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Manejo da Pancreatite Aguda RESIDÊNCIA DE CLÍNICA MÉDICA Drª Débora Coelho Duarte Araguaína-TO Outubro/2019 Definição e epidemiologia Etiologia Litíase biliar 35-45% Álcool (uso crônic0 >80g/dia) 25-35% Medicamentosa 1-2% Hipercalcemia (>10,5mg/dl) 1,5% Hipertrigliceridemia (>1000mg/dl) 2-5% Infecciosa até 4,6 (HIV+) Tóxica Idiopática 15-25% Quadro clínico Dor abdominal de inicio agudo, contínua, forte intensidade, quadrante superior do abdome, em faixa. Náuseas e vômitos (90%) Febre (se persistente >48h, boa correlação com quadro infeccioso associado) Abdome distendido, dor a palpação, RHA reduzidos, sinais de peritonite Diagnóstico Requer pelo menos 02 critérios dos seguintes: Dor abdominal típica Níveis de lipase ou amilase aumentados (pelo menos três vezes o limite superior) achados radiológicos sugestivos do quadro (TC ou RNM do abdome) Classificação Classificação de Atlanta: Pancreatite aguda edematosa: Inflamação do tecido pancreático e peripancreatico. AUSENCIA DE NECROSE Pancreatite aguda necrotizante: Inflamação + PRESENÇA DE NECROSE Classificação (cont.) Pancreatite aguda leve: Ausência de falência orgânica, ausência de complicações locais e/ou sistêmicas Pancreatite moderada: Ausência de falência orgânica ou falência orgânica (<48h) e/ou complicações locais Pancreatite aguda grave: Falência orgânica persistente (>48h) que pode envolver 01 ou múltiplos órgãos. Avaliação da Gravidade Exame clínico: Avaliar as perdas recentes de liquido, falência orgânica (cardiovascular, respiratório e renal), mensurar o score de SIRS Solicitar laboratoriais, incluindo cálcio sérico, hemograma completo, triglicerídeos, e lactato. A mensuração de amilase e lipase é usada para o diagnóstico, mas não interfere na gravidade da doença, prognostico e nem altera o manejo TC de abdome de rotina não é recomendada na apresentação inicial: avaliação da extensão da PA e presença de necrose só após 72h do início do quadro. Avaliação da Gravidade/ Prognóstico Critérios de Ranson: Na admissão hospitalar Idade acima de 55 anos Leucocitose de 16.000 / mm3 Glicemia acima de 200 mg/dl DHL acima de 350 U/l TGO acima de 250 Durante as próximas 48 h Queda hematócrito > 10% Aumento BUN > 5 mg/dl Calcemia < 8 mg/dl PO2 < 60 mmHg BE < 4 Seqüestro hídrico >6000ml Até 3 sinais, mortalidade 0,9% 3 a 5 sinais: 16% 5 a 6 : 40% Acima de 6: 100% Indicação de admissão em UTI PA grave PA acompanhada de: FC <40 ou >150bpm, PAS<80mmHg ou pressão média <60mmHg ou diastólica >120mmHg, FR>32irpm, sódio <110 ou >170, potássio <2 ou>7, paO2<50, pH <7.1 ou >7,7, glicose>800, cálcio >15, anuria coma Manejo inicial da PA Reposição de fluidos: Solução cristaloide isotônica (SF ou RL) 5 a 10 ml/kg/h em pacientes em co morbidades Se hipotensão ou taquicardia: 20ml/kg em 30min seguido de 3ml/kg/h por 8 a 12h RL C.I em hipercalcemia contem 3mEQ cálcio/l 11 Manejo inicial da PA (cont.) 2. Controle da dor: Atenção para ressuscitação hídrica: hipovolemia e hemoconcentração pode causar dor isquêmica e acidose láctica. Opoides são seguros. Morfina e fentanil podem ser usados. Fentanil é mais seguro se alteração renal. Meperidina é favorita, morfina causa aumento na pressão do esfíncter de Oddi. Cuidado: acumulo de metabólitios com efeitos neuromusculares e convulsões. Manejo inicial da PA (cont.) 3. Monitorização: 24-48h, monitorização “de perto”: SSVV, incluindo sat 02. Manter sat02>95%. Se hipóxia persistente,UTI. Balanço hídrico Monitorização de eletrólitos: hipocalcemia, deve ser corrigida se cálcio sérico baixo ou sinais de irritabilidade neuromuscular (Chvostek´s ou sinal de Trousseaus) Hiperglicemia (>200) deve ser tratada porque aumenta o risco de infecção Monitorização da pressão intrabdominal Manejo inicial da PA (cont.) 4. Nutrição O tempo de introdução de dieta oral depende da gravidade: na ausência de íleo, náuseas e vômitos a dietal oral pode ser iniciada precocemente conforme for tolerada. Dieta sem resíduo, dieta leve, evoluindo conforme tolerância (ausência de íleo, náuseas e vômitos). Geralmente, PA moderada e grave, dieta oral pode levar a dor pós prandial, náuseas e vômitos. Necessitam de dietal enteral se dieta oral não tolerada em 05 dias. Manejo inicial da PA (cont.) 4.1 Nutrição enteral Preferível que a parenteral. Deve ser administrada após o ângulo de Treitz. Mas se não for possível a sonda nasojejunal, a alimentação pode ser iniciada via nasogástrica, apesar de mais complicações pulmonares. Sinais que a dieta não está sendo tolerada: Vomitos, edema e diarreia (desde que excluído infecção por Clostridium difficile). Ajuda a manter a barreira intestinal e previne a translocação bacteriana. Em relação a parenteral, diminui complicações relacionadas ao cateter central. Manejo inicial da PA (cont.) 4.2 Nutrição parenteral Deve ser iniciada somente em pacientes que não toleram dieta enteral ou se o alvo de volume de dieta enteral não for alcançado em 48 a 72h. Manejo inicial da PA (cont.) 5. Antibióticos Aproximadamente 20% dos pacientes com PA devolvem infecções extrapancreaticas (ex. pneumonia e ITU), que estão associadas ao aumento da mortalidade. Se uma infecção for suspeitada, deve-se iniciar antibiótico enquanto se rastreia o foco. Caso culturas negativas e foco não encontrado, deve-se suspender antibiótico. Não há indicação de antibiótico profilático Manejo das complicações Pacientes com PA moderada a grave, sinais de sepse, ou deterioração clinica em 72h após o inicio dos sintomas, devem realizar TC de abdome com contraste. 1. Complicações locais Coleção peripancreática: se desenvolvem na fase incial, não possuem parede definida, geralmente assintomáticas, resolução espontânea. Pseudocisto pancreático: Coleção encapsulada, com parede definida, com pouca ou sem necrose. Geralmente, após 04 semanas. CTSI- Classificação tomográfica da pancreatite Achados tomográficos Pâncreas normal 0 Aumento difuso ou focal 1 Inflamação peripancrática 2 Coleção liquida única 3 Duas ou mais coleções 4 Necrose Ausência de necrose 0 <30% 2 30-50% 4 >50% 6 Manejo das complicações locais Necrose pancretática: A mais comum. Quando infectada, principal causa de morbi-mortalidade. 1/3 pacientes com necrose. Não há correlação entre a extensão da necrose o risco de infecção. Geralmente agentes do trato gastro intestinal (E. coli, Pseudomonas, Klebsiella e Enterococcus.) Suspeita: Paciente com deterioração clinica, com instabilidadem sepse, leucocitose e febre, geralmente após 7 a 10 dias de internação. Antibioticos empíricos: Carbapenemicos, ceftazidime, ou cefepime + metronizadol. Manter por 4 semanas. Necrosectomia via endoscópica ou percutênea, na ausência de resposta adequada ao antibiótico. Referências VEGE, Santhi Swaroop. Management of acute pancreatitis. Wolters Kluwer – Up to date. Fevereiro,2019. Medicina Intensiva: abordagem prática. 3ed. Barueri, SP: Manole, 2018.
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