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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE APARELHOS DE APOIO EM OBRAS DE ARTE ESPECIAIS – ESTUDO PRÁTICO FELIPE REZENDE GONÇALVES 2019 2 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE APARELHOS DE APOIO EM OBRAS DE ARTE ESPECIAIS – ESTUDO PRÁTICO FELIPE REZENDE GONÇALVES Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, com parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Elaine Garrido Vazquez RIO DE JANEIRO Março de 2019 3 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE APARELHOS DE APOIO EM OBRAS DE ARTE ESPECIAIS – ESTUDO PRÁTICO Felipe Rezende Gonçalves PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL. Examinado por: _________________________________ Prof. D.Sc. Elaine Garrido Vazquez, Orientador __________________________________ Prof. D. Sc. Flavia Moll de Souza Judice _________________________________ Prof. D. Sc. Ricardo Valeriano Alves RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL MARÇO de 2019 4 Gonçalves, Felipe Rezende Manifestações Patológicas de Aparelhos de Apoio em obras de artes especiais: Estudo de prático / Felipe Rezende Gonçalves– Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2019. xii, 76 p.: 29,7 cm. Orientador: Elaine Garrido Vazquez Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de Engenharia Civil, 2019. Referências Bibliográficas: p. 70-72 1.Aparelhos de apoio 2.Obras de artes especiais 3.Manutenção no MetrôRio 4. Ensaios em aparelhos de neoprene I. Garrido Vazquez, Elaine; II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Manifestações Patológicas de Aparelhos de Apoio em obras de artes especiais: Estudo de prático 5 Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica - UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE APARELHOS DE APOIO EM OBRAS DE ARTE ESPECIAIS – ESTUDO PRÁTICO Felipe Rezende Gonçalves Janeiro de 2019 Orientador: Elaine Garrido Vazquez As pontes são elementos essenciais para transpor obstáculos no desenvolvimento da sociedade moderna, possibilitando o transporte. Com o passar dos anos, os avanços dos desafios e tecnologias construtivas, acarretaram em maiores complexidades a essas estruturas e crescentes cuidados com a manutenção se fizeram necessários. Dentre os elementos de estruturas de pontes, os aparelhos de apoio são componentes com funções estruturais importantes, sendo essenciais para seu bom funcionamento e principalmente, durabilidade de toda estrutura. Entretanto, existem métodos diversos, mas não conclusivos, para a avaliação de funcionalidade e vida útil dos aparelhos de apoio. O trabalho tem como objetivo avaliar as manifestações patológicas em aparelhos de apoio para assim, de acordo com inspeções realizadas e com o diagnóstico de causas, definir suas melhores práticas e tratativas para a manutenção e mitigação das patologias encontradas. O estudo prático foi feito observando-se as estruturas atualmente sob manutenção do MetrôRio, onde os aparelhos de apoio foram catalogados de acordo com metodologia proposta. Os resultados obtidos foram fruto de avaliação da análise de campo, diagnóstico e comparação com ensaios executados em aparelhos de apoio substituídos de acordo com método adotado. Tendo como insumo ensaios nos aparelhos de apoio substituídos, foram propostas as melhores tratativas e sugestões para evitar novas patologias. Palavras – chave: Aparelho de apoio, obras de arte especiais, manifestação patológica, manutenção 6 ABSTRACT Bridges are essential elements to overcome obstacles in the development of modern society, enabling displacements between places. Over the years, advances of challenges and constructive technologies have led to more complexities structures and greater attention with the maintenance became necessary. Among the elements of bridges structures, structural bearings are components with important structural functions, being essential for their proper functioning and, above all, the durability of any structure. However, there are several, but not conclusive, methods for evaluating the functionality and durability of structural bearings. The aim of this present study is to evaluate the pathological manifestations of structural bearings for then, according to the inspections carried out and the diagnosis of causes, define the best practices and treatments for the maintenance and mitigation of the pathologies found. The case study was done observing the structures under maintenance of MetrôRio, where the structural bearings were cataloged according to the proposed methodology. The results obtained were from evaluation of the field analysis, diagnosis and comparison with tests performed in structural bearings replaced according to the method adopted. Based on tests on the replaced structural bearings, the best treatments and suggestions were proposed to avoid new pathologies. Keywords: Structural bearings, engineering structure, pathologies, maintenance 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 9 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA 9 1.2 OBJETIVO 11 1.3 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA 11 1.4 METODOLOGIA 12 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO 13 2 CONTEXTUALIZAÇÃO 15 2.1 DEFINIÇÃO E HISTÓRIA DAS OBRAS DE ARTES ESPECIAIS 15 2.2 DEFINIÇÃO E HISTÓRIA DOS APARELHOS DE APOIO 17 2.3 TIPOS DE APARELHO DE APOIO 19 2.3.1 ARTICULAÇÕES EM CONCRETO 19 2.3.2 APARELHOS DE APOIO METÁLICOS 20 2.3.3 APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO 21 2.4 HISTÓRIA E CONCEITO DE MANUTENÇÃO 23 2.5 INSPEÇÕES 25 2.5.1 INSPEÇÕES DE OAES 26 2.5.1.1 CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO DE OAE 28 2.5.2 INSPEÇÕES NOS APARELHOS DE APOIO 29 2.6 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM APARELHOS DE APOIO E SUAS CAUSAS 31 2.6.1 APARELHOS DE APOIO METÁLICOS E SUAS PATOLOGIAS 31 2.6.1.1 CAUSAS DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM APARELHOS METÁLICOS 32 2.6.2 APARELHOS DE APOIO DE CONCRETO E SUAS PATOLOGIAS 33 2.6.2.1 CAUSA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM APARELHOS DE CONCRETO 35 2.6.3 APARELHOS DE APOIO DE NEOPRENE E SUAS PATOLOGIAS 35 2.6.3.1 CAUSAS DAS PRINCIPAIS PATOLOGIAS EM APARELHOS DE NEOPRENE 36 2.7 TRATATIVAS PARA AS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM APARELHOS DE APOIO 37 2.7.1 TRATATIVAS PARAS AS CAUSAS ENCONTRADAS EM APARELHOS DE APOIO METÁLICOS 38 2.7.2 TRATATIVAS PARAS AS CAUSAS ENCONTRADAS EM APARELHOS DE APOIO DE CONCRETO 38 2.7.3 TRATATIVAS PARAS AS CAUSAS ENCONTRADAS EM APARELHOS DE APOIO DE NEOPRENE 39 3. ESTUDO PRÁTICO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS, SUAS CAUSAS E TRATATIVAS 40 3.1 ESTRUTURA DA MANUTENÇÃO 41 8 3.2 INSPEÇÕES NOS APARELHOS DE APOIO 42 3.2.1 ELEVADO CNV - SCR 43 3.2.2 ELEVADO TRG – MGR 44 3.3 IDENTIFICAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS E SUAS CAUSAS 46 3.3.1 BOJAMENTO 47 3.3.2 FISSURAS 48 3.3.3 FRETAGEM EXPOSTA 48 3.3.4 DEGRADAÇÃO DA VIGA LONGARINA 49 3.3.5 DEGRADAÇÃO DO BERÇO (PLINTO) 50 3.4 SOLUÇÃO PRÁTICA DE TRATATIVA – SUBSTITUIÇÃO DE APARELHO DE APOIO 51 3.4.1 MATERIAL E EQUIPAMENTOS DE APOIO 53 3.4.1.1 CILINDROS HIDRÁULICOS OU ELÉTRICOS 53 3.4.1.2 MACACO TÓRICO 54 3.4.1.3 CIMBRAMENTO 55 3.4.2 EXECUÇÃO 57 3.4.2.1 ELEVAÇÃO DO TABULEIRO 57 3.4.2.2 MANUTENÇÃO DO BERÇO E VIGA LONGARINA 59 3.4.2.2.1 PLINTO OU BERÇO 59 3.4.2.2.2 VIGAS LONGARINAS 62 3.4.3 SUBSTITUIÇÃO DO APARELHO DE APOIO 63 3.5 ENSAIOS LABORATORIAIS 64 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 67 4.1 SUGESTÃO PARA FUTUROS TRABALHOS 68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70 ANEXOS 73 ANEXO A 73 ANEXO B 75 ANEXO C 76 9 1 INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA Segundo Pfèil (1979), as pontes são definidas como obras de transposição de obstáculos à continuidade do fluxo normal de uma via. De acordo com Meyer (2011), o tombamento de árvores afim de transpor córregos, pode ser considerado como as primeiras pontes. Os sistemas de transporte são essenciais para o desenvolvimento da humanidade, possibilitando o deslocamento de alimentos, água, produtos e insumos de comércio. Com a constante evolução e expansão das sociedades, juntamente com maiores distâncias, maiores obstáculos começaram a surgir ao caminho da evolução. As pontes foram os primeiros elementos para transpor esses obstáculos, possibilitar o transporte e alavancar o desenvolvimento humano. Laner (2001) diz que essas estruturas em grandes centros urbanos são indispensáveis e se possível imaginar suas ausências, as cidades ficariam caóticas. As chamadas obras de artes especiais, conhecidas por sua sigla, OAE, são construções de complexidades elevadas que possibilitam o avanço de vãos cada vez maiores e ultrapassagem de obstáculos antes impensáveis. Com o aumento de magnitude dessas construções, além de maiores investimentos, a manutenção dessas estruturas passa a ser um fator cada vez mais importante para a engenharia. Uma vez que um grande custo Figura 1 - Ponte da Caravana, Turquia (2019) 10 de implantação vem acompanhado de expectativa de vida útil extensa, durabilidade e condição de utilização inalterada. De acordo com Vitório (2006) a realização de manutenção adequada e contínua, garante maior vida útil da estrutura e desempenho estrutural. Isso é possível por meio de inspeções frequentes, avaliação das anomalias presentes, diagnosticando-as e lançando mão da melhor tratativa. Entretanto, por muitos anos a manutenção de estrutura civil foi deixada em segundo plano, pois existia uma ideia antiga de que as obras robustas durariam para sempre. (KLEIN et al, 1993) Helene (1992) diz que as patologias são parte da engenharia onde se estudam os sintomas, mecanismos, causas e origens. Desta forma, tornando possível indicar as tratativas. A manutenção de estruturas civis vem sendo objeto cada vez maior de estudo, devido ao conceito, anteriormente não explorado, que é de durabilidade de vida útil dessas estruturas. Existia, principalmente no Brasil, uma falta de preocupação quanto a durabilidade e manutenção de algumas estruturas, principalmente por sua robustez passar uma imagem de que seria uma construção durável ad infinutum. E como consequência, os custos de manutenção dessas estruturas passaram a ser assuntos preocupantes, desde a concepção do projeto até sua posterior manutenção. Foram desenvolvidas algumas técnicas para apoiar a manutenção tais quais classificações das OAEs como uma estrutura, quanto ao seu nível de criticidade a partir de inspeções visuais, por exemplo. Entretanto, devido à complexidade da estrutura e quantidade de elementos envolvidos, um elemento tem avaliação essencial e bem indicativa na vida útil da estrutura, o aparelho de apoio, mostrado na figura 2. Figura 2 - Aparelho de apoio de neoprene – Fonte: Arquivo MetrôRio (2018) 11 Os aparelhos de apoio são componentes com funções estruturais importantes, sendo essenciais para o bom funcionamento e durabilidade da estrutura como um todo. Portanto, pode-se dizer que o conhecimento do estado dos aparelhos de apoios é um bom sinal e representa bem o estado da OAE em sua totalidade, em termos estruturais. Portanto a análise de suas patologias, causas e origens, tem grande importância na definição da tratativa e manutenção das pontes, elevados e viadutos. 1.2 OBJETIVO O objetivo geral do trabalho é detalhar e estudar a manifestação patológica presente em aparelhos de apoio localizados das estruturas das obras de artes especiais do MetrôRio. Apresentando sugestão e tratativas para essas patologias por meio de medidas preventivas, corretivas ou mesmo a substituição de estruturas. 1.3 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA A extrema importância do serviço metroviário fornecido para a população do Rio de Janeiro, fornecendo meio de transporte de massa, rápido e seguro para centenas de milhares de passageiros por dia e a importância dos elevados da linha 2 do MetrôRio para sua operação são elementos motivadores para um estudo mais aprofundado e cuidadoso em todo o processo de manutenção. A cultura de manutenção preventiva de infraestruturas civis no Brasil ainda é recente, o que ocasiona, desde a graduação de um engenheiro civil, um enfoque maior na implantação, deixando a manutenção de lado. Entretanto, a ausência de estratégias para conservação das estruturas, podem ocasionar, além de efeitos colaterais quanto a segurança, confiabilidade e vida útil da estrutura, gastos crescentes com manutenções corretivas, podendo acarretar dessa forma, em indisponibilidade da estrutura por longos períodos durante manutenções mais pesadas. Portanto, a negligência da manutenção de estruturas pode trazer além de prejuízos materiais e financeiros, sérios problemas para a sociedade, como a indisponibilidade do serviço metroviário, por exemplo. 12 Utilizados como exemplos no presente trabalho, os aparelhos de apoio dessas estruturas são excelentes termômetros para suas condições de durabilidade, mas não apenas uma amostra de toda estrutura, o aparelho de apoio por si só, já pode representar um ponto de manutenção da estrutura, portanto, seu monitoramento contínuo por meio de inspeções é considerado muito importante, no processo de gestão da manutenção de OAEs. Desta forma, a manifestação de patologias em um elemento tão importante, exige uma análise teórica abrangente para que as soluções tomadas sejam mais efetivas tanto financeiramente quanto no aspecto técnico. E além de todo aspecto de segurança da estrutura e dos seus usuários, a ordem econômica mundial de hoje, exige que os recursos disponíveis sejam utilizados com eficácia, por isso, planejamento e gestão são essenciais para a entrada na manutenção preventiva ou corretiva, além de possíveis ajustes técnicos. 1.4 METODOLOGIA A metodologia utilizada para a elaboração do presente trabalho consistiu em pesquisa bibliográfica, consultas normativas e avaliações de estudos, inspeções executadas e observações práticas de soluções adotadas. Foram consultados diversos trabalhos de conclusão de curso de graduação, teses de mestrado, doutorado e pós graduação. Também serviram como base de consulta e direcionamento, normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e sobre o assunto, além de material de apoio de cursos, apresentações em congressos e diretrizes utilizadas por órgãos como Associação Brasileira de Manutenção, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) entre outros. Na metodologia foram utilizados os seguintes passos: o levantamento dos viadutos, elevados e pontilhões existentes na malha metroferroviária; seleção das obras de artes especiais a serem vistoriados; seleção dos critérios utilizados na avaliação das patologias; dados obtidos junto aos projetos; realização das inspeções visuais; análise comparativa entre os viadutos, baseada na NBR 9452/2016 - Inspeção de pontes, viadutos e passarelas 13 de concreto, para determinar a ordem de prioridade para as tratativas; e sugestão de intervenções futuras em cada OAE. Após as avaliações foram observadas diversas anomalias, dentre elas: bojamento dos aparelhos de apoio, rompimento do cobrimento de Neoprene, fretagem exposta, deslocamentos horizontais excessivo, além de patologias ao entorno como a presença de umidade nas cabeças dos pilares, fissuras nas vigas longarinas, armaduras expostas, manchas de mofo, presença de vegetação, pombos, entre outras. Os resultados observados conduzem para uma análise comparativa entre as anomalias encontradas nos viadutos, objetivando buscar similaridades entres elas e assim poder determinar possíveis causas para seu aparecimento, entender as origens e desta forma, avaliar as melhores tratativas para cada conjunto de patologias nos aparelhos de apoio. 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO A estrutura desta monografia está dividida em quatro capítulos. Sendo o primeiro capítulo uma introdução à importância do tema escolhido, apresentando os objetivos do trabalho, a justificativa da escolha do tema, a metodologia utilizada e a estrutura do trabalho. No segundo capítulo foram relatados os conceitos, história e definição relacionados as pontes, elevados, viadutos, e aparelhos de apoio. Foram detalhados os procedimentos de inspeção em Obras de Artes especiais, detalhando as inspeções em aparelhos de apoio. Foram avaliadas as manifestações patológicas mais comuns encontradas nesse tipo de inspeção, tanto no aparelho de apoio quanto nos elementos adjacentes, foram apresentados estudos científicos sobre essas manifestações e suas causas. Em seguida foram abordadas as tratativas mais comuns e eficientes para as patologias encontradas. No terceiro capítulo foram abordados todos os itens no plano prático de uma avaliação de manifestações patológicas, executado nos aparelhos de apoio localizados ao longo da estrutura metroferroviária do Rio de Janeiro, iniciando pela inspeção, identificação, diagnóstico, causas e definindo as tratativas plausíveis. 14 No quarto capítulo foram feitas as considerações finais sobre o tema considerando aspectos positivos e negativos e efetividade do processo de manutenção, considerando as tratativas adotadas para as patologias encontradas. Foram apresentados ainda ensaios que tiveram resultados comparados com as patologias, causas e tratativas normalmente aplicadas. Por fim são apresentadas as referências bibliográficas e anexos. 15 2 CONTEXTUALIZAÇÃO 2.1 DEFINIÇÃO E HISTÓRIA DAS OBRAS DE ARTES ESPECIAIS As estruturas de pontes são chamadas de “Obras de Artes Especiais”, ou simplesmente OAE. Essa nomenclatura é dada para diferencia-las de estruturas chamada de “Obras de Artes Correntes” que podem receber um projeto típico, corrente, por sua complexidade reduzida. De acordo com Meyer (2011), o tombamento de árvores afim de transpor córregos, pode ser considerado como as primeiras pontes. Os sistemas de transporte são essenciais para o desenvolvimento da humanidade, possibilitando o deslocamento de alimentos, água, produtos e insumos de comércio e potencializando a evolução de uma civilização. Com a expansão territorial contínua, alguns obstáculos maiores passaram a surgir, sendo necessário para o ser humano transpor esses obstáculos de maior porte. A figura 3 mostra um projeto de ponte de 1768. Desta forma, iniciou-se a busca de materiais que melhor se adequassem as necessidades da construção de uma ponte. Madeira e pedra foram os primeiros e mais rústicos elementos a serem utilizados na construção de pontes. Com o passar dos anos, as soluções de concreto, já conhecidas por Maias e Romanos, entretanto ainda não utilizada para as pontes, e soluções metálicas, intensificadas após a revolução industrial, passaram a figurar como uma excelente solução em termos de materiais para o estudo das pontes. Entretanto, as técnicas construtivas desenvolvidas ainda primitivamente, com uso de pedras e madeiras, não garantiria os vãos que a engenharia é hoje capaz de vencer. Para Figura 3 - Projeto da Ponte de Neuilly (1768) - Notas de aula do curso de pontes em concreto armado e protendido - Poli/UFRJ 16 isso, o conhecimento técnico passou por evoluções ao longo dos séculos, como exposto no quadro 1. Quadro 1 - Evolução da técnica - Notas de Aula de Pontes em CA e CP (Adaptado) - Poli/UFRJ (2018) ATÉ SÉCULO XVII: Os resultados das raras investigações a respeito do comportamento estrutural eram limitados ao restrito meio científico. As primeiras pesquisas sobre o comportamento elástico de estruturas simples foram efetuadas por Leonardo da Vinci (1452-1519), Galileo (1564-1642) e Robert Hooke (1635-1703). SÉCULO XVIII: Os resultados científicos começaram a ser aplicados. As primeiras escolas de engenharia foram fundadas. O desenho técnico evoluiu a partir de pinturas das vistas ortogonais. SÉCULO XIX: A construção das primeiras ferrovias foi decisiva para o avanço da Engenharia estrutural. Desenvolveu-se a Teoria da Elasticidade e suas especializações (estados planos, placas, cascas, etc.). Foram estabelecidos métodos para análise hiperestática de arcos e treliças. PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX: Com o surgimento do concreto armado foram aprimoradas as técnicas de análise de estruturas. Desenvolveram-se métodos gráficos, soluções por analogias, e processos aproximados, tal como o método das diferenças finitas. No entanto os métodos desenvolvidos recaiam em sistemas de equações cuja solução (manual), para uma quantidade razoável de incógnitas, era impraticável. A computação era efetuada basicamente com réguas de cálculo. SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX: Com o surgimento dos computadores, foram desenvolvidos os primeiros programas automáticos para análise de estruturas de barras. A generalização do processo de discretização de um sistema estrutural inspirou o desenvolvimento do Método dos Elementos Finitos. Nas últimas décadas do século XX, o computador pessoal impulsionou ainda mais a evolução dos métodos numéricos. 17 2.2 DEFINIÇÃO E HISTÓRIA DOS APARELHOS DE APOIO De acordo com o DNIT (2010), os aparelhos de apoio devem transmitir as cargas da superestrutura a mesoestrutura e permitir movimentos oriundos de retração, dilatação ou contração térmica e uso da estrutura. Além de permitir rotações provocadas pelo uso da OAE. Nos primórdios das construções para facilitar locomoções, as pontes principalmente constituídas de madeira, precisavam suportar pouca carga e por esse motivo, a presença de aparelhos de apoio não era discutida. Lorenz apud Vieira (2013) menciona que no princípio, as pontes eram consideradas como corpos rígidos e apenas com a evolução do estudo e da técnica, entendeu-se que elas deveriam ser entendidas como elementos capazes de produzir movimento. De acordo com Eggert e Kauscke (1996), os aparelhos de apoio são elementos que tem como objetivo possibilitar as condições para as quais os cálculos estruturais foram embasados. Desta forma definidos, ripas de madeira já eram encontradas nas primeiras pontes, possibilitando moderada flexão e distribuindo e amenizando cargas, por meio de sua elasticidade, para a infraestrutura. Com a introdução do aço como material de construção das pontes, o deslocamento horizontal devido a dilatação começou a ser um problema para as construções. As pontes já existentes de madeira não eram tão afetadas pela variação de temperatura devido ao seu coeficiente de dilatação em relação a temperatura. Já as pontes construídas em alvenaria e pedras, não passavam por mudanças bruscas pois possuíam grande massa de material para absorver e diluir toda possível dilatação causada pela variação de temperatura. A Southwark Bridge, mostrada na figura 4, foi um exemplo de acidente causado pela introdução do ferro fundido nas construções, sem a devida preocupação com a movimentação causada pela dilatação. A estrutura tinha arcos de cerca de 60 metros, que foram apoiados, de forma rígida, sobre os pilares da construção, causando a destruição do pilar de alvenaria que suportava a superestrutura da ponte. 18 Segundo Vieira (2013), passou a ser objetivo de estudos, liberar movimentos em sentido longitudinal e transversal. Em primeiro momento, utilizou-se placas planas lubrificadas, logo evoluindo para rolos, afim de superar o atrito ao deslizar. Apesar de resolver a transmissão de carga e o problema que a dilatação trazia à ponte, esses aparelhos apresentavam elevadas tensões pois reduziam pontos de contato e tinha difícil conservação. Com o avanço da tecnologia, introdução do concreto armado e protendido, as OAEs foram projetadas para vão cada vez maiores e suportando cargas ainda maiores e tiveram complexidade aumentada. Pode-se assumir então, que a origem destes aparelhos nas Obras de Arte, prende-se a questões relacionadas com problemas de transmissão de esforços entre peças estruturais, dimensionadas para resistir a cargas de tráfego, variações de temperatura, efeitos de retração, fluência e expansão dos materiais, movimentos de rotação e translação, entre outros. VIEIRA (2013) Após uma passagem por aparelhos de apoio em concreto, é disseminado o uso de aparelhos de apoio constituídos de materiais sintéticos, plásticos e borrachas, visando maior resistência a agressividade de meio, além de possibilitar movimentos, como a rotação, com áreas de contato maiores que as utilizadas dos aparelhos metálicos. De acordo com Vieira (2013), a questão da transmissão de carga e possibilidade de movimentos em cada sentido foi resolvida, entretanto a durabilidade desses elementos ainda é um problema. Motivando o trabalho com foco na manutenção, onde as peculiaridades desse tópico serão abordadas mais adiante. Figura 4 - Southwark Bridge - www.visitlondon.com, 2009 19 2.3 TIPOS DE APARELHO DE APOIO 2.3.1 ARTICULAÇÕES EM CONCRETO As articulações em concreto geram perda de continuidade estrutural entre a superestrutura e a meso estrutura, proporcionando a transferência de esforços entre os elementos. Normalmente são utilizados em OAE de concreto. Como limitação ao seu uso, os apoios de concreto permitem apenas rotações em seu eixo. Entretanto, apesar do baixo custo e razoável desempenho, não apresentam margem para substituições, tendo assim, caído em desuso ao longo do tempo, ainda que tenham funcionado de maneira satisfatória ao longo de seu uso. Entre seus principais tipos encontramos os apoios tipo Mesnager, exposta na figura 5, no qual as reações são absorvidas pelas armaduras. Figura 5- Ligação tipo Mesnager - Notas de aula curso de Pontes em concreto armado e protendido - Poli/UFRJ (2018) 20 E o apoio tipo Freyssinet, visto na figura 6, no qual o concreto absorve as reações e só haverá armaduras caso exista a possibilidade de ação de tração no apoio. 2.3.2 APARELHOS DE APOIO METÁLICOS Os aparelhos de apoio metálicos podem ser obtidos combinando-se adequadamente chapa e roletes metálicos. Foram os primeiros tipos de aparelhos de apoio utilizados, principalmente devido a abundância e trabalhabilidade, além de alta resistência. Ainda são utilizados ao longo de OAE ferroviárias e rodoviárias. Entretanto, são elementos que exigem manutenção constante, pois são expostos a corrosão e podem sofrer limitações de movimentos devido ao bloqueio de detritos. As articulações metálicas são consideradas aparelhos de apoio metálicos. Estes permitem movimentos rotacionais impossibilitando ao mesmo tempo movimentos longitudinais. No fundo, estes aparelhos consistem numa chapa que roda em torno de um eixo formando uma articulação metálica simples, como o exemplo da figura 7. Figura 6 - Ligação Freyssinet - El Debs e Takeya (2009) 21 Entre seus tipos mais comuns estão os Aparelhos de apoio de rolete e Aparelhos de apoio tipo pêndulo; Aparelhos de apoio esféricos ou cilíndricos; Aparelhos de apoio fixos. 2.3.3 APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO Os aparelhos de apoio metálicos e de concreto expõem alguns problemas que desencoraja seu uso, seja no sentido de dificuldade de manutenção, propriedade deficiente dos materiais ou até mesmo o custo embutido. Portanto, buscou-se ao longo do tempo, elementos que pudessem cobrir todas as necessidades de um aparelho de apoio em OAE, desta forma surgiram os aparelhos de apoio em elastômero, a base de policloropreno, cujo nome comercial difundido é o neoprene que por ser um produto industrializado, apresenta maior uniformidade de características físicas, além de excepcional resistência à luz e ao ozônio, proporcionando, portanto, durabilidade sensivelmente superior à de outros tipos de elastômeros. A utilização deste tipo de aparelho de apoio gera uma ligação entre a superestrutura e a mesoestrutura da obra de arte especial, apresentando comportamento satisfatório em termos de deslocamentos, deformações e durabilidade, potencializados respectivamente pelos módulo de deformação transversal e longitudinal baixos e alta resistência a condição Figura 7 - Aparelho de apoio tipo pêndulo (2019) 22 de contorno, como agressividade corrosiva do meio, por exemplo. A deformabilidade do aparelho elastomérico pode ser vista na figura 8 durante um ensaio. Também são permitidos movimentos de rotação, se bem que este tipo de movimentos gera alguma resistência à compressão normal na direção vertical por via da resistência do neoprene. O angulo de rotação de um aparelho de apoio é função da largura e da altura do aparelho, mas são sempre ângulos de pequena amplitude (FREIRE, 2008). Com a evolução tecnológica e consequentemente, melhores tecnologias construtivas, cada vez maiores vãos passaram a ser desafios a serem vencidos por pontes e viadutos, desta forma, a robustez dessas obras e consequente solicitação dos aparelhos de apoios foram aumentando com o passar dos tempos. Desta forma, com maiores cargas, os elastômeros por si só não eram suficientes, então, em 1948 foram realizados testes com redes metálicas como reforço afim de impedir o escoamento lateral, confinando a estrutura e permitindo maior tensão de compressão. Entretanto essa solução se mostrou deficiente pois fissuras nos elastômeros apareciam devido a concentração de cargas causadas pelas redes metálicas. (DA SILVA, 2016) Desta forma, passou a ser empregado nos aparelhos de apoio de neoprene, um reforço de chapas de aço, formando assim um único aparelho intercalado com neoprene e chapas de aço de espessura reduzida, tal que as chapas de aço exercem como principal Figura 8 – Controle de qualidade de aparelhos de apoio – www.ipt.br (2018) 23 função, ‘cintamento’ evitando a deformação excessiva do bloco e aumentando a tensão admissível da peça. O aço atuava confinando o elastômero por meio da aderência oriunda da vulcanização. Essa peça constituída por neoprene e chapas de aço unidas por vulcanização é comumente chamado de aparelhos de apoio de neoprene fretado, cintado ou laminado, detalhe visto na figura 9. No processo de fabricação, são alternadas chapas de aço e elastômeros vulcanizadas em conjunto, já produzindo em dimensões finais de projeto. Desta forma estão garantidos tantos os cobrimentos laterais e superficiais, evitando a exposição das chapas de aço ao ar e minimizando as possibilidades de corrosão. Existe ainda, mais um tipo de associação de material com os aparelhos de neoprene. Com o principal objetivo de reduzir as reações horizontais no elemento, é comum a introdução na superfície de contato da estrutura com o aparelho, uma lâmina de Teflon ou Neoflon. A característica útil dessa lâmina é o coeficiente de atrito extremamente baixo quanto exposto a altas pressões. Desta forma, a estrutura passa a apresentar maior mobilidade horizontal. 2.4 HISTÓRIA E CONCEITO DE MANUTENÇÃO A origem da palavra “MANUTENÇÃO” vem do latim “MANUS TENERE”, que significa manter o que se tem. De acordo com Ferreira (2010), os militares guardavam o sentido de manter, nas frentes de combate, toda a estrutura bélica em condições de combate, ou seja, operantes. Figura 9 - Aparelho de elastômero fretado - Notas de aula curso de Pontes em CA e CP - Poli/UFRJ 24 De acordo com Kardec e Nascif (2009), o processo de manutenção se desenvolveu ao longo de quatro gerações, sendo a primeira geração, anterior a segunda guerra mundial, caracterizada por manutenções corretivas, devido a menor pressão nos processos produtivos. Entre os anos 50 e 70, a segunda geração foi necessário maior foco na produção e consequente preocupação na disponibilidade dos equipamentos que passaram a sofrer manutenções preventivas e intervalos fixos de tempo. A terceira geração, após a década de 70, se caracterizou pela crescente preocupação na disponibilidade das máquinas, impulsionada por equipamentos mais robustos e sofisticados, potencializando o conceito de confiabilidade. Nessa geração ganhou força a preocupação com a relação custo benefício. É crescente, também, o uso de outros equipamentos como computadores e softwares no apoio a manutenção. Inicia-se assim a observação da existência de padrões de falhas. A quarta geração, por volta nos anos 90, caracterizou-se por minimizar o risco de falhas, sendo assim, a disponibilidade e confiabilidade ganham ainda mais importância. A prática de análise de falhas é definitivamente estabelecida. É maior a preocupação com todo o processo de manutenção, principalmente segurança. O custo da manutenção também ganha foco, causando racionalização das preventivas e fortalecimento de projetos voltados para confiabilidade dos equipamentos como um todo. A Associação Brasileira de Manutenção (2004), apud Salermo (2005) referencia a manutenção como um elo de integração entre os responsáveis pelas atividades de conformidade e inovação, tendo como foco a melhoria contínua do sistema e a subsistência do ritmo adequado das operações. De acordo com Gomide et al (2006), apud Villanueva (2016), pode-se entender a Manutenção em Edificações como o conjunto de atividades técnicas, operacionais e administrativas que garanta o melhor desempenho da edificação para atender as necessidades dos usuários, com confiabilidade e disponibilidade, ao menor custo possível. Segundo Gomide et al (2006), o processo de manutenção é comum em máquinas e equipamentos, porém não tem a mesma abordagem para as edificações. A carência dessa abordagem acarreta em soluções improvisadas nas edificações brasileiras. 25 De acordo com Costa (2013), diversas definições são apresentados, a maioria com enfoque nos aspectos preventivos, de conservação e corretivos; mas é válido observar a evolução que incluiu nas definições os aspectos humanos, de custos, questão ambiental e de confiabilidade, como consequência do aumento da importância e responsabilidades da manutenção dentro das organizações. Segundo a NBR 5462/1992, apud Castro (2007) a manutenção é uma prática que envolve ações técnicas e administrativas, as quais, juntas, manterão ou devolverão a um item a capacidade de desempenhar determinada função. Mais importante é perceber, Kardec e Nascif (2009) expõem que na quarta geração da manutenção, a eficiência é incorporada a eficiência organizacional de uma empresa, pois, qualquer que seja o ramo de atuação, a manutenção estará presente no decorrer do tempo. De acordo com Filipe (2006), o produto ou serviço é elemento chave em uma empresa. Dentre os constituintes desse elemento, a manutenção se destaca como uma das áreas de menor eficiência, principalmente em edificações. Portanto, é coerente que a manutenção tenha menor peso no seu custo direto (mão de obra, serviços contratados) e maior peso no seu desempenho e contribuição para o resultado final do negócio, pois a manutenção é chave para criar capacidade produtiva e otimização. Entretanto, apenas a falta de manutenção é tangível, possível de ser vista e medida por meio de falhas e repercussões. Desta forma, quando pensa-se em manutenção de pontes, elevados e viadutos, é essencial que se pense em um efetivo processo de monitoramento. Comumente, esse monitoramento no Brasil e no mundo é feito por meio de inspeções visuais. 2.5 INSPEÇÕES De acordo com a NBR5674/1999, a inspeção pode ser definida como “Avaliação do estado da edificação e de suas partes constituintes, realizada para orientas as atividades de 26 manutenção.” Desta forma, é importante que uma campanha de inspeção tenha como resultado, um relatório de claro de inspeção. Cremonini e John (1998) ressaltam que os levantamentos de campo consistem na inspeção de produtos em uso, com a finalidade de avaliar o seu desempenho, e que a inspeção normalmente é realizada apenas com o emprego dos sentidos humanos. A avaliação de desempenho é feita de maneira direta e o avaliador expressa seu grau de satisfação frente a uma situação. Esse grau de satisfação comumente é avaliado sem intermediação de ensaios e medições. Segundo Castro (2007), é essencial que os processos de inspeção sejam criteriosos, visto que muitas vezes, devido ao baixo investimento em manutenção e complexidade de estruturas, alguns elementos não são visíveis, mantendo o gestor da edificação sem informações em relação a dado objeto. De acordo com Vitório (2006), a eficácia da inspeção depende, em grande parte da qualificação e experiência do vistoriador. Na França e nos Estados Unidos, são definidos aspectos a serem atendidos pelo profissional responsável, que nesses países deve ter a formação de engenheiro, ter experiência em inspeção e ter graduado em curso específico baseado no Manual de formação de inspetores de pontes, curso que tem duração entre 2 e 4 semanas. No Brasil, não é exigido curso adicional, porém a atividade de vistoria, perícia, laudo e parecer técnico, deve ser exercida por engenheiro civil. 2.5.1 INSPEÇÕES DE OAES De acordo com o CREA-RS, após levantamento sobre a efetiva manutenção das OAEs sob responsabilidade de cada município, foi montado o seguinte diagnóstico: 90,9% não possuem cadastro das estruturas e 99,7% não possuem Planos de Manutenção. 81,3% dos municípios não realizam vistoria rotineira em suas OAEs, 91,8% não possuem designação de responsável técnico e 88,5% não realizaram contratos de manutenção nos últimos 5 anos. 27 O primeiro passo para a gestão do processo de manutenção é o constante monitoramento de todos os elementos das estruturas a serem geridas em um plano de manutenção estruturado. A cultura de inspeção e manutenção de Obras de Arte Especiais (OAE`s) (pontes rodoviárias, ferroviárias, viadutos, etc.) no Brasil é recente, sendo da década de 80 os primeiros estudos de patologias nas estruturas. Existe norma específica para os trabalhos de inspeções em pontes, viadutos e passarelas de concreto, NBR 9452/2016. As inspeções são primordiais para caracterização dos elementos constituintes da OAE e por conseguinte, sua classificação de acordo com critérios estabelecidos na norma NBR 9452/2016. Cada elemento tem sua avaliação feita de acordo com aspectos visuais específicos definidos na norma. Segundo a NBR 9452/2016 são considerados os seguintes tipos de inspeções: A inspeção cadastral é a primeira inspeção a ser realizada afim de conhecimento de toda a estrutura da obra, entre seus elementos essenciais, estão: registro fotográfico e classificação da OAE, de acordo com parâmetros estabelecidos em norma. A inspeção rotineira é inspeção de acompanhamento periódico, visual, com ou sem a utilização de equipamentos e/ou recursos especiais para análise ou acesso, realizado em prazo não superior a um ano. Na inspeção rotineira deve ser verificada a evolução de anomalias já observadas em inspeções anteriores, bem como novas ocorrências, reparos e/ou recuperações efetuadas no período. A inspeção especial deve ser pormenorizada e contemplar mapeamento gráfico e quantitativo das anomalias de todos os elementos aparentes e/ou acessíveis da OAE, com o intuito de formular o diagnóstico e prognóstico da estrutura. Pode ser necessária a utilização de equipamentos especiais para acesso a todos os componentes da estrutura, lateralmente e sob a obra e, se for o caso, internamente, no caso de estruturas celulares. A inspeção extraordinária deve ser apresentada em relatório específico, com descrição da obra e identificação das anomalias, incluindo mapeamento, documentação 28 fotográfica e terapia recomendada. Pode ser necessária a utilização de equipamentos especiais para acesso ao elemento ou parte da estrutura. As atividades tem como objetivo avaliar condições funcionais, estruturais e de durabilidade, dando subsídio ao planejamento e gestão da manutenção. 2.5.1.1 CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO DE OAE Segundo a NBR 9452/2016, as OAEs são classificadas de acordo com parâmetros estrutural, funcional e de durabilidade, além da gravidade dos problemas relacionados. Os parâmetros estruturais relacionam-se a estabilidade global da estrutura e sua capacidade de absorver as cargas para as quais foi dimensionada, de acordo com os critérios de estado limites últimos e estado limite de serviço. Os parâmetros funcionais referem-se à capacidade da estrutura de desempenhar a função para a qual foi dimensionada, ou seja, ainda que estável estruturalmente, a estrutura deve apresentar condições de uso adequadas. Nesse quesito levam-se em conta gabaritos, visibilidade, conforto e segurança aos usuários. Os aspectos de durabilidade são diretamente relacionados a sua vida útil, ou seja, o tempo em que a estrutura ainda tem capacidade de se manter em serviço garantido todos os parâmetros anteriores. São indicadores, aspectos relacionados a resistência da estrutura quanto ao ambiente local. Portanto nesse aspecto, a agressividade do meio em que a estrutura se encontra deve ser avaliada juntamente com as condições encontradas em inspeções, com o objetivo de inferir a velocidade de evolução de patologias dadas as condições. Desta forma a NBR 9452/2016 apresenta uma tabela explicitando cada nota de classificação e seu reflexo em termos de condição estrutural, funcional e durabilidade. Tabela presente no Anexo A. A NBR9452/2016 define ainda que a classificação final de uma OAE deve ser apresentada, onde são consolidadas todas as notas em relação aos parâmetros e elementos constituintes de uma OAE. A nota final de cada parâmetro corresponderá a menor nota avaliada entre os elementos que constituem a OAE. Conforme explícito na figura a seguir. 29 A NBR9452/2016 traz em seu anexo A, um roteiro básico para fichas e inspeções cadastrais, são descritos os documentos iniciais propostos tais quais dados de projetos de obra, registro de execução e alterações dadas na fase construtiva, registros de inspeções anteriores, entre outros elementos que possam fornecer mais insumos para a definição das causas e melhores tratativas. Desta forma, além da parte documental e cadastral, a norma explicita ainda as anomalias que devem ser registradas na ficha de inspeção, separadas por elementos onde elas podem ser observadas, no Anexo B. 2.5.2 INSPEÇÕES NOS APARELHOS DE APOIO Por serem elementos importantes e representativos da estrutura da ponte como um todo, os aparelhos de apoio são primordiais em uma análise de classificação de pontes. Desta forma, não podendo ser negligenciada suas implicações na estrutura global da obra. Segundo Freire e Brito (2006), a inspeção dos aparelhos de apoio não pode se limitar ao espaço onde estão posicionados e ao elemento. É necessário identificar o funcionamento geral da obra de arte estudada e verificar a compatibilidade com o comportamento atual dos aparelhos de apoio. Segundo o Departamento Nacional de Infraesturutra de Transportes (2004), os aparelhos de apoio são, em virtude de sua localização, elementos estruturais de difíceis inspeções, todavia é primordial que o seu comportamento seja acompanhado pelos inspetores de acordo com os seguintes procedimentos gerais expostos no quadro 2. Figura 10 - Modelo de ficha de classificação da OAE - Fonte: ABNT NBR 9452/2016 30 Quadro 2 - Itens a serem inspecionados - DNIT (2004) Verificações de acordo com recomendação do DNIT (2004) Inspecionar visualmente as faces acessíveis do aparelho; após alguns anos de serviço, pequenas fissuras de 2 a 3mm de profundidade e de 2 a 3mm de comprimento são toleráveis; Verificar se o aparelho de apoio foi corretamente vulcanizado e se há chapas de aço fretantes visíveis e oxidadas; Se houver deslocamento da estrutura, medir os ângulos entre as superfícies das estruturas em contato com o aparelho de apoio; Medir as alturas do aparelho de apoio nas arestas e nos pontos centrais; Medir as distorções do aparelho de apoio; Verificar se o aparelho de apoio foi deslocado de sua posição original; Verificar se há indícios da presença de óleos, graxas ou qualquer outra substância nociva ao elastômero; Verificar se há juntas de dilatação defeituosas na superestrutura, muito próximas do aparelho de apoio ou diretamente sobre o aparelho. De acordo com a NBR9452/2016, pode-se considerar como parâmetro de avaliação dos aparelhos de apoio o seguinte quadro, dado a sua condição e o cenário ao qual está exposto. Quadro 3 - Quadro de classificação dos Aparelhos - NBR9452 (2016) Condição Descrição Crítica Aparelhos de apoio e/ou seu entorno apresentam avarias com risco de colapso estrutural requerendo intervenção de reparo e/ou troca do aparelho imediata. Ruim Aparelhos de apoio e/ou seu entorno apresentam avarias que comprometem a segurança estrutural, sem risco de colapso, requerendo intervenção de reparo e/ou troca do aparelho de curto prazo. Todos os aparelhos que apresentam rompimentos com exposição de fretagem se enquadram nesta classificação. Recomenda-se acompanhamento. Regular Aparelhos de apoio e/ou seu entorno apresentam avarias que podem vir a gerar alguma deficiência estrutural, mas não há sinais de deterioração dos aparelhos, nem comprometimento da estabilidade da obra. Intervenções podem ser necessárias a médio prazo. Boa Aparelhos de apoio e/ou seu entorno não apresentam avarias. Intervenções podem ser necessárias a longo prazo. Excelente Aparelhos de apoio e/ou seu entorno não apresentam avarias e os aparelhos foram fabricados a partir de 1987 seguindo as recomendações da ABNT NBR 9783 – Aparelhos de apoio fretados. 31 De acordo com Vitório (2006) o relatório final é o fruto da vistoria e deve ser objetivo, apresentado em linguagem técnica e deve evitar longos parágrafos, priorizando ilustrações e imagens. 2.6 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM APARELHOS DE APOIO E SUAS CAUSAS As causas para a deterioração das estruturas podem ser das mais diversas, desde o “envelhecimento” natural da estrutura até mesmo a irresponsabilidade de alguns profissionais que optam pela utilização de materiais fora das especificações” (SOUZA E RIPPER, 1998) As causas das patologias nas estruturas tem origens em dois grupos, segundo Machado e Sartorti (2010) estão causas intrínsecas: referentes aos processos de deterioração inerentes à própria estrutura, ou seja, sua origem é dada na execução, utilização, por falhas humanas, etc. e causas extrínsecas: Externa ao corpo do material, “podem ser entendidas como fatores que atacam as estruturas de fora para dentro, ao longo do processo da concepção, execução ou da vida útil” 2.6.1 APARELHOS DE APOIO METÁLICOS E SUAS PATOLOGIAS Principalmente atingidos por fatores externos, os aparelhos de apoio metálicos sofrem com as condições do ambiente que estão inseridos, o quadro 4 mostra alguns casos. Quadro 4 - Manifestações Patológicas - Cordeiro (2014) Manifestações patológicas mais comuns - Aparelhos metálicos Degradação das superfícies de contato e das superfícies de deslizamento Corrosão dos elementos constituintes do apoio: placas de deslizamento, guias ou batentes Mau estado de conservação das soldas Posição incorreta e eventual deformação de elementos de rotação Existência de fissuras de algum elemento constituinte do AA Capacidade de rotação ou deslocamento horizontal ultrapassada Arqueamento da chapa de deslizamento 32 Entre a principal causa, segundo Lourenço e Mendes (2009), é motivada além da umidade, por gases corrosivos como gás carbônico, anidrido sulfuroso e amônia. Pode-se observar a corrosão na figura 11. 2.6.1.1 CAUSAS DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM APARELHOS METÁLICOS De acordo com Cascudo (1997), a corrosão pode ser classificada segundo a natureza do processo, em corrosão química, ou simplesmente oxidação, não provocando deterioração substancial das superfícies metálicas. Já a corrosão eletroquímica traz problemas para as estruturas e normalmente ocorre em meio úmido, como resultado de formação de uma pilha, com eletrólito e diferença de potencial entre trechos da superfície metálica. Além da corrosão, ainda é latente que a falta de limpeza do local, pode ocasionar limitação de movimentos. Pode ser visto um exemplo na figura a seguir, onde há limitação de movimentos. Figura 11 - Aparelho de apoio metálico deslizante com limitação de movimento - Lourenço e Mendes (2009) 33 2.6.2 APARELHOS DE APOIO DE CONCRETO E SUAS PATOLOGIAS Estando caindo em desuso devido as manifestações patológicas e seus dificultados tratamentos, mas principalmente pela difusão dos aparelhos de apoio de neoprene. Os aparelhos de apoio de concreto sofrem tanto com a causa intrínseca como a extrínseca. É muito comum observar falha humana na execução de estruturas de concreto, além das comuns patologias desenvolvidas por aspectos externos. O quadro 5 mostra manifestações patológicas comuns em apoios de concreto. Quadro 5 - Manifestações Patológicas em AAs de Concreto - Cordeiro (2014) Manifestações patológicas mais comuns - Aparelhos de concreto Esmagamento ou fissuração dos cantos Corrosão das armaduras Inclinação excessiva Aparecimento de fendas, fissuras e perda de secção. As patologias nas estruturas de concreto são evidenciadas por trincas, fissuras e corrosão de armações de vários tipos; as trincas e fissuras são comuns nas estruturas de concreto e são resultantes da fragilidade do concreto, material não resistente à tração e que colapsa repentina e explosivamente. A figura 13 exemplifica as patologias nesse caso. Figura 12 - Obstrução impedindo o deslocamento - Freire e Brito (2006) 34 Entretanto, seu número, localização e abertura são fatores decisivos para degradação das estruturas (CÁNOVAS, 1988). A manifestação de fissuras é indício de que a estrutura perde sua durabilidade e o nível de segurança, comprometendo sua utilização tanto na redução de sua vida útil quanto no prejuízo ao seu funcionamento e estética, podendo causar a corrosão da armadura, quando estas se encontram em ambiente agressivo (CARMONA FILHO, 2005). Outro fator patológico é comum no concreto é a desagregação, visto na figura 14, que consiste na deterioração do concreto por separação de suas partes. (LANER, 2001). Figura 13 – Manifestações patológicas em articulações de concreto - DNIT (2004) Figura 14 - Desagregação do concreto na região do apoio - http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/160/artigo287763-2.aspx (2019) 35 2.6.2.1 CAUSA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM APARELHOS DE CONCRETO Segundo Souza et al (1998), as fissuras por deficiências de projeto são aquelas decorrentes de erros em dimensionamento de elementos estruturais ou, então, por falta de detalhamento destes projetos para a orientação da execução. São erros que, normalmente, resultam na manifestação de fissuras nas estruturas. Segundo Laner (2001), as falhas em instalações de drenagem, são fatores que também influenciam na degradação do concreto e das armações. Por esse motivo, elas devem ser evitadas para que, de fato, não se deixe água acumular em pontos críticos como, por exemplo, encontros de apoio de vigas, nos caixões, nos encontros com tabuleiros, na pista de rolamento, nos aparelhos de apoio, entre outros. Segundo Bauer (1994), as falhas na concretagem é um fator preocupante para os engenheiros, podendo haver segregação dos materiais do concreto na hora de seu lançamento, o que pode gerar diversas falhas posteriores na estrutura. Por esse motivo, devem existir procedimentos para evitar essas falhas, lançando o concreto logo após o amassamento num intervalo de no máximo 1 hora, e a altura de queda livre do concreto não podendo ultrapassar 2 metros de altura. 2.6.3 APARELHOS DE APOIO DE NEOPRENE E SUAS PATOLOGIAS Ainda que apresente excelente desempenho em relação a outros tipos de AAs, principalmente quando carente de manutenção, o aparelho de neoprene também exige alguns cuidados. Por ter um processo de fabricação controlado em laboratório, o aparelho de neoprene, tem minimizadas as patologias oriundas de causas relacionadas ao material, se tiverem todas as especificações sido seguidas. As causas intrínsecas de material, são combatidas pelos ensaios previstos na NBR 19783/2015, onde estão previstos além de 36 diversos ensaios feitos em laboratórios do AA afim de validar o processo de fabricação de um lote, as especificações a serem seguidas em sua fabricação. Quadro 6 - Manifestações Patológicas em Aparelhos de Neoprene - Cordeiro (2014) Manifestações patológicas mais comuns - Aparelhos de Neoprene Distorção elevada do Neoprene; Fissuração ou fluência no Neoprene Desligamento da zona de contato da estrutura Compressão elevada no Neoprene Perda da capacidade de serviço e de distorção Variações na espessura da camada de borracha Descolagem da vulcanização das chapas interiores Degradação das chapas de deslizamento, das guias ou dos batentes Oxidação dos elementos de aço 2.6.3.1 CAUSAS DAS PRINCIPAIS PATOLOGIAS EM APARELHOS DE NEOPRENE Todavia, de acordo com DNER (2006) entre as causas da diminuição da vida útil, mais comuns em aparelhos de apoio estão listadas no quadro a seguir. Quadro 7 - Causas mais comuns de manifestações patológicas – DNER (2006) Causas mais comuns das manifestações patológicas Danos intrínsecos não detectados durante a instalação; Assentamento irregular, provocando uma sobrecarga adicional localizada; Deslocamentos, rotações e cargas em serviço muito superiores aos estimados; Agressividade não prevista do meio ambiente; Ataque por produtos químicos; Mal assentamento no berço. 37 2.7 TRATATIVAS PARA AS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM APARELHOS DE APOIO A tratativa de uma manifestação patológica deve ser feita de acordo com o relatório de inspeção, condição e definição das causas da dada manifestação. A figura a seguir apresenta alguns tipos comuns de métodos de reparação de acordo com cada patologia em aparelhos de apoio de modo geral, sem distinção de material. Figura 15 - Tratativas para algumas manifestações - Cordeiro (2014) Em virtude das dificuldades e dos custos da substituição dos aparelhos de apoio, as deficiências anteriores tem sido abrandadas, desta forma o DNIT (2006) afirma que “se há uma separação nítida entre a superestrutura e a mesoestrutura ou infra-estrutura, se as deficiências do aparelho de apoio não causam prejuízos ao comportamento da estrutura e 38 se não há trincas ou fissuras localizadas na região do apoio, em princípio, pode-se adiar a substituição do aparelho de apoio dependendo, porém, dos resultados de verificações estruturais e de uma inspeção minuciosa”. 2.7.1 TRATATIVAS PARAS AS CAUSAS ENCONTRADAS EM APARELHOS DE APOIO METÁLICOS Devido à grande ação da corrosão em estruturas metálicas como um todo, o cuidado anticorrosivo é a tratativa mais importante. Portanto, quando sua presença em uma estrutura, é essencial que, já na sua execução, sejam lançados produtos preventivamente, para coibir a corrosão do material metálico. O DNIT (2006) recomenda os seguintes tratamentos, em qualquer altura da vida útil do material, expostos no quadro a seguir. Quadro 8 - Trativas contra a corrosão - DNIT (2006) Tratamento de aparelho de apoio. DNIT (2006) Deve-se fazer a limpeza por jateamento; Aplicação de epóxi primer anti-corrosivo de zinco; Aplicação de duas camadas de revestimento com pintura epóxica de alta dureza; As superfícies deslizantes (articulação móvel) devem ser engraxadas com graxa a base de silicone e as superfícies de contato com o concreto recebem a pintura somente em sua periferia, obedecendo à largura mínima de 50 mm. 2.7.2 TRATATIVAS PARAS AS CAUSAS ENCONTRADAS EM APARELHOS DE APOIO DE CONCRETO Por se tratarem de estrutura monolítica de concreto, os seus reparos se dão de acordo com a norma vigente para estruturas de concreto. Helene (1992) defende que o preparo e limpeza do substrato de forma inadequada, pode comprometer integralmente o reparo, por melhor que sejam os materiais posterioremente empregados. 39 O preparo do substrato do concreto é adequado com a escarificação manual ou mecânica, tanto em superfície seca, quanto úmida. Já a limpeza, só deve ser feita com soluções aquosas se a superfície já estiver úmida, ademais, deve-se priorizar um fato de ar comprimido, por exemplo. Normalmente, são utilizados argamassas poliméricas e/ou tixotrópicas para melhor agilidade e trabalhabilidade durante o reparo. 2.7.3 TRATATIVAS PARAS AS CAUSAS ENCONTRADAS EM APARELHOS DE APOIO DE NEOPRENE De acordo com essa inspeção e verificados a situação da estrutura pode-se decidir pela manutenção do aparelho de apoio em uso ou sua substituição, sendo a tomada de decisão complexa, levando em conta o processo de substituição, custos e disponibilidade para a operação. CORDEIRO (2014) Por ser uma estrutura sintética, de fabricação específica, é mais comum que, caso apresente anomalias, este seja substituído por um novo aparelho. Exceto pelo caso de posicionamento incorreto de aparelhos de apoio ou deslocamento de uma chapa deslizante de teflon, por exemplo. Portanto, a não ser que a causa da patologia seja um posicionamento incorreto em projeto ou um deslocamento indevido pontual, sem dano permanente ao aparelho de apoio, as tratativas abordadas podem ser duas: Substituição do elemento ou monitoramento contínuo até que as anomalias justifiquem a intervenção para substituição. A substituição dos aparelhos de apoio é uma operação de grande complexidade e deve ser realizada com todos os cuidados necessários para evitar qualquer dano na estrutura. São diversos os aspectos que devem ser alvo de especial atenção neste procedimento. Deve ser elaborado um plano executivo de substituição de aparelhos de apoio de forma que este plano contemple informações sobre carga e posicionamento do cilindro hidráulico, levando em conta o peso da estrutura, deslocamentos admissíveis e procedimentos de tratamento do entorno. 40 3. ESTUDO PRÁTICO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS, SUAS CAUSAS E TRATATIVAS Dada a importância do MetrôRio para a sociedade no Rio de Janeiro, é essencial que todo o sistema funcione de maneira contínua, pois não há margem para suportar grandes interrupções no serviço. A operação comercial dos trens é a prioridade quanto o objetivo da empresa é facilitar a vida dos seus clientes, proporcionando um transporte de qualidade, entretanto, é fato que a manutenção é um elemento essencial para que o serviço seja prestado com qualidade, pontualidade e confiabilidade. Desta forma, a manutenção do MetrôRio funciona hoje, em regime contínuo, 24hs por dia. Durante a operação diária, são realizados os serviços que são possam coexistir com a operação, sem trazer impactos e atrasar ou impedir a circulação dos trens. Normalmente esses são serviços de baixa complexidade que não possam interferir nos serviços ao passageiro e/ou que possam ocorrer fora das vias, desde que não tenham potencial de impacto no serviço de passageiros. Desta forma, é um desafio contínuo para gestão da manutenção de forma eficiente, compatibilizar prioridades de manutenção, pois mesmo que haja recursos disponíveis, deve haver planejamento prévio e envolvimento de outras áreas para viabilização de um serviço. Toda manutenção que pode ter algum impacto a operação comercial ou que requer acesso a via, ocorre no que se chama de janela de manutenção: Uma faixa de tempo, entre o final da operação comercial de um dia e o início da operação do dia seguinte. Normalmente essa janela ocorre na faixa de tempo entre 1:30 e 3:30, pois há todo um procedimento de segurança a ser cumprido. Portanto, o tempo é um recurso escasso para a manutenção de elementos que tenham qualquer tipo de interferência com a via. Para o caso dos objetos em estudo nesse trabalho, isso não representa necessariamente uma particularidade, pois em pontes rodoviárias usualmente a obra de arte especial é tirada da condição de serviço para executar a manutenção nos aparelhos de apoio. Todavia, no âmbito rodoviário é possível remanejar rotas de forma que seja possível aos usuários desse sistema chegarem ao seu destino. Em ferrovias de carga, devido ao maior headway entre os veículos, é possível planejar a operação em uma janela maior, onde planeja-se um “apagão” naquele trecho de ferrovia, isto é, nenhum trem passará naquele trecho por um dado período de tempo necessário para execução de manutenção. 41 Apesar de não ter sido abordado em nenhum momento o aspecto da segurança, está intrínseco em todo sistema onde há interface com pessoas e onde a confiabilidade dos sistemas está diretamente ligada a segurança. Portanto, a despeito da escassez de tempo e exigência de confiabilidade alta no sistema, o planejamento é essencial para que se atue sempre de forma preventiva do sistema, devido a todas as peculiaridades descritas acima em relação a uma operação comercial metroferroviária. 3.1 ESTRUTURA DA MANUTENÇÃO Como explicitado pela NBR ISO 55000, é essencial que todos os ativos alvos de manutenção sejam conhecidos e cadastrados, para assim efetuar um melhor controle e planejamento de todas as ações referentes aos cuidados com a manutenção, além de sob o cadastro, guardar informações sobre suas condições e manutenções ocorridas. Todos os ativos do MetrôRio são catalogados segundo uma árvore de ativos, que tem como objetivo dar visão geral, guardar todo histórico de intervenções, corretivas ou preventivas, e planos de manutenção vigentes aliados a cada grupo de sistemas e equipamentos. Desta forma, os aparelhos de apoio estudados nesse trabalho, estão sob o sistema estruturas. Buscando maior eficiência, menor custo e maior confiabilidade no sistema, MetrôRio executa planos de manutenção preventiva para cada grupo de estruturas que requerem mesmo nível de atenção e tem o mesmo nível de comportamento em termos de exigência de disponibilidade, confiabilidade, entre outros. O sistema de estruturas tem comportamento distinto em relação a outros sistemas, principalmente na adequação do conceito de falhas. A preventiva desse sistema tem como principal característica, não a troca de componentes ou medições como ocorre em sistemas mecânicos ou eletroeletrônicos, mas a inspeção da condição dos ativos. Desta forma, a maioria dos planos de manutenção dizem respeito a inspeções visuais nos ativos e, ao identificação de uma possível manifestação patológica, uma nota corretiva é aberta para tratar a estrutura e mitigar sua degradação. Portanto, grande parte das estruturas são tratadas de acordo com planos de manutenção, que geram inspeções periódicas as estruturas, permitindo assim, seu acompanhamento. Entretanto, devido a peculiaridades do sistema, alguns elementos de 42 estruturas não são facilmente inspecionados, tem difícil acesso ou até mesmo exigem uma atenção especial, desta forma, campanhas específicas acontecem para avaliar o ativo da melhor forma, que é o caso dos aparelhos de apoio. 3.2 INSPEÇÕES NOS APARELHOS DE APOIO Toda estrutura civil sob a malha metroferroviária está sob responsabilidade de manutenção do MetrôRio. Entre os principais ativos estão as obras de artes especiais. Entre as principais estruturas desse nicho estão os elevados entre a estação Cidade Nova e São Cristóvão, a ponte estaiada, sobre o canal de Marapendi e o maior elevado em extensão do metrô que tem início na estação de Triagem e se prolonga até Maria da Graça. Os elevados entre São Cristóvão e o Centro de Manutenção do MetrôRio e entre a estação de Triagem e Maria da Graça são os mais antigos do sistema, tendo sua construção datada do final da década de 70, ou seja, cerca de 35 anos de operação. Objeto de estudo desse trabalho, os aparelhos de apoio e seu entorno podem trazer informações importantes quanto a condição de cada estrutura. Foi realizada uma campanha de inspeções específicas para os aparelhos de apoio de cada estrutura. Foi realizada, como insumo para tomada de decisão sobre a manutenção, a inspeção de 1228 aparelhos de apoio de neoprene ao longo de toda estrutura metroferroviária e suas OAEs. As inspeções foram realizadas por técnicos especializados utilizando o método visual, a olho nu, e o acesso foi feito por escadas com alcance de 9,00 metros de altura. Os trabalhos de campo foram acompanhados por um profissional especializado em segurança do trabalho, todos os procedimentos de segurança foram cumpridos de acordo com a legislação vigente. Nenhum aparelho foi enquadrado na Classe Excelente por terem mais de 30 anos e não terem sido fabricados segundo a ABNT NBR 9783/87 – Aparelhos de apoio fretados. Foram seguidas as recomendações de inspeções dadas pelo DNIT no quadro 2. As informações de campo foram lançadas em um formulário específico, Anexo C, para este serviço onde podem ser observadas as seguintes informações, expressas no quadro a seguir. 43 Quadro 9 - Informações das Fichas cadastrais do aparelho de apoio Campos da ficha de inspeção dos aparelhos de apoio Dados cadastrais; Data da inspeção; Identificação da OAE, do pilar e do aparelho de apoio; Posição do aparelho; Dimensões do aparelho; Registro fotográfico; Condições gerais do aparelho indicando as anomalias, por face; Comentários finais; Terapias recomendadas; Ações de manutenção recomendadas; Conclusão e justificativa em relação à necessidade de troca do aparelho; Recomendação de monitoramento. Durante o planejamento das inspeções, já era de conhecimento comum que diversos aparelhos de apoio não teriam sua inspeção completa por motivos externos, como por exemplo, edificações construídas sob o viaduto utilizando a estrutura do próprio elevado como um dos elementos da edificação, ou até mesmo regiões do elevado que ultrapassam zonas dominadas pelo crime organizado, tornando inseguro o processo de inspeção. Portanto, vale ressaltar que mesmo com todo o planejamento e busca por informações para a definição da melhor solução de manutenção possível, por vezes, o tratamento das OAEs acaba sendo sobreposto por situações externas, fora do controle dos gestores da manutenção. 3.2.1 ELEVADO CNV - SCR O Elevado Antigo está localizado entre o Centro de Manutenção – CM e a estação de São Cristóvão (posteriormente, também houve a ligação do elevado com a estação Cidade Nova). O elevado antigo tem comprimento total de 970m e é constituído por 30 vãos, sendo 4 vãos com 4 vigas longarinas, 1 vão com 3 vigas longarinas e 25 vãos com 2 vigas longarinas. Os tabuleiros estão assentados sobre 28 pilares e sobre dois encontros estaqueados nas extremidades longitudinais, constituindo vãos isostáticos. Na interface viga x pilar e viga x encontro existem aparelhos de apoio em neoprene fretado, com dimensões regulares de 700 x 250 x 40 mm. 44 Neste elevado, foram avaliados 30 pilares e 138 aparelhos de apoios, sendo que dois não foram vistoriados por estarem encobertos. Constatou-se que, de acordo com a avaliação proposta no quadro 3, a maioria dos aparelhos de apoio (79 unidades) inspecionada nesta etapa foi enquadrada como tendo estado de conservação Regular (57%). Os aparelhos de apoio enquadrados com estado de conservação Ruim totalizam 57 unidades (41%), conforme expresso no quadro a seguir. 3.2.2 ELEVADO TRG – MGR O Elevado, em sua maioria, está localizado entre as estações Triagem (TRG) e Maria da Graça (MGR), e inicia após a saída do túnel Bernold ao lado da vila olímpica da Ruim; 57; 42% Regular; 79; 58% Condição dos aparelhos de apoio - Elevado Antigo CNV - SCR Ruim Regular Figura 16- Trecho do elevado CNV - SCR - Altura Praça da Bandeira - GoogleEarth (2018) Figura 17 - Condições dos aparelhos de apoio - CNV -SCR 45 Mangueira. Após chegar a estação de Triagem o elevado segue em direção à Maria da Graça. O Elevado tem comprimento total de 2.925 metros e é formado por 84 vãos, em sua maioria com 4 vigas longarinas pré-moldadas cada, com aparelhos de neoprene fretado com dimensões 750 x 200 x 40 mm. Neste elevado, foram avaliados 361 aparelhos de apoio, sendo que 37 pilares não foram inspecionados pois se encontravam em área de risco onde o acesso poderia colocar em risco a equipe de vistoria. Constatou-se que, de acordo com a avaliação proposta no quadro 3, a maioria dos aparelhos de apoio (269 unidades) inspecionada nesta etapa foi enquadrada como tendo estado de conservação Regular (72%). Os aparelhos de apoio enquadrados com estado de conservação Ruim totalizam 78 unidades (21%), 9 unidades (3%) foram considerados em Bom estado de conservação e 5 aparelhos de apoio (1%) considerados Críticos, expressos na figura a seguir. Figura 18 - Trecho do elevado entre TRG - MGR - Próximo do Bairro Jacarezinho - Google Earth (2018) 46 3.3 IDENTIFICAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS E SUAS CAUSAS Os aparelhos de apoio de neoprene fretado representam grande parte do parque de aparelhos instalados nas OAEs do MetrôRio, portanto, o objetivo do trabalho serão as manifestações abordadas sobre esse tipo de aparelho. Existe um consenso atual que a vida útil dos aparelhos de neoprene fretado é de 25 anos, embora não haja literatura ou estudo científico consolidado a respeito da efetiva vida útil desses elementos. Há, entretanto, alguns indicativos sobre quando devem ser substituídos por novos, evitando assim problemas relacionados com a restrição de movimentos. Portanto, é esperado que dentro desse período de tempo, haja algum tipo de manifestação patológica no elemento. Em um primeiro momento, considerou-se que não seria necessário a substituição desses aparelhos considerando suas condições. Entretanto, considerando-se o tempo de serviço, cerca de 30 anos, considerou-se razoável a elaboração de um planejamento para o acompanhamento das condições dos aparelhos de apoio e do seu entorno. Recomenda-se para estes casos uma inspeção de rotina anual para acompanhamento da evolução das anomalias, conforme exigência da NBR 9452/2016 (Inspeção de pontes de concreto), Crítica; 5; 1% Ruim; 78; 22% Regular; 269; 75% Boa; 9; 2% Condições de aparelho de Apoio Elevado TRG - MGR Crítica Ruim Regular Boa Figura 19 - Condições dos aparelhos de apoio - TRG - MGR 47 quando será reavaliado, caso a caso, a necessidade e o momento mais oportuno para a troca ou não do aparelho de apoio. 3.3.1 BOJAMENTO A anomalia mais recorrente encontrada foi o “bojamento” ,mostrado da figura 20, que é o volume expelido de elastômero que toma a forma abaulada em suas laterais. O bojamento pode ser considerado normal quando a deformação do aparelho é temporária. Quando ele é permanente deve ser considerado uma anomalia, estando relacionada com falha no dimensionamento do aparelho para resistir às forças de compressão que atuam sobre as placas de neoprene fretado. Apesar de não ser uma manifestação patológica preocupante a ponto de uma degradação rápida do aparelho ou do seu entorno, é um primeiro sinal de que o aparelho está chegando ao seu limite de uso, devido as suas deformações. A causa mais comum dessa manifestação patológica é o tempo de uso do aparelho de apoio. Caso o bojamento se dê em fase primitiva da vida, explicitam-se possíveis causas intrínsecas de falha no material do aparelho de apoio. Os bojamentos dos aparelhos mais antigos fissuram-se devido a oxidação e ressecamento da borracha com o passar do tempo. Figura 20 - Aparelho de apoio apresentando bojamento – 2018 48 3.3.2 FISSURAS A segunda manifestação patológica mais comum nos aparelhos de apoio de neoprene são as fissuras no aparelho de apoio, mostradas na figura a seguir. São comuns e até toleráveis, após alguns anos de serviço. O próprio DNIT (2006) apresenta margem de tolerância das fissuras encontradas: Inspecionar visualmente as faces acessíveis do aparelho; após alguns anos de serviço, pequenas fissuras de 2 a 3mm de profundidade e de 2 a 3mm de comprimento são toleráveis; Novamente, a causa mais comum dessa manifestação patológica é o tempo de uso do aparelho de apoio. Caso as fissuras se dêem em fase primitiva da vida, explicitam-se possíveis causas intrínsecas de falha no material do aparelho de apoio, ou, caso comprovado in loco, a classe de agressividade do seu entorno. Como dito, o ressecamento da superfície, faz com que o bojamento evolua para uma fissura. A falta de limpeza ou ataque químico devido a fezes de pombos, por exemplo, podem potencializar o ataque a borracha superficial. Durante as inspeções, todas as fissuras encontradas foram medidas, para verificar seu avanço em frentes de inspeções posteriores. 3.3.3 FRETAGEM EXPOSTA Figura 21 - Fissuras do aparelho de apoio de Neoprene - Arquivo MetrôRio, 2018 49 O avanço das fissuras permite a agressão do meio ambiente as folhas metálicas vulcanizadas junto ao neoprene, vide figura a seguir. Normalmente protegidas do meio ambiente pelo cobrimento de neoprene, as chapas de fretagem expostas estão muito mais vulneráveis a corrosão e por conseguinte, perderão sua capacidade de fretagem, junto as placas de neoprene, reduzindo a capacidade do aparelho de apoio de movimentar-se e guardar as condições do apoio. Desta forma, é uma manifestação patológica mais grave e precisa de acompanhamento periódico. Influencia no processo de corrosão das fretagens a presença de umidade nas adjacências dos aparelhos, sendo esta situação muito recorrente, uma vez que a juntas de dilatação não são vedadas, e por vezes, o sistema de drenagem insuficiente. 3.3.4 DEGRADAÇÃO DA VIGA LONGARINA As manifestações patológicas anteriormente expostas, quando agravadas, ocasionam o mau funcionamento do vínculo de apoio projetado. Desta forma, começam a serem observadas manifestações patológicas no entorno do aparelho de apoio, representando assim, maior risco estrutural para a obra de arte como um todo. A degradação das vigas longarinas, mostrada da figura 23, com destacamentos de concreto com exposição de armaduras em processo de corrosão, localizadas nas Figura 22 - Fretagem exposta e sob corrosão - 2018 50 adjacências dos aparelhos comprometem a segurança estrutural, porém podem ser tratados se diagnosticados antes do da corrosão avançada da armadura, não trazendo risco de colapso. Portanto, a causa da manifestação patológica sobre o aparelho de apoio já não é mais preponderante para a tratativa, visto que a tratativa mais importante e urgente é a da estrutura ao entorno do aparelho, já condenando as condições de utilização do aparelho existente no local. 3.3.5 DEGRADAÇÃO DO BERÇO (PLINTO) Também representa uma anomalia no entorno do aparelho de apoio, porém causada pelo mau funcionamento do elemento, conforme figura a seguir. Análogo a manifestação patológica nas vigas longarinas, é oriunda de um mau funcionamento do vínculo de apoio entre a superestrutura e a mesoestrutura do elevado. A tratativa, além da substituição do aparelho de apoio, deve contemplar o reforço do plinto. Todas as anomalias encontradas, tem potencial de ampliação e degradação da estrutura global, sendo possível até mesmo o comprometimento da estabilidade de toda a estrutura. Desta forma, além da substituição dos aparelhos de apoio críticos, o seu mau funcionamento exige o tratamento das estruturas adjacentes. Figura 23 - Degradação da Viga Longarina 51 E onde os aparelhos não se encontram em estado de degradação mais ampla, ainda guardando a separação entre as estruturas e sem danos para seu entorno, as tratativas podem ser postergadas. 3.4 SOLUÇÃO PRÁTICA DE TRATATIVA – SUBSTITUIÇÃO DE APARELHO DE APOIO Completando o ciclo da manutenção, após catalogar todas as estruturas, avaliar as condições e classificar de acordo com a necessidade de intervenção, as manutenções corretivas ocorrem a fim de minimizar as anomalias apresentadas na estrutura e, se possível impedir que elas ocorram novamente. Além de mais onerosa, em função de, comumente, ocorrer em maior escala, e dependendo da urgência da intervenção, uma manutenção não planejada traz custos não previstos em fases de orçamento, por exemplo. Vale lembrar, que os aparelhos de apoio não substituídos nessa campanha, continuarão sendo monitorados periodicamente, sob mesmo modelo de inspeção descrito no presente trabalho. Desta forma, haverá acompanhamento contínuo, permitindo avaliar o avanço das manifestações patológicas encontradas. Figura 24 - Degradação severa do berço - Arquivo MetrôRio (2018) 52 Com a definição dos pilares que concentravam maior quantidade de aparelhos em piores condições, visando um melhor aproveitamento da operação, foi tomada a decisão de substituição de 12 aparelhos de apoio, sob a ótica de urgência na substituição e orçamento disponível para esse processo. Esses aparelhos de apoio foram escolhidos de forma a abranger todos os 5 aparelhos considerados críticos, Pilares P64, P65 e Encontro E1. Desta forma, uma vez considerando-se içamento das longarinas, que é a operação mais onerosa, o custo dos aparelhos de apoio é relativamente baixo para a operação como um todo, desta forma, todos os aparelhos de apoio dos dois pilares e do encontro foram substituídos. Vale lembrar que apesar de existir literatura sobre reparação in loco dos aparelhos de apoio e das anomalias encontradas nos mesmos, para a operação metroferroviária, isto acaba se mostrando pouco viável, devido a carga total do elevado, as curtas janelas de manutenção, diminuindo o tempo disponível para a manutenção e a data de construção da maioria dos elevados que não preveem pontos de apoio para levantamento do tabuleiro desta forma, tornando as operações maiores e mais longas. Ou seja, no estudo de caso, sempre fora recomendada, em caso de comprometimento da parte estrutural, a substituição ou o monitoramento do aparelho. Isto ocorre pois, caso se opte por efetuar qualquer mudança de posicionamento no aparelho de apoio, ou tratamento in loco, o içamento de viga ou de seção celular se faz necessário, operação essa, a mesma necessária para a substituição de um aparelho de apoio por um em início
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