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Psicologia Jurídica 
Profª Ms. Cecilia Santos Apostila 03 
1 
 
DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE 
O PODER DO INCONSCIENTE 
As primeiras grandes linhas de pensamento teórico da psicologia chamam a atenção para os mecanismos 
intrapsíquicos, a relação entre o consciente e o inconsciente, impulsionando o comportamento humano. 
A estrutura do psiquismo 
Sigmund Freud (Áustria, 1856 - Inglaterra, 1939), médico, criador da psicanálise, conceituou a existência do 
inconsciente, cujas manifestações estudou extensamente. Freud concluiu que os processos mentais não acontecem ao 
acaso, mesmo o comportamento mais surpreendente tem suas razões para acontecer. Ele percebeu conexões entre 
todos os eventos mentais e, segundo ele, a maior parte dos processos mentais é absolutamente inconsciente. O 
indivíduo pode agir sem perceber o que faz, como exemplifica o caso seguinte. No inconsciente não existe o conceito 
de tempo, de certo e errado e não há contradição isso se evidencia na ausência de lógica do sonho. 
 
 
 
 
Ao "escorregão" da fala Freud denominou ato falho ou lapso de linguagem. Acontece a qualquer momento, em 
depoimentos, relatos, queixas, justificativas etc., favorecido pelo estado emocional. O consciente funciona como urna 
blindagem que a emoção rompe e permite vir à luz o conteúdo oculto no inconsciente. Freud desenvolveu um modelo 
de estrutura do aparelho psíquico, composto por três elementos: 
Id: a parte mais primitiva e menos acessível da personalidade, constituída de conteúdos inconscientes, inatos ou 
adquiridos, que buscam a contínua gratificação. O id não tolera acúmulos de energia psíquica. Quando acontecem, o 
id procura voltar ao estado de normalidade - é o princípio do prazer. 
Ego: responsável pelo contato do psiquismo com a realidade externa, contém elementos conscientes e inconscientes 
Ele atua, pois, sob o princípio da realidade, por meio do pensamento realista. O ego não existe sem o id e o superego. 
Superego: atua como um censor do ego. Tem a função de formar os ideais, a auto-observação etc. Constitui "a forca 
moral da personalidade; representa o ideal, mais do que o real, busca a perfeição mais do que o prazer" e foi formado 
pela criança por meio das contribuições recebidas dos pais. Quando ocorrem falhas nesse mecanismo intrapsíquico de 
contenção e de convergência com os valores morais da sociedade, esta deve atuar, mostrando-se mais impiedosa ou 
complacente com a conduta apresentada. A justiça pode apresentar-se como um "superego externo", ao atuar 
expondo e exigindo o cumprimento de normas éticas e morais na sociedade. No caso seguinte, forcas do superego 
encontram-se nos comportamentos de Helena. 
 
 
 
 
 
 
O id não conhece juízo de valor (bem, moral); ele busca a satisfação imediata, como acontece com a protagonista do 
caso seguinte. 
 
 
 
 
Ao id não se aplicam as leis lógicas do pensamento. Nele podem habitar conteúdos contrários sem que um anule ou 
diminua o outro. O ego procura unir e conciliar as reivindicações do id e do superego com as do mundo externo, 
harmonizar seus reclamos e exigências, frequentemente incompatíveis. Ajusta-se as situações, com uma flexibilidade 
que o id e o superego não possuem. O indivíduo dominado pelo id ou superego tem o senso de realidade prejudicado. 
Estará mais propenso, por exemplo, a cometer crimes e delitos, para autogratificação, ou para autoculpabilidade, 
ainda que em prejuízo da sociedade. 
Carol, a bem amada A plácida reunião de família, com a tradicional troca de amenidades, foi interrompida quando Carol, bela nos 
seus 40 anos bem administrados anatomicamente, revira os olhos para o teto e comenta a respeito do delicioso encontro como 
gerente da padaria, casado e pai de três filhas. Os demais, entre invejosos e espantados, embora já acostumados comas notícias de 
suas aventuras amorosas, olham-na calados. De repente, sua irmã mais velha, Helena, visivelmente transtornada, atira-se sobre 
ela. O caso não chegou a originar Boletim de Ocorrência, embora a agressão tenha sido violenta e somente não ocasionou 
consequências maiores pela rápida ação de dois cunhados. Helena "não podia se conformar com o desrespeito a memória do pai, 
que, graças a Deus, não estava ali para presenciar aquela sem-vergonhice". O que sobrava a urna faltava à outra, e a rigidez do 
superego se incumbia de escancarar a realidade. 
 
 O ato falho A vítima compareceu ao plantão policial para reconhecimento do homem que a agrediu e roubou sua bolsa. Colocada 
frente a alguns suspeitos, de pronto identificou determinado sujeito. Este, entretanto, argumentou para o delegado: "Como ela pode 
ter me reconhecido se eu estava de capuz na hora do assalto?". Confissão de culpa! 
Guguinha e o id veloz - Desde cedo, Guguinha experimentou a velocidade. Seu primeiro brinquedo, uma miniatura de carro de 
corrida; ainda não escrevia e já experimentava as primeiras emoções de um kart. Forte, inteligente, sempre disposto a novas 
aventuras, colecionou experiências, mais e mais radicais. A adolescência preocupou a família. Mesmo os menos atentos percebiam 
as deficiências de aprendizagem e temiam pela futura participação do jovem nos negócios dos pais. Começaram as cobranças por 
resultados. Em uma deliciosa noite de verão, ele e um amigo destroem o Mercedes do pai, em uma conhecida avenida da cidade, 
participando de mais um “racha”, em busca de diversão fácil e estimulante 
Psicologia Jurídica 
Profª Ms. Cecilia Santos Apostila 03 
2 
 
Mecanismos de defesa do ego 
Deve-se a Freud o conceito de "mecanismos psicológicos de defesa", empregados pelo psiquismo, de maneira "mais 
ou menos consciente" para diminuir a angústia nascida dos conflitos interiores. O psiquismo os utiliza para enfrentar 
situações estressantes por meio da distorção da realidade Alguns deles: 
Compensaçãoi é encobrir uma fraqueza real ou percebida enfatizando-se uma característica que se considera mais 
desejável. (a) Um menino deficiente físico, incapaz de participar em atividades esportivas, compensa tornando-se 
muito estudioso. (b) Um rapaz que é o mais baixo de seu grupo considera isso como uma deficiência e compensa-a 
tornando-se excessivamente agressivo e audacioso. 
Recalque: o indivíduo mantém, fora do campo da consciência, "os sentimentos, as lembranças e as pulsões penosas, 
ou em desacordo com a pessoa social". Segundo Mira e Lópezii “consiste em expulsar da consciência desejos, 
sentimentos, ideias ou fantasias desprazerosas, que, em permanecendo fora dela, não causam ansiedade”. 
Deslocamento: a pessoa desvia "sentimentos emocionais de sua fonte original a um alvo substituto"; para lidar com 
uma paixão socialmente proibida, a pessoa embriaga-se; um menino que é ridicularizado e espancado pelo valentão 
de sua classe no recreio vem para casa depois da escola e dá um chute em seu cachorro. 
Distração: a atenção migra para outro objeto, o jurado perde a concentração e não ouve a descrição minuciosa de 
uma cena de sexo; 
Fantasia: "a troca do mundo que temos por aquele com o qual sonhamos", o traficante imagina "que poderá deixar o 
negócio assim que tiver ganho o suficiente"; 
Identificação: o indivíduo estabelece "uma aliança real ou imaginária com alguém ou algum grupo”; o jovem 
comporta-se da maneira que acredita que o líder (da gangue, por exemplo) o faria; Uma garota adolescente imita os 
maneirismos e o estilo de vestir-se de uma estrela do rock popular. 
Negação da realidade: é a recusa em reconhecer a existência de uma situação real ou sentimento a ela associado e os 
substitui por imaginários; possivelmente, os pais de Guguinha (caso) negaram-se a aceitar comentários a respeito da 
falta de limites do filho; Exemplo2 (a) Uma mulher foi informada por seu médico de família de que tem um caroço no 
seio. É marcada uma consulta para ela com um cirurgião; entretanto, ela falta à consultae ocupa-se de suas atividades 
da vida cotidiana sem nenhuma evidência de preocupação. (b) Os indivíduos continuam a fumar mesmo tendo sido 
informados do risco de saúde envolvido. 
Racionalização: trata-se de "criação de desculpas falsas, mas plausíveis, para poder justificar um comportamento 
inaceitável”; "sempre fizemos tudo por ele, mas é impossível controlar as más influencias dos colegas"; Uma mulher 
jovem não é aceita para um emprego de secretária após um mau desempenho num teste de datilografia. Ela a firma: 
“Tenho certeza de que teria me saído melhor num processador de palavras. Quase ninguém usa mais máquina de 
escrever elétrica hoje em dia!”. 
Regressão: "a adoção mais ou menos duradoura de atitudes e comportamentos característicos de uma idade 
anterior”; evidencia-se em comportamentos típicos de indivíduos que não querem assumir a responsabilidade por 
seus atos: a "culpada" é a sociedade que não lhes deu oportunidades de progredir na vida; provavelmente, Guguinha 
experimenta a regressão quando dirige em alta velocidade, urna vez que já deveria ter internalizadas as regras 
próprias do trânsito; 
Projeção: o indivíduo atribui à outra pessoa (ou grupo, ou mesmo ao mundo) algo dele mesmo; causa comum de 
certos erros de juízo. Muitas denúncias e agressões representam a face visível da vingança impossível. Queixa-se do 
barulho das crianças porque não teve filhos; denúncia a falta de pudor porque fracassou em obter relacionamento 
sexual satisfatório; 
Idealização: este mecanismo prejudica a compreensão real da situação e de pessoas, ao passo que busca, no objeto, o 
ideal; enxerga semente aquilo que gostaria que o outro fosse. Por exemplo, o homem apaixonado que vê em sua 
companheira a melhor mulher do mundo; 
Sublimação: o mecanismo de defesa mais evoluído, modifica o impulso original, carregado das influências do id que 
visam satisfazer o prazer, para ser expresso conforme as exigências sociais. Assim, muitos esportistas valem-se da 
sublimação ao descarregar seus impulsos agressivos em disputas esportivas. Um garoto adolescente com fortes 
impulsos agressivos e competitivos torna-se a estrela do time de futebol americano de sua escola. 
Advogados, juízes e promotores devem estar atentos às manifestações dos seus próprios mecanismos de defesa, 
principalmente quando réu ou testemunha desperta atração sexual, representa ou simboliza poder, credo, etnia, 
opção política, ou se trata de personalidade pública, constitui alvo preferencial da mídia ou, ainda, apresenta 
comportamentos nitidamente desagradáveis. 
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL 
Freud atribuiu à sexualidade e ao desenvolvimento desta a forma como os indivíduos lidam com os estímulos internos 
e externos; propõe que o desenvolvimento psicossocial compõe-se das seguintes fases: 
Psicologia Jurídica 
Profª Ms. Cecilia Santos Apostila 03 
3 
 
Oral, do nascimento até por volta do primeiro ano. O prazer centraliza-se em atividades orais; o bebê se conecta ao 
mundo através da boca. 
Anal, característica do primeiro ao terceiro ano de vida. A criança passa, aos poucos, de urna posição 
predominantemente passiva para ativa. O prazer se concentra na porção posterior do trato digestivo. O prazer evoca 
as funções de eliminação: se inexistente, leva a avareza; se extremo, a desordem. Por exemplo, o colecionador que 
compra quadros valiosos e não os exibe, o obsessivo que insiste longo tempo em tarefas não completadas; 
Fálica, do terceiro ao sexto anos aproximadamente. O prazer concentra-se nos órgãos genitais; a criança descobre as 
diferenças sexuais. E o momento em que ocorre o "Complexo de Édipo”, o qual indica que, inconscientemente, a 
criança sente atração pelo progenitor do sexo aposto, sentindo o do mesmo sexo como rival. Ao superar esta fase, a 
criança é capaz de se identificar com a figura do mesmo sexo, a qual passa a ser um referencial, para ela, na 
construção de sua identidade sexual. Também é o momento em que o ego (adaptação à realidade) e o superego 
(julgador moral interno) ganham contornos mais definidos. Falhas no desenvolvimento resultarão em dificuldade de 
identificação sexual e de relacionamento como sexo aposto. A fixação nesta fase manifesta-se, por exemplo, pelo 
comportamento de sedução; 
Latência, estende-se dos 6 aos 12 anos aproximadamente. Ocorre aparente diminuição do interesse sexual, com a 
tendência a juntar-se em grupos do mesmo sexo e demonstração de maior interesse por questões sociais; o 
desenvolvimento cognitivo vem acompanhado do fortalecimento do ego e superego; 
Genital, a fase final (da puberdade a maturidade). O indivíduo desloca os interesses sexuais da própria pessoa para 
outra. Alguns crimes sexuais estão ligados a dificuldade no direcionamento satisfatório e socializado dos interesses 
sexuais. Quando o indivíduo não amadurece normalmente, ocorrem fixações em urna ou mais fases e surgem 
distorções, disfunções ou inadequações nos comportamentos. O indivíduo fixado na fase fálica, por exemplo, estaria 
propenso a prática de crimes sexuais. Quando a fixação acorre na fase oral, a pessoa pratica a calúnia, a difamação, 
procura a droga, come em excesso etc. .. A fixação na fase anal leva ao masoquismo, ao sadismo, ao entesouramento 
doentio etc. 
Desenvolvimento e sociedade 
Erik H. Erikson (Alemanha, 1902 - EUA, 1994) considera que as influências sociais concorrem para o amadurecimento 
físico e psicológico, do nascimento até a morte, em um "mútuo ajuste entre o indivíduo e o ambiente". Suas "oito 
idades do Homem", descritas, a seguir, de maneira extremamente simplificada, trazem importantes contribuições para 
a compreensão da influência dos traumas sobre o desenvolvimento do psiquismo. 
a) Confiança básica (0 -18 meses) Acolhimento do bebê no mundo; dormir, alimentar-se, receber carinho e conforto 
são decisivos. O bebê, pela rotina dos cuidados, aprende a confiar nos adultos e nele mesmo. A presença materna 
é essencial. A não aceitação do bebê pela mãe provoca sentimento de abandono. Os danos pela atenção 
insuficiente, pela falta de carinho, são gravíssimos, muitas vezes irreversíveis, e ocasionam a desconfiança básica. 
Daí a preocupação de Olavo, no caso seguinte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) Autonomia (18m-3anos) Neste início da infância, a criança aprende a aceitar limitações, Conhece seus privilégios e 
suas obrigações. Inicia o julgamento do certo e do errado. Desenvolve a distinção do que é do seu time, e de quem são 
os outros, os diferentes. Situa-se entre a punição e a compaixão. Falhas na aquisição desses conceitos produzem 
vergonha e culpa e conduzem, na idade adulta, a adoção de comportamentos dirigidos pela satisfação em humilhar e 
punir. 
c) Iniciativa (3-6 anos) Acentua-se a organização física e mental da criança, que se mostra ansiosa para aprender e o 
faz bem. Concentra-se em brincar e é essencial que o faça de maneira saudável e sem inibições, estabelecendo assim 
um mundo de transição entre as fantasias infantis e a realidade. Atravessar, intensamente, esta etapa lhe dará o 
domínio sobre os rituais ao longo da vida. Falhas poderão conduzir o adulto a representar para encobrir sua 
verdadeira imagem - falsidade seria um nome adequado para encobrir a culpa que carregaria consigo. 
d) Indústria (diligência) (6 anos – puberdade) Chega o momento de controlar a imaginação da fase anterior e emergir 
a competência para operar os instrumentos necessários às atividades cotidianas. Escola e tarefas domésticas, jogos, 
atividades artísticas e outras permitem a criança aplicar e desenvolver sua inteligência. O resultado é a habilidade. A 
escola insere o método, a formalização que trará, depois, a eficiência no trabalho, seja ele qual for. Falhas levam a 
graves impedimentos para os estágios seguintes, pela falta de base operativa e pelo desenvolvimento de sentimentos 
 Cleuza, mamãe camisa 1O 
Olavo e Cleuza, que não vivem juntos, encontram-sena audiência de conciliação para tratar da guarda do bebê de dez meses. 
Olavo quer a criança, alegando que a mãe deixa-a abandonada durante todo o dia; a mãe diz que Olavo não sabe cuidar de urna 
criança e que não lhe daria suficiente atenção. O pai defende-se, afirmando que sua mãe, avó da criança, o ajudaria com muito 
prazer e que ela dispõe de todo o tempo para isso. O pai, por sua vez, alega que a mãe ausenta-se do lar durante todo o dia; a 
criança fica com outra filha pequena, que não teria idade suficiente para se responsabilizar pelos cuidados essenciais. O que faz 
Cleuza durante o dia? Pratica futebol. Seu sonho é atuar na seleção brasileira. 
Psicologia Jurídica 
Profª Ms. Cecilia Santos Apostila 03 
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de inferioridade. A fixação nos métodos conduz a adultos excessivamente formais e ritualísticos, porém com pouco 
conteúdo. 
e) Identidade (adolescência) Erikson dá grande importância a adolescência, durante a qual a pessoa experimenta o 
sentido da identidade e passa a se conhecer: quem é, do que gosta, o que quer. A vida sexual é representada por 
intimidades transitórias. Surgem as paixões. A pessoa estabelece metas e abandona o pensamento centrado, até 
então, no presente. Instalam-se a confusão de identidades e o conflito com os adultos, a indecisão e a 
imprevisibilidade. Desenvolve-se o sentimento de fidelidade, como se observa nos grupos que se unem pelos mais 
diversos motivos. Novos heróis trazem a ideologia. A falha no desenvolvimento promove o fanatismo e a confusão de 
papel. 
f) Intimidade ( Jovem adulto) A pessoa, agora jovem adulto, encontra-se apta a experienciar a genitalidade sexual 
verdadeira, com a pessoa amada. Para Erikson, neste estágio surge o amor, o qual valoriza porque permite o 
relacionamento compartilhado com um parceiro íntimo. Falhas nesse período conduzem ao isolamento; um 
mecanismo de defesa do psiquismo é o elitismo (a pessoa não encontra outros "a sua altura"). 
g) Generatividade (Meia-idade) Desenvolve-se a preocupação com a criação, com as gerações futuras, com a 
transmissão de valores sociais. Existe o enriquecimento psicossocial, acompanhado do psicossexual. A palavra-chave é 
"cuidado"; o ritual desta fase manifesta-se na maternidade/paternidade. As falhas conduzem a estagnação e ao 
autoritarismo, quando o cuidado cede a autoridade. 
h) Integridade do ego (Anos posteriores) O indivíduo atinge esse estado depois de ter “cuidado de pessoas e coisas 
e[ ... ] ter-se adaptado aos triunfos e desilusões" . Aquele que experimentou todo o desenvolvimento chega a 
sabedoria. A falha estaria em desenvolver a crença de ter se tomado sábio, um mecanismo de defesa para encobrir o 
sentimento de desesperança. 
Erikson tem o grande mérito de inserir, no conceito de ego, qualidades como confiança, esperança, autonomia, 
vontade, fidelidade, amor, cuidado, integridade, praticamente ausentes da literatura psicanalítica. 
A faixa etária não condiciona os estágios de desenvolvimento. O indivíduo estabiliza em qualquer estágio ou regride a 
um ultrapassado. Por exemplo, quando a pessoa não atinge o estágio de generatividade, encontra-se o sujeito que 
trata o filho ou filha sem as preocupações e cuidados tipicamente parentais; não desenvolveu o sentido de "cuidado" 
e, em casos mais graves, filho ou filha resumem-se a objetos. Uma grave violência (por exemplo, ocasionando um 
"transtorno de estresse pós-traumático") teria o condão de interromper o processo evolutivo. Um abuso sexual, um 
sequestro, provocaria urna regressão ou um estacionamento em idade que não corresponde a cronológica. Daí o 
abusado sexualmente não conseguir privar de intimidade, generatividade, integridade e ter o senso de identidade 
comprometido. 
Diagrama adaptado de Erikson1 
Crises Psicossociais Descrição Virtude Relação 
Significante 
Confiança básica X 
Desconfiança (0 aos 12/18 m) 
O bebê desenvolve um sentido em relação ao mundo 
como um lugar bom e seguro, ou não. 
Esperança Mãe 
Autonomia X Dúvida, Vergonha 
(12-18 meses a 3 anos) 
A criança estabelece um equilíbrio entre independência e 
vergonha 
Vontade Pais 
Iniciativa X Culpa 
(3 – 6 anos) 
A criança desenvolve iniciativa quando experimenta 
coisas novas e não é subjugada pelo fracasso 
Propósito Família Básica 
Produtividade X Inferioridade 
(6 – 12 anos) 
A criança deve aprender as habilidades da cultura ou 
enfrentar sentimentos de inferioridade 
Competência Vizinhos e 
Escola 
Identidade X Confusão de 
Identidade (12 – 20 anos) 
O adolescente deve determinar seu próprio senso de 
identidade ou experimentar confusão sobre papéis 
Fidelidade Grupo de 
Companheiros 
Intimidade X Isolamento 
(20-30 anos) 
A pessoa busca estabelecer compromisso com os outros. 
Caso não tenha êxito pode sofrer isolamento e 
egocentrismo. 
Amor Amigos 
Geratividade X Estagnação 
(30 - 65 anos) 
O adulto maduro preocupa-se em estabelecer e orientar a 
geração seguinte, caso contrário sente empobrecimento 
pessoal. 
Cuidado Trabalho e 
Família 
Integridade X Desespero 
(após 65 anos) 
O idoso ressignifica a própria vida, permitindo a aceitação 
da morte. Caso contrário, pode vivenciar sentimentos de 
desespero. 
Sabedoria Humanidade 
 
 
 
1 TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica para operadores de direito. 7ª ed. Ver. Atual. E ampl. Porto alegre. Livraria do 
Advogado Editora, 2014. 5. Conceitos básicos de psicologia gerla para oeradores do direito, pag85. 
Psicologia Jurídica 
Profª Ms. Cecilia Santos Apostila 03 
5 
 
A hierarquia de necessidades - Abraham Maslow (EUA, 1908-1970) 
Em psicologia, costuma-se afirmar que nenhum comportamento humano é gratuito, isto é, que toda atitude é fruto da 
busca da satisfação de uma necessidade. Praticamente, vive-se para satisfazer necessidades, mas as necessidades não 
são as mesmas, nem ocorrem no mesmo período para todos os indivíduos. Essa teoria poderia, inclusive explicar a 
criminalidade, como consequência de falta de meios para atingir determinadas metas, tais como bens materiais, 
dinheiro, prestígio ou bem-estar. 
Sucede que, no desenvolvimento do individuo, uma necessidade “inferior” precisa ser satisfeita adequadamente antes 
de surgir a necessidade “superior”. Após ter saído de um nível inferior de necessidade e estar num nível superior, as 
necessidades de nível inferior assumem um papel menos importante. Não obstante, pode uma necessidade superada 
tornar-se temporariamente dominante tendo em vista as privações que a vida e seus ciclos vitais podem reinstaurar. 
Enquanto não encontrar satisfação de uma necessidade, o homem se fixa nesse nível, e todo o seu esquema 
perceptivo só se preocupará com as possibilidades de satisfazê-la. Quer dizer, uma pessoa que vive com fome não 
concebe bem-estar em valores superiores, sem antes satisfazer tal necessidade básica. 
Para a psicologia, é fato provado que frustração gera agressão. Exemplo: um trabalhador que enfrente doenças na 
família ou que não possa suprir as necessidades básicas de sobrevivência de seu lar, certamente viverá em constante 
frustração, esse indivíduo, em principio, terá maior resistência a mudanças, expressará menos companheirismo, mais 
egocentrismo e agressividade. 
Para Maslow, "a insatisfação é um estado natural do ser humano", que justifica a constante necessidade de realizar, 
característica de pessoas saudáveis. 
a) fisiológicas: sobrevivência, alimentação, vestuário; 
b) segurança: proteção, estabilidade no emprego; 
c) sociais: aceitação, amizade, sentimento de 
pertencer; 
d) status: reconhecimento, prestígio; 
e) autorrealização: criatividade, autodesenvolvimento. 
De acordo com Maslow, a necessidade não atendida 
tomará as atenções da pessoa que concentrará, nela, 
seus principais esforços em direção a sua satisfação,Assim, o psiquismo elimina do pensamento imediato 
tudo aquilo que não contribuir para essa meta. 
A teoria de Maslow deve ser ajustada ao contexto. 
Segundo Campos (1992, p. 150-153), "todas as 
necessidades encontram-se sempre presentes, mas 
apenas urna delas receberá ênfase em um dado 
momento". A satisfação de uma necessidade propicia 
que outras, latentes, aflorem. 
O prestígio encontra-se entre as necessidades 
superiores que mais levam os indivíduos a 
comportamentos irrefletidos, segundo Moore (1998,p. 
248) e Folberg e Taylor (1984, p. 165). 
 
 
Referências 
OSMIR, José. Psicologia jurídica. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2016. 
TRINDADE, Jorge. Manual de psicologia jurídica para operadores do direito. . 7 ed. rev. atual. e ampl. – Porto Alegre: 
Livraria do Advogado Editora, 2014. 
 
i Apostila Psicologia Jurídica disponível em: file:///C:/Users/Proprietario/Downloads/psicologia%20unidade%202-
psicologia%20juridica.pdf 
ii Trindade, Jorge. Manual de psicologia jurídica para operadores do direito. Capitulo 5 pagina77

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