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Monografia Lavagem de Dinheiro no âmbito do futebol

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS 
FACULDADE DE DIREITO 
 
 
 
CAMILA FARIAS VILLELA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LAVAGEM DE DINHEIRO NO ÂMBITO DO FUTEBOL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPINAS 
2020 
 
 
 
 
 
CAMILA FARIAS VILLELA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LAVAGEM DE CAPITAIS NO ÂMBITO DO FUTEBOL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Pontifícia Universidade 
Católica de Campinas, Faculdade de Direito, como 
requisito parcial à obtenção do título de bacharel em 
Direito, sob a orientação do Professor Doutor José 
Guilherme Di Rienzo Marrey. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPINAS 
2020 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço, primeiramente, a Deus por me proporcionar perseverança durante 
toda a minha vida e, a pessoa que mais me inspirou na vida e me tornou apaixonada 
por futebol, meu falecido avô Bráulio Menezes de Farias, que hoje estaria muito 
orgulhoso de me ver concluindo o curso, aprovada no exame da Ordem e escrevendo 
sobre uma de suas paixões, o futebol. 
 
Sou grata aos meus pais, Cleber e Ana Paula, por sempre me incentivarem e 
acreditarem que eu seria capaz de superar os obstáculos que a vida me apresentou. 
Aos meus tios Maria Teresa e José Carlos Ribeiro, que me acolheram como filha no 
início da graduação e sempre me apoiaram nessa jornada. Meus avós, tios e primos 
que sempre torceram pelo meu sucesso. 
 
Agradeço meu orientador, José Guilherme Di Rienzo Marrey por ser profissional 
exemplar e me indicar a direção correta que o trabalho deveria tomar, e demais mestres 
do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Aos meus colegas 
de curso, pelas trocas de ideias e ajuda mútua, juntos conseguimos avançar e 
ultrapassar todos os obstáculos. 
 
Sou grata a duas profissionais, Paula Mascari e Renata Pompeu, com as quais 
tive a honra de estagiar e aprender muito sobre o direito e além dele. Também 
agradeço as minhas amigas e colegas de profissão Laís Mello e Thalita Oliveira que 
sempre me ajudaram do início ao fim deste projeto de pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Cascalho. Tostão. Arame. Gaita. Tutu. Grana. Pila. Prata. Mango. 
Dimdim. Dinheiro. É o que separa os ricos dos pobres. 
Mas o que é dinheiro? É tudo para quem não o tem, não é? 
Metade dos americanos tem mais dívida no cartão do que dinheiro 
na poupança e 25% não têm poupança. E só 15% da população 
poderá bancar ao menos um ano de aposentadoria. O que isso 
sugere? Que a classe média está evaporando? Que o sonho 
americano morreu? [...]”. 
Ozark, 2017 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem o objetivo de debater sobre os aspectos e os impactos 
da prática de lavagem de dinheiro, como ocorre dentro do meio futebolístico e, qual a 
interferência do Estado e dos órgãos reguladores. Além de discutir como o crescimento 
dos investimentos no esporte influenciam na prática delituosa e, como os agentes 
agem. A monografia foi elaborada baseada no método de pesquisa explicativo, 
analisando casos, julgados, legislação, artigos e, conectando as ideias e fatores 
identificados, para compreender determinado fenômeno. Conclui-se desse modo, que 
cristalina é a necessidade do coibir a prática de lavagem de capitais nos diversos 
setores da economia, dentre eles o esporte, em especial o futebol. O bem jurídico 
tutelado pelo crime atinge o Estado, o mercado financeiro, bem como toda a 
coletividade, que é lesada com desvios, e outras práticas relacionadas à lavagem de 
dinheiro. 
 
Palavras-chave: Crimes financeiros. Lavagem de capitais. Lavagem de dinheiro. 
Futebol. Cristalina. 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 01 – Maiores passes de jogadores no mundo.....................................................21 
Tabela 02 – Maiores passes de jogadores no Brasil.......................................................21 
Tabela 03 – Dívidas dos clubes brasileiros.....................................................................24 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7 
I. CONCEITO DE LAVAGEM DE CAPITAIS, ORIGEM HISTÓRICA E EVOLUÇÃO ..... 9 
1.1. Conceito de Lavagem de dinheiro ................................................................. 9 
1.2. Origem e evolução ...................................................................................... 10 
1.3. Origem do termo ......................................................................................... 11 
II. AS FASES DO CRIME DE LAVAGEM DE CAPITAIS ........................................... 13 
2.1 Colocação/Ocultação ................................................................................... 13 
2.2. Estratificação ou escurecimento ................................................................. 14 
2.3. Integração ou lavagem propriamente dita ................................................... 14 
III. A ESTRUTURA DO FUTEBOL ........................................................................... 16 
3.1. Estrutura Financeira do futebol ................................................................... 17 
3.2. Estruturação do Futebol no Brasil ............................................................. 17 
IV. VULNERABILIDADES DO FUTEBOL ................................................................ 19 
4.1. Os Altos Valores Transacionais .................................................................. 19 
4.2. Variabilidade do valor de mercado .............................................................. 20 
4.3. Informalidade do setor ................................................................................ 22 
4.4. Frágil regulamentação................................................................................. 22 
4.5. Problemas financeiros nos clubes .............................................................. 23 
IV. CASOS NO FUTEBOL BRASILEIRO ................................................................. 26 
5.1 CPI do futebol (2001) .................................................................................... 26 
5.2. Corinthians/MSI – Operação Perestroika 2007 ............................................ 28 
5.3. Caso José Maria Marin ................................................................................ 29 
5.4. Operação Arena das Dunas ......................................................................... 30 
VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 32 
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 34 
 
7 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho monográfico tem como tema analisar o delito de lavagem de 
capitais no âmbito do futebol. 
O futebol é considerado um dos esportes mais populares do mundo e o Brasil 
considerado o país do futebol. Nas últimas décadas com a crescente globalização, o 
mercado do futebol cresceu de forma astronômica, movimentando cada vez mais a 
economia, gerando desenvolvimento econômico e gerando renda para inúmeras 
famílias. Além de ser objeto de coesão social, educação, desenvolvimento pessoal e 
transmissão de valores humanos e culturais. Os esportes podem ser muito vulneráveis 
a ação de criminosos que buscam lavar dinheiro devido a altos valores transacionais. 
Este estudo tem o objetivo de debater sobre os aspectos e os impactos da 
prática de lavagem de dinheiro e como ocorre dentro do meio futebolístico, e qual a 
interferência do Estado e dos órgãos reguladores. Como o crescimento dos 
investimentos no esporte influenciam na prática delituosa, e como os agentes agem. 
Diante disso, a monografia pretende analisar de maneira introdutória a existência do 
crime de lavagem de capitais com enfoque no âmbitodo futebol e como o Estado tem 
agido perante tal prática. 
Desse modo, o presente trabalho tem como problemática do projeto o estudo do 
crime de lavagem de dinheiro e o seu nexo causal, analisando principalmente como 
agem os agentes para prática do delito de forma sorrateira dentro do ambiente do 
futebol. 
Sua principal finalidade, portanto, é ser uma fonte de pesquisa acessível aos 
operadores de direito e de órgãos reguladores, a fim de poder aprofundar no tema e, 
consequentemente, na sua aplicação. 
A monografia será elaborada baseada no método de pesquisa explicativo, 
analisando casos, julgados, legislação, artigos e, conectando as ideias e fatores 
identificados, para compreender determinado fenômeno. 
O presente trabalho será dividido em seis capítulos. No primeiro capítulo 
analisaremos a evolução histórica e o conceito de lavagem de dinheiro. No segundo 
capítulo estudaremos as fases do delito, no terceiro a estrutura do futebol, no quarto a 
8 
 
 
 
 
vulnerabilidades enfrentadas no setor, no quinto casos ocorridos no Brasil e no sexto e 
último capítulo passaremos à conclusão do presente estudo monográfico. 
9 
 
 
I. CONCEITO DE LAVAGEM DE CAPITAIS, ORIGEM HISTÓRICA E EVOLUÇÃO 
 
1.1. Conceito de Lavagem de dinheiro 
 
Advinda da expressão inglesa Money Laudering, a lavagem de dinheiro se refere 
à prática econômica de dissimular/esconder a origem ilícita de ativos e bens, de forma 
que aparentem decorrer de origem lícita, ou ao menos, torne dificultosa a comprovação 
de sua ilicitude. 
Não há conceito unívoco do delito, porém, as acepções convergem no mesmo 
sentido de se tratar de um procedimento, ou seja, um conjunto de atos, com intuito de 
caracterizar em capital lícito o de origem ilícita, em outras palavras, é esconder a 
natureza de ativos e bens providos de meios ilegais para dar aparência de licitude, com 
a intenção de dificultar e evitar a fiscalização. 
Para Isidoro Blanco Cordero, o conceito de lavagem pode ser definido como: “O 
processo em virtude do qual os bens de origem ilícita são integrados no sistema 
econômico legal com aparência de haverem sido obtidos de forma lícita”. (CALLEGARI 
apud CORDERO, 2017, p.9). 
 Organismos internacionais também têm suas definições acerca do delito, para a 
Internacional Police Organization – INTERPOL, a lavagem de dinheiro é: “Qualquer ato 
ou tentativa de ocultar ou mascarar a obtenção ilícita, de forma que aparente ter sido 
originado de fontes legitimas”.1 
Enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) a lavagem de dinheiro 
representa: “Processo pelo qual a fonte ilícita de bens obtidos ou gerados pela atividade 
criminal é ocultada para mascarar a conexão entre os capitais e o delito original”.2 
A lei nº 9.613/1998, alterada pela Lei nº 12.683, de 20123, também conceitua já 
em seu artigo primeiro, a lavagem de dinheiro como: “Ocultar ou dissimular a natureza, 
 
1
 INTERNATIONAL POLICE ORGANIZATION – INTERPOL. Money laudering. Lyon. 2012. Disponível em 
<http://www.interpol.int/crime-areas/financial-crime/money-laudering>. 
2
 INTERNATIONAL MONETARY FUND – IMF. The IMF and the figth against Money laundering and the 
financing of terrorismo. Washigton. 2012. Disponível em 
<http://www.imf.org/external/npexr/facts/aml.htm>. 
3
 A lei nº 9.613/1998 dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores; a 
prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de 
Controle de Atividades Financeiras - COAF, e dá outras providências. Enquanto a lei nº 12.683/2012 
http://www.interpol.int/crime-areas/financial-crime/money-laudering
http://www.imf.org/external/npexr/facts/aml.htm
10 
 
 
origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou 
valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal”. 
A redação anterior do dispositivo legal indicava um rol taxativo bastante estreito, 
o qual elencava como geradores de produtos para lavagem: tráfico de drogas, 
terrorismo e seu financiamento, contrabando ou tráfico de armas e correlatos, extorsão 
mediante sequestro, crimes contra a administração pública, sistema financeiro nacional, 
e aqueles praticados por organização criminosa, ou por particular contra a 
administração pública estrangeira. Com a alteração qualquer tipo de infração pode ser 
passível de lavagem. 
 
1.2. Origem e evolução 
 
A prática de lavar dinheiro existe há muito tempo nas mais diversas partes do 
mundo, ainda na Idade Média houve a proibição da usura pela Santa Igreja4, 
considerando-a também como um pecado mortal, isso incentivou a pratica de meios 
ardilosos por parte dos profissionais do comércio, que criaram novos mecanismos de 
crédito e inventaram uma variedade de práticas para ocultar valores, pode-se 
considerar que tais métodos são os antecedentes das modernas técnicas de ocultação, 
deslocamento e lavagem de dinheiro, pois o objetivo era ocultar completamente ou 
disfarçar sua origem, fazendo-as parecer algo que não eram. 
Ainda, alguns autores remetem as primeiras histórias da lavagem de dinheiro no 
século XVII, na Inglaterra, através da pirataria, a prática se dava quando piratas 
forneciam mercadorias roubadas para navios americanos, que vendiam esses produtos 
e, dessa forma, os piratas conseguiam integrar o dinheiro de origem ilícita.5 
 
altera a Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, para tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes 
de lavagem de dinheiro 
4
 FARIAS, Marcelo Santana. Combate à lavagem de dinheiro é única maneira de enfrentar o crime 
organizado. 2018. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-mai-21/farias-historico-importancia-
combate-lavagem-dinheiro>. Acesso em: 10 de fevereiro de 2020. 
5
 AML CONSULTING (Brasil). Lavagem de dinheiro: sempre existiu, foi tipificado há quase 40 anos e só 
agora os brasileiros descobriram o que é. Disponível em: <https://www.amlreputacional.com.br/editorial/ 
lavagem-de-dinheiro-sempre-existiu-foi-tipificada-ha-quase-40-anos-e-so-agora-os-brasileiros-
descobriram-o-que-e/>. Acesso em: 02 de março de 2020. 
11 
 
 
A sua criminalização positivada, surgiu apenas após os anos 70 com a inserção 
do art. 648-bis no Código Penal Italiano após a promulgação do Decreto-Lei n º 59 de 
21 de 1978. O Decreto, posteriormente convertido na lei, criminalizou a conduta de 
substituir dinheiro ou valores advindos de certos atos ilícitos (roubo qualificado, 
extorsão qualificada ou extorsão mediante sequestro) por valores ou dinheiro que 
tivessem um aparente aspecto de legalidade. 6 
Já nos Estados Unidos, foi com a Lei Rico (Racketeer Influenced Corrupt 
Organization Act) que o delito passou a ser efetivamente criminalizado no ordenamento. 
Em nível mundial, foi apenas na Convenção da Organização das Nações Unidas 
contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes de Substancias Psicotrópicas, conhecida 
como Convenção de Viena, a qual difundiu a criminalização do delito de lavagem de 
dinheiro realizada em 1988, e ratificada pelo Brasil, através do Decreto 154 de 
26.06.1991. 
 
1.3. Origem do termo 
 
A expressão “lavagem de dinheiro” pode ser relacionada ao fato de que o 
dinheiro adquirido de forma ilícita é sujo e, portanto, deve ser lavado para se 
tornar limpo. Além disso, a terminologia money laudering é associada ao início do 
século XX nos Estados Unidos quando as organizações criminosas, especialmente as 
máfias, começaram a atuar no mercado ilegal de fornecimento de bebidas alcóolicas 
durante o período de “Lei Seca” no país que vigorou de 1920 a 1933, foi nesse 
ambiente que Alphonse Capone, famoso mafioso conhecido como Al Capone7, 
controlava o crime organizado em Chicago e fez grande fortuna. 
Al Capone adquiriu então, uma rede de lavanderias,que formava a empresa de 
fachada Sanitary Cleaning Shops, por onde escondia o rasto do dinheiro via depósitos 
 
6
 AML CONSULTING (Brasil). Lavagem de dinheiro: sempre existiu, foi tipificado há quase 40 anos e só 
agora os brasileiros descobriram o que é. Disponível em: <https://www.amlreputacional.com.br/editorial/ 
lavagem-de-dinheiro-sempre-existiu-foi-tipificada-ha-quase-40-anos-e-so-agora-os-brasileiros-
descobriram-o-que-e/>. Acesso em: 02 de março de 2020. 
7
 EXAME. Por que lavagem de dinheiro é crime? 2005. Disponível em: 
<https://exame.abril.com.br/brasil/por-que-lavagem-de-dinheiro-e-crime/>. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Empresa_de_fachada
https://pt.wikipedia.org/wiki/Empresa_de_fachada
https://exame.abril.com.br/brasil/por-que-lavagem-de-dinheiro-e-crime/
12 
 
 
bancários de baixo valor, como se fossem oriundas das lavanderias, mas que eram na 
realidade resultantes do dinheiro do crime. 8 
Luiz Felipe Mallmann de Magalhães associa a origem de lavagem de dinheiro à 
época da Lei Seca Americana: 
 
Uma origem lendária leva a AL Capone, que teria comprado em 1928, em 
Chicago, uma cadeia de lavanderias que era usada como fachada, onde teria 
lhe permitido fazer depósitos bancários de notas de baixo valor nominal, 
habituais nas vendas de lavanderia, mas resultantes do comércio de bebidas 
alcoólicas interdito pela Lei Seca e de outras atividades criminosas como a 
exploração da prostituição, do jogo e a extorsão. ³ (Magalhães, 2008)
9
 
 
Entretanto, o termo foi registrado pela primeira vez apenas nos anos 70, pelo 
jornal inglês The Guardian com o Caso Watergate10, onde o comitê de reeleição de 
Richard Nixon, no ato, Presidente dos Estados Unidos, estaria envolvido em transações 
financeiras com fundos ilegais na campanha para o México e depois retornariam aos 
Estados Unidos, através de bens e ativos lícitos pelo processo de lavagem de dinheiro. 
 
8
 SEABRA, Rafael. O que é lavagem de dinheiro? Disponível em: <http://queroficarrico.com/blog/o-que-
e-lavagem-de-dinheiro/>. Acesso em: 04 de fevevereiro de 2020. 
9
 MAGALHÃES, Luiz Felipe Mallmann de. O Crime de "Lavagem de Dinheiro. 2008. Disponível em: 
<https://www.luizfelipemagalhaes.com.br/artigo/13/o-crime-de-lavagem-de-dinheiro>. 
10
 Caso de invasão aos escritórios do Partido Democrata americano em Washington, no conjunto de 
edifícios Watergate, em 1972, que culminou na renúncia do presidente dos Estados Unidos Richard 
Nixon. Disponível em: <https://www.washingtonpost.com/watergate/>. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Guardian
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caso_Watergate
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos
https://www.washingtonpost.com/watergate/
13 
 
 
II. AS FASES DO CRIME DE LAVAGEM DE CAPITAIS 
 
A doutrina majoritária e os principais órgãos de regulação separam o delito em 
três fases, são elas: 
1. Colocação ou ocultação (placement) 
2. Estratificação ou escurecimento (layering) 
3. Integração ou lavagem propriamente dita (integration). 
Todas as fases são independentes, mas podem ocorrer de forma simultânea. 
 
2.1 Colocação/Ocultação 
 
Fase inicial do processo de lavagem, e também a mais vulnerável de ser 
investigada, é o momento em que se insere no sistema financeiro o capital advindo de 
origem criminosa, proveniente de prática de infração penal antecedente. Fase em que 
se busca afastar a origem criminosa, através de dissimulação do capital, geralmente 
dividindo o montante em partes menores com intuito de não chamar atenção à 
transação. Nesse ponto, Renato Brasileiro de Lima explica: 
 
Colocação (placement): consiste na introdução do dinheiro ilícito no sistema 
financeiro, dificultando a identificação da procedência dos valores de modo a 
evitar qualquer ligação entre o agente e o resultado obtido com a prática do 
crime antecedente... A colocação é o estágio primário da lavagem e, portanto, o 
mais vulnerável à sua detecção, razão pela qual devem as autoridades centrar 
o foco dos maiores esforços de sua investigação nessa fase da lavagem. 
(LIMA, 2015, p. 289 e 290) 
. 
 
Nessa fase, os criminosos buscam como canais de vazão instituições financeiras 
tradicionais como bancos e empresas de crédito, sendo essa o caminho mais 
conhecido, porém o mais fiscalizado, haja vista, que tais instituições adotam medidas 
para coibir a ação dos lavadores, e há as não tradicionais, como cassinos, loterias 
falsas faturas de importação/exportação ou ainda sistemas bancários subterrâneos.11 
 
11
 CALLEGARI apud CERVINI, Raul., 2017, p.21 
14 
 
 
A técnica mais comum utilizada para lavar dinheiro se utilizando das instituições 
financeiras tradicionais é o fracionamento, ou seja, dividir elevadas somas de dinheiro 
em outras de menor valor. 
 
2.2. Estratificação ou escurecimento 
 
É a fase mais complexa do processo, e onde se quebra a cadeia de evidências 
ante a possibilidade da realização de investigações. 
A COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) explica como fase 
que consiste em dificultar o rastreamento contábil dos recursos ilícitos.12 
Com o capital já no mercado, este, deve perder a marca de sua origem 
criminosa, com objetivo de dar aparência de lícito. É o momento em que no sistema 
bancário se busca movimentar o dinheiro através de inúmeras transações entre 
instituições bancárias, moedas diferentes e troca por bens, visando dificultar seu 
rastreamento, são quando os offshores13 se destacam, servindo de base para as mais 
diversas transferências. 
 
2.3. Integração ou lavagem propriamente dita 
 
Última fase do processo, no qual o capital é reincorporado de forma lícita aos 
setores regulares da economia, geralmente via investimento do dinheiro antes 
criminoso em troca de participação nos lucros. É o momento em que se pode utilizar o 
dinheiro de “forma lícita”, ou seja, é o momento no qual é mais difícil pegar o criminoso. 
Nas palavras de Bruno M. Tondini: 
 
É a última etapa do processo de lavagem de dinheiro, onde o dinheiro 
proveniente de atividades ilícitas é utilizado em operações financeiras, dando a 
aparência de operações legítimas. Durante essa etapa são realizadas inversão 
de negócios, empréstimos a indivíduos, compram-se bens e todo tipo de 
 
12
 COAF – Conselho de Controle de Atividades Financeiras. Fases da Lavagem de dinheiro. Disponível 
em: <https://www.fazenda.gov.br/assuntos/prevencao-lavagem-dinheiro#fases-da-lavagem-de-dinheiro>. 
13
 Offshore, é um termo muito aplicado quando o assunto é lavagem de dinheiro, é um termo da língua 
inglesa que se traduz “afastado da costa”. É designada por offshore uma empresa que tem sua 
contabilidade num país distinto do que exerce a sua atividade, é comumente relacionado à empresas e 
contas em territórios onde é há menor tributação e menor controle das autoridades. 
 
https://www.fazenda.gov.br/assuntos/prevencao-lavagem-dinheiro#fases-da-lavagem-de-dinheiro
15 
 
 
transação através de registros contábeis e tributários, os quais justificam o 
capital de forma legal, dificultando o controle contábil e financeiro. Aqui o 
dinheiro é colocado novamente na economia, com aparência de legalidade. 
(CALLEGARI apud TONDINI, 2017, p.37). 
 
 
16 
 
 
III. A ESTRUTURA DO FUTEBOL 
 
Há muito tempo, nas civilizações mais antigas já se destinava riquezas ao 
esporte, assim como uma valorização aos feitos dos desportistas, em tempos mais 
recentes temos atletas como figuras de admiração, vistos como ídolos ou até mesmo 
deuses, e em meio a esse cenário o mercado esportivo movimenta um montante 
gigantesco de dinheiro. 
Considerado o esporte mais popular do mundo, o futebol nos moldes que 
conhecemos hoje é originário da Inglaterra, por volta do século XVII, sendo 
profissionalizado em 1885, no ano de 1888, foi fundada a Football League, que hoje é aEFL (English Football League). Foi trazido as terras brasileiras por Charles William 
Miller no ano de 1894 e se tornou febre nacional, sendo que o futebol brasileiro é 
referência mundial no esporte, inclusive, a única seleção pentacampeã na Copa do 
Mundo de Futebol, o campeonato televisionado mais assistido do mundo, superando as 
Olimpíadas. 14 
O futebol é um grande elemento do desenvolvimento social, educacional e 
político na sociedade, e com toda essa ilusão de inocência do esporte, além de 
movimentar todo o setor da economia local, possibilitando uma via de investimento de 
dinheiro sujo, sendo que até pouco tempo não havia suspeitas em tal setor, fato este, 
que nos últimos anos têm mudado e escancarado os noticiários com escândalos 
envolvendo lavagem de dinheiro no futebol outras tantas práticas criminosas no 
esporte. 
O órgão internacional hierarquicamente superior de fiscalização e controle de 
futebol é FIFA – Fédération Internacionale de Football Association, sediado na Suíça e 
composta por seis confederações (AFC, CAF, CONCACAF, CONMEBOL, OFC e 
UEFA), as quais as federações nacionais respondem, sendo ao total 211 membros15, 
número maior que o de membros da ONU (Organização das Nações Unidas), que 
possui 193. 
 
 
14
 História do futebol. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Futebol#Hist%C3%B3ria>. Acesso em: 
03 de abril de 2020. 
15
 Lista de membros da Fifa. Disponível em: <https://www.fifa.com/associations/>. Em língua inglesa. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Futebol#Hist%C3%B3ria
https://www.fifa.com/associations/
17 
 
 
3.1. Estrutura Financeira do futebol 
 
Mesmo sempre tendo envolvido bastante dinheiro, nas últimas duas décadas 
houve um crescimento exponencial nos valores envolvendo o mercado do futebol, 
transações milionárias de transferência de jogadores, direitos televisivos e de imagem, 
patrocínios, apostas entre outros. 
Em avaliação do FATF- GAFI - The Financial Action Task Force16 (Grupo de 
Ação Financeira Contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento, organização 
intergovernamental com propósito de desenvolver e promover políticas nacionais e 
internacionais de combate à lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo) o 
fluxo de muito dinheiro nos esportes tem efeitos positivos, mas também há 
consequências negativas, pois há um risco mais alto de fraude e corrupção, dada a 
quantidade de recursos em jogo. 
 
3.2. Estruturação do Futebol no Brasil 
 
No Brasil, os clubes de maneira geral se estruturam na forma de associações, 
que é, no plano jurídico, uma organização de terceiro setor sem fins lucrativos, 
caracterizada pela união de pessoas físicas ou jurídicas, com o objetivo de conquistar 
benefícios e desenvolvimento mútuo para o segmento que representam. Uma 
associação é composta de órgãos, estes que não possuem autonomia ou 
personalidade, mas compõem o organismo associativo, sendo a administração órgão 
vital da pessoa jurídica. 
 Nos clubes são comuns o departamento técnico, que trata da operação do 
futebol propriamente dito, administrativo, recursos humanos, financeiro, marketing e 
patrimônio. Ao se tratar das negociações envolvendo partes relacionadas, 
embasando-se no estatuto da sociedade empresária, presume-se a vedação sem a 
aprovação de um órgão colegiado da diretoria, porém essa prática não costuma ser 
adotada pelas associações civis que operam os times de futebol, sendo comum a 
 
16
 FINANCIAL ACTION TASK FORCE – FATF. Money Laudering through the football sector. Paris, 2009. 
Disponível em: <http://www.fatf-gafi.org/media/fatf/documents/reports/ML%through% 
20the%20Football%20Sector.pdf>. Acesso em 08 de abril de 2020. 
18 
 
 
obtenção indevida de privilégios e benefícios pessoais por parte dos dirigentes. Não 
necessariamente esses negócios são ilícitos ou desvantajosos ao clube, mas devem 
ser verificados previamente e tornados públicos, desde uma mera prestação de 
serviço a um complexo contrato de fornecimento. 
 
19 
 
 
IV. VULNERABILIDADES DO FUTEBOL 
 
Os riscos no âmbito do futebol são ampliados exponencialmente devido à 
quantidade de transações possíveis, agravado pelo fato que cada transferência é um 
caso isolado e extremamente volátil, sendo difícil ser comparado com outras 
operações. 
Segundo estudos da FATF/GAFI17 algumas áreas de maior vulnerabilidade no 
setor que as principais são os altos valores transacionais, incluindo a variabilidade do 
valor mercado, o grau de informalidade do setor e frágil regulamentação. 
 
4.1. Os Altos Valores Transacionais 
 
O futebol mundial movimenta valores altíssimos anualmente, publicado pela 
consultoria inglesa Deloitte, empresa que audita o futebol europeu, o Football Money 
League avaliando três tipos de receitas: matchday (ingressos para a temporada e 
bilheteria), direitos de transmissão (incluindo participações em ligas, copas e 
competições europeias), e comercial (marketing, patrocínios e outros), indicou no topo 
do ranking da temporada de 2017/2018 com o recorde de €750 ,9 milhões, o Real 
Madrid sendo o primeiro clube a ultrapassar a margem de 750 milhões de euros18. O 
mercado europeu de futebol de clubes vale €28,5 bilhões, incremento de 6% em 
relação ao mesmo período anterior, segundo 28th Annual Review of Football Finance 
elaborado também pela Delloitte19. 
Um estudo conduzido na União Europeia apontou que em 2010 o setor esportivo 
corresponde a 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) de todo o grupo, se levado em 
 
17
 FINANCIAL ACTION TASK FORCE – FATF. Money Laudering through the football sector. Paris, 2009. 
Disponível em: <http://www.fatf-gafi.org/media/fatf/documents/reports/ML%through% 
20the%20Football%20Sector.pdf>. Acesso em: 08 de abril de 2020. 
18
 DELOITTE LLP (Reino Unido). 28th Annual Review of Football Finance. 2019. Disponível em: 
<https://www2.deloitte.com/uk/en/pages/sports-business-group/articles/annual-review-of-football-
finance.html>. Acesso em: 02 de dezezembro de 2019. 
19
 DELOITTE LLP (Reino Unido). 28th Annual Review of Football Finance. 2019. Disponível em: 
<https://www2.deloitte.com/uk/en/pages/sports-business-group/articles/annual-review-of-football-
finance.html>. Acesso em: 05 de abril de 2020. 
20 
 
 
consideração os demais setores de forma ampla, incluindo o turismo esportivo, esse 
índice chega a margem de 3,7% proveniente do esporte.20 
Considerando os meios onde os fundos advindos do crime podem ser inseridos 
há inúmeros agentes financeiros que podem ser identificados no futebol, dentre eles: 
(i) Clubes – Célula básica da indústria do futebol; (ii) Jogadores – Ativos mais valiosos 
da indústria; (iii) Patrocinadores – Os investidores mais importantes; (iv) Meios de 
comunicação; (v) Investidores individuais; (vi) Agentes de futebol – Agem no interesse 
do jogador ou como intermediário; (vii) Governos locais – Subsidiam os clubes e 
campeonatos e; (viii) Proprietários de bens imóveis – Muitas vezes os estádios são de 
propriedade privada. 
 
4.2. Variabilidade do valor de mercado 
 
Os negócios no mercado futebolístico giram altas quantias de capital, em 
especial as transferências de jogadores, isso devido à alta concorrência, seja nacional 
ou internacional. Os valores de passe dos jogadores (valores que envolvem de 
direitos federativos e até multas rescisórias) são difíceis de controlar devido à 
volatilidade e imprevisibilidade, podendo ocorrer uma supervalorização gerando 
superfaturamento à uma das partes. 
Muitas transações sucedem-se por meio de um fundo de investimento 
constituído geralmente em um paraíso fiscal, sendo extremamente difícil precisar a 
procedência dos fundos utilizados na compra de um jogador. Com relação aos 
maiores passes de jogadores no mundo, merece destaque a lista da TransferMarkt21, 
referente ao período de dezembro de 2019,na qual é possível perceber que todos os 
10 (dez) jogadores com maior valor de passe jogam na Europa e, metade deles são 
africanos ou sul-americanos, o caminho percorrido pelo dinheiro nessas transações 
passa por diversos países, incluindo paraísos fiscais, o que dificulta a fiscalização por 
parte dos órgãos de controle financeiro: 
 
20
 FINANCIAL ACTION TASK FORCE – FATF. Money Laudering through the football sector. Paris, 2009. 
Disponível em: <http://www.fatf-gafi.org/media/fatf/documents/reports/ML%through% 
20the%20Football%20Sector.pdf>. Acesso em 08 de abril de 2020. 
21
 A lista está disponibilizada em <https://www.transfermarkt.pt/spieler-
statistik/wertvollstespieler/marktwertetop>, sendo atualizada corriqueiramente. 
21 
 
 
Fonte: https://www.transfermarkt.pt/ 
 
Em âmbito dos clubes brasileiros, os valores são menores, porém ainda 
altíssimos: 
Fonte: https://www.transfermarkt.pt/ 
https://www.transfermarkt.pt/
https://www.transfermarkt.pt/
22 
 
 
O alto índice de exportação de jogadores é um mercado altamente atrativo para 
a prática de lavagem de dinheiro, devido principalmente aos altos valores circulando 
em distintas moedas e países. Na copa de 2010, das 32 seleções 26 contavam com 
jogadores naturalizados. Em 2010, a Argentina exportou 2.204 jogadores para fora, 
rendendo aproximadamente US$500 milhões, o Brasil no mesmo ano atingiu o 
número de 1.674 jogadores, tendo o maior valor médio do mercado, chegando a 
R$3,4 milhões.22 
 
4.3. Informalidade do setor 
 
Há cerca de duas décadas que o futebol começou a ser profissionalizado, as 
ligas profissionais são minoria no universo do esporte na qual a maior parte dos 
clubes ainda são administrados de forma amadora por profissionais sem preparo 
técnico adequado. No Brasil, muitos clubes grandes ainda são geridos por cargos 
totalmente políticos, com nomes de membros de diretorias estampando manchetes 
envolvendo desvio de dinheiro e outras investigações criminais. 
Em 2013 a Sociedade Esportiva Palmeiras, com o ingresso de Paulo Nobre na 
presidência do clube, inovou ao trazer o conceito de gestão de futebol, aplicados 
antes exclusivamente às empresas, profissionalizando toda gestão do clube e 
incentivando a promoção do programa sócio torcedor trazendo mais renda de origem 
regulamentada ao clube. 
 
4.4. Frágil regulamentação 
 
O futebol é um setor que carece de fiscalização, as regras e transações são 
geridas pela FIFA, porém o setor de finanças é uma área “esquecida” das 
autoridades, dentro da FIFA há uma Câmara de Resolução de Litígios (CRL) e um 
Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) para dirimir disputas entre seus membros, mas 
pouco atuam no setor de regulamentar as finanças.23 No Brasil, a Lei 13.155/2015, lei 
 
22
 CALLEGARI, André Luís; WEBER, Ariel Barazzetti. Lavagem de Dinheiro. São Paulo, 2017. P. 45-48. 
23
 ESCOLA SUPERIOR DE ADVOCACIA DA OAB-SP (São Paulo). A crise financeira mundial e o 
direito desportivo internacional. Direito Desportivo, São Paulo, v. 10, n, p. 94-99, outono 2012. 
23 
 
 
que estabelece princípios e práticas de responsabilidade fiscal e transparente para 
entidades desportivas profissionais de futebol, criando a APFUT – Autoridade Pública 
de Governança do Futebol com intuito de fiscalizar o disposto na legislação, porém 
existe uma ADI sobre referida lei, cabendo ao COAF (Controle de Atividades 
Financeiras) efetivamente fazer esse controle. 
Caso de grande repercussão no Brasil foi a Comissão Parlamentar de Inquérito 
(CPI) do Futebol ocorrida em 2001 que denunciou 17 dirigentes de futebol nacional 
por crimes desde apropriação d e recursos à lavagem de dinheiro. Tais denunciados 
sequer foram condenados, houve apenas a devolução aos cofres públicos de um 
montante de cerca de 129 milhões de reais e multas aplicadas pelo Banco Central.24 
Visto isso, nota-se que é extremamente precária a fiscalização e 
regulamentação na maioria dos países, em especial os subdesenvolvidos e 
emergentes. 
 
4.5. Problemas financeiros nos clubes 
 
A situação econômica dos clubes, principalmente no Brasil, não é nada 
favorável, conforme estudo publicado pela BDO do Brasil via análises de dívida 
líquida, para calcular o endividamento dos clubes brasileiros, método utilizado no 
mercado empresarial, para calcular o real endividamento de cada clube, devendo ser 
considerado o Exigível Total (Passivo-Patrimônio Líquido) descontado o Disponível 
Realizável (Ativo Circulante + Ativo Realizável em Longo Prazo) de 25 clubes 
brasileiros.25 
 
 
Disponível em: <https://issuu.com/esa_oabsp/docs/document_e14a31ddb67146>. Acesso em: 21 de 
janeiro de 2020. 
24
 Vide capítulo 5.1 
25
 BDO RCS AUDITORES INDEPENDENTES (Brasil). Valor das marcas dos clubes brasileiros: 
finanças dos clubes. 2018. Disponível em: <https://www.bdo.com.br/pt-br/publicacoes/noticias-em-
destaque/11%C2%BA-valor-das-marcas-dos-clubes-brasileiros>. 
24 
 
 
 
Fonte: BDO 
* Saldos não divulgados 
 
Nos últimos cinco anos, esses 25 clubes passaram de um endividamento total 
de R$ 5,7 bilhões em 2013 para R$ 7,22 bilhões em 2017, evolução de 26%. Segundo 
relatório do FATF/GAFI este é um dos principais fatores de risco: 
 
A fragilidade financeira é em parte resultado da natureza do jogo. Grandes 
clubes necessitam de vastas somas para ter sucesso e comprar jogadores. O 
esporte é o típico mercado no qual o vendedor vence. Nesse tipo de mercado 
25 
 
 
não pagam de acordo com performances absolutas, mas sim performances 
comparadas a outras. Perder um só jogo pode ter consequências financeiras 
devastadoras (redução de receita vinda de patrocinadores, direitos de 
transmissão, queda para outra divisão). As vulnerabilidades financeiras 
podem transformar os clubes de futebol em um alvo de lavagem de dinheiro. 
Clubes que caíram de divisão ou estão com problemas financeiros podem 
necessitar de um doping financeiro. A inerente fragilidade pode ser agravada 
pela recente crise financeira global, que dificultou patrocínios. Existe um risco 
de que os clubes que estão endividados não farão muitas perguntas quando 
um novo patrocinador aparecer. Ademais, grande porção dos custos do setor 
deve-se aos impostos, o que pode ocasionar eventualmente uma cultura de 
busca pela redução da carga tributária e proximidade de atividades 
clandestinas.
 26
 
 
Na Europa é possível os clubes irem à falência, como já aconteceu diversas 
vezes com times conhecidos como Napoli (Itália) em 2004, ano em que a Justiça 
italiana declarou falência do clube por não conseguir saldar dívidas na casa dos 70 
milhões de euros, ou a Fiorentina, outro grande clube da Itália, que passou por 
situação semelhante em 2002.27 No Brasil onde atrasos de salários e dívidas ainda 
fazem parte da administração dos clubes, essa prática ainda é bastante incomum, um 
viés doutrinário alega que somente as entidades desportivas que se constituírem sob 
a forma de sociedade empresária podem postular recuperação judicial, porém, uma 
segunda corrente, entende ser possível juridicamente entidades desportivas, 
constituídas como associações civis sem fins lucrativos, postularem recuperação 
judicial, na forma da Lei 11.101/0528. 
Dessa forma fica nítido que há inúmeras dificuldades financeiras e por 
consequência ficam os clubes mais vulneráveis a aceitarem investimentos de fundos 
com procedência duvidosa sem que haja muitas exigências para não perder apoio 
financeiro. 
 
 
26
 FINANCIAL ACTION TASK FORCE – FATF. Money Laudering through the football sector. Paris, 
2009. Disponível em: <http://www.fatf-gafi.org/media/fatf/documents/reports/ML%through% 
20the%20Football%20Sector.pdf>. Acesso em 08 de abril de 2020. 
27Obtido no por meio do Blog do Rafael Reis, disponibilizado pelo sítio eletrônico: 
<https://blogdorafaelreis.blogosfera.uol.com.br/2018/01/28/fundo-do-poco-7-clubes-de-futebol-que-
faliram-e-conseguiram-renascer/>. 
28
 Lei nº 11.101/2005: Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da 
sociedade empresária. 
https://blogdorafaelreis.blogosfera.uol.com.br/2018/01/28/fundo-do-poco-7-clubes-de-futebol-que-faliram-e-conseguiram-renascer/
https://blogdorafaelreis.blogosfera.uol.com.br/2018/01/28/fundo-do-poco-7-clubes-de-futebol-que-faliram-e-conseguiram-renascer/
26 
 
 
IV. CASOS NO FUTEBOL BRASILEIRO 
 
Como demonstrado anteriormente, a investigação do delito de lavagem de 
dinheiro é algo extremamente difícil de ser flagrado, no âmbito do futebol inúmeras 
razões inibem as investigações, como o “envolto de pureza” que envolve o esporte e 
administração por dirigentes influentes, muitas vezes ligados até à política. Además, é 
sabível a burocracia, morosidade e ineficiência do sistema judiciário nacional. 
 
5.1 CPI do futebol (2001) 
 
Em 2001 criada com base no requerimento nº 497-200029, foi instaurada uma 
CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), a qual o produto final é um relatório, que 
serve de prova para que os órgãos do poder judiciário, a Polícia Civil, Federal ou o 
Ministério Público, por exemplo, possam punir os suspeitos. Tal CPI buscou apurar 
fatos envolvendo as associações brasileiras de futebol, incluindo práticas da 
Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que privilegiavam relações pessoais em 
detrimento de critérios técnicos de contratação, e incentivam propinas e subornos, 
prejudicando toda a cadeia futebolística brasileira, foram quase 14 meses de trabalho, 
mais de 237 horas de reuniões na Câmara dos Deputados, com 125 depoentes, entre 
eles Ricardo Teixeira, então presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e 
Ronaldo, à época ainda atacante da Seleção Brasileira. 
O memorando em um dos parágrafos, registra que o órgão realizou 40 
procedimentos de fiscalização a partir do relatório da CPI, aprovado em 6 de dezembro 
de 2001, recomendando o indiciamento de 17 envolvidos em irregularidades, foram 
apurados a existência de crimes como evasão de divisas e lavagem de dinheiro 
praticados por dirigentes brasileiros a partir da quebra de sigilos de dirigentes de clubes 
e agentes de jogadores, os quais resultou no resgate de R$ 129,4 milhões aos cofres 
públicos.30 
 
29
 Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/45197 
30
 Relatório completo em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/82013 
27 
 
 
Foram os principais alvos da investigação Ricardo Teixeira, ex-presidente da 
CBF apropriação indébita de recursos da entidade por diversos meios, como crime 
contra o patrimônio da CBF, desvio de recursos no caso dos empréstimos feitos no 
Delta Bank, desvio de recursos no Mundial de Clubes da Fifa, realizado no Brasil, 
desvio de recursos em operações feitas com a agência de turismo SBTR, apropriação 
indébita no pagamento de advogados que trabalharam para Teixeira com dinheiro da 
entidade, evasão de divisas na Copa Ouro, em 1998, no valor de US$ 400 mil, 
apropriação indébita em doações, evasão de divisas na compra de uma casa em 
Búzios de empresa suspeita, lavagem de dinheiro, além de intermediação suspeita no 
contrato CBF-AmBev. 
Marco Antônio Teixeira, tio de Teixeira e secretário-geral, José Salim, diretor de 
marketing da Confederação Brasileira, acusados na CPI com envolvimento em 
negócios irregulares da diretoria da CBF. 
Eurico Miranda, presidente do Vasco e ex- deputado federal (PPB-RJ),foi um dos 
mentores da "bancada da bola", grupo de congressistas que barrou a CPI da CBF/ Nike 
na Câmara, acusado de apropriação indébita de recursos do Vasco em diversos 
episódios, falsidade ideológica por uso de conta "laranja" em desvio de recursos, crimes 
eleitorais na campanha para deputado federal, em 199, crimes tributários referentes às 
declarações de renda de 1996 a 2000, tentativa de obstrução dos trabalhos da 
comissão do Senado e quebra de decoro parlamentar. 
Edmundo Santos Silva, presidente do Flamengo, responsável pela assinatura do 
contrato milionário entre o clube e a agência suíça ISL, que acabou falindo, lavagem de 
dinheiro, evasão de divisas, crime contra a ordem tributária e apropriação indébita em 
movimentação de conta nas Ilhas Cayman. 
Samir Adbul-Hak, ex-presidente do Santos e ex-advogado pessoal de Pelé, 
administrou o clube sob os auspícios do ex-jogador e empresário, apropriação indébita 
de recursos do clube em diversos episódios, sonegação fiscal, falsidade ideológica, 
gestão temerária, evasão de divisas na transação de jogadores para o exterior. 
 Wanderley Luxemburgo, técnico de futebol, foi demitido da CBF por Teixeira 
após fracasso da seleção brasileira na Olimpíada, vexame que reabilitou a CPI da 
28 
 
 
CBF/Nike na Câmara e gerou a CPI do Futebol, no Senado, foi processado por 
falsidade ideológica e crimes tributários. 
 
5.2. Corinthians/MSI – Operação Perestroika 2007 
 
Investigações da Operação Perestroika da Polícia Federal apontam que o 
Corinthians foi usado pelo magnata russo Boris Berezovski para lavar dinheiro obtido de 
forma ilícita no exterior, utilizando como laranja o iraniano Kia Joorabchian, com a 
conivência de parte dos dirigentes do clube paulista. A MSI, que teve acordo de 
parceria aprovado pelo conselho do Corinthians no ano de 2004 e foi responsável pela 
armação da equipe para a temporada 2005, Kia Joorabchian trouxe para o clube 
paulista os argentinos Carlos Tevez e Sabastián Dominguez, o lateral Gustavo Nery, os 
meias Carlos Alberto e Roger, além do treinador Daniel Passarella. 
Durante a investigação, o Ministério Público contou com o apoio de informações 
do Banco Central e da Agência Brasileira de Inteligência. A Polícia Federal investigou 
parceria MSI/Corinthians como esquema de lavagem de ativos no Brasil, o dinheiro do 
russo seria proveniente de fraudes em seu país. Ainda, segundo a Procuradoria, 
“Dualib e os demais conselheiros do Corinthians que aprovaram a parceria dobraram-se 
a interesses econômicos e fecharam os olhos para as suspeitas que recaíam sobre o 
pretendente rico que cortejava o Sport Club Corinthians Paulista”.31 
Em 2014, a Justiça Federal em São Paulo absolveu todos os acusados no 
escândalo MSI/Corinthians32, polêmica parceria firmada há 10 anos para suposta 
lavagem de dinheiro, absolvidos por inexistência de provas. Em sentença o juiz federal, 
Marcelo Cavali, decidiu que “Se Kia e Dualib eram ‘pessoas despreparadas’, se Kia e 
Dualib ‘foram inescrupulosos ao ocultarem a participação de Boris Berezovsky no 
empreendimento’, nada disso é suficiente para uma condenação penal porquanto não 
está preenchido o pressuposto essencial para a caracterização de lavagem de dinheiro: 
 
31
 PR, Tribuna. Polícia Federal revela detalhes da parceria Corinthians-MSI. 2007. Disponível em: 
<https://www.tribunapr.com.br/esportes/policia-federal-revela-detalhes-da-parceria-corinthians-msi/>. 
Acesso em: 14 de abril de 2020. 
32
 COUTINHO, Mateus. Justiça Federal absolve Kia, Dualib e todos os acusados do caso 
MSI/Corinthians. São Paulo, 03 abr. 2014. p. 1-1. Disponível em: 
<https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/justica-federal-absolve-kia-dualib-e-todos-os-
acusados-do-caso-msicorinthians/>. Acesso em: 13 de abril 2020. 
29 
 
 
a comprovação, acima de dúvida razoável, de que o dinheiro investido no Brasil era 
proveniente de crimes antecedentes previstos no rol da legislação então vigente”. 
Durante as investigações especulou-se supostos acertos financeiros para evitar 
a queda do Corinthians no campeonato brasileiro de 2006, mas não foram encontradas 
evidências materiais para instaurar um processo formal. Taisinvestigações acabaram 
por tirar Alberto Dualib da diretória, cargo que ocupava há 14 anos. Apesar de todos 
terem sidos absolvidos, a dupla de dirigentes Alberto Dualib e Nesi Curi, chegou a ser 
suspensa pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por três anos de exercer 
cargos em entidades esportivas. 
 
5.3. Caso José Maria Marin 
 
José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e 
ex-governador de São Paulo, foi julgado33 por ter sete crimes na Suprema Corte do 
Brooklyn, em Nova York, junto com Juan Ángel Napout, ex-presidente da Conmebol e 
acusado de cinco crimes e Manuel Burga, ex-presidente da Federação Peruana de 
Futebol, que responde por um delito. Os casos de corrupção envolvendo a Fifa nos 
últimos anos foram julgados pela justiça dos EUA em dezembro de 2017. 
Marin foi acusado de conspiração para recebimento de dinheiro ilícito, 
conspiração para fraude à Copa Libertadores, conspiração para lavagem de dinheiro à 
Copa Libertadores, conspiração para fraude à Copa do Brasil, conspiração para 
lavagem de dinheiro à Copa do Brasil, conspiração para fraude à Copa América e 
conspiração para lavagem de dinheiro à Copa América, acusado de ter recebido 6,5 
milhões de dólares desde 2012, quando assumiu a presidência da CBF, e fora 
absolvido apenas da acusação de lavagem de dinheiro da Copa do Brasil. 
Em 27 de maio de 2015, data em que foi preso na Suiça, foi banido de qualquer 
atividade relacionada ao futebol pela FIFA, passou seis meses preso em uma cadeia 
em Zurique, até ser deportado para os Estados Unidos, onde após o pagamento de 
fiança de US$ 15 milhões ficou em prisão domiciliar em um apartamento que mantinha 
na Trump Tower, na 5th avenue (5ª Avenida) em Nova York, até o julgamento em 
 
33
 Case Number 1:15-cr-00252-PKC-RML. 
30 
 
 
dezembro de 2017, onde foi condenado à multa e 4 anos de cadeia e encaminhado 
para a prisão34. 
 A pedido da defesa e a pena foi reduzida em 30 de março de 2020, quando 
Marin recebeu sua sentença de liberdade e dia 05 de abril de 2020, desembarcou no 
Brasil depois de passar quase 5 anos detido na Suíça e nos Estados Unidos, o 
benefício foi concedido por razão humanitária e por causa do “elevado risco de sua 
saúde ser comprometida por causa do surto de covid-19” segundo a juíza Pamela 
Chen. 35 
Em suas delações premiadas demonstrou de forma inédita as entranhas do 
futebol brasileiro, com revelações sobre como sede de Copas foram compradas, jogos 
que foram arranjados, a Rede Globo foi citada como autora de pagamento de propinas, 
em troca de contratos e a Nike foi acusava de fazer parte de um esquema de propinas 
no patrocínio da seleção brasileira, ambas negaram. 
Os ex-presidentes da CBF, Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, banidos 
pela FIFA, também foram denunciados pela justiça americana por receber propina e 
cometer os mesmos crimes pelos quais Marin foi condenado. Mas como as leis 
brasileiras não permite extradição de seus cidadãos, eles não foram julgados em Nova 
York.36 
 
5.4. Operação Arena das Dunas 
 
Em junho de 2017 a Policia Federal deflagrou investigação sobre corrupção ativa 
e passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas, em Natal, no Rio 
Grande do Norte, as investigações partiram de provas da Operação Lava Jato. 
 
34
 ESTADÃO (ed.). José Maria Marin é condenado pela Justiça americana. 2017. Disponível em: 
<https://veja.abril.com.br/placar/jose-maria-marin-e-condenado-pela-justica-americana/>. Acesso em: 28 
de abril de 2020. 
35
 PODER360 (Brasil). Depois de 5 anos detido no exterior, José Maria Marin desembarca no Brasil. 
2020. Disponível em: <https://www.poder360.com.br/justica/depois-de-5-anos-detido-no-exterior-jose-
maria-marin-desembarca-no-brasil/>. Acesso em: 28 de abril de 2020. 
36
 USA. United States District Court For The Eastern District Of New York. Processo nº 1:15-cr-00252-
PKC-RML. Relator: Juíza Pamela K. Chen. Usa V. Webb Et Al. New York, 2020. 
31 
 
 
Ainda de acordo com os investigadores, diligências evidenciaram a utilização de 
empresas, algumas de fachada, para emissão de notas fiscais superfaturadas ou 
fictícias, de modo a gerar “caixa dois”, utilizado para o pagamento de propinas.37 
Os investigados receberam expressivos valores em suas contas bancárias, 
mediante depósitos fracionados, o que aponta a tentativa de driblar os mecanismos de 
controle do COAF, atualmente Unidade de Inteligência Financeira – UIF. 
Em novembro do mesmo ano, a Procuradoria da República no Rio Grande do 
Norte denunciou os ex-presidentes da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves 
e Eduardo Cunha pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e 
organização criminosa por supostas fraudes em torno de 77 milhões de reais na 
construção da Arena das Dunas.38 
Em delação, o doleiro Alberto Youssef afirmou ter enviado R$ 3 milhões entre 
2011 e 2014 em dinheiro a Natal para atender a interesses da OAS. 
O ex-deputado Henrique Eduardo Alves foi preso em 6 de junho de 2017 pela 
operação Manus e também da operação Sépsis, a qual investigou desvios no Fundo de 
Investimentos do FGTS. Foi detido em Natal até conseguir passou a cumprir prisão 
domiciliar, em julho de 2018 sua prisão foi revogada39 pelo juiz Francisco Eduardo 
Guimarães Farias da 14ª Vara Federal de Natal, e responde o processo em liberdade. 
O processo 0812330-44.2017.4.05.0840 ainda em trâmite tem como réus ainda 
Eduardo Cunha, Lucio Bolonha Funaro, Arturo Silveira Dias De Arruda Camara, Jose 
Geraldo Moura Da Fonseca Junior, Norton Domingues Masera, Aluizio Henrique Dutra 
De Almeida e Paulo Jose Rodrigues Da Silva, e segue, conforme informação retirada do 
andamento processual em abril de 2020, conclusos para decisão em 1º instância desde 
de 16/04/2020.40 
 
37
 REDAÇÃO. MPF apresenta ação contra Agripino por propina em obras do Arena das Dunas. 
Disponível em: <https://agorarn.com.br/politica/mpf-apresenta-acao-contra-jose-agripino-por-propina-em-
construcao-de-estadio/>. Acesso em: 09 de maio de 2020. 
38
 Dados extraídos do processo nº 0812330-44.2017.4.05.8400, tramitando na justiça federal do Rio 
Grande do Norte 
39
 AMADO, Aécio. Justiça Federal concede liberdade a ex-ministro Henrique Alves. 2018. Disponível em: 
<https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-07/justica-federal-concede-liberdade-ex-ministro-
henrique-alves>. Acesso em: 09 de maio de 2020. 
40
 JUSTIÇA FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – Crimes Praticados por Funcionários Públicos 
Contra a Administração em Geral e Corrupção passiva, autos nº 0812330-44.2017.4.05.8400. Autor: 
MPF. 14ª VARA FEDERAL, 09 de maio de 2020 
32 
 
 
VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
As práticas delituosas sempre estiveram presentes na sociedade das mais 
diversas formas, com advento da moeda, os crimes adaptaram-se, tornando-se cada 
vez mais elaborados, e com isso, se iniciou uma busca por meios de obscurecer os 
bens havidos de tais atividades delituosas, de forma que se pudesse usufrui-los de 
forma que aparentassem legalidade. A globalização aprofundou os mecanismos do 
crime organizado, ficando cada vez mais difícil coibir a atuação dos criminosos, que 
cada vez mais se especializam em formas de lavar o dinheiro advindo dos mais 
diversos crimes. 
No fim do século XX, autoridades públicas chegaram a conclusão que prender 
um dos elementos da organização criminosa, o integrante era facilmente substituído e a 
organização continuava a agir, era necessário bloquear os bens e valores para inibir os 
atos. A partir desse momento, focou-se em combater a prática de lavagem de dinheiro 
como meio que enfraquecer o crime organizado e como consequência os delitos dos 
quais originam o capital ilícito. A convenção de Viena, em 1988, ratificada pelo Brasil na 
década seguinte, foi um marco na positivação dodelito e com a criação do FATF/GAFI, 
que é o órgão intergovernamental cujo propósito é desenvolver e promover políticas 
nacionais e internacionais de combate à lavagem de dinheiro. 
Hoje, a legislação vigente no Brasil de combate à lavagem de capitais é a Lei n. 
9.613/1998, alterada pela Lei n. 12.683/2012, passando a ser uma legislação de 3 
gerações em detrimento de não haver restrição quanto ao rol de crimes antecedentes. 
É sabível que os mais diversos setores da economia são utilizados para a prática 
do delito, dentre eles o futebol não fica de fora. O exponencial crescimento econômico 
desse esporte a partir dos anos 90 foi fator que atraiu inúmeros agentes com intuito de 
se utilizar da fiscalização escassa e injetar dinheiro proveniente de ilícitos. Os 
mecanismos de fiscalização e regulamentação são frágeis, a falta de transparência nas 
transações e demais movimentações financeiras e a corrupção dentro dos clubes são 
apenas alguns dos facilitadores aos criminosos que assolam o setor. 
No Brasil a fiscalização de modo geral, cabe ao COAF que é o órgão que 
disciplina e aplica penas administrativas, além de receber, examinar e identificar as 
33 
 
 
ocorrências suspeitas de atividades de lavagem. Porém muito ainda é necessário para 
cessar os delitos dentro do esporte. 
Nos últimos anos têm se estudado tornar os clubes em empresas, os clubes 
dessa forma poderiam acionar recuperação judicial e novo refinanciamento de dívidas 
fiscais. Caso isso realmente venha a acontecer, espera-se que a fiscalização e 
regulamentação seja maior e mais eficaz, estudos apontam que os clubes ao deixar de 
serem associações e se tornarem empresas, a chance de haver lavagem de capitais é 
bem menor que se manter o modelo atual. 
Importante notar que todos os institutos objetos de estudo desse trabalho são 
importantes para possibilitar o entendimento da possibilidade de se lavar dinheiro com o 
esporte e buscar maneiras para coibir tal delito. 
 
 
 
34 
 
 
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
AMADO, Aécio. Justiça Federal concede liberdade a ex-ministro Henrique Alves. 
2018. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-07/justica-
federal-concede-liberdade-ex-ministro-henrique-alves>. Acesso em: 09 de maio de 
2020. 
 
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quase 40 anos e só agora os brasileiros descobriram o que é. Disponível em: 
<https://www.amlreputacional.com.br/editorial/lavagem-de-dinheiro-sempre-existiu-foi-
tipificada-ha-quase-40-anos-e-so-agora-os-brasileiros-descobriram-o-que-e/>. Acesso 
em: 02 de março de 2020. 
 
BDO RCS AUDITORES INDEPENDENTES (Brasil). VALOR DAS MARCAS DOS 
CLUBES BRASILEIROS: FINANÇAS DOS CLUBES. 2018. Disponível em: 
<https://www.bdo.com.br/pt-br/publicacoes/noticias-em-destaque/11%C2%BA-valor-
das-marcas-dos-clubes-brasileiros>. Acesso em 07 de abril de 2020. 
 
BRASIL. Congresso Nacional. Senado Federal. Comissão Parlamentar de Inquérito 
destinada a investigar fatos envolvendo as Associações Brasileiras de Futebol. 
Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito referente ao relatório final da CPI: 
futebol. Brasília, 27 de ago. 2001. Disponível em: 
<http://www2.senado.gov.br/bdsf/item/id/82013>. Acesso em: 13 de abril de 2020. 
 
BRASIL. Justiça Federal do Rio Grande do Norte. Ação de Adoção, autos n° 0812330-
44.2017.4.05.8400. Recorrente: E.A.Z.J. Juiz: Sérgio Luiz Kreuz. Cascavel, 20 de 
fevereiro de 2013. 
 
BRASIL. Senado Federal. Biblioteca Digital. Brasília, Disponível em: 
<https://www12.senado.leg.br/institucional/biblioteca>. Acesso em: 13 de abril de 2020 
 
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Economia). Disponível em: <http://www.fazenda.gov.br/orgaos/coaf>. 
 
CORDERO, Isidoro Blanco. El delito de blanqueo de capitales. 1ª edição. Navarra: 
Editora Arazandi, 2002. p. 93 
 
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caso MSI/Corinthians. São Paulo, 03 abr. 2014. p. 1-1. Disponível em: 
<https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/justica-federal-absolve-kia-dualib-
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2019. 
 
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mundial e o direito desportivo internacional. Direito Desportivo, São Paulo, v. 10, 
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JUSTIÇA FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – Crimes Praticados por 
Funcionários Públicos Contra a Administração em Geral e Corrupção passiva, autos nº 
0812330-44.2017.4.05.8400. Autor: MPF. 14ª VARA FEDERAL, 09 de maio de 2020. 
 
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revista, ampliada e atualizada. Bahia: Ed. JusPODIVM, 2015. 
 
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<https://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/justica-americana-
condena-jose-maria-marin-a-mais-quatro-anos-de-prisao.ghtml>. Acesso em: 28de 
abril de 2020. 
 
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Produzida por Netflix, 2017. Disponível em: 
<https://www.netflix.com/watch/80117807?trackId=13752289&tctx=0%2C0%2C048171c
e-9db7-45b2-80b4-eb50f07de31b-73930667%2C%2C>. Acesso em: 28 de abril de 
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Disponível em: <https://www.tribunapr.com.br/esportes/policia-federal-revela-detalhes-
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38 
 
 
 
PODER360 (Brasil). Depois de 5 anos detido no exterior, José Maria Marin 
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<https://www.poder360.com.br/justica/depois-de-5-anos-detido-no-exterior-jose-maria-
marin-desembarca-no-brasil/>. Acesso em: 28 de abril de 2020. 
 
POVO, Gazeta do (ed.). "Polícia Federal identifica Berezovski como investidor do 
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<https://www.gazetadopovo.com.br/esportes/policia-federal-identifica-berezovski-como-
investidor-do-msi-amxtr97wi45hcd1dum8tnqk3y/>. Acesso em: 14 de abril de 2020. 
 
REDAÇÃO. MPF apresenta ação contra Agripino por propina em obras do Arena 
das Dunas. Disponível em: <https://agorarn.com.br/politica/mpf-apresenta-acao-contra-
jose-agripino-por-propina-em-construcao-de-estadio/>. Acesso em: 09 de maio de 2020. 
 
SEABRA, Rafael. O que é lavagem de dinheiro? Disponível em: 
<http://queroficarrico.com/blog/o-que-e-lavagem-de-dinheiro/>. Acesso em: 04 de 
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1:15-cr-00252-PKC-RML. Relator: Juíza Pamela K. Chen. Usa V. Webb Et Al. New 
York, 2020. 
http://queroficarrico.com/blog/o-que-e-lavagem-de-dinheiro/

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