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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) MINISTRO(A) PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARTIDO POLÍTICO BETA, agremiação política com representação no Congresso Nacional, inscrito no CNPJ: XXXXXXXXXXXX, com sede no endereço: ________________________________, neste ato representado por seu presidente, portador do RG: ________ e do CPF: _____________, residente e domiciliado no __________________________, por intermédio de seu advogado devidamente constituído por meio do instrumento de mandato anexo, com endereço profissional situado à _____________________, onde recebe exclusivamente intimações e notificações exclusivas sob pena de nulidade, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 102, §1º da CF/1988 e na Lei, 9.882/99, ajuizar a presente AÇÃO DE ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, em face dos artigos 11 e 12 da Lei Orgânica do Município Alfa. I – DO CABIMENTO DA ADPF A ADPF é cabível para impugnar a constitucionalidade de ato normativo municipal, inclusive sendo ação de caráter subsidiário, visto que a violação em exame, não comporta qualquer outra ação de controle concentrado de constitucionalidade. Com legitimidade amparada no art. 102, § 1° da CRFB/88 a saber: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: (...) §1° A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.” Assim, a presente ADPF funda-se no texto constitucional mencionado, e, ainda, na previsão do artigo 1º, § único e inciso I da Lei n º 9 .882/99: “Art. 1º A arguição revista no §1º do art.102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. Parágrafo único. Caberá também arguição de descumprimento de preceito fundamental: I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição.” In casu, trata -se de ação de controle concentrado de constitucionalidade contra norma municipal anterior à CRFB/88, na forma do art . 1º, parágrafo único, inciso I, e do art. 4º, § 1º, ambos da Lei n º 9.882/99, não sendo cabível, por tanto outra ação de controle senão a Arguição de Preceito Fundamental. Sendo assim, com fulcro no artigo 1°, parágrafo único, inciso I e artigo 4º, §1º, da Lei 9.882/99, é plenamente cabível a presente ação. II - DO ATO NORMATIVO IMPUGNADO O Prefeito do Município Alfa, preocupado com a adequada conduta no seu mandato, procura o presidente nacional do seu partido político Beta, o qual possui representação no Congresso Nacional, e informa que a Lei Orgânica do Município Alfa, publicada em 30 de maio de 1985, estabelece, no seu art. 11, diversas condutas como crime de responsabilidade do Prefeito, entre elas o não atendimento, ainda que justificado, a pedido de informações da Câmara Municipal, inclusive com previsão de afastamento imediato do Prefeito a partir da abertura do processo político. Informou, também, que a mesma Lei Orgânica, em seu art. 12, contém previ são que define a competência de processamento e julgamento do Prefeito pelo cometimento de crimes comuns perante Justiça Estadual de primeira instância. Por fim, informou que, em razão de disputa política local, houve recente representação oferecida por Vereadores da oposição com o objetivo de instaurar processo de apuração de crime de responsabilidade com fundamento no referi do art. 11 da Lei Orgânica, a qual poderá ser analisada a qualquer momento. No caso, os artigos 11 e 12 da Lei Orgânica do Município Alfa violam o princípio da separação dos Poderes, previsto no art. 2º da CRFB/88. De igual forma, violam a competência exclusiva da União para a definição de crimes de responsabilidade, nos termos do art. 22, I, da CRFB/88, bem como da Súmula Vinculante nº 46. Ademais, o artigo 12 da Lei Orgânica do Município Alfa viola a previsão constitucional do art. 29, da CRFB/88 que garante aos Prefeitos a prerrogativa de foro perante o Tribunal de Justiça. Sendo assim, resta clara a contrariedade aos princípios constitucionais de nosso ordenamento jurídico, pelo que se necessita que os referidos artigos sejam declarados inconstitucionais. III – DOS FUNDAMENTOS A presente ação, nos termos do art. 103, VIII da CRFB/88, ampara a legitimação ativa para seu ajuizamento, recaindo sobre os que tem direito de propor a Ação Direta de Inconstitucionalidade, constantes no rol do referido artigo. É sabido que o texto do art. 2° da CRFB/88 garante a independência e harmonia entre os Poderes, princípio este não respeita do pelo legislativo do município Alfa. Não sendo admitido, ainda, a violação do art. 22, I, da C RF B/88, que confirma a competência privativa por parte da União para legislar sobre direito civil, comercial, penal processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho, tendo em vista que a matéria discutida, ser de direito penal, ocorrendo então violação de princípio federativo. É sabido, conforme o que prescreve o art. 29, X da CRFB/88, o julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça, em acordo com o texto da Súmula Vinculante 46 do STF que rege: “A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são de competência legislativa privativa da União.” Conforme julgado: Conforme disposto na Súmula Vinculante 46, a definição dos crimes de responsabilidade e das respectivas normas de processo e julgamento é de competência legislativa privativa da União. No que concerne ao regime pertinente aos Prefeitos, a referida competência foi exercida com a edição do Decreto-Lei 201/196 7. 13. No caso concreto, a decisão reclamada reconheceu que o diploma normativo adotado para o julgamento da parte reclamante foi o Regimento Interno da Câmara Municipal. A Câmara Municipal prestou informações no mesmo sentido. O parâmetro normativo utilizado, portanto, é incontroverso. A Súmula Vinculante 46, originada da Súmula 722/STF (aprovada em 26.1 1.2003), não se presta a servir com o fundamento para toda e qualquer alegação de ofensa às normas federais que definem os crimes de responsabilidade e as respectivas regras de processo e julgamento. No entanto, trata-se de caso em que expressamente se admite a utilização de parâmetro normativo divers o do Decreto-Lei 201/1967. A violação à Súmula vinculante, portanto, é clara. " (Rcl 22034 M C, Relator Ministro Roberto Barroso, Decisão Monocrática, julgamento em 16.11.2015, DJe de 24.11.2015) Sobre o tema, bem esquadrinha o professor Luís Roberto Barroso: “Embora conserve a fluidez própria dos conceitos indeterminados, e haja dificuldade em delimitar em abstrato o seu conteúdo, existe um conjunto de normas que inegavelmente devem ser abrigadas no domínio dos preceitos fundamentais. Nessa classe, estarão os fundamentos e objetivos da República, assim como as decisões políticas estruturantes, todos agrupados sob a designação geral de princípios fundamentais, objeto do Título I da Constituição (arts .10 a 4ª). Também os direitos fundamentais se incluem nessa categoria, o que incluiria, genericamente, os individuais, coletivos, políticos e sociais (arts .5º e s.). Aqui se travará, por certo, a discussão acerca da fundamentalidade ou não de determinados direitos contemplados na Constituição brasileira, não diretamente relacionados à tutela da liberdade ou do mínimo existencial. Devem -se acrescentar, ainda, as normas que se abrigam nas cláusulas pétreas (art. 60, §4º) ou delas decorrem diretamente. E, por fim, os princípios constitucionais ditos sensíveis (art. 34, VII), que são aqueles que por suarelevância dão ensejo à intervenção federal. Não se trata de catálogo exaustivo, com o natural, mas de parâmetros a serem testados à vista das situações da vida real e das arguições que serão apreciadas pelo Supremo Tribunal Federal.” Desta forma, necessária a declaração de inconstitucionalidade dos artigos da lei orgânica em comento. IV – DA LIMINAR O periculum in mora faz-se presente visto que violado o princípio da separação dos poderes, amparado no artigo 2º da Carta Magna, a violação à competência legislativa privativa da União amparada pelo artigo 22, I da CRFB/88 e a Súmula Vinculante 46 do STF, bem como violação ao artigo 29, X da CRFB/88, que dispõe sobre os municípios e as respectivas leis orgânicas, as quais devem observar os preceitos constitucionais especialmente garantindo aos prefeitos a prerrogativa de foro perante o Tribunal de Justiça em crimes comuns. Ademais, em razão de disputa política local, houve recentemente representação oferecida por vereadores da oposição, amparados pelo artigo que se objetiva declarar inconstitucional, objetivando a apuração de crime de responsabilidade, podendo ser analisada a qualquer momento. Ainda se observa a necessidade de sustar a eficácia da norma impugnada, requerendo suspensão do tramite da representação por crime de responsabilidade oferecida em desfavor do Prefeito do município Alfa, o que demonstra equivocadamente o fumus boni iuris. Assim, presentes os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora é cabível e necessária a concessão da liminar. Desta forma, é necessária a concessão de liminar, com fulcro no artigo 5º, §3º da Lei 9.882/99, que autoriza o pedido cautelar, uma vez que a análise da representação de crime de responsabilidade amparada por meio dos artigos inconstitucionais pode culminar em dano grave e de difícil reparação. V - DOS PEDIDOS Diante do exposto requer: a) Seja concedida liminar para suspender o trâmite da representação por responsabilidade oferecida em desfavor do Prefeito. b) A notificação da autoridade coatora e os órgãos responsáveis pela violação do preceito fundamental da CRFB/88. c) A intimação do AGU para se manifestar sobre o mérito da ação. d) A oitiva do Procurador Geral da República nos termos do art. 5º, §2 º da Lei 9882/99. e) Seja julgado procedente o pedido para declarar a incompatibilidade entre a CRFB/88 e os artigos 11 e 12 da Lei orgânica municipal de 30/05/85 . Protesta-se pela produção de todas as provas em direito admitidas, testemunhal, documental e pericial. Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais), para efeitos fiscais. Nesses Termos pede deferimento Cidade/UF, ___ de _________ de ______. ADVOGADO OAB/_________
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