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Edgar Morin Sete Saberes

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Compreendendo os sete saberes enunciados por Edgar Morin
POR ENTRETANTO
Por Lídia Mantovani
 
Com tantas mudanças acontecendo na sociedade contemporânea na qual vivemos, o ato de olhar para a Educação nos dias atuais não pode acontecer de forma isolada ou descontextualizada. Em paralelo, ao nos direcionarmos à Educação, devemos nos ater ao contexto histórico, bem como às demandas dessa respectiva época. Dentre tantas razões, isso deve acontecer uma vez que as demandas requeridas pela sociedade também passam por mudanças constantemente.
Por exemplo, se outrora, nas décadas do Século XX a escola pretendia conceder à sociedade alunos que predominantemente dominassem o conhecimento teórico, bem como procedimentos estritamente técnicos, hoje, todavia, tais fatos articulam-se em vias diferentes, uma vez que a sociedade da atualidade apresenta outras exigências e configura-se de maneira diversa se comparada àquela posta no século anterior; basicamente, isso quer dizer que novas habilidades e saberes são demandados aos alunos.
Dessas demandas colocadas pela sociedade nos dias atuais, é válido nos atermos às últimas décadas do Século XX, uma vez que essas foram marcadas por uma série de fatos históricos e inaugurações que  são responsáveis por ainda impactar nossos dias.
Como exemplo concreto, podemos mencionar o surgimento do fenômeno da globalização neoliberal e a ascensão de diversos recursos tecnológicos e digitais; o que tem ocasionado transformações nos mais vastos âmbitos sociais. Logo, novas descobertas e aprimoramentos se tornaram cada vez mais rápidos e questionáveis, da mesma forma que o acesso à informação passou a acontecer, por muitas vezes, de maneira instantânea.
Constantemente, novas necessidades emergem ao passo que transformações (sejam elas no âmbito tecnológico, social, político e educacional) articulam-se.
Foi partindo desse contexto de inúmeras mudanças, incertezas, novas tecnologias e, principalmente ao observar e analisar o modelo da educação que preponderou no Século XX que Edgar Morin (2011), em 1999 levantou algumas reflexões no que dizia respeito a algumas lacunas existentes, “buracos” conforme nomeia o próprio autor; buracos esses que acarretariam em novas exigências para a educação do século XXI: essa que estamos vivenciando hoje.
Logo, Morin (2011) ao enunciar tais lacunas do modelo educacional daquele presente momento, levantou, então ‘sete saberes’ necessários para a educação do futuro.
Conforme introduzido anteriormente, para a articulação desses sete saberes, Morin se ateve à educação do século XX e notou algumas lacunas que anos após anos permaneceram ignoradas mas que, segundo o próprio autor, mereciam atenção. Segundo ele, essas lacunas deveriam ser colocadas no centro das preocupações no que dizia respeito à formação dos jovens que a instituição escolar concedia à sociedade.
Os sete saberes, conforme postula Morin (2011) são nomeados da seguinte maneira:
1 – As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão;
2 – Os princípios do conhecimento pertinente;
3 – Ensinar a condição humana;
4 – Ensinar a identidade terrena;
5 – Enfrentar as incertezas;
6 – Ensinar a compreensão; e
7 – A ética do gênero humano. 
Para elucidar tais saberes, discorreremos a seguir.
O primeiro saber, encontrado no Capítulo I – As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão diz respeito ao próprio conhecimento que o indivíduo possui. Isso quer dizer que Morin pondera algumas inquietações no que diz respeito à palavra conhecimento.
Conforme postula o próprio autor, muito embora a instituição escolar forneça uma gama vasta de conhecimento aos alunos de maneira natural, essa mesma instituição não ensina, de fato, o que é conhecimento. Em seguida, Morin nos faz refletir acerca do que é conhecimento propriamente dito.
Para Morin, conhecimento nada mais é que uma tradução, a não dizer reconstrução da realidade; e, justamente por não ter total fidelidade em refletir a realidade,  este mesmo conhecimento se torna vulnerável ao erro. Não é, portanto, fidedigno em sua totalidade à realidade.
Em seguida, o autor nos faz refletir acerca do segundo saber, apresentado no Capítulo II – Os princípios do conhecimento pertinente, que apresenta suas raízes na lacuna do “não ensinamento” das condições de um conhecimento que seja ‘pertinente’ ao aluno.
Morin fundamenta suas ideias ao apontar o modelo predominante, conhecido por ensino disciplinar, responsável por demonstrar apenas a parte (fragmento), e não o todo (totalidade).
Todavia, para o autor, é necessário que o aluno veja o todo, tendo assim, uma visão de completude, para que, após, o conhecimento seja, de fato, colocado em um grande contexto.
Tão logo, a Educação fica responsável por promover nos estudantes a chamada “Inteligência geral dos indivíduos”; inteligência essa que vigora sua eficiência ao ocasionar nos indivíduos a referência ao complexo, ao contexto, de maneira multidimensional.
Sendo assim, o conhecimento pertinente é aquele que ocorre quando posto em um grande contexto. Para materializar a importância dessa contextualização, Morin demonstra o exemplo da Economia (Ciências econômicas), que, conforme sabemos, é uma das ciências humanas que têm em seu bojo o cálculo, a bolsa de valores, mas que também se estende e tange o social, uma vez que fatores econômicos imprevisíveis podem acontecer, e estes envolvem, diretamente, aquele que investe; ou seja, o ser humano.
Ainda, o conhecimento pertinente deve englobar a chamada complexidade. Isto é, também deve abranger aquilo que é complexo. Para Morin, o complexo diz respeito à união da unidade para com a multiplicidade.
Após, somos levados ao terceiro saber, localizado no Capítulo III – Ensinar a Condição Humana; aquele que se relaciona com o da identidade humana. Para Morin, a identidade humana se constitui como indecifrável, e é, por muitas vezes, ignorada. Todavia, para o autor, há uma relação existente que precisa ser colocada em voga: o ser humano como parte constituinte intrínseca da sociedade e vice-versa.
Logo, embora haja a divisão das disciplinas nas conhecidas “ciências pluridisciplinares”, todas essas abrangem o ser humano.
Dentro dessas ciências pluridisciplinares, encontramos algumas ciências, as quais podemos citar como exemplo: cosmologia, pré-história, ciências da terra e ecologia.
A intenção de Morin em lançar esse saber é também demonstrar que nós, como seres humanos, nos constituímos como parte de uma sociedade, bem como de uma única espécie (homo sapiens). Ainda, enfatiza que a sociedade, por sua vez, prevalece por conta das interações vivenciadas pelos indivíduos; sem essas interações entre os indivíduos, é impossível que a sociedade se constitua como tal.
Dessas relações mencionadas anteriormente, reside a importância de que as disciplinas venham a convergir para a condição humana. A chamada condição humana também está relacionada com o próximo (quarto) saber, aquele que diz respeito à compreensão humana, localizado no Capítulo IV – Ensinar a Identidade Terrena.
Conforme já mencionado, o quarto saber colocado por Morin diz respeito à compreensão humana. O autor levanta tal questão ao observar que até o presente momento em que ele escrevia, a compreensão não era ensinada, uma vez que predominava a ideia de que “na escola não se ensina sobre como compreender uns aos outros”.
Nesse contexto, o sentido da palavra compreensão também abrange e comporta o sentido de “empatia” e “identificação”, a considerar a comunicação humana (comunicação entre os seres humanos) como um elemento fundamental e imprescindível. O exemplo concreto utilizado por Morin é o do choro. Isto é, para compreender a razão do choro, olhar e analisar as lágrimas em um microscópio não é a solução para tal situação. É necessário, por outro lado, perguntar ao outro a razão de seu choro, de suas dores.
Todavia, ao passo que uma sociedade caracterizada pelo intenso individualismo emergiu, alguns aspectos sobre a responsabilidade individual ganhou força cada vez mais, dando voz, por sua vez, a muitos aspectos relacionadosao egocentrismo.  A compreensão, nessa perspectiva, não se dá apenas para com o próximo, mas engloba o indivíduo consigo mesmo, uma vez que a auto análise também se configura como necessária.
Em seguida, nos atemos ao quinto saber; aquele que está localizado no Capítulo V – Enfrentar as incertezas e que está relacionado à incerteza. Superficialmente, falar sobre incerteza ao lidarmos com ‘conhecimentos’ pode parecer um grande paradoxo, uma vez que, predominantemente, a instituição escolar se destinou a ensinar somente as “certezas” conceituais e científicas. Entretanto, com o passar do tempo, foi possível notar o surgimento e ascensão daquilo que é inesperado.
Como exemplo concreto, podemos olhar para a História, por exemplo, uma vez que muitos acontecimentos/fatos inesperados aconteceram ao longo tempo.
Ademais, o sexto saber é encontrado no Capítulo VI – Ensinar a Compreensão. Para ilustrá-lo, podemos dizer que o assunto trabalhado é a condição planetária; assunto esse que se relaciona, principalmente, com a era da globalização do século XX.
Todavia, para Morin, essa globalização tem suas raízes no século XVI por meio da colonização da América. Ainda, quando Morin discorre sobre a condição planetária, é importante mencionar o ponto que o autor levanta acerca da dificuldade em conhecer o planeta, uma vez que processos de diferentes origens (ideológicos, econômicos, sociais, etc) são complexos e estão intimamente imbricados.
Por fim, o último saber, encontrado no Capítulo VII – A ética do gênero humano; tal saber diz respeito ao que Morin nomeia como antropo-ético, uma vez que problemas no âmbito da ética e da moral variam de uma cultura para outra.
Ainda, Morin vincula intimamente a antropo-ética à democracia, uma vez que é na democracia que o indivíduo desenvolve a consciência de uma relação indivíduo-sociedade, embora para Morin a democracia não aconteça de maneira completa, absoluta. Logo, o autor enfatiza a importância de que o indivíduo exerça a cidadania em sociedade, de maneira que sua responsabilidade seja colocada em perspectiva, dando lugar também para a tomada de consciência social que se faz necessária.
Em linhas gerais, Morin vem a defender uma reforma que seja paradigmática, e não, programática. Mas, o que isso quer dizer afinal? Isso quer dizer que é necessário, logo, ensinar o conjunto, e não apenas uma parte da realidade, uma vez que é neste conjunto que reside a maior probabilidade de o conteúdo ser inserido de modo assertivo no grande contexto (aquele já mencionado anteriormente).
À guisa de conclusão, é importante salientar que Morin realiza algumas indagações, enfatizando a real necessidade de ensino desses sete saberes. O autor ainda reitera que sua intenção não é modificar programas educacionais (representado pelo modelo de disciplina formalmente conhecido), mas, versar sobre a integração e reunião, de “ciências”.
Em seguida, prepondera a relevância de uma mudança de pensamento; mudança essa que deixe de lado a visão daquilo que é fragmentado e dividido, uma vez que, dessa forma, não é possível ver e compreender a realidade do todo. É então dessa forma que Morin encontra nessas atitudes uma fonte de esperança para uma tentativa de “civilização” da terra.

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