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FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE Nome do professor Sobre o autor Frederico Muylaert Margem O autor do caderno de estudos, o professor Frederico Muylaert Margem é graduado em Engenharia de Produção e Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 2004, é Mestre em engenharia de Produção pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro em 2007, Doutor em Engenharia e Ciência dos Materiais pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro em 2009 e Pós doutorando em Engenharia e Ciência dos Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Engenharia de Elétrica de potência com experiência na parte de instalações prediais e projetos de media tensão para estações abaixadoras prediais de grande porte, na área de Produção, com ênfase em Gerência de Produção, Atuando principalmente nos seguintes temas: Planejamento Estratégico e Gerencial, Projetos Ergonômicos, Segurança do Trabalho, Normatização, Gestão de Pessoas, Recursos e Materiais, Melhoria Continua, Criação de Vantagem Competitiva e Gestão de Resíduos. Apresentação Olá querido aluno (a), seja muito bem-vindo (a)! Iniciando sua formação em Engenharia, você tem um novo desafio nas disciplinas do ciclo básico. Nossa disciplina intitula-se Fundamentos de Eletricidade e aborda alguns tópicos que são ferramentas importantes para a formação profissional na área de Engenharia. Estes tópicos englobam os Métodos de circuitos em regime permanente. Corrente Contínua e Alternada (monofásica e trifásica). Transformador ideal. Potência e energia. Medidas elétricas e magnéticas. Componentes elétricos e eletrônicos. Máquinas de corrente contínua: Geradores, motores e máquinas de solda. Máquinas de corrente alternada. Circuitos de controle e proteção. É importante frisar que nesse caderno você encontrará o básico dos conceitos necessários para obter um melhor desempenho nas disciplinas do ciclo básico e profissional. Vale ressaltar que será muito importante consultar as bibliografias referenciais, além de outras que forem recomendadas. Acima de tudo, você deverá praticar muito. A disciplina foi dividida em quatro módulos, contendo exemplos e atividades a serem resolvidas, sendo importante você manter uma constância em seus estudos. Portanto, não acumule dúvidas! Consulte o professor, participe dos fóruns, releia o caderno, as bibliografias recomendadas, faça os exercícios teóricos e práticos, assista aos vídeos sugeridos e outras fontes que você considerar importantes para sua aprendizagem. Não esqueça: aprender Fundamentos de Eletricidade é como pilotar uma motocicleta ou tocar piano. Não se consegue desenvolver as habilidades só observando o que está sendo feito ou mesmo vendo alguém fazer: é preciso praticar. . . . Bons estudos! Objetivos A disciplina de Fundamentos da Eletricidade tem por objetivo geral capacitar os alunos nos principais conceitos sobre energia elétrica. Nomenclaturas, simbologias, leis aplicadas à eletricidade, métodos de análise, etc. Este caderno de estudos tem como objetivos: O entendimento dos conceitos de eletricidade; O conhecimento das leis aplicadas à energia elétrica; O conhecimento dos métodos de análise de circuitos elétricos; A compreensão dos diversos símbolos e nomenclaturas contidos em circuitos elétricos; Capacitar o acadêmico na habilidade de interpretação e resolução de problemas relacionados à eletricidade. Sumário AULA 1 – PRINCÍPIOS DA ELETROESTÁTICA 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 15 1.1 Carga elétrica ................................................................................................. 15 1.2 Eletrização dos corpos ................................................................................... 17 1.3 Campo elétrico ............................................................................................... 18 1.4 Linhas de campo ............................................................................................. 18 1.5 Força elétrica .................................................................................................. 19 1.6 Lei de Coulomb ............................................................................................... 20 1.7 Potencial elétrico ............................................................................................ 21 1.8 Exemplos resolvidos ........................................................................................ 22 AULA 2 - PRINCÍPIOS DA ELETRODINÂMICA 2 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 30 2.1 Tensão elétrica ................................................................................................ 30 2.1.1 Diferença de potencial - DDP ............................................................... 30 2.1.2 Tensão elétrica ........................................................................................ 31 2.2 Corrente elétrica ............................................................................................. 31 2.2.1 Intensidade da corrente elétrica .......................................................... 31 2.3 Fontes de alimentação ................................................................................... 32 2.4 Bipolos gerador e receptor ............................................................................ 33 2.5 Terra (GND) ou Potencial de referência ........................................................ 34 2.6 Exemplos resolvidos ........................................................................................ 34 AULA 3 - RESISTÊNCIA ELÉTRICA E LEIS DE OHM 3 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 41 3.1 Resistência elétrica ......................................................................................... 41 3.2 Primeira Lei de Ohm ........................................................................................ 41 3.2.1 Condutância ........................................................................................... 42 3.2.2 Resistências Ôhmicas e não Ôhmicas ................................................. 42 3.2.3 Curto Circuito ........................................................................................... 42 3.3 Segunda Lei de Ohm ...................................................................................... 43 3.4 Resistência X Temperatura ............................................................................. 44 3.5 Exemplos resolvidos ........................................................................................ 45 AULA 4 - POTÊNCIA ELÉTRICA E ENERGIA ELÉTRICA 4 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 52 4.1 Potência elétrica ............................................................................................. 52 4.2 Energia elétrica ............................................................................................... 53 4.2.1 Definição de energia ............................................................................. 53 4.2.2 Eletricidade .............................................................................................. 53 4.2.3 Equação da energia elétrica ................................................................ 54 4.3 Exemplos resolvidos ........................................................................................ 54 AULA5 - LEIS DE KIRCHHOFF E ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES, DIVISORES DE TENSÃO E DE CORRENTE E PONTE DE WHEATSTONE 5 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 61 5.1 Elementos de um circuito elétrico ................................................................. 61 5.2 Leis de Kirchhoff .............................................................................................. 61 5.3 Associação de resistores ................................................................................ 62 5.3.1 Resistência em série ................................................................................ 63 5.3.2 Resistência em paralelo ......................................................................... 64 5.3.3 Resistência mista ..................................................................................... 64 5.4 Configurações estrela e triângulo ................................................................. 65 5.4.1 Divisor de tensão ..................................................................................... 66 5.4.2 Divisor de corrente .................................................................................. 66 5.5 Ponte de Wheatstone ...................................................................................... 67 5.5.1 Ohmímetro em ponte ............................................................................. 68 5.6 Exemplos resolvidos ........................................................................................ 69 AULA 6 - GERADORES DE TENSÃO E DE CORRENTE 6 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 84 6.1 Gerador de tensão .......................................................................................... 84 6.1.1 Rendimento .............................................................................................. 84 6.1.2 Gerador de tensão real operando como um receptor ativo .......... 85 6.1.3 Geradores de tensão em série ............................................................. 85 6.1.4 Máxima transferência de potência ..................................................... 85 6.2 Gerador de corrente ....................................................................................... 86 6.2.1 Rendimento .............................................................................................. 86 6.2.2 Equivalência entre geradores de tensão e de corrente .................. 86 6.3 Exemplos resolvidos ........................................................................................ 87 AULA 7 - METODOLOGIA DE ANÁLISE DE CIRCUITOS 7 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 93 7.1 Análise e aplicação das Leis de Kirchhoff .................................................... 93 7.2 Balanço energético do circuito ..................................................................... 97 AULA 8 - CAPACITORES E CIRCUITOS RC 8 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 105 8.1 Dispositivos reativos ...................................................................................... 105 8.1.1 Capacitor e Capacitância ................................................................. 105 8.1.2 Comportamento elétrico do capacitor ............................................ 106 8.1.3 Capacitância e características físicas .............................................. 107 8.2 Associação de capacitores ......................................................................... 108 8.2.1 Capacitores em série ........................................................................... 108 8.2.2 Capacitores em paralelo ..................................................................... 108 8.2.3 Capacitores mistos ................................................................................ 109 8.3 Circuito RC de temporização....................................................................... 109 8.4 Carga do capacitor ...................................................................................... 109 8.4.1 Tensão na resistência ............................................................................ 110 8.4.2 Tensão no capacitor............................................................................. 110 8.5 Descarga no capacitor ................................................................................ 110 8.5.1 Corrente .................................................................................................. 111 8.5.2 Tensão na resistência ............................................................................ 111 8.5.3 Tensão no capacitor............................................................................. 111 8.6 Exemplos resolvidos ...................................................................................... 111 AULA 9 - INDUTÂNCIA, MODELAMENTO DE INDUTORES E DE CAPACITORES, PONTES DE IMPEDÂNCIA 9 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 123 9.1 Eletromagnetismo ......................................................................................... 123 9.1.1 Campo Elétrico ...................................................................................... 123 9.1.2 Fluxo Magnético .................................................................................... 123 9.1.3 Indução Magnética.............................................................................. 123 9.1.4 Interações entre os fenômenos elétricos e magnéticos ................. 124 9.2 Indutor e Indutância ..................................................................................... 125 9.2.1 Indutor ..................................................................................................... 125 9.2.2 Indutância .............................................................................................. 125 9.3 Associação de indutores .............................................................................. 126 9.3.1 Indutores em série ................................................................................. 126 9.3.2 Indutores em paralelo .......................................................................... 127 9.3.3 Indutância mútua ................................................................................. 127 9.4 Circuito RL de temporização ........................................................................ 128 9.4.1 Energizando um indutor ....................................................................... 128 9.4.2 Desenergizando um indutor ................................................................ 128 9.5 Exemplos resolvidos ...................................................................................... 129 AULA 10 - GERADOR DE TENSÃO CA REAL E DECIBEL 10 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 139 10.1 Geração do sinal alternado ....................................................................... 139 10.2 Parâmetros do sinal alternado .................................................................... 140 10.3 Período e Frequência .................................................................................. 140 10.4 Nomenclaturas importantes para tensões CA .......................................... 141 10.5 Exemplos resolvidos .................................................................................... 142 AULA 11 - POTÊNCIA EM CORRENTE ALTERNADA 11 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................151 11.1 Potência instantânea ................................................................................... 151 11.2 Potência com números complexos ........................................................... 151 11.3 Análise de potências ativa, reativa e aparente ....................................... 152 11.3.1 Potência ativa ..................................................................................... 152 11.3.2 Potência reativa .................................................................................. 153 11.3.3 Potência aparente ............................................................................. 154 11.3.4 Triângulos das potências .................................................................... 155 11.3.5 Fator de potência ............................................................................... 155 11.4 Exemplos resolvidos .................................................................................... 156 AULA 12 - FILTROS PASSIVOS E CIRCUITOS DE PULSO 12 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 166 12.1 Tipos de filtros ............................................................................................... 166 12.2 Filtros passa baixa – RC e RL ....................................................................... 166 12.2.1 Simplificação pelo equivalente Thévenin ....................................... 168 12.2.2 Filtros passa baixas – L, 𝜋 e T .............................................................. 168 12.3 Filtros passa altas - CR e RL ......................................................................... 169 12.3.1 Simplificação pelo equivalente Thévenin ....................................... 170 12.3.2 Filtros passa altas – L, 𝜋 e T ................................................................. 170 12.4 Filtro passa faixa e Filtro rejeita faixa ......................................................... 171 12.4.1 Filtro passa faixa (FPF) ......................................................................... 171 12.4.2 Filtro rejeita faixa (FRF) ........................................................................ 172 12.5 Exemplos resolvidos .................................................................................... 172 AULA 13 - EQUAÇÕES DE MAXWELL: LEI DE GAUSS 13 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 182 13.1 Lei de Gauss para campos elétricos.......................................................... 182 13.2 Lei de Gauss para campos magnéticos .................................................... 183 13.3 Exemplos resolvidos .................................................................................... 186 AULA 14 - EQUAÇÕES DE MAXWELL: LEI DE AMPÈRE 14 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 195 14.1 Exemplos resolvidos .................................................................................... 197 AULA 15 - EQUAÇÕES DE MAXWELL: LEI DE FARADAY 15 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 205 15.1 Equações de Maxwell: lei de Faraday ...................................................... 205 15.2 Exemplos resolvidos .................................................................................... 206 AULA 16 - SISTEMA TRIFÁSICO 16 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 215 16.1 Sistema trifásico ........................................................................................... 215 16.2 Gerador trifásico .......................................................................................... 215 16.3 Configurações do gerador trifásico ........................................................... 216 16.4 Carga equilibrada ....................................................................................... 217 16.5 Carga desequilibrada ................................................................................. 218 16.6 Potência ........................................................................................................ 218 16.7 Exemplos resolvidos .................................................................................... 219 Iconografia Princípios da eletroestática Aula 1 APRESENTAÇÃO DA AULA Nesta aula estudaremos o conceito de eletrostática. OBJETIVOS DA AULA Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: Compreender o que são cargas elétricas; Identificar os tipos de forças; Entender os tipos de eletrização; Compreender o que é campo elétrico; Compreender a lei de Coulomb; Compreender o que é potencial elétrico. P á g i n a | 15 1 INTRODUÇÃO 1.1 Carga elétrica A eletrostática estuda fenômenos relacionados a cargas elétricas em repouso. Os átomos presentes nos materiais são constituídos por elétrons, prótons e nêutrons. A principal diferença dos elementos que compõem os átomos é a característica de suas cargas elétricas. Elétrons possuem cargas negativas, prótons possuem cargas positivas e nêutrons, como o nome sugere, não possuem carga. Naturalmente, os átomos possuem a mesma quantidade de prótons e elétrons, tendo uma igualdade entre cargas positivas e negativas. Sendo assim, este se encontra eletricamente neutro. Abaixo, na figura 1, apresentamos o modelo atômico, com sua disposição de prótons, elétrons e nêutrons. Figura 1: Esquema atômico. Fonte: MARKUS (1997) Segundo o princípio da atração e repulsão, cargas elétricas de sinais contrários se atraem e de mesmos sinais se repelem. E este é o princípio fundamental da eletrostática. A figura 2 apresentada abaixo ilustra este enunciado. P á g i n a | 16 Figura 2: Princípio da atração e repulsão. Fonte: MARKUS (1997) O módulo da carga elétrica de um próton ou de um elétron é apresentado na equação 1, mostrada abaixo. 𝑞 = 1,6 × 10−19 𝐶 (Eq. 1) Utilizamos q para simbolizar a carga elétrica e a sua unidade de medida é o coulomb (C). À medida que o elétron se afasta de seu núcleo, ele aumenta sua energia. No entanto, quanto maior for a distância, maior será a facilidade com que ele se desligará do átomo. Esse efeito está diretamente relacionado aos materiais Condutores e Isolantes. Como sabemos, materiais condutores são aqueles que conduzem com maior facilidade a eletricidade. Como exemplo, podemos citar o cobre e o alumínio. Já os isolantes, são aqueles que possuem uma resistência maior e não conduzem eletricidade. Como exemplo, podemos citar o ar, a borracha e o vidro. Em condutores metálicos, os elétrons da última órbita são fracamente ligados a seus núcleos. Por conta disso, a energia térmica gerada pela temperatura ambiente é suficiente para libertá-los. Estes elétrons passam a agir como elétrons livres, onde seus movimentos são aleatórios. Já em isolantes, apenas alguns elétrons se soltam com essa energia térmica. Por conta disso, é praticamente impossível a condução de energia elétrica em condições normais. P á g i n a | 17 1.2 Eletrização dos corpos Para eletrizar um corpo com a carga Q por meio da ionização de seus átomos, basta retirar ou inserir elétrons em suas órbitas. Dessa forma, passamos a tratá-los por cátions (íons positivos) ou ânions (íons negativos). Quando retiramos elétrons de um átomo, ele torna-se eletricamente positivo, visto que seu número de prótons se torna maior que seu número de elétrons. Em contrapartida, se inserirmos elétrons, ele se torna eletricamentenegativo, já que passará a ter um número de elétrons maior que o número de prótons. Assim, para obtermos um valor de Q, basta aplicarmos o produto entre a carga q e o número de elétrons n. Sendo n o número de elétrons inseridos ou retirados de um átomo. Logo, temos a equação 2 apresentada abaixo. 𝑄 = 𝑞 × 𝑛 (Eq. 2) Onde, q é a carga de um elétron (1,6 × 10−19) e n é o número de elétrons inseridos ou retirados. Existem 3 tipos básicos de processos de eletrização. São eles: atrito, contato e indução. Eletrização por atrito: Atritando dois materiais isolantes diferentes, o calor gerado é suficiente para transferir elétrons entre eles. Ambos ficarão eletrizados, sendo um positivo e outro negativo. Eletrização por contato: Quando um corpo eletricamente negativo entra em contato com um neutro, os elétrons negativos em excesso são transferidos para o neutro até que ocorra o equilíbrio eletrostático. Isso não quer dizer que os corpos terão cargas iguais, mas potenciais elétricos iguais. Sendo assim, o corpo neutro passa a ficar eletricamente negativo. Eletrização por indução: Ao aproximar um corpo eletricamente positivo de um condutor neutro isolado, seus elétrons livres são atraídos para a extremidade próxima do corpo positivo. Logo, o corpo neutro passa a ter um excesso de elétrons numa extremidade e falta na outra. O lado com excesso de elétrons é chamado de polo negativo, enquanto que o outro lado é chamado de polo positivo. A este efeito damos o nome de polarização. P á g i n a | 18 1.3 Campo elétrico Toda carga cria ao seu redor um campo elétrico, cuja simbologia é �⃗� e a unidade de medida é Newton/Coulomb (N/C). Este é representado por linhas de campo radiais orientadas, visto que é uma grandeza vetorial. Divergente é o campo de carga positiva, cujas linhas saem da carga, já o convergente é o campo de carga negativa, cujas linhas entram na carga. A figura 3, apresentada abaixo, demonstra as diferenças entre os campos. Figura 3: Diferença entre campos elétricos. Fonte: MARKUS (1997) Uma carga cria um campo elétrico, cujo valor é diretamente proporcional à intensidade dessa carga e da constante dielétrica do meio, e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre a carga e o ponto considerado. Matematicamente, escrevemos essa afirmação por: 𝐸 = 𝐾𝑄 𝑑² (Eq. 3) Onde K é a constante dielétrica (9𝑥109 Nm²/C², no vácuo e no ar), Q é o módulo da carga elétrica (Coulomb, C) e d é a distância (metro, m). 1.4 Linhas de campo Nas interações entre as cargas, existem quatro situações diferentes que podemos analisar. Quando duas cargas de sinais contrários estão próximas, existe uma força entre elas que as atrai. Essa força de atração se dá, pois, as linhas de campo divergentes da carga positiva tendem a convergir para a carga negativa. Por outro lado, para cargas de sinais iguais (positivo com positivo ou negativo com P á g i n a | 19 negativo), as linhas de campo são divergentes ou convergentes para ambas as cargas. Logo surge entre elas uma força de repulsão, que as afasta. Por último, temos a situação em que duas placas paralelas são eletrizadas com cargas de sinal contrário. Neste caso, surge entre elas um campo elétrico uniforme, formado por linhas paralelas. A figura 4, apresentada abaixo demonstra um esquema representativo para as quatro situações abordadas acima. Figura 4: Linhas de campo. Fonte: MARKUS (1997) 1.5 Força elétrica Imagine uma região submetida a um campo elétrico uniforme (�⃗� ), como demonstrado na figura 5, logo abaixo. P á g i n a | 20 Figura 5: Campo elétrico uniforme. Fonte: MARKUS (1997) Agora, inserimos uma carga em um ponto qualquer dessa região. Surge então uma força que passa a interagir com a carga elétrica. Para uma carga positiva, a força age no mesmo sentido da linha de campo. Ao contrário, quando a carga é negativa, a força age no sentido contrário à linha de campo. Essa força é, na realidade, a força de atração ou repulsão, já citada no tópico 2.3.1, entre a carga inserida no campo elétrico e a carga responsável por gerar o campo. Essa força é simbolicamente representada por 𝐹 e tem por unidade de medida newton [N]. Podemos calcular seu módulo por: 𝐹 = 𝑄𝐸 (Eq. 4) Onde Q é o módulo da carga elétrica (Coulomb, C) e E é o módulo do campo elétrico (Newton/Coulomb, N/C). 1.6 Lei de Coulomb Do resultado do estudo do campo elétrico criado por uma carga e da força que age em outra carga inserida nesse campo, seja ela a força de atração ou repulsão, temos a expressão que nos dá o módulo de força entre duas cargas elétricas, devido à interação de seus campos elétricos. A esta definição damos o nome de Lei de Coulomb, representada matematicamente pela equação 5, abaixo: 𝐹 = 𝐾𝑄𝑎𝑄𝑏 𝑑² (Eq. 5) P á g i n a | 21 onde K é a constante dielétrica, cujo valor no vácuo ou no ar é de 9𝑥109 Nm²/C², 𝑄𝑎 e 𝑄𝑏 são os módulos das cargas, em Coulomb (C) e d é a distância entre elas, em metro (m). A figura 6, a seguir, demonstra um esquema de como as forças de atração e repulsão agem sobre cargas elétricas divergentes e convergentes. Figura 6: Lei de Coulomb. Fonte: MARKUS (1997) 1.7 Potencial elétrico No tópico anterior, vimos que em uma região submetida a um campo elétrico, uma carga fica sob ação de uma força (atração ou repulsão), que faz com que ela se movimente. Isso indica que em qualquer ponto do campo elétrico existe um potencial para realização de trabalho, independente da carga inserida ali. Utilizamos V como simbologia para potencial elétrico e sua unidade de medida é o volt (V). Esse potencial é diretamente proporcional à carga geradora do campo elétrico e inversamente proporcional a distância entre o ponto analisado e a carga geradora. Em outras palavras, quanto maior a carga geradora, maior será o potencial elétrico e quanto maior for a distância, menor será este. O potencial elétrico é uma grandeza escalar e pode ser positivo ou negativo, de acordo com a carga geradora em questão. A expressão matemática para ele é: P á g i n a | 22 𝑉 = 𝐾𝑄 𝑑 (Eq. 6) Onde K é a constante dielétrica (9𝑥109 Nm²/C²), Q é o valor absoluto da carga elétrica (Coulomb, C) e d é a distância (metro, m). Nota-se que, por essa equação, cargas positivas criam potenciais elétricos positivos e cargas negativas criam potenciais elétricos negativos, ao seu redor. Sendo todos os pontos equidistantes em relação a carga geradora, os potenciais são iguais. Assim, são chamados de superfícies equipotenciais. 1.8 Exemplos resolvidos Exemplo resolvido 01 Ao se retirar 5,0𝑥1013 elétrons de um corpo neutro, qual será sua carga final? 01 – Dados 𝑛 = 5,0𝑥1013 𝑞 = 1,6 × 10−19 𝐶 02 – Equações 𝑄 = 𝑞 × 𝑛 03 – Cálculos 𝑄 = 1,6 × 10−19 × 5,0𝑥1013 𝑄 = +8 𝜇𝐶 Exemplo resolvido 02 Determine a carga de um corpo de 5,0 × 1019 prótons e 4,0 × 1019 elétrons. 01 – Dados 𝑛𝑝 = 5,0𝑥10 19 𝑛𝑒 = −4,0𝑥10 19 𝑞 = 1,6 × 10−19 𝐶 02 – Equações 𝑄 = 𝑞 × 𝑛 03 – Cálculos 𝑄 = ( 5,0𝑥1019 − 4,0𝑥1019)1,6 × 10−19 𝑄 = +1,6𝐶 P á g i n a | 23 Exemplo resolvido 03 Para duas cargas carregadas com +2,5𝜇𝐶 e −1,5 𝜇𝐶, distantes 300 mm uma da outra, determine a força de atração entre elas. 01 – Dados 𝑄𝑎 = 2,5 𝜇𝐶 𝑄𝑏 = −1,5 𝜇𝐶 𝐾 = 9𝑥109 𝑁𝑚² 𝐶² 𝑑 = 300 𝑚𝑚 02 – Equações 𝐹 = 𝐾𝑄𝑎𝑄𝑏 𝑑² 03 – Cálculos 𝐹 = 9𝑥1092,5𝑥10−61,5𝑥10−6 0,3² 𝐹 = 0,375 𝑁 Exemplo resolvido 04 Determine o potencial elétrico e o campo elétrico de uma carga carregada com 5,0 𝜇𝐶 a 20 cm. 01 – Dados Q = 5,0 𝜇𝐶 d = 20 cm 𝐾 = 9𝑥109 𝑁𝑚² 𝐶² 𝑉 = 𝐾𝑄 𝑑 02 – Equações 𝐸 = 𝐾𝑄 𝑑² 03 – Cálculos 𝑉 = 9𝑥109 𝑥 5,0𝑥10−6 0,2 V = 225 kV 𝐸 = 9𝑥109 𝑥 5,0𝑥10−60,2² E = 1.125 MN/C Resumo Nesta aula, abordamos: Conceitos de campo elétrico; Conceitos de carga elétrica; Conceitos de força de atração e repulsão; Conceitos de potencial elétrico. Complementar Para reforçar a aprendizagem, acesso os livros abaixo em sua biblioteca virtual. Eletromagnetismo: Fundamentos e Simulações. Claudio Elias da Silva, Arnaldo José Santiago; Alan Freitas Machado e Altair Souza de Assis. Pearson. ISBN: 9788543001111. Eletromagnetismo. Branislav M. Notaros. Pearson. ISBN: 9788564574267. Você também pode acessar os vídeos de fundamentos da eletricidade ofertados pelo Me Passa Aí. <https://mepassaai.com.br/canais/exatas/fundamentos-da-eletricidade>. Referências Bibliográficas Básica: ALMEIDA, Jason E. Motores Elétricos: Manutenção e Testes. 3. ed. Rio de Janeiro, Hemus, 2004. 190p. CAPUANO, F.G.; MENDES, Maria Aparecida. Laboratório de Eletricidade e Eletrônica. 20. ed. São Paulo: Érica, 2003. 309p. CREDER, H., Instalações Elétricas. Editora LTC, São Paulo, 2002. CURTHER, Phillip. Análise de Circuitos CA com Problemas Ilustrativos. São Paulo: Mc Graw – Hill, 1976. 351p. GUSSOW, M., Eletricidade Básica. Makron Books, São Paulo, 1997. MARKUS, Otávio. Circuitos Elétricos – Corrente Contínua e Corrente Alternada. 6. ed. Rio de Janeiro: Érica, 2001. 286p. QUEVEDO, Carlos Peres. Circuitos Elétricos. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1988. 433p. SAY, M.G. Eletricidade Geral: Fundamentos. Rio de Janeiro: Hemus, 2004. 96 p. AULA 1 Exercícios 1.1 Qual o número de elétrons retirado de um corpo de carga elétrica igual a 32 𝜇𝐶? 1.2 Qual o número de elétrons inserido em um corpo de carga elétrica igual a -80 𝑛𝐶? 1.3 De um corpo neutro foram retirados um milhão de elétrons. Qual é a carga elétrica final? 1.4 Em um corpo eletrizado de carga inicial igual a 1 𝑝𝐶, foi inserido um milhão de elétrons. Qual é o valor de sua carga final? 1.5 Um corpo de carga inicial igual a -12 𝜇𝐶 perdeu n elétrons, passando então a ter uma carga de 2 𝜇𝐶. Quantos elétrons ele perdeu? 1.6 Como eletrizamos um corpo neutro por contato? 1.7 Como eletrizamos um corpo neutro por indução? 1.8 Uma carga elétrica de 20 𝑛𝐶 encontra-se no vácuo. Calcule a intensidade e o sentido do campo elétrico num raio de 1 m. Em um raio de 2 m qual seria o valor da intensidade do campo? O que acontece quando variamos a distância do campo elétrico? 1.9 Imagine agora que uma carga elétrica no valor de 10 𝑛𝐶 foi inserida a uma distância de um metro da carga apresentada no exercício 1.8. Qual é a intensidade e o sentido da força que age sobre esta carga? Qual seria essa força para uma distância de 2 m? Como a força é afetada pela distância entre as cargas? 1.10 Determine a intensidade e o sentido de uma força entre duas cargas de valor 10 𝜇𝐶 e 2 𝑛𝐶, no vácuo, distantes a 3 cm uma da outra? 1.11 Qual é a intensidade e o sentido de uma força entre duas cargas de valor igual a 50 𝑛𝐶 e -18 𝜇𝐶, no ar, distantes a 4 cm uma da outra. 1.12 Determine o potencial elétrico criado por uma carga de 20 𝑛𝐶 em outra carga de 10 𝑛𝐶, a uma distância de 1 m. Agora, determine o potencial a uma distância de 2 m. Como a distância afeta o potencial elétrico. 1.13 Duas cargas, no valor de -20 𝜇𝐶 e 20 𝜇𝐶 estão a uma distância de 6 m uma da outra. Suponha que as cargas estão fixas e no vácuo. Imagine agora, 3 pontos (A, B e C), posicionados a 1 m, 3 m e 5 m, respectivamente, a partir da carga negativa 28 em direção a positiva. Desenhe um esquema representativo. Determine os campos elétricos gerados por ambas às cargas em cada um dos pontos. Determine os potenciais elétricos nos pontos. Imagine uma carga inserida na posição A, no valor de - 10 𝜇𝐶, como ela se movimentará? Por quê? Suponha esta mesma carga em cada um dos pontos e calcule sua força resultante para cada caso. Princípios da eletrodinâmica Aula 2 APRESENTAÇÃO DA AULA Nesta aula estudaremos o conceito de eletrodinâmica. OBJETIVOS DA AULA Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: Compreender o que é tensão elétrica; Compreender o que é diferença de potencial; Compreender o que é corrente elétrica; Compreender o que são fontes de alimentação; Compreender o que é bipolo; Compreender o que é terra. P á g i n a | 30 2 INTRODUÇÃO 2.1 Tensão elétrica 2.1.1 Diferença de potencial - DDP Para que uma carga se movimente, ou seja, para que exista condução de eletricidade, é necessário que ela seja exposta a uma diferença de potencial (DDP). Imagine uma região exposta a um campo elétrico (�⃗� ), criado por uma carga positiva (Q), como demonstrado na figura 7 apresentada abaixo. Figura 7: Exemplo de ddp – Força de atração. Fonte: MARKUS (1997) Inserindo uma carga negativa (q) no ponto A, localizado a uma distância 𝑑𝐴 da carga positiva geradora do campo elétrico (Q), ele irá se mover no sentido contrário à direção do campo elétrico, devido à força de atração que surge na carga negativa (q), em direção ao ponto B, localizado a uma distância 𝑑𝐵 da carga Q. Desde que 𝑑𝐴 > 𝑑𝐵, o potencial do ponto A é menor que o potencial do ponto B, logo, 𝑉𝐴 < 𝑉𝐵. Podemos observar que uma carga negativa se move do menor potencial para o maior. Por outro lado, se uma carga positiva (q) for inserida no ponto B, ela irá mover- se na mesma direção do campo elétrico, seguindo do potencial maior para o menor. Podemos ver isso na figura 8, apresentada abaixo: P á g i n a | 31 Figura 8: Exemplo de ddp – Força de repulsão. Fonte: MARKUS (1997) 2.1.2 Tensão elétrica Tensão elétrica é a diferença de potencial elétrico entre dois pontos. Utilizamos V para simbolizar, mas algumas literaturas também utilizam U ou E como simbologia de tensão elétrica. A unidade de medida é o volt (V). A equação de tensão elétrica é: 𝑉 = 𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 (Eq. 7) Onde V é a tensão elétrica em volts (V), 𝑉𝐵 é o maior potencial e 𝑉𝐴 o menor, ambos em volts (V). Em um circuito elétrico, indicamos a tensão por uma seta voltada para o ponto com maior potencial. 2.2 Corrente elétrica Eletrodinâmica é o estudo das cargas elétricas em movimento, ou seja, a diferença de potencial elétrico e o movimento das cargas elétricas. Quando uma diferença de potencial é aplicada em um condutor metálico, seus elétrons livres movem-se de forma ordenada no sentido contrário ao campo elétrico. Chamamos esse movimento de elétrons de corrente elétrica, simbolizada por I, cuja unidade de medida é o ampere (A). 2.2.1 Intensidade da corrente elétrica Podemos medir a intensidade instantânea da corrente elétrica com a variação da carga 𝑑𝑄, em Coulomb (C), através da seção transversal de um condutor no intervalo de tempo 𝑑𝑡, em segundos (s). Logo, temos a equação abaixo: P á g i n a | 32 𝐼′ = 𝑑𝑄 𝑑𝑡 (Eq. 8) Em condições cuja variação da carga seja linear, a corrente será contínua e constante. Então, podemos calcular a corrente por meio da equação abaixo: 𝐼 = 𝛥𝑄 𝛥𝑡 (Eq. 9) Pelas equações 8 e 9, percebemos que a unidade comumente utilizada para corrente elétrica, o ampere, é equivalente a Coulomb/segundo (C/s). Em condutores metálicos, apenas cargas elétricas negativas compõem a corrente elétrica, deslocando-se do potencial menor para o maior. A fim de evitar o uso de valores negativos para corrente, utilizamos um sentido convencional, considerando que a corrente elétrica em um condutor metálico é formada por cargas positivas, indo do potencial maior para o menor. Indicamos, no circuito elétrico, a correnteconvencional através de uma seta, do sentido potencial maior para o menor. 2.3 Fontes de alimentação Denominamos fonte de alimentação, ou fonte de tensão, o dispositivo responsável por fornecer tensão a um circuito elétrico. Alguns exemplos de fonte de alimentação são: pilhas, baterias, fontes de alimentação eletrônica, corrente contínua e corrente alternada. A figura 9, apresentada abaixo, demonstra a simbologia usual de fontes de alimentação em circuitos elétricos. Figura 9: Fonte de alimentação. Fonte: MARKUS (1997) Pilhas e baterias produzem energia elétrica por meio da energia liberada em reações químicas. Após certo tempo de uso, a tensão disponível se torna menor, devido ao fato de que as reações químicas passam a gerar menos energia, reação após reação. Existem também pilhas e baterias recarregáveis por meio de aparelhos P á g i n a | 33 apropriados. Esse é um fator crucial no que se diz respeito à preservação do meio ambiente. Infelizmente, ainda hoje muitas pessoas descartam suas pilhas e baterias usadas de forma inapropriada e isso acaba gerando danos à saúde e ao meio ambiente, visto que este dispositivo é fabricado com materiais altamente tóxicos. Ao invés de pilhas e baterias, é comum que se utilize circuitos eletrônicos que convertem tensão alternada em tensão contínua. Também é comum a utilização de fontes de alimentação variável, cuja principal vantagem é fornecer tensão continua e constante, e o valor pode ser ajustado pelo operador, de forma manual, conforme a necessidade de uso. Os equipamentos citados acima fornecem corrente continua (CC), ou seja, uma fonte de alimentação que mantém sempre a mesma polaridade, ou seja, a corrente no circuito tem sempre o mesmo sentido. Há ainda a corrente alternada (CA), fornecida às residências e indústrias por companhias de energia elétrica. Nesse tipo de alimentação, a tensão muda de polaridade em períodos bem definidos, tendo a corrente intercalando o sentido. A corrente alternada é gerada nos mais diversos tipos de usinas de energia elétrica, tais como, hidrelétricas, termoelétricas e nucleares. Devido ao enorme potencial hídrico, o Brasil é um dos países com maior número de usinas hidrelétricas. 2.4 Bipolos gerador e receptor Bipolo é qualquer dispositivo formado por dois terminais. Quando a corrente entra no dispositivo pelo pólo de menor potencial e sai pelo pólo de maior potencial, dizemos que o bipolo eleva o potencial elétrico, logo ele recebe o nome de gerador ou bipolo ativo. No entanto, quando a corrente entra pelo pólo de maior potencial e sai pelo de menor, dizemos que o bipolo provoca a queda de potencial elétrico, sendo então chamado de receptor ou bipolo passivo. A figura 10, a seguir, traz a simbologia usual para bipolos genéricos, utilizados em circuitos elétricos. Figura 10: Bipolo genérico. Fonte: MARKUS (1997) P á g i n a | 34 2.5 Terra (GND) ou Potencial de referência Em todo circuito deve existir um ponto cujo potencial elétrico servirá de referência para a medida das tensões. Normalmente, a referência é o polo negativo da fonte de alimentação, que pode ser considerado um ponto de potencial zero, o que faz com que a tensão entre qualquer ponto do circuito e essa referência se torne o próprio potencial elétrico do ponto em questão. A essa referência damos o nome de terra ou GND (Ground). Na maioria dos equipamentos, o potencial de referência é ligado à própria carcaça do equipamento, caso esta seja metálica, e a um terceiro pino no plugue que ligamos à rede elétrica. A função deste terceiro pino é conectar o terra do circuito à malha de aterramento da instalação elétrica, protegendo assim o usuário e o equipamento de quaisquer acúmulos de cargas elétricas. Abaixo, na figura 11, apresentam-se as simbologias usuais utilizadas em circuitos elétricos para o potencial de referência. Figura 11: Terra (GND) ou potencial de referência. Fonte: MARKUS (1997) 2.6 Exemplos resolvidos Exemplo resolvido 01 Uma corrente elétrica constante de 7 A percorre um fio condutor durante 1 segundo. Determine o módulo da carga elétrica e a quantidade de elétrons que atravessam a secção transversal do fio. 01 – Dados I = 7 A ∆𝑡 = 1𝑠 𝑞 = 1,6 × 10−19 𝐶 02 – Equações 𝐼 = 𝛥𝑄 𝛥𝑡 𝑄 = 𝑞 × 𝑛 P á g i n a | 35 03 – Cálculos 7 = 𝛥𝑄 1 𝑄 = 7 𝐶 7 = 1,6 × 10−19 × 𝑛 𝑛 = 4,375𝑥1019 elétrons Exemplo resolvido 02 Qual a corrente necessária para que 5000 elétrons percorram um fio condutor num intervalo de 3 segundos. 01 – Dados ∆𝑡 = 3 𝑠 𝑞 = 1,6 × 10−19 𝐶 02 – Equações 𝐼 = 𝛥𝑄 𝛥𝑡 𝑄 = 𝑞 × 𝑛 03 – Cálculos 𝑄 = 1,6 × 10−19 × 5000 𝑄 = 8𝑥10−16 𝐶 𝐼 = 8𝑥10−16 3 𝐼 = 2,67𝑥10−16 𝐴 Exemplo resolvido 03 Qual o tempo necessário para que uma carga de 1,6 𝜇𝐶 atravesse um fio condutor numa corrente de 5 A. 01 – Dados 𝑄 = 1,6 𝜇𝐶 𝐼 = 5 𝐴 02 – Equações 𝐼 = 𝛥𝑄 𝛥𝑡 03 – Cálculos 5 = 1,6𝑥10−6 𝛥𝑡 𝛥𝑡 = 0,32 𝜇𝑠 Resumo Nesta aula, abordamos: Conceitos de tensão elétrica; Conceitos de diferença de potencial; Conceitos de corrente elétrica; Conceitos de fonte de alimentação Conceitos de bipolos; Conceitos de terra. Complementar Para reforçar a aprendizagem, acesso os livros abaixo em sua biblioteca virtual. Eletromagnetismo: Fundamentos e Simulações. Claudio Elias da Silva, Arnaldo José Santiago; Alan Freitas Machado e Altair Souza de Assis. Pearson. ISBN: 9788543001111. Eletromagnetismo. Branislav M. Notaros. Pearson. ISBN: 9788564574267. Você também pode acessar os vídeos de fundamentos da eletricidade ofertados pelo Me Passa Aí. <https://mepassaai.com.br/canais/exatas/fundamentos-da-eletricidade>. Referências Bibliográficas Básica: ALMEIDA, Jason E. Motores Elétricos: Manutenção e Testes. 3. ed. Rio de Janeiro, Hemus, 2004. 190p. CAPUANO, F.G.; MENDES, Maria Aparecida. Laboratório de Eletricidade e Eletrônica. 20. ed. São Paulo: Érica, 2003. 309p. CREDER, H., Instalações Elétricas. Editora LTC, São Paulo, 2002. CURTHER, Phillip. Análise de Circuitos CA com Problemas Ilustrativos. São Paulo: Mc Graw – Hill, 1976. 351p. GUSSOW, M., Eletricidade Básica. Makron Books, São Paulo, 1997. MARKUS, Otávio. Circuitos Elétricos – Corrente Contínua e Corrente Alternada. 6. ed. Rio de Janeiro: Érica, 2001. 286p. QUEVEDO, Carlos Peres. Circuitos Elétricos. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1988. 433p. SAY, M.G. Eletricidade Geral: Fundamentos. Rio de Janeiro: Hemus, 2004. 96 p. AULA 2 Exercícios 2.1 O que é diferença de potencial? O que é tensão elétrica? 2.2 Qual a intensidade de uma corrente elétrica, sabendo que durante 12 s, a variação da carga é igual a 3600 𝜇C? 2.3 Uma corrente de 2 mA passou por um fio condutor durante 45 s. Quantos elétrons passaram por este fio neste intervalo de tempo? 2.4 O que é uma fonte de alimentação? 2.5 Qual a diferença entre um bipolo gerador e um bipolo receptor? 2.6 Qual é a função do terra? Resistência elétrica e Lei de Ohm Aula 3 APRESENTAÇÃO DA AULA Nesta aula estudaremos o conceito de resistência elétrica e as leis de Ohm. OBJETIVOS DA AULA Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: Compreender o que é resistência elétrica; Compreender o que são as leis de Ohm; Compreender o que é condutância; Compreender o que são resistências ôhmicas; Compreender o que é curto-circuito; Compreender o que é resistividade. P á g i n a | 41 3 INTRODUÇÃO3.1 Resistência elétrica Em alguns materiais, existe uma oposição à condução da corrente elétrica, que é provocada principalmente pela dificuldade que os elétrons livres encontram para moverem-se através da estrutura atômica destes materiais. Essa caraterística dos materiais à oposição da passagem da corrente elétrica é denominada resistência. Simbolizamos resistência elétrica pela letra R e sua unidade de medida é o ohm (Ω). Na figura 9, abaixo, está apresentado à simbologia de desenho para resistência. Figura 12: Simbologia de desenho para resistência. Fonte: MARKUS (1997) Basicamente, o valor da resistência elétrica é fruto da natureza dos materiais, de suas dimensões e temperaturas. Quando os elétrons se chocam, isso promove transferência de parte de sua energia, e então passam a vibrar com maior intensidade, o que acaba aumentando a temperatura do material. Denominamos esse aumento de temperatura por efeito Joule, mas abordaremos melhor este assunto nos capítulos posteriores. 3.2 Primeira Lei de Ohm A resistência comporta-se como um bipolo passivo, ou seja, provoca a queda de potencial, consumindo energia elétrica fornecida por uma fonte de alimentação, quando uma corrente passa por ela. A intensidade dessa corrente está interligada ao valor da tensão aplicada e da própria resistência. Chamamos de comportamento ôhmico a característica linear, o momento em que a tensão e a corrente agem como uma razão constante para uma determinada corrente, ou seja, a tensão dividida pela corrente é sempre igual ao valor da resistência elétrica. Essa relação entre tensão, P á g i n a | 42 corrente e resistência é denominada primeira lei de ohm, cuja formulação matemática é: V = RI (Eq. 10) Onde V é a tensão, em volt (V), R é a resistência em ohm (Ω) e I é a corrente em ampere (A). 3.2.1 Condutância Outra característica dos materiais é a condutância, que ao contrário da resistência, demonstra a facilidade com qual a corrente elétrica atravessa os materiais. Assim, tem-se condutância como o inverso da resistência, e representa-se simbolicamente por G, cuja unidade de medida é 1/Ohm (Ω−1) ou siemens (S). A equação 11 expressa matematicamente à afirmação acima: 𝐺 = 1 𝑅 (Eq. 11) Onde G é a condutância e R é a resistência elétrica. 3.2.2 Resistências Ôhmicas e não Ôhmicas No geral, resistências elétricas tem um comportamento ôhmico (linear). Porém, para alguns materiais, em especial as sensíveis ao calor e a luz, essa regra não é válida, pois demonstram comportamento não linear. Para esses casos, deve-se aplicar um método de análise estatístico para o cálculo correto das grandezas envolvidas. Ou seja, a primeira lei de Ohm é aplicada somente às resistências cujo comportamento seja linear! 3.2.3 Curto Circuito Quando ligamos um condutor diretamente entre os pólos de uma fonte de alimentação, a corrente tende a ser extremamente alta! A essa condição damos o nome de curto circuito, e devemos evitá-la. A alta corrente produz um calor intenso devido ao efeito Joule e pode danificar a fonte de alimentação e até mesmo provocar incêndios na rede elétrica. É por esse motivo que normalmente vemos fusíveis ou P á g i n a | 43 disjuntores instalados a um circuito elétrico. Dessa forma, estamos sempre protegidos de um aumento inesperado de corrente e consequentes danos a instalação ou equipamento. 3.3 Segunda Lei de Ohm A relação entre a resistência de um material com a sua natureza e suas dimensões é estabelecida na segunda lei de ohm. Quando abordamos o quesito natureza, os materiais se diferenciam por suas resistividades, característica representada por ρ (rô), cuja unidade de medida é ohm vezes metro (Ωm). Já quando o assunto são as dimensões do material, é importante levar em consideração aspectos como comprimento, representado por L, em metros (m), e a área de seção transversal, representada pela letra S, em metros ao quadrado (m²). De acordo com a segunda lei de Ohm, podemos expressar a equação 12, apresentada abaixo. 𝑅 = ρ𝐿 𝑆 (Eq. 12) Dizemos, então, que: "A resistência de um material é diretamente proporcional à sua resistividade e ao seu comprimento, e inversamente proporcional à sua área de seção transversal." Podemos afirmar que, a resistência aumentará de acordo com o aumento do comprimento, a diminuição da área de seção transversal e o aumento da resistividade do material. A tabela 1, apresentada abaixo, traz os valores de resistividade média para diversos tipos de materiais. Todos os valores apresentados são aproximados e tomados a uma temperatura de 20 °C. P á g i n a | 44 Tabela 1: Resistividade média. Classificação Material - (T = 20°C) Resistividade - ρ (Ωm) Metal Prata 1,6x10−8 Cobre 1,7 x10−8 Alumínio 2,8 x10−8 Tungstênio 5,0 x10−8 Liga Latão 8,6 x10−8 Constantã 50 x10−8 Níquel-cromo 110 x10−8 Carbono Grafite 4000 a 8000 x10−8 Isolante Água pura 2,5 x103 Vidro 1010 a 1013 Porcelana 3,0 x1012 Mica 1013 a 1015 Baquelite 2,0 x1014 Borracha 1015 a 1016 Âmbar 1016 a 1017 3.4 Resistência X Temperatura A temperatura é intimamente ligada à resistividade dos materiais, ou seja, a variação da temperatura é responsável pela variação da resistividade dos materiais. Devemos então considerar outra característica dos materiais, o coeficiente de temperatura. Isso nos mostra a maneira com a qual a resistividade, e consequentemente, a resistência variam com a temperatura. Simbolizamos o coeficiente de temperatura por α (alfa) e sua unidade de medida é (°𝐶−1). Temos então a equação 13 para calcular a variação da resistividade em função da temperatura e do coeficiente de temperatura: 𝜌 = ρ0(1 + 𝛼𝛥𝑇) (Eq. 13) Onde ρ é a resistividade do material, em ohm vezes metro (Ωm), à temperatura (T); ρ0 é a resistividade do material, em ohm vezes metro (Ωm), à uma temperatura de referência (𝑇0); 𝛥𝑇 é a variação de temperatura, ou seja (𝑇 − 𝑇0), em graus célsius (°C); α é o coeficiente de temperatura do material, em (°𝐶−1). Podemos então dizer que a razão entre a resistência e a resistividade de um material a uma determinada temperatura é igual a razão entre a resistência e resistividade deste mesmo material à uma temperatura de referência. P á g i n a | 45 Podemos compreender melhor por meio da equação 14, logo abaixo. 𝑅 𝜌 = 𝑅0 𝜌0 (Eq. 14) Abaixo, na tabela 2, apresentamos alguns valores típicos para coeficiente de temperatura, para diversos materiais. Tabela 2: Coeficiente de temperatura. Classificação Material Coeficiente - α (°𝑪−𝟏) Metal Prata 0,0038 Alumínio 0,0039 Cobre 0,004 Tungstênio 0,0048 Liga Constantã 0 (valor médio) Níquel-cromo 0,00017 Latão 0,0015 Carbono Grafite -0,0002 a -0,0008 3.5 Exemplos resolvidos Exemplo resolvido 01 Determine a intensidade necessária de uma corrente para atravessar uma resistência de 10 Ω ligada a uma tensão de 120 V. 01 – Dados V=120 V R=10 Ω 02 – Equações V=RI 03 – Cálculos 120=10 I I=12 A Exemplo resolvido 02 Qual deve ser o material de um retângulo de 10x5x1 mm para se obter uma resistência de 40 𝜇Ω? 01 – Dados R = 40 𝜇Ω P á g i n a | 46 L = 10 mm S = 5x1 mm 02 – Equações 𝑅 = ρ𝐿 𝑆 03 – Cálculos 40𝑥10−6 = ρ10x10−3 5𝑥10−6 ρ = 2x10−8 𝛺𝑚 Agora basta escolher um material com resistividade próxima a esse valor, na tabela apresentada neste capítulo. O material cuja resistividade mais se aproxima deste valor é o cobre. Exemplo resolvido 03 Uma resistência de 100 Ω é feita de alumínio e possui temperatura inicial de 20°C. Após determinado horário, esta resistência é aquecida até 85°C. Nesta nova temperatura, qual será o valor de sua resistência? 01 – Dados 𝑇0 = 20°𝐶 𝑅 = 100 Ω 𝑇𝐹 = 85°𝐶 Material: Alumínio 𝜌0= 2,8 x10 −8 𝛺𝑚 ∝= 0,0039°𝐶−1 02 – Equações 𝜌 = ρ0(1 + 𝛼𝛥𝑇) 𝑅 𝜌 = 𝑅0 𝜌0 03 – Cálculos 𝜌 = 2,8 x10−8[1 + 0,0039(85 − 20)] 𝜌 = 3,51𝑥10−8 𝑅 3,51𝑥10−8 = 100 2,8 x10−8 R = 125,35 Ω Resumo Nesta aula, abordamos: Conceitos de resistência elétrica; Conceitos de condutância; Conceitos de resistência ôhmica; Conceitos de curto-circuito; Conceitos de resistividade; Leis de Ohm. Complementar Para reforçar a aprendizagem, acesso os livros abaixo em sua biblioteca virtual. Eletromagnetismo: Fundamentos e Simulações. Claudio Elias da Silva, Arnaldo José Santiago; Alan Freitas Machado e Altair Souza de Assis. Pearson. ISBN: 9788543001111. Eletromagnetismo. Branislav M. Notaros. Pearson. ISBN: 9788564574267. Você também pode acessar os vídeos de fundamentos da eletricidade ofertados pelo Me Passa Aí. <https://mepassaai.com.br/canais/exatas/fundamentos-da-eletricidade>. Referências Bibliográficas Básica: ALMEIDA, Jason E. Motores Elétricos: Manutenção e Testes. 3. ed. Rio de Janeiro, Hemus, 2004. 190p. CAPUANO, F.G.; MENDES, Maria Aparecida. Laboratório de Eletricidade e Eletrônica. 20. ed. São Paulo: Érica, 2003. 309p. CREDER, H., Instalações Elétricas. Editora LTC, São Paulo, 2002. CURTHER, Phillip. Análise de Circuitos CA com Problemas Ilustrativos. São Paulo: Mc Graw – Hill, 1976. 351p. GUSSOW, M., Eletricidade Básica. Makron Books, São Paulo, 1997. MARKUS, Otávio. Circuitos Elétricos – Corrente Contínua e Corrente Alternada. 6. ed. Rio de Janeiro: Érica, 2001. 286p. QUEVEDO, Carlos Peres. Circuitos Elétricos. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1988. 433p. SAY, M.G. Eletricidade Geral: Fundamentos. Rio de Janeiro: Hemus, 2004. 96p. AULA 3 Exercícios 3.1 Qual é a intensidade da corrente elétrica que passa por uma resistência de 1k Ω submetida a uma tensão de 12 V? 3.2 Por uma resistência de 150 Ω passa uma corrente elétrica de 60 mA. Qual é a queda de tensão neste ponto? 3.3 A corrente de 150 𝜇𝐴 provoca uma queda de tensão de 1,8 V ao passar por uma resistência. Qual é o valor desta resistência? 3.4 Qual é a condutância correspondente a uma resistência de 10 kΩ. 3.5 Determine a resistência de um fio de cobre com 4 mm de diâmetro e 10 km de comprimento. 3.6 Para obtermos uma resistência de 2,43 Ω com um fio de níquel-cromo de 1 mm de diâmetro, qual deve ser o comprimento utilizado? 3.7 Imagine um retângulo com comprimento de 20 cm, altura de 2 mm e largura de 4 mm. A resistência entre as extremidades deste retângulo é de 1,5 Ω. De que material deveria ser este retângulo para obtermos esse valor de resistência? 3.8 Duas resistências no valor de 100 Ω, a uma temperatura inicial de 20°C são aquecidas até certo ponto. Uma das resistências é de grafite e a outra é de níquel- cromo. Quais são os novos valores de resistência para a temperatura de 100°C. Potência elétrica e Energia elétrica Aula 4 APRESENTAÇÃO DA AULA Nesta aula estudaremos o conceito de potência elétrica. Abordaremos alguns conceitos de energia. Abordaremos também, alguns conceitos de eletricidade. OBJETIVOS DA AULA Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: Compreender o que é potência elétrica; Compreender o conceito de Energia; Compreender o conceito de Eletricidade. P á g i n a | 52 4 INTRODUÇÃO 4.1 Potência elétrica Potência elétrica é a razão entre a quantidade de energia elétrica gerada em um intervalo de tempo por um dispositivo elétrico. A equação 15, apresentada abaixo, exemplifica a definição de potência elétrica. 𝑃 = 𝜏 𝛥𝑡 (Eq. 15) Onde 𝜏 é a energia elétrica, em joule (J), Δt é a variação do tempo, em segundos (s) e P, é a potência elétrica, em joule dividido por segundo (J/s). Podemos, enquanto analisamos um circuito elétrico, escrever uma equação para potência que leve em consideração a quantidade de carga elétrica fornecida por uma fonte de tensão em um intervalo de tempo. Temos então, a equação 16, apresentada abaixo. 𝑃 = 𝑉𝑄 ∆𝑡 (Eq. 16) Onde, V é a tensão, em volt (V), Q é a carga elétrica, em Coulomb (C), e Δt é o intervalo de tempo, em segundos. Há ainda uma maneira de simplificar o conceito de potência elétrica em um circuito. Sabemos que a corrente elétrica é a razão entre a quantidade de carga e um intervalo de tempo (verificar equação 9), logo, utilizando esse conceito na equação 16, obtemos a equação 17, apresentada abaixo. 𝑃 = 𝑉𝐼 (Eq. 17) Onde V é a tensão, em volt (V), I é a corrente, em ampere (A), e P é a potência, em volt vezes ampere (VA). Por uma questão de praticidade, é mais comum a utilização da equação 17, embora as equações 15 e 16 forneçam os mesmos resultados. Isso porque a tensão e a corrente de um circuito são facilmente adquiridas por meio de um multímetro. É possível calcular a potência dissipada em um resistor, em função da resistência, por meio das equações 18 e 19, apresentadas abaixo. 𝑃 = 𝑅𝐼² (Eq. 18) ou 𝑃 = 𝑉² 𝑅 (Eq. 19) P á g i n a | 53 Onde P é a potência, R é a resistência, I é a corrente e V é a tensão. A tensão dissipada nas resistências é normalmente transformada em energia térmica por efeito Joule. É importante ressaltar que qualquer potência pode aparecer na forma de watt (W), que é equivalente a joule dividido por segundo (J/s). 4.2 Energia elétrica 4.2.1 Definição de energia É a grandeza que caracteriza um sistema físico. Independente das transformações que venham a ocorrer no sistema, a energia mantém seu valor. Isso expressa à capacidade de modificar o estado de outros sistemas nos quais ela está interagindo. Tabela 3: Energia: simbologia e unidade de medida. Energia Simbologia Τ (tau) Unidade de medida (SI) J (joule) Existem diversos tipos de energia, como energia elétrica, energia térmica, energia mecânica, etc. A energia pode ser transformada de um tipo para o outro, de acordo com o princípio da conservação de energia, no entanto, não existe um processo ideal de transformação de um tipo de energia em outro. Sempre há energias indesejáveis no processo, e por definição, chamamos essas energias de perdas. Um exemplo seria a lâmpada incandescente, onde a energia elétrica é convertida em duas outras energias: energia luminosa e energia térmica, que é perdida em forma de calor. 4.2.2 Eletricidade Denominamos eletricidade como a forma de energia associada a fenômenos oriundos de cargas elétricas (eletrostática ou eletrodinâmica); onde eletrostática é a carga elétrica em repouso e a eletrodinâmica, em movimento. Para o estudo completo P á g i n a | 54 da eletricidade, há vários conceitos que ainda devem ser estudados, como tensão, corrente, resistência e potência. Mas abordaremos esses tópicos nos capítulos seguintes. 4.2.3 Equação da energia elétrica Para calcularmos a quantidade de energia elétrica consumida por circuitos eletrônicos, podemos usar a equação 20, apresentada abaixo. Τ =P Δt (Eq. 20) Onde tau é a quantidade de energia, P é a potência e Δt o intervalo de tempo analisado. 4.3 Exemplos resolvidos Exemplo resolvido 01 Qual deve ser a corrente para um dispositivo de 110 V operando em uma potência de 50 W? 01 – Dados V =110 V P = 50 W 02 – Equações 𝑃 = 𝑉𝐼 03 – Cálculos 50 = 110 𝐼 𝐼 = 454,5 𝑚𝐴 Exemplo resolvido 02 Qual é a potência de um dispositivo capaz de consumir 50 J em 12 s? 01 – Dados 𝜏 = 50 𝐽 𝛥𝑡 = 12 𝑠 02 – Equações 𝑃 = 𝜏 𝛥𝑡 P á g i n a | 55 03 – Cálculos 𝑃 = 50 12 𝑃 = 4,2 𝑊 Exemplo resolvido 03 Sua mãe quer saber quanto ela gasta cadavez que utiliza o secador. Você então resolver ajudá-la a calcular esse gasto utilizando seus conhecimentos de fundamentos da eletricidade. A potência do secador é de 2000 W e a rede elétrica de sua casa é de 120 V. Cada vez que sua mãe utiliza o secador, ela o mantem continuamente ligado durante 20 minutos. Sabendo que o custo do kWh é de 50 centavos, qual é o gasto mensal de sua mãe se ela o utilizar ao menos quatro vezes na semana? 01 – Dados P = 2 kW V = 120 V ∆𝑡 = 5,33ℎ Custo = R$ 0,5 kWh 02 – Equações Τ =P Δt 03 – Cálculos Τ =2000x5,33 Τ =10,7 kWh Agora que sabemos a quantidade de energia gasta, basta calcular o custo. 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 = 10,7𝑥0,5 Custo mensal é R$ 5,35 Resumo Nesta aula, abordamos: Conceitos de potência elétrica. Conceitos de energia; Conceitos de eletricidade Complementar Para reforçar a aprendizagem, acesso os livros abaixo em sua biblioteca virtual. Eletromagnetismo: Fundamentos e Simulações. Claudio Elias da Silva, Arnaldo José Santiago; Alan Freitas Machado e Altair Souza de Assis. Pearson. ISBN: 9788543001111. Eletromagnetismo. Branislav M. Notaros. Pearson. ISBN: 9788564574267. Você também pode acessar os vídeos de fundamentos da eletricidade ofertados pelo Me Passa Aí. <https://mepassaai.com.br/canais/exatas/fundamentos-da-eletricidade>. Referências Bibliográficas Básica: ALMEIDA, Jason E. Motores Elétricos: Manutenção e Testes. 3. ed. Rio de Janeiro, Hemus, 2004. 190p. CAPUANO, F.G.; MENDES, Maria Aparecida. Laboratório de Eletricidade e Eletrônica. 20. ed. São Paulo: Érica, 2003. 309p. CREDER, H., Instalações Elétricas. Editora LTC, São Paulo, 2002. CURTHER, Phillip. Análise de Circuitos CA com Problemas Ilustrativos. São Paulo: Mc Graw – Hill, 1976. 351p. GUSSOW, M., Eletricidade Básica. Makron Books, São Paulo, 1997. MARKUS, Otávio. Circuitos Elétricos – Corrente Contínua e Corrente Alternada. 6. ed. Rio de Janeiro: Érica, 2001. 286p. QUEVEDO, Carlos Peres. Circuitos Elétricos. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1988. 433p. SAY, M.G. Eletricidade Geral: Fundamentos. Rio de Janeiro: Hemus, 2004. 96p. AULA 4 Exercícios 4.1 Num circuito padrão de lanterna, sabendo que a lâmpada está especificada para uma potência de 900 mW, quando alimentada por uma tensão de 4,5 V, determine a corrente consumida pela lâmpada e sua resistência. 4.2 Imagine um resistor de 1 kΩ e 0,5 W. Qual a corrente máxima e a tensão máxima que ele pode suportar? Qual seria sua potência para uma tensão que fosse a metade da máxima? 4.3 Um dispositivo residencial está especificado para 110 V e 100 W. Se em um período de 30 dias, 5 horas diárias, este dispositivo for utilizado, qual será a quantidade de energia elétrica consumida? A empresa que fornece energia elétrica cobra uma tarifa de R$ 0,13267 por kWh mais um imposto de 33,33%. Quanto esse dispositivo gastará em reais? 4.4 Uma turbina de uma usina hidrelétrica gera energia de 100000 kWh para abastecer uma rede elétrica com tensão de 110 V. Quantas lâmpadas de 200 W e 110 V essa turbina pode alimentar simultaneamente sem ultrapassar seu limite? 4.5 Defina energia. 4.6 Defina principio da conservação da energia. 4.7 Defina eletricidade. Leis de Kirchhoff e Associação de Resistores, Divisores de Tensão e de Corrente e Ponte de Wheatstone Aula 5 APRESENTAÇÃO DA AULA Nesta aula estudaremos as Leis de Kirchhoff, conceito de associação de resistores, conceitos de divisores de tensão e de corrente e Ponte de Wheatstone. OBJETIVOS DA AULA Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: Compreender as Leis de Kirchhoff; Compreender o conceito de associação de resistores; Compreender o conceito de divisores de tensão e de corrente; Compreender o conceito de ponte de Wheatstone. P á g i n a | 61 5 INTRODUÇÃO 5.1 Elementos de um circuito elétrico Existem três elementos básicos que compõem um circuito elétrico, são eles: Ramo, nó e malha. Em qualquer parte do circuito que tivermos um ou mais dispositivos ligados em série, damos o nome de ramo. Quando possuímos um ponto qualquer no circuito, onde há uma ligação entre três ou mais ramos, damos o nome de nó. E por último, a malha é qualquer parte do circuito, interna ou externa, em que os ramos formam um caminho fechado para a corrente. Na figura 13, apresentada abaixo, exemplifica-se ramo, nó e malha, respectivamente. Figura 13: Ramo, nó e malha. Fonte: MARKUS (1997) 5.2 Leis de Kirchhoff Em um circuito elétrico só é permitido um único sentido e valor de corrente elétrica para cada ramo. Podemos então, calcular às tensões em cada ramo, com base na corrente pré-determinada. Para analisarmos um circuito, devemos ter em mente duas leis básicas da eletricidade. A primeira delas é a Lei de Kirchhoff para correntes, a lei dos nós. O enunciado desta lei é: "A soma das correntes que chegam a um nó é igual à soma das correntes que saem desse nó." Ou seja, o somatório das correntes que chegam e deixam o nó é igual à zero. Por praticidade, definimos que as correntes que chegam a um nó são positivas, enquanto que as correntes que saem deste mesmo nó são negativas. P á g i n a | 62 A segunda é a lei de Kirchhoff para tensões, a lei das malhas. O enunciado desta lei nos diz: "A soma das tensões que elevam o potencial do circuito é igual à soma das tensões que causam a queda de potencial." Logo, o somatório das tensões que elevam e diminuem o potencial deve ser igual à zero. Por definição, dizemos que as tensões que elevam o potencial, ou seja, os geradores são positivos, enquanto que as tensões que provocam a queda do potencial, ou seja, os receptores são negativos. 5.3 Associação de resistores Em alguns casos, precisamos obter valores de resistência diferentes dos encontrados comercialmente. Ou então, precisamos montar circuitos elétricos com a necessidade de dividir uma tensão ou uma corrente, de forma que ficamos limitados no que se diz respeito aos dispositivos encontrados no mercado. Nesse momento, podemos utilizar uma técnica simples e eficiente para a montagem dos resistores, fazendo uma associação dos mesmos, ou seja, ligamos as resistências em paralelo e/ou série. Montando assim uma rede resistiva, ou seja, um circuito formado por diversas resistências ligas em paralelo e/ou em série, alimentadas por uma única fonte de alimentação. Em uma rede resistiva, temos simbolicamente a presença de uma resistência equivalente, que nada mais é que a soma de todas as resistências contidas na rede resistiva. A obtenção da resistência equivalente é diferente para resistências em série ou em paralelo, mas abordaremos melhor esse assunto nos tópicos seguintes. O importante, agora, é ter em mente que para a fonte de alimentação, uma rede resistiva, independentemente da quantidade de resistências que tenha, comporta-se como uma única resistência equivalente. Outra característica é a corrente total, fruto da utilização da rede resistiva, que é muitas vezes necessária para o funcionamento correto de um circuito elétrico. Dessa forma, mesmo se substituíssemos todas as resistências da rede resistiva por uma única resistência com o mesmo valor da resistência equivalente, a fonte de alimentação forneceria a mesma corrente. P á g i n a | 63 5.3.1 Resistência em série Em uma rede resistiva em série, todas as resistências estão ligadas de maneira que a corrente que passe por elas tenha a mesma intensidade. Por outro lado, a tensão total fornecida pela fonte de alimentação é subdivididaentre as resistências, de maneira proporcional ao valor de cada resistência. Para o cálculo da resistência equivalente em série, utilizamos a equação 20, apresentada abaixo. 𝑅𝑒𝑞 = ∑𝑅𝑛 (Eq. 20) Ou seja, deve-se somar a quantidade “n” de resistências que compõem a rede resistiva. Podemos, também, dizer que a potência total fornecida por uma fonte de alimentação a uma rede resistiva em série é igual ao somatório das potências dissipadas em cada resistência. Com isso em mente, temos a equação 21, apresentada abaixo, comumente utilizada para o cálculo da potência equivalente. 𝑃𝑒𝑞 = 𝑅𝑒𝑞𝐼² (Eq. 21) Onde 𝑃𝑒𝑞 é a potência equivalente do circuito, I é a corrente total, e 𝑅𝑒𝑞 é a resistência equivalente da rede resistiva. A Figura 14, logo abaixo, nos trás um exemplo de um arranjo de resistências em série, contido em um circuito. Figura 14: Circuito com rede resistiva em série. Fonte: MARKUS (1997) P á g i n a | 64 5.3.2 Resistência em paralelo Em uma rede resistiva em paralelo, as resistências estão ligadas de forma que a tensão total fornecida ao sistema se mantenha a mesma em cada resistência, enquanto que a corrente total seja subdivida entre as resistências de forma inversamente proporcional aos seus valores. Temos então, a equação 22, que nos permite o cálculo da resistência equivalente total. 1 𝑅𝑒𝑞 = ∑ 1 𝑅𝑛 (Eq. 22) Onde “n” é o número de resistências contidas na rede resistiva. Para o cálculo das potências envolvidas no circuito, pode-se aplicar à equação 21, já apresentada no tópico anterior. Atentando-se, obviamente, para o cálculo correto da resistência equivalente. Abaixo, na figura 15, tem-se um exemplo de um circuito elétrico com uma rede resistiva em paralelo. Figura 15: Circuito com rede resistiva em paralelo. Fonte: MARKUS (1997) 5.3.3 Resistência mista A rede resistiva mista é composta por resistências em série e em paralelo. Não existe, uma equação geral para esse tipo de resistência equivalente, pois ela varia de acordo com cada circuito. Para o cálculo da resistência equivalente, deve- se aplicar os conceitos de rede resistiva em série e em paralelo, aliados aos conceitos da Lei de Ohm. Uma maneira prática para a análise do circuito é fragmentá-lo em partes e calcular separadamente cada parte do mesmo, vindo a juntá-los de acordo com o avanço dos cálculos. A prática é a melhor maneira de se aprender os métodos corretos de análise de uma rede resistiva mista. P á g i n a | 65 5.4 Configurações estrela e triângulo Agora que já conhecemos às associações em série e em paralelo de um circuito, é possível resolver boa parte dos problemas relacionados a circuito elétrico. No entanto, é comum que alguns circuitos possuam uma configuração diferente, que não se enquadram nos conceitos de série e paralelo. Essas configurações são conhecidas como triângulo e estrela, apresentados na figura 16, abaixo. Figura 16: Configuração estrela e triângulo. Fonte: MARKUS (1997) Existe um método para solucionar esse tipo de problema, que consiste em converter uma configuração na outra, sem que as resistências alterem suas características elétricas no circuito. Para este método, fazemos uso das equações 22 até a equação 24, para converter a configuração estrela em triângulo, e das equações 25 até 27, para converter a configuração triângulo em estrela. Todas as equações estão apresentadas abaixo. 𝑅12 = 𝑅1𝑅2+𝑅1𝑅3+𝑅2𝑅3 𝑅3 (Eq. 22) 𝑅13 = 𝑅1𝑅2+𝑅1𝑅3+𝑅2𝑅3 𝑅2 (Eq. 23) 𝑅23 = 𝑅1𝑅2+𝑅1𝑅3+𝑅2𝑅3 𝑅1 (Eq. 24) 𝑅1 = 𝑅12𝑅13 𝑅12+𝑅13+𝑅23 (Eq. 25) 𝑅2 = 𝑅12𝑅23 𝑅12+𝑅13+𝑅23 (Eq. 26) 𝑅23 = 𝑅13𝑅23 𝑅12+𝑅13+𝑅23 (Eq. 27) P á g i n a | 66 A figura 17, apresentada abaixo, demonstra de forma esquemática a transformação das configurações, de acordo com o uso das equações 22 até 27. Figura 17: Esquema das configurações transformadas. Fonte: MARKUS (1997) 5.4.1 Divisor de tensão Como vimos no tópico 6.3.1, em uma série de resistências, a tensão da fonte de alimentação se subdivide entre as resistências. Nesse momento, tem-se um divisor de tensão. Existe uma equação geral para o cálculo da tensão localizada para uma determinada resistência associada à tensão aplicada a ela. Na equação 28, apresentamos a maneira geral para se calcular a tensão localizada em uma determinada resistência. 𝑉𝑖 = 𝑅𝑖𝑉 𝑅𝑒𝑞 (Eq. 28) Onde 𝑉𝑖 é a tensão localizada no divisor de tensão, 𝑅𝑖 é a resistência analisada, 𝑅𝑒𝑞 é a resistência equivalente da rede resistiva e V é a tensão de alimentação da mesma. 5.4.2 Divisor de corrente No tópico 6.3.2, aprendemos que a corrente se subdivide entre as resistências, em uma rede resistiva em paralelo. Nesse momento, passamos a ter um divisor de P á g i n a | 67 corrente. Existe uma equação geral para o cálculo da corrente localizada em uma determinada resistência, e ela é apresentada na equação 29, logo abaixo. 𝐼𝑖 = 𝑅𝑒𝑞𝐼 𝑅𝑖 (Eq. 29) Onde 𝐼𝑖 é a corrente localizada no divisor de corrente, 𝑅𝑒𝑞 é a resistência equivalente da rede resistiva, 𝑅𝑖 é a resistência analisada, e I é a corrente total do circuito. 5.5 Ponte de Wheatstone Definimos como ponte de Wheatstone um circuito utilizado em instrumentação eletrônica, pelo qual é possível mensurar além da resistência elétrica, grandezas como temperatura, força e pressão. Para que isso se torne possível, devemos utilizar sensores ou transdutores que transformem as grandezas medidas em resistência elétrica. A figura 18, apresentada abaixo, demonstra um circuito básico da Ponte de Wheatstone. Figura 18: Circuito básico de uma ponte Wheatstone. Fonte: MARKUS (1997) Podemos notar que na realidade, temos um divisor de corrente onde cada ramo representa um divisor de tensão. É importante focar nossa atenção sobre a tensão 𝑉𝐴𝐵 entre as extremidades A e B, que não estão ligadas diretamente na fonte de alimentação. Vamos agora formular uma equação para a ponte de Wheatstone. Primeiro, devemos separar a ponte em duas partes, onde cada parte se comportará como um divisor de tensão, conforme exemplificado na Figura 19 abaixo. P á g i n a | 68 Figura 19: Divisores de tensão. Fonte: MARKUS (1997) Definimos então as tensões VA e VB por meio das equações 30 e 31, apresentadas abaixo. 𝑉𝐴 = 𝑅2 𝑅1+𝑅2 𝑉 (Eq. 30) 𝑉𝐵 = 𝑅4 𝑅3+𝑅4 𝑉 (Eq. 31) Dizemos que a ponte está em equilíbrio quando 𝑉𝐴𝐵 é igual a zero. Desde que a diferença entre 𝑉𝐴 e 𝑉𝐵 é equivalente a 𝑉𝐴𝐵, temos que 𝑉𝐴 é igual a 𝑉𝐵. Logo, obtemos a equação 32, apresentada abaixo. 𝑅2𝑅3 = 𝑅1𝑅4(Eq. 32) Concluímos então que a condição de equilíbrio da ponte de Wheatstone é obtida pela equivalência entre o produto das resistências opostas. 5.5.1 Ohmímetro em ponte Podemos utilizar a ponte de Wheatstone para medir, com precisão razoável, resistências de valor desconhecido. Para isso, devemos utilizar um milivoltímetro de zero central (𝑚𝑉) ligado entre os pontos A e B, conforme a figura 20 abaixo. Figura 20: Ohmímetro em Ponte. Fonte: MARKUS (1997) P á g i n a | 69 Agora, deve-se substituir uma das resistências conhecidas (𝑅1) pela resistência desconhecida (𝑅𝑥) a qual queremos calcular. Substituímos agora outra resistência conhecida (𝑅3), por uma década resistiva (𝑅𝐷). Devemos agora ajustar o valor da década resistiva até que a ponte entre em equilíbrio, ou seja, o milivoltímetro indique uma tensão 𝑉𝐴𝐵 igual à zero. Tendo agora esses valores, basta utilizar a equação 33, apresentada abaixo, para calcular o valor da resistência desconhecida 𝑅𝑥. 𝑅𝑥 = 𝑅2𝑅𝐷 𝑅4 (Eq. 33) A principal aplicação da ponte de Wheatstone é que a resistência desconhecida vista no tópico anterior é normalmente um sensor ou um transdutor, cuja resistência
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