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214040220120_SUMULAS_DIR_TRIB_AULA_02

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AULA 02 
Súm. 546. Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por decisão, que o contribuinte 
“de jure” não recuperou do contribuinte “de facto” o “quantum” respectivo. 
Comentários: No passado, o posicionamento do STF era pela impossibilidade de restituição de tributos indiretos, 
juízo inclusive objeto da Súmula nº 71: 
Súmula nº 71. Embora pago indevidamente, não cabe restituição de tributo indireto. 
Com o passar do tempo, a opinião dos Ministros do STF foi modificada, pois esse Tribunal passou a admitir a 
restituição de tributos indiretos, desde que houvesse a comprovação do não repasse do encargo financeiro para o 
próximo da cadeia, conforme podemos absorver da Súmula nº 546 do STF. 
Segundo o artigo 166 do CTN, a restituição dos tributos indiretos poderá ocorrer em duas circunstâncias: 
I – se houver comprovação que aquele que praticou o fato gerador não repassou o tributo recolhido para o próximo 
da cadeia e 
II – se houver o repasse, o contribuinte tenha autorização expressa daquele que suportou o encargo financeiro para 
pleitear a restituição. 
Assim, podemos concluir que hoje é possível sim a restituição de tributos indiretos, consoante julgamento do STF e 
previsão legal; porém o contribuinte deverá comprovar uma das duas hipóteses do artigo166 do CTN, ou que não 
houve o repasse do encargo financeiro, isto é, ele mesmo suportou esse ônus, ou ocorrido o repasse para o próximo 
da cadeia, o contribuinte tenha uma autorização expressa para poder restituir. 
Importante ressaltar ainda que nos tributos indiretos o consumidor final, via de regra, não poderá pleitear a restitui-
ção, pois ainda que tenha suportado o encargo financeiro, ele não é contribuinte do tributo, porque não praticou o 
fato gerador. 
Isso porque o art. 165 do CTN determina que apenas o contribuinte ou responsável tributário é que podem pleitear 
a restituição. Na prática, aquele que suporta o ônus financeiro da tributação indireta é denominado pela doutrina e 
jurisprudência por “contribuinte de fato”, porque de fato ele quem pagou o tributo, ao considerarmos que suportou 
todo o encargo financeiro. Com relação ao sujeito que praticou o fato gerador, denominamos de “contribuinte de 
direito”, e por isso apenas esse é que poderá pedir a restituição, pois se enquadra como contribuinte nos termos do 
artigo 121, I, do CTN. 
Nessa perspectiva, note a ementa de julgado do STJ: 
(...) 
1. O “contribuinte de fato” (in casu, distribuidora de bebida) não detém legitimidade ativa ad causam para pleitear a 
restituição do indébito relativo ao IPI incidente sobre os descontos incondicionais, recolhido pelo “contribuinte de 
direito” (fabricante de bebida), por não integrar a relação jurídica tributária pertinente. 
2. O Código Tributário Nacional, na seção atinente ao pagamento indevido, preceitua que: 
“Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, 
seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: 
I – cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária 
aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; 
 
 
 
 
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II – erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito 
ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; 
III – reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. 
Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro 
somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, 
estar por este expressamente autorizado a recebê-la”. 
3. Consequentemente, é certo que o recolhimento indevido de tributo implica a obrigação do Fisco de devolução do 
indébito ao contribuinte detentor do direito subjetivo de exigi-lo. 
4. Em se tratando dos denominados “tributos indiretos” (aqueles que comportam, por sua natureza, transferência 
do respectivo encargo financeiro), a norma tributária (artigo 166 do CTN) impõe que a restituição do indébito so-
mente se faça ao contribuinte que comprovar haver arcado com o referido encargo ou, caso contrário, que tenha 
sido autorizado expressamente pelo terceiro a quem o ônus foi transferido. 
5. A exegese do referido dispositivo indica que: “... o art. 166 do CTN, embora contido no corpo de um típico veículo 
introdutório de norma tributária, veicula, nesta parte, norma específica de direito privado, que atribui ao terceiro o 
direito de retomar do contribuinte tributário, apenas nas hipóteses em que a transferência for autorizada normativa-
mente, as parcelas correspondentes ao tributo indevidamente recolhido: Trata-se de norma privada autônoma, que 
não se confunde com a norma construída da interpretação literal do art. 166 do CTN. É desnecessária qualquer 
autorização do contribuinte de fato ao de direito, ou deste àquele. Por sua própria conta, poderá o contribuinte de 
fato postular o indébito, desde que já recuperado pelo contribuinte de direito junto ao Fisco. No entanto, note-se que 
o contribuinte de fato não poderá acionar diretamente o Estado, por não ter com este nenhuma relação jurídica. Em 
suma: o direito subjetivo à repetição do indébito pertence exclusivamente ao denominado contribuinte de direito. 
Porém, uma vez recuperado o indébito por este junto ao Fisco, pode o contribuinte de fato, com base em norma de 
direito privado, pleitear junto ao contribuinte tributário a restituição daqueles valores. 
A norma veiculada pelo art. 166 não pode ser aplicada de maneira isolada, há de ser confrontada com todas as 
regras do sistema, sobretudo com as veiculadas pelos arts. 165, 121 e 123 do CTN. Em nenhuma delas está con-
signado que o terceiro que arque com o encargo financeiro do tributo possa ser contribuinte. Portanto, só o contri-
buinte tributário tem direito à repetição do indébito. 
Ademais, restou consignado alhures que o fundamento último da norma que estabelece o direito à repetição do 
indébito está na própria Constituição, mormente no primado da estrita legalidade. Com efeito a norma veiculada 
pelo art. 166 choca-se com a própria Constituição Federal, colidindo frontalmente com o princípio da estrita legali-
dade, razão pela qual há de ser considerada como regra não recepcionada pela ordem tributária atual. E, mesmo 
perante a ordem jurídica anterior, era manifestamente incompatível frente ao Sistema Constitucional Tributário então 
vigente” (CERQUEIRA DE, Marcelo Fortes Curso de especialização em direito tributário. Estudos Analíticos em 
Homenagem a Paulo de Barros Carvalho. Coordenação de Eurico Marcos Diniz de Santi. Rio de Janeiro: Ed. Fo-
rense, 2007. p. 390-393) 
6. Deveras, o condicionamento do exercício do direito subjetivo do contribuinte que pagou tributo indevido (contri-
buinte de direito) à comprovação de que não procedera à repercussão econômica do tributo ou à apresentação de 
autorização do “contribuinte de fato” (pessoa que sofreu a incidência econômica do tributo), à luz do disposto no 
artigo 166 do CTN, não possui o condão de transformar sujeito alheio à relação jurídica tributária em parte legítima 
na ação de restituição de indébito. 
 
 
 
 
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7. À luz da própria interpretação histórica do artigo 166 do CTN, dessume-se que somente o contribuinte de direito 
tem legitimidade para integrar o polo ativo da ação judicial que objetiva a restituição do “tributo indireto” indevida-
mente recolhido (CANTO, Gilberto Ulhôa. Repetição de Indébito”. In: Caderno de Pesquisas Tributárias, n° 8, São 
Paulo: Resenha Tributária, 1983. p. 2-5; CERQUEIRA, Marcelo Fortes de, op.cit., 2007, p. 390-393). 
8. É que, na hipótese em que a repercussão econômica decorre da natureza da exação, “o terceiro que suporta com 
o ônus econômico do tributo não participa da relação jurídica tributária, razão suficiente para que se verifique a 
impossibilidade desse terceiro vir a integrar a relação consubstanciada na prerrogativa da repetição do indébito, não 
tendo, portanto, legitimidade processual” (CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário – Linguagem e Método. 
2. ed. São Paulo: Ed. Noeses, 2008. p. 583). 
(...) 
(REsp nº 903.394/AL, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 24/03/2010, DJe de 26/04/2010). 
 
Desse modo, o contribuinte de direito, ou seja, aquele que praticou o fato gerador só poderá pleitear a restituição 
de tributo indireto, se preencher os requisitos do artigo 166 do CTN, quer dizer, se comprovar que não repassou o 
encargo financeiro para o próximo da cadeia, ou se houve o repasse de que ele tem autorização do contribuinte de 
fato (que suportou o ônus financeiros) para restituir. 
O contribuinte de fato, via de regra, não pode pleitear a restituição por não se enquadrar no conceito de contribuinte 
definido pelo artigo 121 do CTN e não ter participado da relação jurídico-tributária. 
Em que pese a regra ser para o contribuinte de fato não poder pedir a restituição, existe uma hipótese, definida pelo 
STJ para o consumidor final requerer a restituição, que é o caso do ICMS energia elétrica. O entendimento desse 
Tribunal é nesse sentido, ao verificar que mesmo frente à existência da Súmula nº 391 do STJ, que determina que 
o ICMS deve ser recolhido sobre o valor da energia consumida e não pelo valor da energia contratada, as conces-
sionárias, para não se indisporem com os Estados, continuavam recolhendo o ICMS sobre o valor da energia con-
tratada, simplesmente ignorando a Súmula nº 391 e assim repassavam esse valor para o consumidor final, que não 
podendo pedir a restituição ficava de mãos atadas. 
Por essa razão, o atual posicionamento do STJ é pela possibilidade de o consumidor final (contribuinte de fato), no 
caso do ICMS energia elétrica, requerer a restituição: 
(....) 
I. A Primeira Seção do STJ, ao julgar o REsp 1.299.303/SC (Rel. 
Ministro CESAR ASFOR ROCHA, DJe de 14/08/2012), sob o rito do art. 
543-C do CPC, pacificou o entendimento no sentido de que o usuário do serviço de energia elétrica (consumidor 
em operação interna), na condição de contribuinte de fato, é parte legítima para discutir a incidência do ICMS sobre 
a demanda contratada e não utilizada de energia elétrica, bem como para pleitear a repetição do indébito referente 
ao mencionado tributo, não sendo aplicável, na hipótese, a orientação firmada pela Primeira Seção desta Corte, no 
julgamento do REsp 903.394/AL (Rel. Ministro LUIZ FUX, DJe de 26/04/2010), também submetido à sistemática 
prevista no art. 543-C do CPC. 
(...) 
(AgRg no REsp 1332559/CE, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/09/2014, 
DJe 02/10/2014) 
 
 
 
 
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◊Súm. 584. Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício 
financeiro em que deve ser apresentada a declaração. 
 
Comentários: O fato gerador do imposto de renda ocorre no período-base – no dia 31 de dezembro – e, ao aplicar 
a lei vigente no exercício da entrega da declaração (que é o ano seguinte), estar-se-ia violando o princípio da irre-
troatividade, que o imposto de renda deve respeitar. 
Imagine-se que, no ano de 2013, o contribuinte já sabe que sobre a sua renda auferida terá de recolher 27,5% de 
IR, porém, no final desse exercício é majorada a alíquota para 32,5%, em atenção ao princípio da anterioridade, só 
poderá ser exigido esse tributo em 2014, ano da entrega da declaração. De acordo com a Súmula n. 584 do STF, a 
renda auferida pelo contribuinte no exercício de 2013 estaria sujeita à nova alíquota, pois a entrega da declaração 
de IR só ocorreria em abril de 2014. 
Há nítida violação à irretroatividade, pois o fato gerador do IR ocorreu em 2013, portanto, ao aplicar a lei de 2014, 
ela retroagiria para alcançar um fato pretérito, o que é inadmissível em nosso ordenamento jurídico. 
Além disso, se seguirmos a doutrina majoritária que defende que a lei que institui ou majora o tributo entra em vigor 
em um exercício e só terá eficácia no seguinte, em respeito à anterioridade, ao seguirmos a orientação da Súmula 
n 584 do STF a situação piora, pois além de ofender ao princípio da irretroatividade, ofenderia, também, o princípio 
da anterioridade. 
Para Paulo de Barros Carvalho: “Não advogamos a tese de que tais normas (as que criam ou aumentam tributos) 
entrem, efetivamente, em vigor, nas datas que estipulem, ficando a eficácia jurídica dos fatos previstos em suas 
hipóteses protelada até o início do próximo exercício financeiro.” 
Assim, por esse entendimento a lei que entra em vigor em 2014, ano da entrega da declaração em nosso exemplo 
acima, é a lei que majorou naquele ano o tributo, podendo, por tanto, só ter eficácia a majoração em 2015. 
Ao que parece esse é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça que refuta a aplicação da Súmula n. 584 do 
STF justamente por entender que há violação aos Princípios da Anterioridade e da Irretroatividade. A seguir pode 
ser analisada a ementa de julgado proferido por esse Tribunal: 
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. APLICA-
ÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 584, DO STF. INAPLICABILIDADE. 1. Os Decretos-Lei n. 
1.967/82 e 2.065/83 não podem regular o imposto de renda apurado em demonstrações financeiras cujos exercícios 
sociais se encerraram antes de sua vigência. 2. Inaplicável o verbete sumular n. 584, do STF, erigido à luz da 
legislação anterior à atual Carta Magna, vigendo, desde então, os princípios da anterioridade e da irretroatividade 
da lei tributária. 3. Agravo regimental provido. Agravo de instrumento desprovido (AgRg no Ag 420.635/SP, rel. Min. 
Luiz Fux, 1ª Turma, j. em 03.10.2002, DJ de 28.10.2002, p. 239). 
Em setembro de 2014, o STF julgou um caso, sob a relatoria do então Ministro Carlos Velloso, cuja ementa menci-
ona sobre a não aplicabilidade da Súmula nº 584 do STF ao caso apreciado, vejamos: 
 
 
 
 
 
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Ementa: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. OPERAÇÕES INCENTIVADAS. LEI 7.988/89, 
ART. 1º, I. 1. Não é legítima a aplicação retroativa do art. 1º, I, da Lei 7.988/89 que majorou a alíquota incidente 
sobre o lucro proveniente de operações incentivadas ocorridas no passado, ainda que no mesmo exercício. Relati-
vamente a elas, a legislação havia conferido tratamento fiscal destacado e mais favorável, justamente para incre-
mentar a sua exportação. A evidente função extrafiscal da tributação das referidas operações afasta a aplicação, 
em relação a elas, da Súmula 584/STF. 2. Recurso Extraordinário improvido. 
(RE 183130, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Relator(A) p/ Acórdão: Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, 
julgado em 25/09/2014, DJe-225, divulg. em 14.11.2014, public. em 17.11.2014, Ement. v. 02758-01, p. 00001). 
 
 
Ao ler apenas a ementa desse julgado equivocadamente poderíamos afirmar que o STF reviu seu entendimento 
anterior e decidiu por não mais aplicar a Súmula nº 584 do STF. Porém, ao ler a íntegra do acórdão, deparamos 
com uma intensa discussão sobre o assunto e que apenas para esse específico caso decidiu-se pela não aplicação 
do verbete sumular por se tratar de situação em que o imposto de renda assume o caráter extrafiscal. Nesse sentido 
trecho do voto no RE nº 183.130: 
 
“A possibilidade de alteração de alíquotas, após o Poder Público ter alcançado seu desiderato com o incentivo, 
quebra o liame básico da confiança que deve nortear as relações comerciais. Há uma relação de causalidade entre 
a redução da alíquota e o comportamentoeconômico dos particulares. 
(...) 
Por isso, após a ocorrência do efeito extrafiscal, não há como o Poder Público alterar a promessa que fez em forma 
de incentivo fiscal. Do contrário, não haveria como restabelecer o vínculo de confiança entre Poder Público e pessoa 
privada e, por consequência, a própria eficácia de políticas de incentivo fiscal estaria inarredavelmente comprome-
tida. 
(...) 
No caso do IR ser utilizado em caráter extrafiscal, a configuração do fato gerador dá-se em outro momento. O 
momento da realização da operação. Destaco, ainda, o vínculo de confiança entre Poder Público e entidade privado, 
o vínculo de causa e efeito entre redução de alíquota e comportamento econômico desejável. Por isso, após a 
realização do comportamento estimulado, a lei nova somente poderia ter eficácia para novas possibilidades de 
comportamentos sob o risco de ser inconstitucional por violação à irretroatividade das leis em matéria de extrafis-
calidade.” 
 
Em que pese o Ministro Carlos Velloso sustentar pela não mais aplicação da Súmula 584 do STF tendo em vista o 
princípio constitucional de que a lei não prejudicará o direito adquirido e o ato jurídico perfeito, bem como deixar-se 
de dar cumprimento ao princípio constitucional da irretroatividade da lei, a maioria dos Ministros presentes no julga-
mento do RE nº 183.130 seguiram o voto do Ministro Nelson Jobim que afasta a aplicação da referida súmula 
apenas quando o IR assume caráter extrafiscal, sustentando sua aplicação para o imposto de renda com viés fiscal. 
Ainda, alguns dos Ministros deixaram entrelinhas que o teor dessa súmula será motivo de reapreciação em momento 
oportuno. 
 
 
 
 
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Por essa razão, temos que para fins de provas de concursos, a Súmula 584 do STF ainda está em plena vigência, 
embora haja referida polêmica acerca do assunto, sendo afastada apenas quando o imposto de renda assume 
caráter extrafiscal. 
 
 
 
Súm. Vinculante 52. Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer 
das entidades referidas pelo artigo 150, inciso VI, alínea “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis 
seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. 
 
Comentários: A súmula em comento é, na verdade, uma interpretação da regra prevista no art. 150, § 4º da CF que 
esclarece que todas as pessoas do artigo 150, VI, “c”, da CF (entidade de assistência social sem fins lucrativos, 
entidades de educação sem fins lucrativos, partidos políticos e suas fundações e sindicato dos trabalhadores), ainda 
que tenham imóveis locados para terceiros, não irão pagar IPTU desses imóveis, desde que utilizem o valor dos 
aluguéis para cumprimento de suas finalidades essenciais. 
 
Súm. 75. Sendo vendedora uma autarquia, a sua imunidade fiscal não compreende o imposto de transmissão “inter 
vivos”, que é encargo do comprador. 
 
Comentários: Vale ressaltar, primeiramente que o art. 42 do CTN determina que cabe a legislação municipal deter-
minar quem será o sujeito passivo do ITBI. A maioria dos Municípios elegem o comprador do imóvel, mas isso não 
é uma regra. 
A súmula em referência faz alusão as hipóteses em que o comprador do imóvel tenha que recolher o ITBI, nesses 
casos, o STF entendeu que a imunidade tributária recíproca que beneficia o vendedor não se estende ao comprador 
particular não imune. 
 
Súm. 76. As sociedades de economia mista não estão protegidas pela imunidade fiscal do art. 31, V, “a”, Constitui-
ção Federal. 
 
Comentários: A súmula esclarece algo que, à época poderia gerar dúvidas, porém, atualmente o art. 150, VI, a e §§ 
2º e 3º deixam bem claro que a imunidade recíproca não alcança as empresas públicas e sociedades de economia 
mista, uma vez que exercem atividades econômicas em regime de livre iniciativa e de livre concorrência. 
O STF em casos específicos, tem compreendido que algumas empresas públicas e algumas sociedades de econo-
mia mista gozam de imunidade, quando prestam serviço público de caráter obrigatório e de forma exclusiva. 
 
Súm. 324. A imunidade do art. 31, V, da Constituição Federal não compreende as taxas. 
 
 
 
 
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Comentários: A súmula refere-se ao texto do art. 31, V, da Constituição de 1946 que corresponde ao atual art. 150, 
VI da CF/88. 
Como é cediço, as imunidades do art. 150, VI da CF referem-se apenas aos impostos, não alcançando, portanto as 
demais espécies tributárias. 
Porém, vale ressaltar que há possibilidade de imunidade de taxas, como se depreende do texto constitucional, mas 
não nas hipóteses do art. 150, VI. 
 
Súm. 336. A imunidade da autarquia financiadora, quanto ao contrato de financiamento, não se estende à compra 
e venda entre particulares, embora constantes os dois atos de um só instrumento. 
 
Comentários: A súmula em questão refere-se a uma situação em que dois particulares celebravam contrato de 
compra e venda e pactuaram com terceiro, Caixa Econômica Federal, que à época tinha natureza de autarquia. Por 
essa razão, pretendiam que a imunidade tributária concedida à autarquia os eximisse do imposto do selo. 
O STF entendeu que as partes do contrato de compra e venda não eram detentoras da imunidade tributária, não 
havendo razão para a autarquia estender-lhes o benefício. 
 
Súm. 591. A imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produtor, contribuinte do imposto 
sobre produtos industrializados. 
 
Comentários: Em uma relação jurídico-tributária, referente aos impostos indiretos, existe: i) o contribuinte de direito, 
que deve recolher o tributo, por ter praticado o fato gerador (contribuinte, nos termos do art. 121, I, do CTN), ou que 
recolhe o tributo em razão de a lei ter-lhe atribuído a condição de responsável (nos termos do art. 121, II, do CTN); 
e ii) o contribuinte de fato, que suportou o encargo financeiro, geralmente esse é o consumidor final. 
Assim, o industrial que realiza a operação de industrialização do produto deve recolher o IPI por ter praticado o fato 
gerador, ele é o contribuinte de direito (de jure). No entanto, no caso de o industrial embutir o IPI que teve de recolher 
no preço do produto industrializado, repassando esse ônus para o consumidor final, que acaba por suportar o en-
cargo financeiro do imposto, esse consumidor final é denominado de contribuinte de fato. 
Nesse sentido, o STF tem entendido que o Ente Federativo somente terá direito à imunidade tributária se estiver na 
condição de contribuinte de direito. Por conseguinte, se for contribuinte de fato, não terá imunidade tributária. Segue 
julgado nesse sentido: 
TRIBUTÁRIO. ICMS. AQUISIÇÕES DE BENS. MUNICÍPIO. CONTRIBUINTE DE FATO. IMUNIDADE RECÍ-
PROCA. ART. 150, VI, “A”, DA CONSTITUIÇÃO. INAPLICABILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I – A imunidade do 
art. 150, VI, “a”, da Constituição somente se aplica ao imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do 
próprio ente beneficiado, na qualidade de contribuinte de direito. II – Como o Município não é contribuinte de direito 
do ICMS incidente sobre aquisições de bens, não tem o benefício da imunidade em questão, uma vez que esta não 
alcança o contribuinte de fato. Precedentes. III – Agravo regimental improvido (ARE 690382-AgR, rel. Min. Ricardo 
 
 
 
 
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Lewandowski, 2ª Turma, julgado em 04.12.2012, Processo Eletrônico DJe-246, divulg. em 14.12.2012, public. em 
17.12.2012, RB, v. 25, n. 591, p. 63-64, 2013) (grifos nossos). 
Considerando esse entendimento, se o Ente Federativo, por exemplo, industrializar o produto, terá imunidade – não 
irá precisar pagar o IPI –, ainda que pudesse repassar o encargo financeiro para outra pessoa. 
No entanto, nesse mesmo exemplo, quando o Ente Federativo é o consumidor final, este não poderá alegar a sua 
imunidade para não pagar o preço do produto com o tributo embutido, pois nesse caso ele estará nacondição de 
contribuinte de fato. 
 
Súm. 657. A imunidade prevista no art. 150, VI, “d”, da CF abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à 
publicação de jornais e periódicos. 
 
Comentários: O STF entende que a regra imunizante abrange todos os insumos, utilizados na fabricação do livro, 
que sejam equiparáveis ao papel, como é o caso da película destinada a dar resistência à capa de livros, do papel 
telefoto, dos filmes fotográficos, do papel fotográfico para fotocomposição por laser. 
Tal imunidade, porém, não é estendida a outros insumos que, embora utilizados na fabricação de livros, jornais ou 
periódicos não estão compreendidos na expressão “papel destinado a sua impressão”. 
O fato de a imunidade objetiva alcançar somente o papel destinado à impressão dos livros, jornais e periódicos 
causou polêmica na doutrina e jurisprudência. Isso porque, a corrente doutrinária majoritária compreende que a 
interpretação seria finalística e, como a finalidade dessa imunidade é a redução do custo do produto – favorecendo 
a veiculação de informações, do ensino, da educação e da cultura –, todos os insumos envolvidos no processo de 
produção deveriam ser imunes, visto que é o consumidor final quem de fato suporta todo o encargo financeiro. 
Nesse sentido, segue o ensinamento de Hugo de Brito Machado: 
A imunidade do livro, jornal, periódico, e do papel destinado a sua impressão, há de ser entendida em sentido 
finalístico. E o objetivo da imunidade poderia ser frustrado se o legislador pudesse tributar quaisquer dos meios 
indispensáveis à produção dos objetos imunes. Assim, a imunidade, para ser efetiva, abrange todo o material ne-
cessário à confecção do livro, jornal ou do periódico. Não apenas o exemplar deste ou daquele, materialmente 
considerado, mas o conjunto. Por isto nenhum imposto pode incidir sobre qualquer insumo, ou mesmo sobre qual-
quer dos instrumentos, ou equipamentos, que sejam destinados exclusivamente à produção desses objetos . 
A espécie de imunidade objetiva do artigo 150, VI, “d”, da CF é tão polêmica, que novamente o STF se pronunciou 
a respeito. Em abril de 2011, esse Tribunal proferiu decisão reconhecendo a imunidade às chapas de impressão 
dos jornais, por entender que a imunidade objetiva deve ser estendida aos insumos necessários para produção dos 
objetos descritos no artigo 150, VI, “d”, da CF, já que tal benesse constitucional tem por finalidade viabilizar, sem 
ônus maiores, a publicação desses materiais. 
Constituição Federal. Extraia-se da Constituição Federal, em interpretação teleológica e integrativa, a maior concre-
tude possível. IMUNIDADE. “LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O PAPEL DESTINADO A SUA IMPRESSÃO”. 
ARTIGO 150, INCISO VI, ALÍNEA “D”, DA CARTA DA REPÚBLICA. INTELIGÊNCIA. A imunidade tributária relativa 
a livros, jornais e periódicos é ampla, total, apanhando produto, maquinário e insumos. A referência, no preceito, a 
papel é exemplificativa e não exaustiva (RE n. 202149, rel. Min. Menezes Direito, rel. p/ acórdão: Min. Marco Aurélio, 
1ª Turma, julgado em 26.04.2011, DJe-195, divulg. em 10.10.2011, public. em 11.10.2011, Ement. v. 02605-01, p. 
00101, RTJ v. 00220, p. 00510 RDDT n. 198, p. 194-199, 2012). 
 
 
 
 
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Essa foi a primeira vez que o STF interpretou a imunidade objetiva de forma ampliativa, pois reiteradas vezes aplicou 
a interpretação restritiva nessa espécie de imunidade, de modo a abranger apenas o papel destinado à impressão 
dos livros, jornais e periódicos. Por esse motivo, a Fazenda inconformada apresentou recurso da decisão proferida 
no RE n. 202.149 e que se encontra pendente de decisão(conclusos ao Relator desde 04/2015 ), razão pela qual 
devemos aguardar o trânsito judicial dessa decisão. 
 
 
 
Súm. 544. Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas. 
 
Comentários: De acordo com o art. 178 do CTN, a lei que concede a isenção pode ser revogada a qualquer tempo, 
salvo se concedida por prazo certo e sob determinadas condições: 
Art. 178. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada 
ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. 
O legislador infraconstitucional estabeleceu que a isenção concedida por prazo certo e sob determinadas condições, 
conhecida como isenção onerosa, não pode ser revogada em atenção ao postulado máximo da segurança jurídica 
e do direito adquirido para aqueles que cumpriram os requisitos. 
Não se pode revogar, portanto, isenção concedida por prazo certo e sob certas premissas, sob pena de ferir a 
segurança jurídica. O STF compartilha dessa opinião por meio da Súmula n. 544: 
 
 
 
Súm. Vinculante 50. Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao prin-
cípio da anterioridade. 
 
Comentários: Nos termos do art. 150, III, “b” e “c” da CF, o tributo que for instituído ou majorado só poderá ser 
exigido no próximo exercício financeiro e desde que ultrapassados mais de 90 dias contados da data de publicação 
da lei que instituiu ou majorou o tributo. 
O Supremo Tribunal Federal compreende que a alteração na data do prazo de pagamento do tributo, ainda que o 
antecipe, não configura hipótese de instituição ou majoração de tributo e, por essa razão, não precisará respeitar o 
Princípio da Anterioridade. 
 
Súm. Vinculante 29. É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de 
cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra. 
 
 
 
 
 
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Comentários: Muitos Municípios estabeleceram como base de cálculo das taxas de coleta de lixo, a metragem do 
imóvel e por essa razão, muitos contribuintes foram até o Poder Judiciário, sob a alegação da previsão do art. 145, 
§ 2º da CF que determina que “as taxas não podem ter base de cálculo idêntica a dos impostos”, requerer a decla-
ração de inconstitucionalidade da referida taxa, pois teria a mesma base de cálculo do IPTU. 
O STF, ao analisar a base de cálculo da Taxa de Coleta de Lixo, sendo a metragem do imóvel, considerou que o 
fato de a área ser verificada para estimar o valor do IPTU, não tornaria inconstitucional a avaliação daquela, em 
virtude de não existir identidade entre elas (RE 232.393-SP, rel. Min. Carlos Velloso, 12.8.99). Ademais, no caso do 
IPTU, o critério de avaliação se refere ao valor venal do imóvel e não apenas à sua metragem. Assim sendo, a 
menção a um ou mais elementos da base de cálculo de imposto na contagem da taxa, foi considerada razoável, 
não sendo, portanto, inconstitucional. 
 
Súm. Vinculante 41. O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. 
 
Comentários: A taxa de serviço se exige em razão da utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e 
divisível. O conceito de serviço público abaixo foi extraído da lição do Celso Antônio Bandeira de Mello: 
Serviço público é toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material fruível diretamente pelos 
administrados, prestado pelo Estado ou por quem lhe faça as vezes, sob um regime de Direito Público – portanto, 
consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições especiais –, instituído pelo Estado em favor dos inte-
resses que houver definido como próprios no sistema normativo . 
O serviço público, atividade de incumbência do Estado, é prestado sempre no interesse da coletividade sem con-
cernir jamais com interesse de uma ou algumas pessoas apenas. 
Para estar sujeito à incidência de taxa, consoante preceitua o artigo 145, II, da CF, deverá ser necessariamente um 
serviço público específico e divisível. 
Por serviço específico (uti singuli), pode-se afirmar que se trata de um trabalho possível de ser identificado pela sua 
natureza contraprestacional, ou seja, quando “possamser destacados em unidades autônomas de intervenção, de 
unidade, ou de necessidades públicas” (art. 79, II, do CTN). Portanto, consiste em atividade estatal fruível individu-
almente por cada um de seus usuários. E divisível, porque deverá possibilitar a individualização de maneira a quan-
tificar o serviço utilizado, possibilitando a mensuração dessa fruição individual. 
Ressalta-se que esses requisitos devem estar presentes de forma cumulativa para permitir a exigência da taxa. 
A Taxa de Iluminação Pública foi entendida como inconstitucional pelo STF, tendo em vista a impossibilidade de 
atender ao requisito divisível do serviço de iluminação pública. 
 
 
 
Súm. 539. É constitucional a lei do município que reduz o imposto predial urbano sobre imóvel ocupado pela resi-
dência do proprietário, que não possua outro. 
 
 
 
 
 
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Comentários: Diversos Municípios concedem isenções ou reduções do IPTU para o contribuinte proprietário de 
apenas um imóvel, quando este é utilizado como residência. Em alguns casos, estabelece-se um valor máximo, 
acima do qual, mesmo único e residencial, o imóvel passa a ser tributado. Tal concessão é compatível com o prin-
cípio da capacidade contributiva e por essa razão o STF considera constitucional a lei que reduz o IPTU nessas 
circunstâncias. 
 
Súm. 583. Promitente-comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do imposto 
predial territorial urbano. 
 
Comentários: A Constituição Federal, em seu artigo 150, § 3º, estabelece que a regra imunizante, não exonera o 
promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. Tal regra visa evitar que um 
particular não imune celebre contrato de promessa de compra e venda com entidade imune, passe a deter a posse 
do imóvel e não efetiva a compra e venda, bem como, a retificação do registro do imóvel para que conste como seu 
proprietário e com isso possa se beneficiar da imunidade do IPTU. 
 
Súm. 589. É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do imposto predial e territorial urbano em função do 
número de imóveis do contribuinte. 
 
Comentários: Tendo em vista ser o IPTU um imposto real, que leva em consideração os atributos da coisa, não 
pode ser calculado em função de aspectos ou atributos do sujeito passivo, que não guardem relação com o imóvel, 
sua natureza ou destinação. 
Por essa razão, o STF entendeu que, a legislação ao acolher outros dados, alheios a propriedade, como determi-
nantes do preço a ser pago, faz do IPTU um imposto pessoal, em que se considera os atributos da pessoa e não 
da coisa. Por isso, a Corte decidiu ser inconstitucional tal tratamento. 
 
Súm. 668. É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alí-
quotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade 
urbana. 
 
Comentários: O STF entendia que a progressividade, que toma por critério a sua base de cálculo, uma vez que 
quanto maior for a riqueza a ser tributada maior será a alíquota aplicável, só seria possível nos tributos pessoais. 
Em vários julgados, afirmava que o princípio da capacidade contributiva, o qual a progressividade se justifica não 
seria aplicável aos impostos reais. 
Assim, a Corte só passou a considerar constitucional a progressividade em razão do valor venal do bem, após 
previsão no art. 156, § 1º, I. 
Vale ressalta, no entanto, que em 2013 houve mudança desse posicionamento por parte do STF, ao julgar o RE n. 
562.045, em fevereiro de 2013, modificou seu entendimento, julgando ser constitucional a progressividade no ITCM 
(Imposto sobre Transmissão de quaisquer bens por Causa Mortis) em razão do valor dos bens herdados. E, desse 
 
 
 
 
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modo, admitiu que o Princípio da Capacidade Contributiva deve ser aplicado a todos os impostos, sejam eles pes-
soais ou reais; por esse motivo, pode ser aplicada a progressividade no ITCM, conforme se nota no trecho colhido 
no voto do Ministro Marco Aurélio: 
Essa não tão breve exposição, de há mais de trinta anos, presta-se a deixar claro que todos os impostos podem e 
devem guardar relação com a capacidade contributiva do sujeito passivo e não ser impossível aferir-se à capacidade 
contributiva do sujeito passivo do ITCMD. Ao contrário, tratando-se de imposto direto, a sua incidência poderá ex-
pressar, em diversas circunstâncias, progressividade ou regressividade direta. Todos os impostos – repito – estão 
sujeitos ao princípio da capacidade contributiva, especialmente os diretos, independentemente de sua classificação 
como de caráter real ou pessoal; isso é completamente irrelevante (RE nº 542.485, rel. Min. Marco Aurélio, julgado 
em 19.02.2013, Primeira Turma, DJe de 08.03.2013) (grifos nossos). 
No mesmo sentido, a Ministra Cármen Lúcia no RE n. 562.045: 
(...) todos os impostos podem e devem guardar relação com a capacidade contributiva do sujeito passivo e não ser 
impossível aferir-se a capacidade contributiva do sujeito passivo do ITCD. Ao contrário, tratando-se de imposto 
direto, a sua incidência poderá expressar, em diversas circunstâncias, progressividade ou regressividade direta. 
Todos os impostos, repito, estão sujeitos ao princípio da capacidade contributiva, especialmente os diretos, inde-
pendentemente de sua classificação como de caráter real ou pessoal; isso é completamente irrelevante. Daí por 
que dou provimento ao recurso, para declarar constitucional o disposto no art. 18 da Lei 8.821/1989 do Estado do 
Rio Grande do Sul (RE n. 562.045, rel. p/ o ac. Minª. Cármen Lúcia, voto do Min. Eros Grau, julgado em 06.02.2013, 
Plenário, DJe de 27.11.2013, com repercussão geral) (grifos nossos). 
 
 
Súm. 656. É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão “inter vivos” 
de bens imóveis – ITBI com base no valor venal do imóvel. 
 
Comentários: No Imposto sobre Transmissão Inter Vivos, a fixação das suas alíquotas gerou muita divergência 
doutrinária. Há discussão acerca da possibilidade ou não de que as alíquotas sejam fixadas de forma progressiva, 
aumentando na mesma proporção da base de cálculo. 
A parte da doutrina que sustenta ser inconstitucional a progressividade do ITBI funda sua tese no fato de que o 
constituinte originário, ao abordar o ITBI (art. 156, § 2º, da CF), disciplinou vários aspectos do Imposto de Trans-
missão, sem qualquer referência à progressividade. Assim, a interpretação sistemática da Seção V, que especifica 
os impostos dos Municípios, leva à conclusão de que o constituinte não pretendeu estender a progressividade ao 
imposto de transmissão inter vivos. Neste contexto, cita-se o trecho do voto do Ministro Carlos Velloso ao julgar o 
Recurso Extraordinário: 
 
Afigura-se inegável que a lei do Município, ao instituir a progressividade da alíquota do imposto, o fez por presumir 
a maior capacidade contributiva do sujeito passivo, a conferir a um tributo real, uma personalização ilegítima, que 
descaracteriza juridicamente o adicional progressivo. 
Na Constituição Federal inexiste permissão para a adoção do sistema de alíquotas progressivas para a cobrança 
do ITBI. Vale dizer que, caso fosse a intenção do legislador autorizá-la, certamente teria consignado expressamente 
no texto previsão a respeito, como fez na hipótese do IPTU (art. 156, § 1º, da Lei Maior). A norma geral estatuída 
 
 
 
 
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no art. 145 da Carta Magna, sofre a restrição do referido art. 156, a desautorizar a cobrança na forma como preten-
dida pelo fisco . 
 
Consequentemente, os partidários da possibilidade da progressão das alíquotas sustentam que não há necessidade 
dessa previsão no artigo 156 da Carta Magna, uma vez que as alíquotas progressivas são formas de tributação que 
seguem o Princípio da Capacidade Contributiva, consagrado no artigo 145,§ 1º, do dispositivo legal ora mencio-
nado. 
No tocante ao Princípio da Capacidade Contributiva, Hugo de Brito Machado explica: 
A Constituição Federal de 1988 restabeleceu a norma que expressamente consagrava, na Constituição de 1946, o 
princípio da capacidade contributiva. Com efeito, em seu art. 145, § 1º, disse que os tributos “serão graduados 
segundo a capacidade econômica do contribuinte”. É certo que a expressão “sempre que possível”, utilizada no 
início do mencionado dispositivo, pode levar o intérprete ao entendimento segundo o qual o princípio da capacidade 
contributiva somente será observado quando possível. Nos parece, porém, seja essa a melhor interpretação, porque 
sempre é possível a observância do referido princípio. A nosso ver, o sempre que possível, do § 1º do art. 145, diz 
respeito apenas ao caráter pessoal dos tributos, pois na verdade nem sempre é tecnicamente possível um tributo 
com caráter pessoal . 
Não obstante a progressividade atinja resultados mais precisos quando se aplica sobre a renda auferida, há que se 
admitir que a do ITBI obedece efetivamente ao Princípio da Capacidade Contributiva. Ora, tem-se como legítima a 
presunção de que o adquirente de um imóvel de maior valor tem maior capacidade de arcar com o ônus tributário 
do que quem negociou um imóvel de valor menos elevado, devendo, por isso, suportar uma tributação maior. 
Conquanto afirmem nesse aspecto alguns dos defensores da proporcionalidade como critério de justa tributação, a 
progressividade não significa necessariamente uma penalização dos mais ricos. 
Primeiramente, porque considerando-se a progressividade como sendo, por si só, ilegítima, sem levar-se em con-
sideração outros fatores, como o limite máximo das alíquotas, basta o legislador tributar todos os Contribuintes pela 
alíquota máxima que nada se poderá questionar em termos de progressividade. 
Em segundo lugar, porque a progressividade configura a maneira de assegurar a justa tributação dos indivíduos, 
estabelecendo entre eles uma igualdade de sacrifícios. 
A posição doutrinária, que entende ser constitucional a progressividade das alíquotas do ITBI, parece ser a mais 
adequada, visto que a capacidade contributiva integra um dos princípios constitucionais tributários consagrado ex-
pressamente no ordenamento jurídico, em face do disposto no artigo 145, § 1º, da Constituição Federal, com apli-
cação aos impostos, assim, se entende como correta a utilização das alíquotas progressivas, crescentes conforme 
o valor venal do imóvel. 
Recentemente, o STF reconheceu a possibilidade de alíquotas progressivas para o ITCMD, em aplicação ao Prin-
cípio da Capacidade Contributiva, por julgar que todos os impostos devem segui-lo. 
Perceba-se que essa posição da Suprema Corte permite a extensão da progressividade ao ITBI. Entretanto, há que 
se evidenciar que até o momento, o STF não se manifestou sobre a constitucionalidade de alíquotas progressivas 
para o ITBI, mantendo, portanto, em vigor a sua Súmula n. 656.

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