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EDUCAÇÃO FÍSICA EM FOCO

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EDUCAÇÃO FÍSICA em foco
EDUCAÇÃO FÍSICA EM FOCO
UNIASSELVI 2016
Organização
 Meike Marly Schubert
Autoria
Rafaela Liberali
Reitor da Uniasselvi
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora de Ensino de Graduação a Distância
Prof.ª Francieli Stano Torres
Pró-Reitor Operacional de Graduação a Distância
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação
Eloisa Amanda Rodrigues
Capa
Djenifer Luana Kloehn
Revisão Final
Harry Wiese
Diógenes Schweiger
Propriedade do Centro Universitário Leonardo da Vinci
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
EDUCAÇÃO FÍSICA em foco
Ficha catalográfica 
Elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri – UNIASSELVI – Indaial.
613.7
L695e Liberali, Rafaela
 Educação física em foco/ Rafaela Liberali; Meike Schubert (Org.) 
: UNIASSELVI, 2016.
 135 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-993-0
 
 1.Educação física. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
EDUCAÇÃO FÍSICA em foco
EDUCAÇÃO FÍSICA em foco
------------------ [ APRESENTAÇÃO EDUCAÇÃO FÍSICA EM FOCO ] ------------------
Prezado(a) acadêmico(a)!
Bem-vindo(a) ao Caderno de Educação Física em Foco, que tem como 
objetivo levar os principais conteúdos trabalhados ao longo de seu curso. Assim, ele 
estará dividido em três unidades e cada um abordará diferentes e variados conteúdos. 
Ao longo da leitura deste Caderno de Estudos, você verá que o foco será 
trabalhar os principais conteúdos que envolvem o professor de Educação Física, 
passando desde os conceitos da formação profissional, pedagógica, curricular 
e política educacional, até os aspectos específicos relacionados à Educação 
Física, como os conhecimentos fisiológicos, anátomo-biológicos e biomecânicos 
aplicados à Educação Física Escolar. 
Na última unidade abordaremos a Educação Física Escolar, os esportes 
coletivos e individuais e a Educação Física adaptada, que darão conhecimentos 
necessários a sua formação e que permitam desenvolver atividades práticas na 
escola com segurança, aplicando esse conhecimento com maior inteligência, 
autonomia, responsabilidade e sensibilidade.
Desejo a você uma ótima leitura e que aproveite ao máximo o estudo dos 
temas abordados neste Caderno de Estudos. 
 
Bons estudos e sucesso!
Professora Dra. Rafaela Liberali
EDUCAÇÃO FÍSICA em foco
EDUCAÇÃO FÍSICA em foco
SUMÁRIO
UNIDADE 1 – FORMAÇÃO PROFISSIONAL, PEDAGÓGICA, CURRICULAR 
 E POLÍTICA EDUCACIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA ........ 1
TÓPICO 1 – FORMAÇÃO E PEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ............ 3
1 FORMAÇÃO PROFISSIONAL E REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO 
 FÍSICA (PRÁTICAS APLICADAS À EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR) ...... 3
2 PEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA (ASPECTOS PEDAGÓGICOS, 
 CIDADANIA E INCLUSÃO) ......................................................................... 10
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................. 12
AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 15
TÓPICO 2 – CULTURA DO MOVIMENTO, GÊNERO E EDUCAÇÃO 
 FÍSICA ........................................................................................ 17
1 CULTURA DO MOVIMENTO: AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DA 
 CULTURA CORPORAL ............................................................................... 17
2 PEDAGOGIA DO ESPORTE ....................................................................... 20
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................. 23
AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 25
TÓPICO 3 – ASPECTOS METODOLÓGICOS QUE ENVOLVEM A 
 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ............................................... 27
1 METODOLOGIA E CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .... 27
2 MÍDIAS ESPORTIVAS ................................................................................. 31
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................. 33
AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 35
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 39
UNIDADE 2 – MOTRICIDADE HUMANA/CORPOREIDADE (O 
 CONHECIMENTO SOBRE O CORPO HUMANO) .................. 43
TÓPICO 1 – LINGUAGEM CORPORAL NA ESCOLA .................................. 45
EDUCAÇÃO FÍSICA em foco
1 DANÇA, ATIVIDADE RÍTMICA E LINGUAGEM CORPORAL NA 
 ESCOLA ....................................................................................................... 45
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................. 51
AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 53
TÓPICO 2 – ASPECTOS DO JOGO, ESPORTE, GINÁSTICA E LUTA NA
 ESCOLA ..................................................................................... 57
1 DIMENSÕES DO ESPORTE E APLICAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA 
 ESCOLAR .................................................................................................... 57
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................. 66
AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 69
TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE ................................................. 73
1 EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE, APTIDÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO FÍSICA
 ESCOLAR .................................................................................................... 73
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................. 78
AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 80
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 85
UNIDADE 3 – A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E OS ASPECTOS
 CINESIOLÓGICOS, BIOMECÂNICOS, FISIOLÓGICOS ........ 89
TÓPICO 1 – APLICAÇÃO DA BIOLOGIA, ANATOMIA, CINESIOLOGIA E 
 BIOMECÂNICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ................................. 91
1 CONHECIMENTOS ANÁTOMO-BIOLÓGICOS, CINESIOLÓGICOS E
 BIOMECÂNICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .......... 91
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................. 98
AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 100
TÓPICO 2 – APLICAÇÃO DOS ASPECTOS FISIOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
 FÍSICA ........................................................................................ 103
1 CONHECIMENTOS FISIOLÓGICOS NECESSÁRIOS AO PROFESSOR 
 DE EDUCAÇÃO FÍSICA .............................................................................. 103
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................. 110
AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 112
Educação Física em foco
TÓPICO 3 – OBESIDADE INFANTIL E EDUCAÇÃO FÍSICA (ABORDAGEM 
 NA ESCOLA) ............................................................................. 117
1 DESENVOLVIMENTO MOTOR E A EDUCAÇÃO FÍSICA .......................... 117
2 OBESIDADE INFANTIL E EDUCAÇÃO FÍSICA (ABORDAGEM NA 
 ESCOLA) ..................................................................................................... 120
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................124
AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 125
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 131
Educação Física em foco
Educação Física em foco
1
UNIDADE 1
FORMAÇÃO PROFISSIONAL, PEDAGÓGICA, CURRICULAR E POLÍTICA 
EDUCACIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de:
• entender a importância e as características na formação do professor de 
Educação Física;
• entender a regulamentação da educação física em contexto histórico e da 
legislação nacional;
• entender os diferenciais do conteúdo pedagógicos da Educação Física em 
diferentes níveis educacionais, baseado nos PCN; 
• analisar os aspectos metodológicos que envolvem a Educação Física 
escolar.
PLANO DE ESTUDOS
 Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles, você 
encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos abordados.
TÓPICO 1 – FORMAÇÃO E PEDAGOGIA DA 
EDUCAÇÃO FÍSICA
TÓPICO 2 – CULTURA DO MOVIMENTO, 
GÊNERO E EDUCAÇÃO FÍSICA
TÓPICO 3 – ASPECTOS METODOLÓGICOS QUE 
ENVOLVEM A EDUCAÇÃO FÍSICA 
ESCOLAR
Educação Física em foco
2
Educação Física em foco
3
------ [ TÓPICO 1 – FORMAÇÃO E PEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ] ------
Nesta unidade, você estudará os conteúdos relacionados à formação 
do professor de Educação Física, desde sua formação pedagógica, sobre os 
conhecimentos curriculares e de política educacional. 
1 FORMAÇÃO PROFISSIONAL E REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA 
(PRÁTICAS APLICADAS À EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR)
Caro(a) acadêmico(a)! Você já parou para refletir sobre o que representa ser 
um professor de Educação Física? É sobre isso que conversaremos a partir de agora. 
Por volta da década de 80, associava-se à formação dos professores a 
profissionalização, somando conhecimento de base para o ensino (forma mais 
complexa de obter conhecimento sobre os estudantes, escola e contexto social, 
pois pode dificultar o discernimento de como este conhecimento é convertido 
adequadamente para atender às exigências da prática), com responsabilidade 
coletiva (RAMOS; GRAÇA; NASCIMENTO, 2008). 
Shulman (1987 apud RAMOS; GRAÇA; NASCIMENTO, 2008) aponta sete 
categorias que fazem parte do conhecimento de base para o ensino:
• conhecimento do conteúdo, o conhecimento pedagógico geral (princípios ou 
estratégias de gestão e organização de classe, úteis para ensinar o conteúdo);
• conhecimento curricular (conhecimento do professor para selecionar e organizar 
os programas, bem como os meios que dispõe para isso);
• conhecimento pedagógico do conteúdo (combinação especial entre conteúdo e 
pedagogia, típico do professor);
• conhecimento dos alunos e de suas características;
• conhecimento dos contextos educacionais (ambiente de trabalho, região e 
características culturais da comunidade);
• conhecimento dos fins educacionais (valores sociais, propósitos e bases 
filosóficas e históricas).
Educação Física em foco
4
Dentre todos esses conhecimentos, podemos argumentar que o 
conhecimento pedagógico do conteúdo tem certa singularidade frente aos demais 
e seria o mais provável para distinguir entre o conhecimento do conteúdo de um 
especialista de uma determinada área e o conhecimento de um professor nesta 
mesma área (RAMOS; GRAÇA; NASCIMENTO, 2008). 
Assim, perguntamo-nos qual é o conhecimento pedagógico do conteúdo 
voltado exclusivamente para o professor de Educação Física? 
Iniciamos esse assunto apontando que muitos alunos ingressam no curso 
de Educação Física com a concepção desta profissão sendo somente promotora 
de saúde apoiada em aspectos biológicos, treinamento de atletas, instrutora de 
exercícios físicos etc.; no entanto, ela deve ser compreendida em outras dimensões 
além da saúde, como culturais, sociais, lúdica e estética (FIGUEIREDO, 2004).
Segundo Pretto e Label (2015, p. 1), a partir da regulamentação da 
Educação Física, ocorreram transformações e exigências sociais, educacionais 
com o surgimento a cada ano de novas modalidades, novas formas de praticar 
o exercício físico, assim exigindo que a Educação Física escolar também entre 
nesse processo integrado na escola. 
Veja no quadro a seguir um resumo breve historicamente da perspectiva 
que a legislação federal tem sobre a profissão do professor de Educação Física, 
sua regulamentação, profissionalização e saberes.
QUADRO 1. A EDUCAÇÃO FÍSICA SOB A PERSPECTIVA DA LEGISLAÇÃO FEDERAL E OS 
SABERES DE CADA ÉPOCA
Anos Características 
1939 – A constituição do campo “Educação Física”
1824 e 1931
- Desenvolvimento dos exercícios físicos relacionados à 
preparação física, à defesa pessoal, aos jogos e esportes 
dentro do âmbito militar, médico e social.
1934
- O primeiro programa civil de um curso de Educação Física = o 
curso da Escola de Educação Física do Estado de São Paulo. 
Figura 1 = programa com conteúdos e saberes.
Educação Física em foco
5
1932 a 1945 (Era 
Vargas)
- Educação Física estruturou-se profissionalmente na luta pelo 
seu espaço na sociedade
Constituição de 
1937
- Na busca de legitimidade para a área e o reconhecimento 
social de seus profissionais a Educação Física tornou-se 
obrigatória nas escolas.
- Surgimento de um currículo mínimo para a graduação.
1939
- Decreto-lei nº 1.212, que criou a Escola Nacional de Educação 
Física e Desportos e estabeleceu as diretrizes para a formação 
profissional.
- Criação da Universidade do Brasil e a Escola Nacional de 
Educação Física e Desportos.
- Com exceção do curso para formar professores com duração de 
dois anos, os demais eram desenvolvidos no período de um ano. 
- Formação do professor é a de um técnico generalista, mas 
carregada no compromisso de ser um educador.
Figura 2 = programa com conteúdos e saberes.
1º de janeiro de 
1941
- Exigência para o exercício das funções de professor de 
Educação Física, nos estabelecimentos oficiais (federais, 
estaduais ou municipais) de Ensino Superior, secundário, 
normal e profissional, em toda a República, a apresentação de 
diploma de licenciado em Educação Física.
1945 – Revisão do currículo
1945, decreto-lei 
n. 8.270
- Segue a mesma sequência da proposta anterior de 1939, 
redimensionando-a em sua organização.
- A duração do curso de formação do professor passou de dois 
anos para três anos. 
Figura 3 = programa com conteúdos e saberes.
Educação Física em foco
6
1945 e 1968
- Pela Lei de Diretrizes e Bases – LDB – nº 4.024/61, a 
formação do professor passou a exigir um currículo mínimo 
e um núcleo de matérias que procurasse garantir formação 
cultural e profissional adequadas. 
 - Os cursos deveriam atender a um percentual de 1/8 da carga 
horária para a formação pedagógica, visando a fortalecer a 
formação do professor e fazer dele um educador.
- Em função dessa LDB, o Conselho Federal de Educação (CFE) 
apresentou os pareceres nº 292/62 e nº 627/69, estabelecendo 
os currículos mínimos dos cursos de licenciatura, sublinhando 
que “o que ensinar” preexiste ao “como ensinar” e estabelecer 
um núcleo de matérias pedagógicas.
1969 – Currículo mínimo e formação pedagógica
1969
- Parecer CFE nº 894/69 e a resolução CFE nº 69/69, os 
cursos de formação de professores passam a se restringir 
apenas aos cursos de Educação Física e técnico de desportos 
previsto para três anos de duração, com uma carga horária 
mínima de 1.800 horas-aula e redução das matérias básicas 
de fundamentação científica.
Figura 4 = programa com conteúdos e saberes.
Educação Física em foco
7
1987 – Licenciatura e bacharelado
1987
- Promulgação do parecer CFE nº 215/87 e da resolução CFE 
nº 03/87, criando o bacharelado em Educação Física.
- Os saberes anteriormente divididos entre as matérias básicas 
e profissionalizantes – localizadas dentro dos núcleos de 
fundamentação biológica, gímnico-desportivo e pedagógica 
– assumem uma nova configuração, tendo como fundamentoda distribuição dos saberes na estrutura curricular duas 
grandes áreas: Formação Geral – humanística e técnica – e 
aprofundamento de conhecimentos. 
- O curso passou das 1.800 horas-aula para 2.880 horas-aula, 
com prazo mínimo de quatro anos, tanto para o bacharelado 
quanto para a licenciatura, estabelecendo, assim, uma nova 
referência para a formação profissional.
Figura 5 = programa com conteúdos e saberes.
1996-1998
- Com as publicações da LDBEN nº 9.394/96, da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional e da Lei nº 9.696/98 
com a regulamentação profissional da Educação Física, 
observou-se um novo desenho curricular como um todo e um 
novo delineamento no campo da intervenção profissional da 
Educação Física, bem como da educação, marcados por um 
novo fenômeno, o “profissionalismo”.
FONTE: Adaptado de Souza Neto et al. (2004)
A seguir, veja as figuras que complementam os saberes apresentados no 
Quadro 1, relacionados aos programas desenvolvidos para a profissionalização da 
Educação Física.
Educação Física em foco
8
FIGURA 1: PROGRAMA DE SABERES DO CURSO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO 
DE SÃO PAULO DE 1934
FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 115)
FIGURA 2: PROGRAMA DE SABERES DO DECRETO-LEI Nº 1.212
FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 117)
Educação Física em foco
9
FIGURA 3: PROGRAMA DE SABERES DA PROPOSTA DE 1945
FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 118)
FIGURA 4: PROGRAMA DE SABERES DA PROPOSTA DE 1969
FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 118)
Educação Física em foco
10
FIGURA 5: PROGRAMA DE SABERES DA PROPOSTA DE 1987
FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 121)
Com toda essa construção de saberes ao longo do tempo, a Educação Física 
ganha legitimidade e passa ser importante dentro do contexto social, educacional, 
cultural. Na escola, a Educação Física precisa garantir que, de fato, as ações físicas 
e as noções lógico-matemáticas que a criança usará nas atividades escolares e fora 
da escola possam se estruturar adequadamente (PRETTO; LABEL, 2015). 
2 PEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA (ASPECTOS PEDAGÓGICOS, 
CIDADANIA E INCLUSÃO)
Vimos acima, acadêmico, as sete categorias que fazem parte do 
conhecimento de base para o ensino. Para o entendimento do conteúdo 
pedagógico, podemos diferenciá-los.
- o conhecimento da matéria apontando que ele se refere à 
quantidade e organização do conhecimento por si só na mente 
do professor; 
- o conhecimento curricular do conteúdo representa o conjunto 
de programas elaborados pelo professor sob um tema 
particular, considerando o nível dos alunos, bem como os 
meios disponíveis ao professor para o ensino da matéria; e 
- o conhecimento pedagógico do conteúdo como a forma 
de representação e transformação da matéria de ensino que 
Educação Física em foco
11
torna esta mesma matéria compreensível ao aluno, em outras 
palavras, é o conhecimento sobre como ensinar um conteúdo ou 
tópico a um grupo específico de estudantes em um específico 
contexto (RAMOS; GRAÇA; NASCIMENTO, 2008, p. 163).
Em 1997 foram lançados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) 
referentes aos 1º e 2º ciclos (1ª à 4ª séries do Ensino Fundamental) e, no ano 
de 1998, os relativos aos 3º e 4º ciclos (5ª à 8ª séries), incluindo um documento 
específico para a área da Educação Física e, em 1999, foram publicados os PCN 
do Ensino Médio (DARIDO et al., 2001). 
Assim, os PCN possuem a função de orientar e garantir a coerência das 
políticas de melhoria da qualidade de ensino, socializando discussões, pesquisas 
e recomendações, além de nortear a prática pedagógica do professor de Educação 
Física com um planejamento direcionado no Projeto Político-Pedagógico da escola, 
de maneira dinâmica e concreta (SOUSA; FÁVERO, 2010).
Segundo Darido et al. (2001), os PCN abriram espaços para a construção 
de uma escola comprometida com a cidadania e com a rejeição à exclusão, ao 
abordar na lei os princípios da educação, a garantia aos direitos e deveres da 
cidadania, a política da igualdade, a solidariedade e a ética da identidade. 
Os conteúdos dos PCN do Ensino Fundamental em Educação Física são 
divididos em três blocos, para melhor contextualização e aplicação no âmbito 
escolar (SOUSA; FÁVERO, 2010):
• esportes, jogos, lutas, ginásticas;
• atividades rítmicas e expressivas;
• conhecimentos sobre o corpo.
Os PCN trazem avanço nas dimensões do conteúdo para a 
profissão educação física, pois ultrapassam o ensinar esporte, 
ginástica, dança, jogos, atividades rítmicas, expressivas e 
conhecimento sobre o próprio corpo para todos, em seus 
fundamentos e técnicas (dimensão procedimental), mas inclui 
também os seus valores subjacentes, ou seja, quais atitudes os 
alunos devem ter nas e para as atividades corporais (dimensão 
atitudinal). E busca, assim, garantir o direito do aluno de 
saber porque ele está realizando este ou aquele movimento, 
isto é, quais conceitos estão ligados àqueles procedimentos 
(dimensão conceitual) (DARIDO et al., 2001, p. 21). 
Educação Física em foco
12
------ [ RESUMO DO TÓPICO 1 ] ------
Neste tópico, você viu que:
• Sete categorias fazem parte do conhecimento de base para o ensino, 
conhecimento do conteúdo, curricular, pedagógico do conteúdo, dos alunos e 
de suas características, dos contextos educacionais e dos fins educacionais.
• O conhecimento pedagógico do conteúdo é o mais singular frente aos demais. 
• O curso de formação do educador físico, além de ser promotora de saúde 
apoiada em aspectos biológicos, deve ser compreendido em outras dimensões, 
como culturais, sociais, lúdicas e estéticas.
• Com a regulamentação da Educação Física ocorreram transformações e 
exigências sociais, educacionais.
• Surgimento de novas formas de praticar exercício físico, exigindo que a 
Educação Física escolar também entre nesse processo, atuando como qualquer 
outra disciplina da escola, e não desintegrada dela. 
• Em 1934, desenvolvido o primeiro programa civil de um curso de Educação 
Física, o curso da Escola de Educação Física do Estado de São Paulo.
• Com a Constituição de 1937, a Educação Física tornou-se obrigatória nas 
escolas, bem como surgiu um currículo mínimo para a graduação.
• Em 1939, ocorreu a criação da Universidade do Brasil e a Escola Nacional de 
Educação Física e Desportos.
• Em 1941, entrou nos estabelecimentos oficiais (federais, estaduais ou 
municipais) de Ensino Superior, secundário, normal e profissional, em toda a 
República, a apresentação de diploma de licenciado em Educação Física como 
exigência para o exercício das funções de professor de Educação Física. 
Educação Física em foco
13
• Pela nova lei, a Lei de Diretrizes e Bases – LDB – nº 4.024/61, a formação 
do professor passou a ter um currículo mínimo e um núcleo de matérias que 
procurasse garantir formação cultural e profissional adequadas. E os cursos 
deveriam atender a um percentual de 1/8 da carga horária.
• Em 1969, o Parecer CFE nº 894/69 e a Resolução CFE nº 69/69 restringiram 
apenas aos cursos de Educação Física e técnico de desportos três anos de 
duração, com uma carga horária mínima de 1.800 horas-aula e redução das 
matérias básicas de fundamentação científica.
• Em 1987, foi criado o bacharelado em Educação Física. Com os saberes 
divididos entre as matérias básicas e profissionalizantes, divididos em uma nova 
configuração, tendo como fundamento dos saberes na estrutura curricular duas 
grandes áreas: formação geral – humanística e técnica – e aprofundamento de 
conhecimentos. 
• O curso passou das 1.800 horas-aula para 2.880 horas-aula, com prazo 
mínimo de quatro anos, tanto para o bacharelado quanto para a licenciatura, 
estabelecendo, assim, uma nova referência para a formação profissional.
• Com toda essa construção de saberes ao longo do tempo, a Educação 
Física ganha legitimidade e passa a ser importante dentro do contexto social, 
educacional, cultural.
• O conhecimento pedagógico do conteúdo seria como a forma de representação 
e transformação da matéria de ensino que torna esta mesmamatéria 
compreensível ao aluno.
• O conhecimento pedagógico do conteúdo seria o conhecimento sobre como 
ensinar um conteúdo ou tópico a um grupo específico de estudantes em um 
específico contexto.
• Em 1999, a Educação Física foi incluída pelos Parâmetros Curriculares 
Nacionais (PCN).
Educação Física em foco
14
• Os PCN abriram espaços para a construção de uma escola comprometida com 
a cidadania e com a rejeição à exclusão.
• Os PCN abordaram na lei os princípios da educação, a garantia aos direitos 
e deveres da cidadania, a política da igualdade, a solidariedade e a ética da 
identidade.
• A educação é dividida em três blocos nos PCN, para melhor contextualização 
e aplicação no âmbito escolar (esportes, jogos, lutas, ginásticas, atividades 
rítmicas e expressivas e conhecimentos sobre o corpo).
• Os PCN buscam incorporar a dimensão procedimental, atitudinal e conceitual. 
Educação Física em foco
15
AUT
OAT
IVID
ADE �
Questão 1: QUESTÃO 11 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://
portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016.
A escola comum se torna inclusiva quando reconhece as diferenças dos 
alunos diante do processo educativo e busca a participação e o progresso 
de todos, adotando novas práticas pedagógicas. Não é fácil e imediata a 
adoção dessas novas práticas, pois ela depende de mudanças que vão além 
da escola e da sala de aula. Para que essa escola possa se concretizar, 
é patente a necessidade de atualização e desenvolvimento de novos 
conceitos, assim como a redefinição e a aplicação de alternativas e práticas 
pedagógicas e a educacionais compatíveis com a inclusão. 
Avalie as propostas a seguir, feitas por professores de Educação Física, 
para um projeto de inclusão escolar e indique quais estão em consonância 
com o texto. 
I. Um torneio esportivo com equipes formadas apenas por estudantes com 
deficiências, para que os demais alunos possam assistir aos jogos e aprender 
a conhecer e a lidar com as pessoas com deficiência, contemplando ainda 
a participação de gestores da escola, funcionários, pais e professores que 
trabalharão na organização do evento. 
II. Uma gincana com jogos motores com a participação de várias equipes 
compostas e mescladas por alunos com deficiências, alunos do Ensino 
Fundamental e Médio, gestores da escola, professores, funcionários e a 
comunidade local.
III. Atividades em equipes (membros dos vários segmentos da comunidade 
escolar e alunos com deficiência), com o objetivo de verificar se a escola e 
Educação Física em foco
16
o ambiente de seu entorno possuem barreiras arquitetônicas que dificultam 
a locomoção dos alunos com deficiência física na escola e a sua inserção e 
interação nas atividades motoras espontâneas de pátio. 
É correto o que se afirma em:
( ) A = I, apenas.
( ) B = II, apenas.
( ) C = I e III, apenas.
( ) D = II e III, apenas.
( ) E = I, II e III.
Gabarito
Questão 1 – Letra D.
Educação Física em foco
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------ [ TÓPICO 2 – CULTURA DO MOVIMENTO E PEDAGOGIA ] ------
DO ESPORTE
Especialmente, neste tópico, você entenderá que a definição de cultura, 
entendida como um produto da coletividade, está relacionada diretamente à cultura 
do movimento. Também abordaremos a questão de gênero e sua relação com a 
Educação Física.
1 CULTURA DO MOVIMENTO: AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DA 
CULTURA CORPORAL
Iniciemos esse tópico, caro(a) acadêmico(a), levantando alguns 
questionamentos sobre o que é educação “corporal” e porque ela deve ser 
entendida pelo professor de Educação Física que atua principalmente nas escolas. 
Começaremos entendendo que cultura, segundo os PCN (BRASIL, 1997, 
p. 23), é “um produto da sociedade, da coletividade à qual os indivíduos pertencem, 
ou seja, um conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis pelo grupo”. E a relação 
com a educação física, segundo os PCN (BRASIL, 1997, p. 23): 
Assim, a área de Educação Física hoje contempla múltiplos 
conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a 
respeito do corpo e do movimento. Entre eles, se consideram 
fundamentais as atividades culturais de movimento com 
finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e 
emoções, e com possibilidades de promoção, recuperação 
e manutenção da saúde. Trata-se, então, de localizar em 
cada uma dessas manifestações (jogo, esporte, dança, 
ginástica e luta) seus benefícios fisiológicos e psicológicos 
e suas possibilidades de utilização como instrumentos de 
comunicação, expressão, lazer e cultura, e formular a partir daí 
as propostas para a Educação Física escolar.
Educação Física em foco
18
FIGURA 6: PRODUÇÕES DA CULTURA CORPORAL, INCORPORADAS PELA 
EDUCAÇÃO FÍSICA
FONTE: BRASIL (1997, p. 24)
Observamos, caro(a) acadêmico(a), que as produções da cultura corporal 
relatadas acima na Figura 6 tem em comum a representação corporal, com 
características lúdicas, de diversas culturas humanas (BRASIL, 1997, p. 24).
Daolio (1996) observa que se a Educação Física trata da cultura de 
movimento, temos que fazer com que na escola, tanto no 1º quanto no 2º grau, ela 
deva ser feita nos mesmos moldes das outras disciplinas escolares, partindo do 
conhecimento corporal popular e das suas variadas formas de expressão cultural, 
almejando que o aluno possua um conhecimento organizado, crítico e autônomo a 
respeito da chamada cultura humana de movimento.
Daolio (1996) faz uma análise da Educação Física na escola, apontando 
que geralmente sua prática valoriza a Educação Física biológica e universalizante, 
excluindo muitos alunos. O autor vai além, propondo uma nova aula focando na 
Educação Física Plural, cuja condição mínima e primeira é que as aulas atinjam 
todos os alunos, sem discriminação dos menos hábeis, ou das meninas, ou dos 
gordinhos, dos baixinhos, dos mais lentos, partindo do pressuposto que os alunos 
são diferentes, recusando o binômio igualdade/desigualdade para compará-los. 
Educação Física em foco
19
QUADRO 2. PROPOSTA DE CONTEÚDOS BASEADO NA EDUCAÇÃO FÍSICA PLURAL
Anos Características 
Objetivo dessa Educação Física = abarcar todas as formas da chamada cultura 
corporal – jogos, esportes, danças, ginásticas e lutas – e, ao mesmo tempo, abranger 
todos os alunos.
Nos anos iniciais 
- conhecimento a respeito da cultura corporal, desenvolvido 
prioritariamente, de forma vivencial.
- ampla gama de oportunidades motoras.
- explorar a capacidade de movimentação, descubra novas 
expressões corporais, domine seu corpo em várias situações, 
experimente
ações motoras com novos implementos, com ritmos variados.
Nos anos iniciais 
e finais
- enfatizar o desenvolvimento e a reconstrução das técnicas 
esportivas,
ginásticas ou de dança, considerando-se diversos níveis de 
relação.
- não se trata de ensinar a técnica tida como correta, mas de 
propiciar aos alunos o desenvolvimento de uma série de relações 
com o espaço.
Nos anos finais e 
ensino Médio.
- partindo da capacidade cognitiva que os alunos possuem, que 
permite a eles pensar de forma abstrata, é possível ampliar os 
objetivos da Educação Física. 
- trabalhar com a cultura corporal não só no sentido de 
vivenciá-la, mas também compreendendo-a, criticando-a e 
transformando-a.
FONTE: Adaptado de Daolio (1996, p. 41-42)
Acadêmico(a)! Ao ler o quadro acima (Quadro 2), consegue-se visualizar 
“Por que a proposta da Educação Física Plural se torna uma alternativa importante 
de valorização da cultura do movimento para as aulas de Educação Física?” 
Vejamos a resposta:
Propor uma Educação Física Plural significa fazer com que 
esta prática seja democrática, colocando seus serviços 
Educação Física em foco
20
à disposição de todos os alunos. Para isso, é necessário 
considerar as individualidades dos alunos, expressas nas 
diferenças apresentadas por eles. Uma Educação Física 
Plural tentará considerar, num sentido mais amplo, o contexto 
sociocultural onde ela se dá, e num sentido mais específico, as 
diferenças existentes entre os alunos. Uma EducaçãoFísica 
Plural permitirá fazer das diferenças entre os alunos, condição 
de sua igualdade, ao invés de ser critério para justificar 
preconceitos que levam à subjugação de uns sobre outros. Só 
assim, será garantido o direito de todos e de cada um à prática 
de Educação Física na escola (DALIO, 1995, p. 136).
[...] jogos, brincadeiras e brinquedos populares são parte da 
cultura, habitualmente transmitidos de geração para geração, 
por meio da oralidade. Muitos desses brinquedos e brincadeiras 
preservam sua estrutura inicial; outros se modificam, recebendo 
novos conteúdos. No entanto, observa-se, cada vez mais, que 
o contato das crianças com jogos, brinquedos e brincadeiras 
tradicionais vem perdendo espaço, possivelmente como 
consequência dos processos de urbanização e de produção/
consumo de equipamentos de alta tecnologia (videogames, 
computadores, televisores e brinquedos de controle remoto) 
(GONÇALVES JUNIOR, 2004, p. 133).
Portanto, vimos que a Educação Física que leva em conta a pluralidade 
seria uma excelente alternativa de trabalho a ser desenvolvido, pois engloba todos 
os princípios propostos pelos PCN, tais como inclusão, autonomia, cooperação e 
diversificação. 
2 PEDAGOGIA DO ESPORTE
O que seria pedagogia do esporte? Que relação existe entre a pedagogia 
e o esporte voltado à Educação Física escolar? O conteúdo a seguir responderá 
a estas perguntas, caro(a) acadêmico(a), levando-o ao entendimento que ao 
trabalharmos no ambiente escolar devemos ter em mente não somente a técnica, 
mas a forma como ela é construída.
Para Bento (2006, p. 14), “a pedagogia objetiva entender o conhecimento 
historicamente produzido pelo sujeito, ao longo de sua existência e, assim, se 
Educação Física em foco
21
interessa pelas práticas esportivas corporais, pois o esporte é um fenômeno social”. 
Atualmente, essa área de conhecimento chamada de pedagogia do 
esporte objetiva contribuir com propostas relacionadas ao processo de ensino e 
aprendizagem de modalidades esportivas, ou seja, com métodos e estratégias 
de ensino que favoreçam uma aplicação apropriada do esporte dentro e fora do 
ambiente escolar (BARROSO; DARIDO, 2009).
Para Reverdito, Scaglia e Paes (2009, p. 603), devemos ter claro que 
toda essa prática pedagógica se apoia além dos princípios pedagógicos com a 
diversidade,
do ensinar esportes a todos, ensinar esporte bem a todos, ensinar 
mais que esportes e ensinar a gostar de esportes, pautando-
se no aprendizado do jogo por meio do jogo jogado, sendo o 
ensino orientado para compreensão do jogo, com o objetivo do 
desenvolvimento da capacidade tática (cognitiva) em direção 
à especificidade técnica (motora específica), privilegiando 
situações de jogos e brincadeiras populares da cultura infantil, 
metodicamente orientados pelo jogo-trabalho. Os autores 
apoiam-se nos fundamentos das abordagens interacionista e 
do pensamento sistêmico-complexo, para as bases da teoria 
do jogo, privilegiando o aprendizado na interação entre a 
capacidade de aprender e das diferentes produções culturais já 
existentes, sendo o jogo principal ambiente dessa interação.
Para ser abordado na escola, o esporte, como um conteúdo tradicional 
da Educação Física, precisa receber um tratamento pedagógico adequado, não 
somente ensinando movimentos e gestos técnicos específicos, mas proporcionando 
um conhecimento específico, para que ele saiba analisar o porquê da realização 
de tais movimentos, como também possa atribuir valores e ter atitudes apropriadas 
para e nas diversas práticas esportivas (BARROSO; DARIDO, 2009).
Ao abordarmos a Educação Física enquanto pedagogia do esporte, 
devemos ter em mente a importância de valorizar o indivíduo em sua totalidade, 
proporcionando estímulos físicos, cognitivos, afetivos e sociais, estimulando as 
inteligências múltiplas com destaque a autoestima, autoconfiança, iniciativa, 
autonomia e cooperação (GALATTI, PAES, 2006).
Educação Física em foco
22
Princípios Características 
Primeiro Conjunto 
de Princípios
- Futebol entendido como processo de ensino e aprendizagem 
para todos.
- Competição e disputa vistas como conteúdos de uma ação 
pedagógica.
- A não cobrança de resultados e a não preocupação com a 
formação de equipes, como fator relevante para uma escolinha 
de futebol.
 - Gerar uma organização para que o aluno pegue mais vezes 
na bola, ou seja, tenha muito contato com a bola durante a aula, 
portanto, evitando-se grandes filas.
 - Possibilitar oportunidades para que eles saibam se auto-
organizarem, se preciso for até que eles aprendam a votar, para 
tomadas de decisões democráticas.
 - Estimular a construção de regras, para que os alunos sejam 
regidos por suas próprias regras. 
Segundo Conjunto 
de Princípios
- Divisão das turmas através de uma adequação etária.
- Desenvolvimento harmônico e global das crianças, atentando-
se sempre aos seus aspectos cognitivos, afetivos (sociais), 
sensitivos e motores.
- Variações mais complexas da brincadeira, estimulando o 
aumento da complexidade dos movimentos destas. 
 - Nunca realizar atividades que se resumem na prática pela 
prática, através de conversas e explicações situar o aluno no 
contexto em que a atividade é executada. 
Terceiro Conjunto 
de Princípios
- Resgatar a cultura infantil, adaptando brincadeiras infantis, 
adequando-as à aprendizagem do futebol. 
- Liberdade no transcorrer do processo de ensino-aprendizagem 
do futebol.
- Levar em conta o que a criança traz com ela, suas 
características, sua
bagagem motora e cultural.
 - Aproveitar o conhecimento do aluno, que deve aprender, 
avançar a partir do que já sabe.
QUADRO 3. EXEMPLO DE UMA ESCOLINHA DE FUTEBOL BASEADO NA PEDAGOGIA DO ESPORTE
FONTE: Adaptado de SCAGLIA (1996)
Educação Física em foco
23
------ [ RESUMO DO TÓPICO 2 ] ------
Neste tópico, você viu que:
• Cultura definida pelos PCN como um produto da sociedade.
• Produções da cultura corporal, incorporadas pela Educação Física (jogo, 
esporte, dança, ginástica e luta).
• A Educação Física, quando trata da cultura de movimento, deve partir do 
conhecimento corporal popular e das suas variadas formas de expressão 
cultural. 
• O professor de Educação Física na escola deve resgatar o conhecimento que o 
aluno possui a respeito da chamada cultura humana de movimento.
• O professor de Educação Física na escola não deve apenas levar em conta sua 
prática biológica e universalizante, excluindo muitos alunos. 
• O professor de Educação Física deve propor uma nova aula focando na 
Educação Física Plural, cuja condição mínima e primeira é que as aulas atinjam 
todos os alunos, sem discriminação dos menos hábeis, ou das meninas, ou 
dos gordinhos, dos baixinhos, dos mais lentos, partindo do pressuposto que 
os alunos são diferentes, recusando o binômio igualdade/desigualdade para 
compará-los. 
• A Educação Física que leva em conta a pluralidade seria uma excelente alternativa 
ao professor de Educação Física, pois engloba todos os princípios propostos 
pelos PCN, tais como inclusão, autonomia, cooperação e diversificação. 
• A pedagogia se interessa pelo esporte, por este ser um fenômeno social. 
• A pedagogia do esporte objetiva contribuir com propostas relacionadas ao 
processo de ensino e aprendizagem de modalidades esportivas. 
Educação Física em foco
24
• A pedagogia do esporte utiliza métodos e estratégias de ensino que favoreçam 
uma aplicação apropriada do esporte dentro e fora do ambiente escolar. 
• Na escola, o esporte, como um conteúdo tradicional da Educação Física, 
precisa receber um tratamento pedagógico adequado, não somente ensinando 
movimentos e gestos técnicos específicos, mas proporcionando um conhecimento 
específico.
• O professor de Educação Física deve mostrar ao aluno o motivo da realização de 
tais movimentos, como também pode atribuir valores e ter atitudes apropriadas 
para e nas diversas práticas esportivas.
Educação Física em foco
25
AUT
OAT
IVID
ADE �
Questão 1: QUESTÃO 18 do ENADE (2014).FONTE: Disponível em: <http://
portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016.
O jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta, enquanto componentes 
culturais da Educação Física, têm como características comuns a ludicidade e 
a função educativa, nas quais cada manifestação corporal vivida no interior da 
escola possibilita a formação e o desenvolvimento humano em sua totalidade. 
Assim, a Educação Física contempla conhecimentos produzidos e usufruídos 
pela sociedade a respeito do corpo e do movimento, com finalidade de lazer, 
manutenção da saúde, expressão da afetividade e da cidadania. 
Com base no texto, e considerando o papel do professor ao planejar, 
participar e avaliar projetos pedagógicos, educacionais e da gestão escolar, 
avalie as afirmações a seguir.
 
I. Deve-se valorizar a rotina da aula e a improvisação, o que estimulará 
a renovação do conhecimento, que deve ser diariamente produzido pelo 
professor e seus alunos.
II. É recomendável que o aluno desenvolva sua bagagem cultural através 
de jogos e brincadeiras, considerando sua criatividade e seu poder de 
imaginação. 
III. É preciso considerar o espaço físico onde as brincadeiras devem ser 
realizadas, pois este deve transmitir a sensação de conforto, de segurança 
e de confiança.
IV. É importante promover a formação integral dos alunos, visando às 
finalidades educacionais, com a intenção de proporcionar o bem-estar e o 
Educação Física em foco
26
desenvolvimento corporal em suas diferentes dimensões. 
É correto apenas o que se afirma em:
( ) A= I e II.
( ) B = I e III.
( ) C= III e IV.
( ) D = I, II e IV.
( ) E = II, III, IV.
Gabarito
Questão 1 – Letra E.
Educação Física em foco
27
------ [ TÓPICO 3 – ASPECTOS METODOLÓGICOS QUE ENVOLVEM ] ------
A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Neste tópico, você entenderá os aspectos metodológicos que envolvem 
a Educação Física e a importância atualmente das mídias esportivas, tanto no 
esporte de rendimento quanto na aplicação no âmbito escolar.
1 METODOLOGIA E CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Todos os aspectos metodológicos que envolvem a Educação Física são 
as mesmas substancialmente das demais áreas do conhecimento e devem ter 
como meta a busca constante de estratégia metodológica que possa dar conta das 
novas necessidades (OLIVEIRA, 1997).
Hoje, a Educação Física conta com várias propostas metodológicas de 
destaque. No entanto, para o presente estudo destacamos: metodologia do ensino 
aberta; metodologia crítico-superadora; metodologia construtivista e metodologia 
crítico-emancipadora (OLIVEIRA, 1997, p. 23). 
Para que seja efetivo o ensino, deve-se sempre buscar a realidade do 
educando para ensinar fatos, pessoas e objetos que os alunos conhecem na sua 
vida diária e sobre os quais manifestam interesse e curiosidade para ampliar seus 
conhecimentos, sendo que para isso o professor pode utilizar várias metodologias 
que utilizam essas estratégias (SHIGUNOV, 2008). Veja algumas caraterísticas 
no quadro a seguir, destas metodologias que você, professor de Educação Física, 
pode optar em usar em suas aulas: 
QUADRO 4. ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DAS METODOLOGIAS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO 
FÍSICA
Características 
1 – METODOLOGIA DO ENSINO ABERTO 
Idealizadores da 
proposta
- Reiner Hildebrandt e Ralf Laging da Alemanha (1986) e Cardoso 
et al. (1991) – Grupo de Trabalho Pedagógico), UFPe e UFSM, 
do Brasil. 
Educação Física em foco
28
Referencial 
teórico
- Teoria Sociológica do Interacionismo Simbólico (Mead/Blumer) e 
Teoria Libertadora (Paulo Freire).
Tendência 
educacional
Progressista crítica.
Objeto de estudo O mundo do movimento e suas implicações sociais.
Objetivos gerais
Trabalhar o mundo do movimento em sua amplitude e 
complexidade com a intenção de proporcionar, autonomia para as 
capacidades de ação.
Seriação escolar Pode ser trabalhada dentro da atual estrutura curricular escolar.
Conteúdos 
básicos
O mundo do movimento e suas relações com os outros e as 
coisas.
os conteúdos são construídos através de temas geradores.
Enfoque 
metodológico
- Ações problematizadoras.
- Ações metodológicas organizadas para aumento no nível de 
complexidade dos temas tratados e realiza-se em uma ação 
participativa, em que professor e alunos interagem na resolução 
de problemas e no estabelecimento de temas geradores; o 
ensino aberto exprime-se pela “subjetividade” dos participantes.
Avaliação Privilegia a avaliação do processo ensino-aprendizagem.
2 - METODOLOGIA CRÍTICO-SUPERADORA
Idealizadores da 
proposta
- Valter Bracht et al. (1992).
- Coletivo de autores.
Referencial 
Teórico
Teoria do materialismo histórico-dialético.
Tendência 
Educacional
Progressista crítica.
Objeto de estudo
 - Temas inerentes à cultura corporal do homem e da mulher 
brasileiros, entendendo-a como uma dimensão da cultura.
Busca desenvolver a apreensão, por parte do aluno, da cultura 
corporal, como parte constitutiva da sua realidade social 
complexa.
Educação Física em foco
29
Objetivos gerais
Desenvolver a apreensão, por parte do aluno, da sua cultura 
corporal, entendendo-a como parte constitutiva da sua realidade 
social complexa.
Seriação escolar
– Pré e anos iniciais – organização da identificação dos dados da 
realidade.
– anos iniciais – iniciação à sistematização do conhecimento;
– anos finais – aplicação da sistematização do conhecimento;
– Ensino Médio – aprofundamento da sistematização do 
conhecimento.
Conteúdos 
básicos
- Temas que, historicamente, compõem a cultura corporal 
brasileiro, tais como o jogo, a ginástica, a dança e os esportes.
Enfoque 
metodológico
- Práticas constitutivas da cultura corporal como “práticas 
sociais”, produzidas pela ação (trabalho) humana com vistas a 
atender a determinadas necessidades sociais.
Avaliação - Privilegia a avaliação do processo ensino-aprendizagem.
3 – METODOLOGIA CONSTRUTIVISTA
idealizadores da 
proposta
João Batista Freire – na Educação Física – (1989).
Referencial 
Teórico
Piaget, especialmente com as obras “O nascimento da 
inteligência na criança” e “O possível e o necessário, fazer e 
compreender”.
Tendência 
Educacional
Construtivista (com tendência ao socioconstrutivismo).
Objeto de estudo Motricidade humana.
Objetivos gerais Ensinar as pessoas a se saberem corpo.
Seriação escolar
Adaptada ao currículo atual, mas aponta para alterações no 
currículo, inclusive na seriação.
Conteúdos 
básicos
Educação dos sentidos, com a educação da motricidade, com a 
educação do símbolo.
Enfoque 
metodológico
A partir do que o sujeito sabe sugerir mudanças no conteúdo, 
criando o conflito entre o que se sabe e o que é preciso ser 
aprendido. Do conflito vem a consciência do fazer.
Avaliação -
Educação Física em foco
30
4 - METODOLOGIA CRÍTICO-EMANCIPADORA
Idealizadores da 
proposta
Elenor Kunz (1994).
Referencial 
Teórico
Teoria sociológica da razão comunicativa (Habermas).
Tendência 
Educacional
Progressista crítica.
Objeto de estudo Movimento humano – esporte e suas transformações sociais.
Objetivos gerais
Conhecer e aplicar o movimento conscientemente, libertando-se 
de estruturas coercitivas; refuncionalizar o movimento.
Seriação escolar -
Conteúdos 
básicos
O movimento humano através do esporte, da dança e das 
atividades Lúdicas.
Enfoque 
metodológico
Categorias de ação: trabalho, interação e linguagem.
Avaliação Processo ensino-aprendizagem.
FONTE: Adaptado de Oliveira (1997)
Devemos ter em mente que, para as metodologias expostas no quadro 
acima, para funcionarem, elas devem facilitar a aprendizagem do aluno, apresentar 
o conteúdo, atingir os objetivos propostos, mesmo com os estilos de atuação 
diferenciados, levando em conta a ação, a forma de comunicação do professor em 
contato com os alunos (SHIGUNOV, 2008).
[a comunicação no ensino] mediante a comunicação que se 
estabelece em todo o processo de ensino, o aluno adquire uma 
determinada informação. Esta informação, que é fornecida em 
função de umdesenvolvimento ótimo de habilidades nos níveis 
cognitivo, afetivo e motor, tem que servir para ajudar o indivíduo 
a tomar as decisões corretas sobre seu movimento corporal e 
os mecanismos cognitivos corretos para a realização eficiente 
de uma tarefa (SHIGUNOV, 2008, p. 42). 
Educação Física em foco
31
2 MÍDIAS ESPORTIVAS
Kellner (2003, p. 5) aponta que atualmente a indústria cultural possibilitou 
a multiplicação dos espetáculos por meio de novos espaços e sites, e o próprio 
espetáculo está se tornando um dos princípios organizacionais da economia, da 
política, da sociedade e da vida cotidiana, incluindo o esporte. A economia baseada 
na internet permite que o espetáculo seja um meio de divulgação, reprodução, 
circulação e venda de mercadorias. 
A cultura da mídia promove espetáculos tecnologicamente 
ainda mais sofisticados para atender às expectativas do público 
e aumentar seu poder e lucro, em que novas multimídias – 
que sintetizam as formas de rádio, filme, noticiário de TV e 
entretenimento – e o crescimento repentino do domínio do 
ciberespaço se tornam espetáculos de tecnocultura, gerando 
múltiplos sites de informação e entretenimento, ao mesmo 
tempo em que intensificam a forma-espetáculo da cultura da 
mídia (KELLNER, 2003, p. 5). 
O avanço do uso das novas mídias nos últimos anos, além de aumentar 
os setores de aplicação e o espectro daqueles que podem interagir no mundo 
virtual, possibilitou a criação de um espaço de expressão de ideias e concepções, 
para muitos que antes não tinham qualquer relação com a mídia informativa formal 
(jornais, revistas, televisão etc.) (REBUSTINI et al., 2012). 
Os fatos esportivos são usados diariamente pelas mídias impressa, 
televisiva, radiofônica e virtual que se apropria (mobiliza estratégias simbólicas 
singulares) da cena discursiva do fato para produzir sentidos (agendas) (BORELLI, 
2001). O mesmo autor, caro(a) acadêmico(a), faz uma análise da representação 
da mídia nos eventos esportivos, a saber:
Os eventos esportivos, como movimentos sociais, não se 
limitam apenas a representar uma competição, pois refletem 
também características culturais, econômicas, sociais, políticas, 
étnicas, religiosas etc. Assim, tomam-se os acontecimentos 
esportivos como fatos complexos, que trazem um conjunto de 
dimensões das relações interculturais, em que os atores sociais 
não são apenas os competidores, mas a plateia, os dirigentes, 
os mídias, os patrocinadores, os diretores esportivos etc. 
(BORELLI, 2001, p. 3).
Educação Física em foco
32
Atualmente, a televisão vem se “naturalizando” como um membro das 
famílias brasileiras e é um dos mais importantes e poderosos meios de produção 
midiática e veiculação de informações (KENSKI, 1995).
Expresso especialmente pela televisão, o esporte apresenta-se como um 
dos principais elementos da cultura marcado pelo processo de espetacularização 
midiática, por gerar um mercado “de milhões”, a compreensão do esporte na 
atualidade precisa considerar a sua mediatização pela televisão, ou seja, este meio 
de comunicação de massa não pode ser considerado instância externa à cultura 
esportiva, mas parte integrante que concorre para a instauração de uma nova 
percepção e prática desse elemento da cultura de movimento (LISBÔA, 2007).
Temos que deixar claro que, nesse contexto, o professor de Educação 
Física deve ter conteúdo de cultura midiática, através da problematização do 
esporte da mídia nas aulas de Educação Física.
Lisbôa (2007, p. 2) aponta a importância desses conhecimentos trazidos 
pelas crianças: 
Acreditando na capacidade transformadora e produtora de 
conhecimentos por parte das crianças, que não apenas 
recebem estas informações da televisão passivamente, mas 
também são capazes de ressignificá-las à luz de suas “múltiplas 
mediações”, surge a necessidade de se estabelecer um nexo 
entre as representações sociais produzidas pela mídia/TV, e 
aquelas que efetivamente se constituem em sua cultura lúdica. 
Desta forma, sabendo que existem milhares de crianças 
na escola com uma bagagem da televivência esportiva, o 
professor deve explorar esse conhecimento. 
Educação Física em foco
33
------ [ RESUMO DO TÓPICO 3 ] ------
Neste tópico, você viu que:
• Os aspectos metodológicos das demais áreas do conhecimento são as mesmas 
que envolvem a Educação Física.
• A Educação Física conta com várias propostas metodológicas de destaque, que 
vão desde metodologias tradicionais, como metodologias que apoiam na cultura 
do movimento. 
• As metodologias não tradicionais são: metodologia do ensino aberta; 
metodologia crítico-superadora; metodologia construtivista e metodologia 
crítico-emancipadora.
• Para que seja efetivo o ensino, deve-se sempre buscar a realidade do educando 
para ensinar fatos, pessoas e objetos que os alunos conhecem na sua vida diária.
• A indústria cultural possibilitou a multiplicação dos espetáculos por meio de 
novos espaços e sites.
• O esporte virou espetáculo.
• A indústria cultura e mídia tornou-se um dos princípios organizacionais da 
economia, da política, da sociedade e da vida cotidiana.
• A economia baseada na internet permite que o espetáculo seja um meio de 
divulgação, reprodução, circulação e venda de mercadorias. 
• A cultura da mídia promove espetáculos tecnologicamente sofisticados para 
atender às expectativas do público e aumentar seu poder e lucro.
• Os fatos esportivos são usados diariamente pelas mídias impressa, televisiva, 
radiofônica e virtual que se apropria (mobiliza estratégias simbólicas singulares) 
da cena discursiva do fato para produzir sentidos (agendas).
Educação Física em foco
34
• A televisão é um dos mais importantes e poderosos meios de produção midiática 
e veiculação de informações.
• Expresso especialmente pela televisão, o esporte apresenta-se como um dos 
principais elementos da cultura marcado pelo processo de espetacularização 
midiática.
• O esporte gera um mercado “de milhões”, como parte integrante que concorre 
para a instauração de uma nova percepção e prática desse elemento da cultura 
de movimento.
• A Educação Física deve se apropriar desse conhecimento de televivência das 
crianças e explorá-lo nas aulas. 
Educação Física em foco
35
AUT
OAT
IVID
ADE �
Questão 1: QUESTÃO 15 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://
portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016.
É preciso considerar que as mídias privilegiam a forma do espetáculo e 
do entretenimento, quase sempre distante das preocupações educativas-
escolares. O que as mídias proporcionam é um grande mosaico sem 
estrutura lógica aparente, composto de informações desconexas, em geral 
descontextualizadas e recebidas individualmente, sem instaurar, portanto, 
um verdadeiro processo de comunicação. 
Em uma escola, o Projeto Político-Pedagógico (PPP) prevê a discussão 
da questão étnico-racial em todas as disciplinas curriculares. Para atender 
a esse PPP, o professor de Educação Física escolar pediu que os alunos 
prestassem atenção ao que os comentaristas de jogos de futebol falam 
sobre os jogadores, com atenção a possíveis comentários que diferenciam 
jogadores brancos, negros ou de origem asiática. 
Avalie as afirmações a seguir, que descrevem as atividades que podem ser 
desenvolvidas em sala de aula com base nos relatos da pesquisa realizada 
pelos estudantes.
I. Mediação entre o discurso televisivo e os discursos presentes em 
outros tipos de mídia, demonstrando como informações tendenciosas e 
preconceitos étnicos-raciais estão enraizadas na sociedade e podem ocorrer 
em situações de jogo nas aulas de Educação Física. 
II. Mediação entre o discurso midiático e os objetivos da Educação Física 
escolar, discutindo situações em que se evidenciaram informações 
tendenciosas e preconceitos em relação às diferentes identidades.
Educação Física em foco
36
III. Discussão e reflexão sobre questões étnico-raciais, frequentemente 
presentes em redes sociais, apesar de não estarem previstasnas diretrizes 
curriculares nacionais da Educação Básica. 
É correto o que se afirma em:
( ) A = I, apenas.
( ) B = III, apenas.
( ) C = I e II, apenas.
( ) D = II e III, apenas.
( ) E = I, II e III.
Questão 2: QUESTÃO 24 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://
portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016.
Tendo em vista a Educação Física que se renova, recria e aprimora seus 
conceitos, conteúdos e didáticas, sugerem-se algumas reflexões sobre 
propostas contemporâneas e as práticas que vemos constantemente nas 
ruas. Por que não levá-las para a escola? Por que não perguntar e conversar 
com as crianças? Talvez, muitas queiram novas modalidades dentro do 
âmbito escolar. Às vezes, as crianças já praticam tais atividades nos 
momentos livres e recreativos, porém se não olharmos para o ser humano 
em plena formação, talvez algumas desistam no meio do caminho, por não 
se desenvolverem, nem melhorarem em tais práticas. 
O trecho sugere que existe uma integração entre os conteúdos escolares 
e a vida do ser humano fora da escola. De acordo com essas reflexões, 
conclui-se que:
( ) a - conversas com as crianças a respeito de seus momentos livres 
garantem que o professor consiga inserir corretamente os saberes 
construídos nas ruas nos conteúdos de suas aulas.
( ) b - saberes construídos nas ruas são os que agradam aos alunos e, 
por isso, são conteúdos escolares de caráter atitudinal essenciais para o 
desenvolvimento social de crianças e adolescentes. 
Educação Física em foco
37
( ) c - saberes construídos nas ruas são conteúdos escolares que podem 
promover o desenvolvimento integral dos alunos e que lhes ensinam mais 
possibilidades para usufruir dos momentos de lazer. 
( ) d - práticas que as crianças realizam nos momentos livres precisam 
ser bem analisadas antes de se tornarem conteúdos escolares, de forma a 
privilegiar aquelas que todos conheçam. 
( ) e - práticas que as crianças realizam nos momentos livres são conteúdos 
escolares por excelência, excetuando-se aquelas que apresentam caráter 
elitista, por não serem compatíveis com os ideais igualitários. 
Questão 3: QUESTÃO 16 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://
portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016.
A mídia televisiva em geral tem privilegiado as transmissões de espetáculos 
esportivos que comumente reforçam a supremacia do sexo masculino em 
relação ao feminino, reforçando também o caráter sexista da prática esportiva. 
As consequências de tal situação são preocupantes, pois os índices de 
desrespeito aos direitos da mulher continuam altos. No que diz respeito à 
Educação Física, infelizmente ainda é comum encontrarmos aulas em que as 
práticas reforçam negativamente as diferenças entre os sexos e incentivam o 
sexismo, como aulas de futebol para meninos e queimada para as meninas, 
ou até mesmo aulas separadas por sexo com a alegação de que os meninos 
machucam as meninas. O enfrentamento desta situação perpassa várias 
condições, como, por exemplo, os ordenamentos legais, as políticas públicas 
de vários segmentos, a formação de educadores, a concepção de mundo dos 
professores e as representações dos próprios alunos. 
Em se tratando de política pública de Educação Física, considerando os 
Parâmetros Curriculares Nacionais, há pouco posicionamento com relação a 
essa temática. Assinale a alternativa que sintetiza tal posicionamento. 
( ) a - as aulas mistas de Educação Física devem possibilitar a convivência 
de estudantes de sexos diferentes para conhecerem as diversidades de 
gêneros, desenvolverem uma postura de inconformidade com relação a 
Educação Física em foco
38
essas diferenças e promoverem práticas de superação das meninas sobre 
os meninos. 
( ) b - as aulas mistas de Educação Física permitem que meninos e 
meninas convivam, se observem, se descubram e aprendam a se respeitar, 
a não discriminar e a compreender as diferenças, de forma a não reproduzir 
relações autoritárias. 
( ) c- as aulas mistas de Educação Física devem ser mescladas com aulas 
separadas por sexo, para propiciar momentos de diversão (aulas mistas), 
de aprendizados técnicos (aulas separadas) e de desenvolvimento de uma 
postura de tolerância entre os gêneros. 
( ) d - as aulas mistas de Educação Física devem ser intercaladas com aulas 
separadas por sexo, para promover momentos de convivência pacífica, de 
conscientização para os alunos do sexo masculina e de desenvolvimento de 
uma postura de tolerância entre os sexos. 
( ) e - as aulas mistas de Educação Física tem o objetivo de levar os 
estudantes, que são os futuros cidadãos, a reproduzi a concepção histórica 
sobre a inferioridade feminina, sendo, por esse motivo, fundamentais no 
contexto da educação básica.
Gabarito
Questão 1 – Letra C.
Questão 2 – Letra C.
Questão 3 – Letra B.
Educação Física em foco
39
REFERÊNCIAS
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Educação Física em foco
42
Educação Física em foco
43
UNIDADE 2
MOTRICIDADE HUMANA/CORPOREIDADE (O CONHECIMENTO SOBRE 
O CORPO HUMANO)
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de:
• econhecer novas formas de ver a dança;
• entender os diferenciais do conteúdo pedagógicos da dança na Educação 
Física baseado nos PCN;
• analisar os aspectos metodológicos que envolvem a dança, atividades 
rítmicas na Educação Física escolar;
• conhecer os aspectos do jogo, esporte, ginástica e luta que devem ser 
trabalhados na Educação Física escolar;
• analisar os aspectos que caracterizam a Educação Física relacionada à saúde.
sar os aspectos metodológicos que envolvem a Educação Física escolar.
PLANO DE ESTUDOS
 Esta unidade está dividida em dois tópicos. Em cada um deles, você 
encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos abordados.
TÓPICO 1 – LINGUAGEM CORPORAL NA 
ESCOLA
TÓPICO 2 – ASPECTOS DO JOGO, ESPORTE, 
GINÁSTICA E LUTA NA ESCOLA
TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE
Educação Física em foco
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Educação Física em foco
45
------ [ TÓPICO 1 – LINGUAGEM CORPORAL NA ESCOLA ] ------
Neste tópico, você verá os conteúdos relacionados à cultura do 
movimento que diz respeito à linguagem corporal que engloba a dança, 
atividades rítmicas, brinquedos cantados, bem como suas caraterísticas 
pedagógicas, curriculares e sociais.
1 DANÇA, ATIVIDADE RÍTMICA E LINGUAGEM CORPORAL NA ESCOLA
Na medida em que a Educação Física lida, pedagogicamente, com 
expressões da cultura, então, pela educação do corpo também se difunde uma 
determinada ordem cultural, da qual a cultura corporal é constitutiva e constituinte 
(BRASILEIRO; MARCASSA, 2008). Caro(a) acadêmico(a)! Vamos entender a partir 
da leitura a seguir como a dança é uma importante forma de linguagem corporal, da 
cultura que pode e deve ser explorada pelo professor de Educação Física.
Marques (1997) explica que a dança seria o primo da educação e assim os 
educadores buscaram incorporar a dança nos currículos, programas educacionais, 
como em 1992, a dança passou a fazer parte do Regimento da Secretaria Municipal 
de Educação de São Paulo como linguagem artística diferenciada.
Segundo Oliveira (2001, p. 14), a dança pode ser considerada como uma 
das “atividades físicas mais significativas para o homem antigo, utilizada como 
forma de exibir suas qualidades físicas e de expressar os seus sentimentos, 
praticada por todos os povos, desde o paleolítico superior (60.000 a.C.)".
No Brasil e no mundo, a dança vem ganhando cada vez mais espaço 
pelos benefícios comprovados que, de acordo com Gariba (2005), vão desde a 
melhora da autoestima, passando pelo combate ao estresse, depressão, até o 
enriquecimento das relações interpessoais. 
A dança, por ser uma das principais manifestações instintivas, faz parte 
da natureza humana (TONELI, 2007), sendo uma atividade completa em vários 
Educação Física em foco
46
aspectos. Veja na figura a seguir os aspectos que a dança aborda enquanto atividade. 
FIGURA 7. ASPECTOS DA DANÇA 
FONTE: TONELI (2007)
A dança e as brincadeiras cantadas fazem parte dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 38) da Educação Física, no bloco 
atividades rítmicas, como “manifestações da cultura corporal que têm como 
características comuns a intenção de expressão e comunicação mediante gestos 
e a presença de estímulos sonoros como referência para o movimento corporal”. 
Strazzacappa (2001) aponta que o movimento corporal leva o aluno a sentir 
o mundo e por ele ser sentido e que uma das formas seria pela dança, pois esta 
proporciona experiências com atividades motoras de real importância para as relações 
interpessoais, proprioceptivas, ambientais, necessárias ao desenvolvimento infantil, 
ou seja, o processo de ensino e aprendizagem por meio das atividades rítmicas 
deve se apresentar como intermédio entre o saber, corpo e movimento.
Nos PCN são descritas algumas características que devem ser abordadas 
na dança enquanto linguagem corporal: 
Os conteúdos deste bloco são amplos, diversificados e podem 
variar muito de acordo com o local em que a escola estiver 
inserida. Sem dúvida alguma, resgatar as manifestações culturais 
tradicionais da coletividade, por intermédio principalmente das 
pessoas mais velhas é de fundamental importância. A pesquisa 
sobre danças e brincadeiras cantadas de regiões distantes, 
Educação Física em foco
47
com características diferentes das danças e brincadeiras locais, 
pode tornar o trabalho mais completo. Por meio das danças 
e brincadeiras os alunos poderão conhecer as qualidades do 
movimento expressivo como leve/pesado, forte/fraco, rápido/
lento, fluido/interrompido, intensidade, duração, direção, sendo 
capaz de analisá-los a partir destes referenciais; conhecer 
algumas técnicas de execução de movimentos e utilizar-se 
delas; ser capazes de improvisar, de construir coreografias, e, 
por fim, de adotar atitudes de valorização e apreciação dessas 
manifestações expressivas (BRASIL, 1997, s.p.).
Podemos nos perguntar se a dança inserida na escola como uma atividade 
rítmica deve ser predominante técnica? 
A dança tem, sim, um caráter técnico, mas no âmbito escolar cabeao 
professor de Educação Física não estar centrado predominantemente no domínio 
técnico da dança, mas na possibilidade de incorporação das muitas técnicas de 
execução que possibilitem a sua transferência para várias outras situações ou 
contextos, levando o aluno a vivências diversificadas, proporcionando experiências 
de manifestação corporal (RONDON et al., 2010).
Surge como uma alternativa dessa forma de dança na escola, a dança 
criativa como uma alternativa de variação de movimentos codificados e rígidos 
(RONDON et al., 2010). A dança estimula a criatividade e a memorização e, ao 
praticá-la, somos induzidos a entrar em contato e nos interessarmos por conhecer 
fatos, narrações, histórias e costumes da humanidade acerca da evolução e até de 
outras culturas (ARCE; DÁCIO, 2007).
Proporcionar o desenvolvimento da criatividade reforça as interações com 
o meio sociocultural, não sendo uma simples determinação biológica, mas uma 
possibilidade a ser construída com/através das aulas de dança. Pelo fato de a 
dança trabalhar diversos aspectos, como a coordenação motora, agilidade, ritmo e 
percepção espacial; desenvolve a musculatura corporal de forma integrada e natural; 
permitir uma melhora na autoestima e quebra de diversos bloqueios psicológicos; 
possibilitar o convívio e aumento do rol de relações sociais (ARCE; DÁCIO, 2007).
Na escola, o professor pode explorar o movimento da dança, ou seja, 
dançar é combinar movimentos e mais movimentos, formas e mais formas, 
Educação Física em foco
48
modificando-os, refinando-os, entendendo-os com todos os aspectos psíquicos de 
possibilidade de intervenção e de elaboração (MANSUR, 2003).
É neste sentido que devemos superar o ensino em que o professor 
transmite e o estudante apenas reproduz. Assim surge a improvisação em dança, 
um aspecto dentro da dança criativa, que é um caminho que favorece:
FIGURA 8. ASPECTOS DA DANÇA IMPROVISAÇÃO
FONTE: Mansur (2003)
Somado às características da dança improvisação, a dança como atividade 
pedagógica, segundo Carvalho e Silva et al. (2012), objetiva:
• proporcionar atividades de desenvolvimento da memória, do 
raciocínio, da autoestima e autoconfiança; 
• estimular a capacidade de solucionar problemas de maneira 
criativa;
• fazer com que a criança tenha uma melhor relação consigo 
mesma e com os outros;
• ampliar seu repertório de movimentos, despertando no aluno 
uma relação concreta de sujeito-mundo.
 
Devemos pensar a dança, caro acadêmico, como uma atividade rítmica 
que deve ser centrada no aluno, com participação em todo o contexto escolar e não 
somente em festas juninas e em demais festejos escolares, atuando ativamente na 
interdisciplinaridade, na qual tem sentido profundo e desempenha papel integrador 
plural e interdisciplinar no processo formal e não formal da educação (SOUSA; 
Educação Física em foco
49
HUNGER; CARAMASCHI, 2010).
Os PCN (BRASIL, 1997, s.p.) apontam uma lista de sugestão de danças e 
outras atividades rítmicas e/ou expressivas que podem ser abordadas e deverão 
ser adaptadas a cada contexto:
• danças brasileiras: samba, baião, valsa, quadrilha, afoxé, 
catira, bumba-meu-boi, maracatu, xaxado etc.;
• danças urbanas: rap, funk, break, pagode, danças de salão;
• danças eruditas: clássicas, modernas, contemporâneas, jazz;
• danças e coreografias associadas a manifestações musicais: 
blocos de afoxé, olodum, timbalada, trios elétricos, escolas de 
samba;
• lengalengas;
• brincadeiras de roda, cirandas;
• escravos-de-Jó.
Veja, na tabela a seguir, alguns estudos com dança na escola e seus 
benefícios aos alunos.
QUADRO 5. ESTUDOS DE CAMPO COM A DANÇA NA ESCOLA
Estudo/
referência
Sujeitos/
Idade (anos)/ 
sexo
Intervenção 
Duração (semanas)
Resultados
Mota, Mota 
e Liberali 
(2012)
20 alunas 
(11 - 16 anos) 
Objetivo = nível de 
motivação e
autoestima de 
adolescentes do 
sexo feminino de 
um projeto social 
de dança
- projeto de dança 
para atendimento à 
família,
visando a criar 
condições para 
prevenir situações de 
risco.
- A dança é um dos 
serviços oferecidos 
como uma atividade 
socioeducativa. 
- a dança é “muito 
importante”
para a saúde. 
- querem ser bailarinos 
quando crescerem. 
- aprender novas 
danças. 
- boa autoestima. 
- adolescentes que 
dançam aceitam o 
projeto social como um 
caminho na realização 
de um grande sonho; 
“ser uma bailarina 
quando crescer”, com 
novas experiências.
Educação Física em foco
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Castro et al. 
(2011)
115 alunas 
(05 - 66 anos) 
Objetivo = avaliar 
a socialização
- projeto de dança 
com 18 aulas.
- vivências de danças, 
vídeos, historinhas 
etc. 
- gostam de dançar em 
grupo.
- gostam de se 
apresentar.
- a dança trouxe 
receptividade.
- a dança trouxe 
ludicidade, 
musicalidade, 
socialização e 
movimentos variados.
Educação Física em foco
51
------ [ RESUMO DO TÓPICO 1 ] ------
Neste tópico, você viu que:
• A dança é uma importante forma de linguagem corporal que pode e deve ser 
explorada pelo professor de Educação Física. 
• A dança foi incorporada nos currículos e em programas educacionais, desde 1992, 
nas escolas municipais de São Paulo como linguagem artística diferenciada.
• A dança foi usada como atividades físicas mais significativas para o homem 
antigo, desde o paleolítico superior (60.000 a.C.).
• No Brasil e no mundo, a dança vem ganhando cada vez mais espaço pelos 
benefícios comprovados.
• Alguns benefícios da dança podem ser a melhora da autoestima, combate ao 
estresse, depressão, até o enriquecimento das relações interpessoais. 
• A dança e as brincadeiras cantadas fazem parte dos Parâmetros Curriculares 
Nacionais (PCN) da Educação Física no bloco atividades rítmicas.
• Para os PCN, a dança é uma manifestação da cultura corporal que tem como 
característica comum a intenção de expressão e comunicação.
• A dança proporciona experiências com atividades motoras de real importância 
para as relações interpessoais, proprioceptivas, ambientais.
• A dança auxilia no desenvolvimento infantil, ou seja, o processo de ensino e 
aprendizagem por meio das atividades rítmicas deve-se apresentar como 
intermédio entre o saber, corpo e movimento.
• A dança no âmbito escolar não está centrada predominantemente no domínio 
técnico, mas nas experiências de manifestação corporal.
Educação Física em foco
52
• A dança criativa é uma alternativa de variação de movimentos codificados e 
rígidos. 
• A dança estimula a criatividade e a memorização. 
• A dança proporciona as interações com o meio sociocultural, não sendo uma 
simples determinação biológica, mas uma possibilidade a ser construída com/
através das aulas de dança. 
• A dança trabalha diversos aspectos, como a coordenação motora, agilidade, ritmo 
e percepção espacial; desenvolve a musculatura corporal de forma integrada e 
natural; permitir uma melhora na autoestima e quebra de diversos bloqueios 
psicológicos; possibilitar o convívio e aumento do rol de relações sociais.
• Na escola o professor pode explorar o movimento da dança, combinando 
movimentos e mais movimentos.
• A improvisação em dança trona-se com a dança criativa uma opção na escola 
de trabalhar a criatividade, a experimentação, a superação dos modelos e a 
espontaneidade.
• A dança, como atividade pedagógica, proporciona atividades de desenvolvimento 
da memória, do raciocínio, da autoestima e da autoconfiança. 
• A dança faz com que a criança tenha uma melhor relação consigo mesma e com 
os outros e amplia seu repertório de movimentos, despertando no aluno uma 
relação concreta de sujeito-mundo.
• A dança é uma atividade rítmica que deve ser centrada no aluno, com participação 
em todo o contexto escolar. 
Educação Física em foco
53
AUT
OAT
IVID
ADE �
Questão 1: QUESTÃO 30 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http://
portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jun. 2016.
A Resolução CNE/CEB 2/2010, que define as Diretrizes Curriculares 
Nacionais para o Ensino Médio, prevê que a Educação Física

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