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Resenha: Crime e Costume na Sociedade Selvagem - Bronislaw Malinowski

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, LETRAS E ARTES 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS 
ISH0029 - SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA GERAL - T01 (2020.5) 
 
 
DISCENTE: Ana Clara Machado Rosa 
 
 
 
 
RESENHA DO LIVRO CRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SELVAGEM – 
BRONISLAW MALINOWSKI 
 
 
 
 
DOCENTE: Professor Doutor Douglas Araújo 
 
 
 
 
 
NATAL 
2020 
MALINOWSKI, Bronislaw. CRIME E COSTUME NA SOCIEDADE SELVAGEM. 
Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2003. 100p. 
 
Bronislaw Malinowski, antropólogo que deu início ao método de pesquisas 
etnográficas através da observação participante, desenvolve seus trabalhos, 
principalmente, ao redor da Austrália. Em seu livro Crime e Costume na Sociedade 
Selvagem, o povo estudado em questão são melanésios, que habitam ao nordeste do 
país. Malinowski enfatiza a importância de o antropólogo desprender-se de seus 
conhecimentos e costumes pessoais e prévios antes de entrar em contato com 
qualquer grupo, tornando assim, a pesquisa limpa e impessoal. 
Crime e Costume na Sociedade Selvagem (Malinowski, 2003), é dividido em 
duas partes. A primeira, denominada A Lei Primitiva e a Ordem, com treze capítulos, 
e a segunda, denominada O Crime Primitivo e seu Castigo, com quatro capítulos. Ao 
realizar os seus relatos e observações, Bronislaw Malinowski referencia falas e 
pensamentos de sociólogos e antropólogos, como Sidney Hartland e Émile Durkheim, 
que vê o homem primitivo (selvagem, como o texto trata), como sendo presos a seus 
costumes e tradições. Ao decorrer dos capítulos, o autor demonstra que as ações 
realizadas pelo membro dessa comunidade, possuem muito mais um interesse em se 
manter bem visto perante os demais, do que por ser uma obrigação a ele imposta. O 
que também contraria a caracterização dos costumes locais como ações de interesse 
comunista e cooperativista. 
Na primeira parte da obra é descrito situações comuns àquele grupo que, através 
de olhares externos, podem ser romantizadas devido à alta confiança no outro, o que 
está escasso na sociedade atual. Porém Malinowski, que não usufrui dessa 
metodologia em suas análises, mostra que ocorrem, em maioria, por interesse. Uma 
ocorrência tida como exemplo é quando a aldeia costeira se organiza para trocar os 
pescados por produtos agrícolas, produzidos na aldeia do interior. Levando em 
consideração que o participante dessa cerimônia receberá conforme o trabalho 
desempenhado e que uma boa pesca resultará em boa troca, há um esforço maior 
depositado nessa ação. O que não acontece caso não haja interesse em desfrutar 
dos bens trocados ou dos ritos locais. A essas pessoas, conforme é narrado na página 
38, cabe tornar-se “proscritos de um ou de outro homem branco”. 
Ainda sobre a primeira parte da obra, Malinowski também fala sobre a existência 
de uma lei civil na Melanésia, a qual não existe em formato escrito e seguindo padrões 
popularmente conhecidos e também citados pelos autores aos quais ele referencia, 
mas que se dá através da reciprocidade e um conjunto de costumes ligados à crença. 
Essas, ainda assim são seguidas em uma inércia, como é o caso citado do yakala, 
kaytapaku, kaytubutabu e kayasa. Logo, se não há completa racionalidade na 
realização das ações e benefícios e malefícios de acordo com a decisão realizada, 
não se pode comparar ou falar sobre a existência desse tipo de lei dentro da sociedade 
primitiva. 
Na segunda parte da obra, denominada de O Crime Primitivo e seu Castigo, 
Bronislaw Malinowski relata mais detalhadamente a relação de leis e penalidades 
dentro dos costumes dos melanésios, já que durante o período presente na 
comunidade não recolheu apenas relatos, como também presenciou diversos 
acontecimentos, conforme detalha nos capítulos. Um desses acontecimentos 
analisados incluem suicídio, perseguição, incesto e axioma, desfazendo a ideia de 
que não existe conflito dentro desse povo, o que até então era pouco mostrado por 
autores anteriores. 
O que se torna possível perceber por conseguinte é que, por menos recorrentes 
que ações como as citadas no final do parágrafo anterior são, elas não apenas 
acontecem, como possuem métodos remediadores. Esses métodos são aplicados 
através de feitiços, principalmente para analisar a vida do indivíduo e saber se ele foi 
realmente culpado pela questão acusatória ou não. Entretanto, o antropólogo 
esclarece que não há um conjunto de leis válidas a todos, em suma, situações 
tomadas como “inaceitáveis” aos povos primitivos, só são julgadas se vindas à público 
por quem a sofreu ou a quem causou. Dessa forma, não é um método justo, em 
equilíbrio para/à todos. 
Durante toda a obra a existência da lei matriarcal é destacada, todas as relações 
e ações ligam-se a mãe e sua família, seja nos ritos de trocas ou em cerimônias 
fúnebres. Esses e outros aspectos só podem ser analisados e estudados devido ao 
estilo de pesquisa desenvolvida por Malinowski, que possibilitou em Crime e Costume 
na Sociedade Selvagem, a contradição de ideias desenvolvidas e exploradas por 
outros grandes pesquisadores, que possuíam equívocos, principalmente por não 
analisarem minunciosamente e abertamente, ou seja, sem os seus interesses prévios, 
o objeto do estudo. Bronislaw Malinowski deixa, assim, um exemplo para os demais 
pesquisadores, antropólogos e estudantes, sendo a referência para uma pesquisa 
rica, abrangente e de qualidade.

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