Análise do Filme Germinal

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FACULDADES INTEGRADAS “CAMPOS SALLES”
SILVIA PAMELA PANOBIANCO
PROVA
SÃO PAULO
2020
Para que seja possível realizar uma análise do filme Germinal, é preciso compreender o contexto político e histórico daquela época, o filme se passa na França do século XIX, época que sucedia a Revolução Francesa, nesta época a burguesia francesa se aliaria ao exército para empossar Napoleão Bonaparte, houve a restauração do poder dos Bourbons e a Revolução de 1830. 
O filme inicia com o personagem Etienne a procura de emprego nas minas de carvão, após começar a trabalhar e também depois de conhecer outros mineiros, Etienne nota a precariedade das condições de trabalho e começa a incitar os funcionários para que se preparem para uma greve, ele sugere a formação de um fundo para protege-los durante o período, inclusive, entretanto o fundo não dura muito, já que a greve prosseguiu por mais tempo do que o esperado e eram muitos adeptos. 
No inicio do movimento, há dificuldade de adesão dos operários, mas após uma diminuição de salário sancionada pela fábrica, os empregados se revoltam e resolvem aderir à greve. Etienne deseja que todo o processo ocorra sem derramamento de sangue, porém conforme a greve avança e alguns trabalhadores se recusam a participar, tudo sai de controle e os próprios grevistas tornam-se violentos. A cena que melhor demonstra este momento, é quando um grupo de mulheres que tentaram realizar uma compra fiada com o dono de uma mercearia são humilhadas, após este episódio, elas retornam a loja juntamente com os demais manifestantes e o dono do estabelecimento acaba morto e mutilado, é nesta cena que Etienne nota que a greve está ficando violenta. 
As famílias dos grevistas começam a sofrer, devido a fome pela falta de dinheiro e mortes se sucedem. Por fim, os mineiros retornam ao trabalho e um último atentado a fábrica mata os trabalhadores que lá estão. Etienne é expulso da vila, levando a culpa de todo o mal sofrido pelos empregados.
O filme demonstra perfeitamente, aspectos como a luta de classes, a desigualdade social, o início da relação dos trabalhadores com máquinas, a venda da força de trabalho, entre outros aspectos, entretanto o que poderia ter sido diferente caso Etienne tivesse fundado um sindicato? 
O sindicato teria protegido os grevistas em vista de que se apresentaria como um órgão com representantes, logo Etienne não precisaria ter fugido da polícia durante um período de tempo e nem seria atacado no fim, já que existiria um órgão para sua defesa, as negociações com os patrões seriam mais viáveis, já que conversar com único representante é mais fácil do que conversar com uma multidão de grevistas, melhores condições de trabalho e fixação e regulamentação da profissão também seriam possíveis, além de outras reivindicações como o do fim do trabalho infantil, e com certeza, a revolta da população poderia ser controlada não causando mortes e violência. 
Atualmente no Brasil, o art. 8º, III da Constituição Federal estabelece que “ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos e individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas”, e além de contribuir para a manutenção das condições humanas e dignas de trabalho, os sindicatos ainda fiscalizam possíveis descumprimentos da lei por parte do empregador, e consequentemente realizam o ajuizamento de ação para “obrigar” o empregador, se necessário, a cumprir os direitos trabalhistas que existem hoje. Contudo, apesar de toda a proteção que os trabalhadores possuem, ainda no século XXI, os sindicatos enfrentam dificuldades muito semelhantes às da época, como conseguir a adesão de participantes que tem medo de represálias dos donos das corporações, ultrapassar estigmas sociais existentes de que grevistas são “baderneiros” ou “vagabundos”, a participação ativa dos membros dentro do sindicato e a necessidade de convencer os integrantes da importância da contribuição pecuniária para proteção da associação. 
É notável que as coisas poderiam ser diferentes se um sindicato devidamente organizado tivesse atuado nas causas dos funcionários da mina, todavia a luta de Etienne não foi em vão, pois é como o próprio personagem diz ao final: “Agora no céu o sol de abril brilhava com esplendor e aquecia a terra que dava fruto, por todos os lados, os grãos inchavam, cresciam, quebravam a casca necessitando de calor e de luz, a profusa seiva fluía num murmúrio, o ruído da semente se dava num grande beijo cada vez com mais força, como se estivessem mais perto da terra, os companheiros batiam por baixo dos ardentes raios do sol. Nesta manhã juvenil, era deste rumo que a terra estava necessitava. Os homens cresciam num negro exército vingador, brotava lentamente nos sulcos e frutificava para ser recolhido nos séculos vindouros e a germinação depressa iria rebentar na terra.”