentido de verificar pendências existentes de longa data, as quais não refletem a posição consignada no balancete, bem como atentar para a documentação suporte dos lançamentos contábeis, tais como: contratos, recibos, notas fiscais e outros. A conciliação é procedida com suporte em relatórios do setor financeiro; se o financeiro não souber o motivo e a destinação dos valores, algo está errado nos saldos (ou no setor financeiro), no que tange aos adiantamentos e às respectivas prestações de contas. Os adiantamentos salariais e empréstimos a empregados devem ser conciliados com os relatórios do setor de pessoal. Os empréstimos e outras transações devem estar suportados por contratos e outros documentos hábeis. O terceiro grande subgrupo é o de Estoques, os quais representam os bens destinados à venda e que variam de acordo com a atividade da entidade. Conforme o CPC 16 - Estoques, eles são ativos: • mantidos para venda no curso normal dos negócios; • em processo de produção para venda; ou a forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou transformados no processo de produção ou na prestação de serviços. Dessa forma, existem quatro tipos de estoques: de produtos acabados, de produtos em elaboração, de matérias-primas e outras mercadorias. • produtos acabados: são as mercadorias que estão prontas para serem vendidas aos clientes, sejam esses produtos produzidos pela própria empresa ou que te- nham sido adquiridos para posterior revenda. • produtos em elaboração: são os produtos, ainda não finalizados, que estão sendo produzidos. Ou seja, são produtos ainda não completos e que necessitam ser finalizados para estarem aptos a serem negociados com os clientes. • matérias-primas: são os insumos utilizados no processo de produção • outras mercadorias: são, em geral, materiais a serem utilizados pela empresa, como materiais de escritório, produtos de limpeza, peças de reposição de máqui- nas e equipamentos, entre outros. As contas de estoque estão ligadas diretamente ao custo de mercadoria vendida, custo de produtos produzidos e de serviços prestados. Assim, quanto maior o valor registrado no estoque (superavaliação), maior será o lucro, e quanto 39 Didática no Ensino Contabilidade Geral 39 menor o valor registrado no estoque (subavaliação), menor será o lucro. Os estoques podem ser controlados de duas maneiras: • controle permanente: é aquele que todas as entradas e saídas são controladas em tempo real. • controle periódico: significa que, de tempos em tempos, todas as entradas e saí- das do estoque são confrontadas para verificar quantos produtos saíram do esta- belecimento. Cabe lembrar que os estoques são registrados no Balanço Patrimonial pelo seu custo histórico. Quando a empresa tem em seu estoque Animais e Plantas, é dado um nome distinto que é o de Ativos Biológicos, os quais são registrados pelo seu valor justo. Conforme o CPC 29 - Ativo Biológico e Produto Agrícola, um Ativo Biológico é qualquer animal ou planta, desde que vivos, de controle da empresa e que ela utilizará na produção de outros produtos ou que ela irá revender in natura. Já o Produto Agrícola é o produto colhido do Ativo Biológico. Por exemplo, numa fazenda que cria gado, o Ativo Biológico é o próprio gado e o Produto Agrícola é o Leite extraído do animal, que irá resultar na produção de queijo, por exemplo. Numa plantação de eucaliptos, a floresta de eucaliptos é o Ativo Biológico e a madeira é o Produto Agrícola, sendo que o produto final é a produção de papel. O quarto subgrupo é o das Despesas Antecipadas que compreendem as despesas pagas antecipadamente que serão consideradas como custos ou despesas no decorrer do exercício seguinte (até 12 meses da data do encerramento do balanço). Ou seja, é uma antecipação de caixa feita pela empresa para alguma despesa a ser incorrida no futuro. Por exemplo, a empresa aluga um novo galpão para armazenar o estoque, porém o proprietário do imóvel solicita o pagamento de 6 meses adiantados. Assim, a empresa registrará em Despesas Antecipadas esse valor e irá, mês a mês, lançando em despesa os valores referentes aos aluguéis mensais. Por fim, tem-se o grupo chamado de Investimentos para a Negociação. Em geral, é composto por dois itens, os ativos financeiros mantidos para a negociação e os ativos não circulantes mantido para venda. Ativos financeiros mantidos para a negociação: conforme o CPC 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração - são aqueles investimentos adquiridos com a finalidade de gerar lucro em virtude da alteração de preços no curto prazo. Por exemplo, uma empresa adquire títulos financeiros com o intuito de vender num curto espaço de tempo para lucrar nessa operação. Em geral, essas operações não fazem parte do objeto social da empresa. Ativos não circulantes mantido para venda: de acordo com o CPC 31 - Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada – a empresa 40 Didática no Ensino Contabilidade Geral 40 “deve classificar um ativo não circulante como mantido para venda se o seu valor contábil vai ser recuperado, principalmente, por meio de transação de venda em vez do uso contínuo”. Caso a empresa se comprometa e vender esses ativos ou distribuir aos sócios, ele deve ser classificado no ativo circulante. ATIVO NÃO-CIRCULANTE Conforme apresentado anteriormente, existem alguns critérios a serem satisfeitos para que um ativo seja enquadrado no Ativo Circulante. Uma vez que esse ativo não possa ser lá demonstrado, ele se torna um Ativo Não Circulante. Dentre esses ativos, tem-se os Investimentos (longo prazo), o Imobilizado, as Propriedades para Investimentos e o Intangível. Investimentos: são todas as aplicações de recursos que não têm por finalidade o objetivo principal da entidade. Ex: imóveis para aluguel, terrenos para expansão, ações em outras sociedades, participação em sociedades coligadas, participação em sociedades controladas e obras de arte. Os investimentos em coligadas ou controladas avaliados pelo método da equivalência patrimonial devem solicitar o balanço patrimonial às sociedades investidas para efetuar os lançamentos contábeis. Esse método deve ser aplicado sempre que a empresa possuir influência significativa
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