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AULA 1 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS Prof. Marcelo Bellon Ferreira 02 CONVERSA INICIAL Nosso objetivo nesta disciplina é entender a importância que o escopo tem para o projeto. Afinal, sem conhecê-lo não podemos nem mesmo dizer que se trata de um projeto. Nesse primeiro momento, precisamos compreender a importância de fazermos uma boa gestão de escopo, desde a sua definição até o seu controle, para que o projeto alcance o sucesso esperado. Veremos que uma má gestão pode levar a consequências que simplesmente tornam o projeto um grande fracasso e até impedem que ele seja concluído. Também fazem parte desta aula o entendimento dos processos de gestão de escopo e o planejamento da gestão de escopo. CONTEXTUALIZANDO Imagine que você foi contratado para executar uma tarefa qualquer de seu cotidiano, como é o caso de um projeto. Nesse caso hipotético, a tarefa é a construção de uma parede em uma residência; entretanto, a pessoa interessada no resultado apenas lhe disse que quer uma parede, e mais nada. Não informou o tipo de material que deve ser usado, o acabamento desejado, o tamanho da parede, a quantidade de tomadas de que precisa etc. Ou seja, ela não lhe informou o escopo. Como você poderia executar a tarefa? Impossível, não é mesmo? Um outro exemplo: essa mesma pessoa que mencionamos anteriormente passou a dimensão desejada da parede, o tipo de material a ser utilizado, a cor do acabamento etc. Que bom, não é mesmo? Mas, durante a execução do trabalho, foram solicitadas mudanças e, ao final, o resultado ficou bem diferente daquilo que tinha sido combinado em primeiro lugar. Será que o projeto foi um sucesso no que se refere a escopo? TEMA 1 – INTRODUÇÃO AO GERENCIAMENTO DE ESCOPO O PMBOK® (Project Management Body of Knowledge)1, em sua 5ª edição (2014), nos diz que: 1 O PMBOK® (Project Management Body of Knowledge) é o conjunto de boas práticas sugeridas para o gerenciamento de projetos. É organizado pelo Project Management Institute. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 O gerenciamento do escopo do projeto inclui os processos necessários para assegurar que o projeto inclui todo o trabalho necessário, e apenas o necessário, para terminar o projeto com sucesso. O gerenciamento do escopo do projeto está relacionado principalmente com a definição e controle do que está e do que não está incluso no projeto (Project Management Institute, 2014). Um grande desafio para o gerente de projetos é definir com clareza qual é o escopo das entregas e a forma como isso será feito, bem como quais etapas de trabalho devem ser conduzidas para esse fim. Aqui pode nos parecer que falamos apenas de algo tangível, que pode ser tocado e analisado. Porém o gerenciamento do projeto e, em especial, o gerenciamento de escopo, é muito mais que isso. Um plano de gerenciamento de escopo deve definir processos que, se não forem seguidos, poderão acarretar problemas de gestão em todo o projeto. Apenas se seguirmos esses processos poderemos definir nosso escopo e o que fazer com ele. Ele pode não ser imutável, pode sofrer alterações; mas elas devem ser controladas. Processos de validação permitem que haja satisfação por parte do cliente a cada pequena entrega e garantem que o produto final seja aquele esperado. Dito isso, podemos perceber a importância do gerenciamento de escopo e de seus processos no sucesso das entregas planejadas e acordadas com os interessados no projeto. Não basta apenas definir, mas também validar e controlar. TEMA 2 – A IMPORTÂNCIA DO ESCOPO No tema anterior, vimos como é importante o gerenciamento de escopo. Mas, afinal, o que é escopo? Escopo é a definição de tudo o que deve ser entregue ao final do projeto, incluindo-se aí o produto2, e também todo o trabalho necessário. Além disso, ele deve incluir uma lista com todos os itens que NÃO fazem parte das entregas; eles também devem ser explicitados para não haja nenhuma dúvida quanto ao assunto. Ricardo Vargas, em seu podcast sobre gerenciamento de escopo23, diz que o "escopo é a chave de tudo". Se ele não for muito bem definido, não será 2 O termo produto é utilizado aqui de forma genérica; pode também se referir a um serviço ou a uma atividade. Depende do projeto. 2 3 O podcast de Vargas está disponível em: <https://ricardo- vargas.com/pt/podcasts/scopemanagement/>. Acesso em: 8 de nov. 2017. https://ricardo-vargas.com/pt/podcasts/scopemanagement/ https://ricardo-vargas.com/pt/podcasts/scopemanagement/ Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 04 possível pensar em custos ou cronogramas. Todas as demais áreas do gerenciamento de projetos precisam de, pelo menos, informações sobre o escopo. Com isso, podemos vislumbrar claramente a sua importância, já que uma definição ou um gerenciamento com problemas gerariam impactos profundos em todas as áreas e entregas. O escopo se mescla com o projeto de uma tal maneira que parece que apenas ele existe. Se nosso projeto é o de construir uma parede, o escopo nesse caso é, de maneira macro, construir uma parede. É claro que as demais características e tudo o que é necessário para que o sucesso seja atingido também deve ser definido e detalhado. Outro exemplo de escopo e sua importância que consolidará de vez o entendimento sobre esse assunto é o de um projeto para uma viagem. É impossível começar a concebê-lo sem antes definir o escopo, que pode ser “uma viagem de férias para as praias do litoral norte do Rio de Janeiro por 15 dias a partir de 5 de janeiro de 2018”. Veja que temos nesse exemplo uma ideia muito clara de quais objetivos queremos atingir, e já é possível imaginar os detalhes e requisitos nos quais teremos que pensar para fazer todo o planejamento. Sem alguma das definições anteriores, o que poderia ser feito? Certamente, dúvidas existiriam, e se o projeto fosse executado ele dificilmente teria sucesso. Quando falamos de escopo de projeto, precisamos lembrar que ele pode ser constituído de pelo menos dois tipos de escopo: o de produto e o de trabalho. O escopo de produto é aquele que define o que deve ser entregue. Ele informa quais são as características técnicas que o produto deverá apresentar ao final do projeto. Geralmente é o que se visualiza. É aquilo que distingue um projeto dos demais, tornando-o único, e tem muita importância. Se o projeto, por exemplo, trata da reestruturação do departamento jurídico de uma empresa, o escopo será a entrega de um novo departamento, possivelmente como novos processos definidos, com novas tecnologias de auxílio aos empregados e qualquer outra definição que se deseje. Já o escopo de trabalho apresenta o conjunto de atividades que devem ser executadas para que o projeto seja realizado. Assim, podemos dizer que o escopo de produto são as características daquilo em que o trabalho irá resultar. Como dissemos anteriormente, não podemos nos esquecer de que quando falamos de escopo e sua definição é muito importante definirmos o que Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 05 NÃO iremos entregar. Arrisco a dizer que em muitos projetos o que não faz parte do escopo é mais importante do que aquilo que faz. Muitos projetos, mesmo com boas definições de escopo, podem deixar dúvidas sobre suas entregas. Algo que parece inerente ao projeto pode simplesmente não fazer parte das entregas. Vejamos um exemplo: a NASA foi contratada pelo Brasil para o projeto de colocar em órbita um novo satélite de monitoramento climático. Certamente, a NASA fará todo o planejamento da missão eexecutará o lançamento de um foguete, tudo conforme o que foi detalhado. Mas veja que não falamos em nenhum momento que a NASA construirá o satélite ou mesmo que ela o monitorará após seu posicionamento em órbita. Por mais que aquilo que faz parte do escopo pareça estar claro para todos, se um único envolvido no projeto tiver dúvidas, isso pode ser o suficiente para gerar algum tipo de problema. Então, não custa nada deixar muito claro e documentado o que está e o que não está incluído em nosso produto final. TEMA 3 – PROBLEMAS ORIGINADOS DA MÁ GESTÃO DO ESCOPO Fazendo uma reflexão sobre o tema anterior sobre a importância do escopo do projeto, conseguimos perceber de imediato que problemas ocorrerão se houver má gestão. Figura 1 ‒ A importância de uma boa gestão de escopo Fonte: Bovolini Jr., 2011. Candido Marcelo Realce 06 O cartoon anterior é engraçado, mas pode se tornar muito real se o processo de gestão de escopo não for bem conduzido. E o que interessa nesse nosso exemplo? Aquilo que o nosso cliente realmente quer, é claro. Aqui fica óbvio que não houve definição e validação do escopo inicial e nem de entregas intermediárias. Um escopo mal definido traz prejuízos que muitas vezes não podem ser compensados. Perde-se dinheiro, tempo e até mesmo reputação, ou seja, bens tangíveis e intangíveis. A perda de um cliente pode até significar a morte de uma empresa. Também é possível encontrar um escopo bem elaborado, mas mal validado e controlado. Por isso, não podemos nos esquecer de que nosso plano de gerenciamento de escopo deve conter todas as informações sobre como cuidar do escopo durante todo o ciclo de vida do projeto. Com um bom plano, alguns problemas relacionados ao escopo podem ser evitados, como por exemplo, a alteração descontrolada deste. Esses problemas são basicamente de dois tipos: 1. Scope creep: distorção do escopo do projeto sem levar em conta os reflexos em custo, prazo, qualidade etc. São alterações solicitadas pelo cliente e aceitas pela equipe do projeto sem antes passá-las pelos processos de controle de mudanças; 2. Gold plating: semelhante ao scope creep, mas feito com a iniciativa da equipe de projetos. Talvez seja um problema provocado na tentativa de agradar o cliente ou de criar um produto mais robusto. Vejam que as duas definições anteriores se referem a não conduzir os processos de gerenciamento de escopo de projeto de maneira adequada. O produto final será diferente daquele que foi planejado. E não podemos dizer, de forma alguma, que isso “melhorou” o produto. Afinal, o projeto "não entregou" o que foi contratado. A figura a seguir apresenta os custos das mudanças em um projeto, que crescem na medida em que as atividades são desenvolvidas. Fica bem claro que uma entrega não planejada ou a alteração em uma entrega têm custos que podem extrapolar os valores orçados inicialmente. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 07 Figura 2 ‒ Custos de mudanças em um projeto Fonte: Project Management Institute (2014, p. 40). Então, vamos cuidar bem do escopo de nossos projetos para evitar que as outras áreas tenham algum tipo de problema ou prejuízos em razão de má gestão. TEMA 4 – PROCESSOS DE GESTÃO DE ESCOPO Para realizar uma boa gestão de escopo, temos antes que definir alguns processos que deverão ser utilizados. Além do planejamento de gerenciamento de escopo ‒ que vimos no Tema 1 desta aula ‒ há alguns outros que você deve conhecer, e que abordaremos nas seções a seguir. 4.1 Coleta e gerenciamento de requisitos Existe uma variedade de técnicas que podemos explorar para coletar e gerenciar os requisitos e as necessidades dos interessados no projeto. Por isso é importante definir qual plano deverá ser utilizado. Vejamos alguns exemplos: Alguns projetos são fundamentados em uma venda de produto ou na prestação de um determinado serviço. Nesse caso, uma ótima fonte de informação que podemos buscar é o contrato, ou mesmo a proposta e os prospectos apresentados ao cliente. É uma boa maneira de conseguir informações sobre os requisitos e também de definir o escopo; Na área de contratações públicas, o que define o escopo das entregas é o edital de licitações. Certamente é nele que se encontrarão os requisitos iniciais do projeto; Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 08 Reuniões são ótimas oportunidades para se fazer coleta de requisitos e definição de escopo. Aqui é importante ressaltar que a documentação é fundamental. Uma ata de reunião que informe o que foi tratado e decidido certamente evitará questionamentos no futuro. 4.2 Definição de escopo Com os requisitos levantados e documentados, podemos partir para a definição de escopo. Novamente, a capacidade técnica do gerente do projeto, de sua equipe e de outros envolvidos especializados no assunto deve ser utilizada. Já vimos que um escopo mal construído pode trazer uma série de problemas; então, a atenção nessa fase deve ser muito grande. 4.3 Criação da estrutura analítica do projeto (EAP) Com o escopo bem definido, devemos detalhá-lo, construindo uma estrutura com entregas menores que facilitarão o gerenciamento e a visualização do todo. Um dos produtos de gerenciamento que serão gerados aqui é a estrutura analítica do projeto (EAP), que abordaremos com detalhes mais adiante. A EAP também é conhecida pelo seu equivalente na língua inglesa, work breakdown structure (WBS). 4.4 Validação de escopo A validação garante, pelo menos em um determinado momento, que o escopo foi definido de maneira correta. O que, no entanto, não quer dizer que mudanças não ocorrerão, ou que estas não possam acontecer. Isso não quer dizer que houve um erro na definição do escopo, apenas que os processos e os negócios podem mudar com o tempo, de acordo com a necessidade ou com uma alteração legislativa etc. A validação do escopo acontece também durante todo o ciclo de vida do projeto, em que processos de validação de entregas também devem ser executados para que possamos verificar se o que foi entregue está de acordo com o escopo previsto para cada fase. Essas validações intermediárias ajudam a evitar surpresas que seriam descobertas só no fim do projeto. Além do mais, são necessárias para registrar a aceitação formal daquilo que foi entregue. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 09 4.5 Controle de escopo O controle de escopo reúne ações que permitem mudanças naquilo que foi planejado inicialmente. Novamente, não existe nenhum problema em se alterar um escopo, desde que o protocolo para isso seja seguido. Documentos deverão ser gerados para auxiliar no entendimento das alterações e para registrar a concordância dos responsáveis pela autorização desse procedimento. Quando mudanças no escopo são solicitadas, existe uma chance muito grande de outras áreas (de custos, tempo, recursos humanos etc.) do projeto também sofrerem mudanças. Assim, uma requisição de mudança de escopo deverá desencadear um processo de mudança integrada. Todos esses processos de gerenciamento de escopo devem estar desenhados e documentados no plano de gerenciamento de projeto. Os artefatos que serão produzidos devem ter modelos e exemplos de preenchimento. É burocrático? Sim, mas essa é a boa burocracia, que garante que os processos sejam seguidos de acordo com a padronização de tarefas. Assim, toda a equipe envolvida saberá o que esperar e o que fazer durante todo o projeto. Nas próximas aulas, estudaremos com mais profundidade cada um dos processos citados anteriormente. TEMA 5 – PLANEJAMENTO DA GESTÃO DE ESCOPO O escopo é uma parte do projeto,talvez a mais importante, pois define o que deve ser entregue. Mas, mesmo assim, é apenas uma parte do projeto. Por isso, é necessário que se conheçam mais informações para que o gerenciamento seja possível. Um exemplo de documento que podemos utilizar aqui é o de formalização de abertura do projeto. Muitas empresas usam o chamado termo de abertura do projeto (mais conhecido como TAP), no qual constam informações em alto nível para que o gerente do projeto possa elaborar o plano de gerenciamento de escopo. Além disso, o conhecimento da realidade dos envolvidos ‒ empresa, fornecedores, cliente, estrutura organizacional, procedimentos internos e lições aprendidas de projetos anteriores, entre muitas outras variáveis ‒ servirão de apoio para a elaboração desse plano. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 010 Outro documento importante para subsidiar o trabalho do gerente do projeto é o próprio plano de gerenciamento. Informações relevantes serão conhecidas, como por exemplo, artefatos e ferramentas que deverão ser elaborados. O plano de gerenciamento de escopo é um conjunto de processos, e esse entendimento deve ficar claro para todos os envolvidos. A especificação do escopo, seu detalhamento, como ele será mantido e como poderá ser alterado, além de quem poderá aceitar as entregas ou mesmo sugerir ou solicitar mudanças fazem parte desse plano, e acompanhará o projeto até o seu fim. Ao planejarmos o gerenciamento de escopo, podemos definir quais processos e ferramentas são mais adequados para um determinado projeto. É importante dizer que ao se construir metodologias internas ou seguir alguma metodologia externa para a criação e condução de projetos, elas devem ser flexíveis o suficiente para se adequarem aos vários tipos de demandas. Um projeto de grande porte não exigirá o mesmo tempo de planejamento que um de pequeno porte. Esse trabalho, que resultará no plano de gerenciamento de escopo, pode ser conduzido pelo gerente do projeto e contar com a colaboração de outras pessoas. Um gerente de projetos não precisa ser necessariamente especialista na área do projeto que ele irá conduzir. Ok, sabemos que se ele for especialista tudo será mais fácil, mas que ele deve ser bom mesmo é em gestão. Assim, contar com a opinião de especialistas no assunto ajuda na definição do melhor processo para gerenciar o escopo. A colaboração de outros envolvidos também pode ser útil. Afinal, se alguém com a responsabilidade de validar as entregas não concordar com a forma como isso será feito, o projeto enfrentará dificuldades. O plano de gerenciamento de escopo também deve dar uma atenção especial aos requisitos, que são as informações coletadas e administradas para se detalhar todo o escopo do projeto, buscando e entendendo as necessidades de todos os interessados. Teremos uma aula específica para falar deles, dada a sua importância. Até mesmo um plano de gerenciamento de requisitos pode ser elaborado. O plano de gerenciamento de escopo e o plano de gerenciamento de requisitos fazem parte do plano de gerenciamento de projeto, o que deixa claro a forma como todo projeto deve ser conduzido, monitorado e controlado, consolidando e integrando todas as informações. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 011 FINALIZANDO Verificamos nesta aula que o gerenciamento de escopo é fundamental para o sucesso de nosso projeto. Um escopo bem definido e conduzido fará com que as outras áreas de gerenciamento de projeto sejam executadas sem maiores problemas. Os processos aqui envolvidos devem ser bem definidos com todos os participantes do projeto, e devem ser documentados de forma a facilitar toda a gestão do trabalho e das entregas. Não podemos confundir a formalização necessária com uma burocracia que não seja boa. Para isso, a condução do planejamento do escopo deve estar de acordo com seu porte e complexidade. Leitura obrigatória Em vez de ler, vamos escutar. Acesse o podcast do professor Ricardo Vargas sobre gerenciamento de escopo. Disponível em: <https://ricardo- vargas.com/pt/podcasts/scopemanagement/>. https://ricardo-vargas.com/pt/podcasts/scopemanagement/ https://ricardo-vargas.com/pt/podcasts/scopemanagement/ Candido Marcelo Realce 012 REFERÊNCIAS BOVOLINI JR., I. Gestão de projetos: o escopo, este menosprezado. TI especialistas: desenvolvendo ideias. Disponível em: <https://www.tiespecialista s.com.br/2011/04/gestao-de-projetos-o-escopo-este-menosprezado/>. Acesso em: 9 nov. 2017. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos: Guia Pmbok®. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. XAVIER, C. M. S. Gerenciamento de projetos: como definir e controlar o escopo do projeto. São Paulo: Saraiva, 2006. VARGAS, R. V. Gerenciamento de escopo. Podcast. Disponível em: <https://ricardo-vargas.com/pt/podcasts/scopemanagement/>. Acesso em: 9 nov. 2017. _____. Manual prático do plano de projeto: utilizando o PMBOK® Guide. 3. ed. rev. Rio de Janeiro: Brasport, 2007. AULA 2 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS Prof. Marcelo Bellon Ferreira 02 CONVERSA INICIAL Em nossa primeira aula, dissemos que analisaríamos com mais detalhes alguns dos processos indicados para uma boa gestão de escopos. Então, como prometido, na aula de hoje falaremos de coleta e gerenciamento de requisitos. Para começar, recomendamos que um plano de gerenciamento de requisitos seja elaborado. Esse plano deve conter todas as informações de como os requisitos devem ser tratados: como podem ser levantados (técnicas, documentação etc.), quais procedimentos de análise de impacto devem ser usados em caso de mudanças de escopo ‒ que geralmente ocorrem quando há alteração de um requisito ‒ e como devem ser mensurados para que saibamos se o objetivo de um determinado requisito foi cumprido. Assim, nesta aula, daremos continuidade à anterior, analisando como o escopo e os requisitos devem ser integrados ao projeto, de quem é a responsabilidade pela coleta e pela escolha dos requisitos e porque é tão necessário rastreá-los ao longo de todo o trabalho. CONTEXTUALIZANDO Imagine que você tivesse sido contratado como gerente de projetos de uma das obras nos estádios da Copa do Mundo de Futebol e tivesse recebido o seguinte escopo de projeto: construir o corredor de mobilidade do aeroporto até o estádio da cidade do Rio de Janeiro. Isso teria sido suficiente para fazê-lo entender quais deveriam ter sido as suas entregas? E mais, no documento do projeto estava escrito que as obras não deveriam ser muito caras e nem demorar muito tempo para ficarem prontas. Percebemos aqui que faltaram detalhes, e que para que uma definição do escopo pudesse ter sido ser feita teria sido necessário obter mais informações. É em uma situação como essa que entra o conhecimento de gestão de requisitos. Eles é que nos dizem quais as características dos produtos que devemos utilizar para que o projeto seja um sucesso. A objetividade é fundamental para evitar que haja diferentes interpretações do mesmo escopo. Então, se para o nosso projeto da Copa do Mundo pediu-se que as obras não fossem muito dispendiosas, o correto teria sido ouvir os patrocinadores e envolvidos no projeto para que eles definissem Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 "caro" e "barato", e o que mais estivesse no planejamento prévio de custo da obra. Então, vamos ser objetivos em nosso levantamento de requisitos e documentá-los de maneira correta? TEMA 1 – COLETA DE REQUISITOS O Project Management Body of Knowledge (PMBOK®),1 em sua 5ª edição, define coleta de requisitos como: [...] o processo de determinar, documentar e gerenciar as necessidades e requisitos das partes interessadas a fim de atender aos objetivosdo projeto. O principal benefício deste processo é o fornecimento da base para definição e gerenciamento do escopo do projeto, incluindo o escopo do produto. (Project Management Institute, 2014, p. 109) A partir dessa definição, podemos perceber que são os requisitos que orientam e detalham o trabalho a ser feito da forma que os interessados esperam, atendendo suas expectativas em relação ao produto e também em relação ao processo de gerenciamento de projeto. Para realizarmos as tarefas necessárias e atingirmos os objetivos de um projeto, devemos ter conhecimento das informações básicas sobre ele. Precisamos saber quem são as partes interessadas e quais são os seus papéis, quais requisitos de alto nível já foram repassados pelo cliente e como deverão ser os processos de gerenciamento desses requisitos que nortearão a condução dos trabalhos. Um bom conjunto de requisitos deve conter características que possibilitem definir e gerenciar com mais detalhes o escopo do projeto. Ele deve ser: Objetivo: definir com clareza o que se deseja, não deixando margem para ambiguidades. Verificável: esta é uma característica que complementa a anterior. Os requisitos devem ser verificados ao longo do projeto. Por exemplo: os registros contábeis do sistema devem ser armazenados segundo a temporariedade exigida pela lei. Útil: os requisitos devem ter relação com o escopo macro do projeto e atender as necessidades das partes interessadas. Deve-se tomar o 1 O PMBOK® é o conjunto de boas práticas sugeridas para o gerenciamento de projetos. É organizado pelo Project Management Institute. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 04 cuidado de não especificar algo que jamais será usado e só trará mais custos e complexidade ao projeto. O levantamento de requisitos ajudará inclusive o cliente a entender melhor o que ele mesmo espera do projeto. Mensurável: além de verificar os requisitos, também temos de poder medi-los. Em alguns casos é necessário que o projeto atenda 100% dos requisitos, como no exemplo dos registros contábeis que demos anteriormente; em outros casos, atingir um percentual preestabelecido é suficiente. Um exemplo deste último caso poderia ser o percentual mínimo de empregados que aderiram ao programa de incentivo ao esporte oferecido pela empresa. Essas são apenas algumas sugestões de características que podemos estabelecer para um conjunto de requisitos. Muitas outras podem ser imaginadas para agregar qualidade à coleta. Também podemos pensar em tipos ou categorias de requisitos. Essa classificação pode ajudar quando há prioridades na implementação. Os tipos podem ser: necessidades do negócio, necessidades das partes interessadas, características do produto, características não funcionais (por exemplo, o nível do serviço esperado), requisitos de qualidade etc. Vejamos agora um exemplo de como seria um documento de coleta de requisitos: Tabela 1 ‒ Exemplo de documento de coleta de requisitos A partir da coleta, construímos nosso projeto com detalhes que auxiliam outras áreas, como as de custos, aquisições, qualidade, recursos humanos etc. Um erro aqui ou uma coleta superficial ali podem conduzir a um fracasso total. Às vezes, um único requisito menosprezado é suficiente para isso. Um exemplo? Se o requisito relacionado à licença ambiental de um projeto de construção de uma nova planta industrial for esquecido ou considerado subentendido pelas partes, atrasos podem ocorrer, ou pode-se mesmo verificar a inviabilidade do Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 05 negócio em um estágio no qual recursos financeiros já foram investidos e já não exista nenhuma chance de recuperá-los. TEMA 2 – RESPONSABILIDADES NA COLETA DE REQUISITOS O plano de gerenciamento de requisitos deve informar quem são os responsáveis pela coleta. Basicamente, podemos imaginar que o gerente de projetos é quem deve fazer isso. Mas, dependendo do porte do projeto, uma equipe pode ser necessária para executar esse trabalho. Assim, o escopo preliminar deve ser dividido para que assuntos correlatos sejam analisados em conjunto e para que a equipe incumbida da coleta possa levantar requisitos associados àquela parte do escopo total estabelecida no início do projeto. Mesmo nesse caso, a responsabilidade final é do gerente do projeto, que não executará a coleta propriamente dita, mas verificará o andamento dos trabalhos, se a técnica utilizada está de acordo com os processos e se o resultado pode ser utilizado no restante do projeto. Sua preocupação maior será a forma da coleta, e não o seu conteúdo. Uma boa equipe é aquela formada por especialistas. Se o projeto trata da construção de uma nova plataforma de serviços eletrônicos para hospitais, o responsável pela coleta de requisitos deve ser um analista de sistemas que tenha tido alguma vivência na área de sistemas de saúde. Ou o analista de sistemas responsável pode simplesmente contar com a colaboração de algum especialista que o auxiliará com as técnicas aplicadas à coleta. Vejam a grande responsabilidade que é a coleta de requisitos: é durante esse processo que temos uma visão clara daquilo que o projeto deve entregar. Uma coleta malfeita ou incompleta pode resultar em algo que não atenderá as necessidades do cliente e poderá simplesmente inutilizar o produto que for desenvolvido. Para conhecer os requisitos do projeto, o gerente ou a equipe formada para executá-lo devem estar atentos à qualidade das informações levantadas. Lembre-se das características mencionadas no tema anterior! E, caso existam divergências sobre os requisitos entre os interessados no trabalho, todas as versões da informação precisam ser registradas para que uma análise posterior seja feita quando o escopo for definido. Afinal, todas as ideias e opiniões são importantes. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 06 O ideal é que o registro das informações de coleta seja feito por uma única pessoa; isso garante um padrão de escrita, o que facilitará o entendimento da relação entre os requisitos no futuro. Há outros responsáveis pelos procedimentos de coleta: o cliente, o patrocinador e outras pessoas e instituições interessadas no projeto. Colher as informações corretas e apresentar documentos são exemplos das responsabilidades atribuídas a todos os participantes no projeto. Enfim, podemos dizer que a responsabilidade pela lista de requisitos é do cliente, que é aquele que conhece, ou deveria conhecer, o negócio que se quer estabelecer ou a problemática que se quer resolver. A responsabilidade do gerente de projeto é conduzir as coletas de requisitos de modo que o processo seja obedecido, propiciando condições ideais para que o cliente exponha suas necessidades e anseios. TEMA 3 – TRATAMENTO DAS PARTES INTERESSADAS E SUA REPERCUSSÃO NO ESCOPO Para entendermos este tema, primeiramente precisamos saber quem são os stakeholders. Uma tradução livre para essa palavra seria “partes interessadas”. No caso do gerenciamento de um projeto, as partes interessadas são aquelas que, de alguma forma, não só têm interesse no projeto, mas também participam dele e o influenciam, ou são afetadas direta e indiretamente por ele. Essa interação pode tanto ocorrer de maneira positiva quanto negativa. Como exemplos de stakeholders, podemos citar o corpo diretor do cliente, os empregados, os fornecedores, o conselho fiscal, os consumidores do produto, a comunidade local, os gestores públicos etc. Assim, podemos perceber que é vital conhecer quem são as partes interessadas em nosso projeto e de quemaneira elas podem afetar o entendimento do escopo. Todo projeto deve ter um plano de gerenciamento das partes interessadas. Esse documento é importante para que o gerente do projeto entenda o papel de cada um dos envolvidos no planejamento e na execução do trabalho, e também as atitudes que cada um deve tomar em determinadas situações. Um exemplo de atitude é o que deve ser feito no caso da ausência de determinada parte interessada em reuniões de validação. Muitas outras situações devem ser previstas e respondidas pelo plano. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 07 Uma boa prática é que o registro das partes interessadas seja feito pelo patrocinador do projeto, que pode passar informações relevantes para o gerente. Dessa forma, será possível entender como cada interessado interagirá durante as atividades e até mesmo o que se pode esperar de cada um deles. Há alguém resistente ao projeto? Há alguém altamente motivado e interessado nos resultados? Há um especialista no negócio? Essas são apenas algumas das considerações que podem ser feitas, há muitas outras possíveis! Veja que é mais fácil trabalharmos quando temos uma expectativa de como cada interessado pode se portar. Esse registro pode conter uma série de informações, como: nome, telefone, endereço de e-mail, local de trabalho, cargo, idiomas que fala, grau de importância na tomada de decisões (se é um decisor ou apenas alguém que passará informações), se possui preferências por algum tipo de comunicação etc. O plano também deve mostrar como se dará a comunicação entre os participantes, com quais periodicidade e grau de confidencialidade. Algumas informações podem ser tão sensíveis que apenas um grupo de interessados poderá decidir o que fazer com elas ou acessá-las. Outras informações poderão ficar abertas a todos os interessados. O fato de o projeto ter um plano de gerenciamento de comunicações pode ajudar nesse processo. Conhecidas as partes interessadas, podemos entender como cada uma delas influencia a coleta e a validação de requisitos e, consequentemente, o escopo do projeto. Você se lembra de que no tema anterior falamos que podem existir divergências entre as partes interessadas durante a coleta? Bem, quando conhecemos o grau de influência de cada um dos envolvidos, podemos saber como será tomada a decisão sobre qual requisito é realmente válido para a implementação do projeto. Nesse momento podem existir conflitos, e o gerente de projeto deve ter a capacidade de negociar nesses casos, já que não há nada pior do que o descontentamento de uma das partes interessadas. Provavelmente, se a situação não for resolvida, essa mesma "parte" pode se tornar um entrave e influenciar negativamente o desenrolar do trabalho. Não podemos nos esquecer de que cada projeto é único e deve gerar um resultado também único. Assim, um interessado que seja uma pessoa-chave em um trabalho, com grande grau de influência, pode não sê-lo no próximo. Temos que avaliar novamente os requisitos de alto nível, o plano de gerenciamentos das partes interessadas e entender o novo papel que esse indivíduo terá. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 08 TEMA 4 – TÉCNICAS DE COLETA DE REQUISITOS Existem diversas técnicas que podem ser utilizadas na coleta de requisitos. Serão usadas as que, preferencialmente, já estejam definidas no plano de gerenciamento de requisitos. Veremos a seguir algumas que podem ser utilizadas. É só uma lista exemplificativa, pois existe uma infinidade delas! Entrevista: uma das técnicas mais tradicionais em que uma série de perguntas previamente elaboradas direcionam a conversa com os interessados. Podem participar mais de um entrevistador e também mais do que um entrevistado. Grupo de discussão: técnica parecida com a da entrevista, mas reúne interessados e especialistas que respondem perguntas relacionadas aos requisitos. Um moderador conduz as sessões para que conflitos sejam dirimidos. Sessão de brainstorming: a intenção aqui é reunir interessados e coletar o máximo de ideias. A única restrição é que elas estejam relacionadas ao escopo macro do projeto. Difere do grupo de discussão por ser totalmente livre quanto ao que pode ser sugerido. Em um segundo momento, essas ideias são classificadas e o grupo detalha aquelas que tiveram uma aceitação maior, dando origem aos requisitos do projeto. Mapas mentais: técnica que coloca em um diagrama todo o conjunto de ideias sobre um tema, conectando as semelhantes para facilitar a visualização. Seu conteúdo pode ser alimentado pelo resultado de qualquer outra técnica. Hoje existe uma grande variedade de softwares para o desenho dos mapas, e muitos são gratuitos. Vejamos um exemplo de mapa mental: Figura 1 ‒ Mapa mental Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 09 Questionário e pesquisa: técnica útil quando existe um número muito grande de envolvidos que precisam ser ouvidos. Após receber as respostas, podemos fazer uma tabulação e, por meio de métodos estatísticos, conhecer a informação desejada; Análise de documentos: os documentos da organização são uma importante fonte de informação para a geração de requisitos, e não podem ser ignorados. Muitas vezes, a história da empresa, representada em seus documentos, influencia o modo como o projeto será gerenciado e fornece requisitos importantes para o detalhamento do escopo; Observação: observar o comportamento das pessoas quando realizam suas atividades pode ajudar a entender melhor o negócio e os requisitos, pois elas podem ter dificuldade em explicar o que fazem ou o trabalho pode ser muito complexo; Prototipagem: técnica para se obter informações iniciais sobre o produto, pois facilita a visualização e a realização de testes básicos. Por meio dessa técnica também se pode abordar o desenvolvimento de um produto mínimo viável (MVP, do inglês minimum viable product), que é uma versão simplificada, mas funcional, do produto desejado. A partir de protótipos ou MVPs, as partes interessadas podem imaginar e incrementar os requisitos para o produto final. Benchmarking: por meio desta técnica, busca-se projetos ou casos semelhantes para que seja feita uma comparação com o que se espera de um novo projeto. A ideia aqui é aproveitar lições aprendidas e técnicas já consolidadas. As referências para comparação podem ser encontradas tanto dentro quanto fora da organização. Nenhuma técnica é melhor que a outra. Todas possuem vantagens e desvantagens. A escolha de uma delas deve ser adequada ao escopo do projeto, ao perfil e à disponibilidade das partes interessadas, e até mesmo ao conhecimento da equipe do projeto para aplicá-la. A combinação com outras técnicas também é importante para se levantar o máximo de informações possível para a elaboração dos requisitos. TEMA 5 – RASTREABILIDADE DE REQUISITOS O conhecimento dos requisitos do projeto faz com que a equipe entenda o negócio e como o escopo foi construído. Um componente importante para nosso Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 010 projeto e para a equipe é a matriz de rastreabilidade dos requisitos. É por meio dela que se faz a ligação dos requisitos com os objetivos de negócio que o projeto deve atender. Ela também possibilita o acompanhamento do projeto, fazendo com que os requisitos aprovados nas documentações sejam entregues durante ou ao final do trabalho. Tabela 2 ‒ Matriz de rastreabilidade de requisitos A Tabela 2 é um exemplo de documento utilizado para rastrear requisitos. Note que ela nos ajuda identificara relação do requisito e suas entregas rapidamente. Veja também que ela é muito parecida com a Tabela 1, aquela sobre levantamento de requisitos; inclusive, poderíamos pensar em juntar as duas em um único documento. Mas um documento com muitos atributos por requisito pode dificultar a leitura e o manuseio, por isso decidimos usar folhas separadas, uma complementando a outra. Muitos outros cruzamentos de informação podem ser válidos e utilizados para rastrearmos os requisitos e suas implicações no projeto. Vamos a outro exemplo: Tabela 3 ‒ Matriz de rastreabilidade de requisitos X requisitos Aqui a ideia é identificarmos como um requisito afeta o outro. A interpretação que podemos fazer é que quando validamos um requisito, outros sofrem impacto e podem necessitar de controle e validação também. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 011 Outro uso importante da matriz de rastreabilidade se dá quando uma alteração de requisitos é efetuada, o que pode acontecer ainda na fase de elaboração do projeto ou durante a sua implementação. Isso é algo que está fora do controle de qualquer gerente de projetos: mudanças! O que podemos fazer é estar preparados par elas. A alteração de um requisito deve desencadear ações por parte do gerenciamento e do controle integrado de mudanças do escopo, que só serão eficazes se pudermos rastrear o impacto que aquele requisito tem em nosso projeto. Se utilizarmos os documentos de que tratamos anteriormente, a alteração se dará de maneira simples: se o negócio sofreu alguma mudança (por exemplo, se foi promulgada uma nova lei), saberemos quais requisitos terão de ser reavaliados; já se a alteração se deu em algum requisito (por exemplo, o cliente mudou de ideia sobre a obrigatoriedade do fornecimento de uma informação no novo sistema de contabilidade da empresa), saberemos qual parte do negócio e das entregas deverão sofrer mudanças. O processo de controle de mudanças deve prever como será feita a atualização da documentação referente aos requisitos. Ele deve incluir o controle de versões do documento, a origem das mudanças, a data de execução etc. Como dito anteriormente, a complexidade e a dimensão do projeto é que determinam os artefatos que serão utilizados em seu planejamento, controle e execução. Essa determinação já pode ser sugerida nos documentos iniciais do projeto, que são repassados para as equipes responsáveis pela coleta de requisitos. Aqui é importante deixar claro que artefatos ‒ como a matriz de rastreabilidade de requisitos, por exemplo ‒ podem não ser necessariamente uma planilha eletrônica, mas eventualmente um software de controle. FINALIZANDO Nesta aula, pudemos compreender a importância dos requisitos e seu impacto no escopo de nosso projeto. Verificamos que o tratamento das partes interessadas está diretamente ligado às responsabilidades de coletas e análise de requisitos. Vimos alguns exemplos de técnicas que podem ser utilizadas na coleta de requisitos e a documentação mínima que auxilia no entendimento do negócio gerado pela análise dos requisitos. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 012 A rastreabilidade é fundamental para que os requisitos sejam controlados ao longo de todo o projeto e auxiliem na importante e delicada tarefa de analisar o impacto de mudanças de escopo. Um conjunto de requisitos com qualidade permite que o projeto tenha uma chance ainda maior de sucesso. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 013 REFERÊNCIAS BELTRÃO, G. 7 dicas de como fazer um mapa mental de sucesso. Blog do Curseduca. Disponível em: <https://curseduca.com/blog/7-dicas-para-fazer-um- mapa-mental-eficiente/>. Acesso em: 9 nov. 2017. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos: Guia PMBOK®. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. REY, B. Como fazer um brainstorm eficiente. Revista Exame, 26 jun. 2013. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/carreira/como-fazer-um-brainstorming- eficiente/>. Acesso em 9 de nov. 2017. XAVIER, C. M. S. et al. Metodologia de gerenciamento de projetos ‒ Methodware®: abordagem prática de como iniciar, planejar, executar, controlar e fechar projetos. Rio de Janeiro: Brasport, 2014. VARGAS, R. V. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. 8. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2016. https://curseduca.com/blog/7-dicas-para-fazer-um-mapa-mental-eficiente/ https://curseduca.com/blog/7-dicas-para-fazer-um-mapa-mental-eficiente/ http://exame.abril.com.br/carreira/como-fazer-um-brainstorming-eficiente/ http://exame.abril.com.br/carreira/como-fazer-um-brainstorming-eficiente/ AULA 3 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS Prof. Marcelo Bellon Ferreira 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, analisaremos o momento em que o escopo é definido. Com base nos requisitos coletados, podemos detalhar aquilo que nosso projeto entregará. Aprenderemos que nem sempre é possível atender a todos os requisitos coletados, pelo menos em um primeiro momento. Restrições e premissas serão estudadas, e a relação entre elas e os riscos do projeto será evidenciada. Ao definir o escopo, podemos entendê-lo e controlá-lo. Uma linha base (ou baseline) será nossa referência na comparação com os resultados que obtivermos durante a execução do projeto. CONTEXTUALIZANDO Quando alguém imagina um projeto, geralmente o faz, em um primeiro momento, em um mundo ideal. Nele, há todo o dinheiro do mundo, recursos humanos disponíveis e capacitados, prazos de entrega com muitos dias sobrando para contingências. Mas o mundo real é um “pouco” diferente do ideal. No mundo real, provavelmente nossos clientes sempre vão querer "tudo", mas a um custo baixo (acredite, alguns podem até querer de graça) e com entrega para ontem. E uma boa definição de escopo é que vai ajudar o gerente de projeto a "puxar" as partes interessadas e os patrocinadores de volta à realidade, mostrando que deve existir uma priorização do que será entregue, que o projeto vai ter custos e que eventualmente desvios pelo caminho poderão surgir e deverão ser controlados. Esta aula vai ajudar o gerente a traçar o melhor caminho para lidar da melhor forma possível com isso. TEMA 1 – DEFINIÇÃO DE ESCOPO A definição de escopo de um projeto deve descrever em detalhes o produto, o serviço ou o resultado a ser entregue, além de todo o trabalho que deverá ser executado. Esses detalhes devem suficientes para que se possa compreender com exatidão toda a amplitude do projeto. Um nível menor de detalhamento pode fazer como que não se compreenda exatamente o que deve ser entregue, enquanto um nível muito grande de detalhamento, realmente exagerado, pode Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 3 aumentar em muito o trabalho de planejamento e não ser útil. Assim, cabe ao gerente de projeto balancear o nível de detalhes realmente necessário. Outro fator que influencia o detalhamento de escopo é a abordagem de execução que será adotada pela equipe. Em uma abordagem mais tradicional, o escopo é mais detalhado, pois é definido na fase de planejamento e alterado apenas por fatores não previstos ou conhecidos e gerenciados por um processo de controle de mudanças. Já se é utilizada uma metodologia ágil, muito comum principalmente em projetos de software, o detalhamento é construído de acordo com as diversas interações da equipe com as partes interessadas. Nesse caso, o mais importante é saber até onde os resultados dos trabalhos devem chegar. A definição de escopo deve seguir as regras e diretrizes estipuladas pelo projeto. Esse regramento está presente no plano de gerenciamento de escopo,que estabelece como ele será definido, monitorado e verificado. Também será necessário utilizarmos as informações do termo de abertura do projeto, que contém definições de alto nível sobre os resultados esperados e sobre como o trabalho deve ser conduzido. Veja que aqui estamos ainda no nível macro, aquele que foi “vendido” pelo patrocinador e que nosso processo de gerenciamento do projeto está planejando. Até aqui, já sabemos como será o processo para detalhar o escopo (plano de gerenciamento de escopo) e, em linhas gerais, o que o nosso projeto deverá entregar (termo de abertura do projeto); provavelmente, também algumas premissas e restrições. Falaremos delas um pouco mais à frente. Outro conjunto de informações que já devemos ter a essa altura, e que são fundamentais nessa etapa do planejamento, é a documentação dos requisitos. Na aula anterior foi apresentado todo o processo que os envolve e a sua importância. E é nesse momento que eles são efetivamente utilizados. Se voltarmos às técnicas e ferramentas de coleta de requisitos, lembraremos que, nesse momento, o importante é conhecer tudo o que os interessados veem como fundamental para o negócio e para o projeto, sem colocarmos nenhum tipo de limite. Agora, na definição do escopo isso muda. A análise deve ser ampla e levar em consideração outros aspectos, como prazo, riscos e limitação da equipe, por exemplo. Para o detalhamento do escopo também é essencial o uso dos chamados ativos de processos organizacionais. Podemos dizer que eles são o conjunto de políticas e históricos da empresa que devem ser utilizados em todos os projetos. É a personalidade empresarial que influencia a forma como os trabalhos devem 4 ser conduzidos, a qualidade daquilo que deve ser entregue, os fornecedores que podem ser contratados, os modelos de documentos utilizados, as lições aprendidas e qualquer outro conhecimento histórico. Os ativos de processos organizacionais são complementados pelo plano de gerenciamento do projeto, que não deve ir contra aquele, salvo por exceções fundamentadas e aprovadas. Assim, ao descrever o escopo, priorizamos aquilo que realmente importa para o projeto, levando em conta tudo o que já foi produzido em questão de processos e de informações organizacionais. Sempre vale enfatizar que a documentação de escopo de projeto deve incluir tudo aquilo que faz parte das entregas e também tudo aquilo que não será entregue. Isso evita mal-entendidos com as partes interessadas quanto ao produto final a ser entregue. TEMA 2 – TÉCNICAS DE PRIORIZAÇÃO DE ESCOPO Certamente, os projetos têm ao menos uma premissa: a de que não existem recursos (dinheiro, tempo, pessoas etc.) em número ilimitado. Em razão disso, temos de saber priorizar os itens do escopo. O gerente de projeto trabalhará para criar uma sequência lógica de entregas ou mesmo informar o que não será entregue a partir de uma análise de requisitos combinada com a análise de outros fatores que já foram comentados no tema anterior. A definição de escopo deve informar isso. Os critérios para a análise devem ser claros e formais, definidos nos documentos do projeto e/ou ativos da empresa. O que interessa ser entregue primeiro? Requisitos com menor risco ou aqueles que trazem maior visibilidade para a empresa? O projeto terá toda a mão de obra qualificada para já começar com 100% de geração de resultados desde o seu primeiro dia? Os fornecedores têm capacidade de entrega total desde o início do projeto? Os consumidores ‒ ou o mercado ‒ está pronto para já absorver toda a oferta que será feita? Veja que existe uma série de perguntas que precisam ser respondidas antes de iniciar a priorização do escopo. Essas são apenas algumas! Na priorização, outro fator é fundamental para a decisão: o interesse dos envolvidos. Se o gerente de projeto falar com cada uma das partes interessadas e pedir que elas classifiquem por importância cada um dos requisitos, certamente haverá uma lista diferente gerada por cada uma delas. Assim, o processo deve Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 5 envolver todos aquele que serão impactados e estão ativos no processo. Não é uma tarefa fácil, mas é necessária se o gerente de projeto quiser evitar problemas. Vejamos algumas técnicas para definir o escopo e priorizar os requisitos: opinião especializada: nada melhor do que ouvir aqueles que já conhecem o negócio ‒ partes interessadas, consultores externos, associações profissionais etc.; análise de produto: utilizando as informações de alto nível do produto, pode-se fazer uma análise que o componha a partir dos requisitos. Com isso, é possível priorizar e identificar aquilo que realmente faz parte dele, em sua essência ou de modo coadjuvante; geração de alternativas: geralmente, não existe apenas uma maneira de se desenvolver um produto ou um serviço. Para cada alternativa podem existir diferentes sequências de entrega, com impactos também diferentes. Visualizar essas alternativas ajuda o gerente de projeto a selecionar a melhor das hipóteses; oficinas facilitadas: aqui são reunidos os diversos interessados no projeto para que juntos, e conduzidos pelo gerente, indiquem os requisitos que devem fazer parte do detalhamento de escopo. É uma maneira de alinhar as diversas áreas da empresa envolvidas. Esses são alguns meios de organizar a priorização e de se chegar ao detalhamento do escopo. Uma das técnicas de priorização de requisitos é a recomendada pelo método PRINCE21. A técnica chamada de "MoSCoW", da DSDM Agile Project Framework, é utilizada para classificar e priorizar requisitos tendo como base o valor para o negócio da empresa. Vejamos o que significa cada letra em destaque: M (must have, "deve ter"): o que é essencial. Sem esses requisitos, simplesmente o produto não existe; S: (should have, "deveria ter"): é importante, mas o produto pode ser lançado/produzido sem esses requisitos, com pequena perda de valor percebido; 1 PRoject IN Controlled Enviroment (projetos em ambiente controlado). Saiba mais sobre o PRINCE2 em: <https://www.axelos.com/best-practice-solutions/prince2>. Acesso em: 18 dez. 2017. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 6 C (could have, "poderia ter"): seria até bom que o produto/serviço tivesse determinada característica, mas será que clientes pagariam mais só por isso? W (won’t have this time, "não terá agora"): no futuro, é provável que esses requisitos sejam implementados, mas no momento, não, por não representarem um real valor agregado. Saiba mais Dê uma olhada no site da Agile Business Consortium (em inglês) e descubra um pouco mais sobre a técnica MoSCoW. Disponível em: <https://www.agilebusiness.org/content/moscow-prioritisation>. Acesso em: 17 dez. 2017. Com essas técnicas e ferramentas, podemos definir e priorizar com objetividade aquilo que o projeto deverá entregar em cada fase. TEMA 3 – RESTRIÇÕES E PREMISSAS Podemos entender as restrições e premissas também como requisitos de nosso projeto. São como requisitos especiais, que podem afetar o escopo, o custo, a qualidade, o tempo etc. Segundo o PMBOK®,2 uma restrição é “um fator limitador que afeta a execução de um projeto, programa, portfólio ou processo”. Pode ser imposta pelo cliente ou mesmo colocada pelas partes interessadas e pela equipe do projeto como resposta a algum risco. Esses fatores podem ser internos ou externos à organização e moderam as opções que a equipe de projetos pode ter para conduzir os trabalhos e as entregas. Um exemplo de fator interno? O número de empregados especialistas à disposição do gerente de projeto. Um de fator externo? A data de lançamentodo produto em função das vendas esperadas para o Natal. Vamos a outro exemplo: se existir um risco aumentado de demissão de empregados-chave para o negócio em razão do excesso de horas extras trabalhadas, uma restrição de projeto seria que nenhum empregado poderia fazer horas extras para finalizar as entregas. Mitigamos o risco! Aqui fica bem claro que o impacto ficará no tempo, no custo e, talvez, até no escopo, o que pode limitá-lo. 2 Project Management Body of Knowledge. https://www.agilebusiness.org/content/moscow-prioritisation Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 7 Uma premissa, segundo o PMBOK®, é “um fator do processo de planejamento considerado verdadeiro, real ou certo, sem a necessidade de prova ou demonstração”. Podemos perceber claramente a geração de risco! Como considerar algo verdadeiro sem a necessidade de provas? Estamos apenas supondo que algo vai ou não ocorrer. Basicamente, são tomadas decisões com inferências do que pode ser o mais próximo da realidade, pois não temos todas as informações necessárias naquele momento. Um exemplo: assumimos como premissa que o cliente fará todos os pagamentos em dia. Se isso não ocorrer e a premissa não for confirmada como verdadeira, como ficará o fluxo de caixa da empresa? Como ela pagará funcionários e fornecedores? Esse é o risco, que deve ser planejado e ter uma resposta adequada. Premissas e restrições podem já ser identificadas desde o nascimento do projeto, quando é emitido o termo de abertura de projeto. Mas lá é só o início! Durante outras fases de planejamento e execução, riscos podem ser identificados, e uma restrição pode ser imposta pela equipe do projeto de modo a oferecer uma resposta adequada a eles. Também, se principalmente durante o planejamento do projeto algumas decisões não são tomadas, ou respostas não são conseguidas em tempo hábil, e para não atrapalhar o desenvolvimento do restante dos trabalhos, pode-se ter uma ideia (premissa) de algo que ajude a não interromper ou atrasar o cronograma. Lembre-se do risco gerado e da ligação que isso deve ter com o plano de gerenciamento de riscos. O quadro a seguir nos ajuda a lembrar das principais características e consequências das restrições e premissas do projeto. Candido Marcelo Realce 8 Quadro 1 ‒ Resumo das diferenças entre restrições e premissas Restrição Premissa Resposta a um risco Gera um risco "Tem que" “Acho que” Muda o plano do escopo Muda o plano de riscos Não existem dúvidas Não existem certezas Certezas Suposições TEMA 4 – CONSTANTE TRIPLA E LINHA BASE (BASELINE) A constante tripla, ou restrição tripla, é o equilíbrio que deve existir entre o escopo, o custo e o prazo do projeto, de maneira que a qualidade seja assegurada. A pirâmide a seguir demonstra exatamente essa relação, facilitando o nosso entendimento. Figura 1 ‒ Constante (ou restrição) tripla Cada aresta representa uma área do gerenciamento de projeto, sendo o resultado (o equilíbrio da pirâmide) a qualidade esperada. Fica claro que elas devem ser pensadas em conjunto, e, se alguma delas sofre alguma mudança, o impacto é imediato nas demais. Assim, um escopo maior implica um tempo maior ou um custo maior. Da mesma forma, se existir pressão para que o projeto seja acelerado, o custo e/ou escopo sofrerão de alguma forma. E, se o cliente quiser um projeto com um custo menor, não será possível manter o prazo e o escopo. Devemos sempre ter em mente que a qualidade deve ser mantida. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 9 Com o equilíbrio estabelecido entre as áreas, pode-se gerar as linhas base, ou baselines, do projeto. As linhas base são os acordos aprovados sobre o que se quer do projeto entre as partes envolvidas, e em todas as áreas envolvidas. Na prática, são os planos do projeto estabelecidos em um determinado momento. Então, teremos linhas base de escopo, de tempo, de custo, de riscos etc. Talvez a linha base mais conhecida seja a que representa o cronograma do projeto; mas não são apenas as informações sobre tempo e prazos que precisam ser controladas. Uma linha base é a referência que será utilizada para analisar e medir se o projeto está de acordo com o planejado, entender desvios e iniciar ações para que os trabalhos e resultados voltem ao que se esperava inicialmente. A análise e a comparação do projeto de seu início até o seu fim são ótimas fontes de lições para iniciativas futuras. E só podemos fazer comparações se tivermos as informações sobre o que se esperava inicialmente, ou seja, as linhas base! Quando o projeto não está atingindo o resultado esperado em uma determinada fase, devemos parar e analisar as linhas base para investigar o que pode estar acontecendo. Afinal, se o planejamento foi feito e não está sendo seguido, dificilmente podemos esperar que os resultados sejam aqueles desejados. Uma linha base pode ser alterada! No processo de gerenciamento de mudanças deve estar claro quando as linhas base poderão ser novamente gravadas. Não é qualquer modificação que gerará isso. Você incluir uma tela de cadastro ‒ que não foi identificada no processo de coleta de requisitos ‒ em um novo sistema não é tão grave assim; é aceitável, e deixará um pequeno desvio na linha base do escopo, talvez até mesmo sem alterações no cronograma ou nos custos. Mas, se em vez de uma simples tela estivermos falando de uma mudança na arquitetura de um sistema, que não mais atenderá apenas 100 usuários mas, sim, 5 mil, aí, sim, novas linhas base deverão ser geradas. (Isso poderia ocorrer, por exemplo, por uma falha na informação de um requisito, por uma alteração de processo da empresa ou mesmo em decorrência de uma alteração legislativa.) Quando uma nova linha base é gerada, as anteriores não devem ser descartadas. Elas são uma fonte valiosa de informação e nos ajudarão a entender como o projeto se comportou. Seus próximos projetos agradecerão pelo conhecimento e pelas lições aprendidas. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 10 TEMA 5 – DOCUMENTAÇÃO PARA A DEFINIÇÃO DE ESCOPO Com o escopo definido, deve ser gerado o documento de declaração de escopo, ou a especificação de escopo. Ele deve reunir todas as informações de que tratamos nos temas desta aula. Assim, teremos a formalização do escopo do projeto, seus produtos, serviços ou resultados, e também do trabalho a ser realizado para alcançar os objetivos propostos. A declaração de escopo deve incluir, ao menos: descrição de escopo do projeto: o termo de abertura do projeto já contém essa informação, mas em alto nível. No processo de definição do escopo é feito o seu detalhamento, que apresenta progressivamente quais serão as características do projeto, baseando-se nos requisitos coletados e analisados; critérios de aceitação: lista de condições que devem ser realizadas para que cada entrega seja considerada aceita. Em metodologias ágeis é utilizado o termo “pronto”, do inglês done, e sua definição é muito importante para o time compreender quando uma tarefa está concluída e dentro dos parâmetros de qualidade. lista de entregas: o que efetivamente o projeto entregará. Pode ser a descrição do produto, do serviço (que deve ser único, verificável e ter data de início e fim, que são as características de um projeto) ou do resultado que deve ser alcançado. As entregas acessórias, como relatórios de gerenciamento e controle do projeto, também devem ser descritas. descrição de escopo não incluído: é bom reforçar isso. O que não será entregue! Assim, já é feita a gestão da expectativa do cliente e ele mesmo sabe o que, de maneira expressa, não receberáao final do trabalho. restrições: algumas são impostas pelo patrocinador ou pelas partes interessadas. Mas a própria equipe do projeto pode identificá-las a partir da análise dos requisitos coletados. premissas: assim como ocorre com as restrições, elas são informadas pelo patrocinador ou pelas partes interessadas, mas podem ser geradas a partir dos trabalhos de detalhamento de escopo e refletir na lista de riscos identificados. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 11 Outras informações podem fazer parte da documentação gerada, complementando ou detalhando o que já consta no termo de abertura do projeto: orçamento básico, prováveis fornecedores, expectativa dos envolvidos, marcos de entrega (prazo e escopo) etc. Outra tarefa que deve ser realizada durante o processo de definição do escopo é a atualização dos documentos do projeto. Nas atividades desenvolvidas podem ser identificados outros requisitos, partes interessadas etc. Então, o gerente de projeto deve providenciar para que esses documentos estejam sempre atualizados. Não podemos esquecer que todos os documentos do projeto precisam ser aprovados. O plano de gerenciamento de projeto deve estabelecer o nível de autoridade necessária para cada documento. Saiba mais No blog da MPM você vai encontrar um exemplo bastante interessante de declaração de escopo. Disponível em: <https://projectdesignmanagement.com.br/blog/declaracao-do-escopo-projeto- exemplo/>. Acesso em: 18 dez. 2017. FINALIZANDO Vimos que a definição de escopo é o produto gerado a partir da análise e da priorização de requisitos, informações históricas da empresa, restrições e premissas. Restrições e premissas merecem um cuidado especial em razão de seu impacto nos riscos. Enquanto a primeira é resposta a um risco, a segunda gera um risco. A documentação gerada durante o processo de definição gerará uma linha base ao menos do escopo, mas outras linhas base devem ser gravadas, de modo a se ter uma referência para comparação e controle do projeto em todo o seu ciclo de vida. Curiosidade Em um dos episódios de seu podcast, Ricardo Vargas fala sobre priorização aplicada a projetos da empresa petrolífera Sonangol de Luanda, Angola. Não perca! Disponível em: <https://ricardo-vargas.com/pt/podcasts/luandaangola/>. Acesso em: 11 nov. 2017. https://ricardo-vargas.com/pt/podcasts/luandaangola/ Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 12 REFERÊNCIAS BLOG MPM. Declaração do escopo: projeto (exemplo). Disponível em: <https://projectdesignmanagement.com.br/blog/declaracao-do-escopo-projeto- exemplo/>. Acesso em: 11 nov. 2017. PROJECT IN CONTROLLED ENVIRONMENT. Disponível em: <https://www.axelos.com/best-practice-solutions/prince2>. Acesso em: 11 nov. 2017. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos: Guia PMBOK®. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. OFFICE OF GOVERNMENT COMMERCE. Gerenciando Projetos de Sucesso com PRINCE2. Grã-Bretanha: TSO, 2011. VARGAS, R. V. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. 8. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2016. AULA 4 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS Prof. Marcelo Bellon Ferreira 2 CONVERSA INICIAL Veremos nesta aula um dos documentos mais importantes do projeto, aquele que foca as entregas: a estrutura analítica do projeto (EAP). Também é conhecida como estrutura analítica do trabalho (EAT), ou mesmo por seu nome em inglês, work breakdown structure (WBS). A EAP demonstra graficamente todo o trabalho que será realizado ao longo do projeto, facilitando o entendimento da equipe, das partes interessadas ou de qualquer outra pessoa. Veremos que a EAP tem atributos que complementam o diagrama (que veremos mais adiante), assim como um dicionário e contas de controle. Ao final do trabalho de geração da EAP e seus atributos é possível que os documentos tenham de ser atualizados. Isso acontece por que a equipe "amadurece" com relação ao que deve ser entregue em razão do trabalho de produção da EAP e da melhor visualização do escopo que ela propicia. CONTEXTUALIZANDO Após o processo de detalhamento do escopo, o gerente de projetos e sua equipe já devem ter condições de saber o que se espera das entregas. Mesmo assim, uma visualização gráfica ajuda a entender as relações entre cada entrega, e também a analisar os itens de maneira individual visando o entendimento do todo. É aqui que a estrutura analítica do projeto (EAP) auxilia. Os itens que compõe a EAP possuem atributos que permitem planejamento e controle em outras áreas do projeto, como as de custos, tempo e até mesmo qualidade. TEMA 1 – CRIAÇÃO DA ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO (EAP) A criação da EAP resulta de um processo que decompõe o escopo em “pequenos escopos”, o que facilita, principalmente, o gerenciamento do trabalho. Essa divisão não ocorre em apenas um nível, mas, sim, em quantos níveis forem necessários para que se conheça com mais exatidão quem executará cada tarefa, quanto elas custarão e quanto tempo levarão para serem executadas. Cada pequeno escopo, que é a menor medida de trabalho a que se pode chegar, é chamado de pacote de trabalho. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 3 A representação da EAP deve demonstrar a divisão do trabalho. Ela pode ser feita na forma de um organograma ou de um texto indentado, por exemplo. A primeira maneira é certamente a mais utilizada. Vejamos exemplos dessas representações: Figura 1 ‒ Divisão de trabalho em um projeto: organograma x texto indentado Casa Fundação Terraplanagem Base de concreto Paredes Colocação dos tijolos Nesse exemplo, nos referimos à decomposição de entregas em termos de produto. Outra maneira seria identificar as fases do produto, como desenvolvimento, testes, homologação e produção. As opções de estrutura da EAP podem ser definidas nos documentos de gerenciamento do projeto ou nos manuais da empresa. Segundo o manual de EAP da NASA1, ela é desenvolvida identificando-se primeiramente o sistema ou o item final do projeto a ser estruturado e, em seguida, subdividindo-o sucessivamente em produtos ou elementos de trabalho subsidiários cada vez mais detalhados e gerenciáveis. Assim, consegue-se planejar, executar, monitorar e controlar com mais facilidade não só o escopo do projeto, mas também as informações sobre prazo e custo. É importante ressaltar que o objetivo da EAP é apresentar todo o trabalho que será entregue, e não ser um cronograma. Ela também ajuda a identificar aquele trabalho que não tem relação com o escopo e que, por isso, não gera nenhum pacote de trabalho. Então, para construirmos a EAP, devemos começar de cima para baixo. Nosso primeiro nível (o chamado nível 0) deve conter o nome do projeto; no nível seguinte, temos as fases; em outro, podemos já ter pacotes de trabalho ou 1 O manual de EAP da NASA, work breakdown structure (WBS), está disponível em: <https://evm.nasa.gov/handbooks.html>. 1 Casa 1.1 Fundação 1.1.1 Terraplanagem 1.1.2 Base de concreto 1.2 Paredes 1.2.1 Colocação dos tijolos Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 4 subfases; e assim por diante. Discutiremos até que nível chegar em um dos próximos temas. Além das fases pertinentes ao produto que será entregue pelo projeto, a EAP também deve conter uma fase de gerenciamento de projeto. Afinal, serão desenvolvidos produtos de gerenciamento, como documentos (termos de entrega, atas de reunião,planos etc.). O exemplo a seguir mostra isso. Figura 2 ‒ Fase de gerenciamento de projeto Uma boa prática na criação da EAP é reutilizar estruturas de projetos anteriores. Por mais que cada projeto seja único, aqueles que já passaram por todo o processo de execução, amadurecimento e mudanças gerarão ganho de produtividade. TEMA 2 – ATRIBUTOS DA ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO (EAP) Vamos entender agora quais são as características (ou os atributos) da EAP. Para facilitar essa compreensão, nosso modelo básico aqui será o gráfico que se assemelha a um organograma (mas o mesmo se aplica a listas indentadas). Qualquer caixa de nossa EAP é um item, e não um pacote de trabalho. A diferença é que os itens ainda sofrerão "decomposição" até se transformarem em pacotes de trabalho. Os pacotes de trabalho também são itens, mas são os menores níveis da EAP, sem nenhum outro nível abaixo deles. Eles contêm informações sobre tarefas a serem realizadas. As tarefas são efetivamente o conjunto de ações que devem ser executadas para se cumprir o trabalho e obter o resultado esperado. Assim, geralmente são representadas por um verbo, enquanto os itens podem ser representados por um substantivo. Projeto Carro Elétrico Gerenciamento do Projeto Design Homologação Fabricação Comercialização Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 5 E para entender os detalhes da tarefa, utiliza-se o dicionário da EAP. Para cada pacote, o dicionário da EAP terá um item explicativo sobre o trabalho necessário ali e outras informações. É importante ressaltar que se um item tem apenas um novo subitem ‒ um pacote de trabalho ‒, ele não tem razão de existir; nesse caso, as tarefas devem ficar alocadas nele, ganhando, assim, o status de "item pacote de trabalho". Figura 3 ‒ Item pacote de trabalho Na EAP da Figura 3, podemos ver o que foi informado no parágrafo anterior. A Tarefa 1 não tem razão de existir, e o trabalho alocado a ela deverá ser mantido na Fase 1, que poderia receber a nomenclatura utilizada para os pacotes de trabalho. Como a EAP deve conter todas ‒ e apenas ‒ as tarefas necessárias relacionadas ao escopo do projeto, temos aqui informações para gerar a linha base de escopo. O item 5.4.3.1 do PMBOK® (2014) diz: “A linha de base do escopo é a versão aprovada de uma especificação de escopo do projeto, de uma estrutura analítica do projeto (EAP) e seu dicionário da EAP associado, que só pode ser mudada através de procedimentos de controle formais, e é usada como uma base de comparação”. A importância da EAP é tão grande que ela é uma das principais entradas nos processos de gerenciamento de custo, de gerenciamento de prazos e até mesmo de identificação de possíveis riscos. TEMA 3 – REGRAS DE OURO PARA A CRIAÇÃO DE UMA ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO (EAP) Dada a importância já informada do processo de criação da EAP, sugerimos que algumas regras sejam seguidas. Projeto 1 Fase 1 Tarefa 1 Fase 2 Tarefa 3 Tarefa 4 Tarefa 5 Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 6 Falamos muito em decomposição em vários níveis. Mas quantos níveis são necessários? Na verdade, não existe uma quantidade certa, mas, sim, um resultado esperado. Em projetos pequenos, talvez três ou quatro níveis sejam suficientes, mas grandes projetos (como, por exemplo, colocar em órbita uma nova estação espacial) exigem uma decomposição muito maior. O último nível, o de pacotes de trabalho, deve permitir que identifiquemos quem é o responsável por ele (não estamos falando aqui da equipe, que pode conter mais do que uma pessoa), para que possamos estimar seu custo e o tempo de execução com certo grau de precisão. E o escopo do pacote de trabalho deve ser preferencialmente único. Mas, no caso de pacotes muito pequenos, podemos aglutinar as entregas para que o custo de gerenciamento não fique desproporcional ao valor entregue. O tamanho de cada pacote de trabalho e seu prazo de execução podem ser limitados por regras do projeto ou por regras da empresa; então, é importante que o gerente de projeto saiba até onde pode ir. Pacotes pequenos podem encarecer demais o gerenciamento, e pacotes muito grandes podem não ser tão efetivos quanto se espera. Uma sugestão para os pacotes de trabalho é que fiquem entre oito horas (um dia de trabalho) e 40 horas (uma semana). Temos aqui então uma escala que facilita o gerenciamento. Dois pacotes de quatro horas se transformam em um pacote de oito horas, juntando-se o escopo; um pacote de 60 horas pode ser dividido em dois pacotes de 30 horas, quebrando-se o escopo para facilitar o foco da equipe naquela tarefa e facilitar a visualização do tempo do projeto. Vejamos o exemplo a seguir. A duração dos pacotes de trabalho chamados de Parede A, Parede B, Parede C e Parede D foi estimada em duas horas para cada um deles. Assim, seguindo nossa regra “8-40”, devemos alterar a EAP para que o item Quarto 1 seja o nível final, um pacote de trabalho, com duração estimada de oito horas. Figura 4 ‒ Pacote de trabalho: regra "8-40" Pintura da casa Quarto 1 Parede A Parede B Parede C Parede D Quarto 2 Sala Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 7 Perceba que, de acordo com o resultado final nesse nosso exemplo, temos a mesma efetividade ao executarmos a tarefa e fazermos a validação e o controle do resultado. É claro que exceções podem existir, desde que sejam devidamente justificadas e tragam benefícios para o projeto. Outra regra que pode ser seguida diz respeito à nomenclatura dos itens. A EAP deve demonstrar que existe um trabalho a ser feito, mas não precisa explicá- lo. Para isso serve o seu dicionário. Assim, nomes curtos, e não frases, são o ideal para as caixas dos itens. O que pode ser colocado ‒ e que ajuda na identificação e na organização dos itens ‒ é a utilização de uma numeração hierárquica. Assim, a EAP que vimos na Figura 4 ficaria da seguinte forma: Figura 5 ‒ Nomenclatura dos itens Saiba mais Veja o videocast de Ricardo Vargas sobre a elaboração de uma EAP, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=TS9eciG-Ddw>. Acesso em: 18 dez. 2017. TEMA 4 – DICIONÁRIO DA ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO (EAP) O dicionário da EAP é complementar ao diagrama gerado. Ele contém informações sobre os itens da EAP, em especial sobre os pacotes de trabalho: escopo, entregas, prazos, custos estimados, responsabilidades etc. Para cada item da EAP deve haver um item no dicionário que explique com clareza as tarefas que devem ser cumpridas em cada um dos pacotes de trabalho, além de sua identificação e relação com outros pacotes. Da mesma forma que ocorre com outros documentos de gerenciamento de projeto, o ideal é que exista um modelo para o dicionário da EAP, mostrando os atributos que devem ou que podem ser abordados. Essa uniformidade de informação faz com que toda a equipe saiba o que esperar do projeto antes mesmo de ter acesso ao documento. 1. 0 Pintura da casa 1.1 Quarto 1 1.1.1 Parede A 1.1.2 Parede B 1.1.3 Parede C 1.1.4 Parede D 1.2 Quarto 2 1.3 Sala https://www.youtube.com/watch?v=TS9eciG-Ddw Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 8 A seguir, veremos parte do conteúdo da EAP de um projeto de pintura de casa. Foram omitidas as seções de versionamento, descrição e aprovação do documento. Em um documento real, essas seções são fundamentais. Quadro 1 ‒ Conteúdo parcial de um projeto de pintura de uma casa Código EAP Item Descrição 1.0 Pintura da casa 1.1 Quarto 1 1.1.1 Parede A Parede com 18 m2 que deverá receber uma demão de tinta na cor verde-claro. É a parede da esquerda ao se entrar no quarto.
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