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Direito Ambiental 6

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Aula 06
Direito Ambiental p/ AGU - Procurador Federal
Professor: Thiago Leite
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL 
Teoria, jurisprudência e questões 
Aula 06 – Prof. Thiago Leite 
 
 
AULA 06 
Responsabilidade pelo 
Dano Ambiental e Termo de 
Ajustamento de Conduta 
Ambiental 
Sumário 
1 – Responsabilidade pelo dano ambiental ................................................... 2 
2 – Crimes Ambientais ............................................................................ 17 
3 – Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental – TAC Ambiental .............. 36 
4 – Jurisprudência correlata ..................................................................... 38 
5 - Questões .......................................................................................... 63 
6 - Resumo da Aula ................................................................................ 77 
 
 
 
 
 
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Teoria, jurisprudência e questões 
Aula 06 – Prof. Thiago Leite 
 
AULA 06 - RESPONSABILIDADE PELO DANO 
AMBIENTAL E TERMO DE AJUSTAMENTO DE 
CONDUTA AMBIENTAL 
1 – Responsabilidade pelo Dano Ambiental 
 
A responsabilidade pelo dano ambiental possui base no artigo 225, §3º da 
Constituição Federal: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao 
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de 
reparar os danos causados.” 
Como visto em aula anterior, os princípios da prevenção e da precaução visam 
evitar a ocorrência do dano ambiental. Ocorre que, muitas vezes (ou por falha 
na aplicação desses princípios ou por inevitabilidade mesmo), ocorre o dano 
ambiental. Ai entra em ação o importante princípio da responsabilização, 
que impõe ao causador do dano ou ao terceiro responsável a obrigação de 
reparar o dano causado ou verificado, mesmo que não tenha sido o causador, 
como veremos a seguir. 
O dano ambiental tem a característica de ser permanente, continuativo, ou 
seja, se nada for feito ele se perpetua no decorrer do tempo, agravando a 
situação existente, o que torna imperiosa a rápida e pronta 
reparação/mitigação, como bem apontado pelo Ministro Mauro Campbell, no 
REsp. 1.116.964, de 02/05/2011: 
 
 
 
Além do mais, a responsabilização pelo dano ambiental serve não só como 
instrumento repressivo, mas também como instrumento preventivo, dado 
seu caráter pedagógico, transmitindo a mensagem à sociedade de que não 
serão tolerados os danos ambientais, e que os responsáveis serão punidos 
• ...15. Não custa pontuar que, na seara 
ambiental, o aspecto temporal ganha 
contornos de maior importância, pois, como 
se sabe, a potencialidade das condutas 
lesivas aumenta com a submissão do meio 
ambiente aos agentes degradadores.16. 
Tanto é assim que os princípios basilares da 
Administração Pública são o da prevenção e 
da precaução, cuja base empírica é 
justamente a constatação de que o tempo 
não é um aliado, e sim um inimigo da 
restauração e da recuperação ambiental... 
a 
 
 
 
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Teoria, jurisprudência e questões 
Aula 06 – Prof. Thiago Leite 
 
adequadamente. Portanto, a finalidade da responsabilização ambiental consiste 
em: 
 
a) Recuperar o ecossistema danificado (função reparatória); e 
 
b) Promover a educação ambiental do responsável (função 
pedagógica/preventiva). 
 
Como visto mais acima, o artigo 225, §3º da Constituição Federal impõe aos 
infratores três espécies distintas de responsabilidades pelo dano 
ambiental, quais sejam: 
 
 
 
É possível que um mesmo ato possa gerar os três tipos de 
responsabilidades (civil, administrativa e penal), pois os tipos de 
normas infringidas são diferentes, não havendo que se falar em bis in 
idem. Ou seja, os valores protegidos por cada tipo de norma violada são 
distintos, apesar de convergirem para a mesma finalidade: tutela do meio 
ambiente. 
A responsabilidade penal e administrativa pelo dano ambiental é prevista e 
detalhada na Lei 9.605/98. Já a responsabilidade civil está calcada no artigo 14, 
§1º da Lei 6.938/81. 
 
Espécies de 
responsabilização 
pelo dano ambiental 
Responsabilidade Civil 
Responsabilidade Administrativa 
Responsabilidade Penal 
 
 
 
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RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA PELO DANO AMBIENTAL 
 
O que fundamenta a possibilidade de imposição de sanções administrativas ao 
infrator é o poder de polícia, que é a prerrogativa que a Administração 
Pública detém de impor limitações às liberdades individuais em prol do 
interesse público. Portanto, para garantir a prevalência do interesse público a 
Administração Pública edita normas que limitam as liberdades individuais, e 
caso estas normas sejam descumpridas surge o dever de impor as sanções 
correspondentes. 
Vamos exemplificar para facilitar o entendimento: a prefeitura percebe que os 
moradores de sua cidade estão colocando o lixo na calçada para ser recolhido 
em horários que não coincidem com a passagem do caminhão de lixo (liberdade 
individual). Essa postura está prejudicando o interesse da coletividade, pois a 
presença de lixo na calçada por muito tempo leva a incidência de mau cheiro, 
induz a presença de ratos, baratas, contribui para a disseminação de doenças. 
Em decorrência desta constatação a prefeitura decide editar uma norma 
proibindo que o morador coloque o lixo na calçada com mais de 02 horas de 
intervalo do horário de passagem do caminhão do lixo (limitação da liberdade 
individual), sob pena de multa de R$100,00 (sanção administrativa). Caso o 
morador não observe a norma administrativa em questão deverá ser 
devidamente sancionado (pagamento da multa), através da fiscalização 
praticada pela Administração. 
Portanto, sempre que alguém contraria uma norma administrativa em matéria 
ambiental (infração administrativa ambiental) decorrerá o dever de impor a 
sanção ambiental correspondente, independentemente de ter havido ou 
não o dano ambiental. 
O artigo 70 da Lei 9.605/98 define a infração administrativa ambiental como: 
 
Art. 70. Considera-se infração administrativa 
ambiental toda ação ou omissão que viole as regras 
jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e 
recuperação do meio ambiente. 
• O STJ entende que o direito ambiental deve 
atuar em três planos sucessivos, de modo a 
garantir a tutela integral do meio ambiente, 
nessa ordem (REsp 1.115.555): 
 
1º - Prevenção 
2º - Recuperação 
3º - Ressarcimento 
a 
 
 
 
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Referida responsabilidade administrativa, à exemplo da responsabilidade civil, é 
objetiva, ou seja, independe de culpa ou dolo. 
A responsabilidade administrativa independe da ocorrência do dano (basta a 
infração à norma para caracterizar a responsabilização administrativa), ao 
contrário da responsabilidade civil, que requer a conseqüência danosa para sua 
aplicação. 
Acrescente-se, ainda, que enquanto a responsabilidade civil se baseia na 
Teoria do Risco Integral (que, à princípio, não admite excludentes), a 
responsabilidade administrativa baseia-se na Teoria do Risco Criado, que 
admite a incidência de excludentes, mas exige do administrado – ante a 
presunção de legitimidade dos atosadministrativos – que demonstre que seu 
comportamento não contribuiu para a ocorrência da infração (culpa 
concorrente). Pela Teoria do Risco Criado é responsável quem, em função dos 
riscos ou perigos de sua atividade, incorra em ação ou omissão cuja 
conseqüência enquadra-se como ilícito administrativo ambiental. 
A infração administrativa ambiental pode ser, quanto à gravidade: 
 
a) Material: causa efetivo dano ambiental 
 
b) Formal: não causa dano ambiental (mero descumprimento da norma) 
 
As infrações administrativas em matéria ambiental deverão ser apuradas em 
processos administrativos instaurados por órgãos ambientais integrantes do 
SISNAMA, bem como por agentes das Capitanias dos Portos (Ministério da 
Marinha), haja vista que a competência material na tutela do meio ambiente é 
comum a todos os entes federativos (artigo 23, VI da CF/88), sendo sempre 
assegurado o devido processo legal, com a garantia do contraditório, ampla 
defesa, etc. 
É dever das autoridades, ao tomarem conhecimento de infrações ambientais, 
apurá-las imediatamente, sob pena de co-responsabilidade. 
 
 
 
 
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A responsabilidade administrativa é pessoal do agente que cometeu a infração, 
seja pessoa jurídica ou pessoa física. 
As sanções decorrentes de infrações administrativas são as seguintes: 
 
I - advertência; 
Será aplicada pela inobservância das disposições legais em vigor, ou de 
preceitos regulamentares. 
 
II - multa simples; 
Pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da 
qualidade do meio ambiente e será aplicada sempre que o infrator, por 
negligência ou dolo, deixar de sanar as irregularidades na prazo assinalado ou 
atrapalhar a fiscalização ambiental. 
 
III - multa diária; 
Será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo. 
 
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, 
instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer 
natureza utilizados na infração; 
Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal 
medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues a 
jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e 
cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados. Até que os animais 
Prazos máximos no 
procedimento 
administrativo 
ambiental (art. 71) 
Oferecimento de defesa ou impugnação 
contra o auto de infração: 20 dias 
contados da ciência da autuação 
Julgamento do auto de infração pela 
autoridade competente: 30 dias contados 
da lavratura do auto de infração 
Recurso para a instância superior: 20 
dias 
Pagamento da multa: 5 dias contados do 
recebimento da notificação 
 
 
 
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sejam entregues às instituições mencionadas acima, o órgão autuante zelará 
para que eles sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento e 
transporte que garantam o seu bem-estar físico. Tratando-se de produtos 
perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, 
hospitalares, penais e outras com fins beneficentes. 
 
V - destruição ou inutilização do produto; 
Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados 
a instituições científicas, culturais ou educacionais e os instrumentos utilizados 
na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por 
meio da reciclagem. 
 
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; 
Será aplicada quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não 
estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. 
 
VII - embargo de obra ou atividade; 
Será aplicada quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não 
estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. 
 
VIII - demolição de obra; 
Será aplicada quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não 
estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. 
 
IX - suspensão parcial ou total de atividades; 
Será aplicada quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não 
estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. 
 
X - restritiva de direitos. 
Podem ser: 
I - suspensão de registro, licença ou autorização; 
II - cancelamento de registro, licença ou autorização; 
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; 
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de 
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; 
V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo 
período de até três anos. 
 
 
 
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Caso o autor cometa, em uma única ação, mais de uma infração 
ambiental, deverão ser aplicadas, cumulativamente, as sanções referentes a 
cada infração, não havendo que se falar na absorção da menos grave pela mais 
grave (art. 72, §1º da Lei 9.605/98). 
 
As sanções administrativas são em regra, auto-
executáveis, com exceção das multas, que só podem ser 
cobradas coativamente através de processo judicial (execução 
fiscal). 
 
O Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA, 
criado em 1989 pela lei nº 7.797, é o mais antigo 
fundo ambiental da América Latina. É uma unidade 
do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e possui a 
missão de contribuir, como agente financiador, por meio da participação social, 
para a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA. Seu 
conselho deliberativo, composto de 17 representantes de governo e da 
sociedade civil, visa garantir a transparência e o controle social na execução de 
recursos públicos destinados a projetos socioambientais em todo o território 
nacional. 
 
Em âmbito federal o Decreto 6.514 normatiza o processo administrativo 
federal para apuração das infrações ambientais. Segundo o decreto o 
agente autuante deverá indicar, no autor de infração, a sanção aplicada, 
observando a gravidade dos fatos, os antecedentes e a situação 
econômica do infrator. 
 
• A valor da multa, que variará entre 
R$50,00 e R$50.000.000,00, será 
destinado ao Fundo Nacional do Meio 
Ambiente - FNMA, ao Fundo Naval e aos 
Fundos estaduais e municipais de meio 
ambiente. O pagamento de multa imposta 
pelos Estados, Municípios, Distrito Federal 
ou Territórios substitui a multa federal na 
mesma hipótese de incidência. 
a 
 
 
 
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A ação da administração, no âmbito federal, que vise apurar a prática de 
infrações contra o meio ambiente prescreve em cinco anos, contados da data 
da prática do ato, ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em 
que esta tiver cessado, salvo se o ato também constituir crime, pois aqui a 
prescrição seguirá a legislação penal. Caso o procedimento fique parado por 
mais de três anos (pendente te julgamento ou despacho) incidirá a prescrição, 
devendo os autos ser arquivados (artigo 21 do Decreto 6.514). 
 
CASOS DE INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO (artigo 22 do Decreto 6.514) 
Recebimento do auto de infração ou pela cientificação do infrator por 
qualquer outro meio, inclusive por edital. 
Qualquer ato inequívoco da administração que importe apuração do 
fato. 
Decisão condenatória recorrível 
 
As infrações administrativas ambientais, emnível federal, estão elencadas nos 
artigos 24 a 93, motivo pelo qual é recomendada a leitura dos dispositivos. 
 
RESPONSABILIDADE PENAL PELO DANO AMBIENTAL 
 
O direito penal incide quando há lesão aos direitos mais caros à sociedade, e 
como não poderia ser diferente, atua também no âmbito do direito ambiental, 
haja vista que a degradação do meio ambiente corresponde, na verdade, a um 
atentado a todas as formas de vida, pois estas dependem desse meio para 
existirem. Daí a necessidade de se tipificar determinadas condutas atentatórias 
ao meio ambiente, a fim de receberem a justa reprimenda penal por parte do 
Estado. 
Ou seja, a incidência do direito penal em matéria ambiental é o reconhecimento 
de que a tutela do meio ambiente se constitui como objetivo primordial de 
nossa sociedade. 
Importante ressaltar que parte da doutrina penal clássica não admite a 
responsabilização penal da pessoa jurídica, sob o argumento de que esse 
regime de responsabilização é incompatível com o ente moral (societas 
delinquere non potest), pois não haveria como imputar culpabilidade à 
pessoa jurídica, que não tem vontade própria, além da desnecessidade da 
intromissão do direito penal, quando a questão poderia ser resolvida apenas 
com a aplicação do direito administrativo. Ocorre que a possibilidade de 
responsabilização penal da pessoa jurídica foi um ato político e soberano do 
Constituinte, que é detentor dos fatores reais de poder. Portanto, todo o 
 
 
 
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sistema penal deve se adaptar a tal previsão constitucional. Os Tribunais 
Superiores já admitem com naturalidade essa possibilidade, aplicando o direito 
penal às pessoas jurídicas. 
 
Em decorrência do princípio da pessoalidade da pena (art. 5, XLV da CF/88) a 
sanção penal não pode ultrapassar a pessoa do condenado. Portanto, a 
responsabilidade, em matéria penal, é pessoal. 
A Lei 9.608/98, comumente chamada de “Lei dos Crimes Ambientais” reuniu 
boa parte das condutas típicas (crimes) praticadas em detrimento o meio 
ambiente, mas não chegou a unificar a tutela penal do meio ambiente. Não é o 
ideal, mas foi um bom avanço em termos legislativos, como bem ponderou Édis 
Milaré1: 
 
 
“Nada obstante, entendemos que o novo diploma, 
embora não seja o melhor possível, apresentando 
ao contrário defeitos perfeitamente evitáveis, 
ainda assim representa um avanço político na 
proteção do meio ambiente, por inaugurar uma 
sistematização da punição administrativa com 
severas sanções e tipificar organicamente os 
crimes ecológicos, inclusive na modalidade 
culposa...” 
 
 
 
 
 
Tema de grande relevância se refere à possibilidade de responsabilização 
penal da pessoa jurídica, prevista na Constituição Federal, em seu artigo 
225, §3º, e materializada no artigo 3º da Lei de Crimes Ambientais. 
 
 
 
 
1 Édis Milaré. Direito do Ambiente, p. 368. 
• O STF, no informativo 816, entendeu pela 
aplicação do princípio da insignificância 
aos crimes ambientais (desde que 
presentes certos requisitos). 
 
 
 
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Art. 3º As pessoas jurídicas serão 
responsabilizadas administrativa, civil e 
penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos 
casos em que a infração seja cometida por decisão 
de seu representante legal ou contratual, ou de 
seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da 
sua entidade. 
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas 
jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, 
co-autoras ou partícipes do mesmo fato. 
 
É obvio que irão surgir problemas práticos na responsabilização penal das 
pessoas jurídicas, pois o artigo 79 da Lei de Crimes Ambientais determina a 
aplicação subsidiária do Código Penal e do Código de Processo Penal, que não 
foram pensados para tal situação (punição de pessoas jurídicas), mas tais 
problemas devem ser dirimidos através da aplicação dos princípios do direito. 
Para haver a responsabilização penal da pessoa jurídica é necessário que o ato 
criminoso seja determinado pelo representante da PJ ou pelo seu colegiado, 
já que são estes quem têm poderes para falar em nome da empresa. Além do 
mais, o ato criminoso deve ter sido praticado no interesse ou benefício da 
entidade (se o interesse for exclusivo da pessoa física, por exemplo, não poderá 
haver a responsabilidade penal da PJ). 
A responsabilidade penal, em nosso país, é sempre subjetiva (princípio da 
culpabilidade), ou seja, depende de culpa lato sensu (dolo ou culpa). Na 
responsabilidade penal da pessoa jurídica o elemento culpa será verificado 
tendo como parâmetro, claro, a pessoa física que praticou o ato. 
O parágrafo único do artigo 3º traz a previsão de que a responsabilização penal 
da PJ não afasta a responsabilidade penal das pessoas físicas participantes do 
fato típico, mas é importante observar que a responsabilização da pessoa 
física não é condição para a responsabilização da pessoa jurídica (não 
há necessidade de dupla imputação). 
 
 
 
O STF e o STJ não admitem a pessoa jurídica 
como paciente em habeas corpus, haja vista que 
o ente moral não possui direito de locomoção. 
 
 
 
 
 
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Ante as peculiaridades das pessoas jurídicas, a legislação previu, no âmbito da 
responsabilização penal, um sistema diferenciado de penas, que prevê 
aplicação isolada, cumulativa ou alternativamente das seguintes espécies 
de penas (artigo 21 da Lei 9.605/98): 
 
I – MULTA: 
Será calculada segundo os critérios do Código Penal, ou seja, em dias-multa, 
no mínimo de 10 e no máximo de 360. O valor de cada dia-multa é fixado 
pelo juiz, não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário 
mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) 
vezes esse salário. Se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor 
máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da 
vantagem econômica auferida. 
 
II – PENA RESTRITIVA DE DIREITOS: 
Podem ser: 
a) suspensão parcial ou total de atividades: será aplicada quando estas 
não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à 
proteção do meio ambiente. 
b) interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade: será 
aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem 
a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de 
disposição legal ou regulamentar. 
O STJ possuía entendimento que condicionava a responsabilização 
penal da pessoa jurídica à responsabilização da pessoa física (dupla 
imputação), ou seja, a PJ só poderia ser responsabilizada caso a PF 
que executou o ato típico também o fosse. Ocorre que, após o STF 
afirmar que a Constituição Federal não condiciona a 
responsabilização da PJ à responsabilização da PF, o STJ modificou 
seu posicionamento. Portanto, o entendimento predominante tanto 
no STF quanto no STJ é de que não há necessidade da dupla 
imputação, ou seja, a PJ pode ser responsabilizada criminalmente 
independentemente da PF ter sido ou não responsabilizada. Conferir 
Informativo STJ nº 566. 
 
 
 
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c) proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter 
subsídios, subvençõesou doações: não poderá exceder o prazo de dez 
anos. 
 
III – PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE: 
 Podem ser: 
a) custeio de programas e de projetos ambientais; 
b) execução de obras de recuperação de áreas degradadas; 
c) manutenção de espaços públicos; 
d) contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. 
 
Caso se comprove que uma PJ foi criada para ser usada na 
prática de crimes ambientais deverá ser decretada a sua 
liquidação forçada (equivalente à morte civil), e seu patrimônio 
será considerado instrumento de crime e revertido ao Fundo 
Penitenciário Nacional (artigo 24 da Lei 9.605/98). Não 
confundir com a possibilidade de desconsideração sempre que 
sua personalidade atrapalhar ou prejudicar o ressarcimento dos 
prejuízos causados (artigo 4º da Lei 9.605/98). Neste caso a PJ 
não foi criada para a prática de crimes, apenas a personalidade 
jurídica (separação patrimonial entre PJ e seus sócios) 
atrapalha o adequado ressarcimento dos danos causados, não 
havendo que se falar na extinção da pessoa jurídica, apenas na 
desconsideração temporária dessa separação patrimonial, 
possibilitando a execução do patrimônio dos sócios (Teoria 
Menor da Desconsideração da Personalidade Jurídica, que não 
exige abuso da personalidade jurídica). 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL PELO DANO AMBIENTAL 
 
A Constituição Federal, em seu artigo 24, VIII, estabeleceu a competência 
concorrente entre União, Estados e DF no que toca a legislar sobre 
responsabilidade por dano ao meio ambiente, in verbis: 
 
CF/88 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
... 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e 
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 
 
 
 
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Portanto, os Estados e o DF podem instituir normas mais protetivas em sede 
de responsabilização pelo dano ambiental (plus de proteção), não podendo, 
jamais, contrariar as normas federais, ainda mais quando sua aplicação [das 
normas estaduais] resultar em uma tutela ambiental mais frágil, o que já é 
vedado pelo princípio da proibição do retrocesso (efeito cliquet) 
A Constituição Federal, no artigo 225, §3º, determina que o poluidor é 
responsável pela reparação dos danos causados, não falando nada sobre a 
necessidade de se comprovar culpa ou dolo. Enfim, os únicos elementos 
necessários para a caracterização da responsabilidade pela reparação dos danos 
(responsabilidade civil) são: 
Dano; 
Agente poluidor; e 
Nexo de causalidade entre o agente e o dano causado. 
 
Diz-se, portanto, que a responsabilidade civil pelo dano ambiental é objetiva, 
quer dizer, independe de culpa ou dolo. 
Também devemos ressaltar que a responsabilidade civil pelo dano ambiental é 
calcada na teoria do risco integral, que é uma teoria extremada do risco, 
onde o nexo de causalidade é fortalecido, não podendo ser rompido por 
excludentes de responsabilidade como culpa de terceiro, força maior, 
caso fortuito, etc. Mesmo atos lícitos podem ensejar a 
responsabilização. 
Para corroborar esse argumento a Lei 6.938/81 trouxe a previsão, em seu 
artigo 14, §1º (recepcionada pela Carta Magna), de que: 
 
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades 
previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, 
independentemente da existência de culpa, a 
indenizar ou reparar os danos causados ao 
meio ambiente e a terceiros, afetados por sua 
atividade... 
 
E como se dará essa responsabilização civil pelos danos ambientais? A regra é a 
aplicação do postulado da reparação específica in situ. E o que isso significa? 
Simples. Em havendo dano ambiental a prioridade a ser dada será a 
recuperação do meio ambiente lesado no local onde houve o dano. 
Muitas vezes não adianta apenas condenar o agente a recuperar uma área no 
Mato Grosso por um dano ambiental causado no Paraná. Aquele ecossistema 
degradado (no Mato Grosso) continuará lesado, colocando em risco a flora e a 
fauna local. Além do mais, não basta apenas que o autor do dano pague pelo 
dano causado. Ele deverá, caso possível, restaurar o meio degradado 
 
 
 
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(reparação in natura), fazendo com que se consiga voltar o mais próximo 
possível do status quo ante. A reparação in natura serve, ainda, como medida 
pedagógica tendente a criar uma cultura na sociedade que prima pela 
preservação do meio ambiente. Portanto, o ressarcimento em pecúnia é a 
exceção. 
 
 
 REGRA EXCEÇÃO 
Ressarcimento in natura (de 
preferência in situ) Ressarcimento em pecúnia 
 
E quem deve ser o responsável pela reparação ao dano ambiental causado? A 
norma é bastante clara: o poluidor! Já vimos em aula passada que poluidor é 
a pessoa, física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, 
direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação 
ambiental (artigo 3º, IV da Lei 6.938/81). 
Perceba que não precisa nem mesmo haver a prática de um ato ou sua omissão 
para a caracterização do agente como poluidor. Basta, pela teoria do risco 
integral, que ele esteja envolvido (seja o responsável) na atividade que causou 
o dano. Imaginemos que um raio atinja uma linha de transmissão de energia, 
que desmorona e dá início a um incêndio que devasta uma área de floresta ao 
redor. Não houve qualquer ato de vontade por parte da empresa que opera a 
linha de transmissão. Tudo foi decorrência de um caso de força maior. Mas 
apenas pelo fato da degradação ter acontecido no contexto da atividade de 
transmissão de energia a empresa será responsabilizada, pois assim como ela 
se beneficia dos bônus do negócio deverá arcar, também, com o ônus 
decorrente. 
Passemos ao estudo do dano ambiental. O que é esse dano? Primeiro devemos 
partir da premissa de que dano é a lesão a um bem jurídico. O dano 
ambiental, portanto, é a lesão ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado (bem jurídico ambiental). 
 
 
 
Como decorrência da indivisibilidade do bem ambiental, sua lesão será, por 
conseqüência, difusa e indivisível, exigindo uma reparação erga omnes. Caso a 
lesão do meio ambiente provoque danos individuais em ricochete (danos 
• O STJ vem entendendo que o dano ambiental 
é imprescritível, por se tratar de direito 
inerente à própria vida, fundamental à 
existência humana (REsp 1.120.117) 
a 
 
 
 
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múltiplos) o lesado poderá, de forma individual, pleitear a reparação devida, 
não prejudicando a reparação difusa do bem ambiental lesado. 
O dano ambiental pode causar, em resumo, perdas patrimoniais e perdas 
sociais/morais (também chamado de dano moral difuso), devendo 
ambos serem ressarcidos. 
E tanto o dano ambiental quanto o dano particular decorrente (reflexo) devem 
ser ressarcidos sob a sistemática da responsabilidade objetiva. 
 
 
 
Acrescente-se, ainda, que a responsabilidade civil pelo dano ambiental é 
solidária, ou seja, todos os agentes causadores do dano podem ser 
chamados a ressarcir integralmente. Assim, todos aqueles que de alguma 
forma contribuíram para a existência do dano ambiental são co-responsáveis 
pela reparação (inteligência do artigo 3º, IV da Lei 6.938/81). O litisconsórcio 
passivo, em decorrência, é facultativo, como é comum na responsabilidade 
solidária (REsp 880.160). Eventual discussão quanto à participação de cada um 
dos agentes poluidoresno dano ambiental deverá ser feita em ação regressiva, 
não podendo gerar entraves no processo de reparação, motivo pelo qual é 
vedado o chamamento ao processo e a denunciação da lide (REsp 232.187). 
 
Importante frisar que a ligação entre o ato/atividade do agente e o dano 
ambiental (degradação) é o nexo de causalidade, que deve estar presente a 
fim de que se permita a responsabilidade civil. Em decorrência da teoria do 
risco integral esse nexo de causalidade é reforçado, não sendo afastado em 
caso de força maior, caso fortuito, culpa de terceiro. 
Com base no princípio da prevenção/precaução, aliado à natureza essencial do 
bem ambiental e a corriqueira hipossuficiência técnica, científica e financeira 
dos titulares do bem ambiental, os Tribunais, em especial o STJ, têm imputado 
ao pretenso poluidor o ônus da prova (deve provar que não houve o 
dano ou que não há qualquer nexo de causalidade entre ele e o dano 
verificado). Há, portanto, a inversão do ônus da prova (REsp 972.902). 
 
Os tribunais têm admitido a responsabilização do Poder 
Público (principalmente em sede de solidariedade 
passiva) pela omissão no dever de fiscalizar. Regra 
geral a responsabilização por omissão do Estado é baseada na teoria da culpa 
administrativa, que requer o elemento subjetivo (culpa ou dolo). Ocorre que 
esse elemento subjetivo, na responsabilização por dano ambiental, vem sendo 
• O STJ, desde 2010, admite o ressarcimento 
pelo dano moral coletivo, inclusive o 
ambiental (REsp 1.180.078, REsp 1.367.923) 
a 
 
 
 
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afastado, permitindo a aplicação da responsabilidade objetiva (vide 
informativos STJ 390, 399 e 388 e REsp 1.071.741), mas de execução 
subsidiária, ou seja, o Estado atua como um devedor-reserva, que só será 
chamado caso a execução contra o poluidor não logre êxito. A verdade é que a 
questão está longe de ser unanimidade. 
 
 
QUADRO DE COMPARAÇÃO ENTRE AS 
ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADES 
 
RESPONSABILIDADE 
CIVIL 
RESPONSABILIDADE 
ADMINISTRATIVA 
RESPONSABILIDADE 
PENAL 
OBJETIVA OBJETIVA SUBJETIVA 
DEPENDE DA 
EXISTÊNCIA DO DANO 
NÃO DEPENDE DA 
EXISTÊNCIA DO DANO 
NÃO DEPENDE DA 
EXISTÊNCIA DO DANO 
SOLIDÁRIA PESSOAL PESSOAL 
PODE DECORRER DE 
ATO LÍCITO OU 
ILÍCITO 
DECORRE DE ILÍCITO 
ADMINISTRATIVO 
DECORRE DE ILÍCITO 
PENAL 
PESSOA FÍSICA OU 
JURÍDICA 
PESSOA FÍSICA OU 
JURÍDICA 
PESSOA FÍSICA OU 
JURÍDICA 
TEORIA DO RISCO 
INTEGRAL 
TEORIA DO RISCO 
CRIADO 
TEORIA DA 
CULPABILIDADE 
 
2 – Crimes Ambientais 
 
Já vimos um panorama geral acerca da responsabilidade penal em 
matéria ambiental. Agora vejamos, em espécie, os crimes contrato o 
meio ambiente previstos na Lei 9.605/98. 
 
 
• O sujeito passivo, nos crimes ambientais, 
é a coletividade! a 
 
 
 
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I – Dos crimes contra a fauna: 
 
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna 
silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, 
licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo 
com a obtida: 
 
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. 
 
§ 1º Incorre nas mesmas penas: 
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em 
desacordo com a obtida; 
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; 
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro 
ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, 
nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, 
provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença 
ou autorização da autoridade competente. 
 
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada 
ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de 
aplicar a pena. 
 
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies 
nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham 
todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território 
brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. 
 
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado: 
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que 
somente no local da infração; 
II - em período proibido à caça; 
III - durante a noite; 
IV - com abuso de licença; 
V - em unidade de conservação; 
VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição 
em massa. 
 
 
 
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§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça 
profissional. 
 
§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de perigo ou dano, não 
transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo ou 
permanente e de ação múltipla. 
 
 
 
Se o apanho ou a utilização de animal silvestre estiver amparada na 
Resolução CONAMA 394, não haverá crime. 
 
 
 
 
 
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em 
bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente: 
 
• A guarda doméstica de animal silvestre é 
crime permanente (se protrai no tempo) a 
• Os crimes contra a fauna, se não houver 
lesão a bens, serviços ou interesses da 
União, autarquias federais ou empresas 
públicas federais, deverão ser julgados na 
justiça estadual (informativo STJ 466) 
a 
• É possível a aplicação do princípio da 
insignificância a determinados crimes 
ambientais (tornando o fato materialmente 
atípico), desde que presentes os requisitos, 
quais sejam: mínima ofensividade na 
atuação do agente, a ausência de 
periculosidade social da ação, o reduzido 
grau de reprovabilidade do comportamento e 
a inexpressividade da lesão jurídica 
provocada (RHC 58.247) 
a 
 
 
 
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Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo e de ação única. 
 
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial 
favorável e licença expedida por autoridade competente: 
 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de perigo, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo e de ação única. 
 
Esse crime é de competência da justiça federal, pois há o risco da fauna 
nacional, aliado ao atentado contra o serviço do IBAMA. 
 
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais 
silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: 
 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em 
animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem 
recursos alternativos. 
 
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo ou permanente e de ação 
múltipla. 
 
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de 
materiais, o perecimentode espécimes da fauna aquática existentes em 
rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras: 
 
 
 
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Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente. 
 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: 
I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de 
domínio público; 
II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem 
licença, permissão ou autorização da autoridade competente; 
III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre 
bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo ou permanente e de ação 
única. 
 
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares 
interditados por órgão competente: 
 
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: 
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos 
inferiores aos permitidos; 
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de 
aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; 
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes 
da coleta, apanha e pesca proibidas. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano ou de perigo, não 
transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente e de ação única. 
 
Art. 35. Pescar mediante a utilização de: 
 
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito 
semelhante; 
 
 
 
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II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente: 
 
Pena - reclusão de um ano a cinco anos. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano ou de perigo, não 
transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente e de ação única. 
 
 
Conceito de pesca para fins da Lei de Crimes Ambientais (artigo 36): 
todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou 
capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e 
vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, 
ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas 
oficiais da fauna e da flora. 
 
 
 
O artigo 37 traz hipóteses de exclusão da antijuridicidade (ilicitude) da 
conduta, ou seja, não é crime o abate de animal quando cometido: 
Em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua 
família. 
Para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou 
destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado 
pela autoridade competente. 
Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão 
competente. 
 
II – Dos crimes contra a flora: 
 
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação 
permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência 
das normas de proteção: 
 
 
 
 
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Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
 
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. 
 
Referido crime é doloso ou culposo, comum, material, de dano, não 
transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente e de ação múltipla. 
 
Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em 
estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, 
ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: 
 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
 
 Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. 
 
Referido crime é doloso ou culposo, comum, material, de dano, não 
transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente e de ação múltipla. 
 
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação 
permanente, sem permissão da autoridade competente: 
 
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente e de ação única. 
 
Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e 
às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 
1990, independentemente de sua localização: 
 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 
 
 
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§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações 
Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos 
Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre. 
 
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior 
das Unidades de Conservação de Proteção Integral será considerada 
circunstância agravante para a fixação da pena. 
 
§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. 
 
Art. 40-A. 
 
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Áreas de 
Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas 
Nacionais, as Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de 
Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do Patrimônio 
Natural. 
 
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior 
das Unidades de Conservação de Uso Sustentável será considerada 
circunstância agravante para a fixação da pena. 
 
§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. 
 
Referido crime é doloso ou culposo, comum, material, de dano, não 
transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente e de ação múltipla. 
 
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: 
 
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. 
 
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a 
um ano, e multa. 
 
Referido crime é doloso ou culposo, comum, material, de dano, não 
 
 
 
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transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente e de ação única. 
 
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam 
provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em 
áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: 
 
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de perigo, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, de ação múltipla e instantâneo ou 
permanente. 
 
Esse tipo penal visa tutelar não só o meio ambiente, mas também a 
incolumidade pública. 
 
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de 
preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou 
qualquer espécie de minerais: 
 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, de ação única e instantâneo ou 
permanente. 
 
Art. 45. Cortarou transformar em carvão madeira de lei, assim 
classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos 
ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo 
com as determinações legais: 
 
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, de ação múltipla. 
 
 
 
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Como ainda não há ato do Poder Público definindo o que é “madeira de 
lei” o tipo penal está em aberto. 
 
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, 
madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir 
a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade 
competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto 
até final beneficiamento: 
 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem 
em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de 
origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do 
armazenamento, outorgada pela autoridade competente. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, de ação múltipla e permanente ou 
instantâneo. 
 
No âmbito federal a licença obrigatória para o transporte e 
armazenamento de produtos e subprodutos florestais de origem nativa 
chama-se Documento de Origem Florestal – DOF, instituído pela 
Portaria MMA 253/2006. 
 
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e 
demais formas de vegetação: 
 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, de ação múltipla e permanente ou 
instantâneo de efeitos permanentes. 
 
O tipo penal protege não apenas as florestas, mas também outros tipos 
de vegetação. 
 
 
 
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Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou 
meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em 
propriedade privada alheia: 
 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
 
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa. 
 
Referido crime é doloso ou culposo, comum, material, de dano, não 
transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente, de ação múltipla e 
instantâneo. 
 
Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou 
vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial 
preservação: 
 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente e de ação múltipla. 
 
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, 
plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem 
autorização do órgão competente: 
 
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. 
 
§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência imediata 
pessoal do agente ou de sua família. 
 
§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será 
aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare. 
 
 
 
 
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Referido crime é doloso, comum, material, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente e de ação múltipla. 
 
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas 
demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade 
competente: 
 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de perigo ou de dano, não 
transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente e de ação múltipla. 
 
A regulamentação do dispositivo está na Portaria 149-P do IBAMA. 
 
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias 
ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou 
subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente: 
 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
 
Referido crime é doloso, comum, formal, de perigo concreto, não 
transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente e de ação única. 
 
O artigo 53 traz hipóteses de aumento de pena (1/6 a 1/3) aplicáveis 
aos crimes contra a flora. São eles: 
Do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a 
modificação do regime climático. 
O crime é cometido: 
a) no período de queda das sementes; 
b) no período de formação de vegetações; 
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a 
ameaça ocorra somente no local da infração; 
d) em época de seca ou inundação; 
 
 
 
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e) durante a noite, em domingo ou feriado 
 
III – Da poluição e outros crimes ambientais: 
 
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que 
resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que 
provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da 
flora: 
 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
§ 1º Se o crime é culposo: 
 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
 
§ 2º Se o crime: 
 
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; 
 
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que 
momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à 
saúde da população; 
 
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do 
abastecimento público de água de uma comunidade; 
 
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; 
 
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, 
óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas 
em leis ou regulamentos: 
 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 
 
 
 
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§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de 
adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução 
em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. 
 
Referido crime é doloso ou culposo, comum, material, de dano ou de 
perigo concreto, não transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente, 
instantâneo ou permanente e de ação única. 
 
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem 
a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em 
desacordo com a obtida: 
 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área 
pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, 
concessão ou determinação do órgão competente. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo ou permanente e de ação 
múltipla. 
 
O exercício regular da atividade de mineração depende de autorização a 
ser dada pelo DepartamentoNacional de Produção Mineral – DNPM. 
 
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, 
fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar 
produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao 
meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis 
ou nos seus regulamentos: 
 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
 
I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os utiliza em 
desacordo com as normas ambientais ou de segurança; 
 
 
 
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II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá 
destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou 
regulamento. 
 
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é 
aumentada de um sexto a um terço. 
 
§ 3º Se o crime é culposo: 
 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
 
Referido crime é doloso ou culposo, comum, formal, de perigo, não 
transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo ou 
permanente e de ação múltipla. 
 
O bem jurídico tutelado é o meio ambiente e a saúde pública. 
 
 
 
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em 
qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou 
serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos 
órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e 
regulamentares pertinentes: 
 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
 
Referido crime é doloso, comum, formal, de perigo, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo ou permanente e de ação 
múltipla. 
• O simples fato da substância tóxica ser de 
propriedade da Marinha do Brasil não é 
suficiente para deslocar a competência para 
a justiça federal, pois o que se busca tutelar 
é o meio ambiente. 
a 
 
 
 
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Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar 
dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas: 
 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de perigo, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo e de ação múltipla. 
 
O artigo 58 traz hipóteses de aumento de pena aplicáveis aos crimes 
tipificados nos artigos 54, 55, 56, 60, 61 (nos demais crimes da seção 
tais hipóteses já fazem parte do tipo penal). São eles: 
1/6 a 1/3: se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente 
em geral. 
1/3 a 1/2: se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem. 
Até o dobro: se resultar a morte de outrem. 
 
 IV – Dos crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural: 
 
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: 
 
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; 
 
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou 
similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial: 
 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
• "para a caracterização do tipo penal previsto 
no artigo 60 da Lei 9.605/98 a poluição 
gerada deve ter a capacidade de, ao menos, 
poder causar danos à saúde humana" (HC 
147.541) 
a 
 
 
 
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Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de 
detenção, sem prejuízo da multa. 
 
Referido crime é doloso ou culposo, comum, material, de dano, não 
transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo ou 
permanente e de ação múltipla. 
 
Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local 
especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, 
em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, 
histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, 
sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a 
concedida: 
 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo e de ação única. 
 
Em âmbito federal o ente responsável pela proteção do patrimônio 
histórico e artístico é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico 
Nacional – IPHAN, autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. 
 
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu 
entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, 
ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, 
etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade 
competente ou em desacordo com a concedida: 
 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo ou permanente e de ação 
única. 
 
 
 
 
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Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento 
urbano: 
 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
 
§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu 
valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) 
ano de detenção e multa. 
 
§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de 
valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, 
desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou 
arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do 
órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas 
editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e 
conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. 
 
Referido crime é doloso, comum, material, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo ou permanente e de ação 
múltipla. 
 
V – Dos crimes contra a administração ambiental: 
 
Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir 
a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em 
procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental: 
 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
Referido crime é doloso, próprio, formal, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo ou permanente e de ação 
múltipla. 
 
Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou 
permissão em desacordo com as normas ambientais, para as 
atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato 
autorizativo do Poder Público: 
 
 
 
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Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
 
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de 
detenção, sem prejuízo da multa. 
 
Referido crime é doloso ou culposo, próprio, formal, de dano, não 
transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneoe de ação 
única. 
 
Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, 
de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental: 
 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
 
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem 
prejuízo da multa. 
 
Referido crime é doloso ou culposo, omissivo puro, próprio, formal, de 
perigo, não transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo e 
de ação única. 
 
Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no 
trato de questões ambientais: 
 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
 
Referido crime é doloso, comum, formal, de dano, não transeunte, 
unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo ou permanente e de ação 
múltipla. 
 
Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal 
ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou 
relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive 
por omissão: 
 
 
 
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Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
§ 1o Se o crime é culposo: 
 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 
§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano 
significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, 
incompleta ou enganosa. 
 
Referido crime é doloso ou culposo, comissivo ou omissivo puro, próprio, 
formal, de perigo, não transeunte, unissubjetivo, plurissubsistente, 
instantâneo e de ação múltipla. 
 
3 – Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental – 
TAC AMBIENTAL 
 
O Termo de Ajustamento de Conduta – TAC surgiu 
no ordenamento jurídico como um instrumento 
alternativo (portanto, não obrigatório) de resolução de 
conflitos relacionados aos direitos coletivos, 
possibilitando a efetivação extrajudicial da proteção 
desses direitos, dentre os quais se insere o direito ao 
meio ambiente equilibrado. A grande vantagem do 
instituto é evitar a máquina judiciária, que é burocrática e já está abarrotada de 
processos, os quais se arrastam quase que eternamente, colocando em risco a 
efetividade da tutela jurisdicional. 
O TAC foi prevista no artigo 5º, §6º da Lei da Ação Civil Pública (7.347/85), in 
verbis: 
 
§ 6° Os órgãos públicos legitimados 
poderão tomar dos interessados 
compromisso de ajustamento de sua 
conduta às exigências legais, mediante 
cominações, que terá eficácia de título 
executivo extrajudicial. 
 
 
 
 
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O Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental é, portanto, um título 
executivo extrajudicial lavrado pelos órgãos públicos (Ministério 
Público, União, Estados, DF, Municípios), após a realização de acordo 
entre o órgão público ambiental e o agente responsável pelo dano 
ambiental causado ou na iminência de ocorrer, onde este se 
compromete a ajustar seu comportamento, de modo a obedecer às 
exigências legais, com vistas a garantir a reparação integral e/ou a 
prevenção da degradação ambiental. 
O TAC pode ser firmado antes ou durante um processo judicial, e, caso seja 
homologado pelo juiz, torna-se um título executivo judicial, nos termos do 
artigo 515, III do Código de Processo Civil. 
 
O TAC ambiental poderá prever, cumulativamente, condutas positivas 
(obrigação de fazer), negativas (obrigação de não fazer), ou ainda de pagar 
quantia (multas civis em caso de descumprimento, por exemplo). Importante 
deixar claro que as obrigações resultantes do Termo devem ser líquidas, 
certas e exigíveis, ou seja, deve haver a especificação clara de como devem 
ser cumpridas, sob pena de nulidade da execução, conforme artigo 803, I do 
CPC, in verbis: 
 
CPC 
Art. 803. É nula a execução se: 
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e 
exigível; 
 
Como o meio ambiente equilibrado é um bem jurídico indisponível, o tomador 
do TAC (órgão público), ao estipular as obrigações, e diante da presença de 
várias alternativas viáveis, deverá escolher aquela que melhor tutele o meio 
ambiente, ou seja, a discricionariedade é bastante limitada pelo interesse 
público envolvido. 
A assinatura de TAC, extrajudicialmente, pelo Ministério Público, 
poderá redundar no arquivamento total ou parcial do inquérito civil em 
andamento, mas não tem o condão de afastar a ação penal, pois se 
trata de esfera diversa (penal), conforme pondera Eládio Lecey: 
 
“Mesmo ocorrendo ajustamento na esfera civil e 
até com reparação do dano, remanescerá a 
necessidade de intervenção no juízo criminal. 
Logicamente, tendo ocorrido termo de 
ajustamento de conduta com composição do dano 
e sendo a infração de menor potencial ofensivo, 
cabível, de regra, a transação penal, como já foi 
aqui destacado. Em caso de infração de médio 
 
 
 
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potencial ofensivo, constatada, posteriormente, a 
efetiva reparação do dano por laudo, preenchida 
estará condição da suspensão do processo 
porventura aplicada. Finalmente, a reparação do 
dano poderá influenciar, em caso de sentença 
condenatória, na aplicação da pena. Não terá, no 
entanto, o condão de afastar a ação penal.”2 
 
Acrescente-se, para corroborar o que foi dito acima, que nas infrações 
penais ambientais a ação penal é pública incondicionada, não havendo 
espaço para discricionariedade entre oferecer ou não a denúncia caso 
haja os elementos mínimos de convicção. 
 
 
 
 
4 - Jurisprudência Correlata 
 
 
 
 
CRIMINAL. CRIME AMBIENTAL PRATICADO POR PESSOA JURÍDICA. 
RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DO ENTE COLETIVO. POSSIBILIDADE. 
PREVISÃO CONSTITUCIONAL REGULAMENTADA POR LEI FEDERAL. 
OPÇÃO POLÍTICA DO LEGISLADOR. FORMA DE PREVENÇÃO DE DANOS 
AO MEIO-AMBIENTE. CAPACIDADE DE AÇÃO. EXISTÊNCIA JURÍDICA. 
ATUAÇÃO DOS ADMINISTRADORES EM NOME E PROVEITO DA PESSOA 
JURÍDICA. CULPABILIDADE COMO RESPONSABILIDADE SOCIAL. CO-
RESPONSABILIDADE. PENAS ADAPTADAS À NATUREZA JURÍDICA DO 
ENTE COLETIVO. RECURSO PROVIDO. 
 
2 LECEY, Eládio. Direito Ambiental Penal Reparador. [S.l.: s.n.], 2008. Disponível em: 
<http://www.esmarn.org.br/cursos/aperfeicoamentoMagistrados/2008/direitoAmbientalPenalRepara
dor.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2010. p. 8. 
 
• O STJ decidou que a assinatura de TAC 
ambiental não é capaz de afastar a 
tipicdade penal, pois a extensão nesta seara 
não é alcançada pela esfera administrativa 
ou civil - independência de instâncias. O 
cumprimento do TAC servirá, no máximo, 
para atenuar a sanção penal imposta 
(Informativo STJ 467 e REsp 1.294.980) 
a 
 
 
 
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I. Hipótese em que pessoa jurídica de direito privado, juntamente com dois 
administradores, foi denunciada por crime ambiental, consubstanciado em 
causar poluição em leito de um rio, através de lançamento de resíduos, tais 
como, graxas, óleo, lodo, areia e produtos químicos, resultantes da 
atividade do estabelecimento comercial. 
II. A Lei ambiental, regulamentando preceito constitucional, passou 
a prever, de forma inequívoca, a possibilidade de penalização 
criminal das pessoas jurídicas por danos ao meio-ambiente. 
III. A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de 
delitos ambientais advémde uma escolha política, como forma não 
apenas de punição das condutas lesivas ao meio-ambiente, mas 
como forma mesmo de prevenção geral e especial. 
IV. A imputação penal às pessoas jurídicas encontra barreiras na suposta 
incapacidade de praticarem uma ação de relevância penal, de serem 
culpáveis e de sofrerem penalidades. 
V. Se a pessoa jurídica tem existência própria no ordenamento 
jurídico e pratica atos no meio social através da atuação de seus 
administradores, poderá vir a praticar condutas típicas e, portanto, 
ser passível de responsabilização penal. 
VI. A culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade 
social, e a culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto, limita-
se à vontade do seu administrador ao agir em seu nome e proveito. 
VII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver 
intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do 
ente moral. 
VIII. "De qualquer modo, a pessoa jurídica deve ser beneficiária direta ou 
indiretamente pela conduta praticada por decisão do seu representante 
legal ou contratual ou de seu órgão colegiado." 
IX. A atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa jurídica é 
a própria vontade da empresa. A co-participação prevê que todos os 
envolvidos no evento delituoso serão responsabilizados na medida se sua 
culpabilidade. 
X. A Lei Ambiental previu para as pessoas jurídicas penas 
autônomas de multas, de prestação de serviços à comunidade, 
restritivas de direitos, liquidação forçada e desconsideração da 
pessoa jurídica, todas adaptadas à sua natureza jurídica. 
XI. Não há ofensa ao princípio constitucional de que "nenhuma pena 
passará da pessoa do condenado...", pois é incontroversa a existência de 
duas pessoas distintas: uma física - que de qualquer forma contribui para a 
prática do delito - e uma jurídica, cada qual recebendo a punição de forma 
individualizada, decorrente de sua atividade lesiva. 
 
 
 
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XII. A denúncia oferecida contra a pessoa jurídica de direito privado deve 
ser acolhida, diante de sua legitimidade para figurar no pólo passivo da 
relação processual-penal. 
(STJ, REsp 564.960, DJ 13/06/2005) 
 
INFORMATIVO 566 STJ. 
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. DESNECESSIDADE DE DUPLA 
IMPUTAÇÃO EM CRIMES AMBIENTAIS. 
É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos 
ambientais independentemente da responsabilização concomitante 
da pessoa física que agia em seu nome. Conforme orientação da 
Primeira Turma do STF, "O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não 
condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes 
ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese 
responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a 
necessária dupla imputação" (RE 548.181, Primeira Turma, DJe 
29/10/2014). Diante dessa interpretação, o STJ modificou sua anterior 
orientação, de modo a entender que é possível a responsabilização 
penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente 
da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em 
seu nome. Precedentes citados: RHC 53.208-SP, Sexta Turma, DJe 
1º/6/2015; HC 248.073-MT, Quinta Turma, DJe 10/4/2014; e RHC 40.317-
SP, Quinta Turma, DJe 29/10/2013. RMS 39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015, DJe 13/8/2015. 
 
ADMINISTRATIVO. MULTA AMBIENTAL. AUTUAÇÃO. COMPETÊNCIA DOS 
TÉCNICOSDO IBAMA PARA APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PORTARIA IBAMA 
N. 1.273/98.EXERCÍCIO DE PODER DISCRICIONÁRIO. 
1. A Lei n. 9.605/1998 confere a todos os funcionários dos órgãos 
ambientais integrantes do SISNAMA o poder para lavrar autos de 
infração e para instaurar processos administrativos, desde que 
designados para as atividades de fiscalização, o que, para a hipótese, 
ocorreu com a Portaria n. 1.273/1998. (REsp 1.057.292/PR,Rel. Min. 
Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 17.6.2008,DJe 18.8.2008). 
2. Basta ao técnico ambiental do IBAMA a designação para a atividade de 
fiscalização, para que esteja regularmente investido do poder de polícia 
ambiental, nos termos da legislação referida. Caberia ao órgão ambiental 
(IBAMA), discricionariamente escolher os servidores que poderiam 
desempenhar a atividade de fiscalização e designá-los então para essa 
função. Evidentemente que a tarefa de escolha dos servidores designados 
para o exercício da atividade de fiscalização diz respeito ao poder 
discricionário do órgão ambiental. Agravo regimental improvido. 
(STJ, AgRg no REsp 1.260.376, de 21/09/2011) 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. DANO AMBIENTAL. LUCROS 
CESSANTES AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA INTEGRAL. 
DILAÇÃO PROBATÓRIA. INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO. CABIMENTO. 
1. A legislação de regência e os princípios jurídicos que devem 
nortear o raciocínio jurídico do julgador para a solução da lide 
encontram-se insculpidos não no códice civilista brasileiro, mas sim 
no art. 225, § 3º, da CF e na Lei6.938/81, art. 14, § 1º, que adotou 
a teoria do risco integral, impondo ao poluidor ambiental 
responsabilidade objetiva integral. Isso implica o dever de reparar 
independentemente de a poluição causada ter-se dado em 
decorrência de ato ilícito ou não, não incidindo, nessa situação, 
nenhuma excludente de responsabilidade. Precedentes. 
2. Demandas ambientais, tendo em vista respeitarem bem público 
de titularidade difusa, cujo direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado é de natureza indisponível, com 
incidência de responsabilidade civil integral objetiva, implicam uma 
atuação jurisdicional de extrema complexidade. 
3. O Tribunal local, em face da complexidade probatória que envolve 
demanda ambiental, como é o caso, e diante da hipossuficiência técnica e 
financeira do autor, entendeu pela inversão do ônus da prova. Cabimento. 
... 
(STJ, AgRg no REsp 1.412.664, de 11/02/2014) 
 
PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL – VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO 
CARACTERIZADA – DANO AMBIENTAL – RESPONSABILIDADE CIVIL 
OBJETIVA – RECUPERAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA – REPOSIÇÃO NATURAL: 
OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZAÇÃO – CABIMENTO. 
... 
2. Tratando-se de direito difuso, a reparação civil ambiental assume 
grande amplitude, com profundas implicações na espécie de 
responsabilidade do degradador que é objetiva, fundada no simples 
risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente 
da culpa do agente causador do dano. 
3. A condenação do poluidor em obrigação de fazer, com o intuito 
de recuperar a área degradada pode não ser suficiente para eximi-
lo de também pagar uma indenização, se não for suficiente a 
reposição natural para compor o dano ambiental. 
4. Sem descartar a possibilidade de haver concomitantemente na 
recomposição do dano ambiental a imposição de uma obrigação de fazer e 
também a complementação com uma obrigação de pagar uma indenização, 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL 
Teoria, jurisprudência e questões 
Aula 06 – Prof. Thiago Leite 
 
descarta-se a tese de que a reposição natural exige sempre e sempre uma 
complementação. 
5. As instâncias ordinárias pautaram-se no laudo pericial que considerou 
suficiente a reposição mediante o reflorestamento, obrigação de fazer. 
(STJ, REsp 1.165.281, de 17/05/2010) 
 
...4. Qualquer que seja a qualificação jurídica do degradador, 
público ou privado, no Direito brasileiro a responsabilidade civil 
pelo dano ambiental é de natureza objetiva, solidária e ilimitada,

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