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ART RESSOCIALIZAÇÃO

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2
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DA AMAZÔNIA
Curso de Direito
RESSOCIALIZAÇÃO DE PRESOS NA SOCIEDADE: OBSTÁCULOS, DESCONFIANÇA E PRECONCEITO.
RAILONSO DE SOUZA ALMEIDA
Boa Vista/RR
2020.1
RAILONSO DE SOUZA ALMEIDA
 
 
 
RESSOCIALIZAÇÃO DE PRESOS NA SOCIEDADE: OBSTÁCULOS, DESCONFIANÇA E PRECONCEITO.
 
 
Artigo científico apresentado ao Centro Universitário Estácio da Amazônia, Curso de Direito, como requisito parcial para conclusão da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso. 
Professora orientadora: Me. Cristiane Dupret Filipe Pessoa.
 
Boa Vista/RR
2020.1
RESSOCIALIZAÇÃO DE PRESOS NA SOCIEDADE: OBSTÁCULOS, DESCONFIANÇA E PRECONCEITO.
RAILONSO DE SOUZA ALMEIDA
RESUMO
A pesquisa em tela tem o objetivo de abordar a discussão do procedimento de ressocialização de ex-condenados, levando em consideração a passagem do apenado com restrição de liberdade até a sua soltura, impondo assim o recomeço de uma vida comum novamente. Para melhor compreensão, foi necessário consultas em fontes já publicadas. O estudo buscou levantar o conceito sobre qual seria a opinião de cada indivíduo sobre o procedimento de uma reintegração social. O artigo trouxe como problema as questões que podem trazer desconforto ao apenado, dentro e fora do presídio. Além disso o preconceito (enraizado) vivenciado na sociedade, torna-se um efeito motivador para revoltas, medos e desconfianças na aceitação do recluso de volta ao convívio coletivo, principalmente, na aceitação no mercado de trabalho. Em suma, a ressocialização, é o procedimento mais viável para que se tenha harmonia em conquistar uma vida digna.
Palavras-chave: Ressocialização; Reintegração; Sociedade; Presidiário.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................05
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................06
2.1 RESSOCIALIZAÇÃO DOS PRESOS...................................................................06
2.2 RESSOCIALIZAÇÃO............................................................................................07
2.3 OBSTÁCULOS..................................................................................................... .08
2.4 PRECONCEITO.....................................................................................................10
2.5 DESCONFIANÇA..................................................................................................12
3 CONCLUSÃO..........................................................................................................14
4 REFERÊNCIAS.......................................................................................................16
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo procura analisar o trabalho de ressocialização realizado nos estabelecimentos prisionais, o que se tem como proposta dentro de um presídio para reintegrar um apenado novamente em sociedade, através de trabalhos integrados, boa conduta e comportamento.
O retorno à sociedade, após o cometimento de um crime, inicia-se com o processo e conclui-se a condenação, dito isso, o sistema prisional tem o dever de puni-lo e reeducá-lo, com a ressocialização o ex-presidiário passará a conviver normalmente em sociedade, retornando ao seu seio familiar e reintroduzido no mercado de trabalho.
No decorrer do artigo, tratou-se das privações que ocorrem ao preso, como ausência de compromisso do Estado, a falha financeira que impede os recursos adentrarem no sistema prisional, como também a resistência que há dentro de um presídio que complicam o serviço prisional e retorno do apenado à sociedade.
Como a sociedade absorve a ideia da ressocialização, porque a sociedade hesita em confiar naquele que pagou sua pena, visto que o mercado de trabalho se torna cada vez mais severo em casos com passagem em cadeia, mesmo que o reeducando mostre capacidade e condições, a sociedade ainda é cautelosa.
 O artigo buscou-se de fontes digitais dentre elas artigos que atuaram na mesma perspectiva de resolução e aplicação da ressocialização, analisando opiniões e resultados gerados quanto a reinserção do indivíduo na sociedade. Em vista disso, almejar a contribuição na orientação da população sobre o sentido de ressocializar, bem como tornar mais evidente a busca por melhorias nesse processo.
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
2.1 RESSOCIALIZAÇÃO DOS PRESOS
Ao cometer uma ação ou uma omissão que seja capitulada como um crime, há como base inúmeras correntes de pensamento e princípios à legislação penal vigente, como forma de punir e reeducar o indivíduo agora classificado como presidiário. Desta forma, no Brasil, é pautada a escola clássica, que impõe ao Estado o compromisso de dirimir toda e qualquer diferença, de forma indisponível. Para Aragão (1977, p. 263) a pena na Escola Clássica descrita como “[...] um mal imposto ao indivíduo que merece um castigo em vista de uma falta considerada crime, que voluntária e conscientemente cometeu, tendo como objetivo o restabelecimento da ordem externa na sociedade”. 
Deste modo, a pena, que é uma ação de punição estatal de um delito, teria de ser sobreposta em um grau mínimo, no resultado de qual foi a intensidade do dano, assim como versa o art. 5º, inciso XLVI da Constituição Federal de 1988. A lei que regulamenta a individualização da pena visa compensar a sociedade sobre algo que o indivíduo cometeu. Assim, se inicia o processo de ressocialização, com a perda da liberdade imposta pelo órgão da justiça àqueles que cometeram crimes.
Toda pena se torna necessária, com o propósito de exemplificar à outras pessoas para que as mesmas não pratiquem crimes, na medida que melhorar uma pessoa, haverá de ter tratamento com boas condutas, com seus direitos respeitados a chance dela se ressocializar e não regredir se torna maior.
Além do mais, no decorrer do processo de perda de liberdade, os apenados sofrem com várias situações, como agressões físicas e psicológicas, celas com proporção inadequada ao número de presos presentes, além de úmidas, escuras e com mal cheiro. Como não se bastasse, alguns com processos parados, podendo ter havido a chance de regressão de pena no regime prisional, toda essa preocupação implica na ressocialização.
Por conta disso, foi criada a Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210 de 11 de julho de 1984 – LEP), no intuito de manter direitos aos presos e garantir que recebam sua sentença, não somente punir, mas também uma forma de orientá-los individualmente, sendo uma maneira de reabilitá-los através de trabalho, estudo e das normas fundamentais que o reintegre.
A LEP, em seu artigo 1º, disponibiliza dois propósitos: o primeiro é a efetivação válida do que dispõe a sentença ou a decisão criminal, quando dispõe que “a execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal [...]” e o segundo objetivo é instrumentalizar os elementos que possam ser empregados para que os apenados venham fazer parte da integração social versando pelos termos de “[...] proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”. No entendimento de Mirabete (2006), o LEP demonstra duas finalidades:
A primeira é a correta efetivação dos mandamentos existentes na sentença ou outra decisão criminal, destinados a reprimir e prevenir os delitos. O dispositivo registra formalmente o objetivo de realização penal concreta do título executivo constituídos por tais decisões. A segunda é a de proporcionar condições para harmônica integração social do condenado e do internado, baseando-se por meio da oferta de meios pelos quais os apenados e os submetidos às medidas de segurança possa participar construtivamente da comunhão social. Assim também é o entendimento expresso no julgamento do Supremo Tribunal Federal. 
A Lei de Execução Penal – LEP é de ser interpretada com os olhos postos em seu art. 1º. Artigo que institui a lógica da prevalência de mecanismos de reinclusão social (e não de exclusão do sujeito apenado)no exame dos direitos e deveres dos sentenciados. Isso para favorecer, sempre que possível, a redução de distância entre a população intramuros penitenciários e a comunidade extramuros. Essa particular forma de parametrar a interpretação da lei (no caso, a LEP) é a que mais se aproxima da CF, que faz da cidadania e da dignidade da pessoa humana dois de seus fundamentos nos incisos II e III do art. 1º. (MIRABETE, 2006, p. 28),
A execução penal é aplicada como forma de punir o preso, mas também a condição de suavizar, fazer com que a condição de “criminoso”, pelo qual é má visto pela sociedade que pretende retornar, pelo meio de um “recurso prisional” ele tornar-se-á restaurado e converter-se-á em um novo “não criminoso”, agora um cidadão em busca de sua normalidade. 
Ademais, cabe informar que há demais direitos presentes no artigo 41, da LEP, como forma de prerrogativa que serão impostos, que estão ligados com o serviço social, dentre eles auxílio à saúde, jurídica, material, educacional, social e religiosa, conta-se como início a desenvolver a ressocialização, não excluindo nenhum apenado.
 
2.2 RESSOCIALIZAÇÃO
Há também uma divergência quanto aos termos reintegrar e ressocializar, mas para muitas pessoas que não atuam no âmbito jurídico, o entendimento é que estas palavras possuem o mesmo significado. Segundo Oliveira (1972) há uma distinção entre as nomenclaturas. “[...] o termo reintegrar pode ser definido como o ato de restabelecer a posse, investir de novo ou estabelecer-se novamente, [...] fazer uma nova integração da pessoa para que ela volte a assumir os valores sociais do grupo, o qual ele pertencia”. (OLIVEIRA, 1972, p. 962)
Para Oliveira (1972), o método da reintegração é um trabalho prolongado que é desenvolvido em várias etapas, um momento de trabalhar as dificuldades do preso e as motivações e circunstâncias que o levaram a praticar o crime. 
Nesta relação, o termo ressocialização tem o modo de reformar, reeducar e reintegrar alguém que convivia em liberdade normalmente em sociedade, porém deslocou-se a realizar atos ilícitos e reprováveis pela mesma sociedade.
Nestes termos, nota-se que o vocábulo - ressocializar - significa reformar, reeducar, reintegrar, tornar a socializar uma pessoa, colocá-la novamente ao convívio social por meio de políticas humanísticas, ou seja, tornar sociável, fazer com que o apenado aceite e se adapte aos moldes da sociedade, já que ele se desviou por meio de condutas que são reprováveis por ela (OLIVEIRA, 1972, p. 964).
Nesta compilação, está associado os direitos fundamentais do condenado e o estado social de direito, que se dispõe a proteger o bem-estar material do mesmo, assim ajudando-o fisicamente, economicamente e socialmente. O termo apropriado seria utilizar “reintegração social”, onde se pode ter a concepção que haverá a criação de uma nova socialização, por meio da repetição e da preparação, para que o apenado receba a liberdade que lhe foi retirada.
Portanto, o que se denomina ressocialização é construir algo mais generoso ao recém-chegado no sistema prisional, tendo em vista que o ambiente é uma realidade nada natural a convivência comum em sociedade, ou seja, uma cela acima da capacidade de ocupação, úmida, escura, suja e com pessoas desconhecidas.
Imagine não ter, dia após dia, ano após ano, um espaço próprio e não poder escolher com quem estar, o que comer e aonde ir. Além disso, que ameaças e suspeitas estejam por toda parte, e que amor ou mesmo um toque humano gentil sejam difíceis de encontrar. Imagine ainda estar separado da família e dos amigos. (JARRETT, 2018, p.s/n)
Fora das formalidades administrativas, a realidade é bem diferente das normas estabelecidas nos âmbitos dos sistemas prisionais. Os direitos humanos e a Lei de Execução Penal passam bem longe no sentido prático, pois, apesar das recomendações jurídicas, os presos continuam em celas superlotadas, sem condições de higiene, sujeitos a torturas e outros tipos de violência, tornando o ambiente propício para uma série de ocorrências, como por exemplo, as rebeliões.
2.3 OBSTÁCULOS
Um dos fatores que têm grande peso nesse impasse para a ressocialização é a falta de recursos financeiros, a fim de explorar com veemência o sistema prisional, encontramos desde já um obstáculo para o regresso. Outrossim, qualquer plano com menções de melhoria não é bem visto por muitos, pelo fato de o criminoso ter criado revoltas e perdas ao ter praticado o delito. Estes julgamentos são reflexos não apenas da má gestão política, mas também da força de influência das redes sociais que acabaram contribuindo com a popularização da expressão “bandido bom é bandido morto”.
Outro fator que sempre veio acompanhado como resistência a ressocialização, é a falta de condições melhores de saúde, que provavelmente qualquer detento tenha alguma queixa. Afinal, são várias celas em condições insalubres com mofo, tendo presença de insetos e roedores, além de uma má alimentação servida em alguns presídios. A concentração destes problemas torna o ambiente favorável a proliferação de diversas doenças e em muitos casos, uma condição inabitável. 
As condições de uma prisão, tornam-se um berço para as bactérias, fungos e vírus, que é o caso da pandemia de COVID-19, causada pelo novo coronavírus, que está sendo vivenciada neste ano de 2020. De acordo com o Portal da Saúde do Governo Federal (2016), a probabilidade de um detento contrair uma tuberculose é 28 vezes maior em relação a população em liberdade. Os dados epidemiológicos apresentaram no ano de 2014, um total de 6 mil presos que tiveram tuberculose, mais de 7 mil com HIV, 3 mil com sífilis e 4 mil com hepatite, que do total de 1.517 mortes, revelaram que 56% foram causadas por doenças.
Vale ressaltar que, a população carcerária feminina ainda abrange mais dificuldades, por mais que passem pelas mesmas condições de uma prisão masculina, o corpo feminino exige mais higiene, visto que há a necessidade de absorventes e o fator da gravidez, que tem apoio da Lei nº 11.942, de 28 de maio de 2009 que assegura as condições mínimas de assistência.
Inquestionavelmente, um grande impedimento são as organizações criminosas, conhecidas como “facções” que conseguem comandar dentro do sistema prisional ações externas e internas, criando vínculos cada vez mais complicados de desfazer, gerando penalidades no conhecido “tribunal do crime”. Não que haja combate a este impedimento, mas há falta de preparo, até mesmo de agentes suficientes. De acordo com o sub-relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Carcerário, deputado Major Olímpio (SD-SP), nos últimos 12 anos, as facções movimentaram mais de R$ 16 milhões de reais por mês. São especialistas em tráfico de drogas, sequestros, lavagem de dinheiro, assaltos a bancos, roubos de veículos, cargas e transporte de valores. (REVISTA EM DISCUSSÃO, 2016, p.s/n). 
Dando uma ressalva novamente na área de saúde, é importante destacar como é comum ex-condenados adquirirem problemas psicológicos com essa experiência prisional, de certa forma porque foram muito das vezes subordinados por detentos mais antigos, ao conquistarem a sua liberdade, não conseguem perder o medo, a sensação de estar sendo perseguido e gerando consequentemente desconfianças de outras pessoas. Há uma mudança de personalidade. 
Com todo este cenário, a ressocialização não passa a ser a prioridade, tendo em vista que a sobrevivência se torna mais importante. Então, o presidiário fica sujeito a práticas ilícitas até mesmo dentro do sistema prisional, pois quando ingressam na maioria das vezes são obrigados por facções a seguirem regras próprias dos detentos como forma de se manterem seguros e até mesmo vivos.
2.4 PRECONCEITO
Ao ter sua saída decretada do sistema prisional em definitivo, mesmo tendo concluído a sentença que lhe foi concedida, o egresso carrega uma cicatriz em seu corpo, que jamais será retirada o conceito de que ele se tornou um ex-presidiário. Com isso, a tarefa de conseguir uma reintegração se torna cada vez mais difícil, poisem diante muitos não saem preparados a encarar essa nova etapa, o preconceito e a dificuldade de se conquistar um trabalho, sem contar com o medo de recair sobre erro.
Ao sair da prisão cria-se uma barreira entre a sociedade e o recluso, em particular porque quem sofreu com perdas de objetos, danos e até mesmo perda entes queridos seja para o crime ou para a morte, gerou-se o trauma da violência. Quando o sujeito sai sob um regime ou em definitivo, muita das vezes não é bem aceito pela família, nem pela comunidade que vivia e muito menos pelo mercado de trabalho. As pessoas acham que porque ter cometido uma vez, será um eterno criminoso.
Por um lado, deve ser trabalhado o perdão da sociedade, tendo que considerar o efeito causado de imaginar que irá conviver com um autor de crime, não é bem simples de absorver. A ressocialização há um paramento com um senso comum, acredita-se que é mais viável aceitar quem praticou um delito menos ofensivo do que quem praticou um homicídio, latrocínio ou estupro. Para Bitencourt (2001, p.1) a maior das dificuldades era imaginar que a prisão poderia ser “[...] o melhor local ou modo de se ressocializar o apenado (uma vez que o apenado nos dias atuais é considerado como aquela pessoa que não obteve uma educação e que se deixou levar pelos instintos de sobrevivência”. 
Por mesmo que o trabalho de ressocialização ocorra com os detentos, a sociedade ainda assim resiste em aceitar e acaba realizando julgamentos antecipados, mantendo esse preconceito. No que tange ao exposto, alusivo à ressocialização, Greco (2011) explica que:
[...] devemos entender que, mais que um simples problema de Direito Penal, a ressocialização, antes de tudo, é um problema político-social do Estado. Enquanto não houver vontade política, o problema da ressocialização será insolúvel. De que adianta, por exemplo, fazer com que o detento aprenda uma profissão ou um ofício dentro da penitenciária se, ao sair, ao tentar se reintegrar na sociedade, não conseguirá trabalhar? E se tiver de voltar ao mesmo ambiente promíscuo do qual fora retirado para fazer com que cumprisse sua pena? Enfim, são problemas sociais que devem ser enfrentados paralelamente, ou mesmo antecipadamente [...]. (GRECO, 2011, p. 477)
 	Acresce que, com uma baixa estrutura, há mais dificuldades de ser granjear resultados positivos com a ressocialização, tendo em vista que, todo o ambiente influencia, basicamente, porque os preconceitos com o detento são presentes e cria interferência quanto a sua reabilitação à sociedade.
Outro coeficiente que promove essa interferência da reabilitação é a ausência de profissionais dispostos e preparados a enfrentar essa jornada dentro de um presídio, em razão da apreensão do que se pode ocorrer com eles dentro deste ambiente, seja um agressão, uma rebelião e tornar-se por exemplo ou pelo fato de não saber lidar com o temperamento do recluso para iniciar um processo social. Conforme Baierl (2004) essa situação tem feito a população desenvolver a cultura do medo:
[...] que a cultura do medo tem levado as pessoas a intensificarem suas próprias medidas visando uma suposta diminuição de vulnerabilidade, como a construção de muros e barreiras, assim como a se isolarem dentro de suas próprias casas, proporcionando uma mudança radical de comportamento, levando as pessoas a buscarem a viver em condomínios fechados, o que demonstra que a segurança atualmente é uma mercadoria vendida no mercado sob formas cada vez mais sofisticadas e variadas. (BAIERL, 2004, p. 70-71) 
A princípio sair da prisão é uma ação de grande valor, deixar para trás o ambiente e as dificuldades que ocorreram tem uma importância, porém recomeçar a vida se torna o fator de ressocializar, ao modo que o preconceito é constante com quem adquiriu uma ficha criminal, lidar com esse processo ainda sim complica muito quem quer se dedicar a viver normalmente. O mercado de trabalho é temeroso quando o assunto é aceitar ou disponibilizar vagas de emprego a ex-detentos.
Desde já, a persistência em melhorias precisa ser mantida fora da prisão. Sendo significativo aperfeiçoar cada vez mais a conscientização da população. Outrossim, caso isso não ocorra de maneira limpa e adequada, os reclusos passam a ser céticos aos olhos de quem os acolhe, desta forma, continuarão a serem punidos.
2.5 DESCONFIANÇA
A reabilitação não é um preso que aprendeu a sobreviver numa cadeia, mas sim um que logrou êxito na sociedade em sobreviver fora dela. Cada homem que chega à penitenciária trouxe consigo experiências de vida anteriores, e, consequentemente, se espera que um dia serão soltos novamente. Para que não seja tão prejudicial esse tempo isolado, essas experiências externas outrora em liberdade, podem ser associadas a um plano de como trabalhar o preso em atividades disponíveis no sistema prisional.
 	Outrossim, as pessoas necessitam receber encargos que lhes garantam que não fiquem desocupados e permaneçam ali confinados sem nenhuma destinação. Assim, estarão mais resguardados no mercado de trabalho, tendo desde já uma primeira etapa a ser conquistada, toda e qualquer atividade que seja de tal forma assalariada, estimula o reincidente a buscar estrutura e a não reincidir. 
Por mais que seja trabalhado nessa proposta, não contamos com total desfecho dessa situação, o que encontramos é um ex-presidiário sem apoio, que por muitas das vezes não está curado de um vício em drogas e a falta de oportunidade o influencia a regredir por conta de fome, falta de mantimentos no seio familiar. E o recurso que é buscado é furtar ou roubar, possivelmente crimes até mais graves, para alimentar algo que não foi trabalhado como uma reabilitação, somente punição.
 	
No que tange aos detentos, é notório que estes costumam ser os excluídos socialmente, pois trazem consigo os estigmas da segregação e miséria. Por isso, portam marcas do cárcere, uma vez que são justamente o que a sociedade não credita aos seus membros, ou seja, são as pessoas que a sociedade não deseja ter. (FRIEDE; ASSIS, 2017, p.s/n)
A penitenciária e todas as instâncias de controle individual trabalham em um sentido de mão dupla. Conforme Foucault (1999), o sistema disciplinar busca trabalhar métodos de repartição analítica do poder, ou seja, utiliza-se de processos de individualização para marcar exclusões. 
[...] o da divisão binária e da marcação (louco - não louco; perigoso-inofensivo; normal-anormal); e o da determinação coercitiva, da repartição diferencial (quem é ele; onde deve estar; como caracterizá-lo, como reconhecê-lo; como exercer sobre ele, de maneira individual, uma vigilância constante, etc). (FOUCAULT, 1999, p. 223)
Na maioria das vezes, o encarcerado carrega o estereótipo de negro, favelado, pobre e analfabeto. É comum acompanharmos pela imprensa, a realização de abusos e abordagens pelos seguranças de lojas, restaurantes e supermercados, devido ao estigma que pessoas com vestimentas simples e de cor negra pertencem ao mundo do crime. “É inegável que, atualmente, o sistema penal alcança mais depressa os negros e pobres.” (KOSMINSKY; PINTO, 2005, p. 56). 
Também criou-se o consenso que uma sociedade mais segura é aquela em que o delinquente se encontra preso, com efeito que essa seja a forma de neutralizar a criminalidade. Todavia, os apenados estão lotados em celas que impactam nas suas vidas, sejam elas escuras, úmidas, anti-higiênicas e pequenas, o que torna isso um tormento, um motivo de grande relevância para aquele que deseja deixar essa condição.
Após a sua prisão, o sistema penitenciário tem o dever punir, inibir o sujeito para que ele não volte a executar novos crimes, tem como objetivo vedar ou conter atos, ações ou omissões, elencadas como incorretas diante da justiça, em consonância ser reformado. Contudo, nota-se que para atingir esse reparo, é necessário lapidar com boas atuações e não através de agressões ou constrangimentos. Já não bastasse perder a liberdade, como também a sua dignidade. Consequentemente então, teria que oportunizar condições dignas para se pagaruma pena com dignidade, com o propósito de retornar à sociedade ressocializado.
 	Ainda que, se obtenha êxito na aplicação da lei, é importante que se tenha investimentos em setores carentes em educação e em estruturas que restitua vidas dignas. Se há falha neste quesito, não poderá haver no momento que o homem perde sua liberdade. É crucial buscar alternativas concretas para aqueles que estão cumprindo suas penas, retornem a gozar de uma vida em paz. Pelo contrário, entraremos em um círculo vicioso.
Tanto que, os projetos de proporcionar chances sólidas para ex-presidiários são poucos e de pequeno alcance social no Brasil. Até mesmo, pelo Estado que deixa de acompanhar o progresso após a sua soltura. 
A sociedade, com o apoio do Estado, precisa fazer um grande esforço para romper essas barreiras, que mais atrasam do que defendem os cidadãos. As iniciativas de mutirões para liberar presos que já cumpriram suas penas, mas permanecem encarcerados, como as que estão sendo feitas em todo o país, e as políticas de ressocialização, a exemplo da Penitenciária Industrial de Cascavel, mostram que é possível avançar. Só com esses horizontes ampliados os cidadãos terão mais paz e segurança. (GAZETA DO POVO, 2020, p.s/n)
Nessa transição de crime, pena e prisão, nos deparamos após com sua soltura. Desde já, encontramos agora os obstáculos externos, sejam eles mercado de trabalho, a reprovação social que se encaixam a desconfiança de ceder uma segunda chance e o preconceito de conviver sabendo que uma pessoa já teve seu nome como réu penal, além do mais, abandono familiar.
Salienta-se que, como é primordial ser dado oportunidades aos egressos do sistema prisional, onde acaba se tornando um meio de redução da marginalidade. A inserção no mercado de trabalho é uma forma de combater os obstáculos encontrados no decorrer de sua jornada após prisão. Além de aumentar sua autoconfiança, também haverá geração de renda e de certo modo caminhará para sua independência. 
Se a confiança de ambos os lados, seja quais eles o ex-presidiário e a sociedade que irá recebê-lo, estiveram de maneira sólida, a qualidade de reintegração desse processo será evidente, visto que, haverá a colaboração em mercado de trabalho, em força de vontade do regresso ter uma vida normal, uma rotina honesta e a sociedade passará a moderar mais a convivência coletiva.
 
3 CONCLUSÃO 
Neste artigo acadêmico pode-se concluir que o processo de ressocialização, embora seja um trabalho prolongado e de difícil realização em alguns estabelecimentos prisionais, há continuidade, pois somente por meio da reintegração que o apenado retornará à sociedade de uma forma digna e recomeçará sua vida, ao ponto de evitar a reincidência.
Por conseguinte, a oportunidade do trabalho torna-se um fator dominante para assegurar a conclusão do tratamento social, combatendo o preconceito e as desconfianças encontradas no decorrer do recomeço social. Como se não bastante é fundamental a força de vontade de se tornar um cidadão digno novamente, pois a sociedade não acolherá um criminoso.
A força da lei deve ser atingida, ao modo que se obtenha desfecho na aplicabilidade e o resultado seja conquistado. A ressocialização torna-se efetiva através da educação, da capacitação, do trabalho, do ambiente familiar e das regras. Desse modo que, todos também tenham a iniciativa de cobrar o poder público por melhorias tanto internas ao sistema prisional como externas a sociedade.
Em resumo, a efetividade de todos os fatores abordados, sejam eles na legislação ou na execução, busca-se gerar um novo processo com ações contundentes e baixar as estatísticas geradas por aqueles que regridem e traça-se um novo ordenamento institucional.
 
4 REFERÊNCIAS
ARAGÃO, Antonio Moniz Sodré. As três escolas penais. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1977. Disponível em https://www. lexml. gov.br /urn/ urn: lex: br: rede. virtual. bibliotecas: livro: 1963; 000037390 >. Acesso em: 10 abr 2020.
BAIERL, Luzia Fátima. Medo social: Da violência visível ao invisível da violência. São Paulo: Editora Cortez, 2004.
BITENCOURT, Cesar Roberto. Falência da Pena de Prisão: causas e alternativas. 2.Ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
BLOG IPOG. Desenvolvimento do Potencial Humano. Ressocialização: O papel da sociedade no auxílio ao tratamento penitenciário. [online]. 29 de julho de 2019. Disponível em < https://blog.ipog.edu.br/desenvolvimento-do-potencial-humano/ressocializacao/> Acesso em: 25 mar 2020.
BOHM, Thais. Desconfiança e preconceito da sociedade dificultam a ressocialização de presos. Brasília: Senado Federal, 2017. Disponível em: < https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especial-cidadania/ desconfianca - e -preconceito - da - sociedade-dificultam-ressocializacao-de-presos > Acesso em: 13 abr 2020.
BRASIL. Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. institui a Lei de Execução Penal.Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 13 de julho de 1984.
_______.Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
_______. Lei nº 11.942, de 28 de maio de 2009. Dá nova redação aos arts. 14, 83 e 89 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 – Lei de Execução Penal, para assegurar às mães presas e aos recém-nascidos condições mínimas de assistência. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 28 de maio de 2009. 
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FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. A história da violência nas prisões. 21. Ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
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