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PSICOLOGIA JURÍDICA Prof. Dr. Marcus Vinicius marvin.psc@gmail.com A Perícia Psicológica Judicial ▪ Perícia é o exame de situações ou fatos, realizado por um especialista ou uma pessoa entendida da matéria que lhe é submetida, denominada perito, com o objetivo de determinar aspectos técnicos ou científicos. ▪ Perito, é uma pessoa que, pelos conhecimentos (científico, técnico ou artístico) especiais que possui colhe percepções ou emite informações ao juiz, colaborando na formação do material probatório à convicção decisória. ▪ A finalidade da perícia, portanto, assenta-se na necessidade de se fornecer ao juiz informações que escapam ao conhecimento jurídico ou ao senso comum. A Perícia Psicológica Judicial ▪ O Código de Processo Civil brasileiro (CPC) estabelece dispositivos referentes à perícia em dois capítulos do Livro I: Dos auxiliares da Justiça (arts. 139 e 145 a 147) e Das Provas (arts. 420 a 439). “Art. 139 – CPC. São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete” “Art. 420 – CPC. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação” A Perícia Psicológica Judicial ▪ Objetivamente, prova é todo meio lícito (admissível em lei) usado pela parte ou interessado na demonstração daquilo que se alega. ▪ Subjetivamente, é qualquer meio lícito capaz de levar o juiz a convencer-se de um alegação da parte. ▪ No Direito Processual, a perícia, e particularmente a perícia psicológica, é considerada um meio de prova, podendo o perito utilizar-se de diversas fontes de provas, tais como documentos, depoimentos, etc. A Perícia Psicológica Judicial ▪ A perícia psicológica judicial consiste em um exame que se caracteriza pela investigação e análise dos aspectos emocionais e subjetivos das relações entre as pessoas, buscando-se a motivação consciente (ou inconsciente) para a dinâmica familiar do casal e dos filhos. ▪ O perito psicólogo poderá apurar a responsabilidade de cada familiar pelo estado das relações e sugerir ao juiz a melhor solução p/ garantir o equilíbrio emocional de todos, sobretudo das crianças e adolescentes. ▪ Essas conclusões são, então, consubstanciadas em um laudo que será juntado aos autos, e/ou mediante depoimento pessoal em juízo. A Perícia Psicológica Judicial ▪ O sistema pericial atual, regulamentado pelo CPC, estabelece resumidamente as seguintes características: I. A perícia é realizada por um perito nomeado pelo juiz e de exclusiva confiança deste. [A confiança deste é decorrente não apenas do compromisso, mas da capacidade técnica, idoneidade, etc.). II. Cada parte pode indicar seu assistente técnico*, profissional igualmente habilitado, de sua confiança, para exercer funções idênticas à do perito ou para atuar como consultor da parte. * Uma vez que o assistente técnico é consultor e conselheiro da parte, sua atuação pode estar comprometida com os interesses da parte, tornando o seu lugar no processo ambíguo e, eventualmente, parcial. A Perícia Psicológica Judicial PERITO ASSISTENTE TÉCNICO 1. A função do perito existe sem o assistente técnico, porém o inverso não é verdadeiro. 1. É contratado pela parte, para auxiliá-la e ao seu advogado naquilo que ela acredita estar certa 2. O perito tem a função de auxiliar o juiz em suas decisões. 2. A defesa do advogado está pautada no parecer que o assistente técnico poderá fazer do laudo do perito. 3. Não cabe ao perito fazer interpretações ou aconselhamentos às partes. Poderá fazer interpretações e sugestões ao seu cliente [...] 4. O assistente técnico é contratado pelas partes, o perito é da confiança do juiz. 4. É importante que o assistente técnico conheça bem a função do perito, para saber o que deve esperar do trabalho deste e como seu trabalho deverá encaminhar-se 5. O perito não tem nenhuma ligação com as partes e seus advogados. A Perícia Psicológica Judicial ▪ A perícia psicológica possui três momentos básicos: 1. Estudo – consiste na fase de coleta dos dados, testes, visitas domiciliares, exames e outros procedimentos; 2. Diagnóstico – momento de análise dos dados obtidos e reflexão diagnóstica; 3. Laudo – é a exposição final do estudo diagnóstico da situação e do parecer técnico do perito. A Perícia Psicológica Judicial ▪ Resolução CFP nº 008/2010: Art. 2º - O psicólogo assistente técnico não deve estar presente durante a realização dos procedimentos metodológicos que norteiam o atendimento do psicólogo perito e vice-versa, para que não haja interferência na dinâmica e qualidade do serviço realizado. Art. 3º - Conforme a especificidade de cada situação, o trabalho pericial poderá contemplar observações, entrevistas, visitas domiciliares e institucionais, aplicação de testes psicológicos, utilização de recursos lúdicos e outros instrumentos, métodos e técnicas reconhecidas pelo CFP. Art. 6º - Os documentos produzidos por psicólogos que atuam na Justiça devem manter o rigor técnico e ético exigido na Resolução CFP nº 07/2003, que institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes da avaliação psicológica. A Perícia Psicológica Judicial Art. 7º - Em seu relatório, o psicólogo perito apresentará indicativos pertinentes à sua investigação que possam diretamente subsidiar o Juiz na solicitação realizada, reconhecendo os limites legais de sua atuação profissional, sem adentrar nas decisões, que são exclusivas às atribuições dos magistrados. Art. 8º - O assistente técnico, profissional capacitado para questionar tecnicamente a análise e as conclusões realizadas pelo psicólogo perito, restringirá sua análise ao estudo psicológico resultante da perícia, elaborando quesitos que venham a esclarecer pontos não contemplados ou contraditórios, identificados a partir de criteriosa análise. A Perícia Psicológica Judicial Art. 10 - Com intuito de preservar o direito à intimidade e equidade de condições, é vedado ao psicólogo que esteja atuando como psicoterapeuta das partes envolvidas em um litígio: I - Atuar como perito ou assistente técnico de pessoas atendidas por ele e/ou de terceiros envolvidos na mesma situação litigiosa; II – Produzir documentos advindos do processo psicoterápico com a finalidade de fornecer informações à instância judicial acerca das pessoas atendidas, sem o consentimento formal destas últimas, à exceção de Declarações, conforme a Resolução CFP nº 07/2003. Parágrafo único – Quando a pessoa atendida for criança, adolescente ou interdito, o consentimento formal referido no caput deve ser dado por pelo menos um dos responsáveis legais. A Perícia Psicológica Judicial ▪ Os casos de suspeição ou impedimento de perito psicólogo são de vital importância para o andamento do processo judicial, porque esses aspectos interferem negativamente na avaliação que este profissional irá realizar. • Além de ser da confiança do juiz e habilitado tecnicamente, o psicólogo não pode ser impedido ou suspeito (art. 138 – CPC). • Nesses casos, o perito tem o dever de escusar-se do encargo, alegando motivo legítimo (art. 146 – CPC). ▪ O impedimento consiste na arguição de causas definitivas que proíbem o juiz ou o perito de exercer suas funções no processo; ▪ A suspeição é a arguição de causas temporárias ou dilatórias que tornam o juiz suspeito de conhecer a causa ou nela atuar. A Perícia Psicológica Judicial ▪ O perito pode escusar-se do encargo principalmente pelos seguintes motivos, dentre outros: a) força maior que o impossibilite de realizar a perícia ou concluí-la no prazi determinado (ex.: sobrecarga de trabalho, doença, viagem, etc.); b) Quando a matéria não for de sua especialidade (agir com humildade e ética, respeitando seus limites de atuação e não avançando em áreas que não são do seu domínio); ▪ Sob os critérios elencados no CPC (arts. 134 e 135), o perito psicólogo pode tornar-se suspeito ou impedido, se tiver comprovadamente envolvimento de parentescoou amizade com qualquer das partes e/ou com o juiz. A Perícia Psicológica Judicial ▪ Cumpre destacar que os resultados e as sugestões dos psicólogos nas Varas de Família e nas Varas de Infância não podem ser conclusivos, i.e., não podem ser consideradas como uma observação estática do caso em tela, por duas razões: 1. O caráter dinâmico das relações familiares, as mudanças nas fases de vida da criança em função de seu crescimento, as novas relações familiares, as condições materiais da família, etc. 2. As avaliações psicológicas, por mais completas que sejam, não conseguem abarcar a totalidade de aspectos do indivíduo, podendo existir elementos alheios às conclusões do trabalho do psicólogo. Referências Bibliográficas CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP nº008/2010. Brasília: CFP, 2010. SILVA, D. M. PERISSINI. Psicologia Jurídica no Processo Civil Brasileiro: A interface da psicologia com o direito nas questões de família e infância. Rio de Janeiro: Forense, 2009.