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09 Mito da caverna de Platao

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MITO DA CAVERNA DE PLATÃO
- Depois disso, disse eu, representa-te, segundo essa condição, a nossa natureza no que diz respeito à educação e à ausência dela. Imagina ver homens acorrentados numa habitação subterrânea em forma de caverna, que tenha a entrada aberta para a luz em toda a sua extensão; além disso, que eles se encontrem aqui desde crianças, com as pernas e o pescoço preso a cadeias de modo a não poder mover-se e a dever olhar sempre para a frente, sem poder virar a cabeça por causa das cadeias; atrás deles, ao longe, brilha a luz de uma fogueira; entre os prisioneiros e fogo corre um caminho elevado e ao longo dele um pequeno muro, igual a cortina que os exibidores de marionetes colocam entre si e os espectadores e acima da qual exibem seu espetáculo. 
- Estou vendo, disse ele. 
- Imagina agora que, ao longo do pequeno muro, passam homens carregando utensílios de todo o tipo que excedem a altura do muro, e figuras de homens e de animais feitas de pedra e madeira, e todo o tipo de formas; e como é natural, alguns dos carregadores falem e outros permaneçam em silêncio. 
- Falas, disse ele, de um estranho quadro e de estranhos prisioneiros. 
- Eles são semelhantes a nós, respondi. Antes de tudo, crês que eles e seus vizinhos vejam outra coisa a não ser as sombras que o fogo projeta na parede da caverna que está diante deles? 
- E como, se estão obrigados a ter a cabeça imóvel por toda a vida? 
- E quanto aos objetos que são levados, não acontece a mesma coisa? 
- Sem dúvida. 
- Se, portanto, pudessem conversar entre si não credes que pensariam designar objetos reais, designando as sombras que contemplam? 
- Necessariamente. 
- E se o cárcere tivesse um eco vindo da parede em frente, todas as vezes que um dos passantes falasse crês que pensariam ser outro a falar a não ser a sombra que passa? 
- Não, por Zeus, disse ele. 
- Em todo o caso, disse eu, esses tais outra coisa não pensariam que fosse o real verdadeiro a não ser a sombra daqueles objetos artificiais. 
- Necessariamente, disse ele. 
- Considera agora, continuei, de que modo seria a sua libertação das cadeias e a sua cura da ignorância, se as coisas lhes acontecessem naturalmente. Logo que um fosse solto e obrigado a levantar-se e a virar o pescoço, a caminhar e a levantar os olhos para a luz, ao fazer tudo isso sofreria dores e ficaria ofuscado sem poder ver as coisas cuja sombra via antes. O que pensas que ele responderia se alguém lhe dissesse que o que via a pouco eram sombras vãs e que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, ele via mais corretamente as coisas? E mostrando-lhe cada um dos objetos que passam, o forçasse a responder a pergunta "o que é"? Não crês que ele ficaria perplexo e que os objetos que antes via lhe pareceriam mais verdadeiros do que aqueles que agora vês? 
- Bem mais verdadeiros, disse ele. 
- E se alguém o obrigasse a olhar a luz mesma, seus olhos não ficariam doloridos e não fugiria, voltando-se para aquelas coisas que pode ver, e não consideraria a essas semelhantes mais claras dos que as que lhe são mostradas? 
- Assim é, disse ele. 
- E se de lá alguém o tirasse, levando-o por força a subir pela rude e escarpada subida, e não o deixasse antes de tê-lo trazido para fora, para a luz do sol, acaso não sofreria e não se revoltaria por ver-se assim arrastado e, tendo chegado à luz, não teria os olhos ofuscados pelo seu brilho e não ficaria impedido de ver nem mesmo um dos objetos que a partir de agora são ditos verdadeiros? 
- Pelo menos, disse ele, não poderia vê-los imediatamente. 
- Penso que deveria primeiro habituar-se para poder ver as coisas daqui de cima. O que primeiro veria mais facilmente seriam as sombras, depois as imagens dos homens e das outras coisas refletidas nas águas, depois os próprios objetos. Em seguida veria os objetos que estão no céu e contemplaria o próprio céu durante a noite, vendo a luz dos astros e da lua com mais facilidade do que veria durante o dia o sol. 
- Sem dúvida. 
- Finalmente, creio que poderia ver o próprio sol e não os seus reflexos nas águas ou em alguma outra superfície, mas ele mesmo e em si mesmo, na morada que lhe é própria, contemplando-o tal qual é. 
- Necessariamente, disse ele. 
- Depois disso poderia deduzir a esse propósito as conclusões de que é o sol que produz as estações e os anos, que governa todas as coisas no mundo visível e que é a causa também de todas as coisas que ele e seus companheiros antes viam. 
- É claro, disse ele, que depois de tudo chegaria a essas conclusões. 
- E então, quando se lembrasse da sua primeira morada e da sabedoria que ali pensava possuir e dos que estavam prisioneiros como ele, não pensa que se felicitaria da mudança e teria compaixão daqueles outros? 
- Sim, sinceramente. 
- E se entre eles havia louvores, honras e prêmios para quem tivesse a vista mais aguda para observar os objetos que passavam e se recordasse mais exatamente quais eram os que costumavam passar em primeiro ou em ultimo lugar ou juntos, e a partir daí fosse o mais capaz de prever o que estava para acontecer, pensas que esse tal teria desejo daquelas coisas e inveja dos que entre deles gozam de maior honra e poder, ou não sucederia acaso o que diz Homero, e que ele preferiria muito mais, "viver sobre a terra e ser servo de um pobre homem" e sofrer qualquer coisa, antes do que voltar a viver lá e ter aquelas opiniões? 
- Sem dúvida, disse ele: penso que sofreria qualquer coisa antes do que tornar a viver aquela vida. 
- Pensa também nisso: se aquele tal descesse de novo na caverna, voltasse a sentar-se no seu lugar, não ficaria com os olhos cheios de trevas vindo, de repente, da luz do sol? 
- Certamente, disse ele. 
- E se voltasse a discorrer sobre aquelas sombras, discutindo com os prisioneiros que lá ficaram, antes que seus olhos se acostumassem com a escuridão, o que levaria bastante tempo, não seria motivo de riso e não se diria dele que, tendo subido lá em cima, voltou com a vista estragada, e que não vale a pena tentar a subida? E se buscasse libertá-los e conduzi-los para o alto e eles pudessem agarrá-lo com suas mãos, acaso não o matariam?
- Certamente o fariam, disse ele. 
(Trecho do livro VII da República de Platão)
 
Uma "Interpretação" da Alegoria da Caverna 
A ) Sentido da caverna 
"a filosofia ocidental, toda ela não é mais do que um conjunto de anotações de rodapé ao texto de Platão." Whitehead
Antes de tudo o Mito da Caverna , como o próprio Platão adverte, diz respeito a educação ou à falta dela. Platão procura a partir do ensino do método dialético, mostrar que devemos separar luz e sombra. É preciso buscar a luz, a verdade. A verdade para os gregos era a aletheia ("a" é um prefixo que indica oposição, negação, "lethe" significa o esquecimento, o velamento; assim, verdade para os gregos era o não esquecido, o lembrado, o não-perdido, o não oculto, daí, o real, o não dissimulado, etc. ). Para entender melhor é preciso voltar a mitologia. Para os gregos no Hades existiriam duas fontes, a fonte do esquecimento e a fonte da verdade (aletheia), as almas quando iriam "encarnar", "vir ao mundo", se banhavam ou bebiam da água da fonte do esquecimento, desta forma, elas que sabiam todas as coisas tinham esses conhecimentos "velados" e precisariam em vida relembrar pouco a pouco, adquirir saber, buscar a verdade. Quando da morte, a alma liberta retornaria a o Hades e tomaria da água da fonte da verdade, da fonte do não esquecimento. O cantor/compositor Renato Russo, em uma de suas músicas cita o mito órfico que fala sobre isso**: ""ao lado do cipreste branco, à esquerda da entrada do inferno (Hades ) está a fonte do esquecimento vou mais além, não bebo dessa água, chego ao lago da memória (verdade ) que tem água pura e fresca, digo aos guardiões da entrada: "sou filho da terra e do céu dai-me de beber pois tenho uma sede sem fim (...), me tira essa vergonha, me liberta dessa angústia, me livra desse ódio..." Bem, "no que isso se relaciona com o Mito da Caverna?". O filósofo, para Platão, era aquele que buscavaa sabedoria, o verdadeiro bem a verdade. Nesse caminho é preciso afastar as sombras passageiras e buscar o que sempre permanece, é preciso escalar em busca da luz. A verdade, que está dentro de cada um, precisa ser desvelada (é preciso retirar os véus que a recobrem). Por isso, para Platão um requisito básico para se ser filósofo era ter boa memória, não se poderia dar total confiança aos escritos visto que, esses também são sombras. É preciso que cada qual se dirija para à sabedoria, que cada qual conheça à si mesmo.
B ) Os dois mundos e os graus do saber 
Diz-se que Platão era dualista, ou seja, que para ele haveriam duas espécies de substância, que existiriam dois mundos, dois universos, duas dimensões. Uma, poderíamos dizer, é a caverna, o mundo sensível, "as sombras da caverna são as meras aparências sensíveis das coisas, enquanto as estátuas e os artefatos simbolizam todas as coisas sensíveis; o muro representa o divisor de águas que as coisas sensíveis das supra-sensíveis, um mundo de outro mundo, o mundo das idéias. Aí estão as coisas verdadeiras, os astros simbolizam a realidade no seu ser verdadeiro e o sol simboliza a Idéia do Bem. O mundo sensível é governado pela doxá, a opinião, a crença, as suposições, enquanto no mundo das idéias está a episteme, o conhecimento teórico fundamentado na razão . A episteme se opõe a experimentação, pois, é um saber contemplativo, é teoria (teoria em grego quer dizer o ser ( teo ) em contemplação ), mais tarde a chamarão ciência. Na escala até o Bem em si, o Sol ao qual todas idéias tendem, Platão apresenta dois degraus no mundo sensível e dois no mundo das idéias. "A visão das sombras da caverna corresponderiam a "eikasia" ou imaginação, enquanto a visão das estátuas e artefatos simbolizariam a pístis ou crença." A partir da saída da caverna ,a passagem da visão das estátuas para a visão dos objetos verdadeiros correspondentes, que acontece primeiramente por meio dos reflexos e imagens das mesmas, e , portanto, dos seres matemáticos, simboliza a dianoia , ou seja, o conhecimento mediano ou intermediário que está estruturalmente ligado às ciências matemáticas. "A visão mais elevada, que se inicia com a percepção dos seres reais, e que, através da visão das estrelas, dos astros e da lua durante a noite, chega à visão do Sol em plena luz do dia, simbolizando o grande caminho da dialética no seus estágios essenciais, a saber, no seu avançar e no seu passar de idéia em idéia até as idéias supremas e, por abstração dessas, até a própria Idéia do Bem., do Princípio, do Todo."
C )Quem é o homem que se liberta, contempla à verdade e retorna a Caverna? 
O homem que se liberta, contempla o Sol da verdade e volta à caverna é o filósofo. Este através do diálogo convida os que estão acorrentados (por seus preconceitos) a saírem da caverna e buscarem a verdadeira luz. Como visto, os que sempre estiveram acorrentados, e que, nunca viram senão sombras, tomarão esse homem por louco e poderão até matá-lo. Aqui podemos, sem "forçar a barra" lembrar a figura de Sócrates que a democracia ateniense matou. Platão coloca-se contra a democracia e a tirania, para ele o aristo s , o melhor, deve governar. Quem seria o aristos se não o homem que contemplou a luz da verdade? O Mito da Caverna também demostra o ideal político de Platão: o rei-filosófo. O filósofo, por ter contemplado a verdade será o melhor capacitado a agir com justiça e conduzir os acorrentados" para fora da caverna. Liberta-los e mostrar-lhes a luz. Como Platão pensa que nem todos estão aptos a empreender essa elevação, defende a aristocracia, onde os melhores governam.
D ) E Platão inventou a razão...
Platão separa os que sabem e os que não sabem, concebe o saber como um poder , cria um método e gradações de evolução. Agora, para haver verdade deve haver razão. A razão ( logos ), imutável e definitiva, passa a ser o ideal Ocidental. Todos os saberes se apossam e se direcionam para a razão. A "harmonia do mundo" agora passa pelo crivo do conceito. Define-se, a discussão chega ao fim quando se habita o ideal da ciência. Porém, para se fazer ciência é preciso retomar a escalada da caverna para a luz. Toda razão Ocidental, a partir de Platão, moveu-se nesse ideal, mesmo quando o objetivo era desdizer Platão.
Notas: ***A música chama-se "A fonte" e está no disco Descobrimento do Brasil (aquele com a banda "cercada" de flores ). Não conferi até onde vai esse texto órfico... parece-me que Russo o retirou da História da Filosofia de Bertrand Russel. De qualquer forma a referência é válida...
Esse texto foi feito em 2000, tinha então 19 anos..hoje não o faria da mesma forma... 
Marcos Carvalho Lopes é graduado e faz mestrado em Filosofia na UFG, esse texto é um trabalho de graduação, com todos os erros de um trabalho assim... 
O MITO DA CAVERNA
Esta narração mitológica não tem origem na tradição religiosa grega. Ela é um mito criado pelo filósofo Platão para explicar a diferença entre o conhecimento oriundo do senso comum, onde existem muitos enganos e falsas verdades, e o conhecimento filosófico, no qual se percebe o modo como uma falsa realidade nos é imposta.
Imaginem uma profunda e vasta caverna. No seu interior estão imobilizados e acorrentados vários prisioneiros. Seus rostos, sem possibilidade de se moverem, estão direcionados para uma das paredes da caverna. Bem atrás deles há um fogo, e entre o fogo e os prisioneiros há um muro. Ao longo deste muro passam homens, que arrastam diversos objetos das mais diversas formas conhecidas por nós sobre ele. Deste modo o fogo faz com que as sombras destes objetos se projetem na parede em frente aos prisioneiros. Assim estas sombras passam a ser a realidade para os prisioneiros, pois se acostumaram a vê-las desde a sua infância. Aqueles que carregam os objetos ao longo do muro emitem sons que os prisioneiros julgam ser das sombras (assim como acontece no cinema, o som não vem da tela, mas temos a impressão que ele vem dos lábios daqueales que na tela falam).
Imaginem agora que um destes prisioneiros se solta e comece a caminhar um pouco atordoado pela caverna. Ele fica meio desorientado e enxerga ao longe um pouco de luz. Ele vai se aproximando desta luz, mas quando chega muito perto dela, seus olhos não conseguem olhá-la por muito tempo, pois estavam muito acostumados com o escuro. Aos poucos sua visão passa a suportar cada vez mais a claridade. Até que ele consegue sair da caverna e olhar para a natureza, os animais e tudo mais. E enfim ele consegue olhar para o sol, a fonte de toda vida, a quem Platão associa a verdade.
Se você leitor, já assistiu ao filme Matrix, já pode observar algo semelhante. O mundo Matrix corresponde à falsa realidade a nós imposta, ou seja, as sombras na caverna. Não é fácil se libertar destas sombras assim como não é fácil se libertar do mundo Matrix. Mas o ser humano tem uma arma em suas mãos, ela se chama: BUSCA. A vida é uma eterna BUSCA, e o combustível desta BUSCA são as nossas paixões, não por pessoas, mas pelo conhecimento, pela arte, pelo mundo, pela natureza, etc. Enquanto estivermos apaixonados estaremos vivos.
O que levou o prisioneiro a se desacorrentar de sua prisão? A resposta para esta pergunta está na teoria da alma do filósofo Platão. O prisioneiro se liberta impelido por forças existentes em sua própria alma.
São dois princípios que guiam o comportamento humano. Um representa a força do hábito ou da acomodação que faz com a pessoa se sinta contente com o mundo ao qual esta acostumada e não procura mudanças. O outro princípio é a força de eros, que faz com que a pessoa se sinta infeliz, insatisfeita e entediada no mundo ou na realidade em que vive, e a partir disso, ela é impelida procurar coisas novas, é estimulada a ir além e descobrir novos mundos e novas realidades.
É esta força de eros que leva o ser humano a pensar de um modo diferente do qual no passado pensava. É esta força que leva algumas pessoas a sonhar e imaginarem mundos novos. É esta pessoa que faz com que os poetas criem a poesia. É estaforça que faz com que eu estude aquilo que eu amo. É esta força que fez com que Cristóvão Colombo encarasse o mar temido e desconhecido e chegasse até a América, este continente no qual vivemos.
Também podemos observar no mito da caverna uma idéia de Platão que é tão forte, que até hoje, aproximadamente vinte e três séculos atrás, ainda atua sobre nós. É a metáfora ou imagem do sol ou da luz como a verdade, como a idéia do bem ou como o esclarecimento. Ao mesmo tempo que ele enaltece a luz, ele despreza as trevas. E quem entre nós não prefere a luz às trevas?
Jorge Pessotti
O mito da caverna
A mentira realmente tem perna curta. E aquele dito que não se pode enganar a todos o tempo todo expressa a maior verdade aos mentirosos. De fato, quando se vive em uma cidade do tamanho da nossa, não precisa ser famoso para ser identificado. 
Em uma fila do banco pude ouvir o pai de uma conhecida (mais pela sua paranóia) personagem política discorrer sobre a compra que sua "importante" filha havia feito: um bar de R$ 15.000,00 e, o que é pior, estava instalando na casa que comprou em Rio Preto. Acho que assim que se "aposentar" tal figurinha pretende mudar-se de Catanduva. É isso aí, ganha-se aqui, gasta-se em lá!
Fiquei pensando que se há coisas erradas na política local, que seja moral e não ilegal, a culpa é de cada cidadão, principalmente os mais graduados pela educação formal. Porque uma coisa é certa, as artimanhas que os imorais se utilizam para enganar, sonegar e roubar são tão bem elaboradas que poucos têm o conhecimento e a inteligência desenvolvida para ver a realidade. Dura realidade! É o preço.
Não se pode deixar de lembrar a parábola de Platão, mais conhecida como o Mito da Caverna (A República, Livro VII). Nessa alegoria, Platão compara o estado da alma quando tem educação e quando não a tem. Imagina uma caverna subterrânea com uma grande entrada aberta para a luz e uns homens que estão lá dentro desde pequenos, amarrados pelas pernas e pelo pescoço de tal forma que tenham que permanecer imóveis e olhar somente para a frente. Às suas costas, existe um corredor por onde passam pessoas carregando objetos, conversando ou em silêncio. 
O que os prisioneiros vêem são as sombras projetadas na parede da caverna. Para eles, a verdade, literalmente, nada mais seria do que as sombras dos objetos. Não seriam prisioneiros comuns, seriam pessoas privadas da realidade que todo o resto conhecia. Assim compara Platão, todos nós vivemos alheios à realidade, vivemos em uma caverna mal iluminada pela luz da inteligência e do conhecimento e só se vê sombras da ignorância e do preconceito. 
E o que aconteceria ao prisioneiro daquela realidade de sombras se escapasse de suas amarras e deixasse a caverna das ilusões? Ao caminhar para a luz, por estar acostumado à escuridão, sua vista ficará ofuscada e com dores. Ao ver os objetos reais, não identificará de pronto às sombras que via. Com o tempo, acostumaria seus olhos à luz e passaria a ver a real forma dos objetos que conhecia apenas pela sombra.
O nosso prisioneiro considerar-se- ia afortunado por conhecer a realidade dos objetos e seres que conhecia apenas pelas sombras e sentiria profundo pesar por aqueles seus companheiros que permaneceram na caverna.
Se fosse obrigado a voltar, certamente, demoraria a adaptar-se àquela realidade. Seus antigos companheiros não entenderiam sobre as incríveis descrições do mundo real. Julgariam-no um louco. E creriam que ir para fora da caverna seria uma grande insanidade.
Para Platão, a caverna-prisão é o mundo que das coisas visíveis que conhecemos. A saída da caverna é equivalente a ascender ao mundo inteligível, ao mundo das idéias. Uma vez no mundo inteligível, a última coisa que se percebe é a idéia do bem e isso com grande esforço, mas uma vez percebida, é fácil concluir que é a causa de todas as coisas retas e belas, e é geradora da luz do mundo visível e fonte imediata da verdade e do conhecimento no inteligível.
Quem só se desenvolve no plano sensorial, está condenado a viver como escravo dos sentidos. Quem só se desenvolve no plano inteligível desliga-se da existência da vida. O ideal é desenvolver os dois planos e ficar com o que é bom de cada um. 
Platão nos mostra a importância de educar-se e desenvolver- se, para viver bem consigo e com os outros. E a luz que ilumina é o Bem! Saber o que é o bem, fazer o bem e receber integralmente o bem. Seja entre cidadãos, trabalhadores e, principalmente, familiares. Não se ama o que não se conhece e o tempo dedicado à conversa está reduzido a quase nada. 
Se vamos construir uma sociedade sem mentiras, sem corrupção, sem demagogia, sem nepotismo ou falsa democracia, então é preciso que todos aqueles que estão aptos à enxergar a verdadeira realidade devem retornar à caverna e libertar todos os demais que são incapazes de diferenciar entre um déspota e um democrata, custe o que custar. Se você fizer a sua parte, construiremos um lugar melhor. 
Mário Eugênio Saturno Pesquisador Tecnologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Professor da FAFICA, coordenador diocesano das Congregações Marianas. 
O Mito da Caverna e a Gestão Empresarial, por Everton Herlan Guimarães Lima , faz uma análise critica e criativa do significado do "Mito da Caverna" (Convite a Filosofia cap.3, p.40-41), relacionando todos os seus elementos com a realidade.w

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