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O Mito da Caverna

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Filosofia - O Mito da Caverna
Livro: "A República" de Platão
Visite o Site: www.geraldofadipa.comunidades.net
Platão conta uma história alegórica em um diálogo entre Sócrates e Glauco, com o objetivo de apresentar sua teoria sobre o conhecimento da verdade. É chamado de O Mito da Caverna ou Alegoria da Caverna.
SÓCRATES – Figura-te agora o estado da natureza humana, em relação à ciência e à ignorância, sob a forma alegórica que passo a fazer. Imagina os homens encerrados em morada subterrânea e cavernosa que dá entrada livre à luz em toda extensão. Aí, desde a infância, têm os homens o pescoço e as pernas presos de modo que permanecem imóveis e só veem os objetos que lhes estão diante. Presos pelas cadeias, não podem voltar o rosto. Atrás deles, a certa distância e altura, um fogo cuja luz os alumia; entre o fogo e os cativos imagina um caminho escarpado, ao longo do qual um pequeno muro parecido com os tabiques que os pelotiqueiros põem entre si e os espectadores para ocultar-lhes as molas dos bonecos maravilhosos que lhes exibem.
No caso, as os gestos e objetos que passam diante da luz do fogo formando sobras são todo o conhecimento que os prisioneiros possuem do mundo.
SÓCRATES - Ora, supondo-se que pudessem conversar, não te parece que, ao falar das sombras que veem, lhes dariam os nomes que elas representam?
GLAUCO - Sem dúvida. 
SÓRATES - E, se, no fundo da caverna, um eco lhes repetisse as palavras dos que passam, não julgariam certo que os sons fossem articulados pelas sombras dos objetos?
Os seres presos na caverna ignoram a realidade, e cria um mundo de acordo com o que vivenciam. Esta é a sua verdade. Acreditam que nada existe além das sombras que estão a sua vista e os sons advindo do fundo da caverna seriam, portanto, dos contornos de animais e de seres humanos e não das pessoas que de cima produziam.
SÓCRATES - Vejamos agora o que aconteceria, se livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que laboravam. Imaginemos um destes cativos desatado, obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça, a andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir os objetos cuja sombra antes via.
Que te parece agora que ele responderia a quem lhe dissesse que até então só havia visto fantasmas, porém que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, via com mais perfeição? Supõe agora que, apontando-lhe alguém as figuras que lhe desfilavam ante os olhos, o obrigasse a dizer o que eram
Não te parece que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que antes via era mais real e verdadeiro que os objetos ora contemplados? 
Nesta situação, o prisioneiro liberto percebe que havia pessoas e fogueiras que projetavam as sombras que ele julgava ser a totalidade do mundo. Continuando sua jornada encontra a saída da caverna e assustado se depara com o mundo exterior. Sua visão se acostumando com a luz começa a perceber o conteúdo do mundo e da natureza que se encontra fora da caverna. Percebe que o que julgava real era na verdade cópias imperfeitas da realidade. Conforme descrição abaixo:
SÓCRATES - Mas, ao cabo de tudo, estaria, decerto, em estado de ver o próprio sol, primeiro refletido na água e nos outros objetos, depois visto em si mesmo e no seu próprio lugar, tal qual é. 
GLAUCO - Fora de dúvida. 
SÓCRATES - Refletindo depois sobre a natureza deste astro, compreenderia que é o que produz as estações e o ano, o que tudo governa no mundo visível e, de certo modo, a causa de tudo o que ele e seus companheiros viam na caverna. 
GLAUCO - É claro que gradualmente chegaria a todas essas conclusões.
O prisioneiro liberto poderia retornar para a caverna e libertar os seus companheiros ou viver a sua liberdade. 
Mas, uma possível consequência de seu retorno e a revelação de toda verdade, provavelmente, acarretaria a ataques de seus companheiros que o taxariam de louco pois estavam com a mente feita e fanaticamente absorviam que o que viam era a “verdade absoluta”. 
SÓCRATES - Atenção ainda para este ponto. Supõe que nosso homem volte ainda para a caverna e vá assentar-se em seu primitivo lugar. Nesta passagem súbita da pura luz à obscuridade, não lhe ficariam os olhos como submersos em trevas? 
GLAUCO - Certamente. 
SÓCRATES - Se, enquanto tivesse a vista confusa -- porque bastante tempo se passaria antes que os olhos se afizessem de novo à obscuridade -- tivesse ele de dar opinião sobre as sombras e a este respeito entrasse em discussão com os companheiros ainda presos em cadeias, não é certo que os faria rir? Não lhe diriam que, por ter subido à região superior, cegara, que não valera a pena o esforço, e que assim, se alguém quisesse fazer com eles o mesmo e dar-lhes a liberdade, mereceria ser agarrado e morto?
A proposta pela Alegoria da Caverna pode ser interpretada da seguinte maneira:
· Os prisioneiros. ⇒ Os prisioneiros da caverna são os homens comuns que vivem presos em crenças costumeiras e não se abrem para ovos conhecimentos.
· A caverna. ⇒ Nosso corpo e os nossos sentidos, fonte de um conhecimento que, segundo Platão, é errôneo e enganoso.
· As sombras na parede e os ecos na caverna. ⇒ As sombras são distorções das imagens e os ecos são distorções sonoras. Por isso, esses elementos simbolizam as opiniões erradas e o conhecimento preconceituoso do senso comum que julgamos ser verdadeiro.
· A saída da caverna. ⇒ Buscar o conhecimento verdadeiro.
· A luz solar. ⇒ Nos coloca em uma situação de desconforto. Ao ter conhecimento do verdadeiro colocamos do lado contrário da maioria que ver nas sombras e ecos a “verdade absoluta”.
 
Observação
Trazendo a Alegoria da Caverna para nossos dias podemos observar que estamos vivendo como os prisioneiros da caverna. Mesmo, podendo ter acesso a todo conhecimento disponibilizado. Temos preguiça de pensar. A preguiça tornou-se um elemento comum em nossa sociedade diante da facilidade proporcionada pelas tecnologias.
Exemplo claro são as Fake News. A dúvida socrática, o questionamento, a não aceitação das afirmações sem antes analisá-las (elementos que custaram a vida de Sócrates na antiguidade) são hoje desprezados. As notícias falsas estão enganando cada vez mais pessoas que não se prestam ao trabalho de checar a veracidade e a confiabilidade da fonte que divulga as informações.
As redes sociais viraram verdadeiras vitrines do ego, que divulgam a falsa propaganda de vidas felizes, mas que, superficialmente, sequer sabem o peso que a sua existência traz para o mundo. A ignorância, em nossos tempos, é cultivada e celebrada.
Quem ousa opor-se a esse tipo de vida vulgar, presa na caverna como estavam os prisioneiros de Platão, é considerado louco. Os novos escravos presos nas redes sociais e no mar de informações disponibilizadas não percebem que são enganadas. Predomina opinião rasa, do conhecimento superficial, da informação inútil e da prisão cotidiana que arrasta as pessoas, cada vez mais, para a caverna da ignorância.

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