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1 MÓDULO I: SAÚDE DO ADULTO, DOR ABDOMINAL, DIARRÉIA, VÔMITOS E ICTERÍCIA ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 OBJETIVOS 1- Analisar pancreatite aguda, considerado fatores de risco, etiologias, quadro clínico, propedêutica, estratificação de risco (nas diferentes fases), diagnósticos diferenciais, tratamento clínico. 2- Identificar as indicações de tratamento cirúrgico. REFERÊNCIAS ZATERKA, Schlioma; EISIG, Jaime N. Tratado de gastroenterologia: da graduação à pós- graduação. 2ª ed. São Paulo: Atheneu, FBG, 2016. DUARTE, Amanda Santos, et.al. Fisiopatologia e tratamento da pancreatite aguda: revisão de literatura. Res Med J, vol.3, n1, e06, 2019. Cunha EFC, Rocha MS, Pereira FP, Blasbalg R, Baroni RH. Necrose pancreática delimitada e outros conceitos atuais na avaliação radiológica da pancreatite aguda. Radiol Bras. 2014 Mai/Jun;47(3):165–175. FERREIRA, A.F; BARTELEGA, J.A; URBANO, H.C.A; SOUZA, I.K.F. FATORES PREDITIVOS DE GRAVIDADE DA PANCREATITE AGUDA: QUAIS E QUANDO UTILIZAR?. ABCD Arq Bras. Cir. Dig. V. 28, nº3 p. 207- 211, 2015. DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA A pancreatite aguda (PA) é uma doença inflamatória desencadeada por ativação precoce de enzimas pancreáticas que destroem o pâncreas e os tecidos peripancreáticos, podendo afetar órgãos a distância. Nos casos mais graves, a pancreatite aguda se comporta como uma doença multissistêmica e leva à Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS), com alta letalidade. É uma doença com amplo espectro de apresentação, variando desde formas leves, que são mais comuns e respondem bem ao tratamento conservador, até formas graves, que requerem internações prolongadas em unidades de terapia intensiva, uso de antimicrobianos de amplo espectro e intervenções cirúrgicas. A incidência da pancreatite aguda varia de 4,8 a 24,2 casos/100.000 habitantes em países desenvolvidos. A morbimortalidade é baixa nos casos leves e elevada nos casos graves, sobretudo, naqueles com necrose pancreática infectada. É relevante mencionar que a pancreatite biliar é mais comum em mulheres, pois a litíase é muito mais comum entre elas que entre homens ETIOLOGIAS LITÍASE BILIAR A migração de cálculos biliares é a principal causa de pancreatite aguda (40% dos casos). O cálculo causa obstrução da papila principal, provocando refluxo da bile para o ducto pancreático, aumentado, assim, a pressão. Dessa forma, provoca um aumento das células acinares, possibilitando a ativação do tripsinogênio por estimular a fusão entre lisossomos e zimogênios. ÁLCOOL O álcool é responsável por 30% das pancreatites agudas, afetando predominantemente homens jovens com história de consumo alcoólico abusivo. Provoca motilidade anormal do esfíncter de Oddi, efeitos tóxicos e metabólicos, além de obstrução de pequenos ductos por formação de um tampão de proteína. HIPERTRIGLICERIDEMIA Pacientes com níveis de triglicérides > 1.000 mg/dL, no qual a lipase presente nos capilares pancreáticos metaboliza os níveis de triglicerídeos, gerando ácidos graxos livres tóxicos Pancreatite Aguda Problema 05 2 MÓDULO I: SAÚDE DO ADULTO, DOR ABDOMINAL, DIARRÉIA, VÔMITOS E ICTERÍCIA ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 e lesão direta das células acinares pancreáticas e do endotélio. Obs: Importante pesquisar ocorrência de hiperlipidemia secundária a medicamentos (p. ex., estrógenos, tamoxifeno, inibidores de protease, corticoides), diabetes, hipotireoidismo, síndrome nefrótica. HIPERCALCEMIA Nesse contexto, a doença surge pela deposição excessiva de cálcio no ducto pancreático e ativação prematura do tripsinogênio. Pode ocorrer em pacientes com hiperparatireoidismo, hipercalcemia paraneoplásica, sarcoidose, toxicidade por vitamina D... DROGAS Respondem apenas por 1,4% dos casos, aproximadamente. Está relacionado ao efeito tóxico direto da droga, reações de hipersensibilidade ou efeito tóxico indireto, mediado por hipertrigliceridemia ou outras anormalidades metabólicas. Ex: furosemida, ácido valpróico, sulfonamidas e tetraciclinas. INFECÇÕES Uma pancreatite aguda de causa infecciosa deve ser cogitada se o paciente apresentar a síndrome causada pelo agente infeccioso, o que ocorre na maioria dos casos. TUMORES Provocam a obstrução à drenagem do suco pancreático, sobretudo em indivíduos acima dos 40 anos de idade. A pancreatite aguda pode até mesmo ser a primeira manifestação da neoplasia. COLANGIOPANCREATOGRAFIA RETRÓGRADA ENDOSCÓPICA (CPRE) Pancreatite aguda é observada após 5% das CPRE diagnósticas e 7% das CPRE terapêuticas. FISIOPATOLOGIA O pâncreas produz enzimas (lipases) que só ficam ativas no intestino delgado. Na pancreatite as enzimas ficam ativam ainda no interior do pâncreas, destruindo o tecido pancreático e estimulando uma reação inflamatória aguda. Inicialmente há lesão das células acinares após um estímulo lesivo, que passam a liberar enzimas pancreáticas ativas para o interstício, levando a fusão dos grânulos contendo zimogênio (pro- enzima) com as vesículas lisossomais, onde se encontra a enzima catepsina B, que é capaz de converter o tripsinogênio em tripsina dentro da célula acinar. A ativação intrapancreática inapropriada de tripsina pode provocar a ativação de outras proenzimas (pró-fosfolipase e a próelastase) que degradam as células adiposas (fosfolipase A e lipase) e danificam as fibras elásticas dos vasos sanguíneos (enzima elastase). Obs: As lipases atuam sobre os triacilgliceróis liberando ácidos graxos e glicerol. Os ácidos graxos reagem Ca+2, formando moléculas de sabão (reação de saponificação). A tripsina também converte a pré-calicreína em sua forma ativada, estimulando a ativação do sistema de cininas, importantes na inflamação, além de atuar na cascata de coagulação, transformando fibrinogênio em fibrina e consequentemente, favorecendo a formação de coágulos. Como consequência da inflamação e tromboses de pequenos vasos, as células acinares aumentam ainda mais a ativação das enzimas digestivas, podendo acarretar complicações como necrose pancreática e acometimento sistêmico (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica) 3 MÓDULO I: SAÚDE DO ADULTO, DOR ABDOMINAL, DIARRÉIA, VÔMITOS E ICTERÍCIA ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 QUADRO CLÍNICO DOR ABDOMINAL: dor abdominal intensa em faixa ou “barra” nos quadrantes superiores, continua, que irradia para o dorso, mas também podendo atingir os flancos direito ou esquerdo. Seu alívio ocorre na posição genupeitoral e há agravamento com posição supina e com esforço. Obs: Um aspecto interessante é o fato de os sintomas na pancreatite aguda relacionada ao álcool frequentemente aparecerem após um ou três dias de uma libação alcoólica intensa. NÁUSEAS E VÔMITOS: presente em cerca de 90% dos casos, possivelmente relacionados à intensidade da dor ou à inflamação da parede posterior do estômago. ICTERICIA: presente em cerca de 25% dos pacientes devido litíase biliar, seja por coledocolitíase com ou sem colangite aguda, seja pela passagem do cálculo biliar pela via biliar principal associada a edema da papila duodenal. ACHADOS SISTÊMICOS: febre, sinais de desidratação, taquicardia e, em casos mais graves, choque e coma. Pode haver complicações pulmonares que podem agravar a dispneia nestes pacientes como o derrame pleural à esquerda é comum, pela extensão da inflamação; EXAME FÍSICO: pode apresentar desde dor leve à palpação até o sinal Blumberg nos casos mais graves. Nos casos mais graves, pode ocorrer distensão abdominal, devido ao “íleo paralítico” em consequência à inflamação intra-abdominal. Sinais de hemorragia retroperitoneal, mas que estão presentes apenas em 1-5% dos pacientes: • Sinal de Grey-Turner (equimose em flancos)e Sinal de Cullen (equimose periumbilical) DIAGNÓSTICO Para o diagnóstico de pancreatite aguda, utilizam-se os seguintes critérios: 1) dor abdominal persistente, de forte intensidade, localizada no andar superior do abdome, com irradiação para o dorso e associada a náuseas e vômitos; 2) amilase e/ou lípase ≥ 3 vezes o limite superior da normalidade; 3) achados tomográficos compatíveis com pancreatite aguda. EXAMES LABORATORIAIS DOSAGEM DAS ENZIMAS PANCREÁTICAS: elevações superiores a 3 vezes o limite superior da normalidade são consideradas mais específicas para o diagnóstico de pancreatite aguda. Obs: elevações persistentes das enzimas após a resolução do quadro sugerem presença de complicações, como pseudocistos. Amilase Valores referência: 30 - 118 U/L em -60 anos e até 151 U/L em +60 anos. Eleva-se 2 a 12 horas após o início dos sintomas, com pico em 24 horas e normalização em 2 a 3 dias. Sensibilidade é de 75 a 92% e especificidade de 20 a 60%. Lípase Valor de referência: até 160 UI/L. Eleva-se 2 a 12 horas após o início dos sintomas, com pico em 24 horas, mas persiste elevada por um período mais prolongado, de 7 a 10 dias. Sensibilidade é de 50 a 99% e especificidade de 86 a 100%, sendo mais específica que a amilase. OUTROS EXAMES: • TGO e TGP: sugerem uma pancreatite por cálculo biliar • PCR ≥ 150 mg/dL nas primeiras 72 hrs,: indicaria exacerbação do processo inflamatório e mau prognóstico. • ↓ cálcio: o cálcio é um cofator para o processo de saponificação, indicando digestão da gordura peripancreática. • base mais negativo que -4 ou -5: indica acidose, EXAMES DE IMAGEM RAIO-X: não é muito indicado pois os achados são inespecíficos. Assim, é mais usado para identificar acometimentos sistêmicos, no qual pode visualizar gases intestinais, sinal de cut-off [cólon distal] e alça sentinela. 4 MÓDULO I: SAÚDE DO ADULTO, DOR ABDOMINAL, DIARRÉIA, VÔMITOS E ICTERÍCIA ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 ULTRASSOM: não é um bom método, mas pode ser útil para diagnosticar a litíase biliar, algumas vezes, pode complementar com colangioressonância. TC: É o método de imagem mais indicado, que permite identificar coleções, pseudocistos. Obs: O diagnóstico padrão-ouro da pancreatite aguda necrosante é por meio da TC com contraste, em que o contraste não irá aparecer nas áreas de necrose. Sinal do cólon cut-off: Radiografia abdominal mostra gás no cólon transverso (C) com término abrupto no nível da flexura esplênica (pontas de seta). O cólon mais distal é descomprimido. S = estômago Pancreatite aguda necrosante. Imagens axiais de TC pós- contraste fase venosa. Hipocontrastação difusa do colo, corpo e cauda pancreáticos (setas em A), compatível com extensa área de necrose. Pancreatite aguda necrosante infectada. Imagem axial de TC pós-contraste fase venosa mostra área liquefeita no corpo pancreático, compatível com área de necrose, com gás em seu interior (setas) que não delineia nível hidroaéreo, mas se localiza em meio ao líquido, indicando a presença de conteúdo líquido espesso/pus. O gás neste contexto traduz a presença de infecção. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Colecistite aguda: pode cursar com dor abdominal, geralmente no quadrante superior direito ou epigástrio, podendo se irradiar para o ombro direito ou para as costas, além de poder ter elevação da amilase e da lipase, porem não costuma ultrapassar 3x o valor limite e o sinal de Murphy, ou seja, a palpação dolorosa do ponto cístico, com parada na inspiração geralmente vai estar positivo. Obstrução intestinal: distensão abdominal e ruídos hidroaéreos de timbre metálico. Se foi pra cima com TC, vai dar pra ver alças intestinais dilatadas, com níveis hidroaéreos e o ponto de obstrução bem demarcado. Isquemia mesentérica: dor costuma ser periumbilical e geralmente o paciente possui fatores de risco como idade avançada, aterosclerose, arritmias cardíacas...A amilase e a lipase podem vir um pouco aumentadas, mas não é aquele aumento da pancreatite aguda. PROGNÓSTICO FORMAS LEVES: 85% do total das pancreatites agudas, com taxa de mortalidade de aproximadamente 3%. FORMA GRAVE: até 30% de mortalidade, e pacientes costumam apresentar disfunções orgânicas múltiplas, complicações infecciosas e necessidade de internação prolongada em UTI. 5 MÓDULO I: SAÚDE DO ADULTO, DOR ABDOMINAL, DIARRÉIA, VÔMITOS E ICTERÍCIA ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 Sendo assim, torna-se muito importante determinação prognóstica e reconhecimento precoce das formas graves. Para tanto, foram desenvolvidos diversos escores prognósticos e identificados parâmetros clínicos e laboratoriais capazes de predizer a gravidade. ESCORE DE RANSON Atualmente consistem de 11 parâmetros, 5 dos quais são avaliados na admissão e os restantes durante as primeiras 48 h. É o mais tradicional, mas tem como desvantagem principal a necessidade de pelo menos 48 horas de observação após a admissão para a definição do prognóstico. Apresenta sensibilidade de 75% a 87%, especificidade de 68% a 77.5%. Uma pontuação ≥ 3 indica quadros graves. Há ainda outra interpretação relacionando a quantidade de critérios presentes com a probabilidade de mortalidade. • O Ht até 48 hrs está falsamente aumentado devido à desidratação pelos vômitos e pelo sequestro do líquido. • O sequestro líquido > 6 pode levar a choque hipovolêmico e IRA. • Aumento de ureia indica comprometimento renal. • Redução de cálcio, maior processo de saponificação. APACHE II Ele conta com 12 parâmetros de avaliação clínicos e laboratoriais, além de pontuação extra baseada na idade e na presença de doenças crônicas. Apesar de ser mais trabalhoso para ser calculado, ele possui as vantagens de poder ser calculado dentro das primeiras 24 horas da admissão do paciente no hospital e de poder ser realizado diariamente na avaliação da evolução do paciente. A adição de IMC para a pontuação Apache II - conhecido como Apache-O - adiciona um ponto para IMC de >25 a 30 Kg/m2 e 2 pontos para IMC >30 Kg/m2. Possui uma sensibilidade de 76% e uma especificidade de 61,5%. Escore APACHE II ≥ 8 sugere quadros graves. ESCORE DE BALTHAZAR Baseia-se nos achados da tomografia de abdome que incluem a presença de inflamação pancreática e peripancreática, sendo classificada de A a E para predizer gravidade, não considerando parâmetros clínicos ou laboratoriais. Pontuação total ≥ 6 indica quadros graves. SAPS II 6 MÓDULO I: SAÚDE DO ADULTO, DOR ABDOMINAL, DIARRÉIA, VÔMITOS E ICTERÍCIA ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 Deve ser aplicado nas primeiras 24 h de admissão hospitalar/UTI e consta com 12 variáveis imediatas, além de levar em consideração a idade e as comorbidades adquiridas antes da admissão. O ponto de corte utilizado é ≥34. CLASSIFICAÇÃO Classifica a pancreatite em leve, moderada e grave. Pancreatite aguda leve: pancreatite associada à mínima disfunção orgânica e com recuperação sem complicações. Pancreatite aguda grave: caracteriza-se por apresentar 3 ou mais critérios do escore de Ranson, 8 ou mais pontos na classificação de Apache II, complicações pancreáticas (necrose, abscesso e pseudocistos) ou a presença de falência orgânica. Obs: Disfunção orgânica inclui presença de choque, insuficiência respiratória, insuficiência renal, sangramento gastrointestinal, coagulação intravascular disseminada ou distúrbios metabólicos graves (cálcio sérico ≤ 7,5 mg/dL) Alguns autores têm sugerido revisão dos critérios de Atlanta, propondo a adição do conceito de “pancreatite aguda moderadamente grave”, que inclui os doentes com PAG, mas sem falências orgânicas. TRATAMENTO MEDIDAS GERAIS Avaliação dossinais vitais deve ser realizada de 4 em 4 horas nas primeiras 24 horas. Oxigênio suplementar deve ser fornecido se narcóticos forem administrados ou se houver queda da saturação de oxigênio. Devido ao alto risco de complicações respiratórias associadas às formas graves a Gasometria arterial deve ser realizada se houver saturação de oxigênio ≤ 95%, se houver hipotensão ou alteração do parâmetro respiratório. Nessas situações, o controle radiográfico também é necessário. PANCREATITE AGUDA LEVE REPOSIÇÃO DE FLUIDOS: a inflamação do pâncreas e a resposta inflamatória sistêmica leva ao extravasamento de fluido para o 3° espaço. Em casos graves, isso pode causar hipoperfusão, hipovolemia e falha do órgão. Reposição volêmica deve ser iniciada precoce para manter estabilidade hemodinâmica, diurese maior que 0,5 a 1 mL/kg/hora e normalização do hematócrito. De modo geral, nas primeiras 24 horas, infundem- se 30 a 40 mL/kg de cristaloides, sendo metade desse volume nas primeiras 6 horas de observação. ANALGÉSICOS: Nos casos de dor abdominal intensa, analgésicos opioides por via venosa são preferíveis. A meperidina é o mais indicado, pois à morfina pode promover espasmo do esfíncter de Oddi e agravar a a pancreatite (risco teórico sem confirmação prática). NUTRIÇÃO: a alimentação aumenta a secreção de enzimas pancreáticas, e isto, poderia aumentar o processo inflamatório local e perpetuar a agressão sistêmica. Os pacientes com pancreatite agudam leve habitualmente são mantidos em jejum oral por 3 a 7 dias até que seja possível reintroduzir a dieta. De modo geral, recomenda-se a realimentação quando houver melhora da dor, presença de ruídos hidroaéreos e redução dos níveis de 7 MÓDULO I: SAÚDE DO ADULTO, DOR ABDOMINAL, DIARRÉIA, VÔMITOS E ICTERÍCIA ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 amilase/lípase abaixo de 3x o limite superior da normalidade. PANCREATITE AGUDA BILIAR: Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) com esfincterotomia é indicada para remoção de cálculos biliares em pacientes com colangite associada a pancreatite aguda e pancreatites agudas graves. Idealmente, deve ser realizada nas primeiras 48 a 72 horas do início do quadro. PANCREATITE AGUDA GRAVE É realizado todas as medidas da pancreatite aguda leve (reposição volêmica, uso de analgésicos, dieta) adicionando mais algumas medida. DIETA: sempre que possível, deve-se optar pela introdução da dieta por via enteral após estabilização hemodinâmica, com o objetivo de reduzir a translocação por estimulação a motilidade intestinal, reduzindo o crescimento excessivo de bactérias e, assim, mantendo a integridade intestinal mucosa ANTIMICROBIANOS PROFILÁTICOS: Devem ser utilizados antimicrobianos de amplo espectro e com boa penetração no tecido pancreático. Ex: carbapenêmicos, metronidazol, fluoroquinolonas, clindamicina e cefalosporinas. Obs: É recomendada a profilaxia com antibióticos na pancreatite aguda em pacientes com aumento de leucócitos ou sinais clínicos de sepse (hipotensão, febre, colapso - após ressuscitação adequada). MANEJO DA NECROSE PANCREÁTICA Necrose estéril deve ser tratada conservadoramente. Se houver persistência de dor abdominal relevante após 3 ou 4 semanas, que impeça a alimentação oral e persistência de disfunções orgânicas importantes, indica-se intervenção cirúrgica, optando-se por procedimentos minimamente invasivos (p. ex., endoscópicos). Necrose infectada deve ser tratada cirurgicamente devido ao alto risco de complicações, aumentando a taxa de mortalidade. O tratamento consiste em desbridamento, seja por necrosectomia cirúrgica convencional ou por procedimentos menos invasivos (p. ex., drenagem percutânea guiada por tomografia, drenagem endoscópica, retroperitoneoscopia).
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