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AULA 7 - Recurso Extraordinário e Recurso Especial_ - Processo Civil III (2)

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Processo Civil III
Aula 7 – Recurso Extraordinário e Recurso Especial
Processo Civil III
➢ CABIMENTO GERAL DOS RECURSOS EXCEPCIONAIS
RE = Recurso Extraordinário
REsp = Recurso Especial
Os recursos excepcionais têm suas hipóteses de cabimento restritas às questões de direito. Em outras palavras,
não se admite qualquer discussão sobre matéria fática, como se depreende das Súmulas 279 do STF e 7 do STJ.
O RE e o REsp são cabíveis nos casos previstos na Constituição Federal, precisamente nos arts.102, III e 105,
III e têm por objetivo permitir que o STF e o STJ, respectivamente, profiram decisões em causas que envolvam
questões constitucionais ou questões federais.
> Características acerca da admissibilidade do RE e do REsp
1ª) Só são admissíveis depois de esgotados todos os recursos cabíveis nas instâncias ordinárias. Ou seja, nas
instâncias anteriores.
2ª) Há uma diferença fundamental entre o cabimento do RE e o do REsp - É que ao tratar do cabimento do
REsp, o art.105, III da CRFB estabeleceu que é preciso ter sido a decisão recorrida proferida em única ou última
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instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, limitação esta que não aparece no
art.102, III da CRFB, que trata do RE, , eis que só menciona “as causas decididas em única ou última instância”,
não fazendo menção ao órgão jurisdicional.
➢ PREQUESTIONAMENTO
Prequestionamento é a exigência de que o RE e o REsp versem sobre matéria que tenha sido expressamente
enfrentada na decisão recorrida, por isso a letra da lei (tanto no art.102, III, como no 105, III) fala em “causas
decididas”.
> Embargos de Declaração com fins de prequestionamento
. Súmula 98 do STJ e art.1025 do CPC
➢ REPERCUSSÃO GERAL
. Art.102, §3º da CRFB
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Consiste a repercussão geral na existência de relevância da questão constitucional discutida do ponto de vista
econômico, político, social ou jurídico “que ultrapasse os interesses subjetivos do processo”, como previsto no
art.1035, §1º do CPC . Em outros termos, só se admite o recurso extraordinário se a questão constitucional nele
discutida tiver transcendência do ponto de vista subjetivo, interessando sua solução não só às partes do processo
em que a matéria tenha sido suscitada, mas sendo capaz de alcançar a sociedade como um todo (ou parcela
relevante e significativa dela).
> Exemplos de reconhecimento de repercussão geral em 2019
1º) Direito à saúde e responsabilidade solidária (RE 855178) – Os entes da federação, em decorrência da
competência comum, são solidariamente responsáveis nas demandas prestacionais na área da saúde.
2º) Transporte por aplicativos (RE 1054110) – A proibição ou restrição da atividade de transporte privado
individual por motorista cadastrado em aplicativo é inconstitucional. Municípios e o Distrito Federal não podem
contrariar os parâmetros legais fixados pelo legislador federal.
> Obrigatoriedade de comprovação da repercussão geral
Na forma do art.1035, §2º do CPC, via de regra, o recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão
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geral para apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal. Contudo, há, no entanto, apenas 2 (dois) casos ,
previstos no art.1035, §3º do CPC, de presunção absoluta de repercussão geral.
> Irrecorribilidade da decisão sobre a repercussão geral
A decisão que não reconhece a repercussão geral é irrecorrível, nos termos do art.1035, caput do CPC.
Negada a existência de repercussão geral, eventuais recursos extraordinários que estejam pendentes ainda no
tribunal de origem (isto é, que ainda não tenham sido encaminhados ao STF) e que versem sobre a mesma
questão constitucional terão seguimento negado (art.1035, §8º do CPC).
Reconhecida a repercussão geral da questão constitucional, o ministro relator determinará a suspensão de todos
os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a mesma questão constitucional (art.1035,
§5º do CPC).
➢ RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Como já vimos, é cabível o RE nos casos previstos no art.102, III, da CRFB (sempre contra decisões proferidas
em única ou última instância). Estamos diante de 4 hipóteses de cabimento:
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1ª hipótese: Cabimento do RE - art.102, III, “a” da CRFB
É necessário que a referida contrariedade à norma constitucional alegada pelo recorrente tenha sido direta. Em
outros termos, é preciso que o recorrente alegue ter a decisão recorrida afrontado diretamente norma
constitucional, sem que o exame da matéria dependa da apreciação de qualquer norma infraconstitucional.
> Conversão do RE em REsp e vice-versa
É muito frequente na vida real a interposição de RE em casos em que a parte alega uma violação indireta ou
reflexa à Constituição. Neste caso, deve-se remeter o feito ao STJ, convertendo-se o RE em Resp, conforme
preceitua o art.1033 do CPC.
Pode também, todavia, ocorrer de ser interposto REsp e o relator, no STJ, entender que a matéria nele versada
constitui, na verdade, questão constitucional. Neste caso, haverá a conversão do REsp em RE, como nos ensina o
art.1032, caput do CPC.
2ª hipótese: Cabimento do RE - art.102, III, “b” da CRFB
Outra hipótese de cabimento do RE é o da decisão que declara a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal.
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3ª hipótese: Cabimento do RE - art.102, III, “c” da CRFB
Também se admite RE contra decisão que julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da
Constituição.
4ª hipótese: Cabimento do RE - art.102, III, “d” da CRFB
Por fim, é admissível o RE contra decisão que julga válida lei local contestada em face de lei federal. É que pode
acontecer de em algum processo se verificar a existência de um conflito entre lei federal e lei estadual, distrital
ou municipal, o que é, sempre, uma questão constitucional.
➢ RECURSO ESPECIAL
Aqui, no REsp, estamos diante de 3 hipóteses de cabimento, na forma do art.105, III, da CRFB.
1ª hipótese: Cabimento do REsp – art.105, III, “a” da CRFB
Cabe REsp contra decisão proferida pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais de Justiça que
contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência. Ao recorrente cabe apenas alegar a contrariedade ou
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negativa de vigência a tratado ou lei federal.
2ª hipótese: Cabimento do REsp – art.105, III, “b” da CRFB
Outra hipótese de cabimento do REsp é o da decisão que julga válido ato de governo local, contestado em face
de lei federal.
3ª hipótese: Cabimento do REsp – art.105, III, “c” da CRFB
Nesta última hipótese, estamos diante do REsp fundado em dissídio jurisprudencial. Por este motivo, podemos
concluir que o STJ é responsável por uniformizar a interpretação da lei federal, estabelecendo qual deve ser a
interpretação que se repute correta.
> Requisitos para a comprovação do dissídio jurisprudencial
1º) A divergência jurisprudencial apresentada precisa ser atual, contemporânea à interposição do REsp
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2º) Necessidade de fazer prova da alegada divergência
3º) Realização do confronto analítico entre as 2 decisões
➢ PROCEDIMENTO
> Estrutura do Recurso Extraordinário e do Recurso Especial
. Art.1029 do CPC
> Intimação do recorrido para oferecer contrarrazões
. Art.1030, caput do CPC
> Primeiro juízo de admissibilidade
Incumbe ao Presidente ou Vice-Presidente do tribunal recorrido realizar um primeiro exame da admissibilidade.
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> Art.1030, I do CPC
Estabelece o inciso I do art.1030 do CPC que o Presidente ou Vice-Presidente do tribunal recorrido deverá negar
seguimento:
. Alínea “a”: A RE que discuta questão constitucional à qual o STF não tenha reconhecido a existência de
repercussão geral ou a RE interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do STF
exarado no regime de repercussão geral.
. Alínea “b”: A RE ou a REsp interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do STF
ou do STJ, respectivamente, exarado no regime de julgamentode recursos repetitivos.
Nos casos de repercussão geral e de recursos repetitivos, nos termos do art.1030, §2° do CPC , a decisão que não
admite (juízo de admissibilidade negativo) o recurso excepcional só poderá ser impugnada por meio de Agravo
Interno.
> Juízo de retratação
. Art.1030, inc. II do CPC - Sempre que o acórdão recorrido divergir do entendimento do STF ou do STJ, nos
regimes de repercussão geral ou de recursos repetitivo.
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➢ AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO E/OU EM RECURSO ESPECIAL
Nas demais decisões do Tribunal recorrido que inadmitem os recursos excepcionais (ou seja, que não envolvem
repercussão geral e recursos repetitivos), nos termos do art.1042, caput do CPC, admite-se uma outra espécie
recursal, qual seja o Agravo em Recurso Extraordinário –ARE – e/ou Agravo em Recurso Especial –AREsp.
> Inaplicabilidade do Princípio da Fungibilidade Recursal
Alteração do posicionamento do STJ acerca do tema.
> Prazo do Agravo em RE e/ou em REsp
O prazo deste recurso em espécie é de 15 dias (art.1003, §5° do CPC).
> Preparo
Este recurso não esta sujeito a preparo, como depreendemos da leitura do art.1042, §2° do CPC).
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> Contrarrazões
Uma vez interposto o agravo, deverá ocorrer a intimação do agravado para apresentar suas contrarrazões no
prazo de 15 dias (art.1042, §3° do CPC).
> Juízo de retratação
Decorrido o prazo das contrarrazões, tenham as mesmas sido ou não apresentadas, deverá o Presidente ou Vice-
Presidente do tribunal de origem reexaminar o caso para dizer se mantém sua decisão ou se a reconsidera,
exercendo juízo de retratação (art.1042, §4° do CPC).
➢ INTERPOSIÇÃO DE RE e RESP EM FACE DE UMA ÚNICA DECISÃO
Interpostos, simultaneamente, 2 recursos excepcionais e admitidos ambos, deverão os autos ser remetidos ao STJ
(art.1031, caput do CPC).
Concluído o julgamento do REsp, os autos serão então remetidos ao STF para exame do recurso extraordinário,
na forma do art.1031, §1° do CPC.
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Pode, porém, acontecer que o relator do REsp tenha entendido que o RE verse sobre questão prejudicial. Neste
caso, na forma do art.1031, §2º do CPC, determinará a remessa dos autos ao STF.
No entanto, pode ser que o relator do RE não concorde que o recurso verse sobre questão prejudicial. Neste caso,
deverão os autos ser devolvidos ao STJ, para que ocorra em primeiro lugar a apreciação do REsp (art.1031, §3°
do CPC).
➢ EFEITOS DO RE E DO RESP
1º) EFEITO DEVOLUTIVO
Como já vimos, todas as espécies recursais terão este efeito.
2º) EFEITO SUSPENSIVO
Os recursos excepcionais, em regra, não são dotados de efeito suspensivo.
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Há, porém, um caso em que o recurso especial e o recurso extraordinário são recebidos com efeito suspensivo
por força de lei (efeito suspensivo ope legis): é a hipótese em que o recurso é interposto contra decisão proferida
em sede de incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 987, §1º do CPC ).
Nos demais casos, porém, a ausência de efeito suspensivo ope legis não impede o requerimento, por parte do
recorrente, deste efeito. É o que se depreende da leitura do art.1029, § 5° do CPC .
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➢ EXERCÍCIOS
1) Determinado Tribunal Regional Federal confirmou a sentença proferida por juízo federal no sentido de negar
a equiparação de soldos entre militares das forças armadas. Inconformado, o recorrente interpôs recurso
extraordinário, que foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. O Ministro Relator entendeu que a violação
ao texto constitucional era reflexa, por necessitar de revisão de lei federal, e inadmitiu o recurso extraordinário.
Agiu adequadamente o relator?
R.: O recurso extraordinário só é admissível quando a decisão recorrida viola diretamente norma constitucional.
Por esse motivo, é muito frequente na vida real a interposição de recurso extraordinário em casos em que a parte
alega uma violação indireta ou reflexa à Constituição (isto é, uma violação a norma constitucional cuja análise
depende do exame de normas infraconstitucionais). Neste caso, com esteio no art.1.033 do CPC, deve-se remeter
o feito ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), convertendo-se o recurso extraordinário em recurso especial.
Portanto, o relator agiu de forma equivocada pois não deveria ter inadmitido o recurso extraordinário interposto,
mas sim tê-lo convertido em recurso especial.
2) Em sede de recurso extraordinário, a questão constitucional nele versada deverá oferecer repercussão geral
sob pena de:
a) não ser provido pelo STJ.
b) não ser provido perante o juízo a quo.
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c) não ser conhecido pelo juízo ad quem.
d) não ser provido pelo juízo ad quem.
3) Em relação ao recurso extraordinário, a decisão do Supremo Tribunal Federal que não admite a repercussão
geral é:
a) irrecorrível.
b) passível de embargos infringentes.
c) passível de reclamação.
d) agravável.

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