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[Digite texto] [Digite texto] [Digite texto] V VI [Digite texto] VII VIII [Digite texto] IX X [Digite texto] XI XII [Digite texto] XIII XIV [Digite texto] XV SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS ................................. 1 Sugestão de debate ........................................................................... 5 Jogar e/ou brincar? Vamos entender! ............................................. 6 De acordo com o dicionário o que significa? ................................. 8 Atividade (Proposta de Seminário) mãos na massa! ..................... 9 Atividade ............................................................................................ 9 Pesquisa ............................................................................................. 10 Atividade ............................................................................................ 10 Quem era Jó? Por que ele tinha escravos? O que é caxangá? .... 11 Proposta de atividade ....................................................................... 11 Os jogos eletrônicos e os jogos populares .................................... 12 Atividade ............................................................................................ 16 Atividade ............................................................................................ 17 Curiosidade/você sabia que...? ........................................................ 18 Pesquisa ............................................................................................. 18 Mais Pesquisas .................................................................................. 19 Atividade ............................................................................................ 19 Jogos cooperativos: Uma possibilidade para todos ...................... 20 Você conhece? .................................................................................. 20 Você imagina como surgiu? ............................................................. 20 Atividade ............................................................................................ 21 Atividades .......................................................................................... 22 Atividade ............................................................................................ 24 Leitura e discussão ........................................................................... 25 Referências bibliográficas ................................................................ 26 CAPÍTULO 2 – ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL .......... 27 Pesquisa ............................................................................................. 28 Debate ................................................................................................. 32 Atividade ............................................................................................ 33 Complemento ..................................................................................... 33 Curiosidades ...................................................................................... 33 Na marca do pênalti .......................................................................... 35 Vamos ver um filme ........................................................................... 35 Textos complementares ................................................................... 37 Sobre a copa de 2010 ........................................................................ 37 Este domingo poderia ter sido diferente ......................................... 37 Referências bibliográficas ................................................................ 40 ESPORTE: FUTEBOL SEM IMPEDIMENTO ..................................... 41 O futebol ............................................................................................. 42 O futebol feminino ............................................................................. 43 Um pouco da história ........................................................................ 44 O futebol feminino na Paraíba .......................................................... 44 Jornada dupla .................................................................................... 45 Sobre as Marias ................................................................................. 46 Lei Maria da Penha ............................................................................ 47 Atividade em grupo ........................................................................... 48 Atividade ............................................................................................ 49 Atividade ............................................................................................ 49 Atividade de pesquisa ....................................................................... 50 Atividade ............................................................................................ 50 Atividade ............................................................................................ 51 Leitura ................................................................................................. 52 Questões para o debate .................................................................... 54 Debate ................................................................................................. 54 E o futebol paraibano? ...................................................................... 55 Pesquisa ............................................................................................. 55 Um pouco da historia do futebol paraibano ................................... 55 Atividade ............................................................................................ 57 Referências bibliográficas ................................................................ 58 CAPÍTULO 3 – UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA .......... 59 O ontem e o hoje: Origem de tudo e estilos de dança ................... 62 Curiosidade ........................................................................................ 62 Você sabia? ........................................................................................ 63 Atividade – Vamos ao debate ........................................................... 63 Atividade de pesquisa ....................................................................... 63 Danças Populares: Compreendendo as nossas raízes ................. 64 Atividade de pesquisa ....................................................................... 66 O Balé ................................................................................................. 67 Curiosidades ...................................................................................... 68 Atividade de pesquisa ....................................................................... 68 Dança Moderna .................................................................................. 69 Atividade ............................................................................................ 70 Dança Contemporânea ..................................................................... 70 Atividade de pesquisa ....................................................................... 71 Dança de Rua/Danças Urbanas ........................................................ 72 Curiosidades ...................................................................................... 73 Atividade de pesquisa ....................................................................... 73 Quem pode dançar? Meninos ou meninas: Questões de Gênero 74 Você sabia? ........................................................................................74 Atividade ............................................................................................ 75 Atividade ............................................................................................ 75 Funções da Dança ............................................................................. 76 Atividade de pesquisa ....................................................................... 77 Dança da moda: Moda da dança ...................................................... 77 Atividade de pesquisa ....................................................................... 78 Curiosidade ........................................................................................ 78 Esperando novas viagens ................................................................ 78 Referências bibliográficas ............................................................... 79 CAPÍTULO 4 – A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR ..... 81 Um pouco de história da ginástica .................................................. 83 Atividade ............................................................................................ 84 Curiosidades ...................................................................................... 85 Pesquisa ............................................................................................. 85 As escolas de ginástica: Saúde, disciplina e civismo ................... 86 Pesquisa ............................................................................................. 88 Atividade ............................................................................................ 88 Curiosidades ...................................................................................... 89 Você sabia? ........................................................................................ 90 A chegada da ginástica no Brasil .................................................... 90 Sugestão de debate ........................................................................... 91 Pesquisa ............................................................................................. 91 Você sabia? ........................................................................................ 91 Sistematizando o conhecimento até aqui ....................................... 91 Texto de apoio ................................................................................... 92 Atividade ............................................................................................ 94 Perguntas para pesquisas escolares .............................................. 94 Referências bibliográficas ................................................................ 95 CCCaaapppííítttuuulllooo 111::: OOO JJJooogggooo eee ssseeeuuusss sssiiigggnnnooosss sssoooccciiiaaaiiisss EDUCAÇÃO FÍSICA CCCaaapppííítttuuulllooo 111::: OOO JJJooogggooo eee ssseeeuuusss sssiiigggnnnooosss sssoooccciiiaaaiiisss EDUCAÇÃO FÍSICA Rosalândia Nascimento Pessoa Escola Municipal Santa Emília de Rodat Francisca Dasminele Gomes Feitosa Escola Tharcilla Barbosa da Franca Adeilton dos Santos Gonzaga Escola Euclides da Cunha Francisco Alberione Teixeira Torres Escola Seráfico da Nóbrega Júlia Elisa Albuquerque de Almeida Escola Tharcilla Barbosa da Franca Anne Caroline Lima de Melo Escola Ana Cristina Rolim Machado Carlos Alberto Antunes „NACO” Escola João Monteiro da Franca Marco Antônio de Oliveira Vilarin Escola Zumbi dos Palmares Noêmia Rodrigues do Oriente Escola Ana Cristina Rolim Machado Valéria Simonethe de Melo Albuquerque Escola Dr. José Novais Cristiane Maria Paolin Escola Anita Trigueiro do Valle Jeimison de Araújo Macieira Universidade Federal da Paraíba - UFPB CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA Olá pessoal! Nós somos uma turma de estudantes, assim como vocês, e queremos convidá-los a embarcar em uma viagem cheia de conhecimentos, atividades e desafios. Desafios para os quais buscaremos respostas juntos, de forma coletiva e organizada. Temos aqui um conhecimento que historicamente vem sendo produzido por toda a humanidade: o JOGO! Vocês sabem o que é jogo? Quais formas de jogo vocês conhecem? De onde vem o jogo? Como ele nasce? Será que jogar é o mesmo que brincar? Então vamos lá! O conteúdo que a partir de agora traremos para vocês faz parte da história da humanidade e tem demonstrado ser um importante elemento da cultura de diversos povos e comunidades do nosso planeta. A origem do jogo, não se sabe ao certo; porém verificam-se nas paredes de cavernas antiquíssimas desenhos que remontam atividades de jogos, reiterando, portanto, o caráter lúdico empregado pelos povos mais antigos a essa atividade, o jogo. Nesse sentido, o jogo configura-se como ―uma invenção do homem, um ato em que sua intencionalidade e curiosidade resultam num processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade e o presente‖ (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 65-66). De acordo com Huizinga (2007, p. 6), Encontramos o jogo na cultura, como um elemento dado existente antes da própria cultura, acompanhando-a e marcando-a desde as mais diferentes origens até a fase de civilização em que agora nos encontramos. Em toda parte encontramos presente o jogo, como uma qualidade de ação bem determinada e distinta da vida comum. Jogo é toda atividade praticada de forma descontraída, natural, divertida, prazerosa e espontânea, e cujas regras são construídas de acordo com seus costumes, cultura, vontade e meio social em que seus praticantes estão inseridos. O jogo é um conteúdo fundamental nas aulas de Educação Física. Muitos jogos são conhecidos por vocês; outros são novidades. No jogo, todos participam, interagem, se divertem e, o mais interessante, aprendem. Esta talvez seja a principal característica do jogo: a aprendizagem através da ludicidade. Por intermédio dos jogos, aprendemos e desenvolvemos muito a cognição. Além disso, devemos considerar a alegria e o prazer que sentimos ao jogar com nossos colegas, bem como entender o desafio que cada jogo tem. O jogo é jogado, mas também é vivido. No jogo são colocados e explorados elementos que caracterizam as atividades humanas e suas expressões histórico-culturais. Cada jogo tem um significado importante e admite variações de acordo com cada região do território nacional, bem como com cada participante (criança ou não) aprende com ele. Cascudo (2003, p. 145) afirma que: O jogo ensina-lhes as primeiras normas da vida, acomoda-o na sociedade, revela-lhes os princípios do homem, sacode-lhe os músculos, desenvolve-lhe o sistema nervoso, acentua-lhe a decisão, a rapidez do conhecimento, põe-lhe ao alcance do direito do comando, da improvisação, da criação mental. CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA Nas palavras de Bregolato, em seu livro A Cultura Corporal do Jogo (2007), O Jogo é um fenômeno constituído de atividades lúdicas – brincadeiras – que envolvem pessoas e animais, que por sua vez podem, nessas atividades, interagir com objetos e com a natureza. Sendo o jogo o provocador dessa relação entre as pessoas e delas com o meio ambiente, ele torna-se uma fonte de conhecimento. Conhecimento que está presente em vários processos. Enfim, o jogo está incluído como um todo na vida do ser humano como parte integrante da existência. O jogo, portanto, contém elementos lúdicos e atua de forma decisiva na formação humana de seus praticantes. Tendo o jogo uma função fundamentalmente lúdica, jogar necessariamente implica ser espontâneo, ser criativo, ser construtor do próprio conhecimento. Dessa forma, quando a criança joga ―ela opera com os significados de suas ações, o que a faz desenvolver sua vontade e ao mesmo tempo tornar-se consciente de suas escolhase decisões‖ (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 66). Nas aulas de educação física, o jogo é abordado como conteúdo estruturante de conhecimento, pois são desenvolvidos o caráter coletivo, os valores, a consciência social, o pensamento sobre a ação e as relações sociais, atuando, assim, de forma decisiva no trabalho das possibilidades corporais e, também, do elemento perceptivo. Outro fator que faz do jogo um importante conteúdo das aulas de educação física é a ―liberdade‖ que os alunos têm para recriar a prática cotidiana das atividades. Em outras palavras, jogar a amarelinha, o elástico, a barra-bandeira e outros jogos do nosso cotidiano não necessariamente significa jogar da mesma maneira todos os dias. O jogo e suas regras podem, devem e em sua maioria vão ser modificados ou recriados todas as vezes que seus praticantes acharem que devem fazê-lo. Portanto, seria importante que o(a) professor(a) selecionasse jogos cujos conteúdos impliquem: 1. A possibilidade do conhecimento de si mesmo; 2. O conhecimento dos objetos/materiais de jogos; 3. As relações espaçotemporais e, especialmente, as relações com as outras pessoas; 4. A inter-relação do pensamento sobre uma ação com a imagem e a conceituação verbal dela; 5. A vida de trabalho do homem, da própria comunidade, das diversas regiões do país, de outros países 6. A auto-organização, a autoavaliação e a avaliação coletiva das próprias atividades; 7. A elaboração de brinquedos, tanto para jogar em grupo como para jogar sozinho. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 67-68) É papel da escola garantir espaços para atividades lúdicas que venham dar aos alunos oportunidades de, com essa vivência, ampliar seus conhecimentos e poder opinar/escolher o que jogar e brincar. Com efeito, as CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA crianças de hoje não brincam ou jogam nas ruas como faziam antigamente, pois os pais, por medo da violência e, por conseguinte, por motivo de segurança, muitas vezes privam seus filhos dos conhecimentos e vivências proporcionados por alguns jogos e brincadeiras. Então, pessoal, feitas as primeiras interpretações sobre o conteúdo JOGO, agora vamos buscar entender como esse mundo cheio de ludicidade pode nos levar a lugares nunca dantes visitados. Vamos, através das atividades sugeridas, conhecer melhor o mundo em que vivemos. Mundo esse repleto de contradições para serem desvendadas. Para isso não estaremos a sós, pois contamos com nossos colegas de sala e de escola, além, é claro, do nosso querido(a) professor(a). SUGESTÃO DE DEBATE Como o jogo é um dos conteúdos estruturantes das aulas de educação física, ele deve ser selecionado para o conjunto dos temas referentes ao plano de ensino. Dessa forma, devemos tratá-lo pedagogicamente, não apenas para possibilitar o acesso a esse conteúdo, que vem sendo criado e reconstruído historicamente, mas também oportunizar o trabalho com esse importante conteúdo no que diz respeito aos elementos sociais, políticos, econômicos e culturais que o permeiam. É importante ressaltar que todas as características inerentes a esse conteúdo – criatividade, processo histórico de construção, transmissão de conhecimentos de pai para filho, diferentes modos de jogar nos diversos estados brasileiros, etc. – são imprescindíveis para a formação humana dos alunos. Como sugestão de atividade, crie um momento onde a sala possa ser dividida em dois grandes grupos, sendo que um grupo defenderá a importância do conteúdo JOGO para as aulas de Educação Física, enquanto o outro defenderá que esse conteúdo não é importante para as aulas. DICAS IMPORTANTES O(a) professor(a) deve trazer para os alunos uma seleção de informações sobre o conteúdo, retiradas, por exemplo, de sites, revistas, livros, filmes e jornais; Cada professor(a) pode escolher o período em que esta atividade acontecerá, ou seja, no início ou final do capítulo; Procure adequar o conteúdo às possibilidades sociocognoscitivas de cada turma. Surgindo qualquer dúvida, recorra ao livro Coletivo de Autores, páginas 30 a 34. CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA JOGAR E/OU BRINCAR? VAMOS ENTENDER! Olá meus amigos, depois de entender um pouco sobre o jogo e sua íntima relação com a nossa vida social, vamos, a partir de agora, procurar melhorar nosso entendimento sobre o que seria jogar e/ou brincar? Será que podemos pensar nessas duas ações separadamente, ou uma depende da outra? Jogar e brincar tem o mesmo significado? O jogar e o brincar são inerentes à vida de qualquer ser humano. Todos nós já nos deparamos com situações que envolveram jogos e/ou brincadeiras, não só na infância, mas em todas as fases de nossas vidas. Segundo Huizinga (2007, p.4), ―no jogo existe alguma coisa ‗em jogo‘ que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação‖. Quem nunca soltou pipa, brincou de casinha, escolinha, pião, baleado, dominó, dama, barra- bandeira, dono da rua, enfim, todos esses jogos/brincadeiras que são bem íntimos à nossa realidade? CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA Os atos de brincar e jogar são indispensáveis à vida social e sempre estiveram presentes em qualquer povo, desde os mais remotos tempos. Através deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser um adulto capaz de enfrentar desafios e de participar da construção de um mundo mais igual, tanto do ponto de vista econômico quanto político, social e cultural. O jogo e a brincadeira são atividades que envolvem a ludicidade. Bruhns (1993), citado por Fensterseifer (2008, p. 270), (...) concebe a atividade lúdica como prática social real das relações sociais, como produto coletivo da vida humana, podendo se manifestar no jogo, no brinquedo e na brincadeira, desde que possua características como desinteresse, seriedade, prazer, organização, espontaneidade. O jogo, nas suas diversas formas, auxilia no processo ensino- aprendizagem da capacidade imaginativa, na possibilidade de interpretação, na tomada de decisão, na criatividade, no levantamento de hipóteses, na obtenção e organização de dados e na aplicação dos fatos e dos princípios a novas situações, as quais, por sua vez, acontecem quando jogamos, quando obedecemos a regras, quando vivenciamos conflitos numa situação real, etc. Através do brincar e do jogar, o aluno forma conceitos (os quais estão inseridos em nossa sociedade), seleciona ideias, estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com suas possibilidades e, o que é mais importante, se sociabiliza. O jogo é uma atividade rica e de grande efeito que corresponde às atividades lúdicas, intelectuais e afetivas. É uma atividade que estimula a vida social à medida que representa os diferentes papéis assumidos na sociedade, desde as relações de poder (empregado x patrão, pai/mãe x filho, professor x aluno) até as estruturas de ações comunitárias (nas diferentes profissões, na igreja, no círculo de amigos). No campo social, os jogos permitem que o trabalho em grupo se estruture e que os alunos estabeleçam relações de trocas, que aprendam a esperar sua vez, que se acostumem a lidar com regras, conscientizando-se de que podem ganhar, perder ou simplesmente jogar. Luise Weisse (1992, p. 65) afirma que ―através do brinquedo, a criança inicia sua integração social, aprende a conviver com os outros, a situar-se frente ao mundo que a cerca. Ela se exercita brincando.‖ CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA Segundo Piaget (1967), ―o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o aprendizado [grifo nosso] cognitivo, afetivo, social e moral.‖ Em outras palavras, através do jogo se processaa construção do conhecimento. Os alunos, desde pequenos, estruturam seu espaço e seu tempo, desenvolvem a noção de causalidade, chegando à interpretação e, finalmente, à sistematização. Além disso, os alunos ficam mais motivados para usar a inteligência, pois querem entender melhor o jogo. Dessa forma, esforçam-se para superar problemas, agindo nos planos cognitivo, afetivo, social e cultural, sendo estes problemas referentes a cada faixa etária. Por fim, estando mais motivados, os alunos ficam mais atentos durante o jogo. ―Nos domínios da psicologia, da dinâmica fisiológica, da memória, inteligência, raciocínio, vontade, virtudes de honra, disciplina, lealdade e obediência às regras, a brincadeira é o processo iniciador da criança‖ (CASCUDO, 2003, p. 145). Brincar não é perda de tempo nem é simplesmente uma forma de preencher o tempo. A criança que não tem oportunidade de brincar sente-se deslocada. A brincadeira possibilita o aprendizado integral da criança, já que, ao brincar, ela se envolve afetivamente, opera mentalmente e convive socialmente. Tudo isso ocorre de maneira envolvente, de modo que a criança despende energia, imagina, constrói normas e cria alternativas para resolver imprevistos que surgem no ato de brincar. O jogo e a brincadeira, portanto, mesmo podendo ser definidos separadamente, agem em conjunto, pois as atividades de jogar e brincar propriamente ditas não se separam. Além disso, os conceitos devem moldar-se à realidade social sem perder sua essência, e conectar-se com a totalidade dos fatos presentes no cotidiano. De acordo com o dicionário, o que significa? - Jogar: do latim ―jocare‖: entregar-se ao ou tomar parte no jogo de; executar as diversas combinações de um jogo; aventurar-se ou arriscar-se ao jogo; perder no jogo; dizer ou fazer brincadeira; harmonizar-se. - Brincar: ―de brinco+ar‖; divertir-se infantilmente; entreter-se em jogos de criança; recrear-se; distrair-se; saltar; pular; dançar, (...) (Dicionário da Língua Portuguesa – Aurélio, 1986) Pois bem! Agora que temos um entendimento melhor sobre o que é brincar e/ou jogar, que tal realizarmos algumas atividades? Vamos entrar no mundo das brincadeiras e conhecer a importância desse conteúdo para as aulas de educação física. CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA ATIVIDADE (Proposta de Seminário) mãos na massa! Divida a turma em grupos para a realização de um seminário. Os grupos irão criar um jogo (com nome, regras, materiais a serem utilizados, número de participantes, etc.). Cada grupo deverá apresentar o jogo que sistematizou. A apresentação poderá conter uma parte teórica (de explicação do jogo, mostrando seu sentido, seu significado, sua forma de jogar e, principalmente, sua relação com a sociedade e com o meio em que estão inseridos) e uma parte prática (de demonstração do jogo). Enquanto um grupo faz a apresentação, o outro deverá estar atento à atividade. ATIVIDADE Observe o quadro a seguir: Brincando (Domínio público). Pintado por Cândido Portinari, sem data. O quadro vem justamente nos mostrar elementos da cultura brasileira. Leva-nos para o passado, quando as cidades ainda não eram tão apertadas e cheias de carros por todos os lados. O desenho mostra crianças brincando de jogos infantis, como a cabra-cega, a gangorra, a carniça, a bola de gude e a pipa. Todos esses jogos e brincadeiras fazem parte de nossas vidas, de nosso processo histórico de formação. De acordo com Cascudo (2003, p.147), Há brinquedos de 10.000 anos. E alguns mais antigos. O pião rodador, puxado a cordel, strombos grego, turbo romano, são encontrados nos túmulos mais velhos de Micenas, na quinta e nona Tróia, e continuam presentes, vistos em qualquer local, na mesma função que lhe davam escravos númidas e gladiadores, crianças de Atenas e de Roma, há mais de cinqüenta séculos. CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA Vamos agora fazer uma viagem para o passado e descobrir um pouco mais sobre os jogos populares que fizeram e fazem parte da nossa história e da de nossos pais. Pesquisa Faça uma pesquisa com seus pais, tios, vizinhos, etc. (de preferência pessoas mais velhas) sobre os jogos que eles brincavam quando eram crianças. Pergunte-lhes sobre as regras, as maneiras de jogar e em que época (quantos anos atrás) eles jogavam. Relacione os jogos com o momento histórico, político e cultural vivido no Brasil e descubra como era a relação entre os entrevistados seus pais, principalmente no que se refere a características como respeito, obediência, palmatória, ditadura, censura, etc. ATIVIDADE Escravos de Jó Enquanto manifestação espontânea da cultura popular, as brincadeiras tradicionais têm a função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver formas de convivência social.Considerada como parte da cultura popular, essa tradicional brincadeira ―Escravos de Jó‖ guarda a produção de um povo em certo período histórico. Essa cultura não oficial, desenvolvida sobretudo pela oralidade, não fica cristalizada; está sempre em transformação, incorporando criações anônimas das gerações que vão se sucedendo. Por ser elemento folclórico, essa brincadeira infantil assume características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação, mudança e universalidade. “Escravos de Jó Jogavam caxangá Escravos de Jó Jogavam caxangá Tira, bota Deixa o Zambelê ficar Guerreiros são guerreiros Fazem zigue-zigue-zá Guerreiros são guerreiros Fazem zigue-zigue-zá”. (Domínio público) CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA Quem era Jó? Por que ele tinha escravos? O que é caxangá?1 Jó é um personagem do Antigo Testamento. Segundo o livro, Deus apostou com o Diabo que, mesmo perdendo os filhos e a riqueza, Jó não perderia a fé. E Deus ganhou a aposta. Daí a expressão "paciência de Jó". Daí para frente é só mistério. Nada indica que Jó tivesse escravos. O mais provável é que a cultura negra tenha se apropriado de sua figura para simbolizar o homem rico da cantiga de roda. Os escravos que faziam o ―zigue- zigue-zá‖ seriam os fujões que corriam em zigue-zague para despistar os capitães do mato. O significado de caxangá é ainda mais obscuro. Segundo o Dicionário Tupi–Guarani – Português, de Francisco da Silveira Bueno, caxangá vem de ‗caá-çanga‘, que significa mata extensa. Para o Dicionário do Folclore Brasileiro, é um adereço usado pelas mulheres alagoanas. A palavra também já foi associada aos saquinhos utilizados no contrabando de sementes para as senzalas2. Tudo indica que, de boca em boca, o significado da palavra ou até mesmo a composição dos versos tenham sido muito modificados. Isso também explicaria as variações regionais da cantiga. Afinal, deixamos o Zambelê ou o Zé Pereira ficar? PROPOSTA DE ATIVIDADE De acordo com o texto acima, tente elaborar uma atividade por meio da qual os alunos possam conhecer esse jogo (observe os ciclos de escolarização) presentes no livro Coletivo de Autores e adéque a atividade de acordo com os critérios da seleção de conteúdo). Antes de começar a aula, pergunte aos alunos se eles conhecem e/ou já jogaram "Escravos de Jó"? Como eram (são) as regras do jogo praticado/conhecido por eles? Durante a prática propriamente dita, problematize com os alunos a possibilidade de organizar o jogo de diferentes maneiras, de acordo com o que foi discutido na primeira parte da aula. No momento final da aula, momento de avaliação do que foi feito, faça uma discussão sobre: 1) o(s) significado(s) encontrado(s) no jogo (observe os diferentes significados para cada aluno); 2) as diferenças observadas nas práticas executadas (observe as diferenças na música e na forma); 3) as principais habilidades físicas, motoras, cognitivas e sociais exercitadas. LEMBRETE: As atividades não são receitas, mas, sim, sugestõesde possibilidades de aulas. Procure adequar os conteúdos ao cotidiano dos alunos e fazer novas relações com esse cotidiano. É sempre bom exercitar a criatividade e cognição! Mãos à obra. 1 Texto de Anna Virgínia Balousser (Revista Superinteressante, setembro, 2008) 2 Esta informação é de total responsabilidade da autora. CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA OS JOGOS ELETRÔNICOS E OS JOGOS POPULARES Oba! Vamos jogar video game! Mas espera aí! Será que jogar video game é um conteúdo das aulas de educação física? Podemos utilizá-lo para aprender sobre nossa história? Se jogarmos video game deixaremos de lado os jogos populares? Calma amiguinhos, vamos responder devagar! Em primeiro lugar, os conteúdos que fazem parte da disciplina de educação física são: dança, esporte, ginástica, lutas, mímicas, jogos, entre outros! Hum... se os jogos fazem parte da educação física, podemos trabalhar com o video game? Podemos, sim, mas temos que saber tratar esse conteúdo antes de trazê-lo para nossa aula. E como fazer isso? Vamos lá!.Temos, antes de tudo, que estabelecer alguns critérios. dentre os quais selecionamos os seguintes: ―relevância social” (verificar se esse conteúdo tem relação com a realidade social dos alunos); ―contemporaneidade do conteúdo” (garantir aos alunos o que existe de mais avançado no mundo contemporâneo); ―adequação às possibilidades sociocognoscitivas dos alunos” (adequar o jogo à capacidade cognitiva e à CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA prática social do aluno); “provisoriedade do conteúdo” (romper com a ideia de terminalidade e retraçar o conteúdo desde sua gênese para que o aluno perceba-se enquanto sujeito histórico) (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 31- 33). Feito isso, vamos ao conteúdo! O video game é um jogo adaptado para TV e PC (computador). Esse jogo tomou maiores proporções na década de 90, mas sua criação e história datam de algumas décadas anteriores. Em 1949, o engenheiro Ralph Baer foi incumbido de criar a melhor televisão do mundo, o que para a época era uma grande revolução tecnológica. Ele pensava em criar uma TV interativa, com jogos; mas a ideia não se proliferou. Alguns anos depois, mais precisamente em 1972, Baer, ao questionar se havia algo mais interessante do que ficar mudando de canal com o controle remoto, teve a ideia de desenvolver um jogo que seria conectado à TV. Ele apresentou sua ideia para um amigo que era engenheiro e, então, surgiu o primeiro jogo, que foi chamado Pong. ―A Magnavox resolveu comprar o projeto de Baer, da Sanders Associates, e começou a desenvolver o console Odyssey, o primeiro video game para ser conectado à TV. Em contrapartida, nessa época a Atari foi acusada por Baer de plagiar o Odyssey‖ (WIKIPÉDIA, citado por FEITOZA, 2007, p. 15). A humanidade está diariamente construindo sua história e, através da ciência e da tecnologia, modificando a forma de perceber a realidade. Nesse sentido, os video games têm se mostrado um importante meio pelo qual as crianças, os jovens e os adultos apreendem o sentido e o significado do meio social e da vida. Os video games, cada vez mais reais, copiam jogos que fazem parte dos nossos signos sociais – como o futebol, a dama, o xadrez, o bilhar, entre outros – atribuindo-lhes novos sentidos. Com a ciência e a tecnologia mais avançadas, temos a possibilidade de acessar o conhecimento de forma mais rápida e direta. Para perceber isso é só ir até a esquina mais próxima e entrar nas famosas LAN HOUSES (que são casas de computadores conectados à internet). Lá temos a oportunidade de conhecer o mundo virtualmente. Todo esse conhecimento é muito importante. Mas atenção: ter acesso ao conhecimento de forma virtual não significa dizer que agora não precisamos mais de escola, de livros e de professores, pois todos esses elementos são responsáveis por tratar esse conhecimento e dar sentido e significado a eles. A partir dos jogos eletrônicos, podemos perceber que nossa história está sendo construída e reconstruída. Isso pode ser percebido nos diferentes jogos, nas diferentes tecnologias (equipamentos, suportes, etc.), nas formas de jogar (individual ou coletiva) e no modo como construímos nossas regras de convivência com nossos amigos e família. CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA Os jogos populares são aqueles que estão na memória de todos e que ainda podemos ver nas ruas, nas praças, nos parques e nas aulas de educação física. Materializam-se na amarelinha, no pega-pega, no pique- esconde, no vivo-morto, na barra-bandeira, no baleado e inúmeras outras brincadeiras. Contudo, parece que esses jogos estão sendo deixados de lado por causa dos jogos eletrônicos. De fato, brinquedos mais tecnológicos vêm fazendo com que as crianças não precisem mais sair de casa para brincar nem precisem de outras crianças para se divertir. Dessa forma, elas acabam preferindo os jogos eletrônicos. O fato de os jogos populares serem, em grande parte, passados de geração a geração agrava ainda mais essa situação. Os pais que são submetidos a jornadas de trabalho massacrantes para garantir o sustento de sua família, sendo, portanto, obrigados a ficar longe de casa por várias horas, geralmente não conseguem ensinar a seus filhos as brincadeiras que no passado lhes foram ensinadas por seus pais. Além disso, com o aumento significativo das grandes cidades (repletas de prédios e carros por todos os lados), os pais se veem na obrigação de proteger seus filhos de um meio cada vez mais perigoso e acabam deixando de lhes ensinar os jogos populares. Nesse sentido, a escola e principalmente a educação física têm um papel fundamental ao possibilitar o acesso a esse conteúdo – ―apresentando (identificando), sistematizando (adquirindo a consciência), ampliando (reorganizando as referências conceituais) e aprofundando (refletindo e dando um salto qualitativo) o conhecimento do aluno sobre tais jogos‖. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 35) CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA Agora chegamos a nossa terceira pergunta: se jogarmos video game deixaremos de lado os jogos populares? De forma alguma! Temos um conhecimento que vem sendo historicamente sistematizado pela humanidade, que são os jogos eletrônicos, e também um conhecimento que faz parte da história, que são os jogos populares. Portanto, ambos têm uma importância significativa na nossa vida social e devem ser selecionados para as nossas aulas de educação física. Além disso, ambos fazem parte de uma série de elementos que constituem a nossa cultura corporal. Sendo assim, vamos buscar entender o jogo, vamos relacioná-lo com o momento social, econômico e cultural do nosso país e do mundo, vamos recriá-lo a partir de nossas experiências concretas, vamos coletivamente e de forma organizada acessar mais essa possibilidade de entender o mundo ao qual estamos expostos. Mãos na massa! E joguem à vontade! SE LIGA AÍ... Se você é um daqueles fanáticos por jogos eletrônicos, fique de olho nas seguintes observações: Jogos violentos podem incentivar o comportamento agressivo; Os jogos eletrônicos fazem com que a pessoa deixe de ser mero espectador da violência, pois são projetados para que se participe dela; Para os mais impressionáveis, pode ficar difícil distinguir a realidade da fantasia; Como um vício, os games podem levar o jogador a negligenciar obrigações e relacionamentos importantes; CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA Os jogos podem tomar o tempo que a criança deveria gastar em outras atividades importantes, como estudar, interagir com os outros e participar de brincadeiras que estimulam a criatividade; Olhar muito tempo para uma tela pode causar fadiga visual; Falta de exercício, um possívelresultado de se jogar muito video game, pode causar obesidade, problemas posturais e lesões por esforço repetitivo (LER); Os jogos eletrônicos podem consumir seu tempo e seu dinheiro. ATIVIDADE Leia os textos abaixo e em seguida reflita sobre a mensagem transmitida por eles: Texto 01 A Bola (Luis Fernando Veríssimo) Fonte: www.olhoscriticos.com.br O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola. O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa. – Como é que liga? – perguntou. – Como, como é que liga? Não se liga. O garoto procurou dentro do papel de embrulho. – Não tem manual de instrução? O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros. – Não precisa manual de instrução. – O que é que ela faz? – Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela. – O quê? – Controla, chuta... – Ah, então é uma bola? – Claro que é uma bola! – Uma bola, bola?. Uma bola mesmo? – Você pensou que fosse o quê? – Nada, não. O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da TV, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times de monstrinhos http://www.olhoscriticos.com.br/ CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA disputavam a posse de uma bola em forma de bip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente. O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina. O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto. – Filho... Olha! O garoto disse "Legal", mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro do couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa idéia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar! Texto 02 Fonte: www.watchtower.org Um dos vídeo games mais vendido em todo o mundo, segundo a revista Newsweek, foi o Grand Theft Auto 3. O objetivo do jogo, cujo título significa ―O Grande Ladrão de Carros 3‖, é progredir em uma organização criminosa. Para isso, é preciso envolver-se em vários crimes, como prostituição e assassinato. ―Cada ato tem conseqüências‖, explica a Newsweek. Se o jogador mata um pedestre usando um carro roubado, a polícia vem atrás dele. Se dá um tiro num policial, o FBI entra no caso. Se ele matar um agente do FBI, os militares vão tentar acabar com ele. O jogo foi projetado para maiores de 17 anos, mas sabe-se de lojas que o vendem para jovens de menos idade. Até crianças de 12 anos dizem que gostariam de jogá-lo. Texto 03 Fonte: www.watchtower.org Rick Dyer, presidente da empresa Virtual Image Productions, diz: ―Não são mais apenas jogos, são instrumentos de aprendizado. Estamos mostrando às crianças — da maneira mais inacreditável — a sensação que se pode ter ao puxar um gatilho (...). O que elas não aprendem são as conseqüências na vida real.‖ ATIVIDADE A partir da leitura dos textos acima procure responder às seguintes perguntas: Existe alguma relação entre os textos? Que relação você faria entre a popularização dos jogos de rua e dos jogos eletrônicos? Qual a intenção dos criadores dos jogos eletrônicos Em que momento social surgiram os jogos eletrônicos? Há algum perigo para os jogadores destes jogos? Eles têm consciência do perigo que correm? Há alguma relação entre os jogos eletrônicos e a educação física? http://www.watchtower.org/ http://www.watchtower.org/ CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA CURIOSIDADE / VOCÊ SABIA QUE...? No Brasil, o Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação (Dejus) é responsável por analisar e classificar os jogos eletrônicos. As Portarias ministeriais 899 e 1035 de 2001 dão suporte legal às classificações. Elas estabeleceram, entre outras coisas, as seguintes faixas de classificação: I. – livre; II. – inadequado para menores de 12 anos; III. – inadequado para menores de 14 anos; IV. – inadequado para menores de 16 anos; V. – inadequado para menores de 18 anos. Entre os critérios utilizados pelos analistas para a classificação indicativa de jogos eletrônicos está a avaliação das situações que envolvem sexo, drogas e violência. PESQUISA Elabore uma pesquisa sobre a origem dos jogos eletrônicos, os conhecidos vídeo games. Descubra como surgiu essa atividade e quando os alunos passam a trocar os jogos populares pelos jogos eletrônicos. Tente problematizar a pesquisa, perguntando sobre os preços de video games e se todos têm acesso a esses aparelhos. A charge ao lado mostra dois garotos jogando vídeo game. Eles estão jogando um jogo bem interessante! É o jogo eletrônico da vida real, onde eles reproduzem os signos sociais produzidos pela sociedade. Na charge, eles brincam com um episódio recente da nossa história: o mensalão. Pergunte aos estudantes se eles lembram desse episódio ou se eles acham que isso tem algo a ver com a Educação Física. IMPORTANTE Durante a elaboração da pesquisa, o(a) professor(a) deve estar atento a todos os questionamentos possíveis acerca dos dados da realidade dos estudantes. Assim, eles poderão identificar as contradições (ricos x pobres; escola pública x escola particular; favela x condomínio de luxo; entre outras) presentes na nossa sociedade e, principalmente, nas aulas de Educação Física. Fonte: www.panoramablogmario.blogger.com.br http://www.panoramablogmario.blogger.com.br/ CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA MAIS PESQUISAS 1. Quais jogos populares existem? Divida a turma em grupos de dois ou até quatro estudantes e proponha para cada grupo pesquisar com familiares, amigos, internet, livros, jornais e revistas sobre a diversidade dos jogos populares, de onde vieram e quais objetivos estão presentes na realização de cada jogo. Cada grupo deverá explicar para a sala como jogar os jogos pesquisados, além de falar um pouco do histórico desses jogos. 2. Maneiras diferentes de jogar o mesmo jogo. Por exemplo, faça grupos de dois estudantes para pesquisarem formas diferentes de jogar a barra- bandeira. ATIVIDADE O dia das crianças é sempre lembrado entre professores e professoras da escola. Nesse dia, é comum vermos apresentações de grupos de danças folclóricas, de teatro, de capoeira, entre outros. Na Educação Física, percebemos a realização de um dia inteiro de atividades esportivas, que sempre copiam o modelo propagandeado pela mídia (TV, jornais, revistas, etc.). Contudo, como já foi dito no nosso texto, ―a Educação Física é muito mais do que uma prática solta e sem relação com nossa vida cotidiana. É preciso lembrar que o jogo satisfaz a necessidade das crianças, especialmente a necessidade de ação‖ (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 66). Portanto, como proposta de atividade para o dia das crianças, que tal organizarmos um festival de jogos populares? Aqueles jogos que praticamos na rua e os levamos para o ambiente escolar. Estamos falando da amarelinha, do pula-corda, do sete-pecados, do seu rei mandou dizer, do esconde-esconde, do elástico, da barra-bandeira, do dono da rua, entre outros. Os professores irão a partir de agora dividir as turmas da escola em quatro grandes grupos de estudantes. Esses grupos devem ter cores distintas que possibilitem a todos distinguir os grupos. A cada grupo será atribuída uma personalidade da história (Exemplo: Ariano Suassuna– grupo verde). Para os professores das turmas, a organização do festival distribuirá um material referente ao histórico de vida de cada personalidade. Esse material deverá ser estudado pelas turmas, pelo menos uma semana antes do dia do festival. A atividade proposta será uma corrida de aventura durante a qual cada grupo passará por estações e, em cada uma delas, terá que realizar um jogo popular e ainda responder a uma pergunta sobre a história da personalidade Foto: Rosalândia Pessoa – Escola Municipal Santa Emília de Rodat. CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA referente à sua cor. O número de estações, a pontuação das tarefas e os jogos populares devem ser decididos pela comissão organizadora. A premiação pode ser feita pelos próprios estudantes que construiriam as medalhas com material alternativo. No final do festival sugere-se uma grande confraternização entre todo o corpo escolar. DICAS Seria muito importante incluir nessa atividade todo o corpo docente e de funcionários da escola; Tente não obedecer à faixa etária nem à seriação, para problematizar melhor a atividade; Tenha cuidado com a distribuição dos grupos para não criar um grupo muito forte; A personalidade pode ser da própria escola, da Paraíba, do Nordeste ou do Brasil; A comissão organizadora pode ser composta por representantes dos professores, da direção e dos estudantes. JOGOS COOPERATIVOS: UMA POSSIBILIDADE PARA TODOS Você conhece? Jogos Cooperativos são jogos em que os participantes ―jogam uns com os outros, ao invés de uns contra os outros‖ (DEACOVE, citado por BROTTO, 2001, p.54). Em outras palavras, considera-se o outro como um parceiro e não como adversário. Segundo Brotto (2001), no Jogo Cooperativo, joga-se para superar desafios e não para derrotar o adversário. Joga-se pelo prazer de jogar, cooperando para alcançar um objetivo comum e priorizando a integridade de todos. Os Jogos Cooperativos visam promover a integração e a participação de todos, pois ―(...) são jogos de compartilhar, unir pessoas, despertar a coragem para assumir riscos, tendo pouca preocupação com o fracasso e o sucesso em si mesmos‖ (BROTTO, 2001, p.55). A principal característica do jogo cooperativo é sua forma de participação. As atividades são realizadas com o objetivo de proporcionar aos seus participantes a máxima diversão. Dessa forma, cada participante dá sua parcela de contribuição para que todos possam vivenciar a atividade, não enfatizando a individualidade, mas, sim, a coletividade; não há, portanto, a preocupação exclusiva em competir. Você imagina como surgiu? O Jogo Cooperativo ―começou há milhares de anos, quando membros das comunidades tribais se uniam para celebrar a vida‖ (ORLICK, citado por BROTTO, 2001, p.47). Alguns povos ancestrais ainda praticam a vida CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA cooperativamente através da dança, do jogo e de outros rituais, como, por exemplo, a ―Corrida das Toras3‖ dos Índios Kanela, no Brasil. Na sociedade moderna, mais especificamente na cultura ocidental, os Jogos Cooperativos surgiram como resposta à excessiva valorização dada ao individualismo e à competição exacerbada. Dessa maneira, o jogo cooperativo contrapõe-se a essa competitividade evidenciada pela sociedade capitalista, em que o fenômeno da competição se reproduz em vários setores da vida social. No jogo cooperativo ocorre o favorecimento à promoção da autoestima e à potencialização de valores e atitudes que colaboram para a melhoria da sociedade, como a solidariedade, a confiança e o respeito mútuo. No Brasil, os jogos cooperativos começaram a ser utilizados a partir de 1980. Atualmente, essa proposta está amplamente difundida, influenciando reflexões e transformações em diferentes seguimentos da sociedade brasileira. Que tal vivenciar essa nova forma de jogar! ATIVIDADE Golfinhos e Sardinhas (jogo infinito)4 Há um tipo de Jogo Cooperativo muito especial: Os Jogos Infinitos. Nesse tipo de jogo todos têm a oportunidade de exercer o poder pessoal e o grupal sobre a vivência que estão compartilhando. Participação: todo o grupo; Espaço: amplo, dividido por uma linha central; Como jogar: com base no pega-corrente; Passos: 1. Começamos com todos os participantes (menos 1) agrupados numa das extremidades do espaço. Este é o ―cardume de sardinhas‖; 2. Aquela pessoa que ficou separada das ―sardinhas‖ será o ―golfinho‖ e ficará sobre a linha transversal demarcada bem no centro do espaço. Ela somente poderá se mover lateralmente e sobre essa linha; 3. O objetivo das ―sardinhas‖ é passar para o outro lado do ―oceano‖ (linha central) sem serem pegas pelo ―golfinho‖. Este, por sua vez, tem o propósito de pegar o maior número possível de ―sardinhas‖ (bastando tocá-las com uma das mãos); 4. Toda ―sardinha‖ pega transforma-se em ―golfinho‖ e fica junto com os demais ―golfinhos‖ sobre a linha central, lado a lado e de mãos dadas, formando uma ―corrente de golfinhos‖; 3 Essas atividades são realizadas sempre com duas toras praticamente iguais. Os participantes se dividem em dois grupos de corredores, cabendo apenas a um participante de cada grupo carregar a tora, revezando-se em um mesmo percurso. 4 Atividade retirada do livro Jogos Cooperativos (BROTTO, 2001, p. 129-130) CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA 5. Na ―corrente de golfinhos‖, somente os ―golfinhos‖ das extremidades podem pegar as ―sardinhas‖; 6. O jogo prossegue assim até que a ―corrente de golfinhos‖ ocupe toda a linha central. Quando isso acontecer, a ―corrente‖ poderá sair da linha e se deslocar por todo o ―oceano‖ para pescar as ―sardinhas‖. ATENÇÃO Quando a ―corrente de golfinhos‖ for maior do que a quantidade de ―sardinhas‖ restantes, propomos que as ―sardinhas‖ passem a poder salvar os ―golfinhos‖ que desejarem ser salvos. Para tanto, basta a ―sardinha‘ passar entre as pernas do ―golfinho‖. Daí o ―golfinho‖ solta-se da corrente e vira ―sardinha‖ de novo. Agora faça as seguintes reflexões com seus colegas: 1. Que dificuldades surgiram ao longo da atividade? 2. Essas dificuldades foram solucionadas? Como? 3. Quem participou com sugestões para a solução das dificuldades? 4. Houve competição ou cooperação durante a atividade? 5. As pessoas participaram como parceiros ou como adversários? E então, você gostou da brincadeira? Para que você possa se familiarizar mais com os Jogos Cooperativos, convide seus colegas e professor(a) para participar das atividades descritas abaixo. É uma oportunidade para experimentar, refletir e discutir mais com seus colegas e professor(a). ATIVIDADES 1. Um time “zoneado” (jogo de inversão) * Este jogo, que tem como ponto de partida o handebol, é literalmente uma ―zona‖. Todos jogam dentro de uma ―zona‖ determinada e conforme o desenrolar da atividade, promovem uma interação muito dinâmica, com participação total e sem fronteiras. Todos percebem que são um só grupo. Participação: grupos de 16 participantes ou mais, distribuídos em duplas ou trios nas ―zonas‖ da quadra; CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA Espaço: quadra de handebol ou similar, dividida em 08 ―zonas‖ A e B, demarcadas da seguinte maneira: A B A B A B A B Passos 1. Os participantes são distribuídos nas 08 ―zonas‖, ficando 2 ou 3 em cada uma delas; 2. Somente poderão jogar dentro da ―zona‖ que ocupam no momento; 3. O grupo A deverá tentar fazer gol no grupo B e vice-versa; 4. A bola deve ser passada para a ―zona‖ seguinte mais próxima, correspondente ao respectivo grupo; 5. Feito o gol, promove-se um rodízio em que todos trocam de ―zona‖, passando a ocupar a próxima ―zona‖ (ex.: a dupla ou trio que estava no gol da ―zona‖ B vai para o gol da ―zona‖A; assim, a dupla ou trio que estava no gol da ―zona‖ A vai para a próxima ―zona‖ B e empurra a dupla que ocupava essa ―zona‖ B para a próxima ―zona‖ A; e assim vai sucessivamente até completar a troca lá no gol da ―zona‖ B); 6. Reinicia-se o jogo. Atenção Ao final do jogo, todos os participantes terão passado tanto pela ―zona‖ A como pela ―zona‖ B. Portanto, pergunta-se: quem é o grupo A e quem é o Grupo B? Quem venceu o jogo? Todos são um só grupo!5 Vamos às reflexões... 1. Foi possível competir e, no final, todos vencerem? Os participantes ganharam do outro ou ganharam juntos? 2. A relação estabelecida entre os grupos foi de interdependência, parceria e confiança, ou de dependência, rivalidade e desconfiança? 3. Nas atividades do cotidiano escolar ou familiar é possível estabelecer essa mesma relação? 4. Qual a contribuição deste jogo para a realização de um mundo melhor? 5 Atividade retirada do livro Jogos Cooperativos (BROTTO, 2001, p. 141-142) CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA 2. Sentando nas CADEIRAS... ou não! Quem nunca brincou da brincadeira das cadeiras? Aquele clássico joguinho em que começam mais pessoas do que cadeiras e assim que a música para, uma pessoa SOBRA e fica fora da brincadeira. Então, eis nossa proposta de atividade. Vamos inverter um pouco essa lógica que está presente há muito tempo nessa brincadeira. A sugestão é que, ao invés de as pessoas saírem do jogo, elas terão de encontrar formas de CONTINUAR nele, sentando no colo dos demais participantes ou nas cadeiras que ainda restam. Enquanto isso, as cadeiras continuarão saindo ao final da música. DICAS para o professor(a) A partir dessa atividade sugira discussões de pares dialéticos. Por exemplo, a discussão de gênero (menino x menina), competitividade x cooperação, desrespeito x respeito, individualidade x coletividade, etc; Caso algum aluno se negue a participar do jogo, ele pode ficar de costas, cantarolar uma música e parar na hora que ele quiser para dar o tom da brincadeira. Obs: quando o(a) professor(a) não tiver aparelho de som, alguém obrigatoriamente terá que desempenhar essa função. Agora que você já sabe o que é Jogo Cooperativo, já teve a oportunidade de experimentá-lo, que tal fazer um trabalho de pesquisa em grupo? ATIVIDADE Pesquise as categorias de Jogos Cooperativos, exemplificando com o maior número possível de atividades. Depois, elabore uma proposta de um festival de jogos cooperativos a ser realizado na escola. Mãos à obra e bom trabalho! CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA LEITURA E DISCUSSÃO Relacione a tabela a seguir com o conteúdo trabalhado (jogos cooperativos) e realize uma leitura, seguida de discussão com os alunos. JEITOS DE VER E VIVER O JOGO DA VIDA6 VER VIVER OMISSÃO (Individualismo) COOPERAÇÃO (Encontro) COMPETIÇÃO (Confronto) VISÃO DO JOGO - Insuficiência - É impossível - Separação - Suficiência - Possível para todos Inclusão - Abundância X Escassez - Parece possível só para um - Exclusão OBJETIVO - Ganhar sozinho - ―Tanto faz‖ - Ganhar... juntos - Ganhar do outro O OUTRO - ―Quem?‖ - Parceiro, amigo - Adversário, inimigo RELAÇÃO - Independência - ―Cada um na sua‖ - Interdependência - Parceria e confiança - Dependência, Rivalidade e Desconfiança AÇÃO - Jogar sozinho - Não jogar - ―Ser jogado‖ - Jogar COM - Troca e criatividade - Habilidades de relacionamento - Jogar CONTRA - Ataque e defesa - Habilidades de rendimento CLIMA DO JOGO - Monótono - Denso - Ativação, atenção e Descontração - Leve - Tensão, stress e contração - Pesado RESULTADO - Ilusão de vitória - individual - Sucesso compartilhado - Vitória às custas dos outros CONSEQUÊNCIA - Alienação, conformismo e indiferença - Vontade de continuar jogando - Acabar logo com o jogo MOTIVAÇÃO - Isolamento - Amor - Medo SENTIMENTOS - Solidão - Opressão - Alegria (para muitos) - Comunhão (entre todos) - Satisfação, cumplicidade e Harmonia - Diversão (para alguns) - Realização (para poucos) - Insegurança, raiva, frustração SÍMBOLO - Muralha - Ponte - Obstáculo 6 Tabela retirada do livro “JOGOS COOPERATIVOS – O jogo e o esporte como um Exercício de Convivência”. FÁBIO OTUZI BROTTO, 2001. CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS EDUCAÇÃO FÍSICA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BREGOLATO, Roseli Aparecida. Cultura corporal do jogo. 2ª Ed. Ícone. São Paulo, 2007. BROTTO, Fábio. Otuzi. Jogos Cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Santos: Projeto Cooperação, 2001. CASCUDO, Luís da Câmara. A história dos nossos gestos. 1ª Ed. Global. São Paulo, 2003. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. 12ª ed. São Paulo: Cortez, 1992; FEITOZA, Joelson Andrade. Jogos eletrônicos e jogos de rua: Uma busca na era do videogame. João Pessoa, UFPB. 2007. 47p. FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo e González Fernando Jaime . (orgs). Dicionário crítico de educação física. Ijuí: Editora Unijuí, 2007. HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: O jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 2007. PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1967. [Six Études de Psichologie, 1964] SOLER, Reinaldo. Brincando e Aprendendo com os Jogos Cooperativos. Rio de Janeiro: Editora Sprint, 2005. TEXTO 2. Disponível em: www.watchtower.org. Acesso em: 06 nov. 2009. TEXTO 3. Disponível em: www.watchtower.org. Acesso em: 27 out 2009. VERÍSSIMO, Luis Fernando. A bola. Disponível em: <www.olhoscriticos.com.br> Acesso em: 06 nov. 2009 WEISS, Luise. Brinquedos & engenhocas: atividades lúdicas com sucata. 2ª. ed. São Paulo: Scipione, 1992. 65p. http://www.watchtower.org/ http://www.watchtower.org/ http://www.olhoscriticos.com.br/ CCCaaapppííítttuuulllooo 222 --- EEEssspppooorrrttteee::: AAA ppprrrooosssaaa eee aaa pppoooeeesssiiiaaa nnnooo fffuuuttteeebbbooolll EDUCAÇÃO FÍSICA Professor Carlos Alberto Antunes Escola Municipal de Ensino Fundamental João Monteiro da Franca Professor Robson Ananias de Lucena Escola Municipal de Ensino Fundamental Anayde Beiriz Professor Lucas Vieira de Lima Silva Universidade Regional do Cariri Professor Lauro Pires Xavier Neto Universidade Federal de Campina Grande CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL EDUCAÇÃO FÍSICA Você sabe a diferença entre prosa e poesia? Qual a relação existente entre prosa, poesia e futebol? O que você sabe sobre as Copas do Mundo de futebol de 1970 e 1982? No Brasil, o futebol sempre foi considerado um esporte de grande importância na vida do povo. Somos conhecidos culturalmente como o “país do futebol” e fomos o primeiro país a receber o título de pentacampeão mundial. O futebol tornou nosso país mais conhecido internacionalmente. Jogadores como Pelé, Rivelino e Tostão, que atuaram na Copa de 1970, e Zico, Sócrates e Falcão, atuantes na Copa de 1982, são mundialmente conhecidos como legítimos praticantes e disseminadores do “futebol-arte”. Mas estes são apenas alguns exemplos, pois a lista de jogadores brasileiros que praticavam, e ainda praticam, o futebol-arte é imensa. Leia com atenção o seguinte texto de Tostão: Após a Copa de 1970, o grande poeta e cineasta italiano Pasolini escreveu que a poesia brasileira ganhou da prosa italiana. Em 1982, aconteceu o contrário. Evidentemente, a Seleção Brasileira, nas duas Copas, não era só poesia nem a italiana era só prosa. Mas havia um nítido predomínio de um estilo. Hoje, a diferença é pequena. (TOSTÃO, 2008, p. 7) Pôster da Copa de 1970 Pôster da Copa de 1982 PESQUISA- Pergunte ao seu professor(a) de português as diferenças entre prosa e poesia; - Descubra o que seus avós, pais, familiares e pessoas de sua comunidade sabem sobre as Copas do Mundo de futebol de 1970 e 1982; - Pesquise as mascotes das Copas do Mundo ao longo da história; - Analise o texto do ex-jogador de futebol Tostão e explique porque Pasolini denomina a seleção brasileira de poesia e a seleção italiana de prosa; - Na atualidade o futebol brasileiro é prosa ou poesia? Seus amigos(as) que jogam futebol praticam a prosa ou a poesia? CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL EDUCAÇÃO FÍSICA Futebol, poesia, arte e música sempre estiveram presentes nas Copas do Mundo. Porém, nem só de poesia vive o futebol. A Copa de 1970 é um exemplo disso. Em 1970, o Brasil passava por um momento difícil da política nacional. Em 1964, o povo brasileiro sofreu um golpe: os militares depuseram o Presidente João Goulart e tomaram o poder por via da força, instaurando a Ditadura Militar, que durou até 1985. Infelizmente, os militares aproveitaram a Copa para fazer propaganda política. Enquanto matavam ou torturavam aqueles que eram contra o regime militar, utilizavam o futebol para tentar enganar o povo, encobrindo a dura realidade e fantasiando-a de um Brasil apenas de festa e alegria. Dessa forma, a maioria da população ficava alheia às discussões sobre economia e política. QUADRO EXPLICATIVO A 9 a Copa do Mundo de Futebol (1970) foi realizada no México e teve como mascote Juanito, enquanto a Copa de 1982 aconteceu na Espanha e teve como mascote Naranjito. Naranjito Juanito Mascote de 1982 Mascote de 1970 “Os anos 1970 foram marcados pela humanização das mascotes nas Copas do Mundo. No México em 1970 a mascote escolhida foi Juanito, um menino com características caucasianas com um sombreiro e uma bola. Em 1982, Naranjito foi a primeira fruta como mascote em Copas do Mundo. A laranja com a camisa da seleção espanhola fez muito sucesso por ser simples. Além de estar estampada em vários produtos da Copa a laranjinha da Copa protagonizou uma série de desenhos animados na televisão espanhola.” Obtido em: http://www.duplipensar.net/dossies/copa-do-mundo-2006- alemanha/mascotes-das-copas-do-mundo.html (14 de novembro de 2008, às 21h00) http://www.duplipensar.net/dossies/copa-do-mundo-2006-alemanha/mascotes-das-copas-do-mundo.html%20(14 http://www.duplipensar.net/dossies/copa-do-mundo-2006-alemanha/mascotes-das-copas-do-mundo.html%20(14 CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL EDUCAÇÃO FÍSICA Daí surgiu a música Pra Frente Brasil (composição de Miguel Gustavo), que dizia: Noventa milhões em ação, Pra frente Brasil, Do meu coração; Todos juntos vamos, Pra frente Brasil, Salve a seleção; De repente é aquela Corrente pra frente, Parece que todo Brasil deu a mão, Todos ligados na mesma emoção, Tudo é um só coração; Todos juntos vamos, Pra frente Brasil, Brasil, Salve a seleção... Para Eduardo Galeano (2004, p. 136), Pra Frente Brasil “transformou- se na música oficial do governo. (...) O futebol é a pátria, o poder é o futebol: Eu sou a pátria, diziam essas ditaduras militares”. Para os militares, os resultados positivos da seleção na Copa ajudavam a manter o regime militar cada vez mais forte entre os brasileiros, visto que estes ficavam, em grande parte, concentrados apenas nas vitórias do Brasil. Será que essa situação ainda existe nos dias de hoje? Será que o povo brasileiro conhece mais a seleção brasileira do que os assuntos sobre economia e política? Será que é mais fácil saber o nome de quem marcou o gol do Brasil no último jogo da seleção do que o nome do ministro da educação ou da economia? Será que o futebol ainda é o “ópio do povo”? CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL EDUCAÇÃO FÍSICA Na Copa de 1982, o jogador paraibano Júnior, que atuava na lateral esquerda, cantava uma música que encantou o povo brasileiro. Conheça a letra da música “Voa Canarinho” (Composição de Memeco e Nonó): Voa, canarinho, voa Mostra pra este povo que é rei Voa, canarinho, voa Mostra na Espanha o que eu já sei Verde, amarelo, azul e branco Formam o pavilhão do meu país O verde toma conta do meu canto Amarelo, azul e branco Fazem meu povo feliz E o meu povo Toma conta do cenário Faz vibrar o meu canário Enaltece o que ele faz Bola rolando E o mundo se encantando Com a galera delirando Tô aqui e quero mais O jornalista João Saldanha escreveu o livro O Trauma da Bola: a Copa de 82, em que relata todos os jogos daquele certame. Saldanha sempre foi um crítico de futebol e da política brasileira. Ele comandou a seleção de 1970 até as vésperas da Copa. Foi perseguido pela ditadura militar e expulso da seleção, dando lugar a Zagalo, ex-jogador da Copa de 58. João Saldanha chegou a criticar a poesia exagerada dos jogadores brasileiros da Copa de 1982 que, embalados pelo “Voa, Canarinho, Voa”, acabaram, segundo o jornalista, deixando de lado a seriedade (ou a prosa) necessária para vencer uma competição. “Não se ganha Copa do Mundo com musiquinha ou batendo bumbo.” (JOÃO SALDANHA, 2002, p. 191). O que será que Saldanha quis dizer com a frase acima? Será que ele era mesmo contrário ao futebol-poesia? CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL EDUCAÇÃO FÍSICA DEBATE Para você, o que é mais importante num jogo de futebol: o placar final do jogo ou um futebol-arte, alegre e que encanta, independentemente do resultado? Vamos realizar um debate em sala de aula? Um grupo irá defender o futebol-prosa e outro, o futebol-poesia. CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL EDUCAÇÃO FÍSICA ATIVIDADE Vamos formar duas equipes? Uma equipe será formada pelos(as) alunos(as) que defenderam o futebol-prosa e a outra, pelos(as) alunos(as) que defenderam o futebol- -poesia. Cada equipe deverá confeccionar sua própria mascote, seu pôster e sua música. Em seguida, vamos para a quadra ou campo para realizamos nosso jogo de futebol. COMPLEMENTO Brasil e Itália já se enfrentaram em várias Copas do Mundo, em diferentes momentos. O confronto mais recente foi em 1994, na final da competição. Foi uma Copa do Mundo cheia de novidades, tal como a realização do evento nos Estados Unidos, país que, apesar de não ter tradição no esporte, aproveitou o evento esportivo para tentar lucrar com a venda das imagens e produtos com a marca da Copa. Infelizmente, o sistema capitalista tenta transformar tudo em lucro. Até as mascotes se transformaram em artigos meramente de venda, perdendo seu significado histórico. Outra novidade foi o resultado da final. Pela primeira vez a final da Copa foi um cansativo 0 a 0, de um futebol cheio de prosa e pouca poesia. Sobre esse fato, Galeano (2004, p.188) escreveu o seguinte: A Itália jogou a final contra o Brasil. Foi uma partida aborrecida, mas entre bocejo e bocejo, Romário e Baggio deram algumas lições de bom futebol. A prorrogação terminou sem gols. Na definição por pênaltis, o Brasil se impôs por 3 a 2 e se consagrou campeão do mundo. CURIOSIDADES Primeiro Tempo O país escolhido pela FIFA para sediar a Copa de 1986 foi a Colômbia. Contudo, desde 1982 havia rumores de que o país sul-americano não conseguiria sediar o evento. As discussões sobre qual país poderia sediar a Copa gerou discordância, em especial quando os Estados Unidos colocaram- se à disposição. Veja o que Saldanha (2002, p. 186) escreveu a esse respeito: Importantíssimo o „pacto sul-americano' se é que existe, de não participar da Copa de 86, caso não seja na Colômbia e sim transferida para os EUA. Pode parecer uma medida antiesportiva. Mas não é. Nos EUA, apesar dos esforços, o futebol não pegou. Até é chamado de soccer, cujo pronúnciaé igual a outra não muito amável – sucker, que quer dizer otário, trouxa etc. CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL EDUCAÇÃO FÍSICA (...) Como se sabe, o futebol lá não pegou, apesar dos esforços de alguns empresários. No momento está caindo no número de clubes, porque os donos, os tais empresários do futebol, como no vôlei, no comércio ou outro investimento qualquer, fecham um negócio não lucrativo. Segundo Tempo Na Copa de 1986, que acabou acontecendo no México, os jogos eram disputados sob um calor tremendo, em horários inconvenientes para os jogadores, mas convenientes para os interesses da televisão. Veja o que escreveu Galeano (2004, p. 165) sobre o assunto: No Mundial de 86, Valdano, Maradona e outros jogadores protestaram porque as principais partidas eram disputadas ao meio-dia, debaixo de um sol que fritava tudo que tocava. O meio-dia do México, anoitecer da Europa, era o horário que convinha à televisão européia. (...) A venda do espetáculo importava mais do que a qualidade do jogo? (...) Quem dirigiu o Mundial de 86? A Federação Mexicana de Futebol? Não, por favor, chega de intermediários: quem dirigiu foi Guilermo Cañedo, vice-presidente da Televisa (...). Foi o Mundial da Televisa, o monopólio privado que é dono do tempo livre dos mexicanos e também dono do futebol no México. E nada era mais importante que o dinheiro que a Televisa podia receber, junto com a FIFA, pelas transmissões aos mercados europeus. Charge da Seleção da Argentina 1986 por Javad Alizadeh: CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL EDUCAÇÃO FÍSICA Na marca do pênalti É possível haver futebol-poesia quando o futebol é transformado num negócio que visa o lucro de empresários? O que é monopólio? No Brasil existem canais de televisão que monopolizam a programação do futebol e de outros programas? VAMOS VER UM FILME? Dois filmes retratam bem as discussões que fizemos em sala de aula: O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias e Todos os Corações do Mundo. O primeiro mostra a realidade da Copa de 1970 sob o olhar de um garoto de 12 anos que, alheio aos problemas enfrentados pelo país, deseja apenas que o Brasil se torne tricampeão mundial. O segundo é um documentário que mostra, sob um olhar menos técnico, a Copa do Mundo de 1994. Os dois filmes são imperdíveis! CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL EDUCAÇÃO FÍSICA O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (2006) » Direção: Cao Hamburger » Roteiro: Cao Hamburger, Cláudio Galperin, Bráulio Mantovani » Gênero: Drama » Origem: Brasil » Duração: 110 minutos » Tipo: Longa » Sinopse: Em 1970, o Brasil e o mundo parecem estar de cabeça para baixo, mas a maior preocupação na vida de Mauro, um garoto de 12 anos, tem pouco a ver com a ditadura militar que impera no País, seu maior sonho é ver o Brasil tricampeão mundial de futebol. De repente, ele é separado dos pais e obrigado a se adaptar a uma "estranha" e divertida comunidade - o Bom Retiro, bairro de São Paulo, que abriga judeus, italianos, entre outras culturas. Uma história emocionante de superação e solidariedade. Todos os Corações do Mundo (1995) » Direção: Murilo Salles » Gênero: Documentário » Origem: Brasil » Tipo: Longa » Sinopse: Documentário oficial da Copa do Mundo de 1994, na qual o Brasil tornou-se tetracampeão. Além dos jogos, conhecemos culturas dos países envolvidos, imagens de bastidores das partidas e muitas outras curiosidades. (Obtido em: http://www.cineplayers.com/filme.php?id=3975. 16 de novembro de 2008, às 08h) http://www.cineplayers.com/perfil.php?id=12577 http://www.cineplayers.com/perfil.php?id=12577 http://www.cineplayers.com/perfil.php?id=12825 http://www.cineplayers.com/perfil.php?id=12826 http://www.cineplayers.com/top_genero.php?id=4 http://www.cineplayers.com/perfil.php?id=13966 http://www.cineplayers.com/top_genero.php?id=12 http://www.cineplayers.com/filme.php?id=3975 CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL EDUCAÇÃO FÍSICA Textos complementares Sobre a Copa de 2010 O cineasta italiano Pasolini dividia o futebol em prosa e poesia, tendo como referência a final da Copa do México em 1970. Evidentemente que a seleção canarinho, com Pelé, Tostão, Rivelino, representava a poesia do futebol e aquele jogo burocrático europeu, a prosa. Infelizmente, em 1970, o país do futebol vivia sob a batuta de milicos burocratas, assassinos do povo brasileiro e que souberam utilizar o resultado da Copa do Mundo como propaganda ideológica em favor regime ditatorial. No jogo contra o Brasil os presos políticos da época chegaram a torcer pela Tchecoslováquia, representante do bloco comunista que tanto assustava a direita reacionária da América Latina. Euforia política, e com um tom exagerado, encerrada até o instante que Pelé, magistralmente, chutou do meio do campo tentando pegar de surpresa o goleiro do país comunista – lance antológico não convertido em gol. Desde 1990 que o maior evento futebolístico se resume a prosa. Jogos enfadonhos, poucas revelações, poucos gols, poucas jogadas magistrais. Evidentemente que não somos saudosistas daquele 10 a 1 que a Hungria emplacou em El Salvador em 1982, que gerou protesto do time salvadorenho colocando a goleada como atitude antiesportiva da equipe húngara! Ou na mesma Copa aquele jogo entre Alemanha e Áustria no qual as duas equipes, já sabendo dos resultados anteriores do grupo, combinaram o placar para que pudessem se classificar para a segunda fase – face horrenda de uma Copa com problemas de organização. A Copa de 2010 começa com a mesma prosa que marcou os últimos eventos. Quem teve a terrível sensação de assistir França e Suíça (0x0) em 2006 e ver o time francês chegar a final do certame e agora perder seu tempo, como eu perdi, assistindo França e Uruguai (0x0), pode perceber que a promessa de uma Copa do Mundo diferenciada, por ser, pela primeira vez, em Continente Africano, caiu por terra. A média de gols dos primeiros jogos é muito baixa, o nível técnico de algumas equipes é lastimável e as grandes promessas parecem ter deixado de lado a poesia futebolística – e ainda corremos o risco de times medíocres com o da França, mas com um futebol de resultado, possam chegar ä final. Resta-nos assistir aos programas sobre o futebol tão comuns nesta época. Entre um jogo e outro, antes de cair no sono, recomendo mudar o canal e procurar excelentes documentários como um que passou na TV SESC (Futebol e Arte) durante o enfadonho Sérvia e Gana. Quando terminou o primeiro tempo corri para preencher na minha tabela aquele 0x0 parcial, ato falho, pois ainda transcorreria o segundo momento do jogo, que para mim não representava mais nada. No referido documentário temos um dos convidados falando sobre a opinião de Bertold Brecht sobre o espetáculo futebolístico e sua relação com o http://lauroxavierneto.blogspot.com/2010/06/sobre-copa-de-2010.html CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL EDUCAÇÃO FÍSICA teatro. Brecht desejava uma apresentação teatral com o público gritando, xingando, opinando, da mesma forma que os torcedores se comportam nos estádios. Ah, que cena fantástica a população nas câmaras de vereadores ou nas assembléias legislativas gerando atos de manifestação irada, diferente do torpor típico desses espaços. Na verdade a história tem mostrado que a direita e os setores reacionários tem se privilegiado dos espetáculos esportivos, vide as Copas de 1970 e 1978, bem como a Olimpíada comandada por Hitler. No nosso pequeno-vasto mundo os noticiários de TV e os tablóides dão ênfase ao espetáculo em detrimento aos acontecimentos políticos que circulam no país e no mundo. Vários órgãos públicos em greve, parlamentares em “recesso branco” (quem quiser que acredite), fantasmas no Senado são esquecidos durante quase um mês. Em contrapartida a
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