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HENRIQUE ALMEIDA DA COSTA RESENHA CRÍTICA SOBRE A OBRA O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA BLUMENAU 2020 RESENHA CRÍTICA 1. INFORMAÇÕES BIBLIOGRAFICAS Lon L. Fuller. O caso dos exploradores das cavernas. Russel editors .36p. 1ª edição e- book. 2013. Campinas/SP. 2. DADOS SOBRE O AUTOR Lon L. Fuller, nasceu em 1902 e faleceu em 1978, estudou Economia e Direito em Stanford e atuou como professor de Teoria do Direito, inicialmente nas Faculdades de Direito de Oregon, Illinois e Duke e, a partir de 1940, na Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, onde trabalhou até 1972. Publicou estudos de direito civil, de filosofia e teoria do direito. Deve sua fama a um breve ensaio intitulado O caso dos exploradores de cavernas. Esse trabalho, publicado em 1949 como material didático para introduzir a conflitos jurídicos, foi lido e comentado por estudantes e professores de Direito em todo o mundo, tendo sido traduzido para vários idiomas. Sua principal obra jus filosófica é "The morality of law". Ele defende uma versão moderada de jusnaturalismo procedimental (ou moralismo fraco), indicando em particular as condições sem as quais o direito deixa de ser correto e válido. 3. DADOS SOBRE A OBRA Esta obra fictícia foi inspirada em dois casos reais: US vs. Holmes (1842) e Regina vs. Dudley e Stephens (1884), sobre naufrágios seguidos de homicídio e canibalismo. O enredo sobre o caso dos exploradores de Cavernas, ocorrido em 4299, é sobre cinco membros de uma sociedade espeleológica que exploravam uma caverna de rocha calcária, quando aconteceram deslizamentos de terra que bloquearam a saída. Do lado de fora da caverna foi montado um enorme campo temporário de trabalhadores, engenheiros, geólogos e outros técnicos, para o trabalho de desobstrução. Um dos deslizamentos de terra resultou na morte de dez operários contratados para desobstruir a entrada da caverna. No vigésimo dia a partir da ocorrência da avalancha, soube-se que os exploradores tinham levado consigo para a caverna um rádio transistorizado capaz de receber e enviar mensagens. A comissão de resgate instalou prontamente um aparelho semelhante no acampamento. Com a comunicação estabelecida entre ambos, os exploradores receberam a notícia que devido os empecilhos do resgate, seria preciso mais dez dias para remover as pedras. Através de Whetmore, os exploradores solicitaram a opinião acerca da probabilidade de subsistirem sem alimento por mais dez dias. O presidente da comissão respondeu-lhes que havia https://pt.wikipedia.org/wiki/Illinois escassa possibilidade de sobrevivência por tal lapso de tempo. Depois, Whetmore, falando em seu próprio nome e em representação dos demais, indagou se eles seriam capazes de sobreviver por mais dez dias se se alimentassem da carne de um dentre eles. O presidente da comissão respondeu, a contragosto, em sentido afirmativo. Whetmore inquiriu se seria aconselhável que tirassem a sorte para determinar qual dentre eles deveria ser sacrificado, juiz, sacerdotes religiosos, médicos e autoridades governamentais não se atreveram a formular uma opinião sobre a questão do canibalismo. Quando finalmente no trigésimo terceiro dia, quatro dos cinco exploradores foram salvos com vida. Soube-se posteriormente que Whetmore foi morto no vigésimo terceiro dia e servido de alimento a seus companheiros. Resgatados, os sobreviventes foram medicados, processados e condenados à morte pela forca. Os acusados recorreram da decisão do Tribunal do Condado de Stowfield à Suprema Corte de Newgarth. Os fatos em que se louvou a sentença condenatória são os que a seguir enuncia o Presidente desse alto Tribunal em seu voto. O Presidente Truepenny, expressou sua opinião diante do caso apoiando a decisão do juiz da primeira instância e do júri ao realizarem um pedido ao chefe do Poder Executivo, suas súplicas diziam respeito a pena ser reduzida para seis meses. Também, deixou claro sobre a conhecida lei da sociedade de Commonwealth: “aquele que voluntariamente tirar a vida de outrem será punido pela morte”, porém, entendia que este caso não poderia ser visto como um homicídio qualquer, presumiu que alguma forma de clemência teria que ser concedida aos acusados, aplicando uma pena simbólica que não iria prejudicar a letra ou o espírito da lei. Foster, J. Foi o primeiro a votar e não hesitou em dizer que eles eram inocentes, já que quando os réus mataram Whetmore eles estavam num “estado de natureza” então a lei que deveria ser aplicada não seria a lei positivada, mas sim a que adequasse à situação do caso. Disse que lei de Commonwealth encontrava-se em julgamento, caso aquele Tribunal declarasse que aqueles homens tivessem cometido um crime, a própria lei seria condenada no tribunal do senso comum, trazendo vergonha e só poderiam escapar apelando a uma exceção que se encontra na dependência do capricho pessoal do chefe do Executivo, parecendo equivaler a admissão de que não pretendiam fazer justiça. Tatting, J. Apesar de argumentar contra a colocação de Foster, J. decidiu retirar-se do julgamento. Primeiramente deixou claro que o direito natural não se aplica ao caso, pois não há algo que implique e diga que eles estiveram em tal direito. Tatting contradiz o argumento de "legítima defesa", pois os réus agiram voluntariamente tiraram a vida de Roger Whetmore. Apesar da discordância com os argumentos da absolvição, ainda foi afrontado com a morte de dez trabalhadores na tentativa de salvar os exploradores, sendo assim, o magistrado retirou-se do caso. Keen, J. Iniciou seu discurso dizendo que duas questões não eram da competência daquele Tribunal, a primeira delas consistiam em saber-se se a clemência executiva deveria ser concedida aos réus caso a condenação seja confirmada. Esta, seria uma questão da competência do chefe do Poder Executivo. A segunda questão era deixar de lado se aqueles homens fizeram foi "justo" ou "injusto", "mau" ou "bom". Pondo esta questão de lado penso que posso também excluir sem comentário a primeira e mais poética porção do voto do meu colega Foster. O elemento de fantasia contido nos argumentos por ele desenvolvidos revelou-se de maneira flagrante na tentativa um tanto solene do meu colega Tatting de encará-los seriamente. Seguindo, diz que os exploradores já haviam sofrido muito e que deveriam ser absolvidos, porém, vota a favor da condenação dos réus, pois deveriam ser julgados de acordo com o que era descrito pela lei. Hand, J. Defende que é necessário usar sabedoria prática e não teorias abstratas, possui uma opinião voltada para o bom senso, defendendo a absolvição. O magistrado fortaleceu seu argumento dizendo que os réus sofreram o suficiente no tempo em cárcere dentro da caverna; Defende também o poder midiático voltado para a opinião pública, votou a favor da inocência dos réus baseando-se numa pesquisa feita pela população onde noventa por cento votava a favor da absolvição, e a opinião pública deveria ser levada em consideração já que o caso repercutiu no país e no exterior. Na conclusão da votação houve um empate e foi mantida a decisão de primeira instância: os réus seriam enforcados. 4. POSICIONAMENTO CRÍTICO O caso dos Exploradores de Cavernas é um livro complexo e uma excelente introdução para alunos do curso de Direito sobre as vertentes de um julgamento e como é difícil tomar uma decisão, principalmente sobre a vida de outras pessoas. Um caso cheio de lacunas e devido às condições que os exploradores estavam, o estado psicológico e fisiológico abalado, suas questões pessoais sobre religião e a questão de se todos sairiam vivos dali era sobre-humano. A forma como Fuller descreve a realidade jurídica e a relação entre a moral e as leis, mostra umconectivo com a realidade que dá uma abrangência enorme sobre a experiência do Direito, a criação do pensamento jurídico e sobre quantos lados é possível observar e analisar sobre um caso como este.
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