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SINAL AMARELO: CLOROQUINA E HIDROXICLOROQUINA https://cimblog.wixsite.com/blog/post/sinal-amarelo-cloroquina-e-hidroxicloroquina Medicamentos apresentam potencial no combate ao coronavírus, porém testes com pacientes graves acendem alerta para uso indiscriminado. Por GUSTAVO PELLEGRINI Estudante de Farmácia - 7º semestre Universidade Anhembi-Morumbi Wikipedia Commons / Montagem Com a expansão da pandemia pelo novo coronavírus, os holofotes têm-se voltado para a resolução desse grave problema de saúde pública. O cenário ideal seria o desenvolvimento de uma vacina, porém as previsões mais otimistas estimam que a imunização só estará disponível em um ano e meio. Por outro lado, a pesquisa de novos medicamentos efetivos contra a COVID-19 também pode ser uma saída, mas a desvantagem é que o caminho que existe entre uma nova molécula e a forma farmacêutica pode durar vários anos. Diante deste cenário, comum para algumas outras doenças infecciosas, a solução de curto prazo mais viável consiste em encontrar potenciais medicamentos já comercializados e que podem possuir algum tipo de efeito antiviral. Nesse sentido, a cloroquina e hidroxicloroquina tem ganhado destaque mundial. Ambas são a mesma molécula, porém a diferença é que a primeira se torna ativa somente após absorção e metabolização no fígado, enquanto a outra já é a forma ativa ao ser absorvida. Existem, de fato, alguns relatos sobre a utilização desses fármacos no tratamento da COVID-19, amplamente divulgados em diversos meios de comunicação. Entretanto, esses casos não podem ser vistos como a prova definitiva de que os medicamentos são seguros e eficazes. É importante citar, nesse contexto, uma situação histórica e lamentavelmente famosa, que é a administração de talidomida a gestantes nos anos 50 / 60. De forma resumida, alguns bons resultados do fármaco, empregado para o tratamento de enjôo, levaram à rápida disponibilidade do produto para a população, e devido à época, não havia rigor quanto a estudos clínicos e levantamento de efeitos colaterais. O resultado é bem conhecido: diversos recém-nascidos com focomelia, ou seja, má formação de braços e pernas, devido à não-caracterização dos efeitos teratogênicos do enantiômero S do fármaco. Wikipedia Commons / Montagem https://cimblog.wixsite.com/blog/post/sinal-amarelo-cloroquina-e-hidroxicloroquina Com este histórico e o possível risco de novos efeitos colaterais desconhecidos, os órgãos regulatórios passaram a adotar critérios muito mais rígidos. A própria cloroquina passou por diversos testes clínicos, sendo liberada para tratamento de malária e, lúpus e artrite reumatoide. Seu emprego para o tratamento de gripes vem sendo testado desde 2005, durante o surto de SARS na China, quando uma pesquisa se revelou não conclusiva. Em 2020, alguns estudos indicaram boa atividade IN VITRO da hidroxicloroquina na diminuição da infecção viral. Desse modo, um certo otimismo tomou conta da população, o que fez os medicamentos se esgotarem nas farmácias e com que a ANVISA os colocasse na categoria de controlados de acordo com a portaria 344 / 98. A capacidade de inibição do coronavírus pela cloroquina foi questionada quando 11 pessoas morreram no estudo clínico de Manaus - AM. No entanto, em testes IN VIVO, os resultados não foram tão positivos assim. Em uma pesquisa conduzida em Manaus (AM), em que foi empregado o ensaio clínico randomizado e duplo cego com 81 pacientes, a alta dosagem de cloroquina levou a 11 óbitos, devido aos efeitos colaterais relacionados a problemas cardiovasculares, sobretudo arritmia. Outros estudos clínicos, como os da Universidade de Maryland (EUA) indicam que, no organismo humano, os fármacos não exercem o efeito esperado contra a SARS-COV-2. Sabe-se que a COVID-19 tende a ser muito mais maligna em pacientes que possuem comorbidades como problemas cardíacos e pulmonares crônicos. Combinando com a gravidade do novo coronavírus de atingir pulmão e coração, pacientes que possuam complicações cardíacas e/ou pulmonares e um tratamento que aumenta muito o risco de uma complicação cardíaca acontecer, torna-se necessário avaliar o risco de usar estes medicamentos, sobretudo em doses elevadas, para pacientes graves, onde além de não ter eficácia comprovada, pode ser fatal. Outros estudos estão sendo conduzidos no Brasil para determinar a real eficácia da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19. O processo, demorado e custoso, é necessário para que se estabeleça protocolos clínicos seguros e eficazes - ou simplesmente descarte o princípio ativo para o tratamento da doença. Por ora, a administração dos medicamentos só pode ser feita através de prescrição médica e com anuência do paciente. Novas notícias surgem a cada dia, e O BLOG DO CIM vai continuar atento às informações, atualizando esse espaço sempre que os medicamentos / tratamentos mais recentes forem divulgados.
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