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FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a1 CAPITULO I NUTRIÇÃO ANIMAL CONCEITOS BÁSICOS: Processos Importantes na Nutrição: NUTRIÇÃO: Processo de fornecer as células do corpo animal as condições químicas necessárias para as reações metabólicas envolvidas no crescimento, mantença, produção e reprodução DIGESTÃO: Compreende os processos químicos e físicos que são responsáveis pela transformação do alimento em seus nutrientes, e os mecanismos de transporte até as células do intestino ABSORÇÃO: Envolve os processos químicos e físicos relacionados com o transporte dos nutrientes pela membrana do intestino e seu transporte até a circulação sangüínea ou linfática. Digestão e Absorção São processos complementares METABOLISMO: Conjunto de reações catabólicas e anabólicas que permitem o funcionamento normal das células e consequentemente da vida do animal. Anabolismo Processo de construção Catabolismo Processo de destruição EXCREÇÃO: É a eliminação das partes dos alimentos não absorvidos ou dos que resultantes das reações metabólicas. ALIMENTO: Substâncias que quando ingeridas, são aproveitadas e fornecem os nutrientes necessários para os animais. É uma substância que quando consumida por um indivíduo, é capaz de contribuir para assegurar o ciclo regular de sua vida e a sobrevivência da espécie à qual pertence. É todo material que após a digestão pelos animais é capaz de ser digerido, absorvido e utilizado. ALIMENTAÇÃO: É o processo de fornecimento do alimento ao animal, na forma mais adaptada às suas preferências e condições fisiológicas. Consiste no ato de os animais ingerirem, transformarem, assimilarem e utilizarem materiais de composição e propriedades definidas. NUTRIENTE: Compostos químicos orgânicos e inorgânicos que participam diretamente dos processos metabólicos e são fornecidos pelos alimentos. NUTRIENTE ESSENCIAL: Nutrientes que não necessitam de transformações catabólicas ou anabólicas para serem metabolizados. FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a2 RAÇÃO BALANCEADA: É a quantidade de alimentos calculada para fornecer os requisitos nutricionais mínimos conhecidos para os animais nas diferentes fases de sua vida ALIMENTAÇÃO RACIONAL: objetiva fornecer ao indivíduo os alimentos para sua manutenção, mantendo as condições de rendimento produtivo e o benefício da alimentação em troca do trabalho humano. PRINCIPAIS NUTRIENTES: Proteínas - Compostas de Aminoácidos que seriam: Alanina, Arginina, Ácido Aspártico, Citrulina, Cistina, Cisteína, Fenilalanina, Glicina, Ácido Glutâmico, Histidina, Hidróxi-Prolina, Isoleucina, Leucina, Lisina, Metionina, Ornitina, Prolina, Taurina, Tirosina, Treonina, Triptofano, Valina. Carbohidratos - Amido - Celulose - Hemicelulose - Lignina - Açúcares Simples (Dissacarídeos e Monossacarídios - Sacarose, Lactose, Celobiose, Glicose, Frutose, Manose, Galactose, Etc.). Lipídios - Ácidos Graxos e Ácidos Graxos Essenciais ==> Oleico ==> Linoleico ==> Linolênico ==> Araquidônico Vitaminas - Lipossolúveis ==> A, D, E, K - Hidrossolúveis ==> Tiamina, Riboflavina, Niacina, Ácido Pantotênico, Piridoxina, Ácido Fólico, Cianocobalamina (B12), Colina, Biotina, Inositol, Ácido Ascórbico, Ubiquinona, Ácido Orótico, etc... Minerais - Macroelementos ==> Ca, P, Mg, Na, Cl, S, K, B. Microelementos==> Cu, I, Fe, Mn, Se, Zn, Ni, V, Cr, Cd, Au, Sn, etc... Água CAPITULO II DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES INTRODUÇÃO: Digestão: Compreende os processos químicos e físicos que são responsáveis pela transformação do alimento em seus nutrientes, e os mecanismos de transporte até as células do intestino. Absorção: Envolve os processos químicos e físicos relacionados com o transporte dos nutrientes pela membrana do intestino e seu transporte até a circulação sangüínea ou linfática. FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a3 Comparação entre ruminantes e monogástricos Monogástricos Ruminantes Digestão Enzimática Carbohidratos Monossacarídios Proteínas » aminoácidos Microbiana e Enzimática Carbohidratos Ácidos graxos voláteis Proteína » NH3+C-C-C Pesquisa Porte menor Ciclo mais curto Alimentos Competitivo com homem Aproveita resíduos não utilizados pelo homem Desenvolvimento genético Alto, muito especializado Bovino de leite: alto Bovino de corte: médio Caprinos/ovinos: médio a alto Tecnologia Avançada, produção em nível empresarial Muita improvisação, existem casos de pouca tecnologia CAPITULO III COMPONENTES DO TRATO ALIMENTAR DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS RUMINANTES: Boca Estômago composto: rúmen, retículo, omaso e abomaso Intestino delgado: duodeno, jejuno, íleo Intestino grosso: ceco, cólon, reto FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a4 SUÍNOS, EQUINOS, CÃOS, GATOS E COELHOS: boca esôfago estômago intestino delgado: duodeno, jejuno, íleo intestino grosso: ceco, cólon, reto AVES: bico esôfago papo ou inglúvio estômago químico (pró-ventrículo) estômago mecânico (moela) intestino delgado: duodeno, jejuno, íleo intestino grosso: cecos, cólon, reto PROCESSOS DIGESTIVOS: a) BOCA: apreensão mastigação salivação digestão inicial de amido, açúcares solúveis e ésteres b) ESÔFAGO: transporte de alimentos papo 1) controle do fluxo alimentar FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a5 2) umedecimento dos alimentos c) ESTÔMAGO: digestão microbiana – rumen (ácidos graxos voláteis) digestão química–abomaso e estômago não-ruminantes ação de HCl e pepsina (estômago do suíno e proventrículo das aves) ação mecânica (moela) d) INTESTINO DELGADO: Duodeno: local de neutralização do ph ácido do suco gástrico desembocam no duodeno, o canal colédoco (fígado e vesícula biliar) e o duto pancreático (pâncreas) ação da enteroquinase, ativando o tripsinogênio e todas as outras enzimas pancreáticas algumas peptidases da membrana dos enterócitos podem agir sobre tri e di- peptídeos. Jejuno: principal local de digestão e absorção dos nutrientes no jejuno agem as principais enzimas: digestoras de macromoléculas: tripsina, quimio-tripsina, lipases, amilase, etc enzimas de membrana: di e tripeptidases, dissacari-dases, nucleases, etc. enzimas intra-enterócitos: realizam o rompimento final e o início de algumas reações metabólicas CAPITULO IV ANÁLISE DE ALIMENTOS OU BROMATOLÓGICA 1. OBJETIVO: FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a6 * Conhecer o valor nutritivo do alimento, ou seja, seu potencial de fornecer nutrientes - informação básica para uso do alimento na alimentação animal. Análises de rotina: umidade ou matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo ou gordura, fibra bruta, matéria mineral ou cinzas, cálcio e fósforo. * Controle de qualidade: análises adicionais que são realizadas para detectar fatores que possam interferir com a expressão do potencial nutritivo de um ingrediente ou ração. Análises: urease, solubilidade da proteína, teste de Éber, acidez, granulomentria, toxinas, etc. 2. O QUE ANALISAR E COM QUEFREQUÊNCIA? Depende do produto: * Possibilidade de sofrer alterações (fraudes): por exemplo ingrediente como o milho em grão é difícil de ser adulterado não se justificando gastar tempo e dinheiro em análises frequentes. No período da safra é importante analisar umidade. Portanto, embora o milho represente entre 50 a 80% da maioria das rações produzidas no Brasil é um ingrediente pouco analisado. Por outro lado, os subprodutos de origem animal são ingredientes que apresentam grande variabilidade na sua qualidade e composição química, em função da variação na qualidade e disponibilidade da matéria prima empregada na sua produção. Estes ingredientes devem ser analisados com frequência e se possível todas as cargas que chegam à fábrica ou propriedade. *Importância dos nutrientes fornecidos pelo ingrediente: embora todos os nutrientes sejam igualmente importantes, alguns se destacam do ponto de vista quantitativo em alguns ingredientes sendo analisados com mais frequência. É o caso da proteína bruta que se destaca no farelo de soja, farinha de carne, etc., e são analisados com mais frequência. No caso de rações prontas a frequência de análise e o que deve ser analisado depende do tipo de ração, a espécie animal e da idade do animal ou fase de criação do animal. 3. AMOSTRAGEM É a fase mais importante da análise de alimentos. A amostra deve ser representativa do universo do material a ser analisado. Portanto, deve-se trabalhar com uma amostra composta, isto é, formada pela coleta de várias pequenas amostras que são posteriormente misturadas para dar origem a chamada amostra composta que é enviada ao laboratório. A quantidade de sub-amostras coletadas para formar uma amostra composta varia com a quantidade total de ingrediente a ser analisado. Quanto maior o universo maior o número de sub-amostras. Deve-se evitar pegar amostra de cocho ou local de alimentação do animal por duas razões: FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a7 a) Umidade - normalmente o animal ao consumir o alimento deixa cair saliva sobre o mesmo o que altera a composição do alimento e pode favorecer o desenvolvimento de microorganismos; b) Segregação - é muito comum o animal comer preferencialmente uma parte do alimento e o que sobra no comedouro não é representativo do que ali foi colocado. A quantidade de amostra a ser enviada ao laboratório irá depender das análises a serem realizadas. Para as análises de rotina cerca de 300 a 500 g por amostra é suficiente. Outro ponto importante é a identificação da amostra. Quanto mais informação for fornecida melhor. É importante citar o nome do produto, fornecedor, data de coleta, tipo de produto, espécie animal a ser alimentada. Também é importante as informações da pessoa que remete as amostras tais como nome, endereço, telefone, fax, e-mail, etc. para facilitar a remessa dos resultados. 4. RECEPÇÃO E PREPARO DA AMOSTRA: Uma vez no laboratório a amostra irá receber um número de identificação que irá acompanhar todo o processamento dela no laboratório. Este número é anotado numa ficha para onde também são transferidas todas as informações enviadas pelo dono da amostras. Nela também serão registrados todos os resultados da análise da amostra. Antes de se iniciar as análises, a amostra é processada para que seja preparada de tal forma a facilitar e melhorar a eficiência das análises. Se a amostra chega úmida ao laboratório ela passa por um processo de pré-secagem para facilitar o seu manuseio e conservação. Esta pré-secagem é geralmente feita em estufas a uma temperatura de 65 ºC. Se a amostra não pode ser pré-seca ela tem que ser armazenada em ambiente refrigerado. A amostra que chegar seca ou passar pelo processo de pré-secagem é em seguida moida para facilitar a homogeneização e a retirada do material que irá ser analisado. Esta moagem fina reduz a variabilidade dos resultados obtidos, já que as análises são sempre realizadas em duplicata, ou seja a mesma amostra é analisada para o mesmo parâmetro pelo menos duas vezes. Este procedimento se faz necessário para se validar o resultado das análises. 5. DETERMINAÇÃO DA UMIDADE OU MATÉRIA SECA (MS): Importância: Conservação do alimento. Comparar alimento com diferente teor de umidade. Umidade reduz concentração de nutriente do alimento. FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a8 Princípio: Eliminação dos componentes voláteis do alimento pelo calor. Método: Levar à estufa a 105 ºC por uma hora. Retirar da estufa e deixar esfriar em dessecador. Pesar o material (tarar) e adicionar de duas a cinco gramas de amostra e levar a estufa à 105 ºC até peso constante, isto é até a amostra parar de perder peso. Retirar da estufa, deixar esfriar em dessecador e pesar novamente. A perda de peso da amostra que ocorre neste processo é referente a umidade da amostra. Exemplo: Peso inicial da amostra: 5,00 g Peso amostra após secagem: 4,50 g Perda de peso ou umidade: 0,50 g Os resultados da maior parte da análise proximal é expresso em percentagem para facilitar a interpretação e entendimento dos resultados. Para se expressar o resultado em percentagem usa-se uma regra de três simples: Se em 5,00 g de amostra foram perdidas 0,50 g Em 100,00 g de amostra seriam perdidas X g Portanto X = 100 x 0,5000/5,00g Onde X = 10,00% de umidade. Ou seja, o alimento contém 10% de umidade ou 90% de MS. OBSERVAÇÃO: Embora não oficial, tem-se usado substituir a estufa por microondas na análise de umidade. A grande vantagem é a velocidade do resultado, que em geral sai em menos de 20 minutos. A grande dificuldade é a padronização e variação dos resultados com o uso do microondas. Por isto, ele tem sido muito empregado quando se deseja ter uma idéia aproximada do teor de umidade, sem grande precisão. 6. DETERMINAÇÃO DO N OU PROTEÍNA BRUTA (PB) Importância: a) Proteína é um dos nutrientes mais caros dos alimentos. FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a9 b) Grande resposta do animal a pequenas variações do nível na ração. Princípio: Transformação do N-orgânico em N-amoniacal, seu isolamento e posterior dosagem por titulação. Método: Nesta análise são utilizados um bloco digestor (onde a amostra será aquecida para facilitar a digestão) e um destilador de N também conhecido como destilador de Kjeldahl (onde o N-amoniacal será separado das impurezas residuais da amostra). A análise de N ou PB é feita em três fases bem distintas: DIGESTÃO: nesta fase ocorre à destruição de toda a matéria orgânica o N-orgânico é transformado para N-amoniacal. De 0,2 a 1,0 g de amostra é utilizada na análise de PB. A digestão é feita com H2SO4 concentrado na presença de um catalisador e de calor. Toda a matéria orgânica é transformada em CO2 e H2O e o N-orgânico transformado em NH4 e retido na forma de (NH4)2SO4. Amostra + H2SO4 catalisador CO2 + H20 + (NH4)2SO4 calor DESTILAÇÃO: ela é feita no destilador de Kjeldahl e o N-amoniacal é liberado na forma de NH3 pela reação do sulfato de amônia com o hidróxido de sódio. O NH3 liberado é arrastado pelo vapor de água e recebido numa solução de ácido bórico, resultando no borato ácido de amônia. A destilação termina quando todo o N foi transferido para a solução de ácido bórico. (NH4)2SO4 + NaOH ---------- Na2SO4 + H2O + NH3 NH3 + H3BO4 --------------- NH4H2BO3 TITULAÇÃO: é a fase final da análise, quando o N da amostra é finalmente quantificado. A solução de borato ácido de amônia é titulada com uma solução de concentração conhecidade HCl na presença de um indicador (vermelho metila - verde bromo cresol). NH4H2BO3 + HCl ---------- NH4Cl + H3BO4 Conhecendo-se o volume de HCl gastos na titulação, a concentração do HCl, o peso da amostra, o peso molecular do N, calcula-se o teor de N em % na amostra usando-se a fórmula: Vol HCl x conc. HCl x 14 x 100 = % N peso da amostra (g) x 1000 FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a1 0 % Proteína bruta = % N x 6,25 De onde vem o fator 6,25? Em média as proteínas puras têm 16% de N. Portanto, se 16% de N equivalem a 100% de Proteína, podemos fazer uma regra de três simples e descobrirmos quanto de proteína equivale 1% de N. Se 16% N é igual a 100% PB Então l% N é igual a X% de PB onde X = 100 = 6,2516 Denomina-se proteína bruta, porque como vimos todo o N-orgânico da amostra é quantificado. Como nem todo N-orgânico é proteína, parte do que estamos quantificando pode ser vitaminas, bases purinas e pirimidinas, ácidos nucléicos, etc. 7. DETERMINAÇÃO DO EXTRATO ETÉREO (EE) OU GORDURA Importância: A gordura é a fonte mais concentrada de energia do alimento. Conservação - gordura é susceptível a rancificação o que prejudica o valor nutritivo do alimento. Princípio: Arraste das substâncias solúveis em éter pelo mesmo. Método: A análise da gordura, ou melhor a extração do extrato etéreo se faz usando um equipamento conhecido como extrator de sohxlet, que consiste num conjunto para aquecimento, evaporação e condensação do éter que irá lavar a amostra que contém o material a ser extraído. Antes de ser pesada, a amostra a ser submetida a extração da gordura é primeiro exposta a temperatura de 105 C numa estufa por 4 horas. Isto é feito para eliminar a água da amostra, pois a presença de água impede a ação extrativa do éter. No dia a dia do laboratório, a extração de gordura é realizada na mesma amostra que foi usada para determinar a umidade, economizando-se tempo e a operação citada anteriormente. A amostra é pesada (cerca de 2,00 g) e colocada num recipiente (cartucho de papel de filtro) permeável ao éter e a gordura, mas não a amostra. Este cartucho é colocado no aparelho extrator onde sofre sucessivas lavagens com éter. Ao entrar em contato com a gordura o éter a arrasta, extraindo portanto a gordura. O éter com a gordura vão para o reservatório que contém o éter. Este continua o processo de evaporação, condensação e arraste da gordura e esta sendo muito menos volátil vai se FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a1 1 acumulando no balão que contém o éter. Após a evaporação completa do éter o aumento de peso do balão (que havia sido previamente tarado) representa o peso do EE extraído da amostra. O cálculo do teor de gordura ou EE é feito usando-se uma regra de três como foi feito para a determinação de umidade. OBSERVAÇÕES: O nome extrato etéreo é porque o éter não extrai somente gorduras, mas todas as substâncias solúveis no éter. Portanto, vitaminas, hormônios, pigmentos, etc. são nesta análise consideradas como gordura. Como na maioria dos alimentos concentrados a gordura representa a maior fração das substâncias solúveis no éter, está análise se aplica. Já no caso das forragens verdes, onde a maior parte das substâncias solúveis no éter não são gorduras mas sim B-caroteno, clorofila, etc. devemos olhar com certo criticismo os resultados de EE das forragens. 8. DETERMINAÇÃO DA FIBRA BRUTA (FB) Importância: Teor de fibra é inversamente proporcional ao valor nutritivo do alimento. Fibra bruta reduz a digestibilidade do alimento. Para monogástrico de pouco valor. Para ruminante e herbívoro fonte de energia e importante para fisiologia intestinal. Princípio: Digestão ácida e básica da amostra seguida de queima do resíduo da digestão. O material que desaparece na queima e denominado de fibra bruta. Método: Existe um aparelho onde se processa a análise da FB denominado de digestor de fibra. Ele consiste de uma fonte de calor e de equipamento de condensação de vapores ácidos e básicos. Para a análise de FB é recomendado extrair a gordura da amostra. Portanto, é prática comum se utilizar a amostra que foi usada para extração de gordura para a análise de FB. Pesa cerca de 2,00 g de amostra e transfere-se para um copo de forma alta. Adiciona-se cerca de 100 ml de solução de ácido sulfúrico a 1,25%,coloque no digestor de FB e após iniciar a fervura deixe em digestão por 30 minutos. A seguir filtre todo o material em uma tela bem fina e lave a amostra com água morna várias vezes. Retorne o resíduo que ficou na tela para o copo de forma alta e adicione cerca de 100 mls de solução de hidróxido de sódio a 1,25% e repita toda a operação feita com a solução ácida. A seguir lave o resíduo com álcool e éter sulfúrico e deixe-o secar na estufa a 105 C. FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a1 2 Pese o resíduo e leve-o a mufla a 600 C por 4 a 6 horas. A diferença entre o peso da amostra seca que entrou na mufla e o peso após a queima, ou seja, o material que desapareceu na queima é denominado de FB. O resultado da análise de FB também é expresso em percentagem usando-se uma regra de três como feito para a umidade. 9. DETERMINAÇÃO DAS CINZAS OU MATÉRIA MINERAL (MM) Importância: Teor de cinzas inversamente proporcional ao valor energético do alimento. Da idéia do teor de minerais do alimento Pode indicar presença de contaminação com solo. Princípio: Queima da matéria orgânica a alta temperatura. O material que resistir a queima é denominado de cinzas ou MM. Método: O equipamento usado nesta análise é a mufla que nada mais é que um forno de alta temperatura. Pesa-se de cerca duas gramas de amostra em um cadinho de aço ou porcelana previamente tarado e leva-se os cadinhos a mufla elevando-se a temperatura para cerca de 600 a 650 C por quatro a seis horas. Desligue a mufla e deixe o material esfriar. Transfira-o para um dessecador e após frio, pese o cadinho com o resíduo. O peso do material residual no cadinho é denominado de cinzas ou MM. O teor de cinzas é expresso em percentagem e para tal se usa uma regra de três simples como feito para umidade. Por exemplo, se iniciamos a análise com 2,000 g de amostra e após a queima sobrou 0,3000 g de resíduo, então: Se em 2,000 g de amostra tinha 0,300 g de cinzas Em 100,000 g de amostra terá X g de cinzas Onde X = 30 =15% de cinzas OBSERVAÇÕES: FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a1 3 Como podemos ver a análise de cinzas não dá idéia de qual ou quais minerais estão presentes na amostra, mas apenas o total de mineral presente. Ela é todavia, o passo inicial para a determinação posterior dos minerais. Para tal as cinzas são solubilizadas em solução ácida onde posteriormente podem ser analisados os minerais individualmente. 10. DETERMINAÇÃO DA ENERGIA BRUTA (EB) Esta não é uma análise de rotina dos laboratórios de controle de qualidade, pois ela não acrescenta muito ao conhecimento do valor nutritivo do alimento pois uma substância pode ser muito rica em energia bruta porém se o animal não puder utilizá-la ela não tem valor biológico. O importante é conhecer o valor de energia digestível, metabolizável e líquida. Para tal é necessário o uso de ensaios de digestibilidade com animais. Todavia, o conhecimento da EB é o ponto de partida para a avaliação biológica. A análise de energia bruta é realizada num equipamento denominadode BOMBA CALORIMÉTRICA. Ela nada mais é que um sistema isolado termicamente onde a amostra é completamente queimada. A energia liberada pela queima completa da amostra é medida na forma de calor e transformada para uma unidade de medição de energia como cal ou Kcal. Esquema de desdobramento da EB do alimento EB ED E. fezes EM E. urina EL I. calórico ELP ELM EB – Energia bruta ED – Energia digestível EM – Energia metabolizável EL – Energia líquida ELP – Energia líquida para produção ELM – Energia líquida para mantença ____________________________________________________________________________ FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a1 4 CAPITULO V ESTUDO DOS ALIMENTOS INTRODUÇÃO Bromatologia é a ciência que estuda os alimentos. Alimento é todo e qualquer material comestível capaz de fornecer energia e/ou nutrientes para os animais. Quando um alimento faz parte de uma mistura de alimentos para a produção de um alimento balanceado é normalmente denominado de ingrediente. Nutrientes são substâncias presentes nos alimentos ou produzidos pelas células do organismo do animal que são indispensáveis para o perfeito funcionamento do mesmo. Alimento balanceado é uma mistura de alimentos formulada para atender parte das necessidades nutricionais de um animal de forma equilibrada. Alimento balanceado completo é uma mistura de alimentos formulada para atender todas as necessidades nutricionais de um animal de forma equilibrada, sem o uso de outro alimento, com exceção da água. Ração é todo alimento consumido pelo animal no período de 24 horas, inculsive a água. Na exploração zootécnica a alimentação dos animais representa de 60 a 80% do custo de produção. Portanto, o conhecimento do potencial nutricional de cada alimento, bem como suas limitações de uso são muito importantes para se ter uma exploração zootécnica com o máximo de lucratividade. É importante ressaltar ainda que nenhum alimento isoladamente é capaz de fornecer todos os nutrientes essenciais a todas as fases da vida do animal. Nesta disciplina iremos estudar apenas os alimentos concentrados visto que os alimentos volumosos foram objeto de estudo da disciplina forragicultura. CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS Para facilitar o estudo dos alimentos vamos classificá-los, segundo a sua composição e valor nutritivo. Como todo sistema de classificação este também esta sujeito a críticas, todavia é ainda o sistema de classificação que melhor se adapta ao uso dos alimentos na nutrição animal. 1. Alimentos volumosos: como o próprio nome indica são alimentos com baixa concentração de nutrientes e em geral usados para animais com aparelho digestivo com grande capacidade como é o caso de ruminantes e herbívoros já que o animal terá de ingerir uma grande quantidade de alimento FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a1 5 para satisfazer suas necessidades nutricionais. São alimentos volumosos aqueles que tem mais de 18% de fibra bruta e/ou mais de 25% de água. 1.1. Alimentos volumosos aquosos: são aqueles que contém mais de 25% de água. Exemplos: Forragem verdes, silagems, raízes, tubérculos, frutos, etc. 1.2.Alimentos volumosos secos: são aqueles que têm menos de 25% de água e portanto mais de 18% de fibra bruta. Exemplos: fenos, palhadas ou restos de culturas ( soja, arroz, milho, trigo, etc). 2. Alimentos concentrados: como o próprio nome indica são alimentos com alta concentração de nutrientes, e em geral usados preferencialmente para animais monogástricos que são mais eficientes na sua utilização. Os alimentos concentrados são aqueles que têm menos de 18% de fibra bruta e menos de 25% de água. Eles por sua vez se dividem em dois grupos dependendo do seu conteúdo de proteína. 2.1. Alimentos concentrados energéticos: são alimentos concentrados com menos de 18% de PB. São usados na alimentação animal principalmente como fonte de energia por serem ricos em carboidratos solúveis e/ou gordura. Exemplo: Grãos de cereais (milho, sorgo, trigo, aveia), gorduras, açucares, etc. 2.2.Alimentos concentrados protéicos: são alimentos concentrados com mais de 18% de PB. São usados na alimentação animal principalmente como fonte de proteína. Dependendo da origem da proteína eles são divididos em dois grupos. 2.2.1. Origem vegetal: são geralmente subprodutos da extração de óleo das sementes de plantas oleaginosas (ex. farelo de soja, de algodão, de amendoim, etc.) ou da extração do amido de sementes de cereais (gluten de milho, de arroz, de trigo, etc). 2.2.2. Origem animal: são geralmente subprodutos do abate ou processamento de animais ou seus produtos. Ex. Farinha de carne, de vísceras, de peixe, Leite em pó, ovo em pó, etc. 3. Fontes de minerais: alimentos que são basicamente fontes de minerais. Ex. Fosfato bicálcico (Ca e P), Calcário (Ca), Sal (Na e Cl), etc. 4. Fontes de vitaminas: são alimentos que servem como fontes de vitaminas. Ex. Cloreto de colina, Mononitrato de Tiamina, Pantotenato de Cálcio, etc. 5. Fontes de aminoácidos: são alimentos que servem como fontes de amino ácidos. Ex. Monocloridrato de lisina, Triptosina, DL- Metionina, MHA, etc. TOXINAS DOS ALIMENTOS FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a1 6 Alguns alimentos têm na sua composição compostos que influenciam a expressão do seu potencial nutritivo, isto é, embora um alimento pareça de excelente valor nutricional quando fornecido aos animais este não se expressa num desempenho de alto nível pelo animal. Os compostos que de alguma forma interferem na expressão do valor nutritivo do alimento e consequentemente do metabolismo do animal são denominados TOXINAS. Quanto a sua origem as toxinas são classificadas em dois grandes grupos: TOXINAS ENDÓGENAS: como o próprio nome indica são as toxinas que fazem parte do alimento, ou seja, elas são um constituinte natural do alimento. Normalmente este compostos são produzidos pelas plantas ou animais com uma finalidade específica, dentro do ecossistema dos mesmos. De acordo com sua estrutura química estes compostos são classificados como: 1. Protéicos: inibidores de tripsina - presentes no grão de soja Hemaglutininas – presentes nas leguminosas Anti-vitamínicos – tiaminases – presentes em peixes crus. 2. Glicosídeos: compostos bociogênicos – presentes nas plantas da família das crucíferas (repolho, nabo) compostos cianogênicos – presentes na mandioca – linamarina oligossacarídeos – presentes no grão de soja – rafinose, estaquiose 3. Fenólicos: gossipol - presente no farelo de algodão taninos – presente no grão de sorgo 4. Outros: antimetais – ácido fítico, ácido oxálico, etc. TOXINAS EXÓGENAS: como o próprio nome indica são toxinas que não fazem parte da composição normal do alimento e estão presentes em geral devido a alguma fonte de contaminação externa. Exemplos: 1. MICOTOXINAS: toxinas produzidas por fungos que crescem no alimento. Aflatoxina, ocratoxina, citrina, zealenorona, fumosina, etc. 2. PESTICIDAS: inseticidas, fungicidas, herbicidas, etc. FATORES QUE AFETAM O VALOR NUTRITIVO DOS ALIMENTOS Embora hoje em dia já se conhece relativamente bem a composição média dos principais alimentos utilizados na alimentação humana e animal, sabe-se que é muito difícil se conseguir duas partidas consecutivas de um alimento com composição química idêntica. Mais difícil ainda é se conseguir duas repostas de desempenho similares de animais alimentados com diferentes partidas de um mesmo alimento. Isto se deve ao fato de que vários fatores agem influenciandoo valor nutritivo dos alimentos. Dentre outros podemos citar: 1. PRESENÇA DE TOXINAS: as vezes um alimento com um valor nutritivo potencial muito grande, quando fornecido para o animal resulta num desempenho muito inferior ao esperado. Uma das FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a1 7 possíveis explicações para tal observação é a presença de toxinas no alimento. Um exemplo muito claro desta situação é o uso de grão de soja cru na alimentação de monogástricos. Embora o grão de soja seja um alimento com um potencial nutricional enorme, quando fornecido cru para monogástricos sempre produz resultados de desempenho medíocres, principalmente em animais jovens. Uma vez submetido a tratamento térmico os resultados são excelentes. O grão de soja cru tem uma série de toxinas endógenas que são destruídas pelo calor. 2. COMPOSIÇÃO DA MATÉRIA PRIMA: no caso de alimentos que são subprodutos do processamento de algum outro produto, a composição final do alimento e consequentemente seu valor nutritivo será influenciado pela qualidade da matéria prima que irá dar origem ao alimento. Por exemplo, uma farinha de peixe que é produzida com resíduos da indústria de conserva de pescado terá uma grande variação na sua composição química dependendo de que tipo de resíduos são empregados na sua fabricação, bem como da quantidade de peixe integral impróprio para processamento que é misturada aos resíduos. Quanto mais peixe integral e menos escamas, barbatanas, espinhas, etc. entrar na composição do produto final melhor a qualidade do produto. Com os alimentos de origem vegetal, em função das alterações nutricionais produzidas pela seleção e melhoramento genético, principalmente as resultantes de programas de melhoramento que envolvem técnicas de biotecnologia, a variedade da planta sendo usada pode alterar o valor nutritivo de um alimento. Hoje, já é possível afirmar que logo teremos variedades de plantas sendo cultivadas com finalidade específica de uso na alimentação de determinada espécie animal, em função de necessidades nutricionais específicas desta. 3. PROCESSAMENTO: existem várias formas de processar o alimento antes de Incorporá-lo a alimentação que influenciam o seu valor nutritivo, tais como: 3.1 Tratamento térmico: o uso de calor no processamento de alimentos é uma faca de dois gumes. Para certos alimentos um aquecimento moderado pode melhorar o valor nutritivo do alimento por aumentar a digestibilidade do amido e proteínas, ao mesmo tempo em que elimina toxinas. Por outro lado, um aquecimento excessivo pode reduzir o valor nutritivo por reduzir a digestibilidade de proteínas e destruir aminoácidos e vitaminas. No uso de tratamento térmico deve-se sempre ter em mente que a exposição de um alimento a altas temperaturas na presença de umidade é sempre menos prejudicial ao alimento que o calor seco. 3.2. Moagem: a moagem ou redução dos tamanhos de partículas dos alimentos pode melhorar o valor nutritivo do alimento, principalmente para os animais que não conseguem mastigar bem os alimentos. Por aumentar a área de ação das enzimas digestivas a moagem pode melhorar o aproveitamento do alimento e consequentemente seu valor nutritivo pelo aumento da eficiência da digestão e absorção dos nutrientes. Para cada espécie animal existe uma granulometria ideal do alimento que resulta em melhor desempenho. A moagem muito fina, embora a princípio para ser a melhor solução, nem sempre é verdadeira. Neste caso, além de produzir muito pó que pode causar problemas respiratórios, ela tende a reduzir o consumo do alimento por influenciar na textura do mesmo e ainda dificultar a sua ingestão. Sempre que possível a moagem de um alimento, principalmente dos grãos deve-se realizar-se o mais próximo possível do seu uso na alimentação do FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a1 8 animal, pois ao romper a integridade das células das plantas a moagem expõe nutrientes a ação de agentes (oxigênio, luz, minerais, etc.) que podem destruí-los, bem como ela dificulta o transporte e armazenagem do alimento dentro da fábrica de alimento balanceado. 3.3. Peletização: é o processo inverso ao da moagem. Neste processamento o alimento que se encontra na forma moída de farelo ou pó passa por um processo de prensagem ou aglomeração, associada a exposição ao calor reagrupando as partículas moídas em pedaços maiores. A peletização melhora o valor nutritivo do alimento pois antes de ser peletizado o alimento é exposto a calor e como já vimos no item 3.1 acima este pode melhorar o valor nutritivo do alimento. Além disso, a prensagem do alimento aumenta a sua densidade e consequentemen- te o animal consegue consumir mais alimento em menor espaço de tempo gastando menos energia para se alimentar e consequentemente sobrando mais energia líquida para a manutenção e produção animal. Outro ponto positivo da peletização é que normalmente ela resulta em menos perda de alimento no momento da apreensão pelo animal, bem como evita que o animal segregue o alimento ao consumí-lo, provocando um desbalanceamento do alimento ingerido. 3.4. Extrusão: é um processamento a que é submetido o alimento que consiste da exposição do mesmo a alta temperatura, pressão, força de arraste, por curto período de tempo, seguidos de uma mudança brusca de pressão. Esta associação de fatores físicos, químicos e mecânicos a que é exposto o alimento provoca alterações físicas e químicas no mesmo tornando-o muito mais digestível para o animal. A extrusão pode ser considerada como uma pré-digestão do alimento para o animal. A extrusão é muito eficiente para melhorar o valor nutritivo de alimentos de origem vegetal, visto que neles os nutrientes se encontram no interior da célula que está envolvida por uma camada de material de baixa digestibilidade (celulose, hemicelulose, lignina) dificultando o acesso das enzimas digestivas aos mesmos. A extrusão provoca o rompimento da parede celular expondo os nutrientes a ação de enzimas, bem como altera a estrutura física e química de carboidratos complexos como o amido, facilitando a sua digestão, principalmente em animais jovens e carnívoros que tem baixa capacidade de digerir amido cru. O processo de extrusão foi a tecnologia que permitiu o grande desenvolvimento da indústria de alimentos secos para animais de estimação no final do século XX. CAPITULO VI ALIMENTOS CONCENTRADOS ENERGÉTICOS INTRODUÇÃO Como o próprio nome indica, são alimentos usados na produção de alimentos balanceados principalmente como fonte de energia. São produtos contendo menos de 18% de fibra bruta e menos de 18% de proteína. Na maioria dos alimentos balanceados são os alimentos usados em maior FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a1 9 quantidade e incluem a maioria dos grãos de cereais e seus subprodutos, as gorduras e óleos de origem animal e vegetal e os açúcares. Apresentam as seguintes características nutritivas gerais: * Ricos em carboidratos e/ou gorduras. * Fornecem muita energia por unidade de peso. * Possuem baixo teor de fibra * A qualidade da proteína é variável, porém geralmente baixa - deficiente em lisina. * São médios em fósforo e baixos em cálcio. 1. MILHO EM GRÃO É o concentrado energético mais empregado na alimentação animal sendo praticamente impossível encontrar um alimento balanceado que não o contenha na sua formulação ou um dos seus subprodutos. É também um dos cereais mais cultivados no mundo com cerca de 600 milhões de toneladas produzidas por ano. O milho é considerado o reidos cereais, devido ao seu alto valor nutritivo, alta produtividade e o excelente desempenho animal obtido com seu uso, sendo portanto o cereal que serve de parâmetro para a comparação nutritiva de outros cereais. O único cereal que tem condições de competir com o milho na alimentação animal é o grão de trigo. O alto valor energético do milho deve-se ao seu elevado teor de amido (70-80%) de alta digestibilidade, associado ao teor de 4% de óleo e ao baixo teor de fibra bruta (2%) e matéria mineral (1,2%). O óleo de milho é rico em ácidos graxos insaturados, principalmente o ácido graxo essencial - linoleico (50%), sendo assim os alimentos balanceados a base de milho dificilmente deficientes em AGE. O milho é relativamente pobre em proteína (8 a 9%) e ela é de baixo valor biológico em função da deficiência de dois aminoácidos essenciais - lisina e triptofano. Na década de 60 foi desenvolvido uma variedade de milho denominada OPACO - 2 que se caracterizava por apresentar uma proteína de melhor valor biológico, com o dobro do teor de lisina e triptofano do milho hibrido comum. Do ponto de vista nutricional isto foi um grande avanço da ciência agronômica. Todavia, problemas de produtividade e susceptibilidade a pragas durante o armazenamento a inviabilizaram do ponto de vista comercial. Além dos nutrientes citados acima o milho contém pigmentos - ZEAXANTINA E CRIPTOXANTINA que são importantes agentes pigmentantes da pele das galinhas e da gema do ovo, sendo um importante componente do grão de milho nas regiões onde a pigmentação da pele das aves e da gema do ovo são importantes do ponto de vista comercial. Existem variedades de milho sem pigmentos o chamado milho branco que é mais usado na alimentação humana. Sua composição química é semelhante a do milho amarelo, exceto pela ausência dos pigmentos. O milho não tem nenhuma toxina endógena, sendo porém passível de contaminação com pesticidas e micotoxinas. A ocorrência de micotoxinas é mais frequente quando durante o cultivo a planta passa por situações de FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a2 0 estresse, principalmente hídrico ou de temperatura ou quando o grão é armazenado em condições impróprias. O milho é fornecido aos animais geralmente moído. Ele é armazenado na forma de grão e somente é moído pouco antes de sua incorporação a mistura de alimento balanceado. Na forma de grão, além de conservar melhor seu valor nutritivo o milho é mais facilmente armazenado, transportado e manuseado que após a moagem. É um alimento de uso praticamente irrestrito para a maior parte dos animais. Excessão são os carnívoros (cães e gatos) e os mamíferos jovens, principalmente se desmamados precocemente que não conseguem digerí-lo bem na forma crua. O tratamento térmico do milho moído, principalmente na presença de umidade elimina este problema. Os herbívoros também podem ter problema no seu uso se consumirem grandes quantidade de milho cru de uma vez. O tratamento térmico também melhora o seu uso neste caso. Na realidade o problema acima descrito para carnívoros, mamíferos jovens e herbívoros não é exclusivo do milho mais sim dos alimentos ricos em amido. Todos estes alimentos se não devidamente processados devem ser usados com parcimônia para estes animais. Estes animais tem uma capacidade limitada de digestão do amido cru por deficiência fisiológica ou anatômica no intestino delgado. O problema advém, portanto, da passagem de grande quantidade de amido cru para o intestino grosso, onde a maior concentração de microorganismos provoca uma fermentação rápida do amido produzindo ácido lático, com consequente queda do pH intestinal, alteração da fauna e flora que pode resultar em diarréia e cólicas. O tratamento térmico do amido praticamente elimina este problema pois facilita a digestão do amido no intestino delgado chegando muito pouco amido cru ao intestino grosso. 1.1. MILHO DESINTEGRADO COM PALHA E SABUGO - Também popularmente conhecido como rolão de milho ou MDPS. É um alimento mais encontrado nas pequenas fazendas ou propriedades rurais. Este alimento é na realidade a espiga integral do milho moída com palha e sabugo. Por conter a palha e sabugo que são ricos em fibra bruta seu teor de fibra (6 a7%) é bem maior que o do grão de milho e o de proteína menor (7 a 7,5%). O maior teor de FB reduz o seu valor energético devendo-se evitar o seu uso nos alimentos balanceados para animais que exigem alta energia como frangos de corte, engorda de suínos, etc. É todavia, um excelente alimento para herbívoros e ruminantes e mesmo para reprodutores e matrizes de monogástricos onde deseja-se evitar o consumo excessivo de energia para controle da obesidade que pode influenciar o desempenho reprodutivo dos animais. 2. SORGO EM GRÃO É um cereal muito usado como alternativa ao milho na alimentação animal por apresentar um composição nutricional próxima a do milho. Do ponto de vista agronômico é uma planta mais resistente a falta de água durante o seu cultivo e também tem uma menor produtividade que o milho. A sua maior resistência à seca faz do sorgo a cultura de cereais preferencial para as regiões de clima semi-árido, sendo muito cultivado no norte da África, sudoeste dos EUA e norte do México. No Brasil seria uma boa opção de cultivo para o nordeste e também vem sendo muito utilizado como segunda cultura de verão na região sul e centro oeste do Brasil. FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a2 1 A composição proximal do grão de sorgo é muito semelhante a do grão de milho. O sorgo tem entre 9 e 12% de PB, 3% de gordura, 2,5% de FB, 2% de cinzas e cerca de 70 a 75% de amido. A proteína do sorgo é de pior qualidade que a do milho contendo cerca de 15% menos de 2.metionina, e é deficiente em lisina e treonina. O teor de ácido linoleico na gordura do sorgo embora alto cerca de 40% é inferior ao do milho. Embora o teor de amido do sorgo seja alto, ele é o amido de mais difícil digestão em relação aos cereais mais usados na alimentação animal. Embora semelhante ao milho na composição proximal o sorgo tem valor nutritivo inferior ao do milho devido as diferenças acima citadas. Além disso o grão de sorgo praticamente não tem pigmentos carotenóides. O grão de sorgo contém uma toxina endógena o TANINO. O teor de tanino varia entre as diversas variedades de sorgo podendo chegar a ter até 2% de tanino. Do ponto de vista nutricional as variedades de sorgo são classificadas de acordo com o seu teor de tanino em baixo tanino variedades com até 0.4%, médio tanino de 0,5 a1,2% e alto tanino acima de 1,2%. As variedades mais recomendadas para uso na alimentação animal são as de baixo tanino. A medida que o teor de tanino aumenta o valor nutricional do sorgo diminui pois o tanino interfere com a digestão e absorção de proteínas e carboidratos reduzindo o valor energético do sorgo. O teor de tanino no sorgo não é influenciado pelo processamento térmico do grão. Todavia, pode-se reduzir em parte a toxidez do tanino na alimentação de monogástricos pelo aumento dos níveis de doadores de grupo metila (colina e metionina) na ração. No intestino o tanino é hidrolizado a ácido gálico que é parcialmente eliminado como 4-O-metil ácido gálico, reduzindo seu efeito tóxico. O grão de sorgo por ser uma semente menor e mais dura que o grão de milho deve ser fornecido ao animal após a moagem, sendo válido neste caso as mesmas recomendações feitas sobre a moagem do milho. Na moagem, por ter um menor teor de gordura, o grão de sorgo produz mais pó devendo-se ter cuidado para se evitar muita perda durante este processo. Por ter uma composição proximal semelhante a do milho, principalmenteno que diz respeito ao teor de amido, as mesmas restrições e recomendações feitas para o milho devem ser observadas no uso do sorgo na alimentação animal. Deve-se levar em consideração ainda que o amido do sorgo é de mais difícil digestão que o do milho. 3. RASPA DE MANDIOCA - É conhecido como raspa de mandioca o produto da raiz de mandioca picada ou moída e desidratada. Existem dois tipos de raspa de mandioca no mercado: a raspa integral produzida com a raiz inteira e a raspa residual produzida com os subprodutos da produção de amido (o amido das raízes e tubérculos é conhecido como fécula) e farinha de mandioca. Portanto, a raspa integral é um produto mais rico em energia e de melhor qualidade (menos fibra) que a raspa residual. A raspa de mandioca é basicamente uma fonte de energia já que a sua composição é quase somente de amido, sendo a quantidade dos outros nutrientes como PB, gordura e minerais desprezíveis. Já na raspa residual onde a maior parte do amido foi retirado ocorre uma elevação no teor FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a2 2 de fibra bruta que reduz ainda mais seu valor nutritivo. A raspa de mandioca também é totalmente desprovida de pigmentos carotenóides. Portanto, o uso de raspa de mandioca na alimentação animal implica no uso de maiores quantidades de fontes de proteínas e gordura no balanceamento do alimento. Rações a base de raspa de mandioca se não suplementadas com fontes de AGE resulta em deficiências nutricionais típicas da falta de AGE. Assim, somente é viável o uso de raspa de mandioca na formulação de alimentos balanceados se a diferença de preço em relação a outras fontes de energia compensar o aumento de custo resultante do uso de outros nutrientes para compensar as deficiências nutricionais da raspa. Com o uso de formulação de mínimo custo este é hoje em dia um problema de fácil solução, já que o computador informa a que preço a raspa de mandioca interessa para ser incluída em determinado alimento balanceado. Embora a raiz e a parte aérea da mandioca “in natura” tem uma toxina endógena a LINAMARINA que é uma toxina do grupo glicosídico e que libera ácido cinanídrico, a raspa é desprovida desta toxina já que ela é autodestruída pela planta ou raiz após a colheita ou corte da planta. As próprias células da mandioca tem as enzimas necessárias à destruição da toxina. Além disso esta toxina é muito sensível ao calor sendo destruída pelo processo de desidratação da raiz seja ao sol ou em fornos. Para animais de pequeno porte e para sua inclusão em alimentos balanceados a raspa tem que ser moída. Devido ao seu baixo teor de gordura a raspa moída tende a se transformar num pó muito fino que pode prejudicar o consumo pelos animais. Este problema pode ser contornado pelo uso da peletização do alimento balanceado. A raspa de mandioca inclusive auxiliar na manutenção da integridade do pellet, sendo mesmo muitas vezes usada como elemento agregante em alimentos peletizados. No caso do uso da raspa como um suplemento energético na alimentação de animais de porte maior ela pode ser apenas triturada, reduzindo-se os problemas oriundos da moagem. O grande potencial o uso de raspa de mandioca na alimentação animal advém da sua enorme capacidade produtiva bem como de sua rusticidade. A mandioca é a planta que tem o maior potencial de produção de energia por hectare ano de todos os alimentos concentrados cultivados. Além disso, a parte aérea da planta é um excelente volumoso para uso na alimentação de herbívoros e ruminantes. No Brasil como a mandioca normalmente é colhida no período seco do ano, ela é uma excelente forma de se conservar um alimento naturalmente para os períodos de menor disponibilidade de alimento nas fazendas. 4. GRÃO DE TRIGO - O grão de trigo é o único cereal que rivaliza com o milho tanto em volume produzido anualmente no mundo como em valor nutritivo. Ele é um pouco mais rico que o milho em PB com 11% (deficiente em lisina) e contém menos gordura cerca de 2% e não contém pigmentos. O grão de trigo pode ser utilizado na alimentação animal em substituição ao milho para praticamente todas as espécies animal sem perda de desempenho. Por ser uma cultura de clima temperado é bastante utilizado na alimentação animal nos países do hemisfério norte e na Austrália. No Brasil é importado em grandes quantidades para o consumo humano e o preço do grão inviabiliza o FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a2 3 seu uso na alimentação animal. Esporadicamente alguns lotes de grão impróprios para consumo humano são destinados a alimentação animal no Brasil. São frequentemente usados na alimentação animal no Brasil alguns subprodutos do trigo como veremos a seguir. 4.1. TRIGUILHO - É conhecido como triguilho o subproduto do processo de seleção e classificação do grão de trigo após a colheita, antes dele ser encaminhado aos moinhos para a produção de farinha de trigo. O triguilho constitui-se dos grãos quebrados, mal formados, chochos, etc. Ele tem cerca de 14-15% de PB e de 4% de FB, sendo sua composição bastante variável em função da qualidade do material que lhe dá origem. Evidentemente o triguilho é um alimento nutricionalmente menos nobre que o grão de trigo e na alimentação de aves e suínos pode substituir somente parte (30 a 50%) do milho nos alimentos balanceados completos. Já na alimentação de herbívoros e ruminantes ele pode substituir todo o milho sem maiores problemas. No Brasil o triguilho é um produto de oferta limitada, sendo mais comum o seu uso pelas indústrias e criadores das áreas próximas as regiões onde se cultiva o trigo. 4.2. FARELO DE TRIGO - Consiste principalmente das camadas mais externas do grão (tegumento, aleurona, algum gérmen e resíduos de amido) retiradas no processamento do grão para a produção da farinha de trigo para consumo humano. É o subproduto do trigo de maior uso na alimentação animal no Brasil, sendo seu uso relativamente bem distribuído uma vez que os moinhos de trigo se encontram instalados em praticamente todas as regiões do país. Contém entre 14-16% de PB (deficiente em lisina), cerca e 3% de gordura, teor este que varia em função da quantidade de gérmen incluída no farelo), e de 8 a 10% de FB. O farelo de trigo é rico em fósforo (1,2%) sendo que a maior parte do fósforo esta complexado com o ácido fítico e portanto indisponível para os monogástricos, a menos que o animal receba suplementação exógena da enzima fitase e pobre em cálcio (0,13%). Devido ao seu nível de FB e menor teor de gordura o farelo de trigo é menos energético que o milho e a maioria dos grãos de cereais, não devendo portanto ser usado em alimentos balanceados para animais que necessitam de alimentos com alta densidade energética como frangos de corte, suínos em crescimento/terminação, poedeiras em pico de postura, etc. sob risco de prejudicar o desempenho. Por outro lado é muito empregado na formulação de alimentos balanceados para herbívoros e ruminantes, bem como na alimentação de fêmeas gestantes e para animais onde se deseja um controle da obesidade. Os herbívoros e ruminantes fazem um bom uso da FB como fonte de energia. No caso de gestantes além de reduzir o valor energético da dieta evitando a obesidade, a FB funciona como laxante evitando os problemas de constipação e chances de aborto principalmente ao final da gestação por melhorar o trânsito intestinal. Um problema do uso de farelo de trigo na alimentação de herbívoros é o desequilíbrio na relação Ca:P. Enquanto a maioria dos animais necessitam na sua alimentação de uma relação Ca:P de 2:1 esta relação no farelo de trigo é de 1: 10. Este desequilíbrio podecausar problemas de FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a2 4 desenvolvimento ósseo como a osteodistrofia fibrosa (cara inchada) nos equinos se o problema na relação Ca:P não for resolvido pela suplementação de cálcio no alimento. 5. GRÃO DE ARROZ - É o terceiro cereal mais produzido no mundo com uma safra anual de cerca de 400 milhões de toneladas. Assim como o grão de trigo o de arroz tem um grande potencial de uso na alimentação animal. Todavia a tradição de uso do arroz na alimentação humana o torna muito caro para uso na alimentação animal. O grão de arroz com casca tem cerca de 7% de PB (deficiente em lisina) e 10% de FB. Após a remoção da casca o teor protéico sob para cerca de 8% e o teor de FB cai para menos de 2%. O grão de arroz sem casca torna-se portanto um excelente alimento, pois o amido do arroz é um dos amidos de mais fácil digestão pelos animais. 5.1. QUIRERA DE ARROZ - É um dos subprodutos do processamento do grão de arroz para consumo humano, constituindo-se de pequenos fragmentos do grão separados durante o processo de polimento e classificação do arroz para consumo humano. Do ponto de vista nutricional a quirera de arroz é tão boa ou até melhor que o grão de arroz polido, já que incorpora parte do gérmen que se separa do grão. Todavia, devido ao seu visual de grão quebrado tem pouca aceitação para o consumo humano sendo principalmente usada para fins industriais ou na alimentação animal. A quirera tem cerca de 8 a 9% de PB, 2% de gordura e 1% de FB. Assim o principal componente da quirera é o amido que é de alta digestibilidade e palatabilidade sendo portanto um alimento com alto valor energético se aproximando muito do valor energético do grão de milho podendo substituí-lo parcialmente na alimentação de aves e suínos. Níveis altos, acima de 20 a 30 % de inclusão na dieta de aves e suínos produz fezes mais moles e úmidas devendo portanto serem evitados. Devido a alta digestibilidade do amido, principalmente após o processo de extrusão a quirera tem sido muito usada em dietas de carnívoros jovens. 5.2. FARELO DE ARROZ É o principal subproduto do processo de polimento do grão de arroz para consumo humano e assim como o farelo de trigo constituído das camadas mais externas que envolvem o grão de arroz. O farelo de arroz integral, isto é, como ele é removido do grão contém cerca de 13% de PB, 13 a 15% de gordura e cerca de 4% a 6% de FB, sendo pobre em cálcio e rico em fósforo (ligado ao ácido fítico) e em vitaminas do complexo B principalmente tiamina, riboflavina e niacina. O farelo de arroz integral ou gordo como também é conhecido é de difícil conservação visto que o grão tem uma enzima lipolítica que se ativa quando o farelo é separado do grão provocando uma rápida rancificação da gordura e elevação do teor de ácidos graxos livres, reduzindo sensivelmente seu valor nutritivo e palatabilidade. O óleo de arroz é muito insaturado e de difícil conservação quando misturado ao farelo. Assim, o mais comum é a extração do óleo logo após a produção do farelo resultando no farelo de arroz desengordurado (FAD) que é a forma mais encontrada no comércio para uso na alimentação animal. FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a2 5 O FAD tem cerca de 15 a 16% de PB, 10 a 12% de FB e 8 a 10% de cinzas constituída principalmente de sílica. Como pode-se notar a composição proximal do FAD é muito semelhante a do farelo de trigo. Portanto, o FAD pode ser usado na alimentação com as mesmas recomendações feitas para o farelo de trigo. Uma ligeira diferença entre o FAD e o farelo de trigo é a solubilidade da proteína no rúmen que é menor no FAD, sendo este ingrediente então usado preferencialmente na alimentação de ruminantes em relação ao farelo de trigo. Ao se usar o FAD deve-se ficar atento ao teor de FB do mesmo visto que a casca de arroz moída é muito parecida com o FAD e as vezes ela é incorporada de forma fraudulenta ao FAD reduzindo o seu valor nutritivo. 6. CEVADA, CENTEIO E AVEIA - Estes três cereais têm características nutritivas e agronômicas bem semelhantes e portanto serão abordados de forma conjunta. São cereais de clima temperado e portanto pouco cultivados e empregados na alimentação animal no Brasil. Em relação ao milho estes cereais tem mais PB (11 a 14%), menor teor de gordura (2%) e maior teor de FB (6 a 10%). Têm também na sua composição carboidratos complexos os chamados beta-glucanos que são polímeros de xilose, manose, glicose e galactose que não são digeridos pelos monogástricos, a menos que se faça a suplementação com enzimas exógenas como a Beta-glucanase extraída de fungos. Atualmente já existem várias misturas de complexos enzimáticos disponíveis para uso na alimentação de monogástricos o que tem tornado mais popular o uso destes cereais nos alimentos concentrados para aves e suínos. Devido ao seu maior teor de FB, menor teor de gordura e a presença dos beta- glucanos não se recomenda a inclusão de níveis elevados destes cereais em alimentos balanceados de alta densidade nutricional. Devido ao maior teor de FB estes cereais foram usados durante muito tempo como principal fonte de alimento concentrado para herbívoros (equinos e coelhos) por não causar os problemas digestivos resultantes do uso de milho na alimentação destes animais. É o que se chamava no passado de sobrecarga de carboidratos, que provocava diarréia, cólicas, etc. Hoje, através de um balanceamento adequado do alimento pode-se dispensar o uso destes cereais principalmente na alimentação de equinos. O amido da aveia em particular é mais facilmente digerido no intestino delgado de equinos sendo portanto mais uma razão para no passado, este cereal ser o escolhido para a alimentação deles, visto que com isto menos carboidrato solúvel chegada ao cólon e cecos não ocorrendo a sobrecarga de carboidratos. 7. MELAÇO DE CANA - É o subproduto do processamento da cana de açúcar para a fabricação de açúcar, constituindo-se principalmente dos açúcares redutores (glicose e frutose) e uma parte da sacarose que não se cristalizou ou não conseguir ser separada do mel. É um produto xaroposo de cor escura, que contém cerca de 20 a 25% de água e também tem uma alta concentração de minerais (7 a 9%), principalmente K, Ca, Mg e Fe. No passado quando havia abundância de melaço e este não era usado para a produção de álcool combustível ele foi muito utilizado na alimentação animal, FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a2 6 principalmente de ruminantes na forma de mistura de melaço com uréia. Hoje em dia ele somente é empregado em algumas rações especiais devido a sua boa palatabilidade, sendo o seu preço elevado o principal limitador do seu uso na alimentação animal. O uso de melaço nos alimentos concentrados apresenta alguns problemas. O primeiro deles é a dificuldade de incorporação e mistura do material xaroposo com alimentos concentrados secos. A melhor forma de incorporá-lo as misturas é aquecendo o produto para aumentar a sua fluidez e aplicá- lo no misturador sob a forma de spray. Outro problema é o teor de água. Se usar níveis altos de melaço na mistura irá ocorrer uma elevação da umidade do concentrado dificultando a sua conservação. Outro problema é o alto nível de minerais, principalmente o potássio que pode provocar diarréia nos animais se consumido em grandes quantidades. No caso de ruminantes se consumido em grandes quantidades provoca alteração na população de microorganismos no rúmen que influenciam de forma negativa a digestão da FB. Poroutro lado ele tem como pontos positivos a alta digestilidade uma vez que é composto principalmente de açúcares simples de fácil digestão e absorção. A principal finalidade do uso de melaço na alimentação de equinos e bovinos hoje em dia é para melhorar a palatabilidade das rações não só pelo cheiro agradável, mas também pelo sabor adocicado que imprime aos alimentos. O uso de melaço também reduz a produção de poeira dentro da fábrica de alimento balanceado, pois o mesmo funciona como agregante de partículas finas, ajudando ainda na melhora da qualidade dos pellets se usado em no máximo até 3% da matéria seca do alimento. A adição de níveis mais altos de melaço passa a comprometer a qualidade dos pellets. Na alimentação de ruminantes e herbívoros o melaço também é muito empregado para melhorar o consumo de volumoso de baixa qualidade. O melaço, as vezes diluído em água é colocado por cima do volumoso no cocho e com isto melhora a aceitação e consumo de matéria seca do volumoso melhorando o desempenho animal. 8. AÇÚCAR DE CANA – SACAROSE - É o principal subproduto do processamento da cana de açúcar. Para os animais que tem boa capacidade de digerir a sacarose ela é uma excelente fonte de energia. Devido ao seu alto preço e uso na alimentação humana o açúcar de cana não é empregado em grandes quantidades na alimentação animal, exceto quando existe uma super oferta do produto no mundo. Embora seja uma fonte importante de energia na alimentação animal a sacarose é usada principalmente como forma de melhorar a palatabilidade dos alimentos balanceados pois a grande maioria dos animais aceitam muito bem o sabor adocicado que ela produz. Alguns animais como os carnívoros, as aves, tem uma capacidade limitada de digerir sacarose e como no caso do melaço se fornecida em grande quantidades a ruminantes pode interferir com a fisiologia e digestão de FB no rúmen. O açúcar é usado nas rações pré-iniciais de leitões e mamíferos em geral para auxiliar na transição do consumo do leite para alimentos secos. Como palatabilizante é usada também nos alimentos balanceados de cães e equinos, em substituição ao melaço. Nestes casos o nível de inclusão no alimento é da ordem de 3 a 5%. Nos alimentos semi-úmidos o açúcar além de funcionar como FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a2 7 palatabilizante tem também função de umectante e conservante por auxiliar a reduzir a atividade da água, sendo nestes casos usados em níveis de 6 a 8%. 9. GORDURAS E ÓLEOS ANIMAL E VEGETAL Os óleos e gorduras são os alimentos concentrados mais energéticos que existem pois contém cerca de 2,25 vezes mais energia que os carboidratos e proteínas. Iremos fazer apenas uma ligeira menção a eles já que serão objeto de estudo mais detalhados nesta disciplina quando discutirmos metabolismo de lipídios. A maior parte das gorduras usadas na alimentação animal é subproduto do processamento de plantas oleaginosas ou de carcaça de animais, pois os óleos e gorduras tem outras aplicações industriais e na alimentação humana que as tornam caras para uso na alimentação animal. Além de fonte de energia os lipídios também são fontes de AGE, principalmente os óleos de origem vegetal. Os óleos por serem insaturados são melhor digeridos e absorvidos que as gorduras saturadas. Os lipídios também são importantes para a absorção das vitaminas lipossolúveis. Na alimentação animal os lipídios são sempre empregados quando se deseja formular um alimento com alto valor energético ou densidade nutricional, como é o caso dos animais de alto desempenho como frangos de corte, porcas e vacas em lactação. Os lipídios são também muito usados para melhorar a palatabilidade de alimentos balanceados principalmente para cães e gatos. Sempre que se usar gorduras na alimentação animal deve-se prestar atenção no balanceamento do alimento, pois o seu alto valor energético pode provocar um desequilíbrio na relação energia para outros nutrientes. Também é importante a inclusão de antioxidantes para se prevenir o processo de rancificação das gorduras. Por ser um ingrediente pastoso ou líquido os lipídios são difíceis de ser incorporados aos alimentos concentrados, sendo necessário no caso das gorduras o pré- aquecimento e o uso de sistema de spray para sua incorporação ao alimento. Os lipídios são normalmente incluídos nos alimentos concentrados na base de 3 a 5%, pois níveis mais elevados dificultam o processo de mistura. Níveis elevados de gordura torna menos eficiente os processos de extrusão e peletização sendo nestes casos incorporado ao alimento após estes processos. CAPITULO VII ALIMENTOS CONCENTRADOS PROTÉICOS INTRODUÇÃO São os alimentos concentrados usados na produção de alimentos balanceados principalmente como fontes de proteína e aminoácidos. São produtos que contém menos de 18% de FB e mais de 18% FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a2 8 de PB. Em termos quantitativos são os alimentos concentrados mais usados, após os energéticos, nos alimentos balanceados. São subprodutos da extração de óleo das oleaginosas, do amido dos cereais e subprodutos do processamento de alimentos de origem animal. I. ALIMENTOS CONCENTRADOS PROTÉICOS DE ORIGEM VEGETAL 1. GRÃO DE SOJA - A proteína do grão de soja constitui hoje em dia a principal fonte de proteína de origem vegetal dos alimentos balanceados no mundo. Como o milho é o padrão de referência dos concentrados energéticos a proteína da soja é a referência para as fontes protéicas de origem vegetal. O grão de soja in natura não é muito utilizado por conter toxinas endógenas e também por ser rico em óleo que tem um valor comercial elevado. A principal fonte de proteína de soja na alimentação animal é portanto o farelo de soja sobre o qual discutiremos mais no próximo tópico. O grão de soja é um alimento muito rico tanto em proteína pois contém de 36 a 38% de PB como em energia em função do seu elevado teor de óleo que é de 18 a 22%. A proteína do grão de soja é de excelente qualidade, sendo considerada a melhor proteína de origem vegetal. É muito rica em lisina e seu aminoácido mais limitante é a metionina. O óleo de soja é muito insaturado e rico em ácido linoleico e também ácido linolênico. Cerca de 50% dos ácidos graxos do óleo de soja é AGE. Apesar de ser um alimento muito rico o grão de soja é ainda pouco utilizado na alimentação animal pois na forma crua ele contém várias toxinas endógenas. Estas toxinas impossibilitam o uso da soja crua na alimentação de monogástricos, principalmente de animais jovens, e limitam o seu uso na alimentação dos ruminantes. As toxinas endógenas mais comuns na soja crua são os INIBIDORES DE TRIPSINA e as HEMAGLUTININAS. Os inibidores de tripsina agem bloqueando a ação desta enzima pancreática provocando uma hipertrofia do pâncreas e reduzindo sensivelmente a digestão e absorção protéica com queda no desempenho. As hemaglutininas provocam uma reação alérgica no intestino reduzindo o tamanho e capacidade de digestão e absorção das vilosidades intestinais podendo provocar diarréias em alguns casos, além é evidente de prejudicar o desempenho do animal. Felizmente estas toxinas endógenas são do grupo protéico e portanto termolábeis, sendo destruídas pelo tratamento térmico. A temperatura e tempo de exposição do grão de soja cru para a eliminação das toxinas depende de uma série de fatores como forma do grão (achatado, menos tempo), umidade do grão (grão mais úmido necessita menos tempo), tipo de fonte de calor seco ou úmido, etc. Em geral a exposição do grão a uma temperatura de 100 graus C por 30 a 45 minutos é suficiente. O controle das condições do tratamento térmicosão importantes para se conseguir uma soja de boa qualidade, pois o excesso de calor pode provocar a coagulação das proteínas dificultando a sua posterior digestão pelos animais. Existem técnicas de controle de qualidade para acompanhar o grau de processamento do grão e os mais usados são o teste de atividade da urease e o teste de solubilidade da proteína em solução alcalina. Vários equipamentos tem sido desenvolvidos para processamento do grão de soja na propriedade rural, todavia a falta de um controle deste processamento tem dificultado o uso deles na fazenda. O mais comum ainda é se comprar o grão de soja inativado ou tostado de empresas que se especializam neste processo. FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a2 9 Embora o uso do grão de soja cru seja menos problemático para ruminantes, ele não deve ser usado em rações que contém uréia, pois a soja crua tem a enzima urease que irá acelerar o processo de liberação da uréia no rúmen podendo agravar o quadro de intoxicação. Caso a soja seja misturada a ração e armazenada a urease irá provocar a perda da maior parte da uréia incorporada ao alimento. O grão de soja sendo rico em óleo seu uso é uma forma fácil e prática de se elevar o nível energético dos alimentos balanceados sem os problemas apresentados na adição de gordura ou óleos, bem como uma fonte importante de suprimento de AGE. 1.1. FARELO DE SOJA - É o subproduto do processamento do grão de soja após a extração do óleo. Neste processo o grão é esmagado, pré-aquecido e em seguida levado aos extratores onde o óleo é extraído pela ação de solventes, sendo o farelo que sobra tostado e moído para ser vendido na forma de farelo de soja. A principal vantagem do uso do farelo é que devido ao seu processamento as toxinas endógenas são destruídas sendo portanto o farelo teoricamente um produto sem problemas de toxinas endógenas. O farelo de soja é o concentrado protéico de origem vegetal mais utilizado na alimentação animal no mundo. O farelo de soja tem entre 44- 48% de PB e esta tem as mesmas limitações e qualidades da proteína do grão de soja. O teor de gordura do farelo é bem baixo, menos de 1% e o teor de FB de cerca de 6%. Um dos problemas do farelo de soja é a presença de oligossacarídeos – RAFINOSE, ESTAQUIOSE E TREALOSE que chegam a somar 6 a 8 % da composição do farelo em algumas variedades. Estes oligossacarídeos não são digeridos pelas enzimas presentes no trato digestivo de monogástricos e o acúmulo deles no trato digestivo provoca aumento do trânsito intestinal, com diarréia e flatulência que prejudicam a digestão e absorção dos nutrientes, e o aparecimento de fezes moles. Os mamíferos jovens, as aves, e os carnívoros são especialmente sensíveis a presença deste açúcares, daí porque muitas vezes limita-se o uso do farelo de soja na alimentação destes animais. Os suínos adultos parecem ter capacidade de lidar com estes açúcares já que o valor de energia metabolizável do farelo de soja de 3080 Kcal/Kg é cerca de 30% superior ao valor de 2280 Kcal/Kg determinado com aves adultas. Estes açúcares são solúveis em uma solução de álcool e água e já existe tecnologia disponível para sua remoção do farelo produzindo um concentrado protéico de melhor qualidade para uso na alimentação de aves e carnívoros. Um ponto importante na utilização do farelo de soja é certificar se o mesmo foi processado corretamente para que não apresente toxinas endógenas e tenha uma boa solubilidade da proteína da ordem de 75 a 85% que não interfira com a sua digestibilidade. Valores de solubilidade abaixo de 75% denotam excesso de tratamento térmico e acima de 85% um tratamento térmico deficiente. 2. FARELO DE ALGODÃO - É o subproduto da extração do óleo da semente do algodão após a remoção da fibra. Até o início da década de 1960 o farelo de algodão era talvez a principal fonte de proteína de origem vegetal na alimentação animal, principalmente de herbívoros e ruminantes. Com o surgimento dos tecidos sintéticos e a explosão da cultura da soja o algodão tornou-se uma fonte secundária de proteína de origem vegetal. FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a3 0 Existem dois tipos de farelo de algodão no mercado. Um farelo de algodão produzido com a semente sem a remoção da casca que resulta num farelo com menos proteína 28 a 30% e um maior teor de FB cerca de 20 a 25% e o farelo produzido a partir da semente descascada que contém de 40 a 42% de PB e cerca de 12 a 14% de FB. Quando se tem opção de uso destina-se o farelo com mais FB para a alimentação de herbívoros e ruminantes e o farelo mais protéico para a alimentação de monogástricos. A proteína do farelo de algodão é deficiente em lisina e marginal nos aminoácidos metionina, triptofano e treonina. É ainda pobre em cálcio (0,2%) e rico em fósforo (1,2%). O principal problema do uso de farelo de algodão na alimentação animal é a presença de toxinas endógenas como o pigmento GOSSIPOL e os ácido graxos ciclopropenos ESTERCÚLIO E MALVÁLICO. O mecanismo de ação do gossipol não é conhecido. Ele influencia importante vriáveis metabólicas como concentração de hemoglobina no sangue, absorção de ferro no intestino, hemólise, etc. Os sinais de intoxicação por gossipol em monogástricos e ruminantes são idênticos e incluem dispnéia, diminuição da taxa de crescimento, anorexia, redução da fertilidade nos machos, etc. Os principais achados de necropsia são edema generalizado, congestão de pulmões e do fígado, ascite, e degeneração das fibras musculares cardíacas. O gossipol parece se complexar com os grupamentos aminas livres das proteínas alterando a permeabilidade seletiva e a integridade das membranas celulares. Devido seu efeito sobre a fertilidade dos machos o farelo de algodão com gossipol deve ser evitado na alimentação dos reprodutores. O primeiro efeito do gossipol sobre a fertilidade do macho se manifesta com um perda da motilidade do espermatozóide. Se fornecido a reprodutores na fase de puberdade reduz o tamanho dos testículos. O gossipol também é excretado via ovo no caso de poedeiras e produz ovos com gemas esverdeadas após alguns dias de armazenamento. Os ruminantes são menos sensíveis a toxidez pelo gossipol que monogástricos. Todavia, a partir de certo nível de consumo o gossipol passa a interferir com os microorganismos ruminal prejudicando a digestão fermentiva. Os ácidos graxos ciclopropenos também influenciam o desempenho dos animais especialmente monogástricos por alterar o metabolismo de lipídios e a integridade da membrana celular. No caso de poedeiras eles se depositam nos ovos e produzem manchas avermelhadas na gema por permitir a liberação do ferro da gema. Estes ácidos graxos são praticamente não tóxicos para ruminantes porque provavelmente eles são saturados no rúmen. O gossipol não é desativado pelo calor seja seco (tostagem) ou úmido. Todavia, ele pode ser inativado pela reação com ferro. Para tal adiciona-se 4 partes de ferro para cada parte de gossipol livre. O gossipol se complexa com o ferro tornando-se indisponível para absorção. Hoje já existem variedades de algodão melhoradas geneticamente que não mais apresentam gossipol na sua composição. O farelo de algodão é um excelente alimento para ruminantes sendo também muito bem aceito por eles, a ponto de algumas industrias de ração e seus nutricionistas não abrirem mão da inclusão de farelo de algodão nos alimentos balanceados de bovinos, principalmente de vacas leiteiras. FACULDADE RORAIMENSE DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE AGRONOMIA FORRAGICULTURA E NUTRIÇÃO ANIMAL Profº Esp. Denysson Amorim – agrobiorr@yahoo.com.br P ág in a3 1 3. FARELO DE AMENDOIM
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