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Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital Autores: Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 9 de Fevereiro de 2021 . Sumário 1 – Introdução ao estudo da Psiquiatria Forense .............................................................................................. 2 1.1 – Legislação Pertinente ............................................................................................................................ 3 1.2 – Normalidade x Anormalidade ............................................................................................................... 5 1.3 – Laudo ..................................................................................................................................................... 6 2 – Oligofrenia ou retardo mental ..................................................................................................................... 6 2.1 – Características das manifestações ........................................................................................................ 7 2.2 – Classificações ......................................................................................................................................... 8 A. Retardo Mental Leve .................................................................................................................................................... 9 B. Retardo Mental Moderado ......................................................................................................................................... 10 C. Retardo Mental Profundo........................................................................................................................................... 11 2.2.1 – Índice desenvolvimento pessoal – método Binet e Simon ................................................................................. 12 2.2.2 – Visão Clínica ........................................................................................................................................................ 14 2.2.3 – Visão Forense ...................................................................................................................................................... 16 3 – Transtornos Comportamentais ................................................................................................................. 18 3.1 – Esquizofrenias ...................................................................................................................................... 21 3.2 – Transtorno Esquizotípico ..................................................................................................................... 25 3.3 – Transtorno Delirante E Induzido - Folie À Deux ................................................................................... 25 3.4 - LIMITAÇÕES LEGAIS .............................................................................................................................. 26 3.5 – Transtornos Bipolares Do Humor Ou Transtornos Afetivos ............................................................... 26 3.5.1 – Das fases dos transtornos bipolares do humor ou afetivos ............................................................................... 27 3.5.2 – Limitações Legais ................................................................................................................................................ 28 3.6 – Transtornos Delirantes ....................................................................................................................... 29 Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 1 3.6.1 – Espécies de transtornos delirantes ..................................................................................................................... 30 3.6.2 – Limitações Legais ................................................................................................................................................ 31 3.7 – Transtornos De Personalidade ............................................................................................................ 32 3.7.1 – Classificação dos transtornos de personalidade ................................................................................................. 33 3.7.2 – Limitações Legais ................................................................................................................................................ 35 3.8 – Transtorno De Personalidade Borderline ............................................................................................ 36 3.8.1 – Justificativas e Características ............................................................................................................................ 37 3.8.2 – Limitações Legais ................................................................................................................................................ 38 3.9 – Transtorno Do Controle Dos Impulsos ................................................................................................. 38 3.9.1 – Espécies do transtorno de impulsos ................................................................................................................... 38 3.9.2 – Limitações Legais ................................................................................................................................................ 40 3.10 – Transtornos Mentais Orgânicos ........................................................................................................ 40 3.10.1 – Fases da memória ............................................................................................................................................. 41 3.10.2 – Limitações Legais .............................................................................................................................................. 44 4 – Simulações ................................................................................................................................................. 44 5 – Modelos De Laudos Psiquiátricos.............................................................................................................. 46 Resumo ............................................................................................................................................................. 60 Destaques à Legislação e Jurisprudência ......................................................................................................... 78 Considerações finais ......................................................................................................................................... 81 Questões Comentadas ..................................................................................................................................... 82 Lista de questões .............................................................................................................................................. 92 Gabarito ....................................................................................................................................................... 96 Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 2 1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PSIQUIATRIA FORENSE Guerreiros, A Psiquiatria Forense é a disciplina que nos possibilita estudar a imputabilidade penal. É que para que um indivíduo seja responsabilizado penalmente, tem de ser imputável à época do fato. Assim, quando se faz necessário avaliar a imputabilidade, o psiquiatra forense vai se basear não apenas na capacidade de imputação jurídica, mas também na imputação do fato. Significa dizer queo indivíduo precisa ter capacidade de imputação jurídica, ou seja, capacidade psicológica de entender o caráter ilícito do fato e de se comportar de acordo com ele. Noutro giro, a psiquiatria forense estuda os transtornos mentais e da conduta, os problemas da capacidade civil e da responsabilidade penal sob o ponto de vista médico-forense.1 Na aula sobre psicologia, cuidei de estabelecer para vocês as diferenças básicas entre os dois ramos. Caso não se lembre, falamos o seguinte: A PSICOLOGIA FORENSE estuda os limites normais, biológicos, mesológicos e legais da capacidade civil e da responsabilidade penal; Já a análise dos limites e modificadores anormais das mesmas e as doenças mentais, das oligofrenias e das personalidades psicopáticas é feita pela PSIQUIATRIA FORENSE. A PSICOPATOLOGIA FORENSE é a disciplina chamada para esclarecer desordens mentais, relacionadas com a capacidade civil e a responsabilidade penal, subsidiando, portanto, esclarecimentos por parte do psicopatologista à autoridade judiciária – a quem não cabe fazer diagnóstico tampouco prognóstico, de ordem médica. Obs.: O psicopatologista forense pode ser chamado para elucidar desordens mentais relacionadas com a capacidade civil e a responsabilidade penal e esclarecer a respeito da autoridade judiciária, a quem não cabe fazer diagnóstico, nem prognóstico, de ordem médica. Como já foi dito, é essa a única perícia que não pode ser determinada pela autoridade policial; só o órgão jurisdicional é que pode determiná-la, de ofício, ou a requerimento do representante do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, do descendente, irmão ou cônjuge do réu. 1 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.3. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 3 Bem, importante perceber que o nome da disciplina “Psiquiatria Forense” indica aplicação de conhecimentos, de técnicas psiquiátricas aos processos jurídicos. Obviamente, há inúmeras outras finalidades, para o comportamento individual com outras pessoas na sociedade. 1.1 – LEGISLAÇÃO PERTINENTE Importante destacar que, o assunto de saúde mental no Brasil é regulado por lei. Neste caso, a Lei n. 10.216, de 6 de abril de 2001, dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Vejamos, portanto: LEI Nº 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra. Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo. Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental: I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades; II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade; III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração; IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas; V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária; VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento; VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis; IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 4 Art. 3o É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais. Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra- hospitalares se mostrarem insuficientes. § 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio. § 2o O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros. § 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o. Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária competente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário. Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos. Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica: I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário; II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça. Art. 7o A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento. Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por determinação do médico assistente. Art. 8o A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento. § 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta. § 2o O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento. Art. 9o A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 5 Art.10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento serão comunicados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à autoridade sanitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência. Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos profissionais competentes e ao Conselho Nacional de Saúde. Art. 12. O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará comissão nacional para acompanhar a implementação desta Lei. Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 1.2 – NORMALIDADE X ANORMALIDADE Definir os limites da normalidade e da anormalidade não é tarefa fácil, nem para a Medicina Legal nem para os doutores que se dedicam ao tema. É que a normalidade psíquica, em toda a sua extensão, depende de projeções biológicas, psicológicas, filosóficas, antropológicas ou sociais e até metafísicas de cada ser humano. Assim, não basta ser normal. Consequentemente, a conceituação de normalidade jurídica deve ser fundada apenas após o esgotamento de meios experimentais e racionais, recorrendo a todos os elementos de juízo. Além disso, ao analisar um indivíduo, é necessário inquiri-lo da forma mais completa possível, pois deve-se estabelecer, inicialmente, a verdadeira índole da personalidade explorada. Raitzin, em 1949, em “O homem normal esse outro desconhecido” já falava sobre isso. Para ele: “é a normalidade mental, com efeito, considerada simplesmente qual um conceito primacial dos conhecimentos psicológicos, e como uma realidade virtual do psiquismo, quando nele não se nota nenhum dos estigmas mórbidos ou sinais patológicos por que se diferenciam e identificam as diversas constituições psicopáticas e as síndromes características das moléstias mentais conhecidas. Destarte, todo indivíduo cujo tipo de mentalidade e comportamento não esteja incluído na nosologia psiquiátrica, fica de fato categorizado, classificado como normal”. Porém, em que pese não ser possível o estabelecimento dos limites de normalidade e anormalidade, há um mapeamento no sentido de se estabelecer uma progressão entre o que é comum e, por isso, nomeado como “normal” até chegar à anormalidade. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 6 Assim, fala-se então em normalidade, seminormalidade ou semialienação, que se caracterizam por insuficiência (debilidade), por certas perturbações (desequilíbrio, formas frustrâneas de esquizofrenia, abnormais sexuais), ou por decadência (debilidade intelectual e moral dos pré-senis).2 Dentro dessa ideia, podemos estabelecer então que normalmente é o indivíduo cujo tipo de mentalidade e comportamento não esteja incluído nas classificações psiquiátricas. Por exclusão, anormal será o que, desadaptado ao meio, se afasta da norma aceita pelo homo medius; é o desregrado. 1.3 – LAUDO Quando somamos conhecimentos médico-psiquiátricos e jurídicos, chegamos à forma da Psiquiatria Forense, também chamada de jus psiquiatria. Isso significa que, de seus usuários, a psiquiatria forense exige uma série de estudos específicos, técnica apropriada e treino intensivo para o correto desempenho da lavratura de um laudo de exame de insanidade mental referente a um réu, por exemplo. Entenda então que, nenhum médico que não seja psiquiatra, por maior que seja seu conhecimento científico, sendo relacionado às formalidades jurídicas inerentes à função pericial, não estaria apto a lavrar um laudo de exame de insanidade mental encarregando-se do papel de jus psiquiatra. Além da ausência técnica, o documento médico-jurídico seria, só por isso, inidôneo. 2 – OLIGOFRENIA OU RETARDO MENTAL Oligofrenia é um termo inserido na Psiquiatria por Kraepelin para definir o que conhecemos como retardo mental, caracterizado por um desenvolvimento mental incompleto e de natureza congênita, podendo também, surgir de causas patológicas no primeiro período da vida extrauterina – obviamente, antes do término da evolução das faculdades psicointelectivas. 2 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora Saraiva., 2011, p. 1263. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 7 SIGNIFICADO DE OLIGOFRENIAS OLIGO = pouco; PHRENO = espírito Nas palavras do Mestre Genival Veloso,3 os retardos mentais, caracterizam-se pelo funcionamento intelectual abaixo da média, com diminuição ou parada do desenvolvimento normal do psiquismo, com acentuado déficit da inteligência. Delton Croce, em suas palavras, definiu como insuficiência de compreender e criticar fatos, “Oligofrenia é a insuficiência intelectual dos indivíduos por ela acometidos, de compreender, criar e criticar os fatos, ou a incapacidade de auto conduzir-se na vida social o que os levam a viver somente ante realidades concretas e imediatas sem saberem, todavia, aproveitar a experiência para a resolução de situações novas, pois não sabem abstrair ou escolher de suas vivências os elementos comuns, nem compreender os determinantes éticos do comportamento4”. 2.1 – CARACTERÍSTICAS DAS MANIFESTAÇÕES As formas de manifestação são as mais variáveis. As primeiras manifestações desses estados surgem desde cedo e são características inerentes: 3 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.1166. 4 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora Saraiva., 2011, p. 1494. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 8 Dificuldade de pegar o seio; Choro e gritos descabidos e contínuos, expressão fisionômica apática, impossibilidade de fixar o olhar, movimentos lerdos, retardamento do falar e do andar; Tem um grande valor diagnóstico o rendimento escolar dificuldade do indivíduo em conduzir-se por si; Rendimento social insuficiente; Falta de capacidade intelectiva, sem as condições novas; Os oligofrênicos são bem-humorados e pouco resistentes às infecções. Obviamente, todas essas classificações sofrem críticas da doutrina, isso porque, como já falamos, não é possível se estabelecer quadro clínico de etiologia e sintomatologia uniformes. Ainda nesse sentido, também não há uma definição exata do que seja inteligência, apenas ideias abrangentes da realidade psíquica do indivíduo em exercer determinadas habilidades cognitivas, sociais e laborais. Daí a dificuldade de se estabelecer com precisão uma classificação rigorosa. Exemplo disso é a faixa chamada borderline, que fica no limite entre o retardo leve e a normalidade, que é de extrema imprecisão, o que leva, na dúvida, a colocar o indivíduo entre os normais. A incidência do retardo mental na população, de acordo com Genival Veloso, em geral é de 2 a 3%, podendo variar de acordo com o critério usado na pesquisa. 2.2 – CLASSIFICAÇÕES O retardo mental ou oligofrenia ainda pode ser classificado em: leve, moderado e profundo. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 9 A. Retardo Mental Leve Nesta fase, os deficientes mentais leves apresentam o seguinte panorama: IDADE: Os deficientes mentais leves alcançam uma idade mental de uma criança de 7 a 12 anos Quociente deInteligência (QI): = idade mental × 100/idade cronológica) de 50 a 90 - estes representam o grau mais superior do retardo mental. Fase do diagnóstico: São diagnosticados quase sempre na fase escolar, pois até os 5 anos apresentam um desenvolvimento aparentemente normal. Algumas características dos indivíduos portadores de retardo mental leve é que, além da pouca inteligência são, em sua grande maioria, ingênuos, crédulos e sugestionáveis. Outras vezes, astutos, maliciosos e intrigantes. Sua falta de sentido moral e déficit de juízo crítico levam-nos a certa dificuldade de se valerem de si mesmos. Por outro lado, há determinados portadores da deficiência mental leve com grande esperteza e habilidade, o que não os impede de, na vida prática, assumir cargos importantes, principalmente na administração pública. Outros, ainda conseguem acesso às Universidades e se formam. Genival Veloso destaca em sua obra5 o caso de um conhecido que pôde alcançar lugares de destaque: (..)Conhecemos um que, com certa argúcia e atilamento, fazendo parte de diversas confrarias religiosas e sociedades beneficentes, tomando pessoas influentes como compadres, jamais abandonou sua fidelidade ao Governo, seja o Governo de que partido for, e, por isso, sempre esteve “de cima”. 5 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.1167. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 10 Outros chegam a ter rasgos geniais, mas logo se perdem na vulgaridade, nas contradições e no absurdo. Um deles, em João Pessoa, afirmou certa vez: “É melhor ser doido na capital do que prefeito no Piancó.” E um outro sentenciou, com certa razão: “Para ser doido na Paraíba é preciso ter muito juízo.” Por fim, existe o deficiente mental leve do tipo “intelectual”, passando-se por poeta, escritor, artista ou orador, podendo até granjear fama entre os incautos. B. Retardo Mental Moderado Nesta fase, os indivíduos têm uma evolução mental mais retardada que os deficientes mentais leves e apresentam o seguinte panorama: IDADE: Os deficientes mentais leves alcançam uma idade mental de uma criança de 3 a7 anos Quociente de Inteligência (QI): = que oscila entre 25 e 50 Nesta classificação encontramos um grupo extremamente genioso, agressivo, altamente sugestionável e colérico. Note, portanto, que a convivência familiar ou com amigos e até mesmo com animais é difícil. Nessa classificação, é importante destacar que alguns apresentam instinto sexual exaltado, o que pode levar a manifestações eróticas em público. Lado outro, a deficiência não os impede de adquirir algum conhecimento e desempenhar pequenos ofícios. Eles podem aprender a ler e a escrever com muita dificuldade, contudo, não é impossível. Reconhecem as pessoas, manifestam desejos e paixões que podem levá-los até a violência, por isso necessitam de supervisão, mesmo que aparentem desenvolver algumas tarefas. Por fim, é válido destacar que os deficientes mentais moderados não têm sentimento ético nem personalidade definida, daí porque, possuem uma tendência mórbida à imitação e à sugestão, servindo-se, por vezes, de instrumento à pessoas sem escrúpulos. Em regra, preocupam-se com coisas de menor importância que, para a maioria, não teriam nenhum significado. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 11 C. Retardo Mental Profundo Nesta fase, os indivíduos apresentam o seguinte panorama: IDADE: Os deficientes mentais leves alcançam uma idade mental de uma criança de até 3 anos Quociente de Inteligência (QI): = no máximo, 25 pelos testes de Binet-Simon. 6Obs.: Para se estabelecer o QI de uma criança de 10 anos, se ela tem exatamente dez anos de idade mental, seu QI deve ser igual a 100; se tiver 5 anos, será de 50; se tiver 2 anos, seu quociente de inteligência será de 20. Por outro lado, nos indivíduos com mais de 14 anos, o processo é outro. Sabendo-se que a inteligência média de uma população é de quatorze anos, bastará para os adultos que eles alcancem esse nível a fim de serem considerados normais. Assim, para as pessoas de mais de 14 anos de idade cronológica, admitir-se-á sempre como divisor constante a idade de 14. Logo, um adulto com idade mental inferior a 14 anos é considerado subnormal. Nesta classificação de retardo mental profundo não há capacidade de expressão, mímica e tampouco verbal. A personalidade desses indivíduos, em regra, é quase inexistente. Outras características lembradas pelo Mestre Genival Veloso, são as malformações congênitas e um rebaixamento na evolução psicomotriz que se manifesta muito cedo, logo nos primeiros meses de vida. Geralmente eles vivem pouco. São estéreis e incapazes para o ato sexual. A situação psíquica de alguns é inferior à dos animais superiores. São incapazes de se defenderem e cuidarem de si mesmos frente às necessidades mais elementares de sua sobrevivência, como se alimentar. Veja como o tema pode ser explorado em provas. (FUNCAB – PERITO MÉDICO LEGISTA MT/ 2013) 6 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.1167. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 12 A respeito da classificação quanto ao tipo de retardo mental e correspondente gradação das oligofrenias, um indivíduo que possui capacidade adequada de comunicação, com alguma independência nos cuidados pessoais e quociente de inteligência (QI) entre 35 e 49, é considerado: a) idiota profundo. b) imbecil de primeiro grau. c) débil mental leve. d) imbecil profundo e) débil mental moderado. GABARITO: B 2.2.1 – Índice desenvolvimento pessoal – método Binet e Simon Para ajuizar a evolução intelectiva desses deficientes, Binet e Simon relacionam a idade mental, ou seja, o índice de desenvolvimento intelectual fornecido pela aplicação de provas psicométricas, à mentalidade de uma criança: o idiota teria evolução mental abaixo dos 3 anos; o imbecil, entre 3 e 7 anos, e o débil mental, entre 7 e 12 anos. É critério de gradação puramente psicológico. Terman, revendo os testes de Binet e Simon, registra os seguintes índices7 ao quociente intelectual: Q.I. SIGNIFICAÇÃO 7 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora Saraiva., 2011, p. 1494. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 13 Abaixo de 25 idiota De 25 a 50 imbecilidade De 50 a 70 debilidade mental De 70 a 90 debilidade mental fronteiriça De 90 a 110 inteligência normal De 110 a 120 inteligência superior De 120 a 140 inteligência muito superior Acima de 140 inteligência genial Nas palavras de Delton Croce8, temos as seguintes classificações, note que conceitualmente, nada muda em relação às classificações vistas anteriormente. Vejamos: A) IDIOTA “É um estado mórbido ligado a um vício acidental ou congênito do encéfalo e que consiste na ausência completa ou na parada do desenvolvimento das faculdades intelectuais e afetivas”. “Os idiotas têm idade mental abaixo dos 3 anos e quociente intelectual inferior a 25. São incapazes de cuidar-se, de bastar-se e de transmitir simples recados; não articulam palavra. Os idiotas profundos têm vida psíquica infra-humana, inferior à dos animais superiores. O idiota incompleto, ou de segundo grau, já é capaz de rudimentos de linguagem e alimenta os instintosde conservação sexual. São economicamente inaproveitáveis. Em geral, vivem pouco.” B) IMBECILIDADE “Os imbecis têm rudimento de inteligência com quociente intelectual entre 25 e 50 e idade mental de 3 a 7 anos. São passíveis de medíocre aprendizado, mediante ingentes esforços, em estabelecimentos especializados. Podem articular a palavra. Alguns têm boa memória. Sugestionáveis, são propensos à cólera e à violência e a atos de pequena delinquência, fraude e prevaricação, podendo, portanto, defender-se de perigos ordinários. Têm uma precocidade sexual que se satisfaz de modo abnormal, pela 8 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora Saraiva., 2011, p. 1266. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 14 masturbação. Adaptam-se mal ao convívio familiar. Gostam de animais. Os imbecis são incapazes de prover a sua subsistência em condições normais.” C) DEBILIDADE MENTAL “Os débeis mentais têm idade mental entre 7 e 12 anos e quociente intelectual de 50 a 90. São incapazes de manter uma luta pela vida em igualdade de condições com as pessoas normais; podem, no entanto, bastar a si próprios em circunstâncias favoráveis. Casper afirma que “a irritabilidade fácil dos débeis mentais pode levá-los à violência, às lesões corporais, ao homicídio, à antropofagia”. Extremamente sugestionáveis, são crédulos, maliciosos e intrigantes. Alguns, à custa de penoso esforço intelectual, cursam nível universitário e logram obter o aspirado título idôneo; outros, em que a debilidade mental é pouco pronunciada, ingressam em cargos públicos e nas Forças Armadas e alcançam projeção social”. “Os débeis mentais integram o maior percentual das oligofrenias.” 2.2.2 – Visão Clínica De forma consolidada, a doutrina majoritária, a exemplo, Delton Croce9, Genival Veloso e outros, destacam que, do ponto de vista, estritamente médico, são considerados retardos mentais as seguintes oligofrenias: I. MICROCEFALIA: Circunferência craniana não excedente de 46 cm, achatada; acrocefalia; epicrânio baixo ou raso; couro cabeludo invadindo a testa. Estatura geralmente pequena.10 II. MONGOLOIDE: Fisionomia asiática; olhos pequenos e oblíquos, estrabismo; nariz chato; língua volumosa e fissurada. Face arredondada. Achatamento posterior do crânio. O tronco é curto e lordótico; o ventre distendido. As mãos, grosseiras, têm polegares e dedos mínimos muito curtos, em forma de tridente. A voz é rouquenha e de timbre infantil. Humor risonho e juvenil. De resistência orgânica diminuída, o prognóstico quanto à vida é mau, pois sucumbem às infecções, em geral até a puberdade.11 9 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora Saraiva., 2011, p. 1266. 10 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora Saraiva., 2011, p. 1266. 11 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora Saraiva., 2011, p. 1266. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 15 III. SÍNDROME DE DOWN: apresenta a face arredondada, olhos oblíquos, com traços da raça asiática; língua grande e fissurada, olhos pequenos, nariz chato. O tronco é curto e o ventre distendido. Mãos grosseiras, polegares e mínimos curtos, pele seca e escamosa, voz rouquenha, humor risonho e juvenil. É frágil e sujeito às mais variadas formas de infecções. Sua vida é curta.12 IV. CRETINISMO: O cretinismo é entidade mórbida caracterizada por uma parada do desenvolvimento somático e psíquico, determinada por insuficiência tireoidiana, que se previne pela ingestão de iodo, em forma de solução de lugol, 5 gotas duas vezes ao dia, às refeições principais, ou de sal iodado, necessário à formação da tiroxina a nível glandular. Esse tipo de oligofrênico apresenta como características: estatura baixa, cabeça grande, pescoço curto e grosso, olhos mortiços, pálpebras edemaciadas, pernas curtas e gordas, pelos escassos.13 V. DIFENILPIRUVÍNICA: É doença ligada ao padrão de herança autossômica recessiva. Um defeito autossômico recessivo produz deficiência na hidroxilase de fenilalanina, enzima conversora da fenilalanina aminoácido em tirosina. Com isto, ocorre alta concentração plasmática de fenilalanina, que faz gerar uma lesão no sistema nervoso central em desenvolvimento, e eliminação excessiva de ácido fenilpiruvínico, na urina.14 Neste caso, é válido destacar que nossa legislação traz previsão de punições para profissionais da saúde que deixarem de proceder exames que visam o diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, nesse sentido, o art. 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente: Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. No mesmo sentido, àqueles que deixarem de prestar as informações aos pais, na forma do bem como art. 10, III, da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. 12 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.1167. 13 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora Saraiva., 2011, p. 1266. 14 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora Saraiva., 2011, p. 1266. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 16 Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente; III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém- nascido, bem como prestar orientação aos pais; (...) Vale esclarecer que, identificar rapidamente a doença é fundamentar para evitar a evolução. É importante anotar que o método utilizado para tal identificação é o teste de Guthrie, popularmente conhecido como “teste do pezinho”, pois despenca em provas, e nos termos do artigo supracitado é obrigatório. 2.2.3 – Visão Forense Guerreiros, Outra importante anotação sobre o tema é que, o desenvolvimento mental incompleto ou retardado não são redundantes, ao contrário, possuem significados diferentes. Explico. Enquanto o desenvolvimento mental incompleto é uma referência àqueles que não alcançaram maturidade psíquica, a exemplo, menores como criança ou adolescente, o desenvolvimento mental retardado é uma alusão aos que não conseguirão essa maturidade. Aí estão os deficientes mentais nas suas formas clínicas de leves, moderados e profundos. Desenvolvimento mental incompleto Desenvolvimento Mental retardado Crianças e adolescentes Deficientes mentais A) Determinando a imputabilidade ou capacidade de indivíduos com desenvolvimento mental retardado Importante esclarecer que, ao determinar a capacidade civil ou a imputabilidade do agente, o quociente intelectual jamaispode ser analisado de forma isolada, tampouco pode prevalecer de forma categórica. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 17 Dessa forma, são fatores importantes e que também auxiliam na determinação da imputabilidade ou capacidade civil: Grau de entendimento, Temperamento, Instintos, Capacidade de adaptação ao meio, Juízo crítico e Disposição clínica. Vale lembrar que, o retardo mental, ao assumir formas mais discretas, aproxima-se muito da normalidade, consequentemente, o que dificulta o estabelecimento da imputação e até mesmo da capacidade civil. Por outro lado, os deficientes mentais moderados e profundos são incapazes civilmente, já que não possuem condições de gerir seus bens por se mostrarem vulneráveis em razão de sua falta de competitividade e de adaptação nas relações sociais e dos negócios. Neste caso, lembre-se que eles devem estar sujeitos: À curatela, À anulação dos negócios jurídicos realizados, À capacidade de testar e de testemunhar e À anulação de casamento. Não obstante, os deficientes mentais leves já se mostram menos restringidos em seus direitos, muito provavelmente pela dificuldade de estabelecer um padrão rigoroso, um limite mais preciso nessa intricada e nebulosa fronteira da normalidade (faixa fronteiriça ou borderline). Diante disso, nas palavras do Mestre Genival Veloso: não se pode afirmar de forma categórica que um portador de retardo leve esteja sempre privado de sua capacidade civil (parcial ou totalmente), sendo necessária a análise caso a caso15. 15 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.1169. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 18 Quanto ao testemunho dos portadores de retardo mental leve, a indicação é que haja preliminar avaliação com relatos acompanhados por um especialista. Sob a ótica penal, os deficientes mentais moderados e profundos são totalmente irresponsáveis, sendo comparados aos menores, por não compreenderem a razão de seus atos. Os deficientes mentais leves, pela dificuldade de se traçar um limite mais nítido do complexo retardo conduta delictual-normalidade psíquica, a perícia médico-legal vê-se forçada a aceitar a atenuante e colocá-los sob o rótulo de semi-imputáveis. 3 – TRANSTORNOS COMPORTAMENTAIS Nossa atualidade revela a necessidade de um projeto capaz de conduzir a Psiquiatria Forense a tantas novidades e novos caminhos. Isso porque, há apontamentos terríveis, de proporções inimagináveis sobre as estranhas manifestações do ser humano que exige, obviamente, explicação e remissão. O registro criminográfico tanto do transtorno e como de seu conteúdo cruel projetam-se além das expectativas mais alarmantes. Os índices delinquenciais de hoje extrapolam os índices toleráveis e, até mesmo as aparências convencionais, transtornos diferentes, anômalos e muito perversos nas suas maneiras de agir e nas suas insensatas motivações. Some-se a isso o fato de que, hoje, existe um número assustador de novos transtornos mentais que não sabemos se já existiam ou se são oriundos dessa nova geração e das pressões atuais. Por outro lado, entendemos a dificuldade da Medicina que por mais que se esforce, não existe uma conceituação adequada de “doença mental” e a própria definição de “normalidade mental” tem atormentado por si só, já que não há padrão absoluto. É que a fronteira entre o “normal” e o “anormal” é tão sutil que é impossível delimitá-la. Daí porque, a normalidade que procuramos se aproxima de uma ficção que se cria para interesse próprio. Falamos então em conceito de normalidade psíquico relativo e não absoluto. Vale destacar que esse estado tem uma conotação que implica em fatores sociais, culturais e estatísticos. Embora a normalidade psíquica seja um estado de clarividência, centralizado por ideal excepcional, seus alcances são periféricos e obscuros. Mas essa normalidade pode ser apenas ausência de doença mental? Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 19 Entendemos que não, já que não se pode afirmar categoricamente ainda o que seja doença mental. É por isso, que hoje, tecnicamente falando, a expressão aceitável é “transtorno mental e de comportamento”. Genival Veloso16 nos ensina em seu livro que, no dizer de Marañon, “a normalidade, ainda que não o pareça, não tem padrão, porque jamais é igual a si mesma e, se bem existe, é impossível de concretá-lo”. Não significa que estamos afirmando que normalidade não exista, não é isso, mas sim, a dificuldade de padronizá-la, ou mesmo conceituá-la. No outro extremo, Nério Rojas17 conceituava a partir disso, a doença mental com “um transtorno geral e persistente das funções psíquicas, cujo caráter patológico é ignorado ou mal compreendido pelo paciente e que impede a adaptação lógica e ativa às normas do meio ambiente, sem proveito para si nem para a sociedade” Alves Garcia opina que “anormal é o que se afasta da norma, o que está desregrado, e que dificulta ou obsta a adaptação do indivíduo ao meio, tudo o que é contrário à conservação ou ao desenvolvimento ontogênico e filogenético”. Fato é que o modelo médico da normalidade é inaceitável e (im)próprio, já que, se seguíssemos tal determinação, quase toda a população seria mentalmente enferma, concorda? Como por exemplo, os angustiados, deprimidos, apáticos, agressivos, solidários. A crítica é no sentido de que, muitas dessas pessoas, enfrentam apenas problemas existenciais, cujo tratamento adequado, na palavras do mestre Genival, seria “através do afastamento e da adaptação, fazendo que elas aprendam a modificar seus pensamentos e ações18.” Logo, só se pode concluir que a expressão “doença mental”, não reflete o que quer atingir, porque é entendida como sinônimo de enfermidade da mente e, se a mente não é algo material, tecnicamente falando, não se admitiria doenças. Explico. É que a mente não é local do corpo, mas função dele. Daí porque, não se pode confundir também, doença mental com doença do cérebro. E o que é a doença do cérebro? 16 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.1171. 17 in Medicina legal, 7a edição, Buenos Aires: El Ateneo, 1968 18 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.1170. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 20 Enfermidade do cérebro é, a saber, um tumor, uma esclerose múltipla, uma neurossífilis. E, na hora em que as enfermidades denominadas mentais demonstram doença, os pacientes começam a ser transferidos da psiquiatria para outros setores. O retardo mental para a Pedagogia; a neurossífilis, para a Neurologia; o delírio das doenças infecciosas, para a Medicina Interna. Esse é o pensamento de Faller Torrey, conceituado psiquiatra norte-americano. E ainda acrescenta: “Na verdade, a mente não pode adoecer, assim como o intelecto não pode ter um abscesso. Doença é algo que a gente tem: comportamento é algo que a gente faz” (in A morte da Psiquiatria, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976).19 Bem, em que pese todas essas impressões e incertezas, seguiremos nesta aula, o roteiro de conceituação clássica, utilizada na parte que estuda a classificação das doenças (nosologia) na esfera da Psiquiatria Médico Legal. Nosologia em uso na Psiquiatria Médico-Legal – ciência que visualiza o indivíduo em suas estruturas psicocaracterológicas,nas suas manifestações antissociais, não se limitando só ao aspecto do diagnóstico e do assessoramento do Direito, mas ampliando-se como uma ciência do comportamento, e que procura desvendar os fatos obscuros da mente e as razões implicativas da criminogênese, além de avaliar os limites da capacidade civil de cada um; uma Psiquiatria que procura fugir do aspecto legista, formal e penal, transcendendo ao preventivo e ao reconstrutor da reabilitação social, cuja tendência não seja a preocupação de aplicar um diagnóstico psiquiátrico a toda conduta anormal, de forma indiscriminada.20 Passaremos, portanto, ao estudo dos conceitos e significados mais precisos. 19 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.1171. 20 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.1171. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 21 3.1 – ESQUIZOFRENIAS Classificada como a mais frequente das psicoses, abrangendo cerca de 50% das populações manicomiais, nas palavras do mestre Genival Veloso: É um transtorno psicótico, de origem endógena, de forma episódica ou progressiva, de manifestações polimorfas e variadas, comprometendo o psiquismo na esfera afetivo-instintiva e intelectiva, sobrevindo, quase sempre, na adolescência e sendo de etiologia desconhecida. Não se sabe se esse mal é uma entidade clínica, uma síndrome ou um modo existencial. Os transtornos esquizofrênicos caracterizam-se por uma distorção do pensamento e da percepção e por um afeto inadequado. Faixa etária A faixa etária principal dessa psicose são pessoas entre 15 e 25 anos, cuja incidência se dá igualmente entre os diferentes sexos. É possível cura? Mas há “cura”. De acordo com os manuais de Medicina Legal, um terço dessas populações manicomiais se cura, porém ficam-se os reflexos defeituosos. O outro um terço, infelizmente não se recupera, sendo que seu psiquismo é agravado diariamente. Início da esquizofrenia A esquizofrenia pode ser antecedente a um período inicial de doença caracterizada por inúmeros fatores, como por exemplo, alterações de humor, diminuições da atividade genérica e dos interesses vitais, hostilidade aos familiares e tristeza profunda. Os estados mais graves, refletem ainda manifestações alucinatório-delirantes, ideias de influência, sentimento de despersonalização, delírios auto acusatórios e de perseguição. Teoria da trilogia sintomática A doutrina clássica chama essa síndrome de TRILOGIA SINTOMÁTICA, já que possui três sintomas fixos: Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 22 Trilogia sintomática defendida Henrique Roxo. a. Perda da afetividade: Note que é a primeira a dar sinais. A afetividade é a primeira que começa a se degastar, tendo como consequência, a perda de amizade aos familiares, pais, amigos, dando a estranhos e até mesmo a funcionários maior atenção e carinho. b. Perda da iniciativa: Outro reflexo importante é a perda de iniciativa. Nessa fase, nota-se que a pessoa se torna cada vez mais descuidada, indiferente e indecisa, com excesso de procrastinação. c. Associação extravagante de ideias: Aqui o indivíduo manifesta os conceitos e vislumbres mais absurdos, modificando, inclusive, sua personalidade a partir disso. Nos manuais de Medicina Legal, ainda é possível encontrar uma ambivalência, notada a partir de tendência simultaneamente opostas no indivíduo. Neste caso, fala-se em: paramimia. Paramimia Paramimia é a ambivalência – de sentimentos opostos, porém quase simultâneos – que o indivíduo sente. Noutras palavras é o contraste entre o que sentem e como se manifestam. Esses sintomas, você já deve ter visto, ao menos em filmes, seriados ou novelas por aí. Nesse contraste, uma história triste, por exemplo, pode fazê-lo sorrir e, ao contrário, uma triste, pode levá- los aos prantos. Ouvem vozes que quase sempre os ameaçam, condena e os agride verbalmente e, por isso, fecham o ouvido com algodão e até mesmo com folhas de vegetais. Também é comum que, de um lado do ouvido, lhe fale o “bem” ou Deus, e do outro, o mal ou o demônio. Nesses casos, não é demais lembrar que a inteligência vai se perdendo e os elementos fundamentais, pela ordem, são: desordem do pensamento, delírios paranoides, incongruência da afetividade, alucinações, ideias de referência, neologismos, despersonalização, maneirismos, bloqueio do pensamento. Esquizofrenia Perda da afetividade Perda da iniciativa Associação extravagante de ideias Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 23 Folie à deux (delírio a dois) Folie à deux (delírio a dois), é um transtorno psicopatológico em que duas pessoas compartilham os mesmos sintomas psicóticos. Esse transtorno é muito comum quando as pessoas são muito próximas ou da mesma família. Porém não pode ser confundido com folie en famille. Folie en famille Folie en famille é quando esse mesmo transtorno é identificado, não em duas, mas agora em várias pessoas de uma mesma família que vivem juntas. Porém, importante destacar que também não pode ser confundido com folie à plusieurs (loucura de muitos). Folie à plusieurs (loucura de muitos) Folie à plusieurs (loucura de muitos) ocorre quando esse mesmo transtorno em diversas pessoas não familiares, porém, que têm convivência duradoura e mesmos sentimentos. É um transtorno muito comum entre adeptos de cultos radicais, tendo por vezes, como consequência, o suicídio coletivo. Folie à deux (delírio a dois) Folie en famille Folie à plusieurs (loucura de muitos) Duas pessoas compartilham os mesmos sintomas psicóticos. Várias pessoas de uma mesma família que vivem juntas, compartilham dos mesmos transtornos psicóticos. Ocorre os mesmos transtornos psicóticos em diversas pessoas não familiares, porém, que têm convivência duradoura e mesmos sentimentos. Na catalogação do Código Internacional de Doenças – CID, essas síndromes estão classificadas como TRANSTORNO PSICÓTICO INDUZIDO e ainda no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - DSM como TRANSTORNO PSICÓTICO COMPARTILHADO. Essas nomenclaturas são usadas para descrever a relação psicopatológica independente dos diagnósticos individuais das pessoas envolvidas, não importando, para este momento, as mais diferentes formas de esquizofrenias ou se estas se mostram típicas ou puras. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 24 Formas clínicas clássicas de esquizofrenia Na doutrina tradicional, encontramos a esquizofrenia classificada em 05 categorias clássicas. A título de conhecimento, utilizaremos as divisões e conceituais do mestre Genival Veloso. 21 Vejamos: I. Forma simples: Caracteriza-se pelo enfraquecimento insidioso, lento e progressivo do psiquismo, podendo ir até a demência simples. É a mais humilde das manifestações esquizofrênicas. Os pacientes apresentam embotamento afetivo, desagregação do pensamento, conduta extravagante, tendência ao isolamento, diminuição paulatina das atividades sociais e laborativas, indiferentismo. Raciocínio, atenção e memória perturbados. Não têm alucinações. A personalidade transforma-se sem maior dramaticidade, sem ideias delirantes e sem alterações sensoriais. Muitos desses hippies que andam por aí estão mergulhados em uma esquizofrenia simples, assim como alguns rufiões, prostitutas, vagabundos e ébrios habituais, confundidos, às vezes, com os portadoresde retardo mental. II. Forma hebefrênica: Manifesta-se pelo comprometimento afetivo, indiferentismo, debilitamento intelectivo, delírios e alucinações fugazes, pensamento desorganizado, risos imotivados, maneirismos, perda dos sentimentos éticos e estéticos e um discurso incoerente e cheio de divagações. A expressão é desdenhosa, pueril, ridícula e teatral. O afeto é superficial e inadequado. Apresentam-se ora deprimidos, marcadamente hipocondríacos, ora românticos; ou, ao contrário, impulsivos, irritáveis e impertinentes. Surge em torno dos 15 aos 25 anos. A personalidade modifica-se, o pensamento é pobre, a inteligência prejudicada, as ideias absurdas, como a de um paciente do Hospital-Colônia de João Pessoa, que afirmava que sua cabeça era de outra pessoa, a qual ele tinha encontrado em um sanitário. III. Forma catatônica: São possuidores de grande perturbação psicomotora, impulsividade e agitação. Pouca manifestação delirante. São tendentes ao homicídio e à automutilação. Há alguns sinais nessa forma de esquizofrenia: sinal da língua: pedimos que a mostrem e eles a conservam fora da boca por muito tempo; sinal da mão: ao cumprimentar-nos, não apertam a nossa mão. Assumem atitudes fixas, permanecendo algum tempo e, às vezes, o dia todo na mesma posição, imóveis, ou com um braço levantado, ou acocorados ou de joelhos. A isso dá-se o nome de flexibilidade cérea. IV. Forma Paranoide: predominam, nessa forma, o quadro delirante alucinatório, os ciúmes, a despersonalização, o delírio de perseguição e as alucinações polimorfas. Kraepelin dá como manifestações principais a ideia de posse fixa e o eco do pensamento. Os pacientes sentem-se 21 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.1172/1173. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 25 possuídos e influenciados por outra pessoa, recebendo beliscões, puxavantes, ou sendo hipnotizados telegraficamente, e obrigando-se a fazer o que não querem. No eco do pensamento, eles temem pensar, para não lhes roubarem o pensamento ou para não ouvirem alto e escrito o que se passa nos seus pensares. Sentem-se perseguidos por maçons, espíritas, comunistas etc. As mulheres portadoras dessa forma clínica de esquizofrenia podem acusar os médicos e funcionários dos hospitais psiquiátricos de prática sexual e de serem responsáveis por suas supostas gravidezes. Criam termos absurdos, utilizando um neologismo extravagante e sem lógica. Alguns apresentam delírio de grandeza, outros surgem como enviados dos céus, na forma de profetas ou salvadores, para reformar e salvar o mundo. V. Forma indiferenciada: Preenche os critérios gerais para a esquizofrenia, mas não se consegue determinar seu subtipo (simples, paranoide, hebefrênica ou catatônica). Finalizada nossas considerações acerca da esquizofrenia, passaremos agora ao estudo do transtorno esquizotípico. 3.2 – TRANSTORNO ESQUIZOTÍPICO O Transtorno Esquizotípico tem maior incidência em pessoas retraídas, com poucos sintomas de produtividade ou excêntricas. Também incide sobre esses indivíduos alterações de pensamento e afeto que geram neles dificuldade de se adequar às regras convencionais de sociedade, o que, por si só, já é estranho. Eles podem estar entre os místicos, ufólogos e viajantes de naves espaciais. Importante destacar que, os portadores desse transtorno, muito se assemelham aos portadores de esquizofrenias, porém estão fora do quadro que possa classificá-los como doentes. O transtorno esquizotípico é muito importante e usado na prática clínica. 3.3 – TRANSTORNO DELIRANTE E INDUZIDO - FOLIE À DEUX O Transtorno Delirante Induzido, muito comum no folie à deux, é uma perturbação rara que ocorre dentro deste quadro dos transtornos psicóticos e que se caracteriza, obrigatoriamente, pelo compartilhamento entre duas ou mais pessoas que têm laços afetivos e íntimos e que apresentam um conjunto delirante comum. Isso ocorre porque há uma inferência de um indivíduo para outro. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 26 Noutras palavras, haverá sempre aquele que induz passando para os induzidos as suas crenças, quase sempre de caráter religioso, político ou de grandeza. 3.4 - LIMITAÇÕES LEGAIS A esquizofrenia, principalmente na sua forma paranoide, manifesta-se pelas ideias delirantes, tanto de grandeza como de perseguição, com distúrbios da afetividade, deixando o agente inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato que se lhe atribui. Sua mente, desagregada e partida, desequilibra o seu pensar e os seus sentimentos com o mundo exterior, o faz trazer em suas ideias delirantes interpretações absurdas e mórbidas, tirando-lhe a capacidade de entendimento e determinação. Inúmeras são as teses: Autores de crime, na fase sintomática: inimputáveis Quando parcialmente curados, sua capacidade de imputação: é relativa Quando comprovadamente curados, respondem pela sua total imputabilidade. Prevalece: sempre serão inimputáveis Noutro giro, quando há capacidade civil, os juízes se limitem em declarar a incapacidade. 3.5 – TRANSTORNOS BIPOLARES DO HUMOR OU TRANSTORNOS AFETIVOS Também conhecida como “psicose maníaco-depressiva” – terminologia hoje em desuso, já que, para os estudiosos da área, esta expressão não reflete a realidade do transtorno, sugerindo indivíduos psicóticos, quando na verdade, trata-se de pacientes maníacos ou deprimidos. Frise-se: que não são psicóticos! Esses transtornos são classificados como um transtorno mental cíclico, com crises de excitação psicomotora e estado depressivo, isoladas, combinadas ou alternadas, de intensidade, duração e disposição variáveis, sem maior repercussão sobre a inteligência. Cadastradas no Código Internacional de Doenças – CID 10, sendo diagnosticada em quatro quadros básicos: Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 27 3.5.1 – Das fases dos transtornos bipolares do humor ou afetivos São três as fases reveladas pelo Mestre Genival Veloso22, que a partir de sua ótica, possuem as seguintes características: FASE MANÍACA: é caracterizada por uma hiperatividade motora e psíquica, de forma desorganizada, com agitação e exaltação da afetividade e do humor. A conduta modifica-se, surgindo o erotismo, agressividade, escândalos e disputas. O paciente interessa-se por tudo sem pensar em nada. Na fase maníaca, o doente não tem conhecimento do seu mal. Delírios (e até alucinações) podem ocorrer, configurando, quando assim, mania com sintomas psicóticos. Por não ter o devido entendimento, é levado à irrefletidas atitudes, a exemplo de negócios fantásticos, compras exageradas, criações de empresas, iniciativas esdrúxulas e inconsequentes, por causa do seu otimismo psicopatológico. Loquaz, animado e resoluto. Vestuário extravagante e ridículo. A alegria imotivada é um sintoma característico, podendo passar rapidamente para uma excitação colérica, como reação a um desejo contrariado. A faculdade de autocrítica está comprometida, dando lugar à essas atitudes incoerentes e projetos mirabolantes. FASE DE HIPOMANIA: é menos perigosa, estado em que os sentimentos de poder, euforia, autoconfiança e otimismo estão menos exaltados; é um grau mais leve de mania, ou seja, de exaltação, que, por isso mesmo, pode até passar despercebida e não receber atenção médica. 22 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.1176/1177. Transtornos bipolares do humor ou afetivos Episódiomaníaco Para o primeiro episódio da vida do paciente, seja maníaco, seja hipomaníaco, com ou sem sintomas psicóticos Transtorno afetivo bipolar Para o segundo episódio em diante. Nesse caso, pelo menos um dos episódios deve ter sido maníaco ou hipomaníaco Episódio depressivo Para o primeiro episódio de alteração do humor na vida do paciente, o qual deve ser de natureza depressiva. Os especificadores variarão de acordo com a gravidade (leve, moderado, grave) ou com a presença ou não de sintomas psicóticos ou somáticos Transtorno depressivo recorrente Quando houver mais de um episódio depressivo e nunca tenha havido episódios maníacos ou hipomaníacos. Os especificadores variarão de acordo com a gravidade do quadro e a presença ou não de sintomas somáticos ou psicóticos. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 28 Negócios mal feitos podem ocorrer por conta disso. Todos os sintomas da fase maníaca estão rodeados por intensa energia, verborreia incontrolável e euforia simpática, irrefreável e contagiosa, a ponto de convencer pessoas menos avisadas. E, neste festival de estroinice, arrastam os ingênuos e incautos, terminando sempre pela perda de todos os seus haveres. FASE DEPRESSIVA OU MELANCÓLICA, a qual pode mostrar-se de intensidades diferentes, caracterizando-se pela inibição ou diminuição das funções psíquicas e motoras. É absolutamente distinta do estado maníaco: tristeza, associação demorada das ideias, pessimismo, abatimento moral, sentimento de culpa e de autoacusação, com propensão ao suicídio, resultante da modalidade e do conteúdo psíquico da depressão. São sempre suicídios bem planejados, friamente concebidos, cuja execução é rigorosamente revestida de precaução, inclusive com a preocupação de deixar a família em uma situação melhor, mormente através de altas somas de seguro feito pouco tempo antes da morte. Doutras feitas, matam a esposa, filhos e familiares como forma piedosa e maneira de evitar o sofrimento ou a desonra dos seus (homicídio altruísta). Depois se matam. Em João Pessoa, há muito tempo, um desses pacientes matou a esposa e cinco dos seis filhos, escapando apenas o mais velho, que estava na casa dos familiares. Em seguida, matou-se, precipitando-se de uma árvore, na qual havia ficado escondido por algum tempo. Há também as formas mistas de excitação e depressão. Destas, a mais grave é a depressão ansiosa ou angustiada, caracterizada pela expressão de ansiedade, de apreensão e de tensão intensa, associada à sensações de medo e perigo. 3.5.2 – Limitações Legais No tocante a imputabilidade, deve-se considerar se o paciente está ou não com a sintomalagia do transtorno. Obviamente há dificuldades em se estabelecer a responsabilidade criminal de um indivíduo nas fases expostas, principalmente na hipomania. Não é exagero, esclarecer que a determinação da imputabilidade pode resultar em dificuldades e, consequentemente, algumas indagações podem ficar sem respostas. Isso é muito comum quando não se sabe os comemorativos e a história pregressa do paciente. Também é comum cometerem o crime em estado de normalidade e, posteriormente, apresentar crises maníacas ou depressivas agravadas quando enclausurados. Por isso, o problema pericial, melhor dizendo, o maior dos problemas periciais nesses casos, está relacionado com o intervalo lúcido, quando se deve apurar a capacidade de entendimento do delinquente portador dessa síndrome. Para esse problema, alguns doutrinadores apontam críticas firmes afirmando que essa análise é subjetiva e, em vez de buscar estabelecer esses intervalos de lucidez, seria mais objetivo, estabelecer se o paciente está ou não curado. Concordamos. Para efeitos penais, os pacientes portadores dessa enfermidade, devem ser pacientes considerados: Semi-imputáveis ou Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 29 Inimputáveis, a depender da fase. O que equivale, em nosso Código Penal, à privação parcial ou total da razão. Noutro giro, para que haja implicações no tocante à capacidade civil, esta deve estar suprimida durante as fases de depressão ou excitação maníaca. Também deve ser considerada incapaz determinada forma de transtorno bipolar que evolui sem intervalos de lucidez, quando essas fases opostas passam de uma para outra forma sem períodos de normalidade. 3.6 – TRANSTORNOS DELIRANTES Também conhecido como paranoia, o transtorno mental marcado por permanentes concepções delirantes ou ilusórias, que permitem manifestações de autofilia e egocentrismo, conservando-se claro o pensamento, a vontade e as ações.23 Em regra, o portador de paranoia ou transtorno delirante, tem alto conceito de si próprio. “Os delírios são os sintomas predominantes do transtorno delirante, que, antes, chamava-se transtorno paranoide ou paranoia. Esses termos, a rigor, não mais são corretos, pois querem significar que os delírios sejam tão somente de conteúdo persecutório, quando, na verdade, no transtorno delirante, os delírios, que são juízos patologicamente falseados, podem ser eróticos, de ciúme (delírio celotípico), grandiosos ou de grandiosidade, somáticos, de reforma, mistos e outros” - Posterli. Vale destacar que é uma perturbação: Mais comum em homens Esporádicas Surge geralmente entre os 25 e 40 anos; Com maior incidência em filhos únicos ou naqueles criados por tias e avós. 23 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.1176. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 30 A incidência, neste último caso, é justificada pela doutrina como consequência de “um tratamento exageradamente pródigo e educação viciosa, criando uma falsa concepção do mundo. Enchem-lhes de terror esses pobres pais e parentes que tudo fazem por eles. Tiram-lhes dinheiro por extorsão, desgraçam a vida dessas criaturas. Cheios de amor-próprio, de vaidade e de melindres, suscetíveis às coisas fúteis e tolas. Acham-se com o direito a tudo, e quando não obtêm o que querem, julgam-se perseguidos, explorados e humilhados. Esses filhos únicos pensam ser tudo deles, que o mundo gira em seu redor e que são o polo atrativo de toda a família. Julgam-se verdadeiras majestades. Essa nímia preocupação determina um desenvolvimento mental mais precoce, dando a esses pequenos gênios, tão admirados pelos pais e familiares, um certo destaque, para, depois, mergulharem eles profundamente no pedantismo, na futilidade e na terrível dificuldade de deter-se na marcha irreversível de sua excentricidade e inadaptabilidade ao meio ambiente”24. Sobre o tema, destacam-se os seguintes elementos etiopatogênicos: Autofilia primitiva e original, agravada pela educação defeituosa estimulante e um egocentrismo; Falta de adaptação entre o indivíduo e o meio, marcadamente pela hostilidade arguida pelo paciente; Reação contra o ambiente e início das perturbações aparentes. 3.6.1 – Espécies de transtornos delirantes Cinco (05) são as espécies mais comuns de transtornos delirantes, vejamos: I. Delirante de ciúme: é um delírio do tipo astucioso, vagaroso, porém progressivo, sem qualquer motivação caracterizadora, podendo aparecer por cenas violentas, caracterizadas por ciúmes inclusive escândalos públicos implicando em divórcios ou abandono do cônjuge. Também é comum, a acusação de infidelidade da esposa passando a vigiá-la. Por fim, também é comum a excessiva análise da fisionomia dos filhos comparando-os com suposto amante da esposa. 24 FRANÇA,Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.1176. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 31 II. Delirante erótico: manifestam-se em pessoas que nutrem sentimentos amorosos partindo de “status” ou fama, ou ainda, por mulheres famosas ou de rara beleza, chegando a escrever-lhes cartas e a dar-lhes provas de seu amor. Tem como público predominante, nesta espécie: os solteirões, os feios e os solitários. III. Delirante genealógico: normalmente, manifesta-se em indivíduos de linhagem humilde, geralmente órfãos e até filhos ilegítimos. É um delírio que, notadamente, corresponde à uma tentativa de compensação a sentimento de inferioridade, seja social, seja econômica. IV. Delirante de intervenção e de reformas: aqui encontram-se portadores com delírios reformadores e interventivos. Conseguem atrair simpatizantes com temas políticos e míticos. Esses pacientes surgem em pequena escala, criando para as autoridades certos problemas pela conturbação da ordem pública e da paz social. Em outras ocasiões, suas ideias têm um cunho profético-religioso, pregando suas doutrinas, cobertos de amuletos e prometendo a salvação para os arrependidos e seguidores de sua crença. “Entre nós, esse sempre foi um fato comum, de modo especial entre as populações culturalmente atrasadas – Genival Veloso.” V. Delirante de perseguição: muitíssimo incidente. O delirante de perseguição é conhecido como “litigantes” costumeiros. Aqui, por questões menores de direito insignificante, eles reproduzem como a maior dos importantes. Tudo fundamentado, com conceitos filosóficos e razoes morais a partir de sua ótica, também acumulam incontáveis provas e geralmente a história é finalizada com crime de desacato de autoridade (art. 331, CP). 3.6.2 – Limitações Legais É bem verdade que os portadores desse transtorno são passíveis de todas as formas imagináveis de delito, muito comum: Ameaça Calúnia Difamação Pelo falso testemunho Lesão corporal Homicídio Quanto às consequências penais, há divergência doutrinária. Alguns afirmam que esses indivíduos são semi-imputáveis, que por si só, proporciona redução considerável da pena. Porém, esse entendimento é minoritário. Outro lado da doutrina, afirma que a tese de semi-imputáveis não pode prosperar. Isso porque, as prisões penitenciárias não ofertam qualquer possibilidade de recuperação, relevando-se numa verdadeira inconsequência, não apenas pela sua periculosidade, mas principalmente, pelos inúmeros problemas Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 32 criados contra si e contra os outros. Dessa forma, embora esses pacientes tenham conhecimento da lei e da moral, e uma dose de pensamento e de ação normais, devem ser incluídos como inimputáveis, pelo tratamento de que podem dispor e pelo prejuízo que lhes pode trazer o cárcere. É o que prevalece. No tocante à capacidade civil, a dificuldade está em estabelecer os limites dessas pessoas quando até certo ponto, eles podem gerir seus negócios ou exercer com lucidez os atos da vida civil. É muito comum, quando se identifica capacidade relativa ou absolutamente incapazes, a incidência de problemas, sobretudos, os mais diversos, tanto para a família como para curadores, daí porque, geralmente os juízes preferem suspender essa incapacidade. 3.7 – TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE Antes chamados de “personalidades psicopáticas”, hoje são rotulados como portadores de transtornos de personalidade, ou transtorno antissocial da personalidade, ou personalidade dissocial, transtorno dissocial, transtorno psicopático ou sociopatia, pois a expressão psicopata não tem mais a mesma conotação de antigamente, embora continuem ainda as dúvidas por parte dos especialistas em seu conceito, classificação, prognóstico e aplicações forenses25. Os portadores desse transtorno se destacam por um estado psíquico gerar intensas modificações tanto de caráter como de afeto. “As personalidades anormais (não são doentes mentais), disposicionalmente (nada de ambiental influindo; permanente, sempre assim), caracterizam-se por grave alteração de conduta, fazendo, desde bem cedo na vida, sofrer os outros. É grande esse contingente psicopático no mundo criminológico. Como a grave alteração de conduta lhes é disposicional (constitucional), significa serem incorrigíveis os psicopatas. Logo, as personalidades psicopáticas nascem, vivem e morrem psicopatas. Não conseguem gratificarem-se dentro da mediania e, sim, fora dela, matando sem remorso, ganhando para matar, traficando desabrida e pesadamente, estuprando, assaltando friamente, sequestrando, fraudando. Psicopatas há frios e inteligentes que arquitetam planos que se tornam funestos à sociedade em geral. É 25 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.1179. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 33 comum a conquista a curto ou a curtíssimo prazo, lesando os outros. Nenhum sentimento de culpa ao fazer o mal. Não têm delírios nem alucinações e não perdem o senso da realidade”- Renato Posterli. Importante destacar que os transtornos de personalidade desafiam a psiquiatria forense, é nesse tema que estão inseridos: Os maníacos sem delírios de Pinel, Os semiloucos de Grasset, Os oligofrênicos morais de Bleuler, Os degenerados de Magnan, Os fronteiriços, os desequilibrados afetivos, a estupidez moral de Joseph Breuer, A acronotopsia moral de Lepman, O complexo sintomático anético de Albrecht, A “moral insanity” de Jámes Pichard E a personalidade psicopática de Kurt Schneider. 3.7.1 – Classificação dos transtornos de personalidade Há classificações que despencam em provas, contudo, não podem ser confundidas. Por isso, veremos as classificações de transtornos a partir da: Associação de Psiquiatria Americana; CID-10 da Organização Mundial da Saúde; Kurt Schneider. Frise-se, não são identificas e por isso, cobradas em provas. A Associação de Psiquiatria Americana classifica os transtornos da personalidade nos seguintes tipos: 1. Paranoides; 2. Esquizoides; 3. Antissociais; 4. Fronteiriços; 5. Histriônicos; 6. Narcisistas; 7. Evitativos; 8. Obsessivo-compulsivos 9. E não especificados. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 06 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br ==1928da== . . 34 Noutro giro, a CID-10 da Organização Mundial da Saúde, traz a seguinte classificação: 1. Paranoides; 2. Esquizoides; 3. Dissociais; 4. Impulsivos; 5. Histriônicos 6. Obsessivo-compulsivos; 7. Ansiosos; 8. Dependentes 9. E não especificados. Kurt Schneider classificou essa síndrome nos tipos descritos a seguir26: 1. Hipertímicos. Seus traços característicos são alegria, despreocupação, euforia, impaciência, tendência à execução imediata, instabilidade de vida e de trabalho, prodigalidade. Inclinados às disputas, aos escândalos e às desarmonias familiares, conjugais e no trabalho. Às vezes, apresentam-se plácidos e tranquilos e, repentinamente, explodem em fúria incontida desproporcional ao estímulo. 2. Depressivos. Apresentam depressão permanente do estado de ânimo vital, misantropismo, pessimismo, mau humor, desconfiança. Pouca criminalidade. Podem chegar ao suicídio. 3. Lábeis do estado de ânimo. Seu estado de ânimo sofre oscilações imotivadas e desproporcionais, com crises de irritação e depressão. São perigosos na fase impulsiva. 4. Irritáveis ou explosivos. Predomina neles uma irritabilidade
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