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TOXICODINÂMICA Prof. Me. Davidson Marrony Santos Wanderley Disciplina: Toxicologia (9º Período) (davidsonwanderley@gmail.com) • Estuda os mecanismos de ação tóxica exercida por substâncias químicas sobre o sistema biológico, sob os pontos de vista bioquímica e molecular. Dessa forma, os dados obtidos são fundamentais para: TOXICODINÂMICA TOXICODINÂMICA • Dessa forma, os dados obtidos são fundamentais para: ESTIMAR A POSSIBILIDADE DE O AGENTE QUÍMICO CAUSAR EFEITOS DELETÉRIOS E QUAL POPULAÇÃO PODE SER ATINGIDA, OU SEJA, AVALIAÇÃO DE RISCO. ESTABELECER PROCEDIMENTOS PREVENTIVOS E ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO DESENVOLVER PRODUTOS ESPECÍFICOS, COM MAIOR SELETIVIDADE PARA ESPÉCIE DE INTERESSE, CAUSANDO MENOR TOXICIDADE A SERES HUMANOS E ANIMAIS. Ex: pesticidas. TOXICODINÂMICA • Pelo elevado número de agente químicos com potencial tóxico, os mecanismos de ação são os mais diversos; • O efeito tóxico depende primordialmente de o agente químico alcançar e permanecer no sítio de ação; TOXICODINÂMICA TOXICODINÂMICA • Uma via comum é quando o toxicante alcança a molécula alvo e reage com ela, resultando numa disfunção celular; • Outras vezes, o xenobiótico não alcança o alvo específico, mas influencia adversamente o (micro) ambiente biológico, causando disfunção molecular, celular, de organelas ou órgãos, levando a efeitos deletérios; TOXICODINÂMICA TOXICODINÂMICA • O caminho mais complexo envolve mais etapas; • Primeiro, o toxicante alcança o alvo e interage com moléculas endógenas, causando perturbações na função ou estrutura celular, iniciando mecanismos que provocam dano; • Quando estas perturbações induzidas pelo toxicante excedem a capacidade de reparação do organismo, a toxicidade se manifesta, podendo ocorrer: NECROSE TISSULAR, CÂNCER OU FIBROSE. TOXICODINÂMICA • A intensidade de um efeito tóxico depende primariamente da concentração e persistência do toxicante (toxicante final) no seu sítio de ação; • O toxicante final é a espécie química que reage com moléculas endógenas ou altera criticamente o (micro) ambiente biológico, iniciando alteração estrutura ou funcional que resulta na toxicidade; • Frequentemente, esse toxicante final é um metabólito do composto inicial, ao qual o organismo é exposto, gerado na biotransformação. TOXICODINÂMICA SELETIVIDADE DE AÇÃO • Os AT apresentam estruturas químicas das mais variadas e podem ser classificados utilizando-se critérios diferentes, conforme a finalidade do estudo; • A exposição dos seres vivos aos AT ocorre por várias maneiras; AGENTES TÓXICOS (AT) TODAS AS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS TÓXICAS PRODUZEM SEUS EFEITOS ALTERANDO AS CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS NORMAIS DAS CÉLULAS NÃO SELETIVAS (ácidos e bases) SELETIVAS (atua em estrutura-alvo) ATUAM INDISTITALMENTE SOBRE QUALQUER ÓRGÃO, CAUSANDO: IRRITAÇÃO E CORROSÃO. CAUSAM DANOS A UM TIPO DE ÓRGÃO OU ESTRUTURA, SEM LESAR OUTROS. SELETIVIDADE DE AÇÃO • As estruturas-alvos geralmente são moléculas protéicas que exercem importantes funções no organismo, tais como: - Enzimas; - Moléculas transportadoras; - Expressão gênica; - Canais iônicos; - Receptores. SELETIVIDADE DE AÇÃO A VARIAÇÃO DE SELETIVIDADE de ação dos xenobióticos é determinada por: • DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS existentes entre as espécies dos sistemas biológicos. Ex: Na agricultura, por exemplo, usam-se praguicidas seletivos para combater certos fungos e insetos, sem causar danos significativos às outras espécies vivas Forma de spray (maior área de superfície). SELETIVIDADE DE AÇÃO • CARCTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS AGENTES TÓXICOS, possuem seletividade específica para determinados tecidos onde se acumulam (tecidos de depósito). Ex: É o caso do flúor, que em concentrações acima da permitidas, interage com a matriz óssea, conferindo fragilidade ao tecido (fluorose). SELETIVIDADE DE AÇÃO • É importante ressaltar que a intensidade da intoxicação depende também do tecido atingido; • Os tecidos epiteliais, incluindo fígado, têm capacidade de regeneração na resposta a uma perda de massa tecidual; • Enquanto outros tecidos, como células nervosas, possuem processo de regeneração mais limitada. • Elemento crítico na capacidade do organismo de sobreviver às graves agressões de AT. MECANISMOS GERAIS • O entendimento do mecanismo molecular e bioquímico de AT, bem como do local específico de ação, é de capital importância; • Para a aplicação de medidas preventivas e terapêuticas de intoxicação. MECANISMOS GERAIS • Os principais mecanismos de ação são: - Interação de agentes tóxicos com receptores; - Interferências nas funções e membranas excitáveis; - Inibição da fosforilação oxidativa; - Complexação com biomoléculas; - Perturbação de homeostase cálcica. INTERAÇÕES DE AT COM RECEPTORES • Os receptores são elementos sensoriais no sistema de comunicações químicas que coordenam a função de todas as células no organismo; • São constituídos por macromoléculas ou partes delas, situadas nas membranas celulares, no citoplasma ou no núcleo; • Fisiologicamente, a estimulação de receptores é feita por um agonista que promove efeitos biológico característico. AGONISTA É UM SUBSTÂNCIA QUE SE LIGA AO SEU RECEPTOR ESPECÍFICO E DESENCADEIA A RESPOSTA BIOLÓGICA . Ex: Adrenalina nos receptores adrenérgicos. INTERAÇÕES DE AT COM RECEPTORES • As repostas desencadeadas pelos órgãos são rápidas ou lentas, dependendo da estrutura molecular e dos mecanismos de transdução envolvidos. - Respostas rápidas: receptores nicotínicos da acetilcolina (Ionotrópicos), o receptor GABA e o receptor do glutamato. POR ATIVAREM CANAIS IÔNICOS CONSTITUTIVOS INTERAÇÕES DE AT COM RECEPTORES - Respostas lentas: receptores de hormônios, muscarínicos de acetilcolina (metabotrópicos) e os adrenérgicos. POR LEVAREM À ATIVAÇÃO DE SEGUNDOS MENSAGEIROS NECESSÁRIOS PARA A TRADUÇÃO DO SINAL INTERAÇÕES DE AT COM RECEPTORES INTERAÇÕES DE AT COM RECEPTORES • A ligação entre o receptor e o ligante é normalmente reversível e pode ser descrito pela expressão: R+S↔RS Onde: R= Representa a concentração do receptor livre; S= Representa a concentração do agente ligante; RS= Representa a concentração do receptor complexado com o ligantes INTERAÇÕES DE AT COM RECEPTORES • Exemplos de interações de AT com receptores: - d-tubocurarina um alcalóide obtida do curare (plantas) usado como veneno nas flechas de índios e atua como antagonista competitivo de acetilcolina, causando paralisia muscular (face, tronco e respiratório). INTERAÇÕES DE AT COM RECEPTORES - NICOTINA: proveniente do cigarro, em baixas concentrações estimula (agonista) os receptores de acetilcolina pós-sinápticos, situados nos gânglios, simpáticos e parassimpáticos, nas placas terminais de junções neuromusculares e nas suprarrenais. - Provoca efeito estimulantes de todos os órgãos autônomos, tais como o coração, os vasos e trato digestivo. INTERAÇÕES DE AT COM RECEPTORES INTERFERÊNCIAS NAS FUNÇÕES E MEMBRANA EXCITÁVEIS • A manutenção e a estabilidade das membranas excitáveis são essenciais a fisiologias normal dos tecidos; • As substâncias químicas pode alterar as funções das membranas por: • Afetará a entrada e saída de nutrientes como fármacos e excretas, além dos íons Na, K e Ca, responsáveis pelos fenômenos de polarização e despolarização da membrana e, consequentemente, pela transmissão elétrica do impulso nervoso. INTERFERÊNCIAS NAS FUNÇÕES E MEMBRANA EXCITÁVEIS - BLOQUEIO DOS CANAIS DE ÍONS • É o caso do bloqueio dos canais envolvidos na liberação da acetilcolina (neurotransmissor) nas terminações do axônio neural que medeia as contrações dos músculos esqueléticos. • Nesse processo de transmissão de informações nervosa para as fibras musculares, a liberação de acetilcolina é precedida de vários eventos físico- químicos, caracterizados pela entrada de íons sódio e saída de potássio através das membranas. INTERFERÊNCIAS NAS FUNÇÕES E MEMBRANA EXCITÁVEIS Exemplos deAT que atuam nos canais iônicos: •Tetrodoxina- encontrada em peixes (baiacu) - inibe a liberação de acetilcolina por bloqueio dos canais de sódio- Fraqueza muscular que evolui para paralisia e morte. •Toxina botulínica: Clostridium botulinum- bloqueia a liberação da acetilcolina- paralisia motora e respiratória progressiva. INTERFERÊNCIAS NAS FUNÇÕES E MEMBRANA EXCITÁVEIS •β- bungarotoxina: venenos de serpentes (Naja): bloqueia liberação da acetilcolina- paralisia muscular. INTERFERÊNCIAS NAS FUNÇÕES E MEMBRANA EXCITÁVEIS •Batracotoxina: veneno de sapo- aumenta a permeabilidade das membranas em repouso dos íons sódio – Contrações do miocárdio- Arritmias, Fibrilação (série de contrações violentas e desordenadas do músculo cardíaco). INTERFERÊNCIAS NAS FUNÇÕES E MEMBRANA EXCITÁVEIS INIBIÇÃO DA FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA • Há muitas substâncias químicas capazes de desenvolver efeitos adversos, interferindo na oxidação de carboidratos na síntese de adenosina trifosfato (ATP); • Essa interferência pode ocorrer por bloqueio do fornecimento de oxigênio aos tecidos; INIBIÇÃO DA FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA Ex: Monóxido de carbono (CO) em competição com o O2 pela hemoglobina. A ação tóxica principal do CO resulta em anóxia provocada pela conversão da oxihemoglobina em carboxihemoglobina (COHb). COMPLEXAÇÃO COM BIOMOLÉCULAS • COMPONENTES ENZIMÁTICOS - Atuam inibindo algumas enzimas, a exemplo: - Inseticidas organofosforados: Inativam as enzimas colinesterases- acúmulo de acetilcolina endógena. - Ocasionando: miose, lacrimejamento, salivação, excesso de secreção brônquica, broncoespasmo, bradicardia, vômitos, diarreia, incontinência urinária. COMPLEXAÇÃO COM BIOMOLÉCULAS COMPLEXAÇÃO COM BIOMOLÉCULAS • PROTEÍNAS E ÁCIDOS NUCLÉICOS - Metabólitos resultantes de fase I da biotransformação (Introduzem um grupo reativo): - Podem interagir com as macromoléculas celulares (proteínas, polipetídeos, RNA e DNA) causando: MUTAGENICIDADE CARCINOGENICIDADE NECROSE COMPLEXAÇÃO COM BIOMOLÉCULAS • AFLOTOXINA B1 - É uma das micotoxinas produzidas por espécies de fungos - Aspergillus flavus e A. parasiticus. Essa substância exerce alta hepatoxicidade e hapatocarcinogenicidade por meio do seu metabólito 2,3-epóxido, que se liga ao DNA. COMPLEXAÇÃO COM BIOMOLÉCULAS • PROTEÍNAS E ÁCIDOS NUCLEICO - Metabólitos resultantes de fase II da biotransformação (conjugação); - Podem saturar as enzimas ou causar diminuição dos substratos endógenos, levando a intoxicação; Ex: Paracetamol, pode promover a depleção da glutationa e causar hepatotoxicidade em elevadas doses. COMPLEXAÇÃO COM BIOMOLÉCULAS • LIPÍDEOS - Embora alguns dos processos discutidos acima sejam capazes de produzir respostas adversas sem a morte das células, outros eventualmente, levam à perda de função do órgão e até a morte celular; - Um dos principais mecanismo de morte celular é a peroxidação lipidica, que compreende em um série de reações químicas COMPLEXAÇÃO COM BIOMOLÉCULAS Deterioração oxidativa de ácido graxos Rompimento de estruturas celulares Morte celular Ex: Tetracloreto de carbono (CCl4)- Agente de extintor- metabólito (triclorometil) induz peroxidação lipídica. CONSIDERAÇÕES FINAIS • Mais de um mecanismo pode ser responsável pela toxicidade de um agente e eles podem ocorrer concomitantemente ou sequencialmente; • Alguns tóxicos tem mecanismos mais seletivos, enquanto outros tem múltiplos mecanismos e induzem efeitos. • A elucidação de mecanismos básicos de toxicidade é de fundamental importância para o desenvolvimento de antídotos, das medidas preventivas racionais e para evitar intoxicações.
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