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FACULDADE MOGIANA DO ESTADO DE SÃO PAULO - FMG FACULDADE DE DIREITO EDNA APARECIDA FÉLIX DE SENA MAICON DO NASCIMENTO RODRIGUES ADOÇÃO TARDIA MOGI GUAÇU- SP 2017 1 EDNA APARECIDA FÉLIX DE SENA MAICON DO NASCIMENTO RODRIGUES ADOÇÃO TARDIA Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Direito da Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo, como requisito à obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador:Prof. Drª Andressa Tatiana da Silva Mogi Guaçu - SP 2017 2 Dedicamos a Deus a fonte de tudo, a nossa Família pela compreensão e apoio ao longo desses 5 anos, aos nossos professores pela paciência no ensino do saber e pelos conhecimentos transmitidos e aos amigos de turma pela companhia, pela ajuda e trocas realizadas no período de formação acadêmica. 3 AGRADECIMENTOS Primeiramente а Deus qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse, ао longo dе minha vida, е nãо somente nestes anos como universitária, mаs que еm todos оs momentos é o maior mestre qυе alguém pode conhecer. A minha orientadora Professora e Dra. Andressa Tatiane, pelo suporte nо pouco tempo qυе lhe coube, pelas suas correções е incentivos. Dedicado à elaboração deste trabalho. A esta universidade, sеυ corpo docente, direção е administração qυе oportunizaram а janela qυе hoje vislumbro υm horizonte superior, eivado pеlа acendrada confiança nо mérito е ética aqui presentes. Agradeço а minha mãе _Antônia minha heroína, que mesmo não estando presente fisicamente, mas sim “In memoria” essa vitória e simplesmente pra Senhora minha Mãezinha que lutou e sonhou tanto com isso! Ao Meu Esposo Pr. Sena Pelo Incentivo e Apoio e Compressão, As Minhas filhas Bruna, Gabriela e Yasmin pelo Carinho e Paciência. Gratidão ao Meu Amigo Maicon que nesta Jornada Praticamente me Carregou no colo com incessantes Incentivos e Motivações para prosseguir, pois quando Pensava em parar e Dizer Não vou Conseguir ele sempre estava ali me Ajudando ,Incentivando e nunca me deixava desistir. Agradeço а todos оs professores pоr mе proporcionar о conhecimento nãо apenas racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа Educação nо processo dе formação Profissional. A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о mеυ muito obrigado. Edna Apª Félix de Sena. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, a fonte de tudo, pois sem ele nada do que foi feito se fez para que este dia chegasse, a ele por todas as superações e desafios alcançados, um novo tempo esta chegando e uma nova etapa se inicia, mas acima de tudo agradeço a todos que passaram pela minha vida pois foram de alguma forma essenciais para esta etapa da minha vida. Agradeço aos meus pais Tomé e Lúcia por tudo o que representam e pelo exemplo de perseverança de vida, dos momentos de dificuldade que sempre superam com muita fé, coragem e ousadia. Agradeço a Edna Sena, pois está vitória somente foi possível com seus incentivos, orientações e sempre presente em todas as situações vivenciadas duante estes 05 anos. Somos mais fortes juntos sempre e você me ensinou isto mais uma vez.Agradeço a Familia Sena por seus incentivos, atenção e carinho. Agradeço a Todos os colaboradores da Faculdade que sempre foram atenciosos. A minha orientadora Professora e Dra. Andressa Tatiane, pelas suas correções е incentivos. Dedicado à elaboração deste trabalho. Agradeço а todos оs professores pоr mе proporcionar о conhecimento nãо apenas racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа Educação nо processo dе formação Profissional. Maicon Rodrigues. 5 “Decidi há muito tempo não caminhar à sombra de alguém. Se eu fracassar ou obtiver sucesso, terei vivido acreditando em mim". (Whitney Houston) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 6 ART Artigo CF Constituição Federal C.C Código Civil CNJ Conselho Nacional De Justiça ECA Estatuto Da Criança e do Adolescente NCPC Novo Código De Processo Civil P Página • INTRODUÇÃO 7 “A palavra adoção deriva do latim adaptione e significa a aceitação legal de um indivíduo como filho” (DUGNANI, 2011, p.317). Segundo Otuka (2013), é definida como uma forma de parentalidade de caráter não biológico, onde há uma regulamentação desse processo pelo Estado. O processo de adoção pode ser dividido em adoção e adoção tardia. A adoção se refere à forma de tornar filho alguém nascido de outro; a adoção tardia é a adoção que ocorre com crianças maiores (acima de 02 anos), ou seja, crianças que não são mais um bebê e, por isso, possuem um certo grau de independência do adulto na satisfação de suas necessidades básicas (VARGAS, 1998). Ao nascer e no decorrer da vida, o ser humano precisa de um cuidador, aquele que garantirá sua sobrevivência, auxiliará na formação de caráter e o preparará para a vida social. A família substituta vem para, como o próprio nome diz, substituir a família com a qual a criança ou adolescente possui laços biológicos quando esta não pode, não consegue ou não quer cuidar da criança ou adolescente (SILVA, 2009). Tendo em vista o grande número de crianças e adolescente institucionalizados, se faz relevantes pesquisas que tenham foco na adoção, principalmente na adoção tardia, com vista analisar, na atualidade, o perfil e as motivações das famílias ao optarem por este tipo de adoção, numa tentativa de desmistificar pré-conceitos ainda existentes. A idéia de realizar uma pesquisa sobre as motivações para a adoção tardia surgiu a partir da adoção tardia de duas irmãs, uma de 05 anos e outra de 08 anos de idade todo processo despertou o interesse. Além disso, através de leitura de artigos acadêmicos, percebeu-se a necessidade social de abordar o tema da adoção tardia, tendo em vista que a maioria das famílias que procuram a adoção busca bebês e de preferência com pele clara. Porém, essa imagem não condiz com a realidade das crianças, que em maior parte já não são mais bebês, ou possuem alguma necessidade especial. Da mesma forma esta pesquisa é relevante 8 cientificamente, na medida em que esta é uma área de atuação do Direito na Proteção aos Direitos das Crianças e Adolescentes na adoção e, de modo geral, pouco trabalhada. Assim, a pesquisa teve como objetivo conhecer e analisar as motivações que levam a família a realizar a adoção tardia, além de identificar e analisar a percepção da família quanto aos benefícios e possíveis dificuldades encontradas e, por fim, descrever e analisar o as questões legais amparadas a adoção tardia. O método de abordagem será o dedutivo e a técnica utilizada para a elaboração do presente foi a pesquisa bibliográfica, buscando obras de vários autores, internet e legislação vigente e experiências pessoais de adoção tardia. • O INSTITUTO DA ADOÇÃO A Adoção no Brasil é o Remédio necessário para a Proteção de Crianças e adolescentes que passaram por situações familiares e sociais 9 que contribuíram para o seu abandono. Sendo está uma medida expcecional e irrevogável quando se evidencia esgotado todos os meios de Proteção da Criança e do adolescente no seio da família natural ou extensa. Habilitando outra família com total capacidade de proteger o melhor interesse da criança e do adolescente no seu desenvolvimento, com dignidade, com novos laços afetivos e de convivência familiar com Status de Filhos. • Conceito e Breve Histórico Sobre Adoção • Conceito “A palavra adoção deriva do latim adaptione e significa a aceitação legal de um indivíduo como filho” (DUGNANI, 2011, p.317). Segundo Otuka (2013), é definida como uma forma de parentalidade de caráter não biológico, onde há uma regulamentação desse processo pelo Estado. Para Gonçalves (2012), o instituto da adoção surgiu como uma forma de propiciar às famílias que não podiam ter filho, a possibilidade de dar continuidade à linhagemhereditária. Segundo as análises de Diniz: “A adoção consiste no ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha” (Diniz, 2010). Ainda Segundo Carlos Roberto Gonçalves(2012) “a adoção é ato solene pelo qual alguém recebe em sua família, na qualidade de filho, pessoa a ela estranha”. Pereira (2015) por seu turno conceitua: “O ato jurídico pelo qual uma pessoa recebe outra como filho, independentemente de existir entre elas qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim” (2015 p.392). A adoção atribui a situação de filho ao adotado (ECA, art. 41, caput), 10 não podendo a sua eficácia estar subordinada a termo ou condição. Como assevera Monteiro (2012): “Adoção é ato puro, que se realiza pura e simplesmente, não tolerando aludidas modificações dos atos jurídicos. Quaisquer cláusulas que suspendam, alterem ou anulem os efeitos legais da adoção são proibidas, como já eram sob a égide do Código Civil anterior” (Monteiro, 2012 p. 340). 2.1.2 Breve Histórico Sobre Adoção Relatos históricos indicam que houve a utilização da adoção em várias civilizações, com relatos, por exemplo, a BÍBLIA relata a adoção de Moíses pela filha de Faraó, no Código de Hamurabi com oito artigos que disciplinavam a questão da adoção e bases para integrações do adotado com a família adotiva conforme disciplina Rizzardo(2009): “Nos caracteres cuneiformes aparece sua prática na Babilônia, em trechos como no parágrafo n.º 185: “ Se um awilum adotou uma criança desde seu nascimento e a criou, essa criança adotada não poderá ser reclamada. ” E no parágrafo n, º 186. “ Se um awilum adotou uma criança e, depois que a adotou, ela continuou a reclamar por seu pai ou por sua mãe, essa criança adotada deverá voltar à casa do pai.” (Rizzardo 2009, p. 541.) Entretanto, o instituto da adoção era utilizado somente como última alternativa, onde as famílias buscavam evitar o constrangimento de serem reconhecidas na sociedade por não possuir descendentes. Presente também na Grécia, o instituto da adoção teve uma destacada função política e social. Mas foi no Direito Romano que este tomou forma e se expandiu. Em Roma seguia-se as leis das XII tabuas, que previa três tipos diferentes de adoção. Conforme nos ensina, Peres(2006): “O direito Romano conheceu três modalidades de adoção: 1ª) 11 adoção testamentária (adoptio per testamentum), que se destinava a produzir efeitos após a morte do testador, sendo necessária a confirmação da cúria; 2ª) ad-rogação (ad rogatio), pela qual o adotado capaz se desligava de sua família de origem e se tornava um herdeiro de culto do adotante, havendo o consentimento de ambos; 3) adoção propriamente dita (datio adoptionem), pela qual o incapaz se desligava de sua família de origem, sendo necessário que seu pai de sangue o emancipasse por três vezes, na presença do adotante. O pátrio poder se extinguia em relação ao pai biológico e passava para o adotante, que iniciava o incapaz nas práticas religiosas.” (Peres, 2006, p.69) Conforme se observa a única espécie de adoção que especificamente tinha efeito adotivo, era a datio adoptionem porque nessa o pai que obtém a adoção possuía o pátrio poder sobre o adotado, enquanto as outras duas espécies de adoção possuíam efeito meramente relacionado ao direito de herança. Nesse período só os homens eram legitimados e capazes para se valer da adoção, em função do pátrio poder que o homem tinha em relação a família, entretanto com o enfraquecimento da doutrina católica esse pátrio poder se enfraqueceu e passou-se admitir a adoção por mulheres em situações especiais. A mulher se poderia valer da adoção quando esta fosse mulher solteira e tivesse perdido seus filhos por algum motivo. Vê-se que o instituto da adoção surgiu primeiramente com o intuito de possibilitar às famílias “inférteis” a possibilidade de terem um descendente, ou seja, visava dar aqueles que não tiveram filhos uma última alternativa como forma de perpetuar o culto familiar e de poderosos deixarem seus legados, dando um herdeiro que viria a dar continuidade àquela linhagem familiar. Ignorado pelo direito canônico, durante a Idade Média viu-se enfraquecido ante a concepção de que a família cristã devia ser edificada no sacramento do matrimônio, desconsiderando a possibilidade da adoção. Segundo Costa (2008) Um dos motivos do enfraquecimento da Adoção era a posição contraria da igreja a adoção, por questões de constituições de herdeiros adotivos que prejudicava as doações pós-óbito dos senhores feudais que morriam sem deixar descentes. 12 A adoção teve seu ressurgimento após a Reformas Sociais da Revolução Francesa em 1804, com o Código de Napoleão, este irradiou para quase todas às legislações modernas, segundo Gonçalves (2012), por tal prerrogativa percebemos a influência e a legitimidade que passou a incorporar-se ao jurídico, ao social e ao cultural, especialmente no foco deste estudo, a legislação brasileira. Para tanto, o ordenamento jurídico brasileiro quanto ao instituto da adoção sofreu inúmeras modificações ao longo dos anos. • EVOLUÇÃO LEGISLATIVA DA ADOÇÃO NO BRASIL No Brasil, desde a Colônia e até o Império, o instituto da adoção foi incorporado por meio do Direito português. Havia diversas referências à adoção nas chamadas Ordenações Filipinas durante o século 16 e posteriores, Manuelinas e Afonsinas, mas nada efetivo, não havia sequer a transferência do pátrio poder ao adotante, salvo nos casos em que o adotado perdesse o pai natural e, mesmo assim, se fosse autorizado por um decreto real. As lacunas na Lei eram preenchidas por normas de Direito Romano. Com o advento do Código Civil de 1916 a adoção ganha sistematização, ficando conhecida como adoção Simples, em que alguém aceita um estranho na qualidade de filho. Silva Filho(2009) escreveu que: É no revogado Código Civil (lei. 3.071. De 01.01.1916) que a adoção recebe disciplina sistematizada. Mas houve resistência, 13 como anotou o próprio Clóvis Beviláqua, ao justificar o instituto da adoção no Projeto do Código Civil. Descreveu que o Dr. Gonçalves Chaves, membro da Comissão do Senado encarregado de estudar o projeto do Código Civil em elaboração, opinou pela eliminação do instituto da adoção, que lhe parece antiquado e sem função no momento jurídico de então. ( Silva Filho, 2009, p. 35 ) Não sendo este um modo normal de constituir família, mas um meio supletivo de ter filhos. Sendo um ato civil a partir de visão contratualista com caráter de ato jurídico solene, bilateral e estabelecido de acordo de vontade entre o adotante e o detentor da guarda do adotado não sendo admitido condições e nem termos. Sendo com requisito para adoção a idade mínima de 50 anos e diferença de idade entre o adotado e adotando de 18 anos, e que não tivesse o adotando prole legitima ou legitimada. Para Diniz(2002): “Duas eram as espécies de adoção admitidas em nosso direito anterior: a simples, regida pelo Código Civil de 1916 e Lei n.3.133/57, e a plena regulada pela Lei n. 8.069, arts. 49 à 53. A adoção simples ou restrita, era a concernente ao vínculo de filiação que se estabelece entre o adotante e ao dotado, que pode ser pessoas maior ou menor entre 18 e 21 anos, mas tal posição de filho não era definitiva ou irrevogável. Era regida pela lei n. 3.133, de 8 de maio de 1957, que havia atualizado sua regulamentação pelo Código Civil de 1916.” (2002, p. 424 ). Após várias discussões sobre o tema em 1957 foi sancionada a Lei nº 3.133/57 que altera a idade mínima para adoção para 30 anos e diferença de idade de 16 anos, o que alterou a adoção para o caráter assistencial, em que o adotando poderia agoramesmo com outros filhos exercer o direito a adoção. Contudo permanecia a vinculação do adotado com a vinculação da família natural, havendo a possibilidade do rompimento da adoção. 14 Nesse Sentido Gonçalves(2012): Com a evolução do instituto da adoção, passou ela a desempenhar papel de inegável importância, transformando-se em instituto filantrópico, de caráter acentuadamente humanitário, destinado não apenas a dar filhos a casais impossibilitados pela natureza de tê- los, mas também a possibilitar que um maior número de menores desamparados, sendo adotado, pudesse ter em um novo lar. Essa modificação nos fins e na aplicação do instituto ocorreu com a entrada em vigor da Lei n. 3.133, de 8 de maio de 1957, que permitiu a adoção por pessoas de 30 anos de idade, tivessem ou não prole natural. Mudou-se o enfoque: “O legislador não teve em mente remediar a esterilidade, mas sim facilitar as adoções, possibilitando que um maior número de pessoas, sendo adotado, experimentasse melhoria em sua condição moral e material” ( GONÇALVES,2012, p. 313). A Lei 4.655/65 admitiu a chamada legitimação adotiva, aplicável a menores em situações irregulares resultantes da própria conduta pela pratica de infrações, da conduta familiar por maus tratos ou da sociedade por situações de abandono. Nesse Sentido Gonçalves(2012): A Lei n. 4.655, de 2 de junho de 1965, introduziu no ordenamento brasileiro a “legitimação adotiva”, como proteção ao menor abandonado, com a Vantagem de estabelecer um vínculo de parentesco de primeiro grau, em linha reta, entre adotante e adotado, desligando-o dos laços que o prendiam à família de sangue mediante a inscrição da sentença concessiva da legitimação, por mandado, no Registro Civil, como se os adotantes tivessem realmente tido um filho natural e se tratasse de registro fora do prazo (art. 6º).”(Gonçalves, 2012, p.332). Dependia de decisão judicial, era irrevogável e fazia cessar o vínculo de parentesco com a família natural, porem o conteúdo da Lei não possuía muito aplicação prática pelo excesso de formalismos reinantes. 15 Em 1979 com o advento do Código de Menores (Lei 6.697/79) a Lei 4.655/65 foi revogada, substituindo a legitimação adotiva pela adoção Plena, aplicada ao menor em situação irregular, ou seja, a priori com o Código Civil de 1916 e pela Lei 3.133/57 a adoção Simples que era um ato de vontade entre adotante e adotado e que não era definitivo podendo ser revogável, e tinha como caráter contratual. A adoção Plena sendo mais abrangente visando proporcionar a integração da criança ou adolescente adotado na família adotiva, aplicável ao menor em situação irregular. Gonçalves(2012) Diz: Enquanto a primeira dava origem a um parentesco civil somente entre adotante e adotado sem desvincular o último da sua família de sangue, era revogável pela vontade das partes e não extinguia os direitos e deveres resultantes do parentesco natural, como foi dito, a adoção plena, ao contrário, possibilitava que o adotado ingressasse na família do adotante como se fosse filho de sangue, modificando-se o seu assento de nascimento para esse fim, de modo a apagar o anterior parentesco com a família natural. ( Gonçalves. 2012, p.332) Segundo Dias (2016): “O vínculo de parentesco foi estendido à família dos adotantes, de modo que o nome dos avós passou a constar no registro de nascimento do adotado, independentemente de consentimento expresso dos ascendentes.” (Dias, 2016, p.814). A partir da adoção Plena é possível identificar uma maior integração do adotado no seio familiar como se fosse filho de sangue, criando um vínculo de parentesco entre o adotado e a família do adotante, procurando garantir a convivência afetuosa com a família. Com o advento da Carta Magna de 1988 pelo artigo 227 § 6.º, que ao consagrar o princípio da proteção integral, deferindo idênticos direitos e 16 qualificações aos filhos e proibindo quaisquer designações discriminatórias, eliminou qualquer distinção entre adoção e filiação. Em 1990 a aprovação da Lei 8.069/90 Instituindo o Estatuto da Criança e do Adolescente Para dar efetividade a este comando, passando a regular a adoção dos menores de 18 anos de forma plena, assegurando-lhes todos os direitos, inclusive sucessórios. Distinguindo da adoção Civil simples aos maiores de 18 anos, regulada pelo Código Civil de 1916, que ainda mantinha o vínculo com a família sanguínea. Nesse Sentido Gonçalves(2012): “O instituto da adoção passou por nova regulamentação, trazendo como principal inovação a regra de que a adoção seria sempre plena para os menores de 18 anos. A adoção simples, por outro lado, ficaria restrita aos adotandos que já houvessem completado essa idade. Passaram a ser distinguidas, assim, duas espécies legais de adoção: a civil e a estatutária. A adoção civil era a tradicional, regulada no Código Civil de 1916, também chamada de restrita porque não integrava o menor totalmente na família do adotante, permanecendo o adotado ligado aos seus parentes consanguíneos, como já mencionado, exceto no tocante ao poder familiar, que passava para o adotante, modalidade está limitada aos maiores de 18 anos. A adoção estatutária era a prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente para os menores de 18 anos. Era chamada, também, de adoção plena, porque promovia a absoluta integração do adotado na família do adotante, desligando-o completamente de seus parentes naturais, exceto no tocante aos impedimentos para o casamento.”. (Gonçalves,2012,p.332) A regulamentação dos maiores de 18 anos permaneceu disciplinado pelo Código Civil de 1916. Nesse sentido Dias(2016): Permaneceu o Código Civil de 1916 regulamentando a adoção dos maiores de idade. Podia ser levada a efeito por escritura pública. O 17 adotado só tinha direito à herança se o adotante não tivesse prole biológica. Advindo filhos depois da adoção, perceberia o adotado somente a metade do quinhão a que fazia jus a filiação "legítima". Esses dispositivos, entretanto, foram considerados inconstitucionais pela jurisprudência a partir da vigência da Constituição Federal (2016, p.815). Em 2002 com a Lei 10.406/02 que instituiu o Novo Código Civil Brasileiro houve grande polêmica na aplicação dos diplomas legais, em que O Estatuto da Criança e do Adolescente regulava de forma exclusiva a adoção de crianças e adolescentes, mas a lei civil trazia dispositivos que faziam referência à adoção de menores de idade. Esta superposição foi corrigida pela Lei 12.010/09, chamada de Lei Nacional da Adoção que veio alterar dentre outros os artigos 1.618 e 1.619 do Código Civil dando nova redação: Art. 1.618 Código Civil 2002: “A adoção de crianças e adolescentes será deferida na forma prevista pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente”. Art. 1.619 Código Civil 2002: “A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá da assistência efetiva do poder público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente”. Nesse Sentido Gonçalves(2012): “A adoção de crianças e adolescentes rege-se, na atualidade, pela Lei n.12.010, de 3 de agosto de 2009. De apenas 7 artigos, a referida lei introduziu inúmeras alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente e revogou expressamente 10 artigos do Código Civil concernentes à adoção (arts. 1.620 a 1.629), dando ainda 18 nova redação a outros dois (arts. 1.618 e 1.619) ”. (Gonçalves,2012,p.333). Lei Nacional da Adoção estabelece prazos para dar mais rapidez aos processos de adoção, cria um cadastro nacional para facilitar o encontro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados por pessoas habilitadas e limita em dois anos, prorrogáveis em caso de necessidade, a permanência de criança e jovem em abrigo. Entretópicos que constituem a nova lei de adoção destacam se: • Preparo prévio dos pais adotivos para receber a criança no novo lar; • Quando a criança é recolhida em pelo abrigo, os responsáveis devem comunicar o juiz dentro de 24 horas. (art.93) ; • Poder público deve oferecer assistência as mães que desejam entregar os filhos a adoção. (art 8, § 4º); • A adoção individual passa a ser mais valorizada. (art. 42); • Adoção internacional, somente em último caso (art. 51, §1º, II). Dois tratados Internacionais estão incorporados à legislação brasileira, sendo a Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, mais conhecida como Convenção da Haia, e a Convenção sobre os Direitos da Criança. • Princípios Constitucionais Aplicados a Adoção O princípio da dignidade da pessoa humana funciona como atributo de toda pessoa natural, é um elemento fundamental para a ordem jurídica, pois é condição prévia para o reconhecimento de todos os demais direitos e garantias fundamentais. Conforme se depreende do artigo 1º, inciso III da Constituição Federal de 1988: 19 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] III - a dignidade da pessoa humana; É fundado no respeito mútuo entre os seres humanos e funciona como condição mínima de existência para todas as ideias sociais. Novelino(2014) sobre dignidade da pessoa humana: “ A consagração da dignidade humana no texto constitucional reforça, ainda, o reconhecimento de que a pessoa não é simplesmente um reflexo da ordem jurídica, mas, ao contrário, deve constituir o seu objetivo supremo, sendo que na relação entre o indivíduo e o Estado deve haver sempre uma presunção a favor do ser humano e de sua personalidade. O indivíduo deve servir de “limite e fundamento do domínio político da República”, pois o Estado existe para o homem e não o homem para o Estado”. (NOVELINO 2014, p 353). A dignidade da pessoa humana é um fundamento do Estado que propicia a positivação e efetivação de todo um sistema de direitos e garantias fundamentais que permitem ao ser humano o bom desenvolvimento das habilidades inerentes a sua condição de pessoa natural, como crescer, aprender, desenvolver-se com saúde, trabalhar, adquirir bens, constituir família, etc. Este fundamento básico da Constituição Federal de 1.988 e, portanto, do estado democrático de direito do Brasil, por óbvio também se aplica às crianças e adolescentes, de uma maneira inclusive muito mais vigorosa, já 20 que crianças e adolescentes, nos termos do que preceitua o artigo 227, § 3º, inciso V da Constituição Federal, são seres humanos em desenvolvimento: “ Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. [...] § 3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: [...] V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;” ( CF 1988, Art 227) Tal premissa clararamente foi recepcionada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente: “Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.” ( ECA, Art.6º) Da dignidade da pessoa humana descende a doutrina da proteção integral, que vigora no país desde a Constituição Federal de 1.988, em que crianças e adolescentes, em qualquer situação, devem ter seus direitos e 21 garantias fundamentais protegidos, além de terem garantias idênticas a dos adultos, passando a população infanto juvenil a figurar como sujeitos de direito. Para assegurar a Doutrina da Proteção Integral princípios foram codificados no Estatuto da Criança e do Adolescente, dentre eles, os necessários para abordar o tema adoção são os princípios da Prioridade Absoluta e do Melhor Interesse, que correspondem a proteção integral. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 adotou o Princípio da Não- discriminação, assegurando os direitos e garantias individuais e igualitárias a todas as pessoas sem distinção de origem, raça, sexo, cor, idade, ou quaisquer outras formas de discriminação (art. 5º caput): “Art 5º: Todos são iguais perante a lei,sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade.à igualdade,à segurança e à propriedade , nos termos seguintes...” ( CF 1988, art 5º) Neste sentido o Estatuto da Criança é do Adolescente expõe o principio da humanização previsão legal no art. 15, ao estabelecer que. “a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.” Nesse sentido, Veronese(2006) afirma que: “ o que significa afirmar a garantia da efetividade, dos direitos constitucionais, considerando fundamentalidade desses direitos calcados nas necessidades básicas da população infanto-juvenil.O direito ao respeito pela criança e pelo adolescente consiste na inviolabilidade da sua integridade física, psíquica e moral, abrangendo a reservação da imagem, identidade, autonomia, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.”(2006,p.22). 22 O Princípio da Igualdade dos Filhos segue uma tendência doutrinária apurada de acordo com uma interpretação principiológica da Constituição Federal no sentido de atribuir ao afeto o status de direito social. Autores como Maria Berenice Dias (2016) e Paulo Luiz Netto Lôbo(2017), defendem a existência implícita da afetividade em diversos artigos da Constituição Federal e no Código Civil, aplicando ao afeto a condição de princípio jurídico. De fato o afeto é um norte moderno e feliz para identificação e tutela das relações humanas. O recente reconhecimento da união estável como entidade familiar é prova dessa tendência e, também a equiparação dos vínculos de filiação e a consagração da igualdade entre os filhos, conforme se depreende do artigo 227, § 6º da Constituição Federal: “ Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. [...] § 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. O princípio, por óbvio, também foi amparado pelo Código Civil de 2.002: “Art. 1596 - Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”. A antiga classificação dos filhos entre legítimos, ilegítimos e adotivos, deveras preconceituosa e que acabou por imprimir nas relações de filiação 23 um nível de inferioridade a depender da origem de sua formação, foi abolida pela Constituição Federal de 1.988, filhossão filhos independentemente da maneira como foram concebidos. O Princípio da Prioridade Absoluta estabelece primazia em favor das crianças e dos adolescentes em todos os âmbitos em que houver em jogo seus interesses. Não existe a possibilidade de ponderações e indagações a respeito de sobre qual interesse primeiramente tutelar, o interesse da criança e do adolescente deve ser sempre o primordial a atender, já que este é um princípio inserido da Constituição Federal sendo, portanto, interesse de toda uma nação. Trata-se de princípio constitucional estabelecido pelo artigo 227 da Constituição Federal e no artigo 100, parágrafo único, II da Lei 8.069 de 1990: Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das medidas: II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são titulares; Referido princípio estabelece primazia em favor das crianças e dos 24 adolescentes em todas as esferas de seu interesse. Seja no campo judicial, extrajudicial, administrativo, social ou familiar, o interesse infantojuvenil deve preponderar. Não comporta indagações ou ponderações sobre o interesse a tutelar em primeiro lugar, já que a escolha foi realizada pela nação por meio do legislador constituinte. O Princípio da Prioridade Absoluta leva em conta a condição de pessoa em desenvolvimento, pois a criança e o adolescente possuem uma fragilidade peculiar de pessoa em formação. A prioridade deve ser assegurada por todos: família, comunidade, sociedade em geral e Poder Público, é um forte avanço da sociedade brasileira, no sentido de reconhecer crianças e adolescentes como sujeitos de direito, tendência moderna e recente no Brasil, consagrada pela Constituição Federal de 1.988. Busca-se assegurar o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao respeito como pessoa, à sua dignidade, a despeito de não se atender, naquele momento, ao seu direito de liberdade de ir, vir e permanecer, onde assim o desejar. Trata-se de mera ponderação de interesses e aplicação do princípio da razoabilidade, apesar de não conseguir assegurar em maior número, da forma mais ampla possível. Assim, deve pairar o princípio do melhor interesse, como garantidor do respeito aos direitos fundamentais titularizados por crianças e jovens. Ou seja, atenderá o princípio do melhor interesse toda e qualquer decisão que primar pelo resguardo amplo dos direitos fundamentais, sem subjetivismos do intérprete. Por ultimo e não menos importante sobre os princípios da irrevogabilidade e da Irretroatividade neste ou seja o ato manifestado de vontade e após 25 preenchido os requisitos legais estabelecidos tornam o ato irrevogável. Enfatiza Monteiro (2010): “ A adoção cria dieitos e deveres recíprocos, inclusive a mudança de estado familiar do filho, com ingresso deste na família substituta. Assim, impõe –sea irrevogabilidade do ato da adoção. “ ( MONTEIRO, 2010, Pg, 486). A irrevogabilidade busca proteger os interesses do menor, na medida em que o objetivo da adoção é proporcionar ao adotado a família que ele não teve. O próprio Código Civil de 2002 expõe em seu artigo 1.635, IV que se extingue através da adoção o poder familiar dos pais biológicos passando esse poder a ser exercido pela família substituta. A irretroatividade sera no caso de adoção póstuma conforme cita Monteiro(2010): “ O falecimento do adotante no curso do processo de adoção não obsta sua concretização, desde que tenha inequivocadamente manifestado a vontade de adotar como já estabelecia o art. 1628 do Código Civil de 2002, caso em que a sentença operara efeitos retroativos a data do óbito.” ( MONTEIRO,2010,Pg.483) No mesmo Sentido Madaleno (2013): “A adoção post mortem é efetivada como uma exceção à regra, cujos efeitos da sentença retroagem ao momento da morte do adotante, e destarte assegura todos os vínculos originados da adoção, inclusive com relação ao direito sucessório do adotando. Usualmente os efeitos da adoção só se operam depois do trânsito em julgado da sentença constitutiva da adoção, mas,por exceção, como visto, na hipótese de falecimento do adotante no curso do processo de adoção, a sentença terá efeito ex tunc, retroativo à data do óbito, e não à data da sentença.” ( MADALENO, 2013,P.652) 26 A adoção póstuma atende, portanto, ao princípio supremo dos melhores interesses da criança e do adolescente, porque ameniza a fatalidade que seria dupla, no caso a morte do adotante. De todo o exposto, percebe-se que longa foi a evolução legislativa da adoção, refletindo as mudanças que se processaram na sociedade, buscando sempre atender o melhor interesse das crianças e adolescentes. A seguir trataremos sobre a legislação brasileira e as garantias que ela traz no processo de adoção. • A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E AS GARANTIAS QUE ELA TRAZ PARA A EFICÁCIA NA ADOÇÃO O vínculo que existe entre pais e filhos adotivos é de natureza civil e a relação que os une é determinada e regulada por lei. Nesse sentido Diniz (2006) leciona que: “A adoção, hoje, no direito brasileiro, é uma realidade decorrente da atuação humana. Embora as causas sejam diferentes, não se conseguem divisar os laços que se formam entre filhos criados por aqueles que não geraram e entre filhos criados pelos pais de sangue. O vínculo parental, embora o consangüíneo decorra da própria natureza biológica, necessita de intervenção legislativa para ingressar no direito.( Diniz,2006, p. 44) A Constituição Federal de 1988 trata da família nos artigos 226 e seguintes. Em seu artigo 227, parágrafo 5º dispõe que “a adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte dos estrangeiros.” A lei que regula esse parágrafo é o Estatuto da Criança e do Adolescente em seus artigos 39 à 52 . O ECA, em seus artigos 39 à 52 27 determina todo o procedimento para a adoção das crianças brasileiras, tanto por nacionais quanto por estrangeiros domiciliados e residentes no país pois, a Constituição Federal em seu artigo 5º, assegura a todos os que aqui residem a igualdade perante a lei. Diante disso mesmo que o brasileiro seja domiciliado e residente no exterior terá os mesmos direitos que o brasileiro que reside no país. Hoje, no Direito brasileiro, existem duas formas de adoção. A adoção do maior de 18 anos continua a ser regida pelo Código Civil e a dos menores de 18 anos obedecem às regras do Estatuto da Criança e do Adolescente. Nesse sentido, Rizzardo(2009) ensina que: “ Com o Código Civil de 2002, a adoção, na parte do direito substantivo, é regida por suas regras. O procedimento processual continua a seguir a Lei nº 8.069, no pertinente aos menores de dezoito anos. Quanto aos maiores, o procedimento é de jurisdição voluntária, regulado pelo Código de Processo civil. Em ambas as modalidades, o caminho é judicial, com a constituição do ato por meio de sentença”. (Rizzardo,2009,p.542) E por fim, a nova lei Nacional de adoção, a Lei nº 12.010/2009, que traz inovações e avanços que promoveram alterações no Estatuto da Criança e do Adolescentee não dispõe somente em relação à adoção mas também sobre a garantia à convivência familiar, direito esse garantido para todas as crianças e adolescentes brasileiros . 4.1 A Adoção e a Lei Atual Brasileira A Evolução da Adoção na legislação Brasileira resulta hoje na Lei 12.010, de 3 de agosto de 2009. De apenas 8 artigos, a referida lei introduziu inúmeras alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente e revogando e dando novos artigos ao código civil em relação a adoção. De acordo com as Leis Brasileiras a uma extensa gama de ações que 28 devem ser tomadas antes de uma criança ou adolescente ser disponibilizado para a adoção, todas as ações com respeitos aos Principios já elencados, mas em busca do Principio da Convivencia Familiar previsto no ECA, somente após diversas tentativas de integração do impúbere e púbere ao seio familiar que o processo de destituição se inicia. • Família Extensa ou Ampliada Torna passível encontrar na realidade brasileira, distintos arranjos familiares, e estes desenvolvem diferentes relações de poder familiar que incorpora: a família nuclear, constituída de marido, esposa e filhos; as matrifocais, por mulheres e filhos, resultante de uniões de companheiro permanente ou ocasional, as famílias ampliadas, formadas pelo casal filhos e outros parentes. O artigo 25 do Estatuto da Criança e do Adolescente conceitua família natural, a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. O novo parágrafo inserido pela Lei n. 12.010/2009 - Lei de Adoção traz o conceito de “família extensa” como aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente pode conviver e manter vínculos de afinidade e afetividade. Sendo esta composta por membros da família biológica, formando uma rede de parentesco com uma extensão familiar além do grupo familiar primário, referindo a estrutura de parentesco que residam nas proximidades e feita com membros dos pais de diferentes gerações. Para Madaleno(2013): “Afeto e afinidade são os pilares da verdadeira relação de filiação, porque, entre manter a criança ou adolescente em uma família 29 substituta ou adotiva, no lugar de sua família extensa, formada por parentes próximos que integram o conceito de grande família ou família estendida, sempre será a atitude indicada para preservar os naturais vínculos parentais que interagem com reais sentimentos de amor e dedicação. (Madaleno, 2013, Pg.632). Como se pode notar valoriza o afeto, a interação existente entre as pessoas no âmbito familiar. Neste Sentido DIAS(2016): “Deste modo cabe somente buscar parentes que a criança gosta e revele o desejo de ir residir com ela. Não há qualquer justificativa para ir à busca de parentes longínquos que a criança nunca viu e com os quais jamais conviveu. E, quanto aos recém-nascidos, não se pode olvidar que não têm vínculo de convívio e de afeto com ninguém.”.(DIAS,2016, Pg.840). Quando os parentes biológicos não são encontrados nas proximidades, a dificuldade se ampara nas infrutíferas tentativas de inserção do menor na família extensiva, momento em que o melhor interesse da criança está em risco, por buscas demoradas. Nesta Corrente Preceitua DIAS(2016): “Seguindo a peregrinação, é dada preferência à família extensa ou ampliada. Pelo conceito legal, são os parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade (ECA, 25 parágrafo único). No entanto são feitas demoradas buscas de parentes que nem conhecem a criança. Só após incessantes e infrutíferas tentativas é que tem início o demorado processo de destituição do poder familiar. Mais um laudo psicossocial é realizado, na tentativa de manter o filho com a mãe. Inclusive a Defensoria Pública é orientada a recorrer sempre, até quando os genitores foram citados por edital.” (DIAS, 2016,Pg.816). 30 Somente após frustadas as tentativas de inserção do impúbere no seio da família Extensiva que se inicia o processo de destituição do poder familiar, este uma prerrogativa dos pais e um dever que eles também têm, de manter seus filhos menores sob sua guarda, sustento e educação, cabendo-lhes ainda, no interesse dos filhos, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais, em conjunto com acompanhamento psicossocial na tentativa de manter o filho com os genitores. São motivos para a destituição do poder Familiar, o castigo imoderado do filho, abandono do filho, a prática de atos contrários à moral e aos bons costumes e reiteração de faltas aos deveres inerentes ao poder familiar. A adoção só sera deferida se apresentar de forma cabal a afinidade e o efetivo beneficio para o adotando, é ela efetivamente, instituto de proteção do adotado. Essa preocupação é coerente com o principio do melhor interesse do menor e já presente no art. 1.625 do Codigo Civil. • Quem Pode Ser Adotado A adoção de crianças e adolescentes esta disciplinado no Estatuto da Criança e do Adolescente no artigo 47 e de maiores de 18 anos de idade no Código Civil de 2002 no artigo 1.619, podendo ocorrer somente mediante a intervenção judicial, tanto o procedimento para a habilitação à adoção como a ação de adoção. É garantida a tramitação prioritária dos processos, sob pena de responsabilidade. A ação de perda ou de suspensão do poder familiar precisam estar concluídas no prazo máximo de 120 dias conforme determina o ECA em seu artigo 163. Assim também a ação de adoção, sob pena de investigação disciplinar, conforme determinação do CNJ . A adoção hoje diferente dos tempos passados é por meio de decisão judicial e assistida pelo poder publico, como garantir da preservação dos Direitos da Criança e do adolescente. 31 Nesse Sentido Gonçalves(2012): “A partir da Constituição de 1988, todavia, a adoção passou a constituir-se por ato complexo e a exigir sentença judicial, prevendo-a expressamente o art. 47 do Estatuto da Criança e do Adolescente e o art. 1.619 do Código Civil de 2002, com a redação dada pela Lei n. 12.010, de 3-8-2009. O art. 227, § 5º, da Carta Magna, ao determinar que “a adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros”, demonstra que a matéria refoge dos contornos de simples apreciação juscivilista, passando a ser matéria de interesse geral, de ordem pública.A adoção não mais estampa o caráter contratualista de outrora, como ato praticado entre adotante e adotado, pois, em consonância com o preceito constitucional mencionado, o legislador ordinário ditará as regras segundo as quais o Poder Público dará assistência aos atos de adoção.” (Gonçalves, 2012, Pg. 330). • Requsitos da Adoção Podem adotar no Brasil pessoas maiores de 18 anos independemente do Estado Civil, com diferença de dezesseis anos entre adotante e adotado, consentimento dos pais ou dos representantes legais de quem se deseja adotar, a concordância deste, se contar mais de 12 anos, o processo judicial e o efetivo benefício para o adotando. e para adoção conjunta que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável. Nesse sentido Gonçalves(2012): “ A lei em apreço fixa em 18 anos a idade mínima para que uma pessoa possa adotar uma criança. Foi, porém, suprimido do projeto 32 o artigo que permitia a adoção de crianças e adolescentes por casal formado por pessoas de mesmo sexo, ou seja, a adoção homoparental. Dispõe, efetivamente, o § 2º do art. 42 do Estatuto da Criança e do Adolescente, com a redação dada pela aludida lei da adoção, que, “para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família”. Tal redação reitera o entendimento do legislador brasileiro de nãoadmitir a adoção por pessoas do mesmo sexo (casais homoafetivos) figurando como pai e como mãe. Argumenta-se que a Constituição Federal reconhece como união estável somente aquela constituída por homem e mulher (art. 226, § 3º). (GONÇALVES 2012, Pg.334). Pessoas com união Homoafeitvas estão sendo consideradas aptas a adotar com decisão do Supremo Tribunal Federal com eficácia erga omnes, reconhecendo a natureza familiar das uniões homoafetivas derimindo qualquer dúvida sobre o tema. Muito mais do que o interesse dos adultos a nova Lei busca garantir a prioridade dos interesses da criança e o juiz definirá se a adoção trará benefícios tanto físico, emocional, moral e espiritual, deixando claro a necessidade de manter a criança no seio da família , sendo o processo de adoção como última alternativa. • Habilitação de Pretendentes a Adoção O procedimento de habilitação à adoção é de jurisdição voluntária sendo que a competência é da Vara da Infância e da Juventude, e a pessoa que tem interesse em adotar deve, inicialmente, buscar o Juizado da Infância e da Juventude da cidade em que reside. As finalidades propostas para a adoção passaram por alterações. Enquanto antigamente a adoção era tomada como solução para casais que não conseguiam ter filhos biológicos, hoje tem sido utilizado como ferramenta social, de forma a garantir a proteção integral da criança. Essa mudança vem 33 ocorrendo, principalmente, pautada em três prismas: O psicossocial, o jurídico, e o institucional e de procedimento (PILLOTTI, 1988, apud VARGAS, 1998): • O prisma psicossocial tem como objetos de maior importância os componentes do processo adotivo, ou seja, os pais e a criança; • O prisma jurídico tem como foco os processos legais da adoção definitiva, ou seja, tudo o que é necessário para que se possa concretizar os procedimentos legais que envolvem tal processo; • O prisma institucional adentra a questão da exigência mínima para que o processo de adoção seja aceito, tanto no que se refere à criança quanto aos pais. É imprescindível que sejam cumpridas todas as necessidades demandadas de forma a garantir os interesses e a proteção da criança adotada. A inscrição dos candidatos está condicionada a um período de preparação psicossocial e jurídica, mediante frequência obrigatória a programa de preparação psicológica, orientação e estímulo à adoção interracial, de crianças maiores ou de adolescentes, de grupos de irmãos, ou com necessidades específicas de saúde ou deficiências físicas ou psíquicas. Na fase de Habilitação dos pretendentes a adoção faz necessária a apresentação de uma série de documentos: cópia autentica de certidão de nascimento ou casamento, ou declaração relativa ao período de união estável, inscrição no cadastro de pessoas físicas; comprovante de renda e de domicílio; atestado de sanidade física e mental; certidão de antecedentes criminais e negativa de distribuição cível conforme previsão legal no artigo 197-A do ECA. Após analisada as informações, seguem para o Ministério Público, para o Promotor responsável, que manifestará sobre a habilitação que em seguida encaminhará o processo para o juiz competente julgar procedente ou não a habilitação do pretendente. Depois de tornar-se hábil para adoção, os pretensos adotantes vão integrar um cadastro, ou seja, uma relação, de possíveis adotantes. Nesse 34 momento é possível informar a preferência em relação ao futuro adotado como a cor da pele, sexo, idade, cor dos olhos Há ainda uma exigência em incentivar, de forma obrigatória, o contato dos candidatos com crianças e adolescentes que se encontram institucionalizados e em condições de serem adotados (ECA 50 § 4.º). Nesse Sentido DIAS(2016): “ Além de expô-los à visitação, pode gerar neles falsas expectativas. Afinal, a visita é tão só para candidatar-se à adoção. E, depois de habilitados, nunca mais os candidatos poderão ter contato com qualquer criança abrigada”. ( DIAS,2016, Pg.846). Deferida a habilitação, o postulante é inscrito nos cadastros, seguindo uma ordem cronológica para adoção. Assim, aquele que primeiro se habilitou terá preferência e se o pretenso adotando se encaixar nas características esperadas partirá para o processo de adoção, e se não se ocorrer, passará para o próximo adotante e assim sucessivamente. A dificuldade se ampara na vasta gama de procedimentos que buscam amparar a proteção da criança e do adolescente, mas ao mesmo tempo podem exurir o tempo em que uma criança poderia estar inserida no seio familiar e social. • Cadastro Nacional de Adoção A garantia da aplicação do Principio do Melhor Interesse da criança e do adolescente, com objetivo de reduzir a burocracia foi criado pelo Conselho Nacional de Justiça , um sistema unificado de informações de todas as varas da infância e da juventude de todas as Comarcas do Brasil, em que crianças e adolescentes em condições de serem adotadas, e pessoas habilitadas a adotar possam ser encontradas. 35 Cada comarca ou foro regional mantenha um duplo registro um de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de candidatos à adoção, a inscrição nos cadastros deve ocorrer em 48 horas, sendo que sua alimentação e a convocação dos candidatos são fiscalizados pelo Ministério Público. Além das listagens locais, existem os cadastros estaduais e um cadastro nacional o Conselho Nacional de Justiça regulamentou a implantação e o funcionamento do Cadastro Nacional de Adoção de Crianças e Adolescentes. Nesse Sentido GONÇALVES(2012): “ A referida Lei Nacional da Adoção estabelece prazos para dar mais rapidez aos processos de adoção, cria um cadastro nacional para facilitar o encontro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados por pessoas habilitadas e limita em dois anos, prorrogáveis em caso de necessidade, a permanência de criança e jovem em abrigo. A transitoriedade da medida de abrigamento é ressaltada na nova redação dada ao art. 19 do ECA, que fixa o prazo de seis meses para a reavaliação de toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional. O cadastro nacional foi definido em resolução do Conselho Nacional de Justiça.” ( GONÇALVES, 2012, Pg,333) A garantia da aplicação do Principio do Melhor Interesse da criança e do adolescente, com objetivo de reduzir a burocracia foi criado pelo Conselho Nacional de Justiça, um sistema unificado de informações de todas as varas da infância e da juventude de todas as Comarcas do Brasil, em que crianças e adolescentes em condições de adoção, e pessoas habilitadas a adotar possam ser encontradas. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, hoje no Brasil temos 8.001 crianças cadastradas e vinculadas no Cadastro Nacional de Adoção (CNA), entre elas 4.770 estão disponíveis a adoção. O Número de Pessoas 36 Habilitadas a adotar é de 38.514. Mesmo com a unificação do Sistema e de medidas de avalição de crianças e adolescentes em abrigos, o processo para disponibilizar uma criança a adoção no Brasil dura em média 02 anos o que dificulta todo o processo. E a habilitação de candidatos a adoção em média de 02 anos e 05 meses. Nesse Sentido DIAS(2016): “É tal a burocracia para disponibilizar crianças à adoção que, quando finalmente isso acontece, muitas vezes ninguém mais as quer. Os candidatos a adotá-las perderam a chance de compartilhar da primeira infância do filho que esperaram durante anos na fila da adoção. É tão perverso o cerco para impedir o acesso a crianças abrigadas que os integrantes do cadastro de adotantes não são admitidos para realizar trabalho voluntário.” ( DIAS, 2016, Pg.815- 816). A ausência de prazo determinado leva um entrave em Todo O Processo de Adoção De acordo com o estudo do CNJ, o tempo médio de duração dos processos de adoção é nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste é superiora 3 anos ou mil dias. No Norte, a média de tempo dos processos passa de 2 mil dias. No Nordeste é onde os processos tramitam mais rapidamente, durando em média 400 dias. • ADOÇÃO TARDIA A adoção tardia, objeto de estudo do presente trabalho, refere-se à adoção de crianças maiores de dois anos ou adolescentes. Remetendo a discussão da ideia de que a adoção seja uma prerrogativa de recém- 37 nascidos e bebês. • Conceito e Requisitos da Adoção Tardia Conceituada por Weber(2000) que: “tecnicamente, considera-se uma adoção tardia quando a criança tem idade acima de dois anos de idade”(Weber 2000,p.29 ). De acordo com Levinzon(2004): “usa-se o termo “adoção tardia quando a criança é adotada a partir dos 03 anos de idade”.(Weber 2004, p.22). As crianças consideradas “idosas” para adoção, segundo Vargas(1998): “[g] ou foram abandonadas tardiamente pelas mães, que por circunstâncias pessoais ou socioeconômicas, não puderam continuar se encarregando delas ou foram retiradas dos pais pelo poder judiciário, que os julgou incapazes de mantê-las em seu pátrio poder, ou, ainda, foram ‘esquecidas’ pelo Estado desde muito pequenas em ‘orfanatos’ que, na realidade, abrigam uma minoria de órfãos [...].”(Vargas 1998, pg. 35) As crianças adotadas nessas condições são crianças que foram abandonadas tardiamente pelos pais ou responsáveis, que não puderam encarregar-se delas por circunstâncias pessoais ou socioeconômicas; Ou foram retiradas dos pais pelo poder judiciário, que os julgou incapazes de mantê-las sob seus cuidados, destituindo-lhes do poder familiar; Podem estar esquecidas pelo Estado desde muito pequenas em abrigos;Uma minoria é composta de órfãos sem nenhum parente vivo ou conhecido. Para Silva Filho(2009): 38 “A adoção de crianças com mais de dois anos de idade tem sido compreendida como “tardia”.Nessa linha de conceituação, parte-se do pressuposto de que “a criança terá mais facilidade de reconstituir novos vínculos significativos com os pais adotivos se lhe foi possível estabelecer vínculos precoces positivos.” ( Silva filho 2009 , p.143) Ponto este que a adoção tardia deve ser estimulada, principalmente porque é voz corrente entre nós que brasileiros só adotam recém-nascidos, ou que crianças maiores de 02 anos se pode adotar por preconceitos de situações que possam surgir no futuro ou no contexto social ou familiar uma vez que as crianças maiores têm um passado que, muitas vezes, deixou suas marcas. • Preconceitos e Mitos na Adoção Tardia O preconceito com relação à adoção de crianças maiores é ainda muito forte, como se todas as adoções de bebês fossem indicativos de sucesso garantido e todas as adoções de crianças maiores já representassem um fracasso. Ainda sobre o preconceito, além do imaginário social, a própria legislação brasileira, parece contribuir para o fortalecimento dos mitos de que os laços biológicos são aqueles verdadeiros. Assim, os pais adotantes tentam disfarçar ou esconder as relações adotivas e imitar uma família biológica, adotando crianças recém-nascidas e de cor semelhante a sua. Tavares(2010) esclarece: “De acordo com Ferreira apud weber(2002), as razões que contribuem para adotar bebês, em primeiro lugar deve-se ao fato dos casais manifestarem o desejo de viver todas as experiências do filho, desde “ as primeiras fraldas e mamadeiras”. Além disso existe uma série de receios com relação á adoção de crianças maiores: seqüelas psicológicas devido ao abandono e institucionalização; 39 dificuldade de adaptação; que a criança guarde ressentimentos; que traga maus costumes e que as lembranças da família biológica não deixe a criança criar novos vínculos”.( TAVARES, 2010 P. 275). Existem vários fatores que influenciam na hora da adoção,sendo a idade é um dos grandes obstáculos além de outros.Os mitos criados em torno da cultura já posta são fortes obstáculos para a realização da adoção tardia na atualidade brasileira como veremos a seguir. Camargo (2005) listou alguns motivos que em grande parte levam famílias que são consideradas aptas a concretizarem a adoção, sendo ela tardia ou não, a desistirem do processo: • Grande parte das famílias inclinadas a adotar tardiamente sofrem com medo e desconfiança em relação ao comportamento que será apresentado pelo adotado. Isso se deve ao longo período que passaram em instituições ou transitando entre famílias, onde a adaptação não ocorreu. Personalidade formada, vícios incorporados, má educação, falta de limites e dificuldade de convivência são alguns dos pontos apresentados como maiores complicadores. • Outro motivo apresentado se refere a grande expectativa em relação à formação do vínculo entre a família e o adotado. Devido aos históricos de rejeição e abandono, além da consciência de que não pertence biologicamente àquela família, são fatores determinantes. • Um dos maiores mitos apresentados se refere ao desejo do adotado em conhecer sua família biológica. Essa busca comprometeria a relação com a família adotiva, se tornando motivos de conflitos, revoltas e, consequentemente, fugas. • Outro grande problema apontado é a burocracia. Devido a ela, o tempo de espera e as longas filas de uma adoção se tornam grandes obstáculos na concretização da mesma. • A legislação brasileira, por cautela e preservação das crianças, só oferece a guarda definitiva à família adotiva após um período que varia entre um e dois anos. Essa prática gera grande desconforto e ansiedade nas famílias adotivas, ligados principalmente ao medo de perder os adotados para as famílias biológicas, mesmo após já 40 terem manifestado vínculo emocional com a criança. Alguns fatores atuam de forma a determinar o desencontro que há entre crianças abrigadas e aptas à adoção, sendo o principal o preconceito, que atua de forma consciente ou não, em que alguns deles correspondentes ao medo de adotar uma criança mais velha pela dificuldade na educação da mesma; medo dos vícios que a criança traria consigo por ter passado muito tempo nos abrigos; medo de que a “marginalidade” dos pais influencie de forma hereditária na criança; pensam que a criança adotada trás, em algum momento, problemas; achar que a criança não saber que é adotada reduz os problemas, de modo que preferem bebês e criar a imagem de família natural. Diante dessa realidade, observa-se que a adoção no Brasil é permeada por estigmas que se tornam grandes barreiras para a concretização de adoções tardias, visto que estão cercadas de preconceitos ligados à uma visão negativa da adoção como forma de inserir crianças e adolescentes em novas famílias. Scorlini -Comin(2006) esclarece: “Apesar de ser uma prática milenar, a adoção ainda é permeada na atualidade por mitos, fantasmas, estigmas e omissões, mesmo após tantas transformações de ordem ética, política, jurídica, de costumes e comportamentos (FONSECA, 1995, apud SCORSOLINI-COMIN, 2006, p. 41). Em se tratando da realidade brasileira, esse fenômeno tem que ser visto em uma perspectiva sociocultural mais ampla, pois tem a ver com o lugar que historicamente foi atribuído à infância no Brasil”. (FREITAS, 1997, apud SCORSOLINI-COMIN, 2006, p. 41). Segundo Repoold (2005) muitos adotantes criam fantasias a respeito das experiências da criança anterior à adoção, pois acreditam, alimentados pela própria Psicologia, que o afastamento da família biológica traz consigo graves consequências psicológicas. A pesquisa de Levy e Féres-Carneiro (2001) citado por Silva (2009) 41 aponta que a opção de adotar crianças menores, a partir do argumento de que essas são mais fáceis de serem moldadas, na verdade mostra que adotantes buscam apagar a história passada da criança e cancelar qualquer herança genética que possa vir, de alguma forma, a interferir no projeto de parentalidade. A pesquisa de Ebrahim (2001) destaca: Entre os adotantesconvencionais, que demonstraram receio em adotar crianças provenientes de instituições, 45% sentiam-se despreparados para lidar com esta situação diferenciada, ao passo que 25% acreditavam que adotar bebês facilitava o estabelecimento das relações familiares e 15% tinham medo da história de vida da criança e dos possíveis hábitos adquiridos. A adoção é um desafio, e as mudanças nos mitos construídos também e precisa de muita reflexão conjunta para ser mudada. Em contra Partida a esta linha de pensamento Ebrahim (2001) apontos que Entre os adotantes tardios, onde 88.9% não tinham receio em adotar crianças institucionalizadas, 29.3% sentiam-se preparados para lidar com quaisquer situações e 25% julgavam que o amor supera todos os obstáculos. O fato da criança viver em instituições foi definido, por 20.8% da amostra, como um elemento de proteção e amparo, e não como um fator agravante para a adoção Apesar das dificuldades, a adoção continua sendo um dos principais atos de amor que um ser humano pode praticar. • Motivação Para a Adoção Tardia Segundo Puretz (2007), o principal motivo que leva casais a adotar é a dificuldade em conceber um filho, surgindo, assim, como ultimo recurso de filiação, buscando a adoção apenas quando não existe mais outra possibilidade de gerar um filho. Isso mostra que a sociedade ainda impõe à 42 mulher a necessidade de ter filho, tendo essa como sua principal função. Com isso, a família busca uma adoção que possa imitar o mais próximo possível a filiação biológica. Em relação as motivações do casal pela adoção tardia, a pesquisa de Ebrahim (2001) destaca: a situação de abandono das crianças (51,9%); amor ao próximo (22,2%); valores religiosos (22,2%); não ter os próprios filhos (18,5%); para se sentir mais completo (14,8%); para constituir uma família, sendo solteiro (14,8%); para dar um irmão a um filho único (11,1%); por desejar mais um filho e não poder gerar (7,4%). De acordo com Dias (2016), pessoas realizam adoção tardia por puro altruísmo e desejo de auto realização de pai e mãe, optando, assim, por uma parentalidade solidária, além da praticidade e da vontade de ter companhia. Segundo Santos e Pizeta (1999) apud SCORSOLINI-COMIN, (2006) alguns elementos atuam como motivadores para a busca pela adoção, destacando-se a infertilidade e o desejo de maternidade e paternidade além da crença de que a entrada de uma criança na família aumentaria as chances de concepção dos casais com problemas de fertilidade. Camargo (2005) traz uma série de fatores que levam um casal a optar pela adoção além da infertilidade ou esterilidade: a) preencher um vazio causado pela perda de um filho; b) possuir bens e não haver quem deles desfrute ou continue após a morte do casal; c) a busca por um filho para que ele, de alguma forma, mantenha a união conjugal; d) realização de um projeto de vida a dois, que seria casar e ter filhos; e) ser solteiro e estar em busca de passar pela experiência de maternidade ou paternidade; f) ser viúvo e buscar evitar a solidão, e; g) escolher o sexo do bebê. O que se percebe é que, nesses casos, a criança vem como uma solução para as expectativas, problemas ou vontades dos adotantes. Para Weber (1998) a maioria dos pais adotivos possui como motivação um interesse pessoal e essencial, que é satisfazer o desejo de ser pai e/ou 43 mãe. Além da vontade de preencher a solidão, dar um irmão a um filho único e substituir um filho biológico falecido. Entretanto, Weber ressalta ainda que essas motivações “menos nobres” ou inadequadas não mostraram trazer prejuízo evidente na relação pais e filhos, evidenciando não haver uma relação direta entre motivação inadequada e fracasso da relação. Para a autora o vínculo afetivo que se cria na relação pais e filhos adotivos se torna tão forte que pode acabar neutralizando o suposto efeito que essas motivações impróprias poderiam trazer. Outro autor que decorre sobre o tema é Levinzon (2004). Segundo ele, as principais razões das famílias são: a) a esterilidade; b) o falecimento de um filho; c) vontade de ter filho e não possuir mais idade biológica; d) fazer algo bom; e) desejo de paternidade e/ou maternidade; f) familiar que não tem condições de cuidar do filho; g) solteiros que querem ser pais, e; h) não ter que passar pela gravidez para ter filho. Segundo Reppold (2003) para alguns pesquisadores, investigar o que motivou os adotantes a buscar a adoção é de extrema importância, uma vez que os interesses dos mesmos exercem grande influência na qualidade da relação que será estabelecida entre os pais e o filho, pois, para eles, adoções realizadas por influência da perda de um filho ou parente têm dificuldades na adaptação, isso porque os adotantes estão em um momento de fragilidade, não conseguindo ajudar o filho a passar por esse processo. Situações como essa demonstram a sobreposição dos interesses dos adotantes sobre os do adotado. Outro contexto em que isso ocorre diz respeito à pais que adotam motivados pela crença de aumentar a chance de engravidar, alguns pais acreditam que adotando uma criança a ansiedade com relação às dificuldade de reprodução diminuiriam, aumentando as chances de essa reprodução ocorrer (WEBER, 1999, apud REPPOLD, 2003).Entretanto Reppold (2003) cita também pesquisadores, como Casellato, 1998; Coimbra, 1999 e Weber, 1997, que contestam o exposto acima, pois segundo os mesmos não é necessário que a investigação dos interesses dos pais na adoção tardia faça parte do processo de habilitação, 44 isso porque não se deve subestimar a capacidade que a criança tem de se adaptar, além de não proporcionarem aos interessados em adotar uma reflexão acerca do assunto. Além disso, algumas pesquisas indicam não haver uma relação entre as motivações à adoção e o sucesso ou fracasso da mesma. Gondim (2008) descreve quatro categorias de motivação à adoção, sendo elas: a) vontade de constituir família; b) desejo de exercer paternidade/maternidade; c) altruísmo, ou seja, vontade de ajudar o outro; d) infertilidade. Santos (2011) ao investigar os motivos que levam solteiros a adotarem ressaltou o desejo de adotar ou de realizar a paternidade/maternidade e a perda de entes queridos. Em sua pesquisa todos os processos de adoção foram realizados de forma legal, sendo que alguns casos primeiro foi realizado o cadastro, outros já estavam com a criança e solicitaram junto à justiça a regulamentação e, em apenas um caso, a adoção foi seguida do apadrinhamento afetivo. Segundo Repoold (2005) é importante que se faça uma detalhada avaliação das motivações à adoção, isso porque quando o interesse do adotante está restrito a uma criança com determinados atributos o risco de devolução é alto devido a frustração que sentirão, pois a experiência real nunca será igual à ideia idealizada que eles tiveram, ou seja, quando este fator é determinante para a concretização da adoção a adaptação à mesma se torna mais complicada. • Desvantagens Na Preparação da Adoção Tardia Em ações do poder judiciario para apoiar as famílias neste processo de adoção, o setor técnico do fórum com apoio de pscicologos, assistentes sociais e a fiscalização do Ministerio Publico auxiliam as famílias neste processo, sendo mais que a escolha de um atributo pessoal de alguém e sim 45 um longo processo de convivência e alterações de ambos os lados no contexto social e familiar. A pesquisa de Ebrahim (2001) destaca que de acordo com os valores encontrados, os adotantes tardios (23.1%) passaram por uma maior orientação antes da adoção do que os adotantes convencionais (21.8%). Mesmo esta diferença, sendo bastante discreta, tendo sido isto talvez um elemento favorecedor para a realização destas adoções consideradas mais difíceis. No entanto, a preparação pode ter ocorrido, justamente, pela decisão das famílias em adotar criançasmaiores, pois nestes casos considera-se necessário um melhor preparo dos pais adotivos para lidarem com as dificuldades inerentes a este tipo de adoção. A dicotomia entre adoções que são bem sucedidas e aquelas que não alcançam os resultados esperados estão que Todavia, a maioria esmagadora, tanto entre os adotantes tardios (76.9%) quanto entre os adotantes de bebês (78.2%), encontrava-se completamente despreparada. Apesar de 48.1% dos adotantes convencionais não manifestarem predileções quanto à idade da criança a ser adotada, não houve preparação anterior que pudesse unir a falta de preferências com a adoção de crianças maiores. A questão do politicamente correto no momento da preferencia da adoção influencia diretamente nas questões que podem influenciar nas desvantages da adoção tardia, por questões que vão além do puro e simples desejo em adotar, trata-se da questão de influenciar todo o contexto social e familiar de alguém. Segundo Ebrahim (2001) Entre os adotantes tardios, 52.2% não tinham qualquer preferência quanto às características da criança a ser adotada, ou apenas especificavam a faixa etária desejada, com 28.6% dos adotantes querendo crianças com idade entre 2 e 5 anos. Em relação aos adotantes convencionais, 22.8% não exibiam preferências, mas 36.4% almejavam 46 adotar bebês, recém-nascidos ou com poucos meses de vida. Estes demostraram receios em acolher crianças que viveram meses ou anos em uma instituição (37.7%). Neste processo de adoção tardia existe o risco de um novo trauma, o da devolução por pessoas que não se adaptaram a convivência em família. • A Necessidade do Estágio de Convivência Esse momento é essencial para o sucesso do vínculo entre pais e filhos, porque acontece a integração de elementos de sentidos e de significação que caracteriza a organização subjetiva de um âmbito da experiência dos sujeitos, ação, construção, história, transações, trocas sociais e culturais como configurações subjetivas da personalidade.É um complexo de articulações e possibilidades contraditórias, processos de ruptura e renascimento, tudo deve ser visto com sensibilidade e não com um olhar determinista, universalista, as coisas acontecem e tudo é bem vindo para que a relação tome sua própria forma de convivência no seio familiar. Todo estágio precisa ser acompanhado por equipe interprofissional, preferencialmente com apoio de técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à convivência familiar, os quais deverão apresentar relatório minucioso conforme previsão do ECA art.46 § 4.º. Na adoção tardia, o que ocorre é que muitas vezes os problemas surgem e ou se intensificam enquanto o vínculo entre pais e filhos ainda se encontra bastante vulnerável, em construção. Somam-se as dúvidas e incertezas de ser pai e mãe às dificuldades iniciais de adaptação e o pouco conhecimento mútuo. Para a criança também não é fácil, ela vem de um ambiente e uma socialização totalmente diferente e, muitas vezes, não elaborou suficientemente a dor de ter sido abandonada, abusada e ou entregue para adoção. 47 Segundo Ebrahim (2001) no entanto, mesmo com as dificuldades apresentadas, 50% dos adotantes tardios informaram não ter encontrado dificuldades na relação com o(a) filho(a), e dos que afirmaram ter tido dificuldades (50%), apenas 34.6% as atribuíram ao fato da criança ser adotiva. Estabelecer este vínculo e consolidá-lo é uma conquista mútua diária com momentos muito prazerosos, sendo fundamental manter a esperança e a perseverança. Ebrahim (2001) aponta quanto à adaptação, 53.3% dos adotantes tardios afirmaram ter se adaptado à criança entre dias e semanas, e 26.7% admitiram a adaptação dentro de meses, havendo apenas 6.7% que levaram anos para concluir a adaptação e 13.3% que não se adaptaram. Faz-se necessário uma análise detalhada de todo processo de adoção bem, como avaliação do estágio de convivência, pois a decisão transitada em julgado promove a integração completa do adotado na família do adotante, sendo esta medida expecional e irretratável previsto na Lei nacional de Adoção no § 1º do art. 39. Nesse Sentido Gonçalves(2012): “...Ela promove a integração completa do adotado na família do adotante, na qual será recebido na condição de filho, com os mesmos direitos e deveres dos consanguíneos, inclusive sucessórios, desligando, definitiva e irrevogavelmente, da família de sangue, salvo para fins de impedimentos para o casamento. Para este último efeito, o juiz autorizará o fornecimento de certidão, processando-se a oposição do impedimento em segredo de justiça”.(GONÇALVES, 2012, Pg.347). • Dados Do Conselho Nacional De Justiça. Conforme já apontado, o Conselho Nacional de Justiça, informa que no Brasil temos 8.001 crianças cadastradas e vinculadas no Cadastro Nacional 48 de Adoção (CNA), entre elas 4.770 estão disponíveis a adoção. O número de pessoas habilitadas a adotar é de 38.514. Outro fator apontado pelo CNJ que de 4.470 Crianças e adolescentes estão disponíveis a adoção no Brasil, entre elas 66,98% das Crianças e adolescentes disponíveis a adoção possuem irmãos, 49,31% são adolescentes de 12 a 17 anos, 27,26 % possuem idade tardia para adoção de 03 a 11 anos de idade, e 33,27 % possuem algum problema de saúde. E em contra partida dos 38.514 Pretendentes Cadastrados, 66,95 % não pretendem adotar irmãos. Somente 0,69% estão dispostos a adotar adolescentes de 12 a 17 anos, e 67,05% estão dispostos a adotar crianças tardiamente, porem na faixa entre 03 anos até 11 anos, sendo que quanto maior a idade menos são os números de pretendentes a adotar. Para enredar a situação 65,2 % não pretendem adotar uma criança ou adolescente com problemas de saúde. Existe uma desproporção em relação aos quesitos para adotar e os inscritos e aptos a serem adotados, o que permaneia a situação a cada vez mais o número de crianças e adolescentes em situações de institucionalização dos abrigos. A fim de tornar mais ampla e ágil a busca de famílias para as crianças acolhidas nos abrigos Brasil afora, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está implantando um novo Cadastro Nacional de Adoção. A Corregedoria da entidade ainda vai avaliar ajustes - a serem feitos no Cadastro - propostos por magistrados e servidores. Entre as questões levantadas pela maioria deles estão: a unificação dos cadastros de adoção e do de crianças acolhidas; e a inclusão de fotos e vídeos das crianças que esperam uma família. Após a avaliação da Corregedoria, será dado início ao processo de capacitação dos profissionais juízes e técnicos que atuarão nesta área. 49 • O Projeto LEI 5850/16. Em busca de maior celeridade ao Processo de Adoção, foi aprovado na Camara dos Deputados o Projeto Lei 5850/2016 de autoria do deputado Augusto Coutinho (SD-PE), que muda o Estatuto da Criança e do Adolescente para agilizar procedimentos relacionados à destituição de poder familiar e à adoção de crianças e adolescentes, a matéria será enviada ao Senado Federal. Nos pontos apontados pelo Projeto lei estão a redução do prazo de ingresso da ação de destituição do poder familiar de trinta para dez dias, podendo ser dispensada a realização de estudos complementares ou outras providências nos casos em que um dos pais ou responsável já tiver sofrido anteriormente pena de decretação da perda ou suspensão do poder familiar, houver suspeita de agressão física ou moral contra a criança ou adolescente, a criança tenha idade inferior ao limite etário de adotabilidade, houver suspeita de que a saúde física ou psicológica da criança esteja em risco, houver suspeita de que os pais ou responsável não estejam cumprindo os seus deveres de sustento, guarda ou educação, ou a criança ou adolescente se encontre em situação de abandono ou acolhimento por mais de sessenta dias. Outro ponto importante do projeto é que ele
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