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Proposta Pedagógica Curricular Educação Infantil 2013 Secretaria Municipal de Educação Departamento de Ensino Gerência da Educação Infantil Pinhais 2013 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA EDUCAÇÃO INFANTIL PINHAIS, Secretaria Municipal de Educação de. Proposta Pedagógica Curricular, Educação Infantil Pinhais – Paraná: SEMED, 2013. 170 páginas Departamento de Ensino (Trabalho Pedagógico, Histórico-Critico, Interação e Ludicidade, Desenvolvimento) Prefeito Municipal de Pinhais Luiz Goularte Alves Secretária Municipal de Educação Andrea Franceschini Diretor do Departamento de Ensino Kelly Panini Fonseca de Souza Gerente da Educação Infantil Adriana Colombo Gonçalves Chefe da Seção de Apoio e Desenvolvimento da Creche Chefe da Seção de Apoio e Desenvolvimento da Pré-Escola Haline Siroti Andruszewicz Chefe da Seção de Apoio e Desenvolvimento da Pré-Escola II Juliana Cordeiro Coordenação Geral Adriana Colombo Gonçalves Capa Claudiane do Rocio Quaglia Nunes Princípios Norteadores da Proposta Autores: Kelly Panini Fonseca de Souza Louize Mari da Rocha Simone Gualberto Susi Cristie Rebello da Silva Viviane Monteiro de Almeida Luchezi Fundamentos Filosóficos Coordenadora: Neiva Constante Autores: Adriana Cristina Zielinski Do Nascimento Luciana Pacheco Klamas Nadir Fernandes dos Santos Olinda de Cássia Curupaná Patrícia Sales de Souza Renata Alves dos Santos Sirlane Miranda Valdo de Souza Melo Fundamentos Pedagógicos Coordenadora: Kelly Panini Fonseca de Souza Autores: Ana Carolina Fischer Ana Caroline Schloegel Flavia Liszyk Jaqueline Salamek Maria Amélia das Neves Maria Aparecida Vargas Vanessa Queiros Fundamentos Psicológicos Coordenadora: Cynthia Simoni Goulart Cancelli Autores: Edson Luis de Paula Taques Keila Marilei da Silva Marcia Regina Lucas de Lima Marelis de Fátima Rodrigues de Lima Concepções Teóricas que Norteiam a Prática Pedagógica na Educação Infantil Coordenadora: Viviane Monteiro de Almeida Luchezi Autores: Adrianny Zimermann Moreira Beatriz Ferreira Lemos Elaine Cristina Ferreira Morais Elen Del Rocio Escoto Elias Antônio Bueno Elizangela Brugge Fabíola Aparecida Prestes Almeida Flávia Petry Brenner Gabriela De Sousa Tóffoli Leda Cristiane De Almeida Luciane Cristina Bueno Luciane Da Costa Silva De Souza Margareth Regina Chiuratto Agustinho Maria Izabel Gonella Mariana Marques Cardoso Patricia Kelli Fernandes De Souza Paula Cristina Paulon Rosangela Alves De Godoy Gregório Roseli Portela Vanessa Queiros O Trabalho com a Diversidade na Educação Infantil Coordenadora: Louize Mari da Rocha Autores: Edson Luis de Paula Taques Eliane Kutski de Lara Elsa Cristina Magalhães Machado Juliana Fernandes Pinto de Souza Karina Rodrigues Silveira Organização do Trabalho Pedagógico Coordenadora: Viviane Monteiro de Almeida Luchezi Autores: Adrianny Zimermann Moreira Beatriz Ferreira Lemos Elaine Cristina Ferreira Morais Elen Del Rocio Escoto Elias Antônio Bueno Elizangela Brugge Fabíola Aparecida Prestes Almeida Flávia Petry Brenner Gabriela De Sousa Tóffoli Leda Cristiane De Almeida Luciane Cristina Bueno Luciane Da Costa Silva De Souza Margareth Regina Chiuratto Agustinho Maria Izabel Gonella Mariana Marques Cardoso Patricia Kelli Fernandes De Souza Paula Cristina Paulon Rosangela Alves De Godoy Gregório Roseli Portela Vanessa Queiros Organização Curricular Coordenadoras e autoras da versão preliminar: Claudiane do Rocio Quaglia Nunes Jussara Silvana Romeike Representantes da Equipe Docente das Unidades de Ensino para discussão do texto preliminar e elaboração dos textos de Sugestões de Encaminhamentos Metodológicos: Alexsandro Garcia Andréa Demeterco Andressa Montilla dos Santos Carmem Simone de Carvalho Carolina Soares Bilbao Claudia Thomasi Cléa Cecilia Gonçalves Antunes Cleudimar dos Santos Cristiane Ribeiro Souza Daniela Ortega Pereira Denise Gonçalves Figueira Fernanda Leopoldino da Silva Chaves Flávia Guadalupe Miranda Coelho Francielle Topia Borges Gildo Berlarmino Kátia Ferreira Ramos de Araujo Liara Cristina Biss Rosilaine Maria Bachini Bombacini Silvia de Fátima da Costa Stela Maris Hirt da Silva Taiza Aparecida Sorendino Tatiane do Rocio Botelho Vivian do Rocio Carvalho de Souza Revisão da Língua Portuguesa Susi Cristie Rebello da Silva Organização Curricular 2013 Coordenadoras e autoras da versão revisada Adriana Colombo Gonçalves Haline Siroti Andruszewicz Juliana Cordeiro Representantes da Equipe Docente das Unidades de Ensino para discussão do texto revisado e reelaboração dos textos de Sugestões de Encaminhamentos Metodológicos Manuela Souza Jonas Bettero Pereira Machado Cristiane Maciel da Silva do Prado Daniela Negrão de Mello Cardoso Inara Martins Ferreira Nadir Fernandes dos Santos Roselene Maria Aparecida Pires Michaloski Silmara Aparecida Franco Dulcinéia Alves Edilene Susan Fabiane Borges Rodrigues Tanay Rigoni Patricia da Silva Claudia Cristina dos Santos Luzia Sebastiana Silva Almeida Rosecler Aparecida S.W. Medeiros Katiliane Padilha de Souza Larissa Elias Cardoso Amanda Mara Passos Beatriz Ferreira Lemos Maria Madalena Pereira SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .......................................... .... .............................................................. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... Referências ......................................................................................................................... CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE PINHAIS ....................... Referências ......................................................................................................................... PRINCÍPIOS NORTEADORES DA PROPOSTA................................................................ I - Educação de Qualidade .................................................................................................. II - Gestão Democrática e Participativa ............................................................................... III - Autonomia para Cidadania ............................................................................................ IV - Escola para Todos ....................................................................................................... V - Acesso, Permanência e Sucesso .................................................................................. VI - Formação Integral do Educando .................................................................................. VII - Qualificação Profissional ............................................................................................. VIII - Respeito à Diversidade ............................................................................................... IX – Interações Significativas e Brincadeiras ..................................................................... Referências ......................................................................................................................... FUNDAMENTOS DA PROPOSTA ..................................................................................... I – Fundamentos Filosóficos ................................................................................................ II - Fundamentos Pedagógicos.............................................................................................III - Fundamentos Psicológicos ............................................................................................ Referências........................................................................................................................... CONCEPÇÕES TEÓRICAS QUE NORTEIAM A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL........................................................................................................ I – Concepção de Infância ................................................................................................... II – Aprendizagem e Desenvolvimento Infantil .................................................................... III – A Pedagogia Histórico-Crítica e a Educação Infantil .................................................... IV – A Pedagogia de Projetos na Educação Infantil ............................................................ V – A Importância dos Jogos e Brincadeiras na Educação Infantil ..................................... VI – Organização de Espaços e Tempos ............................................................................ VII – Rotina Pedagógica ...................................................................................................... VIII – Avaliação na Educação Infantil .................................................................................. IX – Concepções de Gestão Democrática na Educação Infantil ......................................... Referências........................................................................................................................... OBJETIVOS GERAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL ...................................................... O TRABALHO COM A DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................. I – Diversidade Cultural e Biodiversidade ............................................................................ II - Diversidade em Relação à Orientação Sexual................................................................ III - Diversidade Étnicorracial................................................................................................ 15 17 19 21 25 27 27 29 30 30 31 31 31 32 33 34 35 35 36 37 41 43 43 45 48 50 51 53 54 56 58 62 63 65 65 66 67 IV – Contato com Crianças que Possuem Deficiência ........................................................ V – Atendimento às Ideias de Heterogeneidade e de Singularidade................................... VI – Diversidade de Soluções para um Mesmo Problema .................................................. Referências........................................................................................................................... ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NAS INSTITUIÇÕES MUNICIPAIS QUE ATENDEM À EDUCAÇÃO INFANTIL ....................................................................... I – Adaptação na Unidade de Ensino .................................................................................. II – Organização do Tempo Pedagógico ........................................................................ III – Organização do Espaço ............................................................................................... IV – Brincadeiras ................................................................................................................. V – O Trabalho com a Pedagogia de Projetos .................................................................... VI – Tecnologia ................................................................................................................... VII – Literatura Infantil .......................................................................................................... VIII – Integração entre Famílias e Unidade de Ensino ........................................................ IX – Avaliação e Parecer Descritivo..................................................................................... Referências........................................................................................................................... ORGANIZAÇÃO CURRICULAR ………............................................................................. I Eixos Norteadores do trabalho Pedagógico ................................................................. Eixo I: Construção da Identidade e Autonomia ................................................................... Eixo II – Movimento ............................................................................................................. Eixo III – Oralidade e Relação com a Linguagem Escrita ................................................... Eixo IV - Arte ....................................................................................................................... Eixo V – Construção de Noções Matemáticas ................................................................... Eixo VI – Relação com o Mundo Físico e Natural ............................................................... Eixo VII - Relação com o Mundo Social e Histórico-Cultural ............................................... Eixo VIII – Filosofia .............................................................................................................. ORGANIZAÇÃO CURRICULAR POR EIXOS DE TRABALHO E FAIXA ETÁRIA………. BERÇÁRIO E MATERNAL Eixo I: Construção da Identidade e Autonomia ................................................................... Sugestões de Encaminhamento Metodológicos ................................................................. Eixo II – Movimento ............................................................................................................. Sugestões de Encaminhamentos Metodológicos ................................................................ Eixo III – Oralidade e Relação com a Linguagem Escrita ................................................... Sugestões de Encaminhamentos Metodológicos ................................................................ Eixo IV - Arte ....................................................................................................................... Sugestões de Encaminhamentos Metodológicos................................................................. Eixo V – Construção de Noções Matemáticas ................................................................... Sugestões de Encaminhamentos Metodológicos ................................................................ Eixo VI – Relação com o Mundo Físico e Natural ............................................................... Sugestões de Encaminhamentos Metodológicos ................................................................ Eixo VII - Relação com o Mundo Social e Histórico-Cultural ............................................... Sugestões de Encaminhamentos Metodológico ................................................................. PRÉ-ESCOLAR I e II Eixo I: Construção da Identidade e Autonomia ................................................................... 68 69 70 71 73 73 75 77 78 80 82 83 84 85 87 89 89 90 91 91 93 94 95 96 96 99 99 102 106 108 110 112 114 116 119 120 122 123 126 127 129 132 Sugestões de Encaminhamento Metodológicos ................................................................. Eixo II – Movimento ............................................................................................................. Sugestões de Encaminhamentos Metodológicos ................................................................ Eixo III – Oralidade e Relação com a Linguagem Escrita ................................................... Sugestões de Encaminhamentos Metodológicos ................................................................ Eixo IV - Arte .......................................................................................................................Sugestões de Encaminhamentos Metodológicos................................................................. Eixo V – Construção de Noções Matemáticas ................................................................... Sugestões de Encaminhamentos Metodológicos ................................................................ Eixo VI – Relação com o Mundo Físico e Natural ............................................................... Sugestões de Encaminhamentos Metodológicos ................................................................ Eixo VII - Relação com o Mundo Social e Histórico-Cultural ............................................... Sugestões de Encaminhamentos Metodológico ................................................................. Eixo VIII – Filosofia .............................................................................................................. Sugestões de Encaminhamentos Metodológicos................................................................. Referências........................................................................................................................... CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 136 138 141 143 146 147 152 154 157 159 163 164 167 168 170 171 16 17 APRESENTAÇÃO A Secretaria Municipal de Educação de Pinhais proporcionou vários momentos de estudos e discussões, no ano de 2010, envolvendo os profissionais da educação, especialmente da Educação Infantil, para a construção de um documento norteador das ações desenvolvidas nesta etapa de ensino. Assim nasceu a Proposta Pedagógica Curricular Municipal para a Educação Infantil. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96) faz referência explícita à Proposta Pedagógica, especialmente no artigo 13. Ainda destaca a importância da participação dos profissionais da educação na elaboração deste documento bem como para organizar e cumprir o plano de trabalho de acordo com os princípios estabelecidos por ele. É também indispensável destacar a importância dos Parâmetros e Indicadores Municipais de Qualidade para a Educação Infantil, documento também construído em 2012, cujo conteúdo contribuiu para as discussões e construção dos textos desta Proposta, pois se trata de um documento de referência a todas as unidades municipais de ensino no que diz respeito a qualidade pretendida no trabalho pedagógico; interações estabelecidas; valorização da diversidade; organização dos espaços e da rotina pedagógica; seleção, aquisição e disponibilização de equipamentos, mobiliários e materiais; qualificação dos profissionais; avaliação, entre outros aspectos. Por último, mas não menos importante, reforça que a infância é um tempo precioso em si mesmo. A Educação Infantil, portanto, não é apenas um tempo de preparação para que, no futuro, a pessoa tenha um bom desempenho escolar, nem para substituir a falta de tempo dos pais para cuidarem dos seus filhos. A Educação Infantil deve contribuir firmemente para que a infância seja vivida de forma intensa e prazerosa no presente. A Educação Infantil, como a primeira etapa da Educação Básica, deve proporcionar às crianças a possibilidade de constituir sua identidade, seus valores, conhecimentos e significados de forma singular e plural. Isso se dá a partir das relações que se estabelece nas unidades que atendem esta modalidade de ensino, sendo a Proposta Pedagógica Curricular o principal mecanismo para que estas ações se efetivem. As unidades que atendem a Educação Infantil no Município precisam criar condições concretas para enfrentar o grande desafio de oferecer educação e cuidados de forma indissociável, respeitando os laços de cooperação com a família. Essas condições devem ser coerentes com as referências teóricas estabelecidas para a Rede Municipal de Ensino e as concepções de criança e de educação infantil defendidas na atualidade. Para maior aprofundamento das ações pedagógicas acerca da organização da Educação Infantil na rede municipal de ensino, no ano de 2013 todos os educadores, professores, pedagogos, diretores e comunidade escolar participaram de um momento de reformulação do currículo apresentado neste documento com o intuito de regulamentar os encaminhamentos do processo de ensino e aprendizagem nas unidades de Educação Infantil de Pinhais Portanto, este documento, pensado, discutido e construído coletivamente é apresentado como ferramenta fundamental para estruturar um trabalho educativo de qualidade, escrevendo e reformulando mais uma importante página da história da educação do Município de Pinhais. Luis Goularte Alves Andréa Franceschini Prefeito Municipal Secretária Municipal de Educação 18 19 INTRODUÇÃO A Secretaria Municipal de Educação visa a melhoria contínua da qualidade do trabalho pedagógico nas unidades de ensino que atentem a Educação Infantil na Rede Municipal de Ensino, de forma que se promova, de fato, aprendizagens significativas e o desenvolvimento integral de crianças de até cinco anos de idade nas dimensões psicomotora, afetiva, intelectual, linguística e social. Por este motivo, surge este documento, que é fruto de muita reflexão, discussão, avaliação das práticas já existentes e das intenções, concepções, apostas e esforços de vários profissionais que atuam na Educação Infantil. Até o ano de 2010, as ações pedagógicas realizadas nas unidades de ensino eram norteadas por uma Proposta Pedagógica Curricular elaborada no ano de 2005, a qual estabelecia objetivos e conteúdos baseados no documento Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, do Ministério da Educação e Desporto. Todavia, percebeu-se a necessidade dessa Proposta ser reformulada, pois a visão a respeito de criança, educação, atendimento em creches e pré-escolas, movimentos sociais, currículo e métodos pedagógicos passaram por transformações. Uma prova disso são as próprias questões legais que, dentre outros aspectos, amplia a obrigatoriedade na Educação Básica (ou seja, da matrícula na Educação Infantil de crianças que completam 4 ou 5 anos até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula, conforme § 2º, do Art. 5º, da Resolução № 05/2009, do Conselho Nacional de Educação/Câmera de Educação Básica) e o fato das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil serem revisadas e atualizadas (conforme PARECER CNE/CEB № 20/2009). A reformulação da Proposta Pedagógica Curricular Municipal durante o ano de 2013 envolveu diferentes segmentos que atuam no processo educativo. Primeiramente, os profissionais da Gerência de Educação Infantil, da Secretaria Municipal de Educação, iniciaram estudos a respeito de quais são as concepções, valores, ideias, objetivos e desejos existentes em relação a organização, desenvolvimento e avaliação do trabalho pedagógico da Educação Infantil, bem como estabeleceu um roteiro norteador para a reelaboração deste documento . Em seguida, tais discussões foram ampliadas, envolvendo uma comissão composta por pedagogos, diretores, educadores e professores das unidades de ensino, os quais foram responsáveis por mediar o debate com os demais profissionais das instituições nas quais atuam em relação aos objetivos e conteúdos da organização curricular, elencados por faixa etária, e quanto às sugestões de encaminhamento metodológico, assim como a revisão da escrita de textos referentes às concepções teóricas que fundamentarão as ações pedagógicas do município, debateram sobre os objetivos gerais da Educação Infantil e delinearam características da organização do trabalho pedagógico, tais como: adaptação dos educandos, organização do tempo e dos espaços, brincadeiras, projetos pedagógicos,literatura infantil, tecnologia e integração entre família e unidade de ensino. Ao final do processo, todos os envolvidos se reuniram para validar o documento em sua globalidade. Todo este caminhar ocorreu levando-se em consideração alguns aspectos, tais como: 1. A ideia de se elaborar uma Proposta Pedagógica Curricular flexível, dinâmica (ou seja, que pode sofrer mudanças a medida que os conceitos, necessidades, demandas, metas e objetivos se transformam) e que seja uma direção ao trabalho, um documento norteador, pois como diz Sonia Kramer 20 Uma proposta pedagógica é um caminho, não é um lugar. Uma proposta pedagógica é construída no caminho, no caminhar. Toda proposta pedagógica tem uma história que precisa ser contada. Toda proposta contém uma aposta. Nasce de uma realidade que pergunta e é também busca de uma resposta. Toda proposta é situada, traz consigo o lugar de onde fala e a gama de valores que a constitui; traz também as dificuldades que enfrenta, os problemas que precisam ser superados e a direção que a orienta. E essa sua fala é a fala de um desejo, de uma vontade eminentemente política no caso de uma proposta educativa, e sempre humana, vontade que, por ser social e humana, nunca é uma fala acabada, não aponta ‘o’ lugar, ‘a’ resposta, pois se traz ‘a’ resposta já não é mais uma pergunta. Aponta, isto sim, um caminho também a construir. (KRAMER, in Educação & Sociedade, v. 18, n. 60, 1997) 2. Os princípios que servem como fios condutores desta proposta são os da Pedagogia Histórico-Crítica, do filósofo e pedagogo Demerval Saviani, no qual a educação é compreendida como o ato de produzir em cada sujeito a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens e tem como ponto de partida e ponto de chegada a prática social (SAVIANI, 2008). Isto quer dizer que o papel da instituição escolar é trabalhar com conhecimentos sistematizados partindo da realidade do educando e, a partir da apreensão desses conhecimentos, possibilitar que ele transforme a prática. 3. A concepção que se tem de currículo é de "um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade". (Art. 3, Resolução № 05/2009, do Conselho Nacional de Educação/Câmera de Educação Básica). 4. Embora se vise articular as vivências infantis com os conhecimentos sistematizados, propiciando que o educando os apreenda, construa novos conhecimentos e transforme a prática social, na Educação Infantil também se é valorizado o cuidar e a afetividade envolvida neste gesto. Pois, o cuidar, além do educar, é necessário para a formação humana na sua integralidade. 5. A criança é o centro do planejamento curricular, pois ela é "sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura" (Art. 4, Resolução № 05/2009, do Conselho Nacional de Educação/Câmera de Educação Básica). 6. Os objetivos e conteúdos elencados para cada faixa etária compostas nesta proposta curricular são organizados em 8 eixos que poderão nortear o trabalho pedagógico nas unidades de ensino, levando-se em consideração a importância das interações e brincadeiras no processo educativo dos educandos. São eles: Construção da Identidade e Autonomia; Movimento; Oralidade e Relação com a Linguagem Escrita; Arte; Construção de Noções Matemáticas; Relação com o Mundo Físico e Natural; Relação com o Mundo Social e Histórico-Cultural; Filosofia para turmas de maternal III e pré-escolar. 21 7. Os textos desta proposta se dirigem a toda a comunidade escolar e os leitores são vistos como coautores, podendo questioná-los e sugerir modificações, adaptando-os à realidade do contexto educacional. Inclusive, é importante que haja constantemente um diálogo a respeito deste documento em cada unidade de ensino. Enfim, esta Proposta Pedagógica Curricular foi pensada e elaborada coletivamente, considerando-se a criança enquanto sujeito histórico e de direitos, a “realidade que pergunta e busca respostas” (como diz Sonia Kramer) e os saberes, fazeres, valores e intenções de vários autores do processo educativo. O seu objetivo é nortear a análise, discussão, implantação, implementação e avaliação das estratégias pedagógicas da Educação Infantil do município. Contudo, para que isto ocorra é necessário o compromisso de todos os envolvidos no trabalho desta etapa de ensino, apostando na qualidade da prática pedagógica e construindo constantemente novos caminhos. REFERÊNCIAS BRASIL., Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. v 1. Brasília: MEC/SEF, 1998. ______. Conselho Nacional de Educação. Resolução Nº 05, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 2009. ______. Conselho Nacional de Educação. Parecer Nº 20, de 11 de novembro de 2009. Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 2009. KRAMER, S. Propostas pedagógicas ou curriculares: subsídios para uma leitura crítica. Revista Educação & Sociedade, v. 18, n. 60. Campinas, 1997. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php/script_sci_serial/pid_0101-7330/lngpt/nrmiso> Acessado em 10/12/2010. PINHAIS. Secretaria Municipal de Educação. Proposta Pedagógica da Educação Infantil. Pinhais: 2005. ________, Secretaria Municipal de Educação. Parâmetros Municipais de Qualidade para Educação Infantil. Pinhais, 2010. 22 23 CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE PINHAIS 1 Com relação à Educação Infantil, no ano de 2001, a Secretaria Municipal de Educação de Pinhais assumiu plenamente a rede de creches públicas, que até então estava sob a coordenação da Secretaria Municipal de Ação Social. Essa transferência de jurisdição das creches, agora com caráter educacional, apresentou novos desafios para a Secretaria Municipal de Educação, que teve que se organizar para suprir os recursos humanos e financeiros e promover a organização pedagógica e curricular para fazer frente às necessidades de atendimento à demanda educacional dessa faixa etária. Priorizando a qualidade do atendimento na Rede Municipal de Ensino, a Prefeitura de Pinhais, por meio da Secretaria de Educação, passou então a constituir as condições e medidas necessárias para esse fim, marcadas por ações voltadas para: 1 Melhoria dos espaços físicos; construção e ampliação de unidades de ensino; adequação dos equipamentos, mobiliários e materiais pedagógicos de acordo com a faixa etária da criança; investimento na formação continuada dos profissionais; elaboração, implementação e avaliação das propostas pedagógicas nas instituições; organização da gestão escolar; valorização profissional por meio do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração do Magistério. avaliação sistemática do processo de aprendizagem e de desenvolvimento das crianças. elaboração e implementação da Proposta Pedagógica Curricular. 1 Texto do documento da I Conferência Municipal de Pinhais com alterações. reescrita dos regimentos escolares nas unidades de ensino. elaboração dos Paramêtros e Indicadores de Qualidade para a Educação Infantil. Conforme se pode identificar nas Tabelas 04 e 05, sobre a evolução de matrículas da Educação Infantil em Pinhais, no período de 2003 a 2013, a educação de crianças de creche e pré-escola passaram de1.223 para 4.688 correspondendo a um aumento de aproximadamente quatro vezes em relação ao número anterior. É preciso observar, no entanto, que mesmo havendo este acréscimo na oferta de vagas, houve também um aumento na demanda que não pôde ser atendida, a qual foi suscitada pelo crescimento populacional e principalmente pela qualidade promovida nos serviços da Educação Infantil. Os dados revelam que, em média, no período de 2003 a 2006, o maior número de matrículas concentrou-se na faixa de 4 a 6 anos, correspondendo a 70,3% do total de matriculas em 2006, enquanto que 29,7% foi a porcentagem de matriculas de crianças de 0 a 3 anos de idade. Em 2007, com a implantação do Ensino Fundamental de 9 anos, a Educação Infantil passou a atender crianças de até 5 anos, sendo possível ofertar 100 vagas a mais para crianças desta faixa etária e aumentar, consideravelmente, o número de matriculas de crianças de 0 a 3 anos de idade no município. Anos 0 a 3 anos matrículas 0 a 3 total 4 a 6 anos matrículas 4 a 6 total 0 a 6 anos mtarículas 0 a 3 anos evolução 4 a 6 anos evolução 0 a 6 anos evolução 2003 484 39,60% 739 60,30% 1223 40,30% 31,30% 34,70% 2004 471 30,20% 1087 69,80% 1558 -2,70% 47,10% 27,40% 2005 665 30,30% 1531 69,70% 2196 41,20% 40,80% 40,90% 2006 639 29,70% 1512 70,30% 2151 -3,90% -1,20% -2,00% Fonte: MEC/INEP (www.edudatabrasil.inep.gov.br) Tabela 04 - Ed. Infantil e Evolução de Matrículas, de 2003 a 2006 24 Atualmente são atendidas na Educação Infantil (creche e pré-escola) um total de 4.688 crianças, enquanto que em 2006 o número total era de 2.151. Neste sentido, conforme se observa na tabela 04 e 05, houve um aumento significativo de matrículas de 2006 a 2010, atendendo-se, aproximadamente, 1416 crianças a mais neste período. Este aumento de matrículas ao longo dos anos foi possível devido à ampliação da rede física e a construção de novas unidades educacionais. Somente entre os anos de 2010 e 2011 foram ampliadas ofertas de vagas em mais 4 unidades. Só no ano de 2012 foram inauguradas mais 3 unidades de Educação Infantil ; CMEI Tarsila do Amaral, CMEI Cora Coralina, CMEI Vinicius de Moraes e uma nova turma de maternal I no CMEI Aprendendo e Crescendo, totalizando a oferta de 492 novas vagas. Nos dados da tabela 05 quanto a evolução de matrículas na Educação Infantil observa-se que há uma aumento significativo no ano de 2013 na ampliação de vagas para crianças de 0 a 3 anos e consequentemente uma diminuição na evolução das vagas de 4 a 6 anos, visto que para esta última faixa etária toda a demanda manifesta já é atendida. Tabela 05 – Educação Infantil – Evolução de Matrículas – De 2007 A 2013 Para o ano de 2014, inclusive, já é possível prever a continuidade desse aumento no atendimento da Educação Infantil, pois serão ofertadas mais de 210 vagas aproximadamente devido aos seguintes fatores: ampliação de um CMEI no bairro Jardim Claudia ; construção de um prédio no bairro Estância Pinhais e Weissópolis e a ampliação do número turmas de Pré-escolar II nas Escolas da Rede Municipal de Ensino, pois, devido a Resolução Nº1, de 14 de janeiro de 2010, do Conselho Nacional de Educação, que define as Diretrizes Operacionais para a implantação do Ensino Fundamental de 09 Anos, e do Parecer № 01, de 19 de outubro de 2010, do Conselho Municipal de Educação de Pinhais, crianças que realizaram o Pré-Escolar II em 2010 e que são nascidas após a data de 31 de março de 2005 deverão, a partir de 2011, permanecer na Educação Infantil. Para os próximos anos, também, já estão previstas as seguintes obras: construção de um CMEI no Jardim Amélia e um no Jardim Karla, por meio de convênio com o governo Federal (programa Proinfância), e ampliações de algumas unidades de Educação Infantil do munícipio por meio de Assistência Financeira com o FNDE/MEC nos Bairros Jardim Amélia Weissopolis, Maria Antonieta, Vargem Grande, Emiliano Perneta, Atuba e Alto Tarumã. Essas ações devem garantir o aumento significativo de vagas ofertadas na Educação Infantil do município de Pinhais. O aumento significativo de matrículas na Educação Infantil veio acompanhado de um conjunto de esforços orientados para a melhoria das propostas pedagógicas das instituições educacionais, que foram elaboradas de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e esta elaboração ocorreu de forma participativa por seus profissionais, com a assessoria da Secretaria Municipal de Educação. Em atendimento a essas diretrizes, as propostas pedagógicas das instituições contemplam um currículo fundamentado numa concepção de criança como sujeito histórico-social, em desenvolvimento, que constrói o conhecimento a partir das brincadeiras e interações vivenciadas, orientadas por princípios políticos, éticos e estéticos. Em 2013, houve a reformulação da Proposta Pedagógica Curricular Municipal para Educação Infantil, a qual visa redefinir os objetivos a serem alcançados com o trabalho pedagógico desenvolvido com cada Anos 0 a 3 anos matrículas 0 a 3 total 4 a 6 anos matrículas 4 a 6 total 0 a 6 anos mtarículas 0 a 3 anos evolução 4 a 6 anos evolução 0 a 6 anos evolução 2007 977 37,70% 1612 62,30% 2589 52,90% -10,80% 8,10% 2008 913 32,70% 1879 67,30% 2792 -6,60% 16,60% 7,80% 2009 1176 31,00% 2614 69,00% 3790 28,80% 39,10% 35,70% 2010 1216 34,10% 2351 65,90% 3567 3,40% -10,10% 5,90% 2011 1314 32,29% 2755 67,71% 4069 8,06% 17,18% 14,07% 2012 1083 22,60% 3709 77,40% 4792 -17,58% 34,62% 17,77% 2013* 1655 35,30% 3033 64,70% 4688 52,82% -18,22% -2,17% Fonte: Prefeitura Municipal de Pinhais/Secretaria Municipal de Educação * Dados de 2013 são provisórios, referem-se ao dia 04/09/13 25 faixa etária, orientar o processo de reelaboração, implementação e avaliação do Projeto Político Pedagógico nas unidades de ensino e atender ao Parecer de nº. 20/2009, do Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Básica, que traz a revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil. Como primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil tem um importante papel na formação do ser humano, sustentado por estudos científicos indicativos de que quanto mais cedo se promove a estimulação e a orientação do ser humano para o desenvolvimento de seu potencial, maior efetividade se terá na constituição de habilidades e competências ao longo de sua vida, bem como na construção de autoestima mais elevada. Neste sentido, as práticas educativas adotadas para crianças de 0 a 5 anos têm como finalidade a promoção de aprendizagens e do desenvolvimento integral, a formação de sua identidade e a relação com o conhecimento sociocultural, porém sem deixar de considerar as particularidades de cada criança em relação às suas formas de expressão, comunicação e interação. Considerando estes aspectos, o município de Pinhais procura oferecer Educação Infantil de qualidade, por meio de condições ambientais, materiais, interativas e metodológicas necessárias para cada faixa etária. Promove a formação contínua dos profissionais que atuam neste nível educacional, para que não só tenham uma compreensão consistente a respeito do desenvolvimento e processo de aprendizagem da criança, mas também desenvolvam ações para promovê-los. Nesta perspectiva, os projetos pedagógicos implantados pelas unidades de ensino relacionam, de forma efetiva, o cuidar e o educar e valorizam a ludicidade, possibilitando a cada criança a construção de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens. Neste contexto, a docência nos Centros Municipais de Educação Infantil é realizada pelos Educadores Infantis, que são profissionais que ingressaram mediante aprovação em concurso público e que possuem formação mínima em nível médio na modalidade Normal. Além desses profissionais, há os atendentes infantis e atendentes de creche, os quais auxiliamno atendimento às crianças. Nas escolas de Ensino Fundamental, a docência das turmas de pré-escolar é desempenhada por professores, que, também, ingressaram mediante concurso público. Tais profissionais exercem o importante papel de planejar, organizar, desenvolver e avaliar o trabalho pedagógico, de modo a atingir a finalidade educativa. É importante salientar que a educação nas instituições educacionais mantidas pelo município de Pinhais orienta- se pelo princípio da gestão democrática, que envolve a participação da comunidade na tomada de decisão sobre as questões educacionais de suas instituições e a elaboração e implementação do Projeto Politico Pedagógico. Em vista disso, grande ênfase é dada à atuação efetiva dos Conselhos Escolares e das Associações de Pais, Mestres e Funcionários – APMF’s, cuja dinâmica é orientada por práticas participativas. Centros Municipais de Educação Infantil de Pinhais (ano de 2013) Aprendendo e Crescendo – Localizado no bairro Alto Tarumã, atende atualmente 387 crianças, Cora Coralina - Localizado no bairro Vila Amélia, atende atualmente 103 crianças. Dedo Mágico – Localizado no bairro Estância Pinhais, atende 223 crianças. Helena Kolody – Localizado no bairro Atuba, atende atualmente 208 crianças. Jane Ana – Localizado no bairro Vila Maria Antonieta, atende 98 crianças. Jaqueline Batista de Paula – Localizado no bairro Jardim Cláudia, atende mais de 250 crianças. 26 João Batista Costa – Localizado no bairro Vargem Grande, atende um número de 213 crianças. Marcelino Champagnat – Localizado no bairro Vila Maria Antonieta, atende 260 crianças. Monteiro Lobato – Localizado no bairro Emiliano Perneta, atende 100 crianças. Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Localizado no bairro Atuba, atende 50 crianças. Preparando o Futuro – Localizado no bairro Jardim Amélia, atende 170 crianças. Raimunda Boing Gorges – Localizado no bairro Weissópolis, atende 162 crianças. Rosi Galvão – Localizado no bairro Jardim Karla, atende 82 crianças. Tarsila do Amaral – Localizado no bairro Vargem Grande , atende 139 crianças. Tia Marlene – Localizado no bairro Weissópolis, atende 234 crianças. Vinicius de Moraes – Localizado no bairro Weissópolis, atende 219 crianças Vó Charlote – Localizado no bairro Atuba, atende 200 crianças. Vó Margarida – Localizado no bairro Pineville, atende 213 crianças. Escolas que possuem autorização para o funcionamento de Educação Infantil, podendo atender turmas de Pré-Escolar II _ Antonio Alceu Zielonka – Localizada no bairro Jardim Atuba. _ Antonio Andrade – Localizada bairro Maria Antonieta. - Aroldo de Freitas – Localizada bairro Emiliano Perneta. Chafic Smaka – Localizada bairro Jardim Amélia. Clementina Cruz – Localizada bairro Estância Pinhais. Dona Maria Chalcoski – Localizada bairro Centro. Elis de Fátima Zen – Localizada Maria Antonieta Felipe Zeni – Localizada bairro Alto Tarumã. Frei Egídio Carloto – Localizada bairro Jardim Atuba. Guilherme Ceolin – Localizada bairro Vargem Grande. Loão Leal - Localizada bairro Atuba. João Leopoldo Jacomel – Localizada bairro Weissópolis. José Brunetti Gugelmin – Localizada bairro Pineville. Lírio Jacomel – Localizada bairro Jardim Karla. Maria Capellari – Localizada bairro Maria Antonieta. Marins de Souza Santos – Localizada bairro Jardim Cláudia. Odille Charlotte Bruinjé – Localizada bairro Jardim Cláudia. Poty Lazzarotto – Localizada bairro Emiliano Perneta. Professora Thereza Correa Machado – Localizada bairro Weissópolis. Severino Massignan – Localizada bairro Weissópolis. 31 de Março – Localizada bairro Jardim Atuba Organização de Turmas As turmas de Educação Infantil nas unidades de ensino são organizadas de acordo com a faixa etária. A partir do ano de 2011 tal organização seguirá os seguintes critérios: TURMA IDADE Berçário I Crianças de 4 a 11 meses Berçário II De 12 a 18 meses Maternal I Com 2 anos a completar durante o ano letivo ou maiores de 18 meses. Maternal II 3 anos a completar durante o ano letivo. Maternal III 4 anos a completar após 31 de março do ano letivo. 4 anos completos ou 5 27 Pré-Escolar I anos a completar após 31 de março do ano letivo. Pré-Escolar II 5 anos completos ou 6 anos a completar após 31 de março do ano letivo. REFERÊNCIA PINHAIS. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. I Conferência Municipal de Pinhais – COMEP. Pinhais, 2010. 28 PRINCÍPIOS NORTEADORES DA PROPOSTA Os princípios apresentados neste documento devem nortear o trabalho desenvolvido na Rede Municipal de Ensino, estando, portanto, presentes tanto na Proposta Pedagógica Curricular para Educação Infantil quanto para o Ensino Fundamental – Anos Iniciais, tendo por finalidade pensar, articular, organizar, desenvolver e avaliar as práticas educativas das unidades de ensino. Os princípios norteadores que orientam o processo educacional são: Educação de qualidade, Gestão democrática e participativa, Autonomia para cidadania, Escola para todos, Acesso, permanência e sucesso, Formação integral dos educandos, Qualificação profissional, Respeito à diversidade, Brincadeiras e interações. I – Educação de Qualidade Promover uma educação básica de qualidade é um dos desafios da Rede Municipal de Ensino de Pinhais, visto que o conceito de qualidade é construído socialmente e baseado em valores. Desta forma, o que é considerado como padrão de qualidade hoje, pode não ser daqui a algum tempo, dependendo das transformações de todo um contexto. Além disso, quando se analisa a situação em termos de qualidade educacional, deve-se considerar múltiplos fatores, que muitas vezes vão além dos muros das unidades de ensino. Em relação a isto, o documento A Qualidade da Educação: conceito e definições, do Ministério da Educação e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, que foi apresentado no II Fórum Hemisfério Educacional Qualidade de Educação, expõe que tratar de qualidade Implica o mapeamento dos diversos elementos para qualificar, avaliar e precisar a natureza, as propriedades e os atributos desejáveis ao processo educativo, tendo em vista a produção, organização, gestão e disseminação de saberes e conhecimentos fundamentais ao exercício da cidadania e, sobretudo, a melhoria do processo ensino- aprendizagem dos estudantes. (DOURADO et. al, 2005, p. 29). Dentre os elementos necessários, é preciso considerar dimensões extraescolares e intraescolares. A primeira diz respeito aos aspectos socioeconômicos e culturais dos envolvidos no processo educativo e a compreensão da educação como um direito do indivíduo e dever do Estado, garantindo padrões mínimos de qualidade. A segunda envolve os aspectos de organização e gestão de cada unidade de ensino, condições de oferta de ensino, formação, profissionalização, ação pedagógica, acesso, permanência e desempenho escolar. Neste sentido, ao se pensar na qualidade de educação no âmbito municipal, baseando-se no que traz o documento referido acima, deve-se levar em conta problemas sociais refletidos nas unidades de ensino, os determinantes socioeconômicos - culturais dos cidadãos usuários da instituição educacional pública, visão que se tem da unidade de ensino no meio em que ela está inserida, acesso da comunidade escolar aos bens culturais e tecnológicos, possibilidades de melhoria de vida das camadas sociais menos favorecidas, entre outros. Assim, produzir a qualidade sob a ótica extraescolar implica, por um lado, em políticas públicas, programas compensatórios e projetos escolares e extraescolares para enfrentamento de questões como: fome, violência, drogas, sexualidade, desestruturaçãofamiliar, trabalho infantil, racismo, transporte escolar, acesso à 29 cultura, saúde, lazer, dentre outros, considerando-se as especificidades de cada país e sistema educacional. Por outro lado, implica em efetivar uma visão democrática da educação como direito e bem social, que deve expressar-se por meio de um trato escolar pedagógico que a considerar a heterogeneidade sociocultural dos sujeitos-alunos seja capaz de implementar processos formativos emancipatórios. (DOURADO et. al, 2005, p. 14). É claro que para a implantação de políticas públicas que abrangem questões sociais é preciso a parceria de diversos setores, como educação, saúde, esporte, cultura e lazer, assistência social, entre outros. Porém, cada unidade de ensino é responsável pela elaboração e implementação de projetos escolares que envolvem as questões citadas acima. Para tanto, a unidade de ensino precisa ter clareza a respeito de sua finalidade educativa e dos conceitos que embasam o processo ensino e aprendizagem, bem como estabelecer procedimentos de avaliação processual de suas ações, para que (re)construa o seu trabalho tendo como foco o desenvolvimento e a aprendizagem significativa de todos os educandos. Agora, ao se discutir qualidade sob o ponto de vista da dimensão intraescolar, é necessário considerar os seguintes aspectos: Construção participativa de uma proposta pedagógica que leve em conta a realidade da unidade de ensino e as necessidades de todos os sujeitos envolvidos no processo educativo; Planejamento e organização dos espaços educativos que atendam aos objetivos traçados na proposta pedagógica e à concepção de ensino; Definição clara de conteúdos relevantes nos diferentes níveis do processo de aprendizagem; Utilização de metodologias apropriadas ao desenvolvimento dos conteúdos expressos na Proposta Pedagógica Curricular; Constituição de uma unidade de ensino inclusiva; Acolhimento e valorização da diversidade; Equipamentos, mobiliários e materiais em quantidade, qualidade e em condições de uso adequados às atividades educacionais; Utilização adequada de tecnologias educacionais e recursos pedagógicos apropriados ao processo de aprendizagem; Organização de bibliotecas que contenham um acervo em quantidade e qualidade adequada para atender o trabalho pedagógico; Implementação de mecanismos eficazes de informação e de comunicação entre todos os segmentos da unidade de ensino; Implantação de processos avaliativos voltados para a identificação e superação de problemas de ensino e aprendizagem; Criação de projetos que visem o acompanhamento e trabalho específico com os educandos que estejam apresentando dificuldades no processo de aprender; Implementação de ações de gestão democrática participativa; Desenvolvimento de ações de formação e valorização dos educadores/professores e demais profissionais que atuam na unidade de ensino; Promoção de condições de acesso, permanência e sucesso dos educandos na unidade de ensino; Criação de estratégias para acompanhar e melhorar o nível de satisfação dos pais, educandos e profissionais que atuam na unidade de ensino. Para que as metas relacionadas a estes fatores sejam concretizadas, todos os envolvidos com o processo educativo precisam estar comprometidos com a busca constante de uma qualidade educacional que promova de fato aprendizagens significativas, contribuindo assim, com a constituição de uma sociedade brasileira cada vez mais justa e democrática (BRASIL, 2009). É importante salientar que isto é possível se desenvolver, a partir de uma atitude participativa, reflexiva e transformadora entre todos os envolvidos. 30 II - Gestão Democrática e Participativa Entende-se que a gestão democrática e participativa constitui-se em atuação fundamental para o estabelecimento dos avanços e melhoria da qualidade da educação; isto porque estabelece o direcionamento, a mobilização e a organização necessária para sustentar e dinamizar os processos educacionais nas unidades de ensino. Sem isso, os demais esforços e gastos são despendidos sem muito resultado. Este novo modelo de gestão se assenta sobre a mobilização dinâmica do esforço e competência humana, sua energia e talento, sua capacidade empreendedora e organizadora, como condições básicas e fundamentais da qualidade do ensino e da transformação da própria identidade da educação nas unidades de ensino, muitas delas marcadas pela falta de liderança e requisitos específicos, pela falta de padrões de desempenho e de perspectiva de superação efetiva dos desafios cotidianos. Em vista disso, a Secretaria Municipal de Educação de Pinhais tem investido significativamente no desenvolvimento da gestão democrática em sua rede de ensino, segundo os propósitos e princípios constitucionais e da legislação educacional, para elevar a qualidade de ensino. Cabe a ela, o cumprimento desta proposta pedagógica, a decisão sobre a alocação e distribuição de recursos necessários para a realização de seus objetivos e metas, assim como zelar pela qualidade de ensino da rede, em todos os seus segmentos e serviços. A essa competência está associada à responsabilidade fiscal e ética, exercidas com transparência e eficácia. No âmbito desta secretaria, foram organizados os departamentos e setores necessários para a orientação, o apoio, o acompanhamento e a avaliação dos trabalhos da rede de ensino, assim como foram propostas formações continuadas às suas equipes. Também foi adotado, em acordo com a política de gestão da Prefeitura de Pinhais, um modelo de planejamento estratégico, a partir do qual são definidos para orientar a operacionalização de suas políticas, metas e objetivos, continuamente monitorados e revistos periodicamente. Com vistas a concretizar uma gestão democrática associada à competência técnica, promove ações necessárias para a eleição de diretores com a aprovação de todo o colegiado e comunidade escolar. No âmbito das unidades de ensino, esse mesmo modelo de planejamento estratégico é adotado e são feitas reuniões regulares com os gestores escolares, de modo a garantir a unidade do trabalho entre as escolas e também a troca de experiências entre os diretores, sobre o enfrentamento de seus desafios como gestores educacionais. O mesmo ocorre em relação a autonomia da gestão, que tem sido orientada pela proposta, consubstanciada em 2002 na Rede Municipal de Ensino, a partir da qual se fortaleceu a formação e implementação dos Conselhos Escolares. Em 2009 a criação das APMF’s – Associações de Pais, Mestres e Funcionários, como condição para a realização da gestão democrática e participativa e integração entre unidades de ensino e comunidade, integrando professores/educadores, educandos e seus familiares. A prática da gestão democrática, mediante a inserção das unidades de ensino em sua comunidade e dela no desenvolvimento de suas práticas educacionais, constitui-se não apenas um preceito constitucional, mas também uma das condições básicas para a melhoria da qualidade de ensino. Neste sentido, um dos objetivos primeiros da gestão é transformar a escola em instância de pertencimento e identidade dos envolvidos e um dos caminhos para tal é o diálogo. (KRAMER, Sonia. Profissionais de educação infantil: gestão e formação. São Paulo: Ática, 2005, p.105). Destaca-se ainda que a gestão educacional só é democrática, quando todos voltam-se para promover e garantir educação de qualidade. 31 III - Autonomia para Cidadania Aprender a ser cidadão é, entre outras coisas, aprender a agir com respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não violência, usar o diálogo nas mais diferentes situações, desenvolver a capacidade de pensar por si mesmo e decidir entre o certo e o errado. Sendo assim, o desafio é possibilitar aos educandos condições objetivaspara avaliar e compreender as situações em que vivem e instrumentalizá-los para fazer boas escolhas e perceber-se como parte da sua família e da sociedade. Esses valores e atitudes precisam ser enfatizados e desenvolvidos também nas unidades de ensino, por meio do respeito às regras de convivência e diretamente nos conteúdos em cada área do conhecimento. IV - Escola para Todos Quando se pensa em “educação para todos” acredita-se que: Todo educando deve ter o direito ao acesso, permanência e sucesso no contexto regular de ensino; Todo educando possui características, interesses, potencialidades, limitações e especificidades em relação à aprendizagem que lhe são próprias e que precisam ser consideradas, estimuladas e trabalhadas; A unidade de ensino deve considerar, respeitar e valorizar a vasta diversidade de características e especificidades do seu educando garantindo uma pedagogia centrada no atendimento a elas; Unidades de ensino inclusivas promovem a educação para todos, possibilitando a construção de uma sociedade inclusiva. A escola inclusiva se caracteriza por um sistema que reconhece, respeita e valoriza as diferenças individuais de todos aqueles que nela encontram-se inseridos. Procura atender a todos os educandos independentes de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. O desenvolvimento de seu trabalho necessita ser flexível (currículo/ avaliação/ estrutura física/ encaminhamento) buscando formar os seus educandos para que possam ser autônomos, tanto na unidade de ensino como fora dela, podendo assim ser valorizados como indivíduos, independente se apresentam ou não desvantagens acentuadas e/ou necessidades especiais transitórias ou permanentes. Segundo Mantoan, (...) uma escola inclusiva oferece condições de acesso aos seus educandos, atendendo suas necessidades específicas, eliminando barreiras arquitetônicas, de comunicação, informação e atitudinais, preparando-se para receber todos os educandos. Tem por princípio o direito incondicional à escolarização de todos os educandos nas escolas de ensino regular, recusando-se a criar espaços isolados para ministrar um ensino específico para determinadas deficiências. A escola para todos caracteriza-se por reconhecer e valorizar diferenças, a heterogeneidade das turmas e a diversidade de processos de construção coletiva e individual do conhecimento. (MANTOAN, 2003, p.8). Por meio de uma pedagogia centrada nas necessidades dos educandos, a escola inclusiva promove experiências também inclusivas, significativas e positivas, contribuindo desta forma para a garantia de acesso e permanência de todos os educandos, buscando melhorar os índices no rendimento escolar e possibilitando o avanço a etapas cada vez maiores dentro do sistema educacional. Além disso, a escola inclusiva respeita os variados ritmos de aprendizagem de seus educandos, estabelecendo parcerias com a família, comunidade e serviços especializados, pois somente com o comprometimento de todos é possível a construção de uma sociedade humanitária com educação de qualidade e exercício ativo da cidadania. Nesta perspectiva de união, todos aprendendo juntos, é possível também construir o respeito mútuo, o respeito às diferenças, garantindo a formação de sujeitos com valores humanizados voltados para uma sociedade mais justa e igualitária. 32 V - Acesso, Permanência e Sucesso Pensar no princípio de acesso, permanência e sucesso remete às unidades de ensino municipais a responsabilidade constitucional do direito a educação para todos. É importante destacar que, no direito a educação como atendimento aos educandos, não é apenas para cumprimento de leis, mas principalmente por acreditar na importância da formação de cidadãos com direitos e deveres de cidadania, na política da igualdade, no exercício da criticidade, no respeito à ordem democrática e no enfrentamento a todas as formas de discriminação. Contudo, aceitar as diferenças dos educandos, não pode significar apenas o atendimento pelo atendimento, pois há que se pensar no como e que tipo de atendimento será ofertado. Todavia, não basta o educando estar e permanecer na escola, o sucesso dele é um fator preponderante que deve fazer parte das práticas pedagógicas do cotidiano escolar. VI - Formação Integral do Educando Na organização da sociedade atual percebe-se que os seres humanos estão rodeados de informações e conhecimentos. Porém, muitos apresentam dificuldades em lidar com estas situações de forma reflexiva e crítica. Deste modo, considera-se relevante apontar a formação integral do educando como um dos princípios desta proposta, pois entende-se que ao formar educandos integralmente nas unidades de ensino, concomitantemente o cidadão também está sendo formado para atuar ativa e conscientemente no meio social em que está inserido. Para que esta formação realmente se efetive, é preciso desenvolver nos educandos conhecimentos e capacidades que lhes permitam: Aprender a pensar com consciência; Raciocinar de modo persuasivo e fundamentado; Tomar decisões lúcidas; Conviver e comportar-se de modo adequado às exigências éticas e morais. É importante, ainda nesta visão, assegurar o desenvolvimento do currículo básico, enriquecendo-o com procedimentos metodológicos diversificados e motivadores, visando uma orientação eficaz para a operacionalização de ações pedagógicas que mobilizem toda a comunidade escolar na direção de aprendizagens significativas. No entanto, nas unidades o foco não é preocupar-se em ensinar diretamente valores e criatividade aos educandos, mas a todo momento esta ideia deve estar implícita nas ações realizadas, para que se consiga formá- lo na sua totalidade. VII - Qualificação Profissional A formação de professores/educadores vem assumindo posição de destaque nas discussões relativas as políticas públicas. É uma preocupação que se evidencia nas reformas que vem sendo implementadas na política de formação docente, bem como nas investigações e publicações da área e nos debates acerca da formação inicial e continuada dos professores/educadores. Nessas dimensões, a formação continuada aparece associada ao processo de melhoria das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores/educadores em sua rotina de trabalho e em seu cotidiano escolar. Sob o ponto de vista de políticas públicas, a formação continuada de professores tem seu amparo legal na LDB 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Brasileira), ao regulamentar o que já determinava a Constituição Federal de 1988, instituindo a inclusão nos estatutos e planos de carreira do magistério público, o aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive em serviço, na carga horária do professor/educador. Esses horários, segundo a normativa legal, são reservados para estudos, planejamento e 33 avaliação, com o intuito de propiciar uma formação fundamentada na "íntima associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço." No Art. 13 inciso V, se enuncia que os docentes incumbir-se-ão de ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar, integralmente, dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional. Ser professor/educador é educar-se permanentemente, pois o processo educativo não se encerra, é contínuo. Isto nos permite reconhecer que cada conhecimento construído pelos professores/educadores com seus educandos, vai implicar novas relações com outros conhecimentos, novas procuras, perguntas, dúvidas e, consequentemente, novas construções, num processo permanente onde a formação de professores/educadores em serviço é entendida como uma "formação contínua", no cotidiano e a partir do cotidiano profissional destes. No entanto, se por um lado, osprofessores/educadores que, durante vários anos ministram aulas, conhecem a atualidade do exercício docente, têm domínio sobre a prática, e conhecem os problemas atuais e reais da unidade de ensino; por outro, não desenvolvem um processo de formação contínua, ficam aquém dos avanços dos conhecimentos universais. Deste modo, a formação continuada deve pautar-se em princípios de uma educação igualitária (no sentido de ser direito de todos), com vistas ao sucesso dos educandos e prevendo avanços nas áreas em que será ofertada. Também evidencia-se a importância de termos um setor ligado à área de ensino, que fica responsável pela organização, planejamento e estruturação das propostas de formação continuada. É necessário que o município, ao propor formação continuada aos seus profissionais da educação, tenha em vista as demandas reais do ensino e que tenha mecanismos compatíveis para acompanhar as necessidades e os resultados obtidos em cada formação. Deste modo, para formar um profissional reflexivo, deve-se, acima de tudo, formar um profissional capaz de dominar sua própria evolução, construindo competências e saberes novos ou mais profundos a partir de suas aquisições e de sua experiência. VIII - Respeito à Diversidade A ideia de diversidade está ligada aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes ângulos de visão ou de abordagem, heterogeneidade e variedade. E, muitas vezes, também, pode ser encontrada na comunhão de contrários, na intersecção de diferenças, ou ainda, na tolerância mútua. No patrimônio ético-cultural da humanidade inteira há um comportamento que não pode faltar: a consciência de que os seres humanos são todos iguais na dignidade, merecem o mesmo respeito e são sujeitos dos mesmos deveres. João Paulo II O debate sobre diversidade e diferença cultural, a partir de meados do século XX intensificou-se, imprimindo à sociedade brasileira a (re)configuração do pacto social a partir da insurgência de atores sociais, grupos identitários (aqueles que se reconhecem por características comuns) e movimentos, até então, não ou pouco visualizados no cenário público. Nesse sentido, tomar consciência de que o Brasil é um país pluriétnico (grupos que apresentam homogeneidade cultural e linguística) é reconhecer e aceitar que, nesta diversidade, negros e indígenas têm papéis de relevância para a sociedade brasileira. No processo de escolarização, ainda hoje, em seus diferentes níveis e modalidades, há um certo “repúdio” ao diferente. Esse fenômeno chamado 34 etnocentrismo2, quando exacerbado transforma-se em práticas xenófobas3 - aversão ou ódio, em racismo4 – crença na existência de superioridade ou inferioridade racial e ainda, sexismo5 e homofobia6. Com vistas a combater tais crenças e posturas, a diversidade foi eleita como princípio norteador desta proposta curricular, firmando o propósito de tomá-la como desafio constante para o processo educativo, exercitando-a na produção de práticas, saberes, valores, linguagens, técnicas artísticas, científicas, nas representações de mundo, nas experiências de sociabilidade e aprendizagem vivenciadas no âmbito escolar e fora dele. Para que isso ocorra, faz-se necessário reconhecer que a base da diversidade nasce da construção histórica, cultural e social das diferenças e que esta é forjada por sujeitos sociais em processos de adaptação ao meio social e no contexto das relações de poder. Neste sentido, a instituição escolar tem como premissa o desenvolvimento de uma postura ética, consciente e coerente das marcas da diversidade nas diferentes áreas do conhecimento e no currículo como um todo, nos processos de produção e de seleção do conhecimento nele traduzido. Não obstante, nessa perspectiva, se faz necessário complementar o foco nos conteúdos e repensar a proposta curricular para o pleno desenvolvimento humano, ou seja, focar os sujeitos da educação, extrapolando os níveis interpessoais e subjetivos, processando a reeducação do olhar para além do imobilismo e da inércia política-pedagógica que permeia a educação. Para a transformação das experiências escolares em conhecimentos permeados pelas relações sociais, o professor/educador 2 Conceito antropológico, segundo o qual a visão ou avaliação que um indivíduo ou grupo de pessoas faz de um grupo social diferente do seu é apenas baseada nos valores, referências e padrões adotados pelo grupo social ao qual o próprio indivíduo ou grupo fazem parte. 3 Aversão a estrangeiros, imigrantes, refugiados. Fenômeno comum nos países europeus contra imigrantes de países asiáticos, africanos ou latinos. 4 Refere-se à ideia de hierarquização dos povos a partir do pressuposto da existência de raças humanas inferiores e superiores. Combinam violência física e psicológica. 5 Termo que se refere ao conjunto de ações e idéias que privilegiam entes de determinado gênero (ou, por extensão, que privilegiam determinada orientação sexual) em detrimento dos entes de outro gênero (ou orientação sexual). 6 Homo= igual, fobia=do Grego φόβος "medo", é um termo utilizado para identificar o ódio, a aversão ou a discriminação de uma pessoa contra homossexuais e, consequentemente, contra a homossexualidade, e que pode incluir formas sutis, silenciosas e insidiosas de preconceito e discriminação contra homossexuais. tem papel fundamental, enquanto artífice de sua materialização nas unidades de ensino e salas de aula. Portanto, concebemos um currículo para diversidade que possa sensibilizar e educar as pessoas para a busca da igualdade e equidade racial e cultural em respeito à diferença. IX – Brincadeiras e Interações Segundo a Resolução N° 05, de 17 de dezembro de 2009, do Conselho Nacional de Educação e Câmera de Educação Básica, todas as práticas pedagógicas desenvolvidas na Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e brincadeiras. Neste sentido, é função das unidades de ensino propiciar situações em que os educandos interajam com diferentes pessoas, objetos e elementos culturais e sociais, criando-se vínculos positivos com o outro e com o conhecimento, pois o modo como estas interações se constituem influência no processo de aprendizagem e desenvolvimento do educando e na construção de sua autonomia e identidade. Além de mediar estas situações com as crianças, as unidades de ensino precisam criar relações de proximidade, confiança e apoio mútuo com os familiares dos educandos, pois estes transmitem segurança aos seus filhos em relação ao ambiente escolar e se tornam coparticipantes do processo educacional, propiciando, também, formas diferentes de interação que contribuirão para que a criança construa conhecimentos. Os profissionais da unidade de ensino devem, ainda, procurar estabelecer entre si uma relação de respeito, ética e colaboração recíproca, pois, assim, facilita-se a comunicação efetiva entre eles, a troca de experiências e a criação de um clima favorável à formação plena do educando. A ludicidade deve estar presente na maioria das atividades desenvolvidas na Educação Infantil, pois o “brincar dá à criança oportunidade para imitar o conhecido e para construir o novo, conforme ele reconstrói o 35 cenário necessário para que sua fantasia se aproxime ou se distancie da realidade vivida, assumindo personagens e transformando objetos pelo uso que deles faz” (PARECER CNE/CEB Nº 20/2009). As brincadeiras precisam atender as necessidades e interesses de meninos e meninas, de acordo com a faixa etária, e por meio dela é possível promover o conhecimento da criança a respeito de si e do mundo, trabalhar com diferentes linguagens, construir conceitos, interagir com manifestações e tradições culturais, estimular a autonomia infantil, a imaginação, criatividade e expressividade. Enfim, o brincar, além de ser umdireito da criança, possibilita o enriquecimento de relações e a promoção de aprendizagens no contexto educacional. REFERÊNCIAS BEAUCHAMP, J. (Org.); PAGEL, S. D.; NASCIMENTO, A. R. do. Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília: MEC/SEB, 2008. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. ______. Conselho Nacional de Educação. Resolução nº 1, de 17 de junho de 2004. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, 2004. ______. Conselho Nacional de Educação. Parecer Nº 20, de 11 de novembro de 2009. Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 2009. ______. Conselho Nacional de Educação. Resolução Nº 05, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 2009. ______.Educação Africanidades Brasil. UNB: Brasília, 2006. ______. Lei n.º 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. MEC: Brasília, 1996. ______. Lei n.º 10.639/03. Inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro- Brasileira”. Brasília, 2003. ______. Lei n.º 11.645/08. Inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro- Brasileira e Indígena”. Brasília, 2008. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Nacionais de Qualidade para Educação Infantil . Brasília: 2008. ______. Orientações e Ações para Educação das Relações Étnicorraciais. MEC/SECAD: Brasília, 2006. ______. Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro- brasileira e Africana. MEC: Brasília, 2009. ________. Subsídios para Diretrizes Curriculares Nacionais Específicas da Educação Básica. Brasília, 2009. DOURADO, L. F. OLIVEIRA, J. F. SANTOS C. de A. A Qualidade da Educação: Conceitos e Definições. Ministério da Educação-Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2005. Disponível em <http://escoladegestores.mec.gov.br/site/8-biblioteca/pdf/quali dade_da_educação.pdf> Acessado em 20/09/2010. MACHADO, R. Programa escola aberta às diferenças: consolidando o movimento de reorganização didática. Florianópolis: PRELO, 2004. MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003. PARANÁ. Educando para as Relações étnicorraciais II. SEED: Curitiba, 2008. PERRENOUD , PHILIPPE. A prática reflexiva no ofício de professor: Profissionalização e razão pedagógica. Ed. Artmed, 2002. 36 FUNDAMENTOS DA PROPOSTA I – Fundamentos Filosóficos Os estudos realizados levam a refletir sobre quais foram os princípios que conduziram as políticas educacionais até então, desde as correntes pedagógicas que nortearam o desenvolvimento da educação, até os pilares filosóficos que a sustentaram e nisto é preciso considerar que a filosofia nos faz compreender o ensino por meio do pensar e agir críticos e aferição da realidade em contraste com o discurso. Sobre isso, Niskier afirma: Em filosofia educacional é desejável que as três modalidades filosóficas (especulativa, prescritiva e analítica) caminhem em conjunto, dado que é um processo global. Ela necessita do conhecimento sobre o homem a quem se pretende educar e da sociedade da qual ele é parte. A ela compete encarregar-se do estabelecimento de valores e objetivos desejáveis em educação, como ainda ser a guardiã das palavras para que o processo educacional transcorra sem incoerência. (NISKIER, 2001, p.239). Assim, os princípios filosóficos no campo educacional propiciam por meio de suas modalidades a oportunidade de sondar, refletir e analisar a realidade, possibilitando a intervenção nesta. A filosofia e pedagogia, formuladas teoricamente, devem se refletir em práticas sociais e históricas, se com elas se pretende produzir efeito sobre o homem individual ou coletivamente. Desse modo: Uma pedagogia revolucionária centra-se, pois, na igualdade essencial entre os homens. Entende, porém a igualdade em termos reais e não apenas formais. Busca, pois, converter-se, articulando-se com as forças emergentes da sociedade, em instrumento a serviço da instauração de uma sociedade igualitária. Para isso, a pedagogia revolucionária, longe de secundarizar os conhecimentos descuidando de sua transmissão, uma das tarefas primordiais do processo educativo em geral e da escola em particular. (SAVIANI, 1994, p.75). A unidade de ensino está inserida em um processo político-social com compromisso de transformação da sociedade, assumindo assim, a função de mediadora entre o educando (ser atuante e criativo) e o acesso ao saber historicamente acumulado de forma dialética. A partir desta ideia, o sistema de ensino deverá promover o pensamento crítico, estimulando a atuação sobre o meio social, relacionando a este, as diversas áreas do conhecimento científico e sistematicamente elaborado. A finalidade educativa deve estar comprometida com a transformação da sociedade. Paulo Freire afirma que: “A educação, portanto, implica uma busca realizada por um sujeito que é o homem. O homem deve ser o sujeito de sua própria educação. Não pode ser o objeto dela”. (FREIRE, 1979, p.28). Isso sugere reconhecer a relação indissociável entre educação e política. Estas dimensões são distintas, porém articuladas configuram a prática social e exigem a necessidade de instrumentalização, garantindo a mediação do saber erudito vinculado aos aspectos culturais. Nesta perspectiva, as práticas dos professores/educadores abrangem elementos que direcionam uma proposta educacional voltada aos princípios democráticos transformadores e de participação ativa. Assim, o acesso aos conteúdos de modo significativo favorece a incorporação de saberes que permitem compreender, analisar e intervir na sociedade na qual se insere. A ação educativa apresenta dois sujeitos principais: professor/educador e educando, que participantes do processo, aprendem e se desenvolvem mutuamente 37 estabelecendo relações. Parte-se do princípio que: A dialética opõe-se necessariamente ao dogmatismo, ao reducionismo, portanto é sempre aberta, inacabada, superando-se constantemente. Todo pensamento dogmático é antidialético. O “marxismo acadêmico”, reduzindo Marx a um código, transformando o seu pensamento em lei sem nada lhe acrescentar é por isso, antidialético. A crítica e a autocrítica, pelo contrário, são revolucionárias. É assim que devemos entender a advertência de Lênin de que “o marxismo é um guia para a ação e não um dogma”. Enquanto instrumento de ser entendida como crítica, crítica dos pressupostos, crítica das ideologias e visões de mundo, crítica de dogmas e preconceitos. A tarefa da dialética é essencialmente crítica. (GADOTTI, 2006, p. 40) Sendo assim, a unidade de ensino é entendida como mediadora entre o educando e o mundo da cultura elaborada socialmente e historicamente, onde o processo de apropriação dos conhecimentos ocorre de maneira crítica. II - Fundamentos Pedagógicos A educação entendida como elemento articulador entre o conhecimento empírico de mundo e o conhecimento científico cultural da humanidade, requer uma concepção pedagógica-metodológica com bases estruturais definidas, em concomitância com essa visão educacional de sociedade e de mundo. Contudo, ao considerar o ser humano um ser social que depende de outros para sobreviver e se desenvolver, compreende-se que o conhecimento é uma produção coletiva dos seres humanos nas suas relações com a natureza, os outros e consigo mesmo. No
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