Buscar

03 LivroEdFisica (1) (3)

Prévia do material em texto

[Digite texto] 
 
 
 
 
 
 
 
[Digite texto] 
 
 
 
 
 
 
 
[Digite texto] 
 
 
 
 
 
V 
 
 
VI 
[Digite texto] 
 
 
 
 
 
VII 
 
 
VIII 
[Digite texto] 
 
 
 
 
 
IX 
 
 
X 
[Digite texto] 
 
 
 
 
 
XI 
 
 
XII 
[Digite texto] 
 
 
 
 
 
XIII 
 
 
XIV 
[Digite texto] 
 
 
 
 
XV 
 
SUMÁRIO 
 
CAPÍTULO 1 – O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS ................................. 1 
Sugestão de debate ........................................................................... 5 
Jogar e/ou brincar? Vamos entender! ............................................. 6 
De acordo com o dicionário o que significa? ................................. 8 
Atividade (Proposta de Seminário) mãos na massa! ..................... 9 
Atividade ............................................................................................ 9 
Pesquisa ............................................................................................. 10 
Atividade ............................................................................................ 10 
Quem era Jó? Por que ele tinha escravos? O que é caxangá? .... 11 
Proposta de atividade ....................................................................... 11 
Os jogos eletrônicos e os jogos populares .................................... 12 
Atividade ............................................................................................ 16 
Atividade ............................................................................................ 17 
Curiosidade/você sabia que...? ........................................................ 18 
Pesquisa ............................................................................................. 18 
Mais Pesquisas .................................................................................. 19 
Atividade ............................................................................................ 19 
Jogos cooperativos: Uma possibilidade para todos ...................... 20 
Você conhece? .................................................................................. 20 
Você imagina como surgiu? ............................................................. 20 
Atividade ............................................................................................ 21 
Atividades .......................................................................................... 22 
Atividade ............................................................................................ 24 
Leitura e discussão ........................................................................... 25 
Referências bibliográficas ................................................................ 26 
CAPÍTULO 2 – ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL .......... 27 
Pesquisa ............................................................................................. 28 
Debate ................................................................................................. 32 
Atividade ............................................................................................ 33 
Complemento ..................................................................................... 33 
Curiosidades ...................................................................................... 33 
Na marca do pênalti .......................................................................... 35 
 
Vamos ver um filme ........................................................................... 35 
Textos complementares ................................................................... 37 
Sobre a copa de 2010 ........................................................................ 37 
Este domingo poderia ter sido diferente ......................................... 37 
Referências bibliográficas ................................................................ 40 
ESPORTE: FUTEBOL SEM IMPEDIMENTO ..................................... 41 
O futebol ............................................................................................. 42 
O futebol feminino ............................................................................. 43 
Um pouco da história ........................................................................ 44 
O futebol feminino na Paraíba .......................................................... 44 
Jornada dupla .................................................................................... 45 
Sobre as Marias ................................................................................. 46 
Lei Maria da Penha ............................................................................ 47 
Atividade em grupo ........................................................................... 48 
Atividade ............................................................................................ 49 
Atividade ............................................................................................ 49 
Atividade de pesquisa ....................................................................... 50 
Atividade ............................................................................................ 50 
Atividade ............................................................................................ 51 
Leitura ................................................................................................. 52 
Questões para o debate .................................................................... 54 
Debate ................................................................................................. 54 
E o futebol paraibano? ...................................................................... 55 
Pesquisa ............................................................................................. 55 
Um pouco da historia do futebol paraibano ................................... 55 
Atividade ............................................................................................ 57 
Referências bibliográficas ................................................................ 58 
CAPÍTULO 3 – UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA .......... 59 
O ontem e o hoje: Origem de tudo e estilos de dança ................... 62 
Curiosidade ........................................................................................ 62 
Você sabia? ........................................................................................ 63 
Atividade – Vamos ao debate ........................................................... 63 
Atividade de pesquisa ....................................................................... 63 
 
Danças Populares: Compreendendo as nossas raízes ................. 64 
Atividade de pesquisa ....................................................................... 66 
O Balé ................................................................................................. 67 
Curiosidades ...................................................................................... 68 
Atividade de pesquisa ....................................................................... 68 
Dança Moderna .................................................................................. 69 
Atividade ............................................................................................ 70 
Dança Contemporânea ..................................................................... 70 
Atividade de pesquisa ....................................................................... 71 
Dança de Rua/Danças Urbanas ........................................................ 72 
Curiosidades ...................................................................................... 73 
Atividade de pesquisa ....................................................................... 73 
Quem pode dançar? Meninos ou meninas: Questões de Gênero 74 
Você sabia? ........................................................................................74 
Atividade ............................................................................................ 75 
Atividade ............................................................................................ 75 
Funções da Dança ............................................................................. 76 
Atividade de pesquisa ....................................................................... 77 
Dança da moda: Moda da dança ...................................................... 77 
Atividade de pesquisa ....................................................................... 78 
Curiosidade ........................................................................................ 78 
Esperando novas viagens ................................................................ 78 
Referências bibliográficas ............................................................... 79 
CAPÍTULO 4 – A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR ..... 81 
Um pouco de história da ginástica .................................................. 83 
Atividade ............................................................................................ 84 
Curiosidades ...................................................................................... 85 
Pesquisa ............................................................................................. 85 
As escolas de ginástica: Saúde, disciplina e civismo ................... 86 
Pesquisa ............................................................................................. 88 
Atividade ............................................................................................ 88 
Curiosidades ...................................................................................... 89 
Você sabia? ........................................................................................ 90 
 
A chegada da ginástica no Brasil .................................................... 90 
Sugestão de debate ........................................................................... 91 
Pesquisa ............................................................................................. 91 
Você sabia? ........................................................................................ 91 
Sistematizando o conhecimento até aqui ....................................... 91 
Texto de apoio ................................................................................... 92 
Atividade ............................................................................................ 94 
Perguntas para pesquisas escolares .............................................. 94 
Referências bibliográficas ................................................................ 95 
 
 
CCCaaapppííítttuuulllooo 111::: 
OOO JJJooogggooo eee ssseeeuuusss sssiiigggnnnooosss sssoooccciiiaaaiiisss 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
CCCaaapppííítttuuulllooo 111::: 
OOO JJJooogggooo eee ssseeeuuusss sssiiigggnnnooosss sssoooccciiiaaaiiisss 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
Rosalândia Nascimento Pessoa 
Escola Municipal Santa Emília de Rodat 
 
Francisca Dasminele Gomes Feitosa 
Escola Tharcilla Barbosa da Franca 
 
Adeilton dos Santos Gonzaga 
Escola Euclides da Cunha 
 
Francisco Alberione Teixeira Torres 
Escola Seráfico da Nóbrega 
 
Júlia Elisa Albuquerque de Almeida 
Escola Tharcilla Barbosa da Franca 
 
Anne Caroline Lima de Melo 
Escola Ana Cristina Rolim Machado 
 
Carlos Alberto Antunes „NACO” 
Escola João Monteiro da Franca 
 
Marco Antônio de Oliveira Vilarin 
Escola Zumbi dos Palmares 
 
Noêmia Rodrigues do Oriente 
Escola Ana Cristina Rolim Machado 
 
Valéria Simonethe de Melo Albuquerque 
Escola Dr. José Novais 
 
Cristiane Maria Paolin 
Escola Anita Trigueiro do Valle 
 
Jeimison de Araújo Macieira 
Universidade Federal da Paraíba - UFPB 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
Olá pessoal! Nós somos uma turma de estudantes, assim como vocês, e 
queremos convidá-los a embarcar em uma viagem cheia de conhecimentos, 
atividades e desafios. Desafios para os quais buscaremos respostas juntos, de 
forma coletiva e organizada. Temos aqui um conhecimento que historicamente 
vem sendo produzido por toda a humanidade: o JOGO! Vocês sabem o que é 
jogo? Quais formas de jogo vocês conhecem? De onde vem o jogo? Como ele 
nasce? Será que jogar é o mesmo que brincar? 
 
Então vamos lá! O conteúdo que a partir de agora traremos para vocês 
faz parte da história da humanidade e tem demonstrado ser um importante 
elemento da cultura de diversos povos e comunidades do nosso planeta. A 
origem do jogo, não se sabe ao certo; porém verificam-se nas paredes de 
cavernas antiquíssimas desenhos que remontam atividades de jogos, 
reiterando, portanto, o caráter lúdico empregado pelos povos mais antigos a 
essa atividade, o jogo. Nesse sentido, o jogo configura-se como ―uma invenção 
do homem, um ato em que sua intencionalidade e curiosidade resultam num 
processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade e o presente‖ 
(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 65-66). De acordo com Huizinga (2007, p. 
6), 
 
Encontramos o jogo na cultura, como um elemento dado 
existente antes da própria cultura, acompanhando-a e 
marcando-a desde as mais diferentes origens até a fase de 
civilização em que agora nos encontramos. Em toda parte 
encontramos presente o jogo, como uma qualidade de ação 
bem determinada e distinta da vida comum. 
 
Jogo é toda atividade praticada de forma descontraída, natural, divertida, 
prazerosa e espontânea, e cujas regras são construídas de acordo com seus 
costumes, cultura, vontade e meio social em que seus praticantes estão 
inseridos. 
 
O jogo é um conteúdo fundamental nas aulas de Educação Física. 
Muitos jogos são conhecidos por vocês; outros são novidades. No jogo, todos 
participam, interagem, se divertem e, o mais interessante, aprendem. Esta 
talvez seja a principal característica do jogo: a aprendizagem através da 
ludicidade. Por intermédio dos jogos, aprendemos e desenvolvemos muito a 
cognição. Além disso, devemos considerar a alegria e o prazer que sentimos 
ao jogar com nossos colegas, bem como entender o desafio que cada jogo 
tem. O jogo é jogado, mas também é vivido. No jogo são colocados e 
explorados elementos que caracterizam as atividades humanas e suas 
expressões histórico-culturais. Cada jogo tem um significado importante e 
admite variações de acordo com cada região do território nacional, bem como 
com cada participante (criança ou não) aprende com ele. Cascudo (2003, p. 
145) afirma que: 
 
O jogo ensina-lhes as primeiras normas da vida, acomoda-o 
na sociedade, revela-lhes os princípios do homem, sacode-lhe 
os músculos, desenvolve-lhe o sistema nervoso, acentua-lhe a 
decisão, a rapidez do conhecimento, põe-lhe ao alcance do 
direito do comando, da improvisação, da criação mental. 
 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
Nas palavras de Bregolato, em seu livro A Cultura Corporal do Jogo (2007), 
 
O Jogo é um fenômeno constituído de atividades lúdicas – 
brincadeiras – que envolvem pessoas e animais, que por sua 
vez podem, nessas atividades, interagir com objetos e com a 
natureza. Sendo o jogo o provocador dessa relação entre as 
pessoas e delas com o meio ambiente, ele torna-se uma fonte 
de conhecimento. Conhecimento que está presente em vários 
processos. Enfim, o jogo está incluído como um todo na vida 
do ser humano como parte integrante da existência. 
 
O jogo, portanto, contém elementos lúdicos e atua de forma decisiva na 
formação humana de seus praticantes. Tendo o jogo uma função 
fundamentalmente lúdica, jogar necessariamente implica ser espontâneo, ser 
criativo, ser construtor do próprio conhecimento. Dessa forma, quando a 
criança joga ―ela opera com os significados de suas ações, o que a faz 
desenvolver sua vontade e ao mesmo tempo tornar-se consciente de suas 
escolhase decisões‖ (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 66). 
 
Nas aulas de educação física, o jogo é abordado como conteúdo 
estruturante de conhecimento, pois são desenvolvidos o caráter coletivo, os 
valores, a consciência social, o pensamento sobre a ação e as relações 
sociais, atuando, assim, de forma decisiva no trabalho das possibilidades 
corporais e, também, do elemento perceptivo. 
 
Outro fator que faz do jogo um importante conteúdo das aulas de 
educação física é a ―liberdade‖ que os alunos têm para recriar a prática 
cotidiana das atividades. Em outras palavras, jogar a amarelinha, o elástico, a 
barra-bandeira e outros jogos do nosso cotidiano não necessariamente 
significa jogar da mesma maneira todos os dias. O jogo e suas regras podem, 
devem e em sua maioria vão ser modificados ou recriados todas as vezes que 
seus praticantes acharem que devem fazê-lo. 
 
 Portanto, seria importante que o(a) professor(a) selecionasse jogos 
cujos conteúdos impliquem: 
 
1. A possibilidade do conhecimento de si mesmo; 
2. O conhecimento dos objetos/materiais de jogos; 
3. As relações espaçotemporais e, especialmente, as relações com as outras 
pessoas; 
4. A inter-relação do pensamento sobre uma ação com a imagem e a conceituação 
verbal dela; 
5. A vida de trabalho do homem, da própria comunidade, das diversas regiões do 
país, de outros países 
6. A auto-organização, a autoavaliação e a avaliação coletiva das próprias 
atividades; 
7. A elaboração de brinquedos, tanto para jogar em grupo como para jogar sozinho. 
(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 67-68) 
 
É papel da escola garantir espaços para atividades lúdicas que venham 
dar aos alunos oportunidades de, com essa vivência, ampliar seus 
conhecimentos e poder opinar/escolher o que jogar e brincar. Com efeito, as 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
crianças de hoje não brincam ou jogam nas ruas como faziam antigamente, 
pois os pais, por medo da violência e, por conseguinte, por motivo de 
segurança, muitas vezes privam seus filhos dos conhecimentos e vivências 
proporcionados por alguns jogos e brincadeiras. 
 
Então, pessoal, feitas as primeiras interpretações sobre o conteúdo 
JOGO, agora vamos buscar entender como esse mundo cheio de ludicidade 
pode nos levar a lugares nunca dantes visitados. Vamos, através das 
atividades sugeridas, conhecer melhor o mundo em que vivemos. Mundo esse 
repleto de contradições para serem desvendadas. Para isso não estaremos a 
sós, pois contamos com nossos colegas de sala e de escola, além, é claro, do 
nosso querido(a) professor(a). 
 
 
SUGESTÃO DE DEBATE 
 
Como o jogo é um dos 
conteúdos estruturantes das aulas 
de educação física, ele deve ser 
selecionado para o conjunto dos 
temas referentes ao plano de ensino. 
Dessa forma, devemos tratá-lo 
pedagogicamente, não apenas para 
possibilitar o acesso a esse 
conteúdo, que vem sendo criado e 
reconstruído historicamente, mas 
também oportunizar o trabalho com 
esse importante conteúdo no que diz 
respeito aos elementos sociais, 
políticos, econômicos e culturais que o permeiam. É importante ressaltar que 
todas as características inerentes a esse conteúdo – criatividade, processo 
histórico de construção, transmissão de conhecimentos de pai para filho, 
diferentes modos de jogar nos diversos estados brasileiros, etc. – são 
imprescindíveis para a formação humana dos alunos. 
 
Como sugestão de atividade, crie um momento onde a sala possa ser 
dividida em dois grandes grupos, sendo que um grupo defenderá a importância 
do conteúdo JOGO para as aulas de Educação Física, enquanto o outro 
defenderá que esse conteúdo não é importante para as aulas. 
 
 
DICAS IMPORTANTES 
 
 O(a) professor(a) deve trazer para os alunos uma seleção de informações 
sobre o conteúdo, retiradas, por exemplo, de sites, revistas, livros, filmes e 
jornais; 
 Cada professor(a) pode escolher o período em que esta atividade 
acontecerá, ou seja, no início ou final do capítulo; 
 Procure adequar o conteúdo às possibilidades sociocognoscitivas de cada 
turma. Surgindo qualquer dúvida, recorra ao livro Coletivo de Autores, 
páginas 30 a 34. 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
JOGAR E/OU BRINCAR? VAMOS ENTENDER! 
 
 
Olá meus amigos, depois de entender um pouco sobre o jogo e sua íntima 
relação com a nossa vida social, vamos, a partir de agora, procurar melhorar 
nosso entendimento sobre o que seria jogar e/ou brincar? Será que podemos 
pensar nessas duas ações separadamente, ou uma depende da outra? Jogar e 
brincar tem o mesmo significado? 
 
O jogar e o brincar são inerentes à vida de qualquer ser humano. Todos 
nós já nos deparamos com situações que envolveram jogos e/ou brincadeiras, 
não só na infância, mas em todas as fases de nossas vidas. Segundo Huizinga 
(2007, p.4), ―no jogo existe alguma coisa ‗em jogo‘ que transcende as 
necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação‖. Quem nunca 
soltou pipa, brincou de casinha, escolinha, pião, baleado, dominó, dama, barra-
bandeira, dono da rua, enfim, todos esses jogos/brincadeiras que são bem 
íntimos à nossa realidade? 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
Os atos de brincar e jogar são indispensáveis à vida social e sempre 
estiveram presentes em qualquer povo, desde os mais remotos tempos. 
Através deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a 
socialização, a iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser um adulto 
capaz de enfrentar desafios e de participar da construção de um mundo mais 
igual, tanto do ponto de vista econômico quanto político, social e cultural. 
 
O jogo e a brincadeira são atividades que envolvem a ludicidade. Bruhns 
(1993), citado por Fensterseifer (2008, p. 270), 
 
(...) concebe a atividade lúdica como prática social real das 
relações sociais, como produto coletivo da vida humana, 
podendo se manifestar no jogo, no brinquedo e na brincadeira, 
desde que possua características como desinteresse, 
seriedade, prazer, organização, espontaneidade. 
 
 
O jogo, nas suas diversas formas, 
auxilia no processo ensino-
aprendizagem da capacidade 
imaginativa, na possibilidade de 
interpretação, na tomada de decisão, na 
criatividade, no levantamento de 
hipóteses, na obtenção e organização 
de dados e na aplicação dos fatos e dos 
princípios a novas situações, as quais, 
por sua vez, acontecem quando 
jogamos, quando obedecemos a regras, 
quando vivenciamos conflitos numa 
situação real, etc. Através do brincar e 
do jogar, o aluno forma conceitos (os 
quais estão inseridos em nossa 
sociedade), seleciona ideias, estabelece 
relações lógicas, integra percepções, faz 
estimativas compatíveis com suas 
possibilidades e, o que é mais 
importante, se sociabiliza. 
 
O jogo é uma atividade rica e de grande efeito que corresponde às 
atividades lúdicas, intelectuais e afetivas. É uma atividade que estimula a vida 
social à medida que representa os diferentes papéis assumidos na sociedade, 
desde as relações de poder (empregado x patrão, pai/mãe x filho, professor x 
aluno) até as estruturas de ações comunitárias (nas diferentes profissões, na 
igreja, no círculo de amigos). No campo social, os jogos permitem que o 
trabalho em grupo se estruture e que os alunos estabeleçam relações de 
trocas, que aprendam a esperar sua vez, que se acostumem a lidar com 
regras, conscientizando-se de que podem ganhar, perder ou simplesmente 
jogar. Luise Weisse (1992, p. 65) afirma que ―através do brinquedo, a criança 
inicia sua integração social, aprende a conviver com os outros, a situar-se 
frente ao mundo que a cerca. Ela se exercita brincando.‖ 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
Segundo Piaget (1967), ―o jogo não pode ser visto apenas como 
divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o 
aprendizado [grifo nosso] cognitivo, afetivo, social e moral.‖ Em outras palavras, 
através do jogo se processaa construção do conhecimento. 
 
Os alunos, desde pequenos, estruturam seu espaço e seu tempo, 
desenvolvem a noção de causalidade, chegando à interpretação e, finalmente, à 
sistematização. Além disso, os alunos ficam mais motivados para usar a 
inteligência, pois querem entender melhor o jogo. Dessa forma, esforçam-se 
para superar problemas, agindo nos planos cognitivo, afetivo, social e cultural, 
sendo estes problemas referentes a cada faixa etária. Por fim, estando mais 
motivados, os alunos ficam mais atentos durante o jogo. 
 
―Nos domínios da psicologia, da dinâmica fisiológica, da memória, 
inteligência, raciocínio, vontade, virtudes de honra, disciplina, lealdade e 
obediência às regras, a brincadeira é o processo iniciador da criança‖ 
(CASCUDO, 2003, p. 145). Brincar não é perda de tempo nem é simplesmente 
uma forma de preencher o tempo. A criança que não tem oportunidade de 
brincar sente-se deslocada. A brincadeira possibilita o aprendizado integral da 
criança, já que, ao brincar, ela se envolve afetivamente, opera mentalmente e 
convive socialmente. Tudo isso ocorre de maneira envolvente, de modo que a 
criança despende energia, imagina, constrói normas e cria alternativas para 
resolver imprevistos que surgem no ato de brincar. 
 
O jogo e a brincadeira, portanto, mesmo podendo ser definidos 
separadamente, agem em conjunto, pois as atividades de jogar e brincar 
propriamente ditas não se separam. Além disso, os conceitos devem moldar-se 
à realidade social sem perder sua essência, e conectar-se com a totalidade dos 
fatos presentes no cotidiano. 
 
 
De acordo com o dicionário, o que significa? 
 
- Jogar: do latim ―jocare‖: entregar-se ao ou tomar parte no jogo de; executar 
as diversas combinações de um jogo; aventurar-se ou arriscar-se ao jogo; 
perder no jogo; dizer ou fazer brincadeira; harmonizar-se. 
 
- Brincar: ―de brinco+ar‖; divertir-se infantilmente; entreter-se em jogos de 
criança; recrear-se; distrair-se; saltar; pular; dançar, (...) (Dicionário da Língua 
Portuguesa – Aurélio, 1986) 
 
Pois bem! Agora que temos um entendimento melhor sobre o que é 
brincar e/ou jogar, que tal realizarmos algumas atividades? Vamos entrar no 
mundo das brincadeiras e conhecer a importância desse conteúdo para as 
aulas de educação física. 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
ATIVIDADE (Proposta de Seminário) mãos na massa! 
 
Divida a turma em grupos para a realização de um seminário. Os 
grupos irão criar um jogo (com nome, regras, materiais a serem utilizados, 
número de participantes, etc.). Cada grupo deverá apresentar o jogo que 
sistematizou. A apresentação poderá conter uma parte teórica (de explicação 
do jogo, mostrando seu sentido, seu significado, sua forma de jogar e, 
principalmente, sua relação com a sociedade e com o meio em que estão 
inseridos) e uma parte prática (de demonstração do jogo). Enquanto um grupo 
faz a apresentação, o outro deverá estar atento à atividade. 
 
 
ATIVIDADE 
 
Observe o quadro a seguir: 
 
 
Brincando (Domínio público). Pintado por Cândido Portinari, sem data. 
 
O quadro vem justamente nos mostrar elementos da cultura brasileira. 
Leva-nos para o passado, quando as cidades ainda não eram tão apertadas e 
cheias de carros por todos os lados. O desenho mostra crianças brincando de 
jogos infantis, como a cabra-cega, a gangorra, a carniça, a bola de gude e a 
pipa. Todos esses jogos e brincadeiras fazem parte de nossas vidas, de nosso 
processo histórico de formação. De acordo com Cascudo (2003, p.147), 
 
Há brinquedos de 10.000 anos. E alguns mais antigos. O pião 
rodador, puxado a cordel, strombos grego, turbo romano, são 
encontrados nos túmulos mais velhos de Micenas, na quinta e 
nona Tróia, e continuam presentes, vistos em qualquer local, 
na mesma função que lhe davam escravos númidas e 
gladiadores, crianças de Atenas e de Roma, há mais de 
cinqüenta séculos. 
 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
Vamos agora fazer uma viagem para o passado e descobrir um pouco 
mais sobre os jogos populares que fizeram e fazem parte da nossa história e 
da de nossos pais. 
 
 
Pesquisa 
 
Faça uma pesquisa com seus pais, tios, vizinhos, etc. (de preferência 
pessoas mais velhas) sobre os jogos que eles brincavam quando eram 
crianças. Pergunte-lhes sobre as regras, as maneiras de jogar e em que época 
(quantos anos atrás) eles jogavam. Relacione os jogos com o momento 
histórico, político e cultural vivido no Brasil e descubra como era a relação entre 
os entrevistados seus pais, principalmente no que se refere a características 
como respeito, obediência, palmatória, ditadura, censura, etc. 
 
 
ATIVIDADE 
 
 
Escravos de Jó 
Enquanto manifestação espontânea da cultura popular, as brincadeiras 
tradicionais têm a função de 
perpetuar a cultura infantil e 
desenvolver formas de 
convivência social.Considerada 
como parte da cultura popular, 
essa tradicional brincadeira 
―Escravos de Jó‖ guarda a 
produção de um povo em certo 
período histórico. Essa cultura 
não oficial, desenvolvida 
sobretudo pela oralidade, não 
fica cristalizada; está sempre em 
transformação, incorporando 
criações anônimas das gerações 
que vão se sucedendo. Por ser elemento folclórico, essa brincadeira infantil 
assume características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, 
conservação, mudança e universalidade. 
 
“Escravos de Jó 
Jogavam caxangá 
Escravos de Jó 
Jogavam caxangá 
Tira, bota 
Deixa o Zambelê ficar 
Guerreiros são guerreiros 
Fazem zigue-zigue-zá 
Guerreiros são guerreiros 
Fazem zigue-zigue-zá”. 
(Domínio público) 
 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
Quem era Jó? Por que ele tinha escravos? O que é caxangá?1 
 
Jó é um personagem do Antigo Testamento. Segundo o livro, 
Deus apostou com o Diabo que, mesmo perdendo os filhos e a riqueza, Jó não 
perderia a fé. E Deus ganhou a aposta. Daí a expressão "paciência de Jó". 
 
Daí para frente é só mistério. Nada indica que Jó tivesse escravos. O 
mais provável é que a cultura negra tenha se apropriado de sua figura para 
simbolizar o homem rico da cantiga de roda. Os escravos que faziam o ―zigue-
zigue-zá‖ seriam os fujões que corriam em zigue-zague para despistar os 
capitães do mato. 
 
O significado de caxangá é ainda mais obscuro. Segundo o Dicionário 
Tupi–Guarani – Português, de Francisco da Silveira Bueno, caxangá vem de 
‗caá-çanga‘, que significa mata extensa. Para o Dicionário do Folclore 
Brasileiro, é um adereço usado pelas mulheres alagoanas. A palavra também 
já foi associada aos saquinhos utilizados no contrabando de sementes para as 
senzalas2. 
 
Tudo indica que, de boca em boca, o significado da palavra ou até 
mesmo a composição dos versos tenham sido muito modificados. Isso também 
explicaria as variações regionais da cantiga. Afinal, deixamos o Zambelê ou o 
Zé Pereira ficar? 
 
 
PROPOSTA DE ATIVIDADE 
 
De acordo com o texto acima, tente elaborar uma atividade por meio 
da qual os alunos possam conhecer esse jogo (observe os ciclos de 
escolarização) presentes no livro Coletivo de Autores e adéque a atividade de 
acordo com os critérios da seleção de conteúdo). Antes de começar a aula, 
pergunte aos alunos se eles conhecem e/ou já jogaram "Escravos de Jó"? 
Como eram (são) as regras do jogo praticado/conhecido por eles? Durante a 
prática propriamente dita, problematize com os alunos a possibilidade de 
organizar o jogo de diferentes maneiras, de acordo com o que foi discutido na 
primeira parte da aula. No momento final da aula, momento de avaliação do 
que foi feito, faça uma discussão sobre: 1) o(s) significado(s) encontrado(s) no 
jogo (observe os diferentes significados para cada aluno); 2) as diferenças 
observadas nas práticas executadas (observe as diferenças na música e na 
forma); 3) as principais habilidades físicas, motoras, cognitivas e sociais 
exercitadas. 
 
LEMBRETE: As atividades não são receitas, mas, sim, sugestõesde 
possibilidades de aulas. Procure adequar os conteúdos ao cotidiano 
dos alunos e fazer novas relações com esse cotidiano. É sempre bom exercitar 
a criatividade e cognição! Mãos à obra. 
 
 
1
 Texto de Anna Virgínia Balousser (Revista Superinteressante, setembro, 2008) 
2
 Esta informação é de total responsabilidade da autora. 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
OS JOGOS ELETRÔNICOS E OS JOGOS POPULARES 
 
 
 
Oba! Vamos jogar video game! Mas espera aí! Será que jogar video game é 
um conteúdo das aulas de educação física? Podemos utilizá-lo para aprender 
sobre nossa história? Se jogarmos video game deixaremos de lado os jogos 
populares? 
 
Calma amiguinhos, vamos responder devagar! Em primeiro lugar, os 
conteúdos que fazem parte da disciplina de educação física são: dança, 
esporte, ginástica, lutas, mímicas, jogos, entre outros! Hum... se os jogos 
fazem parte da educação física, podemos trabalhar com o video game? 
Podemos, sim, mas temos que saber tratar esse conteúdo antes de trazê-lo 
para nossa aula. E como fazer isso? 
 
Vamos lá!.Temos, antes de tudo, que estabelecer alguns critérios. dentre 
os quais selecionamos os seguintes: ―relevância social” (verificar se esse 
conteúdo tem relação com a realidade social dos alunos); 
―contemporaneidade do conteúdo” (garantir aos alunos o que existe de mais 
avançado no mundo contemporâneo); ―adequação às possibilidades 
sociocognoscitivas dos alunos” (adequar o jogo à capacidade cognitiva e à 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
prática social do aluno); “provisoriedade do conteúdo” (romper com a ideia 
de terminalidade e retraçar o conteúdo desde sua gênese para que o aluno 
perceba-se enquanto sujeito histórico) (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 31-
33). 
 
Feito isso, vamos ao conteúdo! O video game é um jogo adaptado para 
TV e PC (computador). Esse jogo tomou maiores proporções na década de 90, 
mas sua criação e história datam de algumas décadas anteriores. Em 1949, o 
engenheiro Ralph Baer foi incumbido de criar a melhor televisão do mundo, o 
que para a época era uma grande revolução tecnológica. Ele pensava em criar 
uma TV interativa, com jogos; mas a ideia não se proliferou. Alguns anos 
depois, mais precisamente em 1972, Baer, ao questionar se havia algo mais 
interessante do que ficar mudando de canal com o controle remoto, teve a ideia 
de desenvolver um jogo que seria conectado à TV. Ele apresentou sua ideia 
para um amigo que era engenheiro e, então, surgiu o primeiro jogo, que foi 
chamado Pong. ―A Magnavox resolveu comprar o projeto de Baer, da Sanders 
Associates, e começou a desenvolver o console Odyssey, o primeiro video 
game para ser conectado à TV. Em contrapartida, nessa época a Atari foi 
acusada por Baer de plagiar o Odyssey‖ (WIKIPÉDIA, citado por FEITOZA, 
2007, p. 15). 
 
A humanidade está diariamente construindo sua história e, através da 
ciência e da tecnologia, modificando a forma de perceber a realidade. Nesse 
sentido, os video games têm se mostrado um importante meio pelo qual as 
crianças, os jovens e os adultos apreendem o sentido e o significado do meio 
social e da vida. Os video games, cada vez mais reais, copiam jogos que 
fazem parte dos nossos signos sociais – como o futebol, a dama, o xadrez, o 
bilhar, entre outros – atribuindo-lhes novos sentidos. 
 
Com a ciência e a tecnologia mais avançadas, temos a possibilidade de 
acessar o conhecimento de forma mais rápida e direta. Para perceber isso é só 
ir até a esquina mais próxima e entrar nas famosas LAN HOUSES (que são 
casas de computadores conectados à internet). Lá temos a oportunidade de 
conhecer o mundo virtualmente. Todo esse conhecimento é muito importante. 
Mas atenção: ter acesso ao conhecimento de forma virtual não significa dizer 
que agora não precisamos mais de escola, de livros e de professores, pois 
todos esses elementos são responsáveis por tratar esse conhecimento e dar 
sentido e significado a eles. A partir dos jogos eletrônicos, podemos perceber 
que nossa história está sendo construída e reconstruída. Isso pode ser 
percebido nos diferentes jogos, nas diferentes tecnologias (equipamentos, 
suportes, etc.), nas formas de jogar (individual ou coletiva) e no modo como 
construímos nossas regras de convivência com nossos amigos e família. 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
Os jogos populares são aqueles que estão na memória de todos e que 
ainda podemos ver nas ruas, nas praças, nos parques e nas aulas de 
educação física. Materializam-se na amarelinha, no pega-pega, no pique-
esconde, no vivo-morto, na barra-bandeira, no baleado e inúmeras outras 
brincadeiras. Contudo, parece que esses jogos estão sendo deixados de lado 
por causa dos jogos eletrônicos. De fato, brinquedos mais tecnológicos vêm 
fazendo com que as crianças não precisem mais sair de casa para brincar nem 
precisem de outras crianças para se divertir. Dessa forma, elas acabam 
preferindo os jogos eletrônicos. O fato de os jogos populares serem, em grande 
parte, passados de geração a geração agrava ainda mais essa situação. 
 
Os pais que são submetidos a jornadas de trabalho massacrantes para 
garantir o sustento de sua família, sendo, portanto, obrigados a ficar longe de 
casa por várias horas, geralmente não conseguem ensinar a seus filhos as 
brincadeiras que no passado lhes foram ensinadas por seus pais. Além disso, 
com o aumento significativo das grandes cidades (repletas de prédios e carros 
por todos os lados), os pais se veem na obrigação de proteger seus filhos de 
um meio cada vez mais perigoso e acabam deixando de lhes ensinar os jogos 
populares. Nesse sentido, a escola e principalmente a educação física têm um 
papel fundamental ao possibilitar o acesso a esse conteúdo – ―apresentando 
(identificando), sistematizando (adquirindo a consciência), ampliando 
(reorganizando as referências conceituais) e aprofundando (refletindo e dando 
um salto qualitativo) o conhecimento do aluno sobre tais jogos‖. (COLETIVO 
DE AUTORES, 1992, p. 35) 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
Agora chegamos a nossa terceira pergunta: se jogarmos video game 
deixaremos de lado os jogos populares? 
 
De forma alguma! Temos um conhecimento que vem sendo 
historicamente sistematizado pela humanidade, que são os jogos eletrônicos, e 
também um conhecimento que faz parte da história, que são os jogos 
populares. Portanto, ambos têm uma importância significativa na nossa vida 
social e devem ser selecionados para as nossas aulas de educação física. 
Além disso, ambos fazem parte de uma série de elementos que constituem a 
nossa cultura corporal. Sendo assim, vamos buscar entender o jogo, vamos 
relacioná-lo com o momento social, econômico e cultural do nosso país e do 
mundo, vamos recriá-lo a partir de nossas experiências concretas, vamos 
coletivamente e de forma organizada acessar mais essa possibilidade de 
entender o mundo ao qual estamos expostos. 
Mãos na massa! E joguem à vontade! 
 
 
SE LIGA AÍ... 
 
Se você é um daqueles fanáticos por jogos eletrônicos, fique de olho nas 
seguintes observações: 
 
 Jogos violentos podem incentivar o comportamento agressivo; 
 Os jogos eletrônicos fazem com que a pessoa deixe de ser mero 
espectador da violência, pois são projetados para que se participe dela; 
 Para os mais impressionáveis, pode ficar difícil distinguir a realidade da 
fantasia; 
 Como um vício, os games podem levar o jogador a negligenciar 
obrigações e relacionamentos importantes; 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 Os jogos podem tomar o tempo que a criança deveria gastar em outras 
atividades importantes, como estudar, interagir com os outros e 
participar de brincadeiras que estimulam a criatividade; 
 Olhar muito tempo para uma tela pode causar fadiga visual; 
 Falta de exercício, um possívelresultado de se jogar muito video game, 
pode causar obesidade, problemas posturais e lesões por esforço 
repetitivo (LER); 
 Os jogos eletrônicos podem consumir seu tempo e seu dinheiro. 
 
 
ATIVIDADE 
 
Leia os textos abaixo e em seguida reflita sobre a mensagem transmitida 
por eles: 
 
Texto 01 
A Bola (Luis Fernando Veríssimo) 
Fonte: www.olhoscriticos.com.br 
 
O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que 
sentira ao ganhar a primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de 
couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola. 
 
O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". Ou o que os 
garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar 
o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa. 
 
– Como é que liga? – perguntou. 
– Como, como é que liga? Não se liga. 
 
O garoto procurou dentro do papel de embrulho. 
 
– Não tem manual de instrução? 
 
O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os 
tempos são decididamente outros. 
 
– Não precisa manual de instrução. 
– O que é que ela faz? 
– Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela. 
– O quê? 
– Controla, chuta... 
– Ah, então é uma bola? 
– Claro que é uma bola! 
– Uma bola, bola?. Uma bola mesmo? 
– Você pensou que fosse o quê? 
– Nada, não. 
 
O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o 
encontrou na frente da TV, com a bola nova do lado, manejando os controles 
de um videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times de monstrinhos 
http://www.olhoscriticos.com.br/
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
disputavam a posse de uma bola em forma de bip eletrônico na tela ao mesmo 
tempo que tentavam se destruir mutuamente. O garoto era bom no jogo. Tinha 
coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina. O pai pegou a 
bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito 
do pé, como antigamente, e chamou o garoto. 
 
– Filho... Olha! 
 
O garoto disse "Legal", mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou 
a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro do 
couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa 
idéia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar! 
 
Texto 02 
Fonte: www.watchtower.org 
 
Um dos vídeo games mais vendido em todo o mundo, segundo a revista 
Newsweek, foi o Grand Theft Auto 3. O objetivo do jogo, cujo título significa ―O 
Grande Ladrão de Carros 3‖, é progredir em uma organização criminosa. Para 
isso, é preciso envolver-se em vários crimes, como prostituição e assassinato. 
―Cada ato tem conseqüências‖, explica a Newsweek. Se o jogador mata um 
pedestre usando um carro roubado, a polícia vem atrás dele. Se dá um tiro 
num policial, o FBI entra no caso. Se ele matar um agente do FBI, os militares 
vão tentar acabar com ele. O jogo foi projetado para maiores de 17 anos, mas 
sabe-se de lojas que o vendem para jovens de menos idade. Até crianças de 
12 anos dizem que gostariam de jogá-lo. 
 
Texto 03 
Fonte: www.watchtower.org 
 
Rick Dyer, presidente da empresa Virtual Image Productions, diz: ―Não 
são mais apenas jogos, são instrumentos de aprendizado. Estamos mostrando 
às crianças — da maneira mais inacreditável — a sensação que se pode ter ao 
puxar um gatilho (...). O que elas não aprendem são as conseqüências na vida 
real.‖ 
 
 
ATIVIDADE 
 
A partir da leitura dos textos acima procure responder às seguintes 
perguntas: Existe alguma relação entre os textos? Que relação você faria entre 
a popularização dos jogos de rua e dos jogos eletrônicos? Qual a intenção dos 
criadores dos jogos eletrônicos Em que momento social surgiram os jogos 
eletrônicos? Há algum perigo para os jogadores destes jogos? Eles têm 
consciência do perigo que correm? Há alguma relação entre os jogos 
eletrônicos e a educação física? 
http://www.watchtower.org/
http://www.watchtower.org/
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
CURIOSIDADE / VOCÊ SABIA QUE...? 
 
No Brasil, o Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e 
Qualificação (Dejus) é responsável por analisar e classificar os jogos 
eletrônicos. As Portarias ministeriais 899 e 1035 de 2001 dão suporte legal às 
classificações. Elas estabeleceram, entre outras coisas, as seguintes faixas de 
classificação: 
 
I. – livre; 
II. – inadequado para menores de 12 anos; 
III. – inadequado para menores de 14 anos; 
IV. – inadequado para menores de 16 anos; 
V. – inadequado para menores de 18 anos. 
 
Entre os critérios utilizados pelos analistas para a classificação indicativa 
de jogos eletrônicos está a avaliação das situações que envolvem sexo, drogas 
e violência. 
 
 
PESQUISA 
 
Elabore uma pesquisa sobre a 
origem dos jogos eletrônicos, os 
conhecidos vídeo games. Descubra 
como surgiu essa atividade e quando 
os alunos passam a trocar os jogos 
populares pelos jogos eletrônicos. 
Tente problematizar a pesquisa, 
perguntando sobre os preços de video 
games e se todos têm acesso a esses 
aparelhos. A charge ao lado mostra 
dois garotos jogando vídeo game. Eles 
estão jogando um jogo bem 
interessante! É o jogo eletrônico da vida 
real, onde eles reproduzem os signos 
sociais produzidos pela sociedade. Na charge, eles brincam com um episódio 
recente da nossa história: o mensalão. Pergunte aos estudantes se eles 
lembram desse episódio ou se eles acham que isso tem algo a ver com a 
Educação Física. 
 
IMPORTANTE 
 
Durante a elaboração da pesquisa, o(a) professor(a) deve estar atento a 
todos os questionamentos possíveis acerca dos dados da realidade dos 
estudantes. Assim, eles poderão identificar as contradições (ricos x pobres; 
escola pública x escola particular; favela x condomínio de luxo; entre outras) 
presentes na nossa sociedade e, principalmente, nas aulas de Educação 
Física. 
 
 
 
Fonte: www.panoramablogmario.blogger.com.br 
http://www.panoramablogmario.blogger.com.br/
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
MAIS PESQUISAS 
 
1. Quais jogos populares existem? Divida a turma em grupos de dois ou 
até quatro estudantes e proponha para cada grupo pesquisar com 
familiares, amigos, internet, livros, jornais e revistas sobre a diversidade 
dos jogos populares, de onde vieram e quais objetivos estão presentes 
na realização de cada jogo. Cada grupo deverá explicar para a sala 
como jogar os jogos pesquisados, além de falar um pouco do histórico 
desses jogos. 
 
2. Maneiras diferentes de jogar o mesmo jogo. Por exemplo, faça grupos 
de dois estudantes para pesquisarem formas diferentes de jogar a barra-
bandeira. 
 
 
ATIVIDADE 
 
O dia das crianças é sempre 
lembrado entre professores e 
professoras da escola. Nesse dia, é 
comum vermos apresentações de 
grupos de danças folclóricas, de 
teatro, de capoeira, entre outros. Na 
Educação Física, percebemos a 
realização de um dia inteiro de 
atividades esportivas, que sempre 
copiam o modelo propagandeado pela 
mídia (TV, jornais, revistas, etc.). 
Contudo, como já foi dito no nosso 
texto, ―a Educação Física é muito mais 
do que uma prática solta e sem 
relação com nossa vida cotidiana. É preciso lembrar que o jogo satisfaz a 
necessidade das crianças, especialmente a necessidade de ação‖ (COLETIVO 
DE AUTORES, 1992, p. 66). Portanto, como proposta de atividade para o dia 
das crianças, que tal organizarmos um festival de jogos populares? Aqueles 
jogos que praticamos na rua e os levamos para o ambiente escolar. Estamos 
falando da amarelinha, do pula-corda, do sete-pecados, do seu rei mandou 
dizer, do esconde-esconde, do elástico, da barra-bandeira, do dono da rua, 
entre outros. 
 
Os professores irão a partir de agora dividir as turmas da escola em 
quatro grandes grupos de estudantes. Esses grupos devem ter cores distintas 
que possibilitem a todos distinguir os grupos. A cada grupo será atribuída uma 
personalidade da história (Exemplo: Ariano Suassuna– grupo verde). Para os 
professores das turmas, a organização do festival distribuirá um material 
referente ao histórico de vida de cada personalidade. Esse material deverá ser 
estudado pelas turmas, pelo menos uma semana antes do dia do festival. 
 
A atividade proposta será uma corrida de aventura durante a qual cada 
grupo passará por estações e, em cada uma delas, terá que realizar um jogo 
popular e ainda responder a uma pergunta sobre a história da personalidade 
Foto: Rosalândia Pessoa – 
Escola Municipal Santa Emília de Rodat. 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
referente à sua cor. O número de estações, a pontuação das tarefas e os jogos 
populares devem ser decididos pela comissão organizadora. A premiação pode 
ser feita pelos próprios estudantes que construiriam as medalhas com material 
alternativo. No final do festival sugere-se uma grande confraternização entre 
todo o corpo escolar. 
 
 
DICAS 
 
 Seria muito importante incluir nessa atividade todo o corpo docente e de 
funcionários da escola; 
 Tente não obedecer à faixa etária nem à seriação, para problematizar 
melhor a atividade; 
 Tenha cuidado com a distribuição dos grupos para não criar um grupo 
muito forte; 
 A personalidade pode ser da própria escola, da Paraíba, do Nordeste ou 
do Brasil; 
 A comissão organizadora pode ser composta por representantes dos 
professores, da direção e dos estudantes. 
 
 
JOGOS COOPERATIVOS: UMA POSSIBILIDADE PARA TODOS 
 
Você conhece? 
 
Jogos Cooperativos são jogos em que os participantes ―jogam uns com 
os outros, ao invés de uns contra os outros‖ (DEACOVE, citado por BROTTO, 
2001, p.54). Em outras palavras, considera-se o outro como um parceiro e não 
como adversário. Segundo Brotto (2001), no Jogo Cooperativo, joga-se para 
superar desafios e não para derrotar o adversário. Joga-se pelo prazer de 
jogar, cooperando para alcançar um objetivo comum e priorizando a 
integridade de todos. Os Jogos Cooperativos visam promover a integração e a 
participação de todos, pois ―(...) são jogos de compartilhar, unir pessoas, 
despertar a coragem para assumir riscos, tendo pouca preocupação com o 
fracasso e o sucesso em si mesmos‖ (BROTTO, 2001, p.55). 
 
A principal característica do jogo cooperativo é sua forma de 
participação. As atividades são realizadas com o objetivo de proporcionar aos 
seus participantes a máxima diversão. Dessa forma, cada participante dá sua 
parcela de contribuição para que todos possam vivenciar a atividade, não 
enfatizando a individualidade, mas, sim, a coletividade; não há, portanto, a 
preocupação exclusiva em competir. 
 
Você imagina como surgiu? 
 
 O Jogo Cooperativo ―começou há milhares de anos, quando membros 
das comunidades tribais se uniam para celebrar a vida‖ (ORLICK, citado por 
BROTTO, 2001, p.47). Alguns povos ancestrais ainda praticam a vida 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
cooperativamente através da dança, do jogo e de outros rituais, como, por 
exemplo, a ―Corrida das Toras3‖ dos Índios Kanela, no Brasil. 
 
 Na sociedade moderna, mais especificamente na cultura ocidental, os 
Jogos Cooperativos surgiram como resposta à excessiva valorização dada ao 
individualismo e à competição exacerbada. Dessa maneira, o jogo cooperativo 
contrapõe-se a essa competitividade evidenciada pela sociedade capitalista, 
em que o fenômeno da competição se reproduz em vários setores da vida 
social. No jogo cooperativo ocorre o favorecimento à promoção da autoestima 
e à potencialização de valores e atitudes que colaboram para a melhoria da 
sociedade, como a solidariedade, a confiança e o respeito mútuo. 
 
 No Brasil, os jogos cooperativos começaram a ser utilizados a partir de 
1980. Atualmente, essa proposta está amplamente difundida, influenciando 
reflexões e transformações em diferentes seguimentos da sociedade brasileira. 
 
 
Que tal vivenciar essa nova forma de jogar! 
 
 
ATIVIDADE 
 
 
Golfinhos e Sardinhas (jogo infinito)4 
 
Há um tipo de Jogo Cooperativo muito especial: Os Jogos Infinitos. 
Nesse tipo de jogo todos têm a oportunidade de exercer o poder pessoal e o 
grupal sobre a vivência que estão compartilhando. 
 
Participação: todo o grupo; 
Espaço: amplo, dividido por uma linha central; 
Como jogar: com base no pega-corrente; 
Passos: 
 
1. Começamos com todos os participantes (menos 1) agrupados numa das 
extremidades do espaço. Este é o ―cardume de sardinhas‖; 
2. Aquela pessoa que ficou separada das ―sardinhas‖ será o ―golfinho‖ e 
ficará sobre a linha transversal demarcada bem no centro do espaço. 
Ela somente poderá se mover lateralmente e sobre essa linha; 
3. O objetivo das ―sardinhas‖ é passar para o outro lado do ―oceano‖ (linha 
central) sem serem pegas pelo ―golfinho‖. Este, por sua vez, tem o 
propósito de pegar o maior número possível de ―sardinhas‖ (bastando 
tocá-las com uma das mãos); 
4. Toda ―sardinha‖ pega transforma-se em ―golfinho‖ e fica junto com os 
demais ―golfinhos‖ sobre a linha central, lado a lado e de mãos dadas, 
formando uma ―corrente de golfinhos‖; 
 
3
 Essas atividades são realizadas sempre com duas toras praticamente iguais. Os participantes se dividem 
em dois grupos de corredores, cabendo apenas a um participante de cada grupo carregar a tora, 
revezando-se em um mesmo percurso. 
 
4
 Atividade retirada do livro Jogos Cooperativos (BROTTO, 2001, p. 129-130) 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
5. Na ―corrente de golfinhos‖, somente os ―golfinhos‖ das extremidades 
podem pegar as ―sardinhas‖; 
6. O jogo prossegue assim até que a ―corrente de golfinhos‖ ocupe toda a 
linha central. Quando isso acontecer, a ―corrente‖ poderá sair da linha e 
se deslocar por todo o ―oceano‖ para pescar as ―sardinhas‖. 
 
 
ATENÇÃO 
 
 Quando a ―corrente de golfinhos‖ for maior do que a quantidade de 
―sardinhas‖ restantes, propomos que as ―sardinhas‖ passem a poder salvar os 
―golfinhos‖ que desejarem ser salvos. Para tanto, basta a ―sardinha‘ passar 
entre as pernas do ―golfinho‖. Daí o ―golfinho‖ solta-se da corrente e vira 
―sardinha‖ de novo. 
 
 
Agora faça as seguintes reflexões com seus colegas: 
 
1. Que dificuldades surgiram ao longo da atividade? 
2. Essas dificuldades foram solucionadas? Como? 
3. Quem participou com sugestões para a solução das dificuldades? 
4. Houve competição ou cooperação durante a atividade? 
5. As pessoas participaram como parceiros ou como adversários? 
 
 
 E então, você gostou da brincadeira? Para que você possa se 
familiarizar mais com os Jogos Cooperativos, convide seus colegas e 
professor(a) para participar das atividades descritas abaixo. É uma 
oportunidade para experimentar, refletir e discutir mais com seus colegas e 
professor(a). 
 
 
 
ATIVIDADES 
 
 
1. Um time “zoneado” (jogo de inversão) * 
 
 Este jogo, que tem como ponto de partida o handebol, é literalmente 
uma ―zona‖. Todos jogam dentro de uma ―zona‖ determinada e conforme o 
desenrolar da atividade, promovem uma interação muito dinâmica, com 
participação total e sem fronteiras. Todos percebem que são um só grupo. 
 
Participação: grupos de 16 participantes ou mais, distribuídos em duplas ou 
trios nas ―zonas‖ da quadra; 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
Espaço: quadra de handebol ou similar, dividida em 08 ―zonas‖ A e B, 
demarcadas da seguinte maneira: 
 
A B A B A B A B 
 
Passos 
 
1. Os participantes são distribuídos nas 08 ―zonas‖, ficando 2 ou 3 em cada 
uma delas; 
2. Somente poderão jogar dentro da ―zona‖ que ocupam no momento; 
3. O grupo A deverá tentar fazer gol no grupo B e vice-versa; 
4. A bola deve ser passada para a ―zona‖ seguinte mais próxima, 
correspondente ao respectivo grupo; 
5. Feito o gol, promove-se um rodízio em que todos trocam de ―zona‖, 
passando a ocupar a próxima ―zona‖ (ex.: a dupla ou trio que estava no 
gol da ―zona‖ B vai para o gol da ―zona‖A; assim, a dupla ou trio que 
estava no gol da ―zona‖ A vai para a próxima ―zona‖ B e empurra a dupla 
que ocupava essa ―zona‖ B para a próxima ―zona‖ A; e assim vai 
sucessivamente até completar a troca lá no gol da ―zona‖ B); 
6. Reinicia-se o jogo. 
 
 
 
Atenção 
 
 Ao final do jogo, todos os participantes terão passado tanto pela ―zona‖ 
A como pela ―zona‖ B. Portanto, pergunta-se: quem é o grupo A e quem é o 
Grupo B? Quem venceu o jogo? Todos são um só grupo!5 
 
Vamos às reflexões... 
 
1. Foi possível competir e, no final, todos vencerem? Os participantes 
ganharam do outro ou ganharam juntos? 
2. A relação estabelecida entre os grupos foi de interdependência, parceria 
e confiança, ou de dependência, rivalidade e desconfiança? 
3. Nas atividades do cotidiano escolar ou familiar é possível estabelecer 
essa mesma relação? 
4. Qual a contribuição deste jogo para a realização de um mundo melhor? 
 
 
5
 Atividade retirada do livro Jogos Cooperativos (BROTTO, 2001, p. 141-142) 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
2. Sentando nas CADEIRAS... ou não! 
 
 Quem nunca brincou da brincadeira das cadeiras? Aquele clássico 
joguinho em que começam mais pessoas do que cadeiras e assim que a 
música para, uma pessoa SOBRA e fica fora da brincadeira. Então, eis nossa 
proposta de atividade. Vamos inverter um pouco essa lógica que está presente 
há muito tempo nessa brincadeira. A sugestão é que, ao invés de as pessoas 
saírem do jogo, elas terão de encontrar formas de CONTINUAR nele, sentando 
no colo dos demais participantes ou nas cadeiras que ainda restam. Enquanto 
isso, as cadeiras continuarão saindo ao final da música. 
 
 
 
DICAS para o professor(a) 
 
 A partir dessa atividade sugira discussões de pares dialéticos. Por 
exemplo, a discussão de gênero (menino x menina), competitividade x 
cooperação, desrespeito x respeito, individualidade x coletividade, etc; 
 Caso algum aluno se negue a participar do jogo, ele pode ficar de 
costas, cantarolar uma música e parar na hora que ele quiser para dar o 
tom da brincadeira. Obs: quando o(a) professor(a) não tiver aparelho de 
som, alguém obrigatoriamente terá que desempenhar essa função. 
 
 
Agora que você já sabe o que é Jogo Cooperativo, já teve a 
oportunidade de experimentá-lo, que tal fazer um trabalho de pesquisa em 
grupo? 
 
 
 
ATIVIDADE 
 
Pesquise as categorias de Jogos Cooperativos, exemplificando com o 
maior número possível de atividades. Depois, elabore uma proposta de um 
festival de jogos cooperativos a ser realizado na escola. Mãos à obra e bom 
trabalho! 
 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
LEITURA E DISCUSSÃO 
 
Relacione a tabela a seguir com o conteúdo trabalhado (jogos 
cooperativos) e realize uma leitura, seguida de discussão com os alunos. 
 
 
JEITOS DE VER E VIVER O JOGO DA VIDA6 
 
 
VER 
 
 
VIVER 
 
 
 
 
OMISSÃO 
(Individualismo) 
 
 
 
 
COOPERAÇÃO 
(Encontro) 
 
 
 
 
COMPETIÇÃO 
(Confronto) 
VISÃO DO JOGO 
- Insuficiência 
- É impossível 
- Separação 
- Suficiência 
- Possível para todos 
Inclusão 
- Abundância X Escassez 
- Parece possível só para 
um 
- Exclusão 
OBJETIVO 
- Ganhar sozinho 
- ―Tanto faz‖ 
- Ganhar... juntos - Ganhar do outro 
O OUTRO - ―Quem?‖ - Parceiro, amigo - Adversário, inimigo 
RELAÇÃO 
- Independência 
- ―Cada um na sua‖ 
- Interdependência 
- Parceria e confiança 
- Dependência, 
Rivalidade e 
Desconfiança 
AÇÃO 
- Jogar sozinho 
- Não jogar 
- ―Ser jogado‖ 
- Jogar COM 
- Troca e criatividade 
- Habilidades de 
relacionamento 
- Jogar CONTRA 
- Ataque e defesa 
- Habilidades de 
rendimento 
CLIMA DO JOGO 
- Monótono 
- Denso 
- Ativação, atenção e 
Descontração 
- Leve 
- Tensão, stress e 
contração 
- Pesado 
RESULTADO 
- Ilusão de vitória 
- individual 
- Sucesso compartilhado 
- Vitória às custas dos 
outros 
CONSEQUÊNCIA 
- Alienação, 
conformismo e 
indiferença 
- Vontade de continuar 
jogando 
- Acabar logo com o jogo 
MOTIVAÇÃO - Isolamento - Amor - Medo 
SENTIMENTOS 
- Solidão 
- Opressão 
- Alegria (para muitos) 
- Comunhão (entre 
todos) 
- Satisfação, 
cumplicidade e Harmonia 
- Diversão (para alguns) 
- Realização (para 
poucos) 
- Insegurança, raiva, 
frustração 
SÍMBOLO - Muralha - Ponte - Obstáculo 
 
 
 
6
 Tabela retirada do livro “JOGOS COOPERATIVOS – O jogo e o esporte como um Exercício de 
Convivência”. FÁBIO OTUZI BROTTO, 2001. 
 
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
BREGOLATO, Roseli Aparecida. Cultura corporal do jogo. 2ª Ed. Ícone. São 
Paulo, 2007. 
 
BROTTO, Fábio. Otuzi. Jogos Cooperativos: o jogo e o esporte como um 
exercício de convivência. Santos: Projeto Cooperação, 2001. 
 
CASCUDO, Luís da Câmara. A história dos nossos gestos. 1ª Ed. Global. 
São Paulo, 2003. 
 
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. 12ª 
ed. São Paulo: Cortez, 1992; 
 
FEITOZA, Joelson Andrade. Jogos eletrônicos e jogos de rua: Uma busca 
na era do videogame. João Pessoa, UFPB. 2007. 47p. 
 
FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo e González Fernando Jaime . (orgs). 
Dicionário crítico de educação física. Ijuí: Editora Unijuí, 2007. 
 
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: O jogo como elemento da cultura. São 
Paulo: Perspectiva, 2007. 
 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1967. 
[Six Études de Psichologie, 1964] 
 
SOLER, Reinaldo. Brincando e Aprendendo com os Jogos Cooperativos. 
Rio de Janeiro: Editora Sprint, 2005. 
 
TEXTO 2. Disponível em: www.watchtower.org. Acesso em: 06 nov. 2009. 
 
TEXTO 3. Disponível em: www.watchtower.org. Acesso em: 27 out 2009. 
 
VERÍSSIMO, Luis Fernando. A bola. Disponível em: 
<www.olhoscriticos.com.br> Acesso em: 06 nov. 2009 
 
WEISS, Luise. Brinquedos & engenhocas: atividades lúdicas com sucata. 
2ª. ed. São Paulo: Scipione, 1992. 65p. 
http://www.watchtower.org/
http://www.watchtower.org/
http://www.olhoscriticos.com.br/
CCCaaapppííítttuuulllooo 222 --- EEEssspppooorrrttteee::: 
AAA ppprrrooosssaaa eee aaa pppoooeeesssiiiaaa nnnooo fffuuuttteeebbbooolll 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professor Carlos Alberto Antunes 
Escola Municipal de Ensino Fundamental João Monteiro da Franca 
 
Professor Robson Ananias de Lucena 
Escola Municipal de Ensino Fundamental Anayde Beiriz 
 
Professor Lucas Vieira de Lima Silva 
Universidade Regional do Cariri 
 
Professor Lauro Pires Xavier Neto 
Universidade Federal de Campina Grande 
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
Você sabe a diferença entre prosa e poesia? Qual a relação 
existente entre prosa, poesia e futebol? O que você sabe sobre as 
Copas do Mundo de futebol de 1970 e 1982? 
 
No Brasil, o futebol sempre foi considerado um esporte de grande 
importância na vida do povo. Somos conhecidos culturalmente como o “país do 
futebol” e fomos o primeiro país a receber o título de pentacampeão mundial. O 
futebol tornou nosso país mais conhecido internacionalmente. Jogadores como 
Pelé, Rivelino e Tostão, que atuaram na Copa de 1970, e Zico, Sócrates e 
Falcão, atuantes na Copa de 1982, são mundialmente conhecidos como 
legítimos praticantes e disseminadores do “futebol-arte”. Mas estes são apenas 
alguns exemplos, pois a lista de jogadores brasileiros que praticavam, e ainda 
praticam, o futebol-arte é imensa. 
 
Leia com atenção o seguinte texto de Tostão: 
 
Após a Copa de 1970, o grande poeta e cineasta italiano 
Pasolini escreveu que a poesia brasileira ganhou da prosa 
italiana. Em 1982, aconteceu o contrário. Evidentemente, a 
Seleção Brasileira, nas duas Copas, não era só poesia nem a 
italiana era só prosa. Mas havia um nítido predomínio de um 
estilo. Hoje, a diferença é pequena. (TOSTÃO, 2008, p. 7) 
 
 Pôster da Copa de 1970 Pôster da Copa de 1982 
 
 
 
PESQUISA- Pergunte ao seu professor(a) de português as diferenças entre prosa e 
poesia; 
- Descubra o que seus avós, pais, familiares e pessoas de sua comunidade 
sabem sobre as Copas do Mundo de futebol de 1970 e 1982; 
- Pesquise as mascotes das Copas do Mundo ao longo da história; 
- Analise o texto do ex-jogador de futebol Tostão e explique porque Pasolini 
denomina a seleção brasileira de poesia e a seleção italiana de prosa; 
- Na atualidade o futebol brasileiro é prosa ou poesia? Seus amigos(as) que 
jogam futebol praticam a prosa ou a poesia? 
 
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
 
 
Futebol, poesia, arte e música sempre estiveram presentes nas Copas 
do Mundo. Porém, nem só de poesia vive o futebol. A Copa de 1970 é um 
exemplo disso. Em 1970, o Brasil passava por um momento difícil da política 
nacional. Em 1964, o povo brasileiro sofreu um golpe: os militares depuseram o 
Presidente João Goulart e tomaram o poder por via da força, instaurando a 
Ditadura Militar, que durou até 1985. Infelizmente, os militares aproveitaram a 
Copa para fazer propaganda política. Enquanto matavam ou torturavam 
aqueles que eram contra o regime militar, utilizavam o futebol para tentar 
enganar o povo, encobrindo a dura realidade e fantasiando-a de um Brasil 
apenas de festa e alegria. Dessa forma, a maioria da população ficava alheia 
às discussões sobre economia e política. 
 
QUADRO EXPLICATIVO 
 
A 9
a
 Copa do Mundo de Futebol (1970) foi realizada no México e teve 
como mascote Juanito, enquanto a Copa de 1982 aconteceu na Espanha 
e teve como mascote Naranjito. 
 
 
Naranjito Juanito 
Mascote de 1982 Mascote de 1970 
 
“Os anos 1970 foram marcados pela humanização das mascotes nas Copas do 
Mundo. No México em 1970 a mascote escolhida foi Juanito, um menino com 
características caucasianas com um sombreiro e uma bola. 
Em 1982, Naranjito foi a primeira fruta como mascote em Copas do Mundo. A 
laranja com a camisa da seleção espanhola fez muito sucesso por ser simples. 
Além de estar estampada em vários produtos da Copa a laranjinha da Copa 
protagonizou uma série de desenhos animados na televisão espanhola.” 
 
Obtido em: http://www.duplipensar.net/dossies/copa-do-mundo-2006-
alemanha/mascotes-das-copas-do-mundo.html (14 de novembro de 2008, às 21h00) 
 
http://www.duplipensar.net/dossies/copa-do-mundo-2006-alemanha/mascotes-das-copas-do-mundo.html%20(14
http://www.duplipensar.net/dossies/copa-do-mundo-2006-alemanha/mascotes-das-copas-do-mundo.html%20(14
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
Daí surgiu a música Pra Frente Brasil (composição de Miguel 
Gustavo), que dizia: 
 
Noventa milhões em ação, 
Pra frente Brasil, 
Do meu coração; 
Todos juntos vamos, 
Pra frente Brasil, 
Salve a seleção; 
De repente é aquela 
Corrente pra frente, 
Parece que todo Brasil deu a mão, 
Todos ligados na mesma emoção, 
Tudo é um só coração; 
Todos juntos vamos, 
Pra frente Brasil, Brasil, 
Salve a seleção... 
 
Para Eduardo Galeano (2004, p. 136), Pra Frente Brasil “transformou-
se na música oficial do governo. (...) O futebol é a pátria, o poder é o futebol: 
Eu sou a pátria, diziam essas ditaduras militares”. Para os militares, os 
resultados positivos da seleção na Copa ajudavam a manter o regime militar 
cada vez mais forte entre os brasileiros, visto que estes ficavam, em grande 
parte, concentrados apenas nas vitórias do Brasil. 
 
Será que essa situação ainda existe nos dias de hoje? Será que o 
povo brasileiro conhece mais a seleção brasileira do que os assuntos 
sobre economia e política? Será que é mais fácil saber o nome de 
quem marcou o gol do Brasil no último jogo da seleção do que o 
nome do ministro da educação ou da economia? Será que o futebol ainda é o 
“ópio do povo”? 
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
Na Copa de 1982, o jogador paraibano Júnior, que atuava na 
lateral esquerda, cantava uma música que encantou o povo 
brasileiro. Conheça a letra da música “Voa Canarinho” (Composição 
de Memeco e Nonó): 
 
 
Voa, canarinho, voa 
Mostra pra este povo que é rei 
Voa, canarinho, voa 
Mostra na Espanha o que eu já sei 
Verde, amarelo, azul e branco 
Formam o pavilhão do meu país 
O verde toma conta do meu canto 
Amarelo, azul e branco 
Fazem meu povo feliz 
E o meu povo 
Toma conta do cenário 
Faz vibrar o meu canário 
Enaltece o que ele faz 
Bola rolando 
E o mundo se encantando 
Com a galera delirando 
Tô aqui e quero mais 
 
 
O jornalista João Saldanha escreveu o livro O Trauma da Bola: a Copa 
de 82, em que relata todos os jogos daquele certame. Saldanha sempre foi um 
crítico de futebol e da política brasileira. Ele comandou a seleção de 1970 até 
as vésperas da Copa. Foi perseguido pela ditadura militar e expulso da 
seleção, dando lugar a Zagalo, ex-jogador da Copa de 58. João Saldanha 
chegou a criticar a poesia exagerada dos jogadores brasileiros da Copa de 
1982 que, embalados pelo “Voa, Canarinho, Voa”, acabaram, segundo o 
jornalista, deixando de lado a seriedade (ou a prosa) necessária para vencer 
uma competição. “Não se ganha Copa do Mundo com musiquinha ou batendo 
bumbo.” (JOÃO SALDANHA, 2002, p. 191). 
 
O que será que Saldanha quis dizer com a frase acima? Será que ele era 
mesmo contrário ao futebol-poesia? 
 
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
 
 
 
DEBATE 
 
Para você, o que é mais importante num jogo de futebol: o placar final do 
jogo ou um futebol-arte, alegre e que encanta, independentemente do 
resultado? 
 
Vamos realizar um debate em sala de aula? Um grupo irá defender o 
futebol-prosa e outro, o futebol-poesia. 
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
ATIVIDADE 
 
Vamos formar duas equipes? Uma equipe será formada pelos(as) 
alunos(as) que defenderam o futebol-prosa e a outra, pelos(as) alunos(as) que 
defenderam o futebol- -poesia. Cada equipe deverá confeccionar sua própria 
mascote, seu pôster e sua música. Em seguida, vamos para a quadra ou 
campo para realizamos nosso jogo de futebol. 
 
 
COMPLEMENTO 
 
Brasil e Itália já se enfrentaram em várias Copas do Mundo, em 
diferentes momentos. O confronto mais recente foi em 1994, na final da 
competição. Foi uma Copa do Mundo cheia de novidades, tal como a 
realização do evento nos Estados Unidos, país que, apesar de não ter tradição 
no esporte, aproveitou o evento esportivo para tentar lucrar com a venda das 
imagens e produtos com a marca da Copa. Infelizmente, o sistema capitalista 
tenta transformar tudo em lucro. Até as mascotes se transformaram em artigos 
meramente de venda, perdendo seu significado histórico. 
 
Outra novidade foi o resultado da final. Pela primeira vez a final da Copa 
foi um cansativo 0 a 0, de um futebol cheio de prosa e pouca poesia. Sobre 
esse fato, Galeano (2004, p.188) escreveu o seguinte: 
 
 
A Itália jogou a final contra o Brasil. Foi uma partida 
aborrecida, mas entre bocejo e bocejo, Romário e Baggio 
deram algumas lições de bom futebol. A prorrogação terminou 
sem gols. Na definição por pênaltis, o Brasil se impôs por 3 a 2 
e se consagrou campeão do mundo. 
 
 
 
CURIOSIDADES 
 
Primeiro Tempo 
O país escolhido pela FIFA para sediar a Copa de 1986 foi a Colômbia. 
Contudo, desde 1982 havia rumores de que o país sul-americano não 
conseguiria sediar o evento. As discussões sobre qual país poderia sediar a 
Copa gerou discordância, em especial quando os Estados Unidos colocaram-
se à disposição. Veja o que Saldanha (2002, p. 186) escreveu a esse respeito: 
 
 
Importantíssimo o „pacto sul-americano' se é que existe, de 
não participar da Copa de 86, caso não seja na Colômbia e 
sim transferida para os EUA. Pode parecer uma medida 
antiesportiva. Mas não é. Nos EUA, apesar dos esforços, o 
futebol não pegou. Até é chamado de soccer, cujo pronúnciaé 
igual a outra não muito amável – sucker, que quer dizer otário, 
trouxa etc. 
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
(...) Como se sabe, o futebol lá não pegou, apesar dos 
esforços de alguns empresários. No momento está caindo no 
número de clubes, porque os donos, os tais empresários do 
futebol, como no vôlei, no comércio ou outro investimento 
qualquer, fecham um negócio não lucrativo. 
 
 
Segundo Tempo 
Na Copa de 1986, que acabou acontecendo no México, os jogos eram 
disputados sob um calor tremendo, em horários inconvenientes para os 
jogadores, mas convenientes para os interesses da televisão. Veja o que 
escreveu Galeano (2004, p. 165) sobre o assunto: 
 
 
No Mundial de 86, Valdano, Maradona e outros jogadores 
protestaram porque as principais partidas eram disputadas ao 
meio-dia, debaixo de um sol que fritava tudo que tocava. O 
meio-dia do México, anoitecer da Europa, era o horário que 
convinha à televisão européia. (...) A venda do espetáculo 
importava mais do que a qualidade do jogo? (...) Quem dirigiu 
o Mundial de 86? A Federação Mexicana de Futebol? Não, por 
favor, chega de intermediários: quem dirigiu foi Guilermo 
Cañedo, vice-presidente da Televisa (...). Foi o Mundial da 
Televisa, o monopólio privado que é dono do tempo livre dos 
mexicanos e também dono do futebol no México. E nada era 
mais importante que o dinheiro que a Televisa podia receber, 
junto com a FIFA, pelas transmissões aos mercados europeus. 
 
 
Charge da Seleção da Argentina 1986 por Javad Alizadeh: 
 
 
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 Na marca do pênalti 
 
 
 
É possível haver futebol-poesia quando o futebol é transformado num 
negócio que visa o lucro de empresários? O que é monopólio? No Brasil 
existem canais de televisão que monopolizam a programação do futebol e de 
outros programas? 
 
 
 
VAMOS VER UM FILME? 
 
Dois filmes retratam bem as discussões que fizemos em sala de aula: 
O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias e Todos os Corações do 
Mundo. O primeiro mostra a realidade da Copa de 1970 sob o olhar de um 
garoto de 12 anos que, alheio aos problemas enfrentados pelo país, deseja 
apenas que o Brasil se torne tricampeão mundial. O segundo é um 
documentário que mostra, sob um olhar menos técnico, a Copa do Mundo de 
1994. Os dois filmes são imperdíveis! 
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (2006) 
 
» Direção: Cao Hamburger 
» Roteiro: Cao Hamburger, Cláudio Galperin, Bráulio Mantovani 
» Gênero: Drama 
» Origem: Brasil 
» Duração: 110 minutos 
» Tipo: Longa 
» Sinopse: Em 1970, o Brasil e o mundo parecem estar de cabeça para baixo, mas a maior preocupação na 
vida de Mauro, um garoto de 12 anos, tem pouco a ver com a ditadura militar que impera no País, seu maior 
sonho é ver o Brasil tricampeão mundial de futebol. De repente, ele é separado dos pais e obrigado a se 
adaptar a uma "estranha" e divertida comunidade - o Bom Retiro, bairro de São Paulo, que abriga judeus, 
italianos, entre outras culturas. Uma história emocionante de superação e solidariedade. 
 
Todos os Corações do Mundo (1995) 
 
» Direção: Murilo Salles 
» Gênero: Documentário 
» Origem: Brasil 
» Tipo: Longa 
» Sinopse: Documentário oficial da Copa do Mundo de 1994, na qual o Brasil tornou-se tetracampeão. Além 
dos jogos, conhecemos culturas dos países envolvidos, imagens de bastidores das partidas e muitas outras 
curiosidades. (Obtido em: http://www.cineplayers.com/filme.php?id=3975. 16 de novembro de 2008, às 08h) 
http://www.cineplayers.com/perfil.php?id=12577
http://www.cineplayers.com/perfil.php?id=12577
http://www.cineplayers.com/perfil.php?id=12825
http://www.cineplayers.com/perfil.php?id=12826
http://www.cineplayers.com/top_genero.php?id=4
http://www.cineplayers.com/perfil.php?id=13966
http://www.cineplayers.com/top_genero.php?id=12
http://www.cineplayers.com/filme.php?id=3975
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
Textos complementares 
 
Sobre a Copa de 2010 
 
O cineasta italiano Pasolini dividia o futebol em prosa e poesia, tendo 
como referência a final da Copa do México em 1970. Evidentemente que a 
seleção canarinho, com Pelé, Tostão, Rivelino, representava a poesia do 
futebol e aquele jogo burocrático europeu, a prosa. Infelizmente, em 1970, o 
país do futebol vivia sob a batuta de milicos burocratas, assassinos do povo 
brasileiro e que souberam utilizar o resultado da Copa do Mundo como 
propaganda ideológica em favor regime ditatorial. No jogo contra o Brasil os 
presos políticos da época chegaram a torcer pela Tchecoslováquia, 
representante do bloco comunista que tanto assustava a direita reacionária da 
América Latina. Euforia política, e com um tom exagerado, encerrada até o 
instante que Pelé, magistralmente, chutou do meio do campo tentando pegar 
de surpresa o goleiro do país comunista – lance antológico não convertido em 
gol. 
 
Desde 1990 que o maior evento futebolístico se resume a prosa. Jogos 
enfadonhos, poucas revelações, poucos gols, poucas jogadas magistrais. 
Evidentemente que não somos saudosistas daquele 10 a 1 que a Hungria 
emplacou em El Salvador em 1982, que gerou protesto do time salvadorenho 
colocando a goleada como atitude antiesportiva da equipe húngara! Ou na 
mesma Copa aquele jogo entre Alemanha e Áustria no qual as duas equipes, já 
sabendo dos resultados anteriores do grupo, combinaram o placar para que 
pudessem se classificar para a segunda fase – face horrenda de uma Copa 
com problemas de organização. 
 
A Copa de 2010 começa com a mesma prosa que marcou os últimos 
eventos. Quem teve a terrível sensação de assistir França e Suíça (0x0) em 
2006 e ver o time francês chegar a final do certame e agora perder seu tempo, 
como eu perdi, assistindo França e Uruguai (0x0), pode perceber que a 
promessa de uma Copa do Mundo diferenciada, por ser, pela primeira vez, em 
Continente Africano, caiu por terra. A média de gols dos primeiros jogos é 
muito baixa, o nível técnico de algumas equipes é lastimável e as grandes 
promessas parecem ter deixado de lado a poesia futebolística – e ainda 
corremos o risco de times medíocres com o da França, mas com um futebol de 
resultado, possam chegar ä final. 
 
Resta-nos assistir aos programas sobre o futebol tão comuns nesta 
época. Entre um jogo e outro, antes de cair no sono, recomendo mudar o canal 
e procurar excelentes documentários como um que passou na TV SESC 
(Futebol e Arte) durante o enfadonho Sérvia e Gana. Quando terminou o 
primeiro tempo corri para preencher na minha tabela aquele 0x0 parcial, ato 
falho, pois ainda transcorreria o segundo momento do jogo, que para mim não 
representava mais nada. 
 
No referido documentário temos um dos convidados falando sobre a 
opinião de Bertold Brecht sobre o espetáculo futebolístico e sua relação com o 
http://lauroxavierneto.blogspot.com/2010/06/sobre-copa-de-2010.html
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
teatro. Brecht desejava uma apresentação teatral com o público gritando, 
xingando, opinando, da mesma forma que os torcedores se comportam nos 
estádios. Ah, que cena fantástica a população nas câmaras de vereadores ou 
nas assembléias legislativas gerando atos de manifestação irada, diferente do 
torpor típico desses espaços. 
 
Na verdade a história tem mostrado que a direita e os setores 
reacionários tem se privilegiado dos espetáculos esportivos, vide as Copas de 
1970 e 1978, bem como a Olimpíada comandada por Hitler. No nosso 
pequeno-vasto mundo os noticiários de TV e os tablóides dão ênfase ao 
espetáculo em detrimento aos acontecimentos políticos que circulam no país e 
no mundo. Vários órgãos públicos em greve, parlamentares em “recesso 
branco” (quem quiser que acredite), fantasmas no Senado são esquecidos 
durante quase um mês. Em contrapartida a

Continue navegando