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TRANSTORNOS PSIQUICOS, DE PERSONALIDADE E A LEI

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TRANSTORNOS PSIQUICOS, TRANSTORNOS DE 
PERSONALIDADE E A LEI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Timon/MA 
MAIO/2020 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSTORNOS PSIQUICOS, TRANSTORNOS DE 
PERSONALIDADE E A LEI 
 
 
Ana Clara dos Santos Silva 
Ana Luiza Carvalho Oliveira Sousa 
Érika Michelle Oliveira Sousa 
Francy Hélyda Monteiro Bezerra 
Jhonatha Douglas Ferreira de Lima 
Wanessa Crisllayne Lima Gomes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSTORNO PSIQUICOS, TRANSTORNOS DE 
PERSONALIDADE E A LEI 
 
1. Saúde Mental 
Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, não existe definição 
"oficial" de saúde mental, Diferenças culturais, julgamentos subjetivos, e teorias 
relacionadas concorrentes afetam o modo como a "saúde mental" é definida. Saúde 
mental é um termo usado para descrever o nível de qualidade de vida cognitiva ou 
emocional. A saúde Mental pode incluir a capacidade de um indivíduo de apreciar a 
vida e procurar um equilíbrio entre as atividades e os esforços para atingir a 
resiliência psicológica. 
Saúde e saúde mental têm conceitos complexos e historicamente 
influenciados por contextos sócio-políticos e pela evolução de práticas em saúde. Os 
dois últimos séculos têm visto a ascensão de um discurso hegemônico que define 
esses termos como específicos do campo da medicina. Entretanto, com a 
consolidação de um cuidado em saúde multidisciplinar, diferentes áreas de 
conhecimento têm, gradualmente, incorporadas tais conceitos. 
De acordo com a OMS, "A saúde é um estado de completo bem-estar 
físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de 
enfermidade". Essa definição, em 1946, foi inovadora e ambiciosa, pois, em vez de 
oferecer um conceito inapropriado de saúde, expandiu a noção incluindo aspectos 
físicos, mentais e sociais. 
Definições de saúde mental é objeto de diversos saberes, porém, 
prevalece um discurso psiquiátrico que a entende como oposta à loucura, denotando 
que pessoas com diagnósticos de transtornos mentais não podem ter nenhum grau 
de saúde mental, bem-estar ou qualidade de vida, como se suas crises ou sintomas 
fossem contínuos. 
 
2. Transtornos Mentais 
Transtornos mentais são alterações do funcionamento da mente que 
prejudicam o desempenho da pessoa na vida familiar, social, pessoal, no trabalho, 
nos estudos, na compreensão de si e dos outros. 
Os transtornos mentais, em geral resultam da soma de muitos fatores, tais 
como: 
 Alterações no funcionamento do cérebro; 
 Fatores genéticos; - Fatores da própria personalidade do indivíduo; 
 Condições de educação; 
 Ação de um grande número de estresses; 
 Agressões de ordem física e psicológica; 
 Perdas, decepções, frustrações e sofrimentos físicos e psíquicos que 
perturbam o equilíbrio emocional. 
Podemos então afirmar que os transtornos mentais não têm uma causa 
específica, mas que são formados por fatores biológicos, psicológicos e 
socioculturais. 
Os Transtornos Mentais são tratáveis e respondem favoravelmente ao 
tratamento médico e outros tratamentos; 
Os transtornos mentais são tratados, de uma maneira geral, com a 
associação de meios psicológicos, terapêuticos e medicamentos (psicofármacos). 
Algumas condições não requerem o uso de medicamentos e são tratados apenas 
por meios psicológicos e terapêuticos. Caberá ao profissional que faz o diagnóstico 
ao ter o primeiro contato com o paciente, fazer a indicação de que recursos serão 
necessários para a recuperação da saúde mental de cada pessoa. 
3. Personalidades e suas características 
Personalidade é o conjunto das características marcantes de uma 
pessoa, é a força ativa que ajuda a determinar o relacionamento das pessoas 
baseado em seu padrão de individualidade pessoal e social, referente ao pensar, 
sentir e agir. 
Personalidade é um termo abstrato utilizado para descrever e dar uma 
explicação teórica do conjunto de peculiaridades de um indivíduo que o caracterizam 
e diferenciam dos outros. 
A personalidade é uma característica do ser humano que organiza os 
sistemas físicos, fisiológicos, psíquicos e morais de forma que, interligados, 
determinam a individualidade de cada ser. Tal característica é formada ao longo do 
período de crescimento, ou seja, inicia-se na infância de acordo com o tratamento 
que recebe e com o modo de vida que tem dentro de seus ambientes, sejam eles o 
lar, a escola e os demais. 
4. Alguns Transtornos de Personalidade 
De acordo com diferentes manifestações de personalidade, uma pessoa 
pode demonstrar insegurança, perturbação, agressividade, ansiedade, neurose, 
frustração e mais. Ao contrário, pode manifestar segurança, autocontrole, 
autoconfiança, sociabilidade e mais. Pessoas debilitadas emocionalmente sempre 
manifestam sentimentos, atitudes e pensamentos negativos, podendo desenvolver 
transtornos de personalidade: 
 Transtorno Obsessivo 
É caracterizado por sentimentos de perfeccionismo, dúvidas, impulsos 
repetitivos, obstinação, organização, detalhismo, fixação por horários e regras. 
 Esquizofrenia 
A esquizofrenia é um transtorno mental grave que interfere intensamente 
no modo como a pessoa pensa, sente e se comporta socialmente. Essas 
desestruturações psíquicas apresentam sintomas como alucinações, delírios, 
dificuldades no raciocínio e alterações no comportamento como indiferença afetiva e 
isolamento social. 
Em outras palavras, a pessoa com esse tipo de transtorno psiquiátrico 
tem perda de noção da realidade e dificuldades de entender a diferença entre o 
imaginário e o que é real. Por isso, a principal característica dessa condição é a 
perda do contato com a realidade, ouvindo e vendo coisas que, na verdade, não 
existem para mais ninguém. É bom saber, que a esquizofrenia não é extremamente 
perigosa e nada tem a ver com dupla personalidade, além disso, com o diagnóstico 
garantido é possível ser tratada e apresenta resultados graduais que transformam a 
vida dessa pessoa em algo dentro da normalidade. 
 Transtorno Anti-social: 
 Incapacidade de adequar-se às normas sociais com relação a 
comportamentos lícitos, indicada pela execução repetida de atos que constituem 
motivo de detenção; 
 Propensão para enganar, indicada por mentir repetidamente, usar 
nomes falsos ou ludibriar os outros para obter vantagens pessoais ou prazer; 
 Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro; 
 Irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou 
agressões físicas; 
 Desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia; 
 Irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em 
manter um comportamento laboral consistente ou de honrar obrigações financeiras; 
 Ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter 
ferido, maltratado ou roubado alguém (APA, 2002, p. 660). 
 Transtornos Relacionados a uso de Substâncias 
São devidos ao uso de álcool, ópio ou heroína, maconha, sedativos e 
hipnóticos, cocaína e outros estimulantes, alucinógenos, fumo e solventes voláteis. 
As condições para diagnóstico são a intoxicação, uso nocivo, dependência e 
transtornos psicóticos. Faz-se o diagnóstico de uso nocivo quando houver dano da 
saúde física ou mental. 
 
 Transtorno Bipolar 
Também conhecido como doença maníaco-depressiva, é um transtorno 
cerebral que causa mudanças incomuns no humor, na energia, nos níveis de 
atividade e na capacidade de realizar as tarefas do dia-a-dia. 
 
 Transtornos Parafílicos 
São fantasias, impulsos ou comportamentos recorrentes, intensos e 
excitantes sexualmente que causam sofrimento ou incapacitação e que envolvem 
objetos inanimados, crianças ou outros adultos não consentidores, sofrimento ou 
humilhação de si mesmo ou do parceiro com potencial para causar dano. 
 Psicose Puerperal 
A psicose puerperal é um transtorno psicótico breve, sendo conhecida 
também pela psicose pós parto, e seus sintomas se apresentam nas duas primeiras 
semanasapós o parto. Geralmente as mamães que desenvolvem a doença 
apresentam delírios, alucinações e estado de confusão, e isso acontece a cada 
quinhentos nascimentos uma mulher desenvolve a doença. 
O transtorno de psicose puerperal ou psicose pós-parto podem ou não se 
desenvolver devido a fatores de stresses, as alucinações e delírios também se 
apresenta de diversas formas. Um furto que não existe, raiva da criança, ouve 
vozes, e outros sintomas que se agravam por falta de assistência. 
 Transtorno Boderline (instabilidade social) 
É caracterizado por reações imprevisíveis, agressivas e explosivas, 
alterações de humor, perturbação da sua imagem, comportamento autodestrutivo e 
gestos suicidas. 
 
 
5. Imputabilidade, Semi – imputabilidade, Inimputabilidade: 
Imputabilidade 
A imputabilidade de uma pena pressupõe que o agente do fato seja capaz 
de compreender o caráter ilícito de sua conduta. 
Para ser imputável exige-se que o indivíduo tenha uma estrutura 
psicológica que lhe permita entender a ilicitude do seu ato. 
O Código Penal (artigo 26, parágrafo único) estabelece uma diferenciação 
entre duas situações: 
A doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado 
(inimputabilidade); 
A perturbação da saúde mental (semi-imputabilidade). 
Inimputabilidade 
É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente 
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento 
No caso do sujeito ser declarado inimputável, caberá ao juiz aplicar-lhe 
uma medida de segurança, consistente em internação ou tratamento ambulatorial. O 
tratamento ambulatorial é destinado àqueles que cometeram crime punível com 
pena de detenção. Quando verificada a necessidade de especial tratamento 
curativo, a pena privativa de liberdade poderá ser substituída por internação ou 
tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de um a três anos 
Ao imputável que praticar o crime mais grave do Código Penal, a pena 
que lhe será aplicada terá um limite máximo de cumprimento equivalente há trinta 
anos e, ao inimputável que praticar o crime menos grave da legislação penal, será 
passível de cumprir uma sanção perpétua, uma vez que não há limite máximo legal 
da execução da medida de segurança. 
Semi - imputabilidade 
A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de 
perturbação da saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento 
Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz 
ordenará de ofício ou a requerimento do Ministério Púbico, do defensor, de curador, 
de ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, que seja submetido a 
exame mental. 
6. Incapacidade relativa e plena 
A pessoa relativamente incapaz não pode exercer livremente a sua 
vontade ou porque não tem a idade suficiente, ou porque não tem discernimento 
para isso, ou por não ter condições físicas para exprimir a sua vontade. 
Por esse motivo a pessoa vai precisar de um assistente para auxiliá-la 
nos atos da vida social, pessoas relativamente incapazes são os dos dezesseis aos 
dezoito anos, os ébrios viciados em substâncias tóxicas ou deficientes mentais, que 
também são considerados relativamente incapazes. 
Há alguns atos que o relativamente incapaz pode realizar sem o auxílio 
de seus representantes, como votar, celebrar contrato de trabalho, ou outros que 
estejam previstos em leis. 
Os assistentes dos relativamente incapazes podem ser os pais, conforme 
o Art. 1634 do código Civil. Os tutores, de acordo com o Art. 1728 e SS do CC 
A diferença entre a pessoa relativamente incapaz e absolutamente 
incapaz são que os relativamente incapazes precisam de um assiste para auxiliá-lo 
nos atos da vida civil e os absolutamente incapaz precisa de um assiste para realizar 
os atos da vida civil por elas. 
A pessoa absolutamente incapaz é aquele que não pode exercer 
pessoalmente os atos da vida civil. O absolutamente incapaz somente tem a 
capacidade de Direito, por isso precisará de um representante para exercer esse 
direito e deveres em seus nomes. 
7. Estudo de caso 
Para que possamos compreender mais ainda a temática proposta por 
esse trabalho nada melhor do que analisar casos concretos, por isso iremos analisar 
um caso muito famoso que ocorreu no dia 6 de setembro de 2018 em Juiz de Fora, 
Minas Gerais, o atentado contra o então Deputado Federal Jair Messias Bolsonaro; 
faço uma ressalva que o presente caso não visa e nem define visão política dos 
autores do trabalho, apenas pretende-se analisar o fato ocorrido. 
O atentado aconteceu durante um comício que promovia a campanha de 
Bolsonaro à presidência, enquanto estava sendo carregado nos ombros pela 
multidão, um homem identificado por nome de Adélio Bispo de Oliveira se aproximou 
e o esfaqueou na região do abdômen. Imediatamente após o atentado Bolsonaro foi 
levado para o hospital e acabou sobrevivendo ao ataque, e Adélio Bispo foi contido 
pela população presente e preso em flagrante pela polícia federal. Nem precisa dizer 
que o acontecido gerou pânico e dúvidas sobre o autor do crime. 
As investigações apontaram que Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho e 
em junho de 2019 foi decretada sua prisão preventiva, o mesmo afirmou que teria 
cometido o crime a “mando de Deus” demonstrando pela primeira vez que talvez ele 
fosse acometido por algum transtorno psicológico que tempo depois foi constatado. 
Em junho de 2019, o juiz federal Bruno Savino converteu a prisão preventiva em 
internação por tempo indeterminado, de acordo com a decisão constatou 
“comprovada inimputável” ficando assim isento de pena. Foi determinado que 
cumprisse pena na penitenciaria federal de segurança máxima de campo grande, 
pois corria risco de vida se continuasse solto ou transferido para o sistema prisional 
comum. 
Nos processo penal analisado, Adélio foi diagnosticado por ter 
“Transtorno Delirante Persistente”, que se caracteriza pela presença de delírios sem 
outros sintomas que possam vir a ser confundido com esquizofrenia ou transtorno de 
humor, o indivíduo acredita que esteja vendo alguma situação ou esteja ligada a ela 
sem que essa seja real, por exemplo, o indivíduo ver pessoas conversando ente si e 
logo ele imagina que elas estão falando dele, que possam está tramando um 
complô, ou até mesmo um olhar diferente pode ser motivo para o delírio do 
indivíduo. 
Podemos assim entender o porquê Adélio tenha dito que o que fez foi a 
mando de Deus, o que demonstra ser característica da doença e que o torna 
realmente inimputável, pois a doença foi o motivo que causou a vontade de cometer 
o delito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
 http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2012-09/transtorno-mental1 
http://www.clinicamaia.com.br/saude-mental-1.html 
Escosteguy, N. (2003). Psicose Puerperal. In: Cataldo Neto, A.; Gauer, G.J.C.; 
Furtado, N. (orgs), Psiquiatria para estudantes de medicina. (pp. 626-629). Porto 
Alegre: Edipucrs.

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