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Administração ou gestão escolar

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3
Cadernos PDE
I
 
ADMINISTRAÇÃO OU GESTÃO ESCOLAR: QUAL A VISÃO E 
PRÁTICA DOS MEMBROS DOS SEGMENTOS DA GESTÃO? 
 
Andréa de Fátima Bueno Murbach1 
Douglas Ortiz Hamermüller2 
 
Resumo: 
 
Sabe-se que a gestão não é neutra. Por ela perpassam questões de ordens sociais, 
políticas e pedagógicas que se disseminam em várias outras. Diante disso 
pesquisou-se a administração/gestão escolar. Nas primeiras leituras, constatou-se 
que os conceitos de administração e de gestão escolar vêm sendo empregados 
como sinônimos quando se trata da condução dos trabalhos do diretor escolar. No 
entanto, ao se aprofundar nos estudos dos dois conceitos, percebeu-se 
empiricamente que eles são diferentes, mas o fato de serem diferentes não significa 
que são totalmente desconectados. Pelo contrário, eles são intimamente ligados e 
mantêm estreita relação. Sendo assim, este trabalho visou explanar sobre a 
questão: Há diferença entre os processos de administração e de gestão escolar no 
campo da pesquisa? Como metodologia, na fase de “Implementação PDE” foi 
desenvolvido um Caderno Temático como instrumento para dialogar com os atores 
do campo da pesquisa, versando com maior profundidade sobre a fundamentação 
teórica do tema, objetivando maiores esclarecimentos para os diretores escolares e 
demais membros dos segmentos da gestão, em relação aos preceitos da gestão, 
com foco nas práticas sociais, políticas e pedagógicas. Baseando-se num dos 
objetivos do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, articulação da 
teoria com a prática no contexto do ambiente de pesquisa, principalmente voltado 
para a realidade escolar, o citado conteúdo foi implementado ao público alvo: 
diretores, pedagogos e demais interessados, por meio de um curso de 32 horas, no 
formato de grupo de estudos, nos quais ocorreram momentos de discussão e 
execução das atividades propostas, no Caderno Temático. 
 
 
 
Palavras-chave: 
 
Direção. Gestão. Administração. Pedagogia. Educação. 
 
 
 
 
 
1
 Professora PDE – Núcleo de Curitiba – Turma 2014. 
2
 Professor Orientador – Universidade Federal do Paraná – Setor Litoral. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A pesquisadora autora deste artigo, trabalho final, apresentado para 
conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria de 
Estado da Educação do Paraná, teve a oportunidade de atuar em várias escolas 
durante sua trajetória na carreira do magistério. Por isso, presenciou diferentes 
estilos de administração/gestão. A cada experiência pedagógica pode verificar que a 
condução do diretor gerava diferentes resultados para o processo educacional, 
afetando alunos, professores, funcionários e demais integrantes da comunidade 
escolar, conforme o estilo de gestão. 
Cada diretor, com seu estilo, tratava as questões da escola com uma 
dinâmica diferenciada, nas quais ficava claro que o papel do administrador/gestor é, 
inegavelmente, um sinalizador de como a escola e seus componentes se enxergam 
como agentes de mudança da sociedade em que estão inseridos e para a qual 
formam seus estudantes. 
Por isso, decidiu-se pesquisar se há diferenças entre os conceitos de 
Administração e Gestão Escolar. 
 Nas primeiras leituras, constatou-se que os conceitos de administração e de 
gestão escolar vêm sendo empregados como sinônimos quando se trata da 
condução dos trabalhos do diretor escolar. No entanto, ao aprofundar-se nos 
estudos dos dois conceitos, percebeu-se empiricamente que eles são diferentes, 
mas o fato de serem diferentes não significa que são totalmente desconectadas. 
Pelo contrário, eles são intimamente ligados e mantêm estreita relação. Talvez o que 
colabore para esta dificuldade em dissociar um termo do outro seja o fato de que nos 
dois casos há processos operacionais similares ou até mesmo idênticos, e as 
diferenças estejam na maneira como é exercida a influência sobre os 
administrados/geridos. Essas influências podem ser mais rígidas ou mais 
democráticas. 
Baseando-se em um vasto referencial teórico que perpassa por Arroyo, Cury, 
Klaus, Kuenzer, Lück e Paro, foi-se percebendo que, notadamente, o termo gestão 
vem tendo destaque no Brasil nos últimos anos. Como consequência o termo 
administração vem perdendo força. Entretanto, quando se questiona sobre a 
diferença dos dois termos citados surgem dúvidas. 
Cotidianamente estas palavras são usadas como sinônimos, porém, quando 
 
se analisa com profundidade, encontram-se diferenças, principalmente no âmbito 
escolar. 
Portanto, este trabalho visará explanar sobre a questão: Há diferença entre os 
processos de administração e de gestão escolar no campo da pesquisa? 
Na busca por respostas foi constituído um referencial teórico, com o objetivo 
de fundamentar a pesquisa, composto por meio de levantamento bibliográfico sobre 
o tema. Como fruto deste estudo elaborou-se um Caderno Temático que foi utilizado 
como base para a Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, 
uma das atividades propostas pelo Programa. Essa prática foi pensada como 
proposta de trabalho em curso de formação continuada para fomentar reflexão sobre 
a temática em membros de comunidades escolares. Dessa forma, a 
“Implementação” visa demonstrar na prática a importância da Gestão Democrática 
para a construção de uma Educação Escolar coletiva, participativa, que 
gradualmente vá superando as práticas defasadas da administração escolar 
autoritária. 
 
 
2. ASPECTOS TEÓRICOS 
 
Em todas as leituras efetuadas foi possível perceber que a Administração teve 
origem na necessidade de organizar os meandros do trabalho fabril. Porém, advinda 
do processo evolutivo social traz em seu bojo a divisão do trabalho como sendo 
intrínseca ao ser humano, negando, por sua vez, que fosse na verdade originária de 
um produto social. 
Sendo assim, a Administração Escolar, indubitavelmente, sofreu grande 
influência da Administração Geral, ou seja, teve forte vínculo com o sistema de 
produção capitalista. 
Num sentido restrito, nessa visão, o administrador estaria limitado a comandar 
e controlar, num aspecto prático de quem opera sobre a unidade escolar e nela 
interfere de modo distanciado dos desejos e sentimentos alheios, objetivando a 
manutenção de sua própria autoridade, centrada em sua figura de diretor. 
Porém, a partir da década de 60, com o advento das Pedagogias Críticas, 
houve severos questionamentos a esse modelo de organização. 
Anísio Teixeira defendia esse modelo de gestão e afirmava que (1961, p. 2): 
 
 
Sem administração, a vida não se processaria. Mas há dois tipos de 
administração: e daí é que parte a dificuldade tôda. Há uma administração 
que seria, digamos, mecânica, em que planejo muito bem o produto que 
desejo obter, analiso tudo que é necessário para elaborá-lo, divido as 
parcelas de trabalho envolvidas nessa elaboração e dispondo de boa mão-
de-obra e boa organização, entro em produção. É a administração da 
fábrica. É a administração, por conseguinte, em que a função de planejar é 
suprema e a função de executar, mínima. E há outra administração - à qual 
pertence o caso da Administração Escolar - muito mais difícil. 
 
Entretanto, é inegável que este modelo de regime acaba por ser efetivo, não 
do enfoque da participação coletiva, mas da organização, disciplina e cumprimento 
de metas. Russo (2004, p. 37), baseado em Paro, discorre sobre o assunto: 
 
A irracionalidade observada na escola decorre dos conflitos e contradições 
entre os pressupostos da administração capitalista e a natureza do processo 
de produção pedagógica. Este último é restritivo à aplicação integral dos 
pressupostos da administração empresarial na escola, segundo Paro (op. 
cit). Não se trata, como esclarece o autor, de não reconhecer a importância 
que a administração empresarialteve para o desenvolvimento do 
capitalismo, e sim de reconhecer que sua aplicação na escola é produtora 
de dificuldades ao desenvolvimento do processo educativo em razão de seu 
caráter de prática social fundada na exploração do trabalho e no uso da 
manipulação ideológica para ganhar a adesão dos trabalhadores aos 
interesses das empresas. A educação, como prática humana de formação 
de sujeitos históricos, exige formas de organização do trabalho que 
priorizem as relações solidárias e cooperativas, fundadas nos princípios do 
diálogo e da persuasão, isto é, de relações entre iguais. 
 
Dessa ideia pode-se concluir que a administração quando é executada com 
base no enfoque da educação será muito mais efetiva ao pleno exercício da 
cidadania, do que no sentido da organização. Entretanto, a efetivação deste 
processo estará sempre sujeita a quem a pratica, pois, como afirmou Teixeira (1961, 
p. 1) “A função de administrador é função que depende muito da pessoa que a 
exerce; o administrador depende de quem êle é, do que tenha aprendido e de uma 
longa experiência. Tudo isto é que faz o administrador.” 
Com o passar dos anos e, principalmente, com a reabertura político-
democrática em nosso país, houve um movimento de novas elaborações sobre a 
administração escolar, dando-se maior destaque ao enfoque político pedagógico, 
numa busca pela democracia, cidadania e participação popular, em detrimento ao 
enfoque tecnocrático, enfatizado até então. 
Miguel Arroyo foi um dos autores que mais defenderam esta mudança de 
caráter da administração, conforme o texto de (1979, p. 46): 
 
 
O problema, pois, é como encontrar mecanismos que gerem um processo 
de democratização das estruturas educacionais através da participação 
popular na definição de estratégias, na organização escolar, na alocação de 
recursos e, sobretudo, na redefinição de seus conteúdos e fins. Fazer com 
que a administração da educação recupere seu sentido social. 
 
Pode-se perceber, claramente, que a abordagem capitalista, visando entender 
a escola como empresa vai perdendo terreno. Muitos outros autores estudiosos da 
educação passam a dar maior visibilidade à administração como meio de fazer com 
que a escola seja instrumento de equalização social. 
Paro, em seus trabalhos, também defendeu e defende veementemente esta 
vertente, criticando a escola a serviço do capitalismo, encarada como empresa e não 
como entidade isenta, que visa levar o conhecimento científico socialmente 
acumulado aos estudantes. E nesse caminhar de essência política e de cuidado com 
o pedagógico que começa a surgir o enfoque na gestão escolar, como uma maneira 
de dar ênfase à abordagem técnica que neste ínterim vinha tendo a administração 
escolar. 
Na escola, há que ficar claro que a atuação do diretor não pode se basear no 
autoritarismo, na força de sua posição hierárquica, mas na proposição do trabalho 
coletivo, que é muito diferente do egocentrismo carregado de arbítrios individuais, 
causadores da inclinação à fragmentação das ações. 
Conforme Lück (2000, p. 15), 
 
[...] Essa mudança de consciência está associada à substituição do enfoque 
de administração, pelo de gestão. Cabe ressaltar que não se trata de 
simples mudança terminológica e sim de uma fundamental alteração de 
atitude e orientação conceitual. Portanto, sua prática é promotora de 
transformações de relações de poder, de práticas e da organização escolar 
em si, e não de inovações, como costumava acontecer com a administração 
científica. 
 
A partir desse contexto, percebe-se a tendência acentuada do uso do termo 
gestão, em detrimento ao da administração e o anseio de uma sociedade 
democrática e participativa. 
Em se tratando da Gestão Escolar o conceito é relativamente novo e vem 
sendo empregado no sentido de defender uma escola que atenda os anseios da 
população, que possua vida social ativa e que deseja formar cidadãos participativos 
e comprometidos com a comunidade em geral. 
Neste sentido, verificou-se que segundo Lück, (2006, p. 33-34): 
 
 
A gestão educacional é uma expressão que ganhou evidência na literatura e 
aceitação no contexto educacional, sobretudo a partir de década de 1990, e 
vem se constituindo em um conceito comum no discurso de orientação das 
ações de sistemas de ensino e de escolas. [...] O conceito de gestão resulta 
de um novo entendimento a respeito da condução dos destinos das 
organizações, que leva em consideração o todo em relação com as partes e 
destas entre si, de modo a promover maior efetividade do conjunto. 
 
Almeida (2009, p. 25), por sua vez, conceitua gestão escolar como sendo: 
 
A gestão escolar, como área de atuação, constitui-se, pois, em um meio 
para a realização das finalidades, princípios, diretrizes e objetivos 
educacionais orientadores da promoção de ações educacionais com 
qualidade social, isto é, atendendo bem a toda a população, respeitando e 
considerando as diferenças de todos os seus alunos, promovendo o acesso 
e a construção do conhecimento a partir de praticas educacionais 
participativas, que fornecem condições para que o educando possa 
enfrentar criticamente os desafios de se tornar um cidadão atuante e 
transformador da realidade sociocultural e econômica vigente, e de dar 
continuidade permanentemente aos seus estudos. 
 
Portanto, numa visão ampla, a gestão escolar abarca o trabalho da direção da 
escola, dos pedagogos, dos professores, dos agentes educacionais (I e II), dos 
alunos e dos pais, enfim, todos aqueles que fazem parte da comunidade escolar, 
numa busca efetiva de uma educação que privilegie os conceitos da democracia, 
cidadania, autonomia e respeito à diversidade, o que ficará evidente ou não, pelo 
comprometimento de todos nas tomadas de decisões. 
Freire, citado por Castells (1996, p. 58), enfatiza a necessária participação de 
todos para que se efetivem as decisões pedagógicas colegiadas: 
 
[...] constitui uma franca contradição, uma clara incoerência, uma prática 
educativa que se pretende progressista, que é realizada, porém, dentro de 
modelos tão rígidos, verticais, nos quais não existe lugar para a menor 
possibilidade de dúvida, de curiosidade; de crítica, de sugestão, de 
presença viva, com voz, de professores e professoras que devem ficar 
submissos aos ‘pacotes’; dos alunos, cujo direito se resume ao dever de 
estudar sem indagar, sem duvidar, submissos aos professores; dos 
zeladores, dos cozinheiros, dos vigilantes, que, trabalhando na escola, 
também são educadores e necessitam ter voz; dos pais, das mães, que são 
convidados a visitar a escola ou para festas nos fins de semestres ou para 
receber queixas sobre seus filhos ou para encarregar-se dos consertos, das 
reparações do prédio escolar ou até para ‘participar’ dos pagamentos do 
material escolar, etc. Nos exemplos que dou, temos por lado, a proibição ou 
inibição de participação; de outro, a falsa participação. 
 
Não é uma questão de quantidade de participação e envolvimento, mas uma 
questão de qualidade, em que fique clara a importância de cada sujeito envolvido no 
 
processo, pois segundo Mendonça (1998, p. 76), um diretor comprometido com seu 
trabalho, 
participa (da gestão) como presidente do Colegiado, quando se coloca 
como um líder participativo, socializando informações, compartilhando os 
problemas e tarefas, dando um enfoque prospectivo à gestão pela 
antecipação de eventuais dificuldades que poderão surgir no decorrer do 
processo, utilizando de seu próprio potencial de liderança, comunicação, 
negociação, planejamento e avaliação, assumindo o papel de aglutinador do 
processo de co-gestão. 
 
Sob outro enfoque Lima (2002, p. 40), enfatiza a necessidade de o diretor 
envolver-se também com as questões pedagógicas da escola, priorizando seu lado 
professor, que deve estar concatenado com as questões curriculares e 
principalmente na condução do Projeto Político Pedagógico, 
 
o diretor é um educador e, se nas últimas décadas,a função de direção 
assumiu um caráter exclusivamente burocrático, agora é o momento exato 
de recuperar sua dimensão pedagógica. Sem a atuação do diretor como 
educador, não há possibilidade de se levar adiante nenhum projeto 
pedagógico. 
 
A escola é o ponto de encontro entre as políticas e as diretrizes do sistema e 
o trabalho direto na sala de aula, enquanto o diretor tem a atribuição de agregar sua 
organização interna, de forma a estabelecer relações positivas entre ambas. É de 
suma importância que as formas de encaminhamento das situações peculiares, ou 
não, ocorridas sobre o currículo, os métodos de ensino, as relações interpessoais de 
professores, pedagogos, alunos, funcionários, responsáveis e sua própria, sejam 
efetuadas sob o aspecto da mediação e incentivo ao bom relacionamento e 
atingimento da grande meta da escola: a aprendizagem dos alunos. 
Ao se fazer uma análise no sentido histórico da Gestão Democrática, 
constata-se que após a reabertura político-democrática em nosso país, pós Ditadura 
Militar (1964 - 1985), principalmente com o advento da Constituição Federal de 
1988, o início da abordagem do termo “gestão democrática do ensino público, na 
forma da lei”, foi demarcado como sendo um de seus princípios (Art. 2006, Inciso 
VI). 
Já em 1996, o princípio da gestão democrática foi reforçado como matéria da 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN 9394 – de 20 de 
Dezembro de 1996, que em seu artigo 14, reza que: 
 
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática 
http://www.infoescola.com/direito/constituicao-de-1988/
http://www.infoescola.com/direito/constituicao-de-1988/
http://www.infoescola.com/educacao/gestao-democratica/
 
do ensino público na educação básica, de acordo com as suas 
peculiaridades e conforme os seguintes princípios: 
I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto 
pedagógico da escola; 
II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares 
ou equivalentes. 
 
Diante disso, houve grande evolução no aspecto da gestão dos 
estabelecimentos de ensino. Este tema foi extensamente estudado por diversos 
autores, destacados nas referências deste trabalho, os quais fazem diferenciadas 
abordagens, porém todos compactuam com a afirmativa de que a gestão 
democrática não se efetiva por meio de decretos e leis. O fato de ela estar 
assegurada tanto na Carta Magna como na Lei maior da educação nacional, não 
garante sua plena efetivação em todas as escolas do território nacional. 
Saviani, autor que estudou com ênfase este tema, afiançou em (2000, p. 77) 
que “o grau de democratização atingido no interior das escolas deve ser buscado na 
prática social”. 
Ainda neste sentido, ele afirma que esta prática social deve ser vivenciada por 
todos os componentes da comunidade escolar, visando o atingimento da prática 
social global em uma via de mão dupla, ou seja, como “[...] condição de se distinguir 
a democracia como possibilidade no ponto de partida e a democracia como 
realidade no ponto de chegada.” (2000, p. 78). 
Não apenas com a participação dos pais e demais integrantes da comunidade 
escolar na formalização de decisões já tomadas pelo diretor em sua sala e conforme 
suas conveniências, mas o incentivo da verdadeira participação e interesse dos 
usuários da escola, de forma consistente, visando seu desenvolvimento e sucesso, 
buscando a participação advinda do interesse e não apenas da mera obrigação. 
A participação na escola pode e deve ser encarada como um fim e um meio. 
É por meio dela que se dá a sensação de continuidade, de responsabilidade com o 
processo educacional. Quanto mais participação acontece, mais o processo 
democrático vai sendo instituído verdadeiramente, vão se criando ambientes de 
reflexão, de trocas e de ajuda recíproca. 
Evidencia-se aí um trabalho grande do diretor, para que juntamente com os 
demais componentes da comunidade escolar, principalmente o pedagogo, realize 
uma gestão democrática e participativa que propicie a participação coletiva, 
efetivamente, pois segundo Cury (2005, p.18), “a gestão democrática da educação 
 
é, ao mesmo tempo, transparência e impessoalidade, autonomia e participação, 
liderança e trabalho coletivo, representatividade e competência”. 
Portanto, não é um trabalho solitário, mas uma ação que pressupõe a 
participação dos diversos componentes da escola, numa atitude de compromisso 
com o avanço escolar de todos os estudantes, sem deixar de lado as demais 
pessoas que estão em atividade naquele ambiente escolar, buscando o exercício de 
pensar juntos todas as ações da escola, evitando compartimentalizar a relação do 
pedagógico com o burocrático e do burocrático com a comunidade escolar, numa 
mudança de mentalidade e modo de agir, sem a qual a escola não se concretiza em 
seu papel social. 
A gestão democrática não é uma tarefa fácil, pois a educação institucional 
pela qual a maioria dos atuais atores que dirigem as escolas passou, foi carregada 
dos resquícios da escola tradicional que existia durante a ditadura militar, quando se 
devia obedecer e não questionar em nada as decisões tomadas pelos superiores. 
Diante desse fato pode-se afirmar que está implantado um processo de mudança 
gradativo e lento, no qual os novos preceitos poderão ser incorporados e colocados 
em prática por grande parte da população. 
Percebe-se diante disso que há muitos ranços arraigados na escola, tanto de 
autoritarismo, como de permissividade. 
Sobre isso Paro (2003, p. 101), afirma que: 
 
Não há dúvida de que, se o problema é a falta de tradição democrática, é 
com a insistência em mecanismos de participação e de exercício da 
democracia que se conseguirá maior envolvimento de todos em suas 
responsabilidades. 
 
O mesmo autor (2003, p. 126) defende ainda que para se reforçar o processo 
democrático de gestão, possibilitando a existência de um diretor que atue como: 
 
[...] coordenador geral da escola que não seja o único detentor da 
autoridade, mas que esta seja distribuída, junto com a responsabilidade que 
lhe é inerente, entre todos os membros da equipe escolar. 
 
Portanto, refletir sobre a gestão democrática da educação, faz com que seja 
necessário repensar suas características, as quais são complexas em virtude da 
pluralidade que pode propiciar possíveis disputas e até mesmo interesses opostos, 
levando-se em conta que não é o processo de escolha de diretores pela comunidade 
que em si democratiza a escola, mas sim, o entendimento de todos de que esse 
 
procedimento é apenas uma parte do processo de participação da comunidade. 
Sendo assim, há que se considerar uma forma de gestão que vise evolução 
da administração para a gestão escolar, não ignorando os possíveis conflitos que 
poderão advir de opiniões diversas dos componentes da comunidade escolar, 
antagonismos estes que deverão ser bem geridos pelo diretor e pelo pedagogo para 
que se garanta a transformação de possíveis embates em novas possibilidades. 
Gerando assim, uma escola que forme cidadãos críticos, socialmente ativos e 
comprometidos com suas ações e decisões, assim como, capazes de tomarem 
decisões pautadas em conhecimentos aprendidos durante sua estada na instituição 
escolar de forma participativa, criativa e bem sucedida. 
Segundo Kuenzer (2014), infelizmente, perdura na educação a dificuldade em 
se ouvir os estudantes. Eles geralmente são afastados dos momentos de discussão 
e decisões coletivas sobre os planos da escola, tanto no sentido estrutural como 
curricular. Porém ao agir assim, a escola perde a oportunidade de trabalhar junto 
aos estudantes os aspectos de auto-organização, autogestão, de que construam sua 
personalidade de forma autônoma. 
Afinal, se o jovem aprender durante o processo educacional a ser autônomo 
em sua formação geral e integral, ele vai se encontrar mais preparado para as 
questões de fora da escola,do mundo lá de fora. Ser autônomo por um lado e 
entender a construção coletiva por outro, isso leva a propiciar a gestão democrática 
verdadeira e por consequência, a formação e promoção da cidadania. 
Durante o estudo procurou-se traçar um paralelo entre as nomenclaturas – 
Administração e Gestão Escolar, demonstrando através da pesquisa, a transição do 
entendimento dos conceitos. 
Klaus (2011) em sua tese de doutorado, efetuou extensa pesquisa histórica 
para encontrar o ponto focal da alteração da visão administrativa para a visão de 
gestão sofrida pela educação em nosso país, demonstrando que historicamente, os 
termos administração e gestão escolar vêm sofrendo alterações, sendo que se 
evidencia principalmente entre as décadas de 30 a 70 uma visão estritamente 
administrativa da educação, demarcando a necessidade de controle e disciplina. De 
1930 até 1945, aproximadamente, houve um momento educacional bem demarcado, 
período em que foi focada a contabilização da população educável. 
A lógica piramidal foi primordial nesta época. O que se visava eram a 
linearidade, a rotina e o planejamento da educação. 
 
Assim, a educação vai evoluindo e ao longo das décadas de 70 e 80, o 
enfoque passa a ser reestruturação econômica e o ajuste político e social. Porém, o 
viés administrativo continuava bastante ativo, até mesmo na Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação 5692/71, o termo administração era utilizado, reforçando as 
condições de amplo controle das ações da escola por parte do administrador que 
devia centralizar o poder, bem como, as decisões. 
Ao longo dos anos, com a queda da Ditadura Militar, os marcos econômicos, 
sociais e políticos se alteraram e houve um avanço no significado das ações 
educacionais. O neoliberalismo se assentou no cenário nacional e com sua 
conjuntura as concepções mudaram, trazendo o termo gestão que passa a ser 
utilizado por ser considerado mais amplo. 
Dessa forma, foi possível ao diretor de uma escola abarcar e realizar as 
várias tarefas, sozinho ou em conjunto com sua equipe diretiva. Essa questão foi 
abordada na Constituição Federal de 1988 e na atual Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional – 9394/96, já citadas neste Caderno. 
Neste sentido, Kuenzer (2014, p.1) aborda com precisão a mudança 
epistemológica ocorrida: 
 
Estabelecem-se novas relações entre trabalho, ciência e cultura, a partir das 
quais constitui-se historicamente um novo principio educativo, ou, seja um 
novo projeto pedagógico por meio do qual a sociedade pretende formar os 
intelectuais/trabalhadores, os cidadãos/produtores para atender às novas 
demandas postas pela globalização da economia e pela reestruturação 
produtiva. O velho principio educativo decorrente da base técnica da 
produção taylorista/fordista vai sendo substituído por um outro projeto 
pedagógico, determinado pelas mudanças ocorridas no trabalho, o qual, 
embora ainda hegemônico, começa a apresentar-se como dominante. 
 
Há, porém, que se ter o cuidado de evitar o simplismo em afirmar que um 
termo foi sendo usado como substituto do outro. Conforme afirma Vieira (2000, p. 
41). 
 
Assim, não por acaso, o diretor e/ ou a unidade administrativa dirigente, 
passam a ser chamados de ‘gestor’, ‘núcleo gestor’ e expressões 
congêneres. Não se trata, aqui, de uma simples troca de nomes. Na 
verdade, o que está a ocorrer é o reconhecimento da escola enquanto 
instituição caracterizada por uma cultura própria, atravessada por relações 
de consenso e conflito, marcadas por resistências e contradições. 
 
As mudanças citadas levaram anos para ocorrer, aliás, em educação o tempo 
é sempre figura constante, as ações efetivadas hoje, acarretarão resultados em 
 
longo prazo. Conforme Saviani (2000, p. 73), “A educação, portanto, não transforma 
de modo direto e imediato e sim de modo indireto e mediato, isto é, agindo sobre os 
sujeitos da prática”. 
Seguindo neste princípio, é importante salientar a responsabilidade do diretor 
em gerir sua comunidade escolar de forma que se atinja o pleno desenvolvimento 
educacional de seus alunos, como afirma Alonso (2004, p. 2): 
 
Os modernos conceitos de gestão, contrariamente ao proposto pela 
administração clássica não separam o planejamento da execução, de tal 
forma que não se pode pensar em dois grupos distintos de trabalhadores. 
Uma das premissas dessa concepção clássica é que ao dividirem-se 
responsabilidades entre aqueles que concebem, ou planejam, e aqueles 
que executam o que foi planejado, se isenta o trabalhador da 
responsabilidade pelo sucesso ou fracasso constatado nos resultados finais 
do seu trabalho. Essa divisão de responsabilidades traz como conseqüência 
um desconcerto geral no desempenho escolar e coloca os dois grupos – 
planejadores e executores - em campos separados, às vezes antagônicos, 
por sustentarem pontos de vista divergentes sobre a importância das 
medidas a serem adotadas, o que dificulta, ou pelo menos impede, a 
liberação de recursos e o provimento das condições essenciais à realização 
do trabalho pedagógico. 
 
Infelizmente, porém, por vezes, ao longo desta pesquisa, notou-se uma 
vertente de diretores que acabam por priorizar o aspecto administrativo financeiro 
em detrimento do pedagógico. Isto se justifica pela responsabilidade que os 
diretores sofrem com a descentralização de recursos financeiros por meio do MEC e 
demais entidades financiadoras das escolas. Fato este bem evidenciado por 
Fernandes e Muller (2006, p. 131-132): 
 
O que deve ficar claro para o gestor escolar é que o administrativo deve 
estar a serviço do pedagógico, isto é, deve servir de suporte para a 
consecução dos objetivos educacionais da unidade escolar. Entretanto, na 
gestão de uma escola, a preponderância dos aspectos pedagógicos sobre 
os aspectos administrativos ainda é, para muitos gestores, um grande 
desafio a ser vencido. Isso se dá devido à forma como a gestão das escolas 
públicas está estruturada. O papel que o diretor deve ocupar, nesse 
momento, difere, em muito, daquele burocrata, centralizador do poder, que 
está a serviço da burocracia e do Estado ou do Município. Ao diretor, cabe 
romper com essa postura autoritária e de passividade diante das 
orientações vindas de cima para baixo, como se fosse um funcionário 
burocrático do sistema. Esse diretor, aqui entendido como sinônimo de 
gestor deve enxergar em si mesmo um representante de um projeto político-
social de educação que passa pela ruptura com um sistema seletivo, 
excludente, e forjar uma gestão escolar mais aberta, arejada para os 
anseios populares. 
 
Não se pretende com esta afirmação macular a imagem dos diretores 
 
escolares, mas pelo contrário, ir a sua defesa, evidenciando os diversos desafios 
pelos quais passam ao longo de seus mandatos, para dar o melhor de si à 
comunidade escolar que os elegeram para protagonizar os interesses comuns. 
Ainda neste sentido, Alonso (2004, p. 2-3) considera que: 
 
[...], nunca é demais advertir que o trabalho de gestão não comporta 
separação das tarefas administrativas e pedagógicas nos moldes em que 
costuma ocorrer. Mesmo porque, o trabalho administrativo somente ganha 
sentido a partir das atividades pedagógicas que constituem as atividades-
fim, ou propósitos da organização escolar. Assim vista a questão, torna-se 
inaceitável a divisão, muito frequente, de atribuições em que o diretor 
responde pelo trabalho administrativo rotineiro, burocrático e de 
representação, sem qualquer compromisso com o trabalho pedagógico, 
visto como responsabilidade exclusiva dos professores e especialistas do 
ensino. 
 
Souza (2006, p. 276), em sua pesquisa de doutorado, evidencia que: 
 
[...] O perfil do diretor e da gestão escolar são elementos que se somam a 
um conjunto de outros aspectos responsáveis pelos resultados escolares, 
mas não deixam de ser variáveis importantes para a compreensão dos 
resultados estudantis, permitindo-se concluir que ha uma espéciede efeito 
gestão nas escolas publicas de educação básica no Brasil [..] 
 
Outra abordagem possível de se demonstrar é a evolução tecnológica a que 
os alunos têm tido acesso e que acabam por alterar sobremaneira o público alvo da 
educação. Sobre isso Kuenzer (2014, p. 9), afirma que: 
 
Essas mudanças permitem uma série de reflexões sobre o espaço escolar. 
A primeira delas respeito à constatação da vertiginosa ampliação dos 
espaços pedagógicos propiciados pelo avanço científico e tecnológico em 
todas as áreas, reduzindo os espaços e tempos nas comunicações, agora 
on line e permitindo o acesso imediato a qualquer tipo de informação pelos 
mais diversos meios. Mais do que nunca, o processo de aprender escapa 
dos muros da escola para realizar-se nas inúmeras e variadas 
possibilidades de acesso ao conhecimento presentes na prática social e 
produtiva. Surgem novas tecnologias educacionais e novos materiais, o 
que, se não diminuem a importância da escola e o papel da relação entre 
professor e aluno, as transformam substancialmente. 
 
Portanto, o diretor cada vez deve que ter uma postura agregadora que 
possibilite o sucesso no processo ensino aprendizagem a todos, e não apenas 
garantir o acesso e a permanência dos alunos na escola. Nossa sociedade está em 
constante evolução e alteração, o que exige constantes atualizações de 
pensamentos e de ações pedagógicas. 
 
Como resolução dessa questão é possível investir na formação continuada 
em serviço, a ser ofertada aos diretores. Isso certamente viria ao encontro dos 
anseios de vários profissionais que ainda têm muitas dúvidas acerca de suas 
funções e atividades possíveis de serem executadas, pois Alonso (2004, p. 7), afirma 
com propriedade que: “Os gestores, por sua vez, nada mais são do que educadores 
que, em dado momento, se tornaram responsáveis pela condução desse processo.” 
Sendo assim, nada mais justo que ao longo de seu mandato ele receba 
informações e bases teóricas que venham a sustentar suas ações práticas como 
dirigente da escola, pois segundo Russo (2004, p. 34): 
 
[...] a teoria, ao mesmo tempo que reflete a realidade, da qual se nutre para 
isso, tem de servir de guia orientador das ações que se realizam na prática 
com vistas ao seu aperfeiçoamento, segundo uma opção axiologicamente 
determinada. Essas transformações que, orientadas pela teoria, introduzirão 
mudanças na realidade, precisam ser reincorporadas por ela para que 
possa continuar refletindo a nova realidade daí resultante. Por sua vez, a 
teoria modificada orientará novas transformações, criando-se, assim, um 
movimento circular de etapas sucessivas, de idas e vindas entre teoria e 
prática que, combinado com o movimento permanente da transformação 
qualitativa de ambos, resultará num movimento espiral. 
 
 
3. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENAÇÃO PEDAGÓGICA NA 
ESCOLA 
 
Buscando responder ao tema pesquisado, elencaram-se os objetivos gerais 
de pesquisar e evidenciar as diferenças entre administração e gestão escolar por 
meio: - dos conceitos de administração escolar; - dos conceitos de gestão escolar; - 
da relevância da gestão democrática; e, - do paralelo entre as nomenclaturas – 
administração e gestão escolar. 
Produziu-se para tanto, um Caderno Temático reflexivo e interativo, focado à 
realidade escolar, falando diretamente aos atores escolares, dialogando com eles, 
abordando com maior profundidade a fundamentação teórica, visando maiores 
esclarecimentos em relação aos preceitos do assunto estudado, com foco nas 
práticas sociais, políticas e pedagógicas. 
O material produzido foi distribuído em quatro capítulos, da seguinte forma: 
No primeiro tratou-se da Administração Escolar, trazendo uma busca 
bibliográfica sobre o conceito. 
 
No segundo abordou-se a Gestão Escolar, no qual procurou-se evidenciar ao 
longo da história da educação o termo “gestão”, aplicado à educação. 
No terceiro aprofundaram-se os conceitos de Gestão Democrática, buscando 
traçar uma linha de evolução dos preceitos da gestão democrática e a importância 
no encaminhamento das ações da equipe diretiva. 
No quarto e último buscou-se traçar um paralelo entre as nomenclaturas – 
Administração e Gestão Escolar, demonstrando através da pesquisa, a transição do 
entendimento dos conceitos. 
O Caderno foi idealizado para ser utilizado tanto pelos diretores como também 
e, principalmente, pelos pedagogos. Afinal os pedagogos, “cientistas da educação”, 
são profissionais polivalentes e coadjuvantes ao diretor, os quais atuam de maneira 
bastante efetiva nas decisões da escola e podem fazer uso das conceituações 
teóricas que estão contidas na pesquisa. 
Ao longo de sua composição foram indicadas paradas intencionais, as quais 
se deram pelas proposições de exercícios, vídeos e de leituras de textos 
complementares, buscando a expressão da realidade por meio das concepções 
teóricas tratadas, centradas no objetivo da problematização, que toma como foco as 
ocorrências naturais e concretas dos afazeres de gestão da escola. 
Baseando-se num dos objetivos do Programa, articulação da teoria com a 
prática no contexto do ambiente de pesquisa, principalmente voltado para a 
realidade escolar, o citado conteúdo foi implementado ao público alvo: diretores, 
pedagogos e demais interessados (integrantes da comunidade escolar do Colégio 
alvo da pesquisa), por meio de um curso de 32 horas, no formato de grupo de 
estudos, nos quais ocorreram momentos de discussão e execução das atividades 
propostas, no Caderno Temático para aprofundamento teórico. 
A Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola foi um 
grande sucesso. 
A pesquisadora contou com o pleno auxílio da direção para aplicação da 
implementação. Houve incentivo, inclusive de que o convite fosse estendido aos 
responsáveis, representantes da APMF e do Conselho Escolar. 
Por fim, atenderam ao convite cinco integrantes da APMF e Conselho Escolar, 
além de nove integrantes da equipe do Colégio, sendo quatro pedagogos, quatro 
agentes educacionais e o diretor. 
Dessa forma, teve-se a oportunidade de trabalhar com um grupo muito bom, 
 
interessado e heterogêneo, característica que forneceu qualidade ao Grupo de 
Estudos, pois pode-se vislumbrar vários pontos de vista sobre a gestão do Colégio. 
Todos tiveram vez e voz, foi muito gratificante! Nunca conseguimos encerrar o 
encontro no prazo estipulado, sempre havia algo mais a falar, comentar, discutir. 
Como primeira atividade buscou-se coletar dados dos integrantes sobre o que 
pensavam ser Administração Escolar e Gestão Escolar, objetivando detectar o 
conhecimento prévio que os cursistas tinham sobre o assunto. 
A grande maioria, apesar de empiricamente, demonstrou que a Administração 
Escolar é mais voltada ao controle e direcionamento das tarefas a serem exercidas, 
a partir de uma hierarquia, partindo do pressuposto que uma ordem deve ser 
cumprida, ao passo que a Gestão Escolar está mais voltada ao gerenciamento do 
trabalho com maior atenção ao pedagógico e pessoal, de maneira participativa, 
envolvendo todos os segmentos da escola, buscando uma educação de qualidade. 
Já no final do Grupo de Estudos, a última atividade proposta no Caderno 
Temático solicitava: 
 
MÃOS À OBRA! Você constatou no estudo propiciado ao longo deste 
Caderno uma série de questões acerca da administração e da gestão 
escolar. Agora, trace um paralelo entre os conceitos aprendidos e suas 
ações na escola. Como podemos sintetizar a relação entre administração e 
gestão escolar? Exponha de forma objetiva sua compreensão: 
 
Ao que obtivemos as seguintes respostas efetuadas em grupos: 
 
1) Podemos sintetizar a relação entre administração e gestão na medida em 
que observamos que um conceito é complementar ao outro. Administramos 
quando pensamos em toda organização da escola e fazemos gestão 
quando definimos ações em conjunto, considerando o todo. 
A administração pareceter um fim em si, ao passo que a gestão visa 
contemplar o bem comum. 
O administrador apenas “administra”, mas o gestor, além de administrar, 
planeja, organiza, considera as demandas do coletivo, de modo mais 
democrático, que também o levam a refletir sobre as questões humanas que 
envolvem a todos os que atuam na realidade escolar. 
2) Não existe gestão sem administração. Para uma boa gestão há a 
necessidade de uma administração utilizando a delegação e funções. O 
bom gestor envolve-se com seus colaboradores, conseguindo resultados 
coletivos. Administração é mais operacional e a gestão mais intelectual, 
mais pessoal, sendo que uma escola só funciona com a excelência 
necessária com a união do operacional e do humano (intelectual). 
3) A administração e a gestão escolar são interdependentes. A 
administração visa partes, já a gestão visa ao todo, prioriza o 
desenvolvimento do aluno. Em suma, uma administração bem feita vai 
poder gerenciar melhor o trabalho do diretor dentro do colégio. 
 
Verifica-se, portanto, que todos os integrantes ao longo do Grupo de Estudos 
 
foram se apercebendo da diferença das nomenclaturas Administração e Gestão 
Escolar, diferença esta evidenciada logo a seguir por meio dos aspectos teóricos 
estudados ao longo da pesquisa. 
 
 
4. CONSIDERACÕES FINAIS 
 
No âmbito educacional, pode-se afirmar que um conceito contém, pelo menos 
implicitamente, uma infinidade de respostas possíveis, pois irão depender de muitas 
variáveis, tais como concepções, pontos de vista, práticas realizadas e/ou 
vivenciadas, além de imensuráveis interpretações. 
Diante desse fato, não há a pretensão de esgotar os conceitos possíveis 
diante de tema tão importante e de possibilidades intrincadas, conforme o contexto 
ideológico em que é entendido ou abordado, muito menos, de exaltar um em 
detrimento de outro, o que não cabia no contexto desta pesquisa. 
Ao encerrar o presente Trabalho Final, pretendeu-se deixar claro que ao se 
falar em administração ou gestão escolar, o veio central diz respeito à organização 
do trabalho pedagógico nas instituições de ensino públicas estaduais do Estado do 
Paraná, alvo do PDE, principalmente o Colégio onde foi efetuada a implementação. 
Pretende-se, portanto, fomentar a reflexão sobre o papel dos diretores frente 
às suas escolas, voltando o olhar para a sua prática, a qual deve envolver tanto o 
aspecto administrativo, quanto o pedagógico, buscando uma gestão escolar ampla e 
efetiva. 
Ressalta-se que a prática realizada com a Implementação do Projeto de 
Intervenção Pedagógica na Escola corroborou a teoria pesquisada de que é muito 
importante uma gestão democrática, compartilhada (verdadeiramente) que propicie a 
participação de todos os envolvidos. 
Percebeu-se que a visão e prática dos membros dos segmentos da gestão 
são de que a Administração Escolar é mais voltada ao controle e direcionamento das 
tarefas a serem exercidas, a partir de uma hierarquia, partindo do pressuposto que 
uma ordem deve ser cumprida. Ao passo que a Gestão Escolar está mais voltada ao 
gerenciamento do trabalho com maior atenção ao pedagógico e pessoal, de maneira 
participativa, envolvendo todos os segmentos da escola, buscando uma educação 
de qualidade. 
 
 
 
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