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EDUCAÇÃO FÍSICA em foco EDUCAÇÃO FÍSICA EM FOCO UNIASSELVI 2016 Organização Meike Marly Schubert Autoria Rafaela Liberali Reitor da Uniasselvi Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora de Ensino de Graduação a Distância Prof.ª Francieli Stano Torres Pró-Reitor Operacional de Graduação a Distância Prof. Hermínio Kloch Diagramação Eloisa Amanda Rodrigues Capa Djenifer Luana Kloehn Revisão Final Harry Wiese Diógenes Schweiger Propriedade do Centro Universitário Leonardo da Vinci CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito 89130-000 - INDAIAL/SC www.uniasselvi.com.br EDUCAÇÃO FÍSICA em foco Ficha catalográfica Elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri – UNIASSELVI – Indaial. 613.7 L695e Liberali, Rafaela Educação física em foco/ Rafaela Liberali; Meike Schubert (Org.) : UNIASSELVI, 2016. 135 p. : il. ISBN 978-85-7830-993-0 1.Educação física. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. EDUCAÇÃO FÍSICA em foco EDUCAÇÃO FÍSICA em foco ------------------ [ APRESENTAÇÃO EDUCAÇÃO FÍSICA EM FOCO ] ------------------ Prezado(a) acadêmico(a)! Bem-vindo(a) ao Caderno de Educação Física em Foco, que tem como objetivo levar os principais conteúdos trabalhados ao longo de seu curso. Assim, ele estará dividido em três unidades e cada um abordará diferentes e variados conteúdos. Ao longo da leitura deste Caderno de Estudos, você verá que o foco será trabalhar os principais conteúdos que envolvem o professor de Educação Física, passando desde os conceitos da formação profissional, pedagógica, curricular e política educacional, até os aspectos específicos relacionados à Educação Física, como os conhecimentos fisiológicos, anátomo-biológicos e biomecânicos aplicados à Educação Física Escolar. Na última unidade abordaremos a Educação Física Escolar, os esportes coletivos e individuais e a Educação Física adaptada, que darão conhecimentos necessários a sua formação e que permitam desenvolver atividades práticas na escola com segurança, aplicando esse conhecimento com maior inteligência, autonomia, responsabilidade e sensibilidade. Desejo a você uma ótima leitura e que aproveite ao máximo o estudo dos temas abordados neste Caderno de Estudos. Bons estudos e sucesso! Professora Dra. Rafaela Liberali EDUCAÇÃO FÍSICA em foco EDUCAÇÃO FÍSICA em foco SUMÁRIO UNIDADE 1 – FORMAÇÃO PROFISSIONAL, PEDAGÓGICA, CURRICULAR E POLÍTICA EDUCACIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA ........ 1 TÓPICO 1 – FORMAÇÃO E PEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ............ 3 1 FORMAÇÃO PROFISSIONAL E REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA (PRÁTICAS APLICADAS À EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR) ...... 3 2 PEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA (ASPECTOS PEDAGÓGICOS, CIDADANIA E INCLUSÃO) ......................................................................... 10 RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................. 12 AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 15 TÓPICO 2 – CULTURA DO MOVIMENTO, GÊNERO E EDUCAÇÃO FÍSICA ........................................................................................ 17 1 CULTURA DO MOVIMENTO: AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DA CULTURA CORPORAL ............................................................................... 17 2 PEDAGOGIA DO ESPORTE ....................................................................... 20 RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................. 23 AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 25 TÓPICO 3 – ASPECTOS METODOLÓGICOS QUE ENVOLVEM A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ............................................... 27 1 METODOLOGIA E CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .... 27 2 MÍDIAS ESPORTIVAS ................................................................................. 31 RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................. 33 AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 35 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 39 UNIDADE 2 – MOTRICIDADE HUMANA/CORPOREIDADE (O CONHECIMENTO SOBRE O CORPO HUMANO) .................. 43 TÓPICO 1 – LINGUAGEM CORPORAL NA ESCOLA .................................. 45 EDUCAÇÃO FÍSICA em foco 1 DANÇA, ATIVIDADE RÍTMICA E LINGUAGEM CORPORAL NA ESCOLA ....................................................................................................... 45 RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................. 51 AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 53 TÓPICO 2 – ASPECTOS DO JOGO, ESPORTE, GINÁSTICA E LUTA NA ESCOLA ..................................................................................... 57 1 DIMENSÕES DO ESPORTE E APLICAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .................................................................................................... 57 RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................. 66 AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 69 TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE ................................................. 73 1 EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE, APTIDÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .................................................................................................... 73 RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................. 78 AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 80 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 85 UNIDADE 3 – A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E OS ASPECTOS CINESIOLÓGICOS, BIOMECÂNICOS, FISIOLÓGICOS ........ 89 TÓPICO 1 – APLICAÇÃO DA BIOLOGIA, ANATOMIA, CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ................................. 91 1 CONHECIMENTOS ANÁTOMO-BIOLÓGICOS, CINESIOLÓGICOS E BIOMECÂNICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .......... 91 RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................. 98 AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 100 TÓPICO 2 – APLICAÇÃO DOS ASPECTOS FISIOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ........................................................................................ 103 1 CONHECIMENTOS FISIOLÓGICOS NECESSÁRIOS AO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA .............................................................................. 103 RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................. 110 AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 112 Educação Física em foco TÓPICO 3 – OBESIDADE INFANTIL E EDUCAÇÃO FÍSICA (ABORDAGEM NA ESCOLA) ............................................................................. 117 1 DESENVOLVIMENTO MOTOR E A EDUCAÇÃO FÍSICA .......................... 117 2 OBESIDADE INFANTIL E EDUCAÇÃO FÍSICA (ABORDAGEM NA ESCOLA) ..................................................................................................... 120 RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................124 AUTOATIVIDADE ........................................................................................... 125 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 131 Educação Física em foco Educação Física em foco 1 UNIDADE 1 FORMAÇÃO PROFISSIONAL, PEDAGÓGICA, CURRICULAR E POLÍTICA EDUCACIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de: • entender a importância e as características na formação do professor de Educação Física; • entender a regulamentação da educação física em contexto histórico e da legislação nacional; • entender os diferenciais do conteúdo pedagógicos da Educação Física em diferentes níveis educacionais, baseado nos PCN; • analisar os aspectos metodológicos que envolvem a Educação Física escolar. PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos abordados. TÓPICO 1 – FORMAÇÃO E PEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA TÓPICO 2 – CULTURA DO MOVIMENTO, GÊNERO E EDUCAÇÃO FÍSICA TÓPICO 3 – ASPECTOS METODOLÓGICOS QUE ENVOLVEM A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Educação Física em foco 2 Educação Física em foco 3 ------ [ TÓPICO 1 – FORMAÇÃO E PEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ] ------ Nesta unidade, você estudará os conteúdos relacionados à formação do professor de Educação Física, desde sua formação pedagógica, sobre os conhecimentos curriculares e de política educacional. 1 FORMAÇÃO PROFISSIONAL E REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA (PRÁTICAS APLICADAS À EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR) Caro(a) acadêmico(a)! Você já parou para refletir sobre o que representa ser um professor de Educação Física? É sobre isso que conversaremos a partir de agora. Por volta da década de 80, associava-se à formação dos professores a profissionalização, somando conhecimento de base para o ensino (forma mais complexa de obter conhecimento sobre os estudantes, escola e contexto social, pois pode dificultar o discernimento de como este conhecimento é convertido adequadamente para atender às exigências da prática), com responsabilidade coletiva (RAMOS; GRAÇA; NASCIMENTO, 2008). Shulman (1987 apud RAMOS; GRAÇA; NASCIMENTO, 2008) aponta sete categorias que fazem parte do conhecimento de base para o ensino: • conhecimento do conteúdo, o conhecimento pedagógico geral (princípios ou estratégias de gestão e organização de classe, úteis para ensinar o conteúdo); • conhecimento curricular (conhecimento do professor para selecionar e organizar os programas, bem como os meios que dispõe para isso); • conhecimento pedagógico do conteúdo (combinação especial entre conteúdo e pedagogia, típico do professor); • conhecimento dos alunos e de suas características; • conhecimento dos contextos educacionais (ambiente de trabalho, região e características culturais da comunidade); • conhecimento dos fins educacionais (valores sociais, propósitos e bases filosóficas e históricas). Educação Física em foco 4 Dentre todos esses conhecimentos, podemos argumentar que o conhecimento pedagógico do conteúdo tem certa singularidade frente aos demais e seria o mais provável para distinguir entre o conhecimento do conteúdo de um especialista de uma determinada área e o conhecimento de um professor nesta mesma área (RAMOS; GRAÇA; NASCIMENTO, 2008). Assim, perguntamo-nos qual é o conhecimento pedagógico do conteúdo voltado exclusivamente para o professor de Educação Física? Iniciamos esse assunto apontando que muitos alunos ingressam no curso de Educação Física com a concepção desta profissão sendo somente promotora de saúde apoiada em aspectos biológicos, treinamento de atletas, instrutora de exercícios físicos etc.; no entanto, ela deve ser compreendida em outras dimensões além da saúde, como culturais, sociais, lúdica e estética (FIGUEIREDO, 2004). Segundo Pretto e Label (2015, p. 1), a partir da regulamentação da Educação Física, ocorreram transformações e exigências sociais, educacionais com o surgimento a cada ano de novas modalidades, novas formas de praticar o exercício físico, assim exigindo que a Educação Física escolar também entre nesse processo integrado na escola. Veja no quadro a seguir um resumo breve historicamente da perspectiva que a legislação federal tem sobre a profissão do professor de Educação Física, sua regulamentação, profissionalização e saberes. QUADRO 1. A EDUCAÇÃO FÍSICA SOB A PERSPECTIVA DA LEGISLAÇÃO FEDERAL E OS SABERES DE CADA ÉPOCA Anos Características 1939 – A constituição do campo “Educação Física” 1824 e 1931 - Desenvolvimento dos exercícios físicos relacionados à preparação física, à defesa pessoal, aos jogos e esportes dentro do âmbito militar, médico e social. 1934 - O primeiro programa civil de um curso de Educação Física = o curso da Escola de Educação Física do Estado de São Paulo. Figura 1 = programa com conteúdos e saberes. Educação Física em foco 5 1932 a 1945 (Era Vargas) - Educação Física estruturou-se profissionalmente na luta pelo seu espaço na sociedade Constituição de 1937 - Na busca de legitimidade para a área e o reconhecimento social de seus profissionais a Educação Física tornou-se obrigatória nas escolas. - Surgimento de um currículo mínimo para a graduação. 1939 - Decreto-lei nº 1.212, que criou a Escola Nacional de Educação Física e Desportos e estabeleceu as diretrizes para a formação profissional. - Criação da Universidade do Brasil e a Escola Nacional de Educação Física e Desportos. - Com exceção do curso para formar professores com duração de dois anos, os demais eram desenvolvidos no período de um ano. - Formação do professor é a de um técnico generalista, mas carregada no compromisso de ser um educador. Figura 2 = programa com conteúdos e saberes. 1º de janeiro de 1941 - Exigência para o exercício das funções de professor de Educação Física, nos estabelecimentos oficiais (federais, estaduais ou municipais) de Ensino Superior, secundário, normal e profissional, em toda a República, a apresentação de diploma de licenciado em Educação Física. 1945 – Revisão do currículo 1945, decreto-lei n. 8.270 - Segue a mesma sequência da proposta anterior de 1939, redimensionando-a em sua organização. - A duração do curso de formação do professor passou de dois anos para três anos. Figura 3 = programa com conteúdos e saberes. Educação Física em foco 6 1945 e 1968 - Pela Lei de Diretrizes e Bases – LDB – nº 4.024/61, a formação do professor passou a exigir um currículo mínimo e um núcleo de matérias que procurasse garantir formação cultural e profissional adequadas. - Os cursos deveriam atender a um percentual de 1/8 da carga horária para a formação pedagógica, visando a fortalecer a formação do professor e fazer dele um educador. - Em função dessa LDB, o Conselho Federal de Educação (CFE) apresentou os pareceres nº 292/62 e nº 627/69, estabelecendo os currículos mínimos dos cursos de licenciatura, sublinhando que “o que ensinar” preexiste ao “como ensinar” e estabelecer um núcleo de matérias pedagógicas. 1969 – Currículo mínimo e formação pedagógica 1969 - Parecer CFE nº 894/69 e a resolução CFE nº 69/69, os cursos de formação de professores passam a se restringir apenas aos cursos de Educação Física e técnico de desportos previsto para três anos de duração, com uma carga horária mínima de 1.800 horas-aula e redução das matérias básicas de fundamentação científica. Figura 4 = programa com conteúdos e saberes. Educação Física em foco 7 1987 – Licenciatura e bacharelado 1987 - Promulgação do parecer CFE nº 215/87 e da resolução CFE nº 03/87, criando o bacharelado em Educação Física. - Os saberes anteriormente divididos entre as matérias básicas e profissionalizantes – localizadas dentro dos núcleos de fundamentação biológica, gímnico-desportivo e pedagógica – assumem uma nova configuração, tendo como fundamentoda distribuição dos saberes na estrutura curricular duas grandes áreas: Formação Geral – humanística e técnica – e aprofundamento de conhecimentos. - O curso passou das 1.800 horas-aula para 2.880 horas-aula, com prazo mínimo de quatro anos, tanto para o bacharelado quanto para a licenciatura, estabelecendo, assim, uma nova referência para a formação profissional. Figura 5 = programa com conteúdos e saberes. 1996-1998 - Com as publicações da LDBEN nº 9.394/96, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e da Lei nº 9.696/98 com a regulamentação profissional da Educação Física, observou-se um novo desenho curricular como um todo e um novo delineamento no campo da intervenção profissional da Educação Física, bem como da educação, marcados por um novo fenômeno, o “profissionalismo”. FONTE: Adaptado de Souza Neto et al. (2004) A seguir, veja as figuras que complementam os saberes apresentados no Quadro 1, relacionados aos programas desenvolvidos para a profissionalização da Educação Física. Educação Física em foco 8 FIGURA 1: PROGRAMA DE SABERES DO CURSO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO DE SÃO PAULO DE 1934 FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 115) FIGURA 2: PROGRAMA DE SABERES DO DECRETO-LEI Nº 1.212 FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 117) Educação Física em foco 9 FIGURA 3: PROGRAMA DE SABERES DA PROPOSTA DE 1945 FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 118) FIGURA 4: PROGRAMA DE SABERES DA PROPOSTA DE 1969 FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 118) Educação Física em foco 10 FIGURA 5: PROGRAMA DE SABERES DA PROPOSTA DE 1987 FONTE: Souza Neto et al. (2004, p. 121) Com toda essa construção de saberes ao longo do tempo, a Educação Física ganha legitimidade e passa ser importante dentro do contexto social, educacional, cultural. Na escola, a Educação Física precisa garantir que, de fato, as ações físicas e as noções lógico-matemáticas que a criança usará nas atividades escolares e fora da escola possam se estruturar adequadamente (PRETTO; LABEL, 2015). 2 PEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA (ASPECTOS PEDAGÓGICOS, CIDADANIA E INCLUSÃO) Vimos acima, acadêmico, as sete categorias que fazem parte do conhecimento de base para o ensino. Para o entendimento do conteúdo pedagógico, podemos diferenciá-los. - o conhecimento da matéria apontando que ele se refere à quantidade e organização do conhecimento por si só na mente do professor; - o conhecimento curricular do conteúdo representa o conjunto de programas elaborados pelo professor sob um tema particular, considerando o nível dos alunos, bem como os meios disponíveis ao professor para o ensino da matéria; e - o conhecimento pedagógico do conteúdo como a forma de representação e transformação da matéria de ensino que Educação Física em foco 11 torna esta mesma matéria compreensível ao aluno, em outras palavras, é o conhecimento sobre como ensinar um conteúdo ou tópico a um grupo específico de estudantes em um específico contexto (RAMOS; GRAÇA; NASCIMENTO, 2008, p. 163). Em 1997 foram lançados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) referentes aos 1º e 2º ciclos (1ª à 4ª séries do Ensino Fundamental) e, no ano de 1998, os relativos aos 3º e 4º ciclos (5ª à 8ª séries), incluindo um documento específico para a área da Educação Física e, em 1999, foram publicados os PCN do Ensino Médio (DARIDO et al., 2001). Assim, os PCN possuem a função de orientar e garantir a coerência das políticas de melhoria da qualidade de ensino, socializando discussões, pesquisas e recomendações, além de nortear a prática pedagógica do professor de Educação Física com um planejamento direcionado no Projeto Político-Pedagógico da escola, de maneira dinâmica e concreta (SOUSA; FÁVERO, 2010). Segundo Darido et al. (2001), os PCN abriram espaços para a construção de uma escola comprometida com a cidadania e com a rejeição à exclusão, ao abordar na lei os princípios da educação, a garantia aos direitos e deveres da cidadania, a política da igualdade, a solidariedade e a ética da identidade. Os conteúdos dos PCN do Ensino Fundamental em Educação Física são divididos em três blocos, para melhor contextualização e aplicação no âmbito escolar (SOUSA; FÁVERO, 2010): • esportes, jogos, lutas, ginásticas; • atividades rítmicas e expressivas; • conhecimentos sobre o corpo. Os PCN trazem avanço nas dimensões do conteúdo para a profissão educação física, pois ultrapassam o ensinar esporte, ginástica, dança, jogos, atividades rítmicas, expressivas e conhecimento sobre o próprio corpo para todos, em seus fundamentos e técnicas (dimensão procedimental), mas inclui também os seus valores subjacentes, ou seja, quais atitudes os alunos devem ter nas e para as atividades corporais (dimensão atitudinal). E busca, assim, garantir o direito do aluno de saber porque ele está realizando este ou aquele movimento, isto é, quais conceitos estão ligados àqueles procedimentos (dimensão conceitual) (DARIDO et al., 2001, p. 21). Educação Física em foco 12 ------ [ RESUMO DO TÓPICO 1 ] ------ Neste tópico, você viu que: • Sete categorias fazem parte do conhecimento de base para o ensino, conhecimento do conteúdo, curricular, pedagógico do conteúdo, dos alunos e de suas características, dos contextos educacionais e dos fins educacionais. • O conhecimento pedagógico do conteúdo é o mais singular frente aos demais. • O curso de formação do educador físico, além de ser promotora de saúde apoiada em aspectos biológicos, deve ser compreendido em outras dimensões, como culturais, sociais, lúdicas e estéticas. • Com a regulamentação da Educação Física ocorreram transformações e exigências sociais, educacionais. • Surgimento de novas formas de praticar exercício físico, exigindo que a Educação Física escolar também entre nesse processo, atuando como qualquer outra disciplina da escola, e não desintegrada dela. • Em 1934, desenvolvido o primeiro programa civil de um curso de Educação Física, o curso da Escola de Educação Física do Estado de São Paulo. • Com a Constituição de 1937, a Educação Física tornou-se obrigatória nas escolas, bem como surgiu um currículo mínimo para a graduação. • Em 1939, ocorreu a criação da Universidade do Brasil e a Escola Nacional de Educação Física e Desportos. • Em 1941, entrou nos estabelecimentos oficiais (federais, estaduais ou municipais) de Ensino Superior, secundário, normal e profissional, em toda a República, a apresentação de diploma de licenciado em Educação Física como exigência para o exercício das funções de professor de Educação Física. Educação Física em foco 13 • Pela nova lei, a Lei de Diretrizes e Bases – LDB – nº 4.024/61, a formação do professor passou a ter um currículo mínimo e um núcleo de matérias que procurasse garantir formação cultural e profissional adequadas. E os cursos deveriam atender a um percentual de 1/8 da carga horária. • Em 1969, o Parecer CFE nº 894/69 e a Resolução CFE nº 69/69 restringiram apenas aos cursos de Educação Física e técnico de desportos três anos de duração, com uma carga horária mínima de 1.800 horas-aula e redução das matérias básicas de fundamentação científica. • Em 1987, foi criado o bacharelado em Educação Física. Com os saberes divididos entre as matérias básicas e profissionalizantes, divididos em uma nova configuração, tendo como fundamento dos saberes na estrutura curricular duas grandes áreas: formação geral – humanística e técnica – e aprofundamento de conhecimentos. • O curso passou das 1.800 horas-aula para 2.880 horas-aula, com prazo mínimo de quatro anos, tanto para o bacharelado quanto para a licenciatura, estabelecendo, assim, uma nova referência para a formação profissional. • Com toda essa construção de saberes ao longo do tempo, a Educação Física ganha legitimidade e passa a ser importante dentro do contexto social, educacional, cultural. • O conhecimento pedagógico do conteúdo seria como a forma de representação e transformação da matéria de ensino que torna esta mesmamatéria compreensível ao aluno. • O conhecimento pedagógico do conteúdo seria o conhecimento sobre como ensinar um conteúdo ou tópico a um grupo específico de estudantes em um específico contexto. • Em 1999, a Educação Física foi incluída pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Educação Física em foco 14 • Os PCN abriram espaços para a construção de uma escola comprometida com a cidadania e com a rejeição à exclusão. • Os PCN abordaram na lei os princípios da educação, a garantia aos direitos e deveres da cidadania, a política da igualdade, a solidariedade e a ética da identidade. • A educação é dividida em três blocos nos PCN, para melhor contextualização e aplicação no âmbito escolar (esportes, jogos, lutas, ginásticas, atividades rítmicas e expressivas e conhecimentos sobre o corpo). • Os PCN buscam incorporar a dimensão procedimental, atitudinal e conceitual. Educação Física em foco 15 AUT OAT IVID ADE � Questão 1: QUESTÃO 11 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016. A escola comum se torna inclusiva quando reconhece as diferenças dos alunos diante do processo educativo e busca a participação e o progresso de todos, adotando novas práticas pedagógicas. Não é fácil e imediata a adoção dessas novas práticas, pois ela depende de mudanças que vão além da escola e da sala de aula. Para que essa escola possa se concretizar, é patente a necessidade de atualização e desenvolvimento de novos conceitos, assim como a redefinição e a aplicação de alternativas e práticas pedagógicas e a educacionais compatíveis com a inclusão. Avalie as propostas a seguir, feitas por professores de Educação Física, para um projeto de inclusão escolar e indique quais estão em consonância com o texto. I. Um torneio esportivo com equipes formadas apenas por estudantes com deficiências, para que os demais alunos possam assistir aos jogos e aprender a conhecer e a lidar com as pessoas com deficiência, contemplando ainda a participação de gestores da escola, funcionários, pais e professores que trabalharão na organização do evento. II. Uma gincana com jogos motores com a participação de várias equipes compostas e mescladas por alunos com deficiências, alunos do Ensino Fundamental e Médio, gestores da escola, professores, funcionários e a comunidade local. III. Atividades em equipes (membros dos vários segmentos da comunidade escolar e alunos com deficiência), com o objetivo de verificar se a escola e Educação Física em foco 16 o ambiente de seu entorno possuem barreiras arquitetônicas que dificultam a locomoção dos alunos com deficiência física na escola e a sua inserção e interação nas atividades motoras espontâneas de pátio. É correto o que se afirma em: ( ) A = I, apenas. ( ) B = II, apenas. ( ) C = I e III, apenas. ( ) D = II e III, apenas. ( ) E = I, II e III. Gabarito Questão 1 – Letra D. Educação Física em foco 17 ------ [ TÓPICO 2 – CULTURA DO MOVIMENTO E PEDAGOGIA ] ------ DO ESPORTE Especialmente, neste tópico, você entenderá que a definição de cultura, entendida como um produto da coletividade, está relacionada diretamente à cultura do movimento. Também abordaremos a questão de gênero e sua relação com a Educação Física. 1 CULTURA DO MOVIMENTO: AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DA CULTURA CORPORAL Iniciemos esse tópico, caro(a) acadêmico(a), levantando alguns questionamentos sobre o que é educação “corporal” e porque ela deve ser entendida pelo professor de Educação Física que atua principalmente nas escolas. Começaremos entendendo que cultura, segundo os PCN (BRASIL, 1997, p. 23), é “um produto da sociedade, da coletividade à qual os indivíduos pertencem, ou seja, um conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis pelo grupo”. E a relação com a educação física, segundo os PCN (BRASIL, 1997, p. 23): Assim, a área de Educação Física hoje contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento. Entre eles, se consideram fundamentais as atividades culturais de movimento com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções, e com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde. Trata-se, então, de localizar em cada uma dessas manifestações (jogo, esporte, dança, ginástica e luta) seus benefícios fisiológicos e psicológicos e suas possibilidades de utilização como instrumentos de comunicação, expressão, lazer e cultura, e formular a partir daí as propostas para a Educação Física escolar. Educação Física em foco 18 FIGURA 6: PRODUÇÕES DA CULTURA CORPORAL, INCORPORADAS PELA EDUCAÇÃO FÍSICA FONTE: BRASIL (1997, p. 24) Observamos, caro(a) acadêmico(a), que as produções da cultura corporal relatadas acima na Figura 6 tem em comum a representação corporal, com características lúdicas, de diversas culturas humanas (BRASIL, 1997, p. 24). Daolio (1996) observa que se a Educação Física trata da cultura de movimento, temos que fazer com que na escola, tanto no 1º quanto no 2º grau, ela deva ser feita nos mesmos moldes das outras disciplinas escolares, partindo do conhecimento corporal popular e das suas variadas formas de expressão cultural, almejando que o aluno possua um conhecimento organizado, crítico e autônomo a respeito da chamada cultura humana de movimento. Daolio (1996) faz uma análise da Educação Física na escola, apontando que geralmente sua prática valoriza a Educação Física biológica e universalizante, excluindo muitos alunos. O autor vai além, propondo uma nova aula focando na Educação Física Plural, cuja condição mínima e primeira é que as aulas atinjam todos os alunos, sem discriminação dos menos hábeis, ou das meninas, ou dos gordinhos, dos baixinhos, dos mais lentos, partindo do pressuposto que os alunos são diferentes, recusando o binômio igualdade/desigualdade para compará-los. Educação Física em foco 19 QUADRO 2. PROPOSTA DE CONTEÚDOS BASEADO NA EDUCAÇÃO FÍSICA PLURAL Anos Características Objetivo dessa Educação Física = abarcar todas as formas da chamada cultura corporal – jogos, esportes, danças, ginásticas e lutas – e, ao mesmo tempo, abranger todos os alunos. Nos anos iniciais - conhecimento a respeito da cultura corporal, desenvolvido prioritariamente, de forma vivencial. - ampla gama de oportunidades motoras. - explorar a capacidade de movimentação, descubra novas expressões corporais, domine seu corpo em várias situações, experimente ações motoras com novos implementos, com ritmos variados. Nos anos iniciais e finais - enfatizar o desenvolvimento e a reconstrução das técnicas esportivas, ginásticas ou de dança, considerando-se diversos níveis de relação. - não se trata de ensinar a técnica tida como correta, mas de propiciar aos alunos o desenvolvimento de uma série de relações com o espaço. Nos anos finais e ensino Médio. - partindo da capacidade cognitiva que os alunos possuem, que permite a eles pensar de forma abstrata, é possível ampliar os objetivos da Educação Física. - trabalhar com a cultura corporal não só no sentido de vivenciá-la, mas também compreendendo-a, criticando-a e transformando-a. FONTE: Adaptado de Daolio (1996, p. 41-42) Acadêmico(a)! Ao ler o quadro acima (Quadro 2), consegue-se visualizar “Por que a proposta da Educação Física Plural se torna uma alternativa importante de valorização da cultura do movimento para as aulas de Educação Física?” Vejamos a resposta: Propor uma Educação Física Plural significa fazer com que esta prática seja democrática, colocando seus serviços Educação Física em foco 20 à disposição de todos os alunos. Para isso, é necessário considerar as individualidades dos alunos, expressas nas diferenças apresentadas por eles. Uma Educação Física Plural tentará considerar, num sentido mais amplo, o contexto sociocultural onde ela se dá, e num sentido mais específico, as diferenças existentes entre os alunos. Uma EducaçãoFísica Plural permitirá fazer das diferenças entre os alunos, condição de sua igualdade, ao invés de ser critério para justificar preconceitos que levam à subjugação de uns sobre outros. Só assim, será garantido o direito de todos e de cada um à prática de Educação Física na escola (DALIO, 1995, p. 136). [...] jogos, brincadeiras e brinquedos populares são parte da cultura, habitualmente transmitidos de geração para geração, por meio da oralidade. Muitos desses brinquedos e brincadeiras preservam sua estrutura inicial; outros se modificam, recebendo novos conteúdos. No entanto, observa-se, cada vez mais, que o contato das crianças com jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais vem perdendo espaço, possivelmente como consequência dos processos de urbanização e de produção/ consumo de equipamentos de alta tecnologia (videogames, computadores, televisores e brinquedos de controle remoto) (GONÇALVES JUNIOR, 2004, p. 133). Portanto, vimos que a Educação Física que leva em conta a pluralidade seria uma excelente alternativa de trabalho a ser desenvolvido, pois engloba todos os princípios propostos pelos PCN, tais como inclusão, autonomia, cooperação e diversificação. 2 PEDAGOGIA DO ESPORTE O que seria pedagogia do esporte? Que relação existe entre a pedagogia e o esporte voltado à Educação Física escolar? O conteúdo a seguir responderá a estas perguntas, caro(a) acadêmico(a), levando-o ao entendimento que ao trabalharmos no ambiente escolar devemos ter em mente não somente a técnica, mas a forma como ela é construída. Para Bento (2006, p. 14), “a pedagogia objetiva entender o conhecimento historicamente produzido pelo sujeito, ao longo de sua existência e, assim, se Educação Física em foco 21 interessa pelas práticas esportivas corporais, pois o esporte é um fenômeno social”. Atualmente, essa área de conhecimento chamada de pedagogia do esporte objetiva contribuir com propostas relacionadas ao processo de ensino e aprendizagem de modalidades esportivas, ou seja, com métodos e estratégias de ensino que favoreçam uma aplicação apropriada do esporte dentro e fora do ambiente escolar (BARROSO; DARIDO, 2009). Para Reverdito, Scaglia e Paes (2009, p. 603), devemos ter claro que toda essa prática pedagógica se apoia além dos princípios pedagógicos com a diversidade, do ensinar esportes a todos, ensinar esporte bem a todos, ensinar mais que esportes e ensinar a gostar de esportes, pautando- se no aprendizado do jogo por meio do jogo jogado, sendo o ensino orientado para compreensão do jogo, com o objetivo do desenvolvimento da capacidade tática (cognitiva) em direção à especificidade técnica (motora específica), privilegiando situações de jogos e brincadeiras populares da cultura infantil, metodicamente orientados pelo jogo-trabalho. Os autores apoiam-se nos fundamentos das abordagens interacionista e do pensamento sistêmico-complexo, para as bases da teoria do jogo, privilegiando o aprendizado na interação entre a capacidade de aprender e das diferentes produções culturais já existentes, sendo o jogo principal ambiente dessa interação. Para ser abordado na escola, o esporte, como um conteúdo tradicional da Educação Física, precisa receber um tratamento pedagógico adequado, não somente ensinando movimentos e gestos técnicos específicos, mas proporcionando um conhecimento específico, para que ele saiba analisar o porquê da realização de tais movimentos, como também possa atribuir valores e ter atitudes apropriadas para e nas diversas práticas esportivas (BARROSO; DARIDO, 2009). Ao abordarmos a Educação Física enquanto pedagogia do esporte, devemos ter em mente a importância de valorizar o indivíduo em sua totalidade, proporcionando estímulos físicos, cognitivos, afetivos e sociais, estimulando as inteligências múltiplas com destaque a autoestima, autoconfiança, iniciativa, autonomia e cooperação (GALATTI, PAES, 2006). Educação Física em foco 22 Princípios Características Primeiro Conjunto de Princípios - Futebol entendido como processo de ensino e aprendizagem para todos. - Competição e disputa vistas como conteúdos de uma ação pedagógica. - A não cobrança de resultados e a não preocupação com a formação de equipes, como fator relevante para uma escolinha de futebol. - Gerar uma organização para que o aluno pegue mais vezes na bola, ou seja, tenha muito contato com a bola durante a aula, portanto, evitando-se grandes filas. - Possibilitar oportunidades para que eles saibam se auto- organizarem, se preciso for até que eles aprendam a votar, para tomadas de decisões democráticas. - Estimular a construção de regras, para que os alunos sejam regidos por suas próprias regras. Segundo Conjunto de Princípios - Divisão das turmas através de uma adequação etária. - Desenvolvimento harmônico e global das crianças, atentando- se sempre aos seus aspectos cognitivos, afetivos (sociais), sensitivos e motores. - Variações mais complexas da brincadeira, estimulando o aumento da complexidade dos movimentos destas. - Nunca realizar atividades que se resumem na prática pela prática, através de conversas e explicações situar o aluno no contexto em que a atividade é executada. Terceiro Conjunto de Princípios - Resgatar a cultura infantil, adaptando brincadeiras infantis, adequando-as à aprendizagem do futebol. - Liberdade no transcorrer do processo de ensino-aprendizagem do futebol. - Levar em conta o que a criança traz com ela, suas características, sua bagagem motora e cultural. - Aproveitar o conhecimento do aluno, que deve aprender, avançar a partir do que já sabe. QUADRO 3. EXEMPLO DE UMA ESCOLINHA DE FUTEBOL BASEADO NA PEDAGOGIA DO ESPORTE FONTE: Adaptado de SCAGLIA (1996) Educação Física em foco 23 ------ [ RESUMO DO TÓPICO 2 ] ------ Neste tópico, você viu que: • Cultura definida pelos PCN como um produto da sociedade. • Produções da cultura corporal, incorporadas pela Educação Física (jogo, esporte, dança, ginástica e luta). • A Educação Física, quando trata da cultura de movimento, deve partir do conhecimento corporal popular e das suas variadas formas de expressão cultural. • O professor de Educação Física na escola deve resgatar o conhecimento que o aluno possui a respeito da chamada cultura humana de movimento. • O professor de Educação Física na escola não deve apenas levar em conta sua prática biológica e universalizante, excluindo muitos alunos. • O professor de Educação Física deve propor uma nova aula focando na Educação Física Plural, cuja condição mínima e primeira é que as aulas atinjam todos os alunos, sem discriminação dos menos hábeis, ou das meninas, ou dos gordinhos, dos baixinhos, dos mais lentos, partindo do pressuposto que os alunos são diferentes, recusando o binômio igualdade/desigualdade para compará-los. • A Educação Física que leva em conta a pluralidade seria uma excelente alternativa ao professor de Educação Física, pois engloba todos os princípios propostos pelos PCN, tais como inclusão, autonomia, cooperação e diversificação. • A pedagogia se interessa pelo esporte, por este ser um fenômeno social. • A pedagogia do esporte objetiva contribuir com propostas relacionadas ao processo de ensino e aprendizagem de modalidades esportivas. Educação Física em foco 24 • A pedagogia do esporte utiliza métodos e estratégias de ensino que favoreçam uma aplicação apropriada do esporte dentro e fora do ambiente escolar. • Na escola, o esporte, como um conteúdo tradicional da Educação Física, precisa receber um tratamento pedagógico adequado, não somente ensinando movimentos e gestos técnicos específicos, mas proporcionando um conhecimento específico. • O professor de Educação Física deve mostrar ao aluno o motivo da realização de tais movimentos, como também pode atribuir valores e ter atitudes apropriadas para e nas diversas práticas esportivas. Educação Física em foco 25 AUT OAT IVID ADE � Questão 1: QUESTÃO 18 do ENADE (2014).FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016. O jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta, enquanto componentes culturais da Educação Física, têm como características comuns a ludicidade e a função educativa, nas quais cada manifestação corporal vivida no interior da escola possibilita a formação e o desenvolvimento humano em sua totalidade. Assim, a Educação Física contempla conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento, com finalidade de lazer, manutenção da saúde, expressão da afetividade e da cidadania. Com base no texto, e considerando o papel do professor ao planejar, participar e avaliar projetos pedagógicos, educacionais e da gestão escolar, avalie as afirmações a seguir. I. Deve-se valorizar a rotina da aula e a improvisação, o que estimulará a renovação do conhecimento, que deve ser diariamente produzido pelo professor e seus alunos. II. É recomendável que o aluno desenvolva sua bagagem cultural através de jogos e brincadeiras, considerando sua criatividade e seu poder de imaginação. III. É preciso considerar o espaço físico onde as brincadeiras devem ser realizadas, pois este deve transmitir a sensação de conforto, de segurança e de confiança. IV. É importante promover a formação integral dos alunos, visando às finalidades educacionais, com a intenção de proporcionar o bem-estar e o Educação Física em foco 26 desenvolvimento corporal em suas diferentes dimensões. É correto apenas o que se afirma em: ( ) A= I e II. ( ) B = I e III. ( ) C= III e IV. ( ) D = I, II e IV. ( ) E = II, III, IV. Gabarito Questão 1 – Letra E. Educação Física em foco 27 ------ [ TÓPICO 3 – ASPECTOS METODOLÓGICOS QUE ENVOLVEM ] ------ A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Neste tópico, você entenderá os aspectos metodológicos que envolvem a Educação Física e a importância atualmente das mídias esportivas, tanto no esporte de rendimento quanto na aplicação no âmbito escolar. 1 METODOLOGIA E CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Todos os aspectos metodológicos que envolvem a Educação Física são as mesmas substancialmente das demais áreas do conhecimento e devem ter como meta a busca constante de estratégia metodológica que possa dar conta das novas necessidades (OLIVEIRA, 1997). Hoje, a Educação Física conta com várias propostas metodológicas de destaque. No entanto, para o presente estudo destacamos: metodologia do ensino aberta; metodologia crítico-superadora; metodologia construtivista e metodologia crítico-emancipadora (OLIVEIRA, 1997, p. 23). Para que seja efetivo o ensino, deve-se sempre buscar a realidade do educando para ensinar fatos, pessoas e objetos que os alunos conhecem na sua vida diária e sobre os quais manifestam interesse e curiosidade para ampliar seus conhecimentos, sendo que para isso o professor pode utilizar várias metodologias que utilizam essas estratégias (SHIGUNOV, 2008). Veja algumas caraterísticas no quadro a seguir, destas metodologias que você, professor de Educação Física, pode optar em usar em suas aulas: QUADRO 4. ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DAS METODOLOGIAS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA Características 1 – METODOLOGIA DO ENSINO ABERTO Idealizadores da proposta - Reiner Hildebrandt e Ralf Laging da Alemanha (1986) e Cardoso et al. (1991) – Grupo de Trabalho Pedagógico), UFPe e UFSM, do Brasil. Educação Física em foco 28 Referencial teórico - Teoria Sociológica do Interacionismo Simbólico (Mead/Blumer) e Teoria Libertadora (Paulo Freire). Tendência educacional Progressista crítica. Objeto de estudo O mundo do movimento e suas implicações sociais. Objetivos gerais Trabalhar o mundo do movimento em sua amplitude e complexidade com a intenção de proporcionar, autonomia para as capacidades de ação. Seriação escolar Pode ser trabalhada dentro da atual estrutura curricular escolar. Conteúdos básicos O mundo do movimento e suas relações com os outros e as coisas. os conteúdos são construídos através de temas geradores. Enfoque metodológico - Ações problematizadoras. - Ações metodológicas organizadas para aumento no nível de complexidade dos temas tratados e realiza-se em uma ação participativa, em que professor e alunos interagem na resolução de problemas e no estabelecimento de temas geradores; o ensino aberto exprime-se pela “subjetividade” dos participantes. Avaliação Privilegia a avaliação do processo ensino-aprendizagem. 2 - METODOLOGIA CRÍTICO-SUPERADORA Idealizadores da proposta - Valter Bracht et al. (1992). - Coletivo de autores. Referencial Teórico Teoria do materialismo histórico-dialético. Tendência Educacional Progressista crítica. Objeto de estudo - Temas inerentes à cultura corporal do homem e da mulher brasileiros, entendendo-a como uma dimensão da cultura. Busca desenvolver a apreensão, por parte do aluno, da cultura corporal, como parte constitutiva da sua realidade social complexa. Educação Física em foco 29 Objetivos gerais Desenvolver a apreensão, por parte do aluno, da sua cultura corporal, entendendo-a como parte constitutiva da sua realidade social complexa. Seriação escolar – Pré e anos iniciais – organização da identificação dos dados da realidade. – anos iniciais – iniciação à sistematização do conhecimento; – anos finais – aplicação da sistematização do conhecimento; – Ensino Médio – aprofundamento da sistematização do conhecimento. Conteúdos básicos - Temas que, historicamente, compõem a cultura corporal brasileiro, tais como o jogo, a ginástica, a dança e os esportes. Enfoque metodológico - Práticas constitutivas da cultura corporal como “práticas sociais”, produzidas pela ação (trabalho) humana com vistas a atender a determinadas necessidades sociais. Avaliação - Privilegia a avaliação do processo ensino-aprendizagem. 3 – METODOLOGIA CONSTRUTIVISTA idealizadores da proposta João Batista Freire – na Educação Física – (1989). Referencial Teórico Piaget, especialmente com as obras “O nascimento da inteligência na criança” e “O possível e o necessário, fazer e compreender”. Tendência Educacional Construtivista (com tendência ao socioconstrutivismo). Objeto de estudo Motricidade humana. Objetivos gerais Ensinar as pessoas a se saberem corpo. Seriação escolar Adaptada ao currículo atual, mas aponta para alterações no currículo, inclusive na seriação. Conteúdos básicos Educação dos sentidos, com a educação da motricidade, com a educação do símbolo. Enfoque metodológico A partir do que o sujeito sabe sugerir mudanças no conteúdo, criando o conflito entre o que se sabe e o que é preciso ser aprendido. Do conflito vem a consciência do fazer. Avaliação - Educação Física em foco 30 4 - METODOLOGIA CRÍTICO-EMANCIPADORA Idealizadores da proposta Elenor Kunz (1994). Referencial Teórico Teoria sociológica da razão comunicativa (Habermas). Tendência Educacional Progressista crítica. Objeto de estudo Movimento humano – esporte e suas transformações sociais. Objetivos gerais Conhecer e aplicar o movimento conscientemente, libertando-se de estruturas coercitivas; refuncionalizar o movimento. Seriação escolar - Conteúdos básicos O movimento humano através do esporte, da dança e das atividades Lúdicas. Enfoque metodológico Categorias de ação: trabalho, interação e linguagem. Avaliação Processo ensino-aprendizagem. FONTE: Adaptado de Oliveira (1997) Devemos ter em mente que, para as metodologias expostas no quadro acima, para funcionarem, elas devem facilitar a aprendizagem do aluno, apresentar o conteúdo, atingir os objetivos propostos, mesmo com os estilos de atuação diferenciados, levando em conta a ação, a forma de comunicação do professor em contato com os alunos (SHIGUNOV, 2008). [a comunicação no ensino] mediante a comunicação que se estabelece em todo o processo de ensino, o aluno adquire uma determinada informação. Esta informação, que é fornecida em função de umdesenvolvimento ótimo de habilidades nos níveis cognitivo, afetivo e motor, tem que servir para ajudar o indivíduo a tomar as decisões corretas sobre seu movimento corporal e os mecanismos cognitivos corretos para a realização eficiente de uma tarefa (SHIGUNOV, 2008, p. 42). Educação Física em foco 31 2 MÍDIAS ESPORTIVAS Kellner (2003, p. 5) aponta que atualmente a indústria cultural possibilitou a multiplicação dos espetáculos por meio de novos espaços e sites, e o próprio espetáculo está se tornando um dos princípios organizacionais da economia, da política, da sociedade e da vida cotidiana, incluindo o esporte. A economia baseada na internet permite que o espetáculo seja um meio de divulgação, reprodução, circulação e venda de mercadorias. A cultura da mídia promove espetáculos tecnologicamente ainda mais sofisticados para atender às expectativas do público e aumentar seu poder e lucro, em que novas multimídias – que sintetizam as formas de rádio, filme, noticiário de TV e entretenimento – e o crescimento repentino do domínio do ciberespaço se tornam espetáculos de tecnocultura, gerando múltiplos sites de informação e entretenimento, ao mesmo tempo em que intensificam a forma-espetáculo da cultura da mídia (KELLNER, 2003, p. 5). O avanço do uso das novas mídias nos últimos anos, além de aumentar os setores de aplicação e o espectro daqueles que podem interagir no mundo virtual, possibilitou a criação de um espaço de expressão de ideias e concepções, para muitos que antes não tinham qualquer relação com a mídia informativa formal (jornais, revistas, televisão etc.) (REBUSTINI et al., 2012). Os fatos esportivos são usados diariamente pelas mídias impressa, televisiva, radiofônica e virtual que se apropria (mobiliza estratégias simbólicas singulares) da cena discursiva do fato para produzir sentidos (agendas) (BORELLI, 2001). O mesmo autor, caro(a) acadêmico(a), faz uma análise da representação da mídia nos eventos esportivos, a saber: Os eventos esportivos, como movimentos sociais, não se limitam apenas a representar uma competição, pois refletem também características culturais, econômicas, sociais, políticas, étnicas, religiosas etc. Assim, tomam-se os acontecimentos esportivos como fatos complexos, que trazem um conjunto de dimensões das relações interculturais, em que os atores sociais não são apenas os competidores, mas a plateia, os dirigentes, os mídias, os patrocinadores, os diretores esportivos etc. (BORELLI, 2001, p. 3). Educação Física em foco 32 Atualmente, a televisão vem se “naturalizando” como um membro das famílias brasileiras e é um dos mais importantes e poderosos meios de produção midiática e veiculação de informações (KENSKI, 1995). Expresso especialmente pela televisão, o esporte apresenta-se como um dos principais elementos da cultura marcado pelo processo de espetacularização midiática, por gerar um mercado “de milhões”, a compreensão do esporte na atualidade precisa considerar a sua mediatização pela televisão, ou seja, este meio de comunicação de massa não pode ser considerado instância externa à cultura esportiva, mas parte integrante que concorre para a instauração de uma nova percepção e prática desse elemento da cultura de movimento (LISBÔA, 2007). Temos que deixar claro que, nesse contexto, o professor de Educação Física deve ter conteúdo de cultura midiática, através da problematização do esporte da mídia nas aulas de Educação Física. Lisbôa (2007, p. 2) aponta a importância desses conhecimentos trazidos pelas crianças: Acreditando na capacidade transformadora e produtora de conhecimentos por parte das crianças, que não apenas recebem estas informações da televisão passivamente, mas também são capazes de ressignificá-las à luz de suas “múltiplas mediações”, surge a necessidade de se estabelecer um nexo entre as representações sociais produzidas pela mídia/TV, e aquelas que efetivamente se constituem em sua cultura lúdica. Desta forma, sabendo que existem milhares de crianças na escola com uma bagagem da televivência esportiva, o professor deve explorar esse conhecimento. Educação Física em foco 33 ------ [ RESUMO DO TÓPICO 3 ] ------ Neste tópico, você viu que: • Os aspectos metodológicos das demais áreas do conhecimento são as mesmas que envolvem a Educação Física. • A Educação Física conta com várias propostas metodológicas de destaque, que vão desde metodologias tradicionais, como metodologias que apoiam na cultura do movimento. • As metodologias não tradicionais são: metodologia do ensino aberta; metodologia crítico-superadora; metodologia construtivista e metodologia crítico-emancipadora. • Para que seja efetivo o ensino, deve-se sempre buscar a realidade do educando para ensinar fatos, pessoas e objetos que os alunos conhecem na sua vida diária. • A indústria cultural possibilitou a multiplicação dos espetáculos por meio de novos espaços e sites. • O esporte virou espetáculo. • A indústria cultura e mídia tornou-se um dos princípios organizacionais da economia, da política, da sociedade e da vida cotidiana. • A economia baseada na internet permite que o espetáculo seja um meio de divulgação, reprodução, circulação e venda de mercadorias. • A cultura da mídia promove espetáculos tecnologicamente sofisticados para atender às expectativas do público e aumentar seu poder e lucro. • Os fatos esportivos são usados diariamente pelas mídias impressa, televisiva, radiofônica e virtual que se apropria (mobiliza estratégias simbólicas singulares) da cena discursiva do fato para produzir sentidos (agendas). Educação Física em foco 34 • A televisão é um dos mais importantes e poderosos meios de produção midiática e veiculação de informações. • Expresso especialmente pela televisão, o esporte apresenta-se como um dos principais elementos da cultura marcado pelo processo de espetacularização midiática. • O esporte gera um mercado “de milhões”, como parte integrante que concorre para a instauração de uma nova percepção e prática desse elemento da cultura de movimento. • A Educação Física deve se apropriar desse conhecimento de televivência das crianças e explorá-lo nas aulas. Educação Física em foco 35 AUT OAT IVID ADE � Questão 1: QUESTÃO 15 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016. É preciso considerar que as mídias privilegiam a forma do espetáculo e do entretenimento, quase sempre distante das preocupações educativas- escolares. O que as mídias proporcionam é um grande mosaico sem estrutura lógica aparente, composto de informações desconexas, em geral descontextualizadas e recebidas individualmente, sem instaurar, portanto, um verdadeiro processo de comunicação. Em uma escola, o Projeto Político-Pedagógico (PPP) prevê a discussão da questão étnico-racial em todas as disciplinas curriculares. Para atender a esse PPP, o professor de Educação Física escolar pediu que os alunos prestassem atenção ao que os comentaristas de jogos de futebol falam sobre os jogadores, com atenção a possíveis comentários que diferenciam jogadores brancos, negros ou de origem asiática. Avalie as afirmações a seguir, que descrevem as atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula com base nos relatos da pesquisa realizada pelos estudantes. I. Mediação entre o discurso televisivo e os discursos presentes em outros tipos de mídia, demonstrando como informações tendenciosas e preconceitos étnicos-raciais estão enraizadas na sociedade e podem ocorrer em situações de jogo nas aulas de Educação Física. II. Mediação entre o discurso midiático e os objetivos da Educação Física escolar, discutindo situações em que se evidenciaram informações tendenciosas e preconceitos em relação às diferentes identidades. Educação Física em foco 36 III. Discussão e reflexão sobre questões étnico-raciais, frequentemente presentes em redes sociais, apesar de não estarem previstasnas diretrizes curriculares nacionais da Educação Básica. É correto o que se afirma em: ( ) A = I, apenas. ( ) B = III, apenas. ( ) C = I e II, apenas. ( ) D = II e III, apenas. ( ) E = I, II e III. Questão 2: QUESTÃO 24 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016. Tendo em vista a Educação Física que se renova, recria e aprimora seus conceitos, conteúdos e didáticas, sugerem-se algumas reflexões sobre propostas contemporâneas e as práticas que vemos constantemente nas ruas. Por que não levá-las para a escola? Por que não perguntar e conversar com as crianças? Talvez, muitas queiram novas modalidades dentro do âmbito escolar. Às vezes, as crianças já praticam tais atividades nos momentos livres e recreativos, porém se não olharmos para o ser humano em plena formação, talvez algumas desistam no meio do caminho, por não se desenvolverem, nem melhorarem em tais práticas. O trecho sugere que existe uma integração entre os conteúdos escolares e a vida do ser humano fora da escola. De acordo com essas reflexões, conclui-se que: ( ) a - conversas com as crianças a respeito de seus momentos livres garantem que o professor consiga inserir corretamente os saberes construídos nas ruas nos conteúdos de suas aulas. ( ) b - saberes construídos nas ruas são os que agradam aos alunos e, por isso, são conteúdos escolares de caráter atitudinal essenciais para o desenvolvimento social de crianças e adolescentes. Educação Física em foco 37 ( ) c - saberes construídos nas ruas são conteúdos escolares que podem promover o desenvolvimento integral dos alunos e que lhes ensinam mais possibilidades para usufruir dos momentos de lazer. ( ) d - práticas que as crianças realizam nos momentos livres precisam ser bem analisadas antes de se tornarem conteúdos escolares, de forma a privilegiar aquelas que todos conheçam. ( ) e - práticas que as crianças realizam nos momentos livres são conteúdos escolares por excelência, excetuando-se aquelas que apresentam caráter elitista, por não serem compatíveis com os ideais igualitários. Questão 3: QUESTÃO 16 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 6 jul. 2016. A mídia televisiva em geral tem privilegiado as transmissões de espetáculos esportivos que comumente reforçam a supremacia do sexo masculino em relação ao feminino, reforçando também o caráter sexista da prática esportiva. As consequências de tal situação são preocupantes, pois os índices de desrespeito aos direitos da mulher continuam altos. No que diz respeito à Educação Física, infelizmente ainda é comum encontrarmos aulas em que as práticas reforçam negativamente as diferenças entre os sexos e incentivam o sexismo, como aulas de futebol para meninos e queimada para as meninas, ou até mesmo aulas separadas por sexo com a alegação de que os meninos machucam as meninas. O enfrentamento desta situação perpassa várias condições, como, por exemplo, os ordenamentos legais, as políticas públicas de vários segmentos, a formação de educadores, a concepção de mundo dos professores e as representações dos próprios alunos. Em se tratando de política pública de Educação Física, considerando os Parâmetros Curriculares Nacionais, há pouco posicionamento com relação a essa temática. Assinale a alternativa que sintetiza tal posicionamento. ( ) a - as aulas mistas de Educação Física devem possibilitar a convivência de estudantes de sexos diferentes para conhecerem as diversidades de gêneros, desenvolverem uma postura de inconformidade com relação a Educação Física em foco 38 essas diferenças e promoverem práticas de superação das meninas sobre os meninos. ( ) b - as aulas mistas de Educação Física permitem que meninos e meninas convivam, se observem, se descubram e aprendam a se respeitar, a não discriminar e a compreender as diferenças, de forma a não reproduzir relações autoritárias. ( ) c- as aulas mistas de Educação Física devem ser mescladas com aulas separadas por sexo, para propiciar momentos de diversão (aulas mistas), de aprendizados técnicos (aulas separadas) e de desenvolvimento de uma postura de tolerância entre os gêneros. ( ) d - as aulas mistas de Educação Física devem ser intercaladas com aulas separadas por sexo, para promover momentos de convivência pacífica, de conscientização para os alunos do sexo masculina e de desenvolvimento de uma postura de tolerância entre os sexos. ( ) e - as aulas mistas de Educação Física tem o objetivo de levar os estudantes, que são os futuros cidadãos, a reproduzi a concepção histórica sobre a inferioridade feminina, sendo, por esse motivo, fundamentais no contexto da educação básica. Gabarito Questão 1 – Letra C. Questão 2 – Letra C. Questão 3 – Letra B. Educação Física em foco 39 REFERÊNCIAS BARROSO, A. L. R.; DARIDO, S. C. A pedagogia do esporte e as dimensões dos conteúdos: conceitual, procedimental e atitudinal. 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Educação Física em foco 42 Educação Física em foco 43 UNIDADE 2 MOTRICIDADE HUMANA/CORPOREIDADE (O CONHECIMENTO SOBRE O CORPO HUMANO) OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de: • econhecer novas formas de ver a dança; • entender os diferenciais do conteúdo pedagógicos da dança na Educação Física baseado nos PCN; • analisar os aspectos metodológicos que envolvem a dança, atividades rítmicas na Educação Física escolar; • conhecer os aspectos do jogo, esporte, ginástica e luta que devem ser trabalhados na Educação Física escolar; • analisar os aspectos que caracterizam a Educação Física relacionada à saúde. sar os aspectos metodológicos que envolvem a Educação Física escolar. PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em dois tópicos. Em cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos abordados. TÓPICO 1 – LINGUAGEM CORPORAL NA ESCOLA TÓPICO 2 – ASPECTOS DO JOGO, ESPORTE, GINÁSTICA E LUTA NA ESCOLA TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE Educação Física em foco 44 Educação Física em foco 45 ------ [ TÓPICO 1 – LINGUAGEM CORPORAL NA ESCOLA ] ------ Neste tópico, você verá os conteúdos relacionados à cultura do movimento que diz respeito à linguagem corporal que engloba a dança, atividades rítmicas, brinquedos cantados, bem como suas caraterísticas pedagógicas, curriculares e sociais. 1 DANÇA, ATIVIDADE RÍTMICA E LINGUAGEM CORPORAL NA ESCOLA Na medida em que a Educação Física lida, pedagogicamente, com expressões da cultura, então, pela educação do corpo também se difunde uma determinada ordem cultural, da qual a cultura corporal é constitutiva e constituinte (BRASILEIRO; MARCASSA, 2008). Caro(a) acadêmico(a)! Vamos entender a partir da leitura a seguir como a dança é uma importante forma de linguagem corporal, da cultura que pode e deve ser explorada pelo professor de Educação Física. Marques (1997) explica que a dança seria o primo da educação e assim os educadores buscaram incorporar a dança nos currículos, programas educacionais, como em 1992, a dança passou a fazer parte do Regimento da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo como linguagem artística diferenciada. Segundo Oliveira (2001, p. 14), a dança pode ser considerada como uma das “atividades físicas mais significativas para o homem antigo, utilizada como forma de exibir suas qualidades físicas e de expressar os seus sentimentos, praticada por todos os povos, desde o paleolítico superior (60.000 a.C.)". No Brasil e no mundo, a dança vem ganhando cada vez mais espaço pelos benefícios comprovados que, de acordo com Gariba (2005), vão desde a melhora da autoestima, passando pelo combate ao estresse, depressão, até o enriquecimento das relações interpessoais. A dança, por ser uma das principais manifestações instintivas, faz parte da natureza humana (TONELI, 2007), sendo uma atividade completa em vários Educação Física em foco 46 aspectos. Veja na figura a seguir os aspectos que a dança aborda enquanto atividade. FIGURA 7. ASPECTOS DA DANÇA FONTE: TONELI (2007) A dança e as brincadeiras cantadas fazem parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 38) da Educação Física, no bloco atividades rítmicas, como “manifestações da cultura corporal que têm como características comuns a intenção de expressão e comunicação mediante gestos e a presença de estímulos sonoros como referência para o movimento corporal”. Strazzacappa (2001) aponta que o movimento corporal leva o aluno a sentir o mundo e por ele ser sentido e que uma das formas seria pela dança, pois esta proporciona experiências com atividades motoras de real importância para as relações interpessoais, proprioceptivas, ambientais, necessárias ao desenvolvimento infantil, ou seja, o processo de ensino e aprendizagem por meio das atividades rítmicas deve se apresentar como intermédio entre o saber, corpo e movimento. Nos PCN são descritas algumas características que devem ser abordadas na dança enquanto linguagem corporal: Os conteúdos deste bloco são amplos, diversificados e podem variar muito de acordo com o local em que a escola estiver inserida. Sem dúvida alguma, resgatar as manifestações culturais tradicionais da coletividade, por intermédio principalmente das pessoas mais velhas é de fundamental importância. A pesquisa sobre danças e brincadeiras cantadas de regiões distantes, Educação Física em foco 47 com características diferentes das danças e brincadeiras locais, pode tornar o trabalho mais completo. Por meio das danças e brincadeiras os alunos poderão conhecer as qualidades do movimento expressivo como leve/pesado, forte/fraco, rápido/ lento, fluido/interrompido, intensidade, duração, direção, sendo capaz de analisá-los a partir destes referenciais; conhecer algumas técnicas de execução de movimentos e utilizar-se delas; ser capazes de improvisar, de construir coreografias, e, por fim, de adotar atitudes de valorização e apreciação dessas manifestações expressivas (BRASIL, 1997, s.p.). Podemos nos perguntar se a dança inserida na escola como uma atividade rítmica deve ser predominante técnica? A dança tem, sim, um caráter técnico, mas no âmbito escolar cabeao professor de Educação Física não estar centrado predominantemente no domínio técnico da dança, mas na possibilidade de incorporação das muitas técnicas de execução que possibilitem a sua transferência para várias outras situações ou contextos, levando o aluno a vivências diversificadas, proporcionando experiências de manifestação corporal (RONDON et al., 2010). Surge como uma alternativa dessa forma de dança na escola, a dança criativa como uma alternativa de variação de movimentos codificados e rígidos (RONDON et al., 2010). A dança estimula a criatividade e a memorização e, ao praticá-la, somos induzidos a entrar em contato e nos interessarmos por conhecer fatos, narrações, histórias e costumes da humanidade acerca da evolução e até de outras culturas (ARCE; DÁCIO, 2007). Proporcionar o desenvolvimento da criatividade reforça as interações com o meio sociocultural, não sendo uma simples determinação biológica, mas uma possibilidade a ser construída com/através das aulas de dança. Pelo fato de a dança trabalhar diversos aspectos, como a coordenação motora, agilidade, ritmo e percepção espacial; desenvolve a musculatura corporal de forma integrada e natural; permitir uma melhora na autoestima e quebra de diversos bloqueios psicológicos; possibilitar o convívio e aumento do rol de relações sociais (ARCE; DÁCIO, 2007). Na escola, o professor pode explorar o movimento da dança, ou seja, dançar é combinar movimentos e mais movimentos, formas e mais formas, Educação Física em foco 48 modificando-os, refinando-os, entendendo-os com todos os aspectos psíquicos de possibilidade de intervenção e de elaboração (MANSUR, 2003). É neste sentido que devemos superar o ensino em que o professor transmite e o estudante apenas reproduz. Assim surge a improvisação em dança, um aspecto dentro da dança criativa, que é um caminho que favorece: FIGURA 8. ASPECTOS DA DANÇA IMPROVISAÇÃO FONTE: Mansur (2003) Somado às características da dança improvisação, a dança como atividade pedagógica, segundo Carvalho e Silva et al. (2012), objetiva: • proporcionar atividades de desenvolvimento da memória, do raciocínio, da autoestima e autoconfiança; • estimular a capacidade de solucionar problemas de maneira criativa; • fazer com que a criança tenha uma melhor relação consigo mesma e com os outros; • ampliar seu repertório de movimentos, despertando no aluno uma relação concreta de sujeito-mundo. Devemos pensar a dança, caro acadêmico, como uma atividade rítmica que deve ser centrada no aluno, com participação em todo o contexto escolar e não somente em festas juninas e em demais festejos escolares, atuando ativamente na interdisciplinaridade, na qual tem sentido profundo e desempenha papel integrador plural e interdisciplinar no processo formal e não formal da educação (SOUSA; Educação Física em foco 49 HUNGER; CARAMASCHI, 2010). Os PCN (BRASIL, 1997, s.p.) apontam uma lista de sugestão de danças e outras atividades rítmicas e/ou expressivas que podem ser abordadas e deverão ser adaptadas a cada contexto: • danças brasileiras: samba, baião, valsa, quadrilha, afoxé, catira, bumba-meu-boi, maracatu, xaxado etc.; • danças urbanas: rap, funk, break, pagode, danças de salão; • danças eruditas: clássicas, modernas, contemporâneas, jazz; • danças e coreografias associadas a manifestações musicais: blocos de afoxé, olodum, timbalada, trios elétricos, escolas de samba; • lengalengas; • brincadeiras de roda, cirandas; • escravos-de-Jó. Veja, na tabela a seguir, alguns estudos com dança na escola e seus benefícios aos alunos. QUADRO 5. ESTUDOS DE CAMPO COM A DANÇA NA ESCOLA Estudo/ referência Sujeitos/ Idade (anos)/ sexo Intervenção Duração (semanas) Resultados Mota, Mota e Liberali (2012) 20 alunas (11 - 16 anos) Objetivo = nível de motivação e autoestima de adolescentes do sexo feminino de um projeto social de dança - projeto de dança para atendimento à família, visando a criar condições para prevenir situações de risco. - A dança é um dos serviços oferecidos como uma atividade socioeducativa. - a dança é “muito importante” para a saúde. - querem ser bailarinos quando crescerem. - aprender novas danças. - boa autoestima. - adolescentes que dançam aceitam o projeto social como um caminho na realização de um grande sonho; “ser uma bailarina quando crescer”, com novas experiências. Educação Física em foco 50 Castro et al. (2011) 115 alunas (05 - 66 anos) Objetivo = avaliar a socialização - projeto de dança com 18 aulas. - vivências de danças, vídeos, historinhas etc. - gostam de dançar em grupo. - gostam de se apresentar. - a dança trouxe receptividade. - a dança trouxe ludicidade, musicalidade, socialização e movimentos variados. Educação Física em foco 51 ------ [ RESUMO DO TÓPICO 1 ] ------ Neste tópico, você viu que: • A dança é uma importante forma de linguagem corporal que pode e deve ser explorada pelo professor de Educação Física. • A dança foi incorporada nos currículos e em programas educacionais, desde 1992, nas escolas municipais de São Paulo como linguagem artística diferenciada. • A dança foi usada como atividades físicas mais significativas para o homem antigo, desde o paleolítico superior (60.000 a.C.). • No Brasil e no mundo, a dança vem ganhando cada vez mais espaço pelos benefícios comprovados. • Alguns benefícios da dança podem ser a melhora da autoestima, combate ao estresse, depressão, até o enriquecimento das relações interpessoais. • A dança e as brincadeiras cantadas fazem parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) da Educação Física no bloco atividades rítmicas. • Para os PCN, a dança é uma manifestação da cultura corporal que tem como característica comum a intenção de expressão e comunicação. • A dança proporciona experiências com atividades motoras de real importância para as relações interpessoais, proprioceptivas, ambientais. • A dança auxilia no desenvolvimento infantil, ou seja, o processo de ensino e aprendizagem por meio das atividades rítmicas deve-se apresentar como intermédio entre o saber, corpo e movimento. • A dança no âmbito escolar não está centrada predominantemente no domínio técnico, mas nas experiências de manifestação corporal. Educação Física em foco 52 • A dança criativa é uma alternativa de variação de movimentos codificados e rígidos. • A dança estimula a criatividade e a memorização. • A dança proporciona as interações com o meio sociocultural, não sendo uma simples determinação biológica, mas uma possibilidade a ser construída com/ através das aulas de dança. • A dança trabalha diversos aspectos, como a coordenação motora, agilidade, ritmo e percepção espacial; desenvolve a musculatura corporal de forma integrada e natural; permitir uma melhora na autoestima e quebra de diversos bloqueios psicológicos; possibilitar o convívio e aumento do rol de relações sociais. • Na escola o professor pode explorar o movimento da dança, combinando movimentos e mais movimentos. • A improvisação em dança trona-se com a dança criativa uma opção na escola de trabalhar a criatividade, a experimentação, a superação dos modelos e a espontaneidade. • A dança, como atividade pedagógica, proporciona atividades de desenvolvimento da memória, do raciocínio, da autoestima e da autoconfiança. • A dança faz com que a criança tenha uma melhor relação consigo mesma e com os outros e amplia seu repertório de movimentos, despertando no aluno uma relação concreta de sujeito-mundo. • A dança é uma atividade rítmica que deve ser centrada no aluno, com participação em todo o contexto escolar. Educação Física em foco 53 AUT OAT IVID ADE � Questão 1: QUESTÃO 30 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jun. 2016. A Resolução CNE/CEB 2/2010, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, prevê que a Educação Físicaé componente curricular da linguagem assim como a Língua Portuguesa, a Arte e a Língua Estrangeira. Esses componentes devem ser desenvolvidos de forma interdisciplinar e contextualizada, a fim de possibilitar ao aluno o domínio do conhecimento das formas contemporâneas de linguagem por meio de habilidades e competências. Com base nessa indicação legal sobre o conhecimento da Educação Física, analise a figura a seguir: A partir do texto e da imagem, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. A linguagem corporal como forma de comunicação e expressão não verbal pode ser desenvolvida como conhecimento específico da Educação Física Educação Física em foco 54 e, também, dialogando com outros componentes curriculares. PORQUE II. Deve-se possibilitar a inter-relação entre conhecimentos das diversas formas de linguagens na escola, considerando o conhecimento do corpo como meio de expressão e comunicação manifestado por meio da prática corporal em aulas de Educação Física. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: ( ) A= as asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. ( ) B = as asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. ( ) C= a asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. ( ) D = a asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. ( ) E = as asserções I e II são proposições falsas. Questão 2: QUESTÃO 26 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jul. 2016. Considere que uma professora desenvolveu um projeto educacional sobre atividades rítmicas com os estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental. Nesse projeto, os estudantes realizaram uma pesquisa com seus pais e avós para identificar cantigas de roda e parlendas realizadas por eles durante a infância. Os resultados da pesquisa foram compartilhados pelos estudantes com os colegas de classe. A professora, então, elaborou uma lista com as cantigas e parlendas identificadas e construiu aulas nas quais algumas atividades foram vivenciadas e analisadas. Considerando o projeto aplicado por esta professora, seus objetivos e Educação Física em foco 55 conteúdos, avalie as afirmações a seguir. I. O processo aplicado estimulará a aprendizagem de conteúdos de natureza procedimental, como a valorização do prazer na prática de atividades rítmicas e o respeito aos limites e possibilidades dos estudantes. II. O projeto aplicado estimulará a aprendizagem de conteúdos de natureza conceitual, como o conhecimento sobre as características culturais e históricas de parlendas e cantigas de roda. III. O projeto aplicado estimulará a aprendizagem de conteúdos de natureza conceitual, como a identificação das possibilidades lúdicas de parlendas e cantigas de roda, além de perceberem as qualidades do movimento expressivo. IV. O projeto aplicado estimulará a reflexão sobre conteúdos de natureza atitudinal, como a identificação das habilidades de locomoção e manipulação presentes em cada atividade rítmica realizada. É correto apenas o que se afirma em: ( ) A= I e II. ( ) B = I e IV. ( ) C= II e III. ( ) D = I, III e IV. ( ) E = II, III e IV. Gabarito Questão 1 – Letra A. Questão 2 – Letra C. Educação Física em foco 56 Educação Física em foco 57 ------ [ TÓPICO 2 – ASPECTOS DO JOGO, ESPORTE, GINÁSTICA E ] ------ LUTA NA ESCOLA Especialmente, neste tópico, você entenderá que a definição de cultura, entendida como um produto da coletividade, está relacionada diretamente à cultura do movimento. Também abordaremos a questão de gênero e sua relação com a Educação Física. 1 DIMENSÕES DO ESPORTE E APLICAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Caro(a) acadêmico(a)! Vamos entender, a partir da leitura a seguir, os aspectos do jogo, esporte, ginástica e luta na escola, que podem e devem ser explorados pelo professor de Educação Física. Atualmente, o desafio do professor de Educação Física é não voltar a sua aula inteiramente às práticas esportivas, dando importância somente às suas técnicas, pois estas podem fragmentar a formação integral da criança, mas deve levar em conta que a criança é um ser sociocultural, e fortalecer com as práticas esportivas diversos fatores, como respeito mútuo, cooperação e afetividade, que são a base para a criança viver em sociedade (GUIMARÃES et al., 2001). Assim com a dança, os jogos, os esportes, as lutas e as ginásticas fazem parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 35) da Educação Física em um caráter de conhecimentos culturais. Veja na figura a seguir: FIGURA 9: BLOCOS DE ATIVIDADES DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS Esportes, jogos, lutas e ginásticas Atividades rítmicas e expressivas Conhecimentos sobre o corpo FONTE: PCN (BRASIL, 1997, p. 35) Na escola, como as demais disciplinas, a Educação Física, tem Educação Física em foco 58 responsabilidade na concretização do processo de formação e desenvolvimento de valores e atitudes, por meio de aulas educativas, oportunizando um local de reflexão e de transformação sobre situações ou desenvolvimento de várias práticas corporais além dos esportes, como a dança, a ginástica geral, jogos e lutas (GUIMARÃES et al., 2001). Os PCN (BRASIL, 1997, p. 37) definem separadamente os jogos, as esportes, as lutas e as ginásticas com o intuito “de tornar viável ao professor e à escola operacionalizar e sistematizar os conteúdos de forma mais abrangente, diversificada e articulada possível”. Iniciaremos, caro(a) acadêmico(a), falando da ginástica. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1997, p. 70-71) da Educação Física apontam que a ginástica: As ginásticas são técnicas de trabalho corporal que, de modo geral, assumem um caráter individualizado com finalidades diversas. Por exemplo, pode ser feita como preparação para outras modalidades, como relaxamento, para manutenção ou recuperação da saúde ou ainda de forma recreativa, competitiva e de convívio social. Envolvem ou não a utilização de materiais e aparelhos, podendo ocorrer em espaços fechados, ao ar livre e na água. Cabe ressaltar que são um conteúdo que tem uma relação privilegiada com o bloco de conhecimentos sobre o corpo, pois nas atividades ginásticas esses conhecimentos se explicitam com bastante clareza. Atualmente, existem várias técnicas de ginástica que trabalham o corpo de modo diferente das ginásticas tradicionais (de exercícios rígidos, mecânicos e repetitivos), visando à percepção do próprio corpo: ter consciência da respiração, perceber relaxamento e tensão dos músculos, sentir as articulações da coluna vertebral. Segundo Zaghi, Simões e Carbinatto (2015), a ginástica deve estar inserida na Educação Física escolar, em todo processo educativo e, especialmente, com abordagem que incentive a criticidade, a criatividade, a autonomia e a formação humana. A ginástica deve ser reconhecida pela educação como uma prática pedagógica constitutivas da cultura corporal e social, vivenciando no fazer corporal Educação Física em foco 59 e com reflexão sobre sua significância e propósito (CASTELLANI FILHO, 1997). O ideal para trabalhar com a ginástica no contexto escolar seria partir de uma abordagem crítica e criativa, provocando um diálogo com a cultura corporal e sua linguagem (cênica, imagética e escrita), além de possibilitar a vivência de suas variadas expressões, explorando diferentes materiais, técnicas e tecnologias (BRASILEIRO; MARCASSA, 2008). Brasileiro e Marcassa (2008) apontam diversas modalidades de ginástica, entre elas: artística, rítmica, acrobática, e argumentam que devem ser incorporadas à presença de elementos da dança, do circo, da capoeira, dos jogos, das lutas, ou seja, das várias manifestações constitutivas da cultura corporal que, ao serem incorporadas à criação de coreografias, são recodificadas pelalinguagem gímnica, isto é, transformadas em movimentos ginásticos. Agora, caro(a) acadêmico(a), vamos falar sobre as lutas no contexto escolar. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1997, p. 37) da Educação Física apontam sobre as lutas: As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplo de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de- ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do caratê. Entende-se como lutas não somente as modalidades tidas como tradicionais (judô, caratê, Kung Fu), mas, também, a prática da luta informal e “estas devem servir como instrumento de auxílio pedagógico ao professor de Educação Física: o ato de lutar deve ser incluído dentro do contexto histórico- sociocultural do homem, já que o ser humano luta, desde a pré-história, pela sua sobrevivência” (FERREIRA, 2006, p. 37). Educação Física em foco 60 FIGURA 10. EXEMPLOS DO QUE PODE SER TRABALHADO EM LUTAS EM TODO ENSINO FONTE: FERREIRA (2006, p. 37) Ferreira (2006) aponta vários benefícios que as lutas trazer aos alunos, principalmente, no desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo-social, entre eles: • No aspecto motor, o desenvolvimento da lateralidade, o controle do tônus muscular, a melhora do equilíbrio e da coordenação global, o aprimoramento da ideia de tempo e espaço, bem como da noção de corpo. • No aspecto cognitivo, a percepção, o raciocínio, a formulação de estratégias e a atenção. • No aspecto afetivo e social, reação a determinadas atitudes, a postura social, a socialização, a perseverança, o respeito e a determinação. As lutas educam porque ensina a criança e jovens a conviver com a derrota e a vitória, ensina a respeitar as regras do jogo (elas devem respeitar a opinião de seus colegas e acatar a decisão da maioria do grupo), ensina a vencer (no jogo e na vida) através do seu esforço pessoal (às vezes tem que momentaneamente aliar-se a outros para atingir este objetivo, processo que os pedagogos chamam de cooperação ou companheirismo), ensina a competir (e isto prepara para a vida) (SOUZA, 2013, p. 14). Agora, caro(a) acadêmico(a), vamos falar sobre o esporte no contexto Educação Física em foco 61 escolar, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1997, p. 37) da Educação Física: Assim, consideram-se esporte as práticas em que são adotadas regras de caráter oficial e competitivo, organizadas em federações regionais, nacionais e internacionais que regulamentam a atuação amadora e a profissional. Envolvem condições espaciais e de equipamentos sofisticados como campos, piscinas, bicicletas, pistas, ringues, ginásios etc. A divulgação pela mídia favorece a sua apreciação por um diverso contingente de grupos sociais e culturais. Por exemplo, os Jogos Olímpicos, a Copa do Mundo de Futebol ou determinadas lutas de boxe profissional são vistos e discutidos por um grande número de apreciadores e torcedores. “As práticas culturais de esporte vêm sendo escolarizadas ao longo deste século como um dos temas de ensino da Educação Física” (VAGO, 1996, p. 7). “O esporte na escola deve ter a função de facilitadora no processo educacional e ser adaptado no ambiente escolar, vinculado aos objetivos estabelecidos pelo projeto pedagógico da escola” (PAES; BALBINO, 2009, p. 76). Segundo Vago (1996), o esporte ocupa um importante lugar nas relações sociais, sendo considerado uma prática cultural e, ao penetrar no espaço escolar, esse esporte é escolarizado e incorporado à cultura escolar. Veja no quadro a seguir alguns problemas relativos à pedagogia do esporte, que podem acontecer na Educação Física escolar, apontado por Paes e Balbino. QUADRO 6. PROBLEMAS RELACIONADOS À PEDAGOGIA DO ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Problemas Características Prática esportivizada - Fundamentos e gestos técnicos (habilidades específicas) de diferentes modalidades. - Limita-se à repetição de movimentos, fazendo com que o aluno repita aquilo que já sabe, deixando de possibilitar o aprendizado de algo novo. Educação Física em foco 62 Prática repetitiva - Gestos técnicos em diferentes níveis de ensino. - Repetição das mesmas práticas nas diferentes fases do ensino formal. - Exemplo: o voleibol proposto na Educação Infantil é o mesmo proposto no Ensino Fundamental e no Ensino Médio. - Não leva em conta as fases do desenvolvimento do aluno. Fragmentação de conteúdos - O esporte é oferecido de forma desorganizada, sem a continuidade e a evolução necessárias ao aprendizado. - Ausência de planejamento tanto no ambiente escolar quanto fora dele. - A falta de planejamento pode levar o professor a trabalhar conteúdos fragmentados e isolados. - A prática do esporte é feita de forma incompatível com o projeto pedagógico da escola. - Resultando em distanciamento entre a Educação Física e as demais disciplinas e causando prejuízos significativos aos alunos. Especialização precoce - Problema da pedagogia do esporte, tanto na educação formal quanto na educação não formal. - Busca pelo resultado positivo a curto prazo. - Acontece cada vez mais cedo, o que pode ser verificado claramente na modalidade futebol, na qual existe até mesmo uma categoria denominada “fraldinha”. - Esse procedimento acaba resultando em problemas de diferentes dimensões: físicas, técnicas, táticas, psicológicas e filosóficas. - Entende equivocadamente que esse procedimento pedagógico é eficiente na identificação do talento esportivo. FONTE: Paes e Balbino (2009, p. 75-76) Para Paes e Balbino (2009, p. 76), “estes conjuntos de problemas podem interferir de maneira negativa na tentativa de dar ao esporte, em especial na escola, um tratamento pedagógico”. E para contrapor os problemas citados, os autores propõem alguns aspectos relevantes de uma adequada proposta pedagógica para ser utilizado pelo professor de Educação Física, veja no quadro a seguir. Educação Física em foco 63 QUADRO 7. ASPECTOS RELEVANTES DE UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA Aspectos Características Sistematização de conteúdos - Deve ser desenvolvido de forma planejada, organizada e sistematizada. - Ensinar esporte é rever constantemente o que já foi aprendido, aprender algo novo e preparar-se para aprendizados futuros. - Sistematizar os conteúdos é um pré-requisito fundamental para dar ao esporte um tratamento pedagógico. Consideração dos diferentes níveis de ensino - Deve ser considerado quando se trata de ensino do esporte na escola. - Poderá reduzir e restringir o esporte a simples repetições de gestos, ofuscando seu verdadeiro valor no processo de educação de crianças e jovens. Diversificação - Fundamental no processo de ensino e aprendizagem do esporte, na escola ou fora dela, pois é por meio da diversificação de movimentos e de modalidades que os alunos poderão ter acesso facilitado ao esporte, conhecendo alternativas práticas para, assim, ampliar seu universo de possibilidades e até mesmo ter um referencial maior para optar por práticas esportivas de seu interesse. FONTE: Paes e Balbino (2009) Considerando que a origem do esporte está no jogo, e este situado na interface com o esporte, vamos agora, caro(a) acadêmico(a), rever o jogo no contexto escolar, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1997, p. 37) da Educação Física: Os jogos podem ter uma flexibilidade maior nas regulamentações, que são adaptadas em função das condições de espaço e material disponíveis, do número de participantes, entre outros. São exercidos com um caráter competitivo, cooperativo ou recreativo em situações festivas, comemorativas, de confraternização ou ainda no cotidiano como simplespassatempo e diversão. Assim, incluem-se entre os jogos as brincadeiras regionais, os jogos de salão, de mesa, de tabuleiro, de rua e as brincadeiras infantis de modo geral. Educação Física em foco 64 O esporte utiliza o jogo no seu processo de aprendizagem como um facilitador na educação de crianças e jovens, pois por meio dos jogos, valores e comportamentos podem ser aprendidos. Existem na literatura específica diversos tipos de jogos, entre eles aos jogos pré-esportivos, jogos de regras, grandes jogos, jogos cooperativos, jogos adaptados, entre outros (PAES; BALBINO, 2009). Veja na citação a seguir a proposta de jogos no âmbito pedagógico. No Ensino Médio, os jogos coletivos poderão ser desenvolvidos considerando suas especificidades, como, por exemplo, futebol, voleibol, basquetebol e handebol. É importante salientar que essa forma de organização e distribuição de temas não implica uma fragmentação dos conteúdos, mas, sim, uma tentativa de suprir uma das mais graves deficiências no ensino do esporte nas aulas de Educação Física escolar, que é a repetição da mesma prática em diferentes períodos escolares. Em síntese, para que o esporte tenha um tratamento pedagógico na escola, deverá não apenas possibilitar aos alunos o desenvolvimento motor (aquisição de habilidades básicas e específicas) e o desenvolvimento das inteligências (destacam-se a corporal cinestésica, espacial, interpessoal, intrapessoal e lógico- matemática), mas também trabalhar a autoestima (reforçando acertos em geral e promovendo intervenções positivas) e, por fim, facilitar as intervenções dos professores no sentido de trabalhar princípios essenciais à sua educação (cooperação, participação, emancipação, coeducação e convivência) (PAES; BALBINO, 2009, p. 79). A seguir, descrevemos duas correntes pedagógicas de ensino para os jogos esportivos coletivos. Uma voltada aos métodos tradicionais, decompondo os elementos que constituem o esporte em partes. Assim, a memorização e a repetição permitem moldar a criança e o adolescente ao modelo já consagrado para o adulto; e outra voltada a métodos ativos, que levam em conta os interesses dos jovens e que, a partir de situações vivenciadas, iniciativa, imaginação e reflexão possam favorecer a aquisição de um saber adaptado às situações causadas pela imprevisibilidade (PINHO et al., 2010, p. 571). A corrente situacional fundamenta-se no desenvolvimento da capacidade tática, possibilitando que os praticantes utilizem de forma inteligente os elementos técnicos necessários à solução das diferentes situações de jogo, sugerindo, para Educação Física em foco 65 isto, a utilização de uma metodologia situacional. A metodologia situacional é constituída por formas próprias de condutas, onde a criança deve adquirir uma capacidade geral do jogo. Estes jogos devem ser apresentados de forma que os praticantes vivenciem situações o mais próximo possível da realidade do jogo. Definida como uma das novas correntes metodológicas, a metodologia situacional caracterizada como uma opção metodológica ativa, enfatiza o desenvolvimento da compreensão tática e dos processos cognitivos subjacentes à tomada de decisão, procurando evitar que os praticantes sejam condicionados a um desgastante processo de ensino da técnica e a uma especialização precoce na modalidade, excluindo a oportunidade de desenvolver e promover uma cultura esportiva apoiada na diversidade. Ao mesmo tempo, o método visa a oportunizar ao aluno uma construção do conhecimento tático-técnico (PINHO et al., 2010, p. 571). Educação Física em foco 66 ------ [ RESUMO DO TÓPICO 2 ] ------ Neste tópico, você viu que: • Atualmente, o desafio do professor de Educação Física é não voltar a sua aula inteiramente às práticas esportivas, dando importância somente às suas técnicas. • O professor de Educação Física deve levar em conta a formação integral e sociocultural da criança. • O professor de Educação Física deve fortalecer com as práticas esportivas diversos fatores como respeito mútuo, cooperação e afetividade. • “Jogos, esportes, lutas e ginásticas fazem parte de um dos blocos de conteúdos dos Parâmetros Curriculares Nacionais” (BRASIL, 1997, p. 35) da Educação Física. • Na escola, como as demais disciplinas, a Educação Física tem responsabilidade na concretização do processo de formação e desenvolvimento de valores e atitudes. • A educação deve utilizar aulas educativas, oportunizando um local de reflexão e de transformação sobre situações ou desenvolvimento de várias práticas corporais além dos esportes, como a dança, a ginástica geral, jogos e lutas. • A ginástica deve estar inserida na Educação Física escolar, em todo processo educativo com uma abordagem que incentive a criticidade, a criatividade, a autonomia, a formação humana. • A ginástica deve ser reconhecida pela educação como uma prática pedagógica constitutivas da cultura corporal e social. • A ginástica no contexto escolar deve levar a um diálogo com a cultura corporal e sua linguagem (cênica, imagética e escrita), além de possibilitar a vivência Educação Física em foco 67 de suas variadas expressões, explorando diferentes materiais, técnicas e tecnologias. • As lutas na escola devem servir como instrumento de auxílio pedagógico ao professor de Educação Física. • O ato de lutar deve ser incluído dentro do contexto histórico-sociocultural do homem, já que o ser humano luta, desde a pré-história, pela sua sobrevivência. • As lutas podem trazer benefícios, como o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo-social. • As lutas educam porque ensinam a criança e os jovens a conviver com a derrota e a vitória, ensina a respeitar as regras do jogo. • O esporte no contexto escolar deve ter a função de facilitadora no processo educacional. • O esporte no ambiente escolar deve ser vinculado aos objetivos estabelecidos pelo projeto pedagógico da escola. • O esporte ocupa um importante lugar nas relações sociais, sendo considerado uma prática cultural e ao penetrar no espaço escolar, esse esporte é escolarizado e incorporado à cultura escolar. • Alguns problemas da prática do esporte na escola pode ser: prática esportivizada, prática repetitiva, fragmentação de conteúdos e especialização precoce. • Para solucionar estes problemas da prática do esporte na escola, o professor deve organizar o ensino com alguns aspectos relevantes, como a sistematização de conteúdos, a consideração dos diferentes níveis de ensino e a diversificação. • O jogo está relacionado com o ensino do esporte. • Pelos jogos podem ser trabalhados valores e comportamentos. Educação Física em foco 68 • Duas correntes pedagógicas de ensino para os jogos esportivos. • Uma corrente voltada ao ensino tradicional, ou seja, esporte em parte. • Outra corrente ativa voltada para situações vivenciadas, iniciativa, imaginação e reflexão possam favorecer a aquisição de um saber adaptado às situações causadas pela imprevisibilidade. Educação Física em foco 69 AUT OAT IVID ADE � Questão 1: QUESTÃO 17 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jul. 2016. Para valorizar a prática pedagógica em Educação Física, não basta apenas apontar as falhas ocorridas, é interessante que se proponham soluções. Dentro dessa perspectiva, Freire (2002) sugere algumas atividades, como o jogo Boa de Forno, descrito a seguir: “- Boca de forno - forno - darei um bolo - bolo - fareis tudo o que o rei mandar? - faremos. - Então, corram até [...]” (e aí vai uma ordem para o cumprimento da tarefa). Em algumas regiões se utiliza as faças: “abacaxi - xi - maracujá - já - fareis o que o rei mandar?” De uma forma geral, nesse jogo, uma criança comanda e as demais cumprem as tarefas e/ou o professor comanda a atividade e solicita que tragam objetos de uma certa cor, de um certo peso, tamanho e assim sucessivamente. FONTE: FREIRE, J. B. Educação de corpointeiro: teorias e práticas da educação física. 4. ed. São Paulo: Scipione, 2002 (adaptado). I. O jogo proposto é uma atividade interdisciplinar, pois, além de promover a cultura do jogo tradicional, também estimula o conhecimento lógico que se forma a partir da classificação e seriação. II. O jogo proposto desenvolve a atenção, o raciocínio e as habilidades motoras básicas, sendo esses alguns dos objetivos específicos da Educação Física escolar. Educação Física em foco 70 III. O jogo proposto tem embasamento na abordagem pedagógica desenvolvimentista, pois propõe uma taxionomia para o desenvolvimento motor, ou seja, uma classificação hierárquica dos movimentos dos seres humanos. É correto o que se afirma em: ( ) A= I, apenas. ( ) B = III, apenas. ( ) C= I e II, apenas. ( ) D = II e III, apenas. ( ) E = I, II e III. Questão 2: QUESTÃO 18 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jul. 2016. O jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta enquanto componentes culturais da Educação Física têm como características comuns a ludicidade e a função educativa, nas quais cada manifestação corporal vivida no interior da escola possibilita a formação e o desenvolvimento humano em sua totalidade. Assim, a Educação Física contempla conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento, com finalidade de lazer, manutenção da saúde, expressão da afetividade e da cidadania. Com base no texto e considerando o papel do professor ao planejar, participar e avaliar projetos pedagógicos, educacionais e da gestão escolar, avalie as afirmações a seguir: I. Deve-se valorizar a rotina da aula e a improvisação, o que estimulará a renovação do conhecimento, que deve ser diariamente produzido pelo professor e por seus alunos. II. É recomendável que o aluno desenvolva sua bagagem cultural através de jogos e brincadeiras, considerando sua criatividade e seu poder de imaginação. Educação Física em foco 71 III. É preciso considerar o espaço físico onde as brincadeiras devem ser realizadas, pois este deve transmitir a sensação de conforto, de segurança e de confiança. IV. É importante promover a formação integral dos alunos, visando às finalidades educacionais, com a intenção de proporcionar o bem-estar e o desenvolvimento corporal em suas diferentes dimensões. É correto apenas o que se afirma em: ( ) A= I e II. ( ) B = II e III. ( ) C= III e IV. ( ) D = I, II e IV. ( ) E = II, III e IV Questão 3: QUESTÃO 10 do ENADE (2013). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jul. 2016. Com relação ao processo de ensino-aprendizagem de esportes coletivos, avalie as afirmações a seguir. I. O método por partes pode ser caracterizado pelo ensino de cada uma das partes de uma habilidade. II. O método pelo todo consiste na utilização de toda a habilidade a ser aprendida. III. O método situacional é caracterizado pela prática de situações de jogo nas quais comportamentos individuais e coletivos são extraídos do jogo propriamente dito. IV. A escolha entre o método por partes ou o método pelo todo deve levar em consideração o nível de complexidade e a organização da habilidade. É correto o que se afirma em: Educação Física em foco 72 A ( ) I, apenas. B ( ) II e IV, apenas. C ( ) III e IV, apenas. D ( ) I, II e III, apenas. E ( ) I, II, III e IV. Gabarito Questão 1 – Letra C. Questão 2 – Letra E. Questão 3 – Letra E. Educação Física em foco 73 ------ [ TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE ] ------ Neste tópico, você entenderá a importância de acrescentar nas aulas de Educação Física aspectos relacionados à educação para a saúde e suas relações com os aspectos da aptidão física e atuação na Educação Física escolar. 1 EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE, APTIDÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Cada vez mais, os países estão dando prioridade a programas que promovam a saúde e, nesse contexto, a escola seria um dos principais lugares, pois as crianças e os jovens têm acesso à escola e nela participam das aulas de Educação Física (EF), o que torna a escola uma instituição privilegiada de intervenção (MARQUES; GAYA, 1999). A escola serve como uma alternativa para reverter a elevada incidência de distúrbios orgânicos associados à falta de exercício físico e que por meio da prática da Educação Física escolar a criança e o adolescente podem adquirir benefícios imediatos atribuídos à realização de esforços físicos adequados (GUEDES; GUEDES, 1997). Assim, ao desenvolver um programa voltado à promoção da saúde na escola, deve-se ater a duas metas prioritárias. a) promover experiências motoras que possam repercutir satisfatoriamente em direção a um melhor estado de saúde, procurando afastar ao máximo a possibilidade de aparecimento dos fatores de risco que contribuem para o surgimento de eventuais distúrbios orgânicos; b) levar os educandos a assumirem atitudes positivas com relação à prática de atividades físicas para que se tornem ativos fisicamente não apenas na infância e na adolescência, mas também na idade adulta (GUEDES; GUEDES, 1997, p. 50). As doenças são indicadores de desequilíbrios entre o homem e o meio ambiente, então a educação para a saúde deve optar por ações que envolvam o Educação Física em foco 74 homem mediante suas atitudes ambientais (como hábitos alimentares, estado de estresse, opções de lazer, atividade física, agressões climáticas etc.). Portanto, o estado de ser saudável não é algo estático, mas deve ser construído de forma individualizada constantemente ao longo de toda a vida, pelo fato de que saúde é educável e, portanto, deve ser tratada não apenas com base em referenciais de natureza biológica e higienista, mas sobretudo em um contexto didático- pedagógico (GUEDES, 1999). Você sabe, caro acadêmico, qual é a relação entre aptidão física e saúde? A relação existe pois evidências científicas apontam que o baixo nível de aptidão física está associado a maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares e de mortalidade por todas as causas. O conceito de aptidão física relacionada à saúde (AFRS) surgiu desde a década de 80, definida como “a capacidade de realizar tarefas diárias com vigor, e demonstrar traços e características que estão associados a baixo risco de desenvolvimento prematuro de doenças hipocinéticas” (DUMITH, AZEVEDO JÚNIOR; ROMBALDI, 2008, p. 454). Veja na figura a seguir os componentes da AFRS: FIGURA 11. OS COMPONENTES DA AFRS FONTE: Dumith, Azevedo Júnior e Rombaldi (2008, p. 454) De acordo com a figura anterior, os componentes que englobam a aptidão física relacionada à saúde compreendem os fatores motores (flexibilidade e força/resistência muscular localizada), funcionais (aptidão cardiorrespiratória), Educação Física em foco 75 morfológicos (análise da composição corporal), fisiológicos e comportamentais (PEZZETTA, LOPES, PIRES NETO, 2003). No ano de 2002, foi lançado, pelo Ministério dos Esportes, o Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR). “Esse instrumento serve como apoio ao professor de Educação Física para a avaliação dos padrões de crescimento corporal, estado nutricional, aptidão física para a saúde e para o desempenho esportivo em crianças e adolescentes (GAYA et al., 2015, p. 2). Veja, na figura a seguir, as valências físicas relacionadas à saúde e ao desempenho físico pelo Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR) e os testes relacionados. FIGURA 12. OS COMPONENTES DA AFRS FONTE: Gaya et al. (2015, p. 3) Cabe ao professor de Educação Física, ao organizar um programa de educação para a saúde, através da Educação Física escolar, proporcionar fundamentação teórica e prática que possa levar os educandos a incorporarem Educação Física em foco 76 conhecimentos, induzir modificações no comportamento quanto à aptidão física e à saúde (GUEDES, 1999). Veja na figura a seguir que os níveis satisfatóriosde aptidão física relacionada à saúde podem: FIGURA 13. RESULTADOS DOS NÍVEIS SATISFATÓRIOS DE APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE FONTE: DÓREA et al. (2008) Veja, na figura a seguir, os aspectos fundamentais a serem controlados quando da implementação dos programas de educação para a saúde. FIGURA 14. ASPECTOS FUNDAMENTAIS A SEREM CONTROLADOS QUANDO DA IMPLEMENTAÇÃO DOS PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE FONTE: GUEDES (1999) Guedes (1999, p. 13) vai além relatando que: No entanto, se o objetivo é conscientizar os educandos de Educação Física em foco 77 que níveis adequados de aptidão física relacionada à saúde devem ser algo a ser cultivado na infância e na adolescência, e perseguido por toda a vida, é imprescindível que as crianças e os jovens tenham acesso a informações que lhes permitam estruturar conceitos mais claros quanto ao porquê e como praticar atividade física, e não praticar atividade física pelo simples fato de praticar. Define-se aptidão física como a capacidade de executar atividades físicas com energia e vigor sem excesso de fadiga e, também, como a demonstração de qualidades e capacidades físicas que conduzam ao menor risco de desenvolvimento de doenças que capacita crianças e adolescentes a adotarem uma vida ativa, possibilitando a manutenção de um status de aptidão física desde o início até o fim da vida (ARAÚJO, OLIVEIRA, 2008, p. 272). “É nas atividades diárias, como correr, saltar e rolar, que as crianças desenvolvem habilidades fundamentais de movimento, as quais se refletem nos seus níveis de aptidão física voltada à saúde e/ou desempenho motor” (PELEGRINI et al., 2011, p. 92). Veja a seguir o que Pelegrini et al. (2011, p. 92) relata sobre um bom nível de aptidão física: Um bom nível de desempenho motor e de aptidão física relacionada à saúde, nas fases iniciais da vida, apresenta-se associado a bons indicadores de saúde, tais como baixos níveis de colesterol e triglicerídeos, pressão arterial e sensibilidade à insulina equilibradas, risco menor de obesidade, baixa prevalência de lombalgias e desvios posturais, além de refletir em bom desempenho acadêmico. Sem dúvidas que a escola é o local ideal para que os alunos aprendam os conteúdos da Educação Física para a promoção da saúde e os professores devem dirigir a sua prática no sentido de conscientizá-los a respeito da importância da criação de um estilo de vida ativo e de hábitos de vida saudáveis (PEZZETTA, LOPES; PIRES NETO, 2003). Educação Física em foco 78 ------ [ RESUMO DO TÓPICO 3 ] ------ Neste tópico, você viu que: • Atualmente existe prioridade em programas que promovam a saúde. • A escola é um lugar onde se pode oportunizar o acesso às aulas de Educação Física (EF) e aos programas de saúde. • A escola é uma alternativa para reverter a elevada incidência de distúrbios orgânicos associados à falta de exercício físico. • Pela prática da Educação Física escolar a criança e o adolescente podem adquirir benefícios imediatos atribuídos à realização de esforços físicos adequados. • Ao desenvolver um programa voltado à promoção da saúde na escola, deve- se promover experiências motoras que possam repercutir satisfatoriamente em direção a um melhor estado de saúde e levar os educandos a assumirem atitudes positivas em relação à prática de atividades físicas. • As doenças são indicadores de desequilíbrios entre o homem e o meio ambiente. • O objetivo da educação para a saúde é criar ações que envolvam o homem mediante suas atitudes ambientais. • Deve-se construir o estado de ser saudável de forma individualizada ao longo de toda a vida. • Baixo nível de aptidão física está associado a maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares e de mortalidade por todas as causas. • O conceito de aptidão física relacionada com a saúde (AFRS) surgiu desde a década de 80. Educação Física em foco 79 • A AFRS seria considerada como a capacidade de executar atividades físicas com energia e vigor sem excesso de fadiga, e também como a demonstração de qualidades e capacidades físicas que conduzem ao menor risco de desenvolvimento de doenças hipocinéticas. • Os componentes da AFRS são: morfológico, funcional, motor, fisiológico e comportamental. • Em 2002 foi lançado, pelo Ministério dos Esportes, o Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR). • O PROESP-BR serve como apoio ao professor de Educação Física para a avaliação dos padrões de crescimento corporal, estado nutricional, aptidão física para a saúde e para o desempenho esportivo em crianças e adolescentes. • Cabe ao professor de Educação Física organizar um programa de educação para a saúde através da Educação Física escolar. • Com o programa de educação para a saúde proporcionar fundamentação teórica e prática que possa levar os educandos a incorporarem conhecimentos e modificações em seu comportamento quanto à aptidão física e à saúde. • Níveis satisfatórios de aptidão física relacionada à saúde devem levar em conta o tipo de atividade física, a duração e a intensidade. • São nas atividades diárias, como correr, saltar e rolar, que as crianças desenvolvem habilidades fundamentais de movimento, que se refletem nos seus níveis de aptidão física voltada à saúde e/ou desempenho motor. Educação Física em foco 80 AUT OAT IVID ADE � Questão 1: QUESTÃO 9 do ENADE (2013). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jul. 2016. Os profissionais de Educação Física são frequentemente convocados a intervir na estética corporal dos indivíduos, que são influenciados, conscientemente ou não, pela cultura da sociedade em que vivem. Pode-se afirmar que a sociedade brasileira está altamente impactada pelas leis do consumo, o que contribui para as representações atuais do que vem a ser um corpo belo e saudável. Na maioria das vezes, esses profissionais privilegiam os conhecimentos da dimensão biológica do ser humano para atender a tais demandas, em detrimento de outros conhecimentos como o sociológico, o histórico e o antropológico. Estudos têm revelado que, aquilo que em determinada época foi considerado belo e saudável, pode ser, em outro contexto, considerado feio e doente, conforme os valores sociais e culturais de cada época. O grande desafio é tornar o culto à própria identidade em uma cultura coletiva e ética, na qual floresça um tipo de afeto por si mesmo que, quanto mais se volte para o próprio corpo, mais se dedique, ao mesmo tempo, aos cuidados com os demais corpos. FONTE: SANT’ANNA, D. B. Identidade Corporal. In: Corpo, prazer e movimento. São Paulo. SESC, 2002, p. 24-31 (adaptado). O texto sugere que os profissionais de Educação Física intervenham de forma a: A ( ) Acolher as demandas de pessoas que querem ficar mais fortes ou magras, com vistas a criar um movimento cultural de culto ao corpo. B ( ) Acolher as demandas, porém introduzindo uma intervenção que Educação Física em foco 81 questione os padrões midiáticos, com vistas a criar um movimento cultural de respeito às identidades. C ( ) Acolher as demandas, porém introduzindo a noção de que não existem corpos feios ou belos, mas, sim, corpos saudáveis ou não saudáveis, com vistas a criar um movimento cultural de culto ao corpo saudável. D ( ) Rejeitar as demandas, criticando os indivíduos que procuram as academias para ações pontuais, impactadas por modismos midiáticos, criando, assim, um movimento cultural de recusa às identidades. E ( ) Rejeitar as demandas, porém introduzindo uma reflexão sobre as representações diferenciadas do que vem a ser belo e saudável, criando, assim, um movimento cultural de busca pelo corpo belo e saudável. Questão 2: QUESTÃO 28 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jul. 2016. Programas de Educação Física escolar com ênfase na educação para a saúde não se restringem unicamente ao desenvolvimento de ações direcionadas aos aspectosfisiológicos associados à prática de atividade físicas. Evidências demonstram que o controle das características dos esforços físicos a que escolares são submetidos nas aulas pode exercer significativa influência na aquisição e no cultivo dos hábitos do presente e do futuro no tocante à prática sistemática de atividades físicas. FONTE: GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P. Esforços físicos nos programas de educação física escolar. Revista Paulista em Educação Física, v. 15, n. 1, p. 33-44, 2001. (Adaptado) Considerando o texto apresentado, avalie as afirmações a seguir. I. As aulas de Educação Física devem estimular o conhecimento da fisiologia humana em situações de atividade física. II. Nas aulas de Educação Física, as avaliações antropométricas informam sobre os níveis de aptidão física, constituindo-se meio de acompanhamento do estado de saúde. Educação Física em foco 82 III. Nas aulas de Educação Física, as atividades aeróbicas e neuromusculares são estratégias que garantem melhoras no condicionamento cardiorrespiratório. IV. Os professores de Educação Física, em suas aulas, podem utilizar indicadores como percentual de gordura corporal, frequência cardíaca e força dinâmica para orientar os estudantes sobre seu nível de aptidão física. V. As aulas de Educação Física são suficientes para induzir adaptações fisiológicas no organismo, promovendo aderência a um estilo de vida ativo. É correto apenas o que se afirma em: A ( ) I, II e IV. B ( ) I, III e V. C ( ) I, IV e V. D ( ) II, III e IV. E ( ) II, III e V. Questão 3: QUESTÃO 34 do ENADE (2013). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 7 jul. 2016. Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que a obesidade é a epidemia global do século XXI. Muitos são os fatores que contribuem para a obesidade em crianças na idade escolar. Esses fatores incluem excesso de horas na utilização de computadores e jogos eletrônicos, ausência de espaços próximos da residência ou seguros para a prática de atividades físicas e dietas hipercalóricas e desbalanceadas. Considerando o texto acima, avalie as afirmações a seguir: I. O aumento da pressão arterial, as dislipidemias e a resistência à insulina são algumas das possíveis consequências resultantes da obesidade infantil. II. Associada à prática regular de atividade física, o profissional de Educação Educação Física em foco 83 Física também pode prescrever a restrição do consumo de alimentos com alto teor calórico. III. Espera-se que a intervenção do profissional de Educação Física contribua para que o indivíduo reconheça a si próprio e sua relação com o ambiente, conheça os padrões de saúde e adote hábitos saudáveis. IV. O professor de Educação Física, ciente da sua responsabilidade educacional com a saúde de seus alunos, deve elaborar atividades físicas a serem executadas diariamente com o objetivo de aumentar a massa muscular, mesmo que causem desconforto aos alunos. V. A compreensão dos benefícios provocados pelos exercícios físicos poderá motivar as crianças em idade escolar a realizarem atividades com maior frequência, pois é nessa faixa etária que o ser humano perpetua seus hábitos. É correto apenas o que se afirma em: A ( ) I e II. B ( ) I, III e V. C ( ) II, IV e V. D ( ) III, IV e V. E ( ) I, II, III e IV. Gabarito Questão 1 – Letra B. Questão 2 – Letra A. Questão 3 – Letra B. Educação Física em foco 84 Educação Física em foco 85 REFERÊNCIAS ARAÚJO, S. S.; OLIVEIRA, A. C. C. Aptidão física em escolares de Aracaju. Rev. bras. cineantropom desempenho hum., v. 10, n. 3, p. 271-276, 2008. 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Em cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos abordados. TÓPICO 1 – APLICAÇÃO DA BIOLOGIA, ANATOMIA, CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA TÓPICO 2 – APLICAÇÃO DOS ASPECTOS FISIOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA TÓPICO 3 – OBESIDADE INFANTIL E EDUCAÇÃO FÍSICA (ABORDAGEM NA ESCOLA) Educação Física em foco 90 Educação Física em foco 91 ------ [ TÓPICO 1 – APLICAÇÃO DA BIOLOGIA, ANATOMIA, ] ------ CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA Neste tópico, você estudará os conteúdos relacionados aos conhecimentos da biologia, anatomia, cinesiologia e biomecânica aplicados pelo professor de Educação Física voltados ao contexto educacional. 1 CONHECIMENTOS ANÁTOMO-BIOLÓGICOS, CINESIOLÓGICOS E BIOMECÂNICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Caro acadêmico! Vamos ler agora sobre a importância do conhecimento da biologia, anatomia, cinesiologia e biomecânica para o professor de Educação Física. Não cabe aqui explicar isoladamente sobre cada osso, músculo, alavancas, movimentos específicos do esporte etc., mas o conhecimento destes na abrangência dos movimentos corporais, principalmente os envolvidos na Educação Física escolar. As aulas de Educação Física escolar propiciam o contato com uma grande variedade de experiências de movimentos e esta vivência motora envolve o conhecimento de diversos elementos que vão além do aprendizado de sequências de movimentos, tais como as alterações fisiológicas e os princípios biomecânicos relacionados ao corpo humano (FREITAS; COSTA, 2000). Nos PCN (BRASIL, 1998, p. 68), são descritas algumas características do que deve ser abordada no conhecimento da anatomia: Os conhecimentos de anatomia referem-se principalmente à estrutura muscular e óssea e são abordados sob o enfoque da percepção do próprio corpo, sentindo e compreendendo, por exemplo, os ossos e os músculos envolvidos nos diferentes movimentos e posições, em situações de relaxamento e tensão. Como abordam os PCN (BRASIL, 1998) sobre os conhecimentos de anatomia, descritos na citação anterior, cabe-nos complementar a definição, abordando que é necessário que, além desse conhecimento biológico e anatômico, Educação Física em foco 92 busquemos “a totalidade nas ações pedagógicas, uma vez que os conteúdos da Educação Física são construções humanas e possuem a amplitude também humana” (SOARES, 1988, p. 24). A cinesiologia atua desde o esporte até a educação e pode ser conceituada como o estudo do movimento humano para a melhora da saúde (DOBLER, 2003). Já a biomecânica é imprescindível na análise do movimento e da técnica esportiva, pois permite avaliar a evolução ou piora do atleta em qualquer modalidade (MARQUES JÚNIOR, 2011). Na Educação Física Escolar, a biomecânica se insere no sentido de que ela busca entender e aceitar o movimento corporal e assessorar no conhecimentodos processos de ensino de habilidades motoras (BATISTA, 2001). Atualmente, a biomecânica pode ser considerada uma importante ferramenta de auxílio no processo de ensino-aprendizagem do movimento corporal estando aliada a ciências de outros campos de conhecimento, tal como fisiologia, aprendizagem motora, entre outras (PORTO et al., 2015). Na Educação Física escolar, a biomecânica pode ajudar na estruturação dos conteúdos pelos docentes, pois também se ocupa com o conhecimento do corpo humano e de seus movimentos (FREITAS; COSTA, 2000). No Ensino Fundamental, com relação à biomecânica na Educação Física escolar, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) apontam que todo o conteúdo deve ser focado em princípios e conhecimentos que levem os alunos a conhecer o corpo humano, abordando conhecimentos da anatomia, fisiologia, biomecânica e bioquímica, ou seja, deve-se estimular o desenvolvimento de análises críticas dos programas de atividade física e estabelecer critérios para julgamento, escolha e realização das próprias atividades corporais saudáveis (DAGNESE et al., 2013). Nos PCN (BRASIL, 1998, p. 68) são descritas algumas características do que deve ser abordada no conhecimento da biomecânica, focando na postura e atitudes corporais no bloco dos “conhecimentos sobre o corpo”: Também fazem parte deste bloco os conhecimentos sobre os hábitos posturais e atitudes corporais. A ênfase deste item está na relação entre as possibilidades e as necessidades Educação Física em foco 93 biomecânicas e a construção sociocultural da atitude corporal, dos gestos, da postura. Por que, por exemplo, os orientais sentam-se no chão, com as costas eretas? Por que existe uma tendência em apoiar-se em apenas uma das pernas nas posturas em pé? Observar, analisar, compreender essas atitudes corporais são atividades que podem ser desenvolvidas com projetos de História, Geografia e Pluralidade Cultural. Além da análise dos diferentes hábitos, pode-se incluir a questão da postura dos alunos na escola: as posturas mais adequadas para fazer determinadas tarefas e para diferentes situações. A biomecânica é a ciência que analisa o movimento e ajuda na compreensão de certos elementos do ato motor, tais como detalhes acerca do ciclo de movimentos mais eficientes; detalhes acerca de resultado obtidos a partir do exercício motriz, transformado em parâmetros mensurável e o esclarecimento dos pressupostos físicos e psíquicos do indivíduo, assim como de sua capacidade de aprender e de assimilar (BATISTA, 2001, p. 38). A biomecânica deve ser trabalhada nas aulas de Educação Física com base nas vivências corporais dos alunos e isso pode ser conseguido por meio da simplificação de conceitos da mecânica em três dimensões. FIGURA 15. CONCEITOS DA MECÂNICA EM TRÊS DIMENSÕES FONTE: Dagnese et al. (2013) Na dimensão Procedimental, a Educação Física não aborda a execução de movimentos por parte dos alunos, mas sim, de outras formas de saber fazer que podem levar a uma outra relação com o movimento (CORRÊA; FREIRE, 2009). Veja a seguir que Corrêa e Freire (2009, p. 110) apontam duas formas de abordar o conteúdo da biomecânica por meio do conteúdo procedimental: O aluno deverá perceber como aplicar os princípios da mecânica ao movimento para conseguir executar com o sucesso esperado determinado exercício físico ou habilidade Educação Física em foco 94 motora. Portanto, o domínio da posição do corpo no espaço determinada pelas variáveis cinemáticas, assim como da força aplicada para manter a postura ou deslocar um implemento caracterizada pelas variáveis cinéticas, é essencial para a execução dos movimentos em geral. Por exemplo, a execução de um saque no voleibol exigirá dos alunos uma sequência de movimentos envolvendo transferência de velocidade entre os segmentos e uma aplicação de força em um ângulo específico. Ao vivenciarem essa execução repetidas vezes, serão capazes de alcançar maior controle dessas variáveis, conseguindo determinar o local da quadra no qual a bola deverá cair. [...] A habilidade para identificar nos colegas ou em atletas erros cometidos durante a execução de uma habilidade motora envolve a percepção e a compreensão das variáveis mecânicas envolvidas em cada momento. Na dimensão conceitual, caracteriza-se um “saber sobre” ensinado na escola, ou seja, levar ao conhecimento sobre o movimento, considerando que o movimento envolve princípios da mecânica e alguns princípios da biomecânica. Exemplo de trabalho seria aqui a criação de um projeto multidisciplinar que envolvesse a física ou ciências com a Educação Física (CORRÊA; FREIRE, 2009). Na dimensão atitudinal, o professor deve identificar normas, valores e atitudes que estão diretamente relacionadas ao preparo do aluno “para” a utilização de seu potencial motor, o que implica valorizar essa prática e adotar atitudes adequadas, cumprindo normas básicas de segurança. Na biomecânica, por exemplo, valorizar a utilização dos conhecimentos aprendidos nas aulas para uma melhor compreensão de seu potencial motor, buscando uma prática consciente (CORRÊA; FREIRE, 2009). Freitas e Costa (2000, p. 82) apresentam a figura a seguir como uma estratégia para a estruturação de conhecimentos nas aulas de Educação Física, que sejam derivados da biomecânica. Educação Física em foco 95 FIGURA 16. PROPOSTA DE ESTRATÉGIA PARA A ESTRUTURAÇÃO DE CONHECIMENTOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA FONTE: Freitas e Costa (2000, p. 82) Caro acadêmico! O professor de Educação Física pode explorar várias formas de movimento, como o andar, saltitar, equilibrar-se e, a partir disso, construir com os alunos conceitos e variáveis anatômicas, cinesiológicas e biomecânicas que expliquem os diferentes desempenhos dos alunos e manipular fatores para criar novos problemas motores que resultarão na aplicação de conceitos biomecânicos (FREITAS; COSTA, 2000). Dagnese et al. (2013) apontam que os conceitos de movimento linear e angular e as leis de movimento de Newton devem ser apresentados seguidos de exemplos simples, terminando com a aplicação de conceitos nos movimentos em geral, como locomoção, sustentação do peso corporal e outros ligados à rotina diária dos indivíduos. Veja na figura a seguir um exemplo de como podemos trabalhar em sala de aula com os conceitos de biomecânica. FIGURA 17. CONCEITOS BIOMECÂNICOS E COMO ABORDAR EM SALA DE AULA FONTE: Freitas e Costa (2000, p. 83) Veja no quadro a seguir alguns conceitos da biomecânica que podem ser aplicados na Educação Física escolar. Educação Física em foco 96 QUADRO 8. ALGUNS CONCEITOS DA BIOMECÂNICA QUE PODEM SER APLICADOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Conceito e definição Exemplos de aplicação - Movimento linear ou de translação é caracterizado pelo movimento em que as partes de um objeto percorrem a mesma distância na mesma direção ao mesmo tempo. - Movimento angular ou de rotação ocorre ao redor de um eixo. - Exemplo clássico é o andar. Colocar uma marca em qualquer parte do corpo do indivíduo, por exemplo, no quadril, e observar que, quando o indivíduo se desloca, ela também se desloca tanto para a frente (eixo x), como para cima e para baixo (eixo y), como para a lateral (eixo z), dada a oscilação natural do andar. Todavia, ao mesmo tempo ocorre uma rotação dos segmentos em torno das articulações do tornozelo, joelho, quadril e ombro. - Velocidade angular, o ângulo percorrido pelo tempo gasto para percorrê-lo, ou seja, o eixo em torno do qual se estudará o movimento. - Velocidade linear como o espaço percorrido pelo tempo gasto para percorrê-lo. - Pedir ao aluno para se deslocar mais rápido até determinado ponto, a intenção é que ele diminua o tempo de execução e, com isso, aumente a velocidade linear de seu centro de gravidade (CG). O centro de gravidade de um indivíduo, segmento ou objeto representa o ponto em que o efeito total da gravidade age sobre o corpo. A mesma ideia é aplicada ao se pedirque o indivíduo faça uma “rotação de braço mais vigorosa”. Isso significa que o braço deve percorrer o mesmo ângulo em um menor tempo, isto é, com maior velocidade angular. - Velocidade linear angular – de um ponto sobre um corpo em rotação é o produto da distância daquele ponto até o eixo de rotação pela velocidade angular do corpo em torno do eixo - Pedir ao aluno para estender o cotovelo ao final do movimento de saque por baixo, porque com isso aumenta a distância do ponto de contato com a bola até o eixo e, por consequência, a velocidade linear da mão. A importância de aumentar essa velocidade é que esta será primordialmente transferida para a bola, somada, é claro, como já comentado, às velocidades angulares das outras partes do corpo, que deverão ser transferidas para a mão no momento final do contato. 1ª LEI DE NEWTON ou lei da inércia: todo corpo permanecerá em estado de repouso ou de movimento, a menos que seja aplicada uma força sobre ele. - Essa é uma das razões para dividir em categorias por peso as atividades que envolvem deslocamento e queda de um indivíduo, como é o caso das lutas, pois quanto maior o peso do indivíduo, maior deverá ser a força empregada para tirá-lo da inércia, de movimento ou de repouso. Educação Física em foco 97 2ª LEI DE NEWTON: A aceleração que um corpo obtém é diretamente proporcional à força (torque) aplicada e inversamente proporcional à massa (inércia) do corpo. - Ao observar um indivíduo correndo com grandes oscilações na vertical (correr saltitando), é fácil entender o que está acontecendo. Em vez de obter maior componente à frente, como seria esperado, pois o objetivo é ir à frente mais rápido e não para cima, o indivíduo está exercendo uma força com ângulo errado – batendo com o pé mais plano no chão do que seria esperado, obtendo uma componente em y maior do que deveria. 3ªLEI DE NEWTON: A toda ação corresponde uma reação igual e contrária. - Quanto maior for a velocidade com que um segmento qualquer (mão ou pé) bater em um implemento, maior vai ser a reação ocasionada nos segmentos e articulações. Isso significa, por exemplo, que conforme aumenta a velocidade de corrida maior é a reação a ser absorvida pelas articulações no momento do contato com o solo. No andar, este valor varia em torno de 1,4 vezes o peso corporal e no salto triplo 18 vezes o peso corporal. Alavancas e Tipos de alavancas - Alavancas de primeira classe ou interfixas (Alavanca de Equilíbrio - manutenção da postura e equilíbrio) - Alavancas de segunda classe ou inter-resistentes (Alavanca de Força) - Alavancas de terceira classe ou interpotente (Alavanca de Velocidade) FONTE: Adaptado de Freitas e Costa (2000) Educação Física em foco 98 ------ [ RESUMO DO TÓPICO 1 ] ------ Neste tópico, você viu que: • A vivência motora proporcionada pelas aulas de Educação Física envolve desde o aprendizado de sequências de movimentos até alterações fisiológicas e princípios biomecânicos relacionados ao corpo humano. • Nos PCN, a anatomia deve abordar o conhecimento de ossos e os músculos envolvidos nos diferentes movimentos e posições, em situações de relaxamento e tensão. • A cinesiologia atua desde o esporte, até a educação e pode ser conceituada como o estudo do movimento humano para a melhora da saúde. • A biomecânica na Educação Física escolar busca entender e aceitar o movimento corporal e assessorar no conhecimento dos processos de ensino de habilidades motoras. • A biomecânica pode ser considerada uma importante ferramenta de auxílio no processo de ensino-aprendizagem do movimento corporal. • No Ensino Fundamental, com relação à biomecânica, todo conteúdo deve ser focado em princípios e conhecimentos que levem os alunos a conhecer o corpo humano, abordando conhecimentos da anatomia, fisiologia, biomecânica e bioquímica. • Nos PCN, o conhecimento da biomecânica foca a postura e atitudes corporais no bloco dos “conhecimentos sobre o corpo”. • A biomecânica deve ser trabalhada nas aulas de Educação Física com base nas vivências corporais dos alunos e levando em conta três dimensões: atitudinal, conceitual e procedimental. • O professor de Educação Física pode explorar várias formas de movimento, Educação Física em foco 99 como o andar, saltitar, equilibrar-se e, a partir disso, construir com os alunos, conceitos e variáveis anatômicas, cinesiológicas e biomecânicas. • Os conceitos de movimento linear e angular e as leis de movimento de Newton devem ser apresentados seguidos de exemplos simples, terminando com a aplicação de conceitos nos movimentos em geral, como locomoção, sustentação do peso corporal e outros ligados à rotina diária dos indivíduos. • Alguns conceitos da biomecânica que podem ser aplicados na Educação Física escolar, como o movimento linear, movimento angular, velocidade angular, velocidade linear, velocidade linear angular, 1ª, 2ª e 3ª Lei de Newton. Educação Física em foco 100 AUT OAT IVID ADE � Questão 1: QUESTÃO 22 do ENADE (2013). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016. O ato de exercitar o corpo fundamenta-se no princípio das alavancas, em que a ação muscular sobre o esqueleto gera o movimento humano. Uma alavanca é uma haste rígida que gira ao redor de um eixo ou fulcro. Alavancas são constituídas basicamente por cinco elementos. São eles: fulcro ou eixo (E), força (P), braço de força (bP), resistência (R) e braço de resistência (bR). Partindo desse princípio, analise o seguinte questionamento apresentado por um aluno de musculação ao seu professor: “Se adotei a mesma regra de treinamento para todos os grupos musculares (80% de 1-RM), por que o desenvolvimento de hipertrofia nas panturrilhas (tríceps sural) não ocorreu na mesma proporção que nos músculos dos braços?” Considerando os tipos de alavancas, a figura apresentada e o questionamento feito pelo aluno, avalie as afirmações que se seguem: I. A alavanca em A é de terceira classe. O que justifica a facilidade com que se desenvolve a musculatura do braço em detrimento da musculatura das pernas. Educação Física em foco 101 II. Na alavanca em A, o braço de potência é maior que o braço de resistência. Sendo assim, existe uma vantagem mecânica na qual a força aplicada será menor do que a resistência a ser vencida. III. A alavanca em B é de segunda classe. Assim, exige-se que a carga a ser empregada seja bastante elevada, a fim que se atinja maior recrutamento de unidades motoras, propiciando bom estímulo para a hipertrofia. IV. Na alavanca em B, a desvantagem mecânica observada no exemplo exige dos músculos envolvidos um esforço mais vigoroso. É correto apenas o que se afirma em: A ( ) II. B ( ) III. C ( ) I e III. D ( ) II e IV. E ( ) I, III e IV. Questão 2: QUESTÃO 25 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016. Cineantropometria é a ciência que tem como tema central a medida do homem em sua perspectiva morfológica para o estudo dos fatores que influenciam o movimento nas suas mais variadas formas. FONTE: OSTYN, M. et al. Kinanthropometry II. Baltimore, University Park Press. International Series on Sport Science, v. 9, 1980. (Adaptado). Sobre as possibilidades de aplicação do conhecimento de cineantropometria no ensino da Educação Física escolar, avalie as afirmações a seguir: I. A realização da análise longitudinal de crescimento e maturação de crianças e jovens é um exemplo desse conhecimento. Educação Física em foco 102 II. A avaliação da postura e da composição corporal em ergonomia constitui uma possibilidade dessa aplicação. III. A identificação de medidas como a composição corporal e o somatotipo configura um dos aspectos dessa proposta. É correto o que se afirma em: A ( ) I, apenas. B ( ) II, apenas. C ( ) I e III, apenas. D ( ) II e III, apenas. E ( ) I, II e III. GabaritoQuestão 1 – Letra C. Questão 2 – Letra C. Educação Física em foco 103 ------ [ TÓPICO 2 – APLICAÇÃO DOS ASPECTOS FISIOLÓGICOS ] ------ NA EDUCAÇÃO FÍSICA Especialmente neste tópico, você entenderá alguns pontos importantes dentro dos conteúdos da fisiologia do exercício, que servem para você, professor de Educação Física, trabalhar com segurança em qualquer faixa etária e condição. 1 CONHECIMENTOS FISIOLÓGICOS NECESSÁRIOS AO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA Caro acadêmico! Vamos ler agora sobre a importância do conhecimento da fisiologia para o professor de Educação Física, na abrangência dos movimentos corporais, principalmente, os envolvidos na Educação Física escolar. Nos PCN (BRASIL, 1998, p. 69) são descritas algumas características do que deve ser abordado quanto ao conhecimento da fisiologia e de sua complementação, a bioquímica: Os conhecimentos de fisiologia são aqueles básicos para compreender as alterações que ocorrem durante as atividades físicas (frequência cardíaca, queima de calorias, perda de água e sais minerais) e aquelas que ocorrem a longo prazo (melhora da condição cardiorrespiratória, aumento da massa muscular, da força e da flexibilidade e diminuição de tecido adiposo). A bioquímica abordará conteúdos que subsidiam a fisiologia: alguns processos metabólicos de produção de energia, eliminação e reposição de nutrientes básicos. Uma questão do ENADE (2014) solicitou a construção de uma resenha em que devem ser apontadas as implicações fisiológicas da prática do exercício físico. Para responder a essa questão, pelo fato do exercício ter muitas implicações fisiológicas, falaremos de algumas alterações agudas e/ou crônicas que podem ser utilizados como conhecimento pelo professor de Educação Física para ser aplicado com segurança nas escolas em todas faixas etárias e condições. O exercício físico retira o organismo da homeostase, pois aumenta instantaneamente a demanda energética da musculatura exercitada e de todo o organismo e, para suprir a nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas Educação Física em foco 104 são necessárias, dentre elas as da função cardiovascular (BRUM et al., 2004). As respostas agudas são aquelas observadas durante ou imediatamente após o exercício físico, como o aumento da pressão arterial e frequência cardíaca (CARVALHO, 2008), por exemplo: durante 30 a 45 minutos de exercício aeróbico, o volume de sangue bombeado pelo coração aumenta de quatro a seis vezes e a frequência cardíaca aumenta aproximadamente três vezes acima da frequência de repouso (KIRINUS, LINS; SANTOS, 2009). Já durante o exercício resistido (força), também ocorre aumento das respostas cardiovasculares, principalmente se realizado até a fadiga, mas estas alterações dependem do número de séries, intervalo de recuperação, massa muscular envolvida, entre outras. Veja na figura a seguir, caro acadêmico, um sumário das principais respostas cardiovasculares ao exercício físico agudo. FIGURA 18. PRINCIPAIS RESPOSTAS CARDIOVASCULARES AO EXERCÍCIO FÍSICO AGUDO FC, frequência cardíaca; VS, volume sistólico; DC, débito cardíaco; RVP, resistência vascular periférica; PA, pressão arterial; PAS, pressão arterial sistólica; PAD, pressão arterial diastólica. FONTE: BRUM et al. (2004, p. 28) Além das alterações que o exercício causa no sistema cardiovascular, como observado acima, a frequência cardíaca máxima (FCM) serve, também, Educação Física em foco 105 para quantificar o esforço máximo de um exercício e é definida como o valor mais elevado da frequência cardíaca que um indivíduo pode atingir em um esforço máximo até o ponto de exaustão (CAMARDA et al., 2008). E um estudo para comparar a frequência cardíaca máxima obtida pelo teste ergoespirométrico com as equações propostas por Karvonen e Tanaka, apontada por Camarda et al. (2008) concluíram que: A FCM é um indicador amplamente utilizado para prescrição de intensidades em programas de exercícios aeróbios, por possuir uma estreita relação com o consumo máximo de oxigênio. As principais equações de predição da frequência cardíaca máxima propostas por Karvonen (220 – idade) e Tanaka (208 – (0,7 x idade)) são semelhantes para predição da frequência cardíaca máxima, de indivíduos do sexo masculino e feminino, com faixa etária de 12 a 69 anos, demonstrando boa correlação (r = 0,72) com a frequência cardíaca máxima medida. Com o conhecimento destas equações acima, caro acadêmico, é fácil e seguro controlar a intensidade do exercício aeróbico pela FCM. Outro fator importante que devemos levar em conta na análise das alterações fisiológicas é que o exercício físico promove aumento do gasto energético total, tanto de forma aguda (durante a realização do exercício e durante a fase de recuperação) quanto de forma crônica (alterações da taxa metabólica de repouso – TMR). No que diz respeito ao efeito agudo, após o término do exercício, o consumo de O2 não retorna aos valores de repouso imediatamente e essa demanda energética durante o período de recuperação após o exercício é conhecida como consumo excessivo de oxigênio após o exercício (EPOC) (FOUREAUX, PINTO; DÂMASO, 2006). O componente rápido do EPOC ocorre dentro de 1h. Embora a causa precisa dessas respostas não esteja bem esclarecida, é provável que esses fatores contribuam para: a ressíntese de ATP/CP, redistribuição comportamental dos íons (aumento na atividade da bomba de sódio e potássio), remoção do lactato, restauração do dano tecidual, assim como restauração do aumento da FC e do aumento da temperatura corporal. Durante o componente prolongado, processos para o retorno da homeostase fisiológica ocorrem continuamente, porém em um nível mais baixo. Esses processos podem incluir o ciclo de Krebs com maior utilização de ácidos graxos livres; efeitos de Educação Física em foco 106 vários hormônios, como o cortisol, insulina, ACTH, hormônios da tireoide e GH; ressíntese de hemoglobina e mioglobina; aumento da atividade simpática; aumento da respiração mitocondrial pelo aumento da concentração de norepinefrina; ressíntese de glicogênio, aumento da temperatura (FOUREAUX, PINTO; DÂMASO, 2006, 395). A manutenção ou redução do peso corporal são afetados por muitos mecanismos potentes pelo exercício regular, o que inclui: “o aumento do gasto energético diário total, redução do apetite, aumento da TMR, aumento da massa livre de gordura, aumento do efeito térmico da refeição, aumento do consumo excessivo de oxigênio após o exercício e aumento da taxa de mobilização e oxidação de gordura”. (FOUREAUX, PINTO; DÂMASO, 2006, p. 395). Veja esquema deste mecanismo na figura a seguir. FIGURA 19. FUNÇÃO DO EXERCÍCIO REGULAR NA MANUTENÇÃO E REDUÇÃO PONDERAL FONTE: Foureaux, Pinto e Dâmaso (2006, p. 395) Outro fator importante que devemos levar em conta na análise das alterações fisiológicas, questionado pelo ENADE, é a hidratação e/ou desidratação durante a prática do exercício. Independente do exercício praticado (aeróbia ou anaeróbia), a hidratação realizada antes, durante ou depois do exercício é importante para o bom funcionamento dos processos homeostáticos exigidos pelo exercício físico (ZAFFALON JR., 2009). Educação Física em foco 107 Os níveis de hidratação devem ser mantidos de forma eficiente para que o exercício físico possa ser realizado de forma segura e não acarrete sérios problemas ao organismo (ZAFFALON JR., 2009). A sudorese é a perda hídrica durante o exercício, podendo levar à desidratação, com aumento da osmolalidade, da concentração de sódio no plasma e diminuição do volume plasmático (MACHADO-MOREIRA et al., 2006). “Quanto maior a desidratação, menor a capacidade de redistribuição do fluxo sanguíneo para a periferia, menor a sensibilidade hipotalâmica para a sudorese e menor a capacidade aeróbica para um dado débito cardíaco e, assim, os ajustes fisiológicos decorrentes da desidratação devem ser feitos analisando protocolos de ingestão de fluidose o papel da sede” (MACHADO-MOREIRA et al., 2006). Uma das formas de determinar o grau de desidratação é medir o peso corporal imediatamente antes e após o exercício físico, sendo a perda de cada 0,5 kg correspondente a aproximadamente 480-500 ml de líquido e, quando a desidratação reduz entre 4 e 5% o peso corporal, torna-se evidente o prejuízo da capacidade de realizar o exercício (CARVALHO; MARA, 2010). Veja alguns sintomas da desidratação, segundo Carvalho e Mara (2010, p. 145), como: A desidratação leve e moderada pode ter alguns sintomas, como fadiga, perda de apetite, sede, pele vermelha, intolerância ao calor, tontura, oligúria e aumento da concentração da urina e a grave, pele seca e murcha, olhos afundados, visão fosca, delírio, espasmos musculares, choque térmico e coma, podendo evoluir para óbito. A perda do suor significa a perda de água e eletrólitos que devem ser repostos no intuito de que sejam evitados sérios transtornos orgânicos agudos, como a hipovolemia e o superaquecimento corporal, e crônicos, como a hiponatremia. Você sabe por que é importante manter-se hidratado e fazer reposição hídrica? E qual é a quantidade certa de reposição? A reposição deve ser equivalente às perdas para prevenir o declínio no volume de ejeção ventricular e beneficiar a termorregulação, favorecendo o fluxo sanguíneo periférico, facilitando a transferência de calor. Em exercícios de longa duração, água, eletrólitos e estoques de glicogênio são constantemente depletados e, a menos que esses elementos sejam repostos, podem ocorrer hipovolemia, hipoglicemia, Educação Física em foco 108 hiponatremia, hipertermia e desidratação (CARVALHO; MARA, 2010, p. 146). A inadequada reposição eletrolítica e a super-hidratação podem contribuir para a hiponatremia, cujos sinais e sintomas são muitas vezes semelhantes aos da desidratação. FIGURA 20. SINTOMAS DA DESIDRATAÇÃO E HIPONATREMIA FONTE: Carvalho e Mara (2010, p. 146) Para diminuir os efeitos da desidratação, é adequada a ingestão de líquidos, antes e durante o exercício, pois atuam sobre a dinâmica cardiovascular, a regulação da temperatura e o desempenho nos exercícios, reduzindo a incidência de sintomas como dor de cabeça, fadiga, diminuição do apetite, intolerância ao calor, boca seca, entre outros (CRUZ, CABRAL; MARINS, 2009). Uma alternativa de hidratação são os repositores hidroeletrolíticos que servem para proteger o organismo da desidratação e perda de sais e dividem-se em bebidas isotônicas (quando o indivíduo perde mais de 2% do peso corpóreo pela sudorese, durante exercício físico intenso) ou em sudorese intensa. As bebidas hipotônicas (contém baixa osmolalidade, com 6% - 7% [m/V] de carboidratos e eletrólitos), enquanto que as bebidas hipertônicas (compostas 15% - 17% [m/V] de carboidratos e eletrólitos) (BOSI et al., 2014). Educação Física em foco 109 Segundo ACSM (1996, p. 517), a indicação da ingestão e líquidos para o exercício é: ANTES DO EXERCÍCIO, recomenda-se que os indivíduos consumam uma dieta nutricionalmente balanceada e bebam quantidades adequadas de fluidos durante as 24h que precedem o evento, especialmente durante o período entre a última alimentação e o exercício. Esta recomendação visa a promover uma boa hidratação antes do exercício ou da competição. Ainda se recomenda que os indivíduos bebam cerca de 500 ml de fluidos cerca de 2h antes do exercício, para promover uma hidratação adequada e dar um intervalo para que o excesso de água seja eliminada. DURANTE A PRÁTICA ESPORTIVA, os atletas devem começar a beber cedo e em intervalos regulares no intuito de consumir fluidos em uma frequência que possa repor a água perdida através da sudorese ou então consumir o máximo tolerável. Recomenda-se a ingestão de fluidos com temperatura inferior à ambiental (entre 15 ºC e 22 ºC). Educação Física em foco 110 ------ [ RESUMO DO TÓPICO 2 ] ------ Neste tópico, você viu que: • O exercício físico retira o organismo da homeostase, aumentando instantaneamente a demanda energética da musculatura exercitada. • As funções cardiovasculares sofrem adaptações fisiológicas durante o exercício. • As respostas agudas são aquelas observadas durante ou imediatamente após o exercício físico, como o aumento da pressão arterial e frequência cardíaca. • O exercício resistido (força) também leva a aumento das respostas cardiovasculares, dependendo do número de séries, intervalo de recuperação, massa muscular envolvida. • A frequência cardíaca máxima (FCM) serve também para quantificar o esforço máximo de um exercício. • As principais equações de predição da frequência cardíaca máxima propostas por Karvonen (220 – idade) e Tanaka (208 – (0,7 x idade)). • O exercício físico promove aumento do gasto energético total tanto de forma aguda (durante a realização do exercício e durante a fase de recuperação) quanto de forma crônica (alterações da taxa metabólica de repouso – TMR). • Outra alteração fisiológica durante o exercício é a hidratação e/ou desidratação durante a prática do exercício. • Os níveis de hidratação devem ser mantidos de forma eficiente para que o exercício físico possa ser realizado de forma segura. • Uma das formas de determinar o grau de desidratação é medir o peso corporal imediatamente antes e após o exercício físico e deve ser equivalente às perdas. Educação Física em foco 111 • A desidratação leve ou moderada pode apresentar sintomas como fadiga, perda de apetite, sede, pele vermelha, intolerância ao calor, tontura, oligúria e aumento da concentração da urina e a grave, pele seca e murcha, entre outros. • A inadequada reposição eletrolítica e a super-hidratação podem contribuir para a hiponatremia, cujos sinais e sintomas, muitas vezes, são semelhantes aos da desidratação. • Uma alternativa de hidratação são os repositores hidroeletrolíticos que servem para proteger o organismo da desidratação e perda de sais. • Dividem-se em bebidas isotônicas, bebidas hipotônicas e hipertônicas. Educação Física em foco 112 AUT OAT IVID ADE � Questão 1: QUESTÃO 17 do ENADE (2013). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016. A frequência cardíaca máxima (FCM) é o valor mais elevado da frequência cardíaca que um indivíduo pode atingir em um esforço máximo até o ponto de exaustão e constitui variável fisiológica relevante para quantificar o esforço máximo durante um teste ergométrico. A FCM é um importante marcador biológico para a prescrição e o monitoramento do exercício físico, com indicações que podem variar entre 60% e 85% da FCM para o desenvolvimento da resistência e da potência cardiorrespiratória, respectivamente. Questiona-se se o emprego de equações que predizem a FCM, como (220 – idade) de Karvonen ou (208 – [0,7 x idade]) de Tanaka, não induziria ao erro na prescrição da intensidade de treinamento cardiorrespiratório por superestimarem a FCM de indivíduos jovens (< de 40 anos) e subestimarem a FCM de indivíduos idosos (> de 60 anos). Para testar essa hipótese, Camarda et al. (2008) realizaram um estudo comparativo entre a FCM medida em teste ergoespirométrico e as equações propostas por Karvonen e Tanaka. Para tanto foram avaliados 2 047 indivíduos (1.091 homens e 956 mulheres) com média ± desvio-padrão de idade igual a 37,1 ± 11,4. Estimou-se, portanto, o coeficiente de correlação de Pearson e o valor de p foi menor que 0,05, em ambos os casos. Os resultados estão representados nos gráficos 1 e 2. Educação Física em foco 113 FONTE: CAMARDA, S. R. A. et al. Comparação da frequência cardíaca máxima medida com as fórmulas de predição propostas por Karvonen e Tanaka. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 91, n. 5, p. 311-314, 2008. Considerando o texto e os gráficos apresentados, pode-se notar que: A ( ) As equações de Karvonen e de Tanaka apresentam moderada correlação com a FCM medida em teste de esforço máximo. Isso significa queé arriscado prescrever a intensidade do esforço físico de um exercício utilizando essas equações. B ( ) As equações de Karvonen e de Tanaka apresentam forte correlação com a FCM medida em teste de esforço máximo. Isso significa que é seguro prescrever a intensidade do esforço físico de um exercício utilizando essas equações. C ( ) As equações de Karvonen e de Tanaka apresentam forte correlação com a FCM medida em teste de esforço máximo. No entanto, a prescrição da intensidade de esforço depende de outros fatores como nível de aptidão física e volume da sessão de treinamento. D ( ) As equações de Karvonen e de Tanaka apresentam fraca correlação com a FCM medida em teste de esforço máximo. Porém, a prescrição da intensidade de esforço pode depender de outros fatores como nível de aptidão física e frequência das sessões de treinamento. E ( ) As equações de Karvonen e de Tanaka apresentam fraca correlação com a FCM medida em teste de esforço máximo. Isso significa que é seguro prescrever a intensidade do esforço físico de um exercício utilizando essas equações. Educação Física em foco 114 Questão 2: QUESTÃO 19 do ENADE (2013). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016. A classificação das fibras musculares, em vermelhas ou brancas, faz-se de acordo com o metabolismo energético dominante, a velocidade de contração e a atividade enzimática. Considerando que a coloração das fibras determina a quantidade de glicogênio que será utilizado no exercício, bem como sua função fisiológica, avalie as afirmações a seguir. I. As fibras de coloração vermelha têm essa característica devido ao elevado número de mioglobina e, por isso, apresentam capacidade oxidativa elevada. As fibras brancas, por sua vez, possuem força de contração elevada, contendo grandes quantidades de glicogênio e geram ATP principalmente por glicólise anaeróbica. II. As fibras de contração lenta possuem pequena quantidade de mitocôndrias, o que lhes confere menor resistência à fadiga. Por outro lado, as fibras de contração rápida possuem grandes quantidades de mitocôndrias, o que promove o aumento na velocidade de remoção do lactato sanguíneo e, consequentemente, produz maior resistência à fadiga. III. Na prática dos exercícios físicos, as fibras vermelhas são mais recrutadas por maratonistas enquanto as fibras brancas são mais recrutadas por velocistas. É correto o que se afirma em: A ( ) II, apenas. B ( ) III, apenas. C ( ) I e II, apenas. D ( ) I e III, apenas. E ( ) I, II e III. Educação Física em foco 115 Questão 3: QUESTÃO 27 do ENADE (2013). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016. Um grupo de 10 maratonistas brasileiros partiu no mês de março em viagem para a Rússia para participar de uma prova de maratona em Moscou. Naquele período, a temperatura média foi de -1 °C. Todos sabiam sobre o frio que os aguardava, mas ninguém no grupo tinha experiência de corrida em condições climáticas tão desfavoráveis. Quando lá chegaram, foram conhecer o circuito da prova para estabelecer os postos de hidratação. A equipe contava com um médico do esporte, um fisiologista do exercício, um fisioterapeuta e uma nutricionista. Na véspera da prova, a equipe técnica conversou com treinadores locais e obteve a informação de que a previsão meteorológica para o momento da prova seria de chuva fina, com ventos de até 40 km/h, o que produziria uma sensação térmica de -16 °C. Os treinadores locais sugeriram que os isotônicos fossem substituídos por hidratantes com uma composição hipertônica. Diante da situação, a equipe técnica discutiu a sugestão com os atletas. Cinco atletas concordaram com a utilização de hipertônicos e os outros cinco não concordaram. Sendo assim, a equipe preparou os dois kits de hidratantes (isotônico e hipertônico), a fim de atender a ambos os grupos. No dia seguinte, a prova foi realizada e a previsão meteorológica se confirmou. Ao final da prova, apenas cinco atletas brasileiros concluíram a distância. Os outros cinco atletas abandonaram no meio do percurso por razões diversas. Considerando o texto acima, avalie as afirmações a seguir. I. O grupo que conseguiu concluir a prova deve ter sido o que utilizou hidratante isotônico, pois em temperaturas extremamente baixas, o corpo desidrata mais rapidamente e tem perda significativa de eletrólitos. II. Hidratantes isotônicos foram desenvolvidos para repor líquidos e minerais perdidos durante a transpiração, quando se praticam atividades físicas por Educação Física em foco 116 períodos prolongados. III. Em condições climáticas tão desfavoráveis, há acentuada queda dos estoques de glicogênio muscular, decorrente da necessidade de se manter a temperatura corporal central, assim o atleta experimenta o surgimento de sucessivas contraturas musculares pela falta de energia. IV. Uma solução hipertônica pode ser definida como aquela que contém concentração de eletrólitos e glicose abaixo da encontra no plasma sanguíneo. É correto apenas o que se afirma em: A ( ) I. B ( ) III. C ( ) I e IV. D ( ) II e III. E ( ) II e IV. Gabarito Questão 1 – Letra B. Questão 2 – Letra D. Questão 3 – Letra D. Educação Física em foco 117 ------ [ TÓPICO 3 – DESENVOLVIMENTO FÍSICO, DOENÇAS ] ------ CRÔNICAS E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Neste tópico, você entenderá a importância do entendimento do desenvolvimento e das fases que o compõem para trabalhar com segurança na Educação Física escolar, respeitando os limites e as faixas etárias. E também, nessa unidade, verá a obesidade infantil e como deve ser abordado na Educação Física escolar. 1 DESENVOLVIMENTO MOTOR E A EDUCAÇÃO FÍSICA Caro acadêmico! Você já parou para refletir como deve ser realizada a Educação Física escolar e as atividades relacionadas para auxílio no desenvolvimento motor dos alunos? A partir de agora você entenderá as especificidades do crescimento e desenvolvimento motor. Sempre estamos passando por mudanças relacionadas à idade, alteradas de acordo com a interação com o ambiente, com a tarefa e nessa interação o movimento se apresenta e se aprimora. As mudanças ocorrem quantitativamente pelo crescimento físico, como o aumento na estatura, no peso corporal e as mudanças qualitativas, chamadas de desenvolvimento, como aquisição e melhoria de funções (CAETANO; SILVEIRA; GOBBI, 2005). “O desenvolvimento na infância é marcado por mudanças incrementais regulares nos domínios cognitivo, afetivo e motor” (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013, p. 189). Por meio de um processo sequencial e contínuo, relacionado à idade cronológica, o desenvolvimento motor adquire uma grande quantidade de habilidades motoras, as quais progridem de movimentos simples e desorganizados para a execução de habilidades motoras altamente organizadas e complexas (WILLRICH; AZEVEDO; FERNANDES, 2009). Willrich, Azevedo e Fernandes (2009) apontam algumas causas que podem afetar o desenvolvimento motor, apontando que, quanto maior o número Educação Física em foco 118 de fatores de risco atuantes, maior será a possibilidade do comprometimento do desenvolvimento. Veja na figura a seguir quais são as causas: FIGURA 21. ALGUMAS CAUSAS QUE PODEM AFETAR O DESENVOLVIMENTO MOTOR FONTE: Willrich, Azevedo e Fernandes (2009, p. 52) O processo de desenvolvimento, aquisição e refinamento de diferentes habilidades motoras ocorre de maneira dinâmica e são suscetíveis e moldados a partir de inúmeros estímulos externos, ou seja, ocorre a interação entre os aspectos individuais (características físicas e estruturais), ao ambiente em que está inserido (WILLRICH; AZEVEDO; FERNANDES, 2009). Podemos considerar, caro acadêmico, a idade pré-escolar como uma importante fase de aquisição e aperfeiçoamento das habilidades motoras, segundo Caetano, Silveira e Gobbi (2005, p. 6): [...] formas de movimento e primeiras combinações de movimento, quepossibilitam a criança dominar seu corpo em diferentes posturas (estáticas e dinâmicas) e locomover- se pelo meio ambiente de variadas formas (andar, correr, saltar etc.). A base para habilidades motoras globais e finas é estabelecida neste período, sendo que as crianças aumentam consideravelmente seu repertório motor e adquirem os modelos de coordenação do movimento essenciais para posteriores performances habilidosas. Educação Física em foco 119 Veja, na figura a seguir, a representação visual das fases e estágios do desenvolvimento motor, em que a ampulheta representa uma visão descritiva do desenvolvimento, o triângulo representa uma visão explanatória do desenvolvimento e ambos são úteis para se compreender o desenvolvimento motor. FIGURA 22. REPRESENTAÇÃO VISUAL DAS FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR FONTE: Gallahue (2008, p. 198) Isayama e Gallardo (2008, p. 77) apontam que o indivíduo passa por três estágios distintos de desenvolvimento dessas habilidades: 1) inicial; 2) elementar; 3) maduro. No estágio inicial esses movimentos apresentam uma progressão, na qual, inicialmente, o movimento tem uma forma rudimentar, faltando vários componentes da estrutura do movimento. No segundo estágio, podemos visualizar uma estrutura melhor definida, como a preparação, a ação principal e a finalização do movimento. No entanto, a estrutura espaço-temporal dos componentes do movimento ainda não é apropriada. Isso ocorrerá apenas num terceiro estágio, com a obtenção da chamada forma “madura” do padrão, que é considerada igual ao desempenho de um adulto habilidoso. Rosa Neto (2002) propôs em seu livro uma Escala de Desenvolvimento Educação Física em foco 120 Motor (EDM) composta por uma bateria de testes para avaliar o desenvolvimento motor de crianças dos 2 aos 11 anos de idade. Veja a seguir os aspectos do desenvolvimento que o autor criou os testes motores: 1) Motricidade fina, refere-se à atividade manual, guiada por meio da visão, ou seja, coordenação visomanual, com emprego de força mínima, a fim de atingir uma resposta precisa à tarefa. 2) Motricidade global, refere-se aos movimentos dinâmicos corporais, envolve um conjunto de movimentos coordenados de grandes grupos musculares. 3) Equilíbrio, é a capacidade do organismo de manter posturas, posições e atitudes, compensando e anulando todas as forças que agem sobre o corpo. 4) Esquema corporal, refere-se à capacidade de discriminar com exatidão as partes corporais e a habilidade de organizar as partes do corpo na execução de uma tarefa. 5) Organização espacial, envolve tanto a noção do espaço do corpo como o espaço que o rodeia, referindo-se à habilidade de avaliar com precisão a relação entre o indivíduo e o ambiente. 6) Organização temporal, refere-se à percepção do tempo, envolvendo o conhecimento da ordem e duração dos acontecimentos. 2 OBESIDADE INFANTIL E EDUCAÇÃO FÍSICA (ABORDAGEM NA ESCOLA) Caro acadêmico! Optamos, nessa unidade, em falar da obesidade infantil, entre tantas outras doenças, pelo fato da obesidade infantil ser considerada uma epidemia e que pode afetar todo o crescimento e desenvolvimento infantil. Nas últimas décadas, a obesidade infantil vem se transformando em um problema de saúde pública e é considera como uma síndrome multifatorial (BORGES et al., 2007). Está geralmente associada à hipertensão arterial, Educação Física em foco 121 dislipidemias, intolerância à glicose, entre outros fatores, que podem estar ligados a fatores genéticos e/ou serem estimulados por fatores ambientais, sendo difícil afirmar qual é o mais determinante (SOTELO; COLUGNATI; TADDEI, 2004; PEREIRA et al., 2009). Quanto mais tempo os indivíduos se mantêm obesos, maior é a chance de as complicações ocorrerem, assim como mais precocemente, sendo visto que, crianças em idade pré-escolar que já apresentam quadro de obesidade, têm cinco vezes mais chance de serem adolescentes obesos e quatro vezes mais chance de serem adultos obesos quando comparadas a crianças que se encontram com o peso adequado (NATALE et al., 2013). Berleze, Haeffner e Valentini (2007) apontam alguns atrasos que podem ocorrer com crianças obesas, como capacidade cardiorrespiratória inferior; maior gasto energético no decorrer das atividades, pois despendem maiores esforços para a mesma intensidade de atividade física; e baixo nível de aptidão física, quando comparadas às crianças eutróficas. Especificamente, referindo-se ao desenvolvimento motor de crianças obesas, ocorrem atrasos no desempenho motor nas mais variadas habilidades motoras fundamentais de locomoção e controle de objetos, como também nas variáveis dos componentes motores- perceptivos (temporal-espacial) e no equilíbrio. Caro acadêmico! Veremos que a Educação Física tem um importante papel atualmente no desenvolvimento das crianças, especialmente na prevenção da obesidade infantil. Por quê? Devido aos avanços tecnológicos, as crianças tornaram-se menos ativas, e essa inatividade somada com o tempo gasto assistindo à televisão vêm levando ao aumento da adiposidade em escolares e, por outro lado, devemos, como professores de Educação Física, levar a prática do exercício físico para diminuir o risco de obesidade, atuar na regulação do balanço energético e preservar ou manter a massa magra em detrimento da massa de gordura (GIUGLIANO, CARNEIRO, 2004). Como prevenção e tratamento da obesidade infantil, devemos basear na mudança dos hábitos alimentares, no aumento do exercício físico, mas que seja Educação Física em foco 122 efetivo, a sensibilização para o problema deve incluir um esclarecimento claro e objetivo, para além do ponto de vista educativo, integrando a obesidade nos programas curriculares, o meio escolar constitui uma excelente oportunidade para incentivar uma alimentação saudável e incutir o gosto pela prática de exercício físico na vida diária (COELHO et al., 2008). Veja na figura a seguir os fatores que devem ser observados para a prevenção da obesidade infantil. FIGURA 23. ASPECTOS QUE DEVEM SER LEVADOS EM CONTA NA PREVENÇÃO DA OBESIDADE INFANTIL FONTE: Mello, Luft e Meyer (2004, p. 180) Vargas et al. (2011) fizeram um programa de prevenção de obesidade sobre práticas alimentares de 331 estudantes de 11 a 17 anos de 5º e 6º anos de duas escolas públicas estaduais de Niterói, RJ, em 2005. As práticas alimentares foram abordadas em questionários autorrespondidos antes e após o período de intervenção: consumo de fast food, consumo de refrigerantes, substituição Educação Física em foco 123 de refeições por lanches, consumo de frutas, verduras e legumes e tipo de alimentação consumida nos intervalos das aulas. Veja na figura a seguir o exemplo de como foi realizado esse programa com a Educação Física escolar, como auxílio da prevenção da Educação Física escolar. FIGURA 24. OBJETIVOS E PRINCIPAIS TEMAS ABORDADOS NAS ATIVIDADES DE INTERVENÇÃO FONTE: Vargas et al. (2011, p. 62) Educação Física em foco 124 ------ [ RESUMO DO TÓPICO 3 ] ------ Neste tópico, você viu que: • O organismo cresce e se desenvolve quantitativa e qualitativamente. • O desenvolvimento na infância é marcado por mudanças incrementais regulares nos domínios cognitivo, afetivo e motor. • O desenvolvimento motor progride de movimentos simples e desorganizados para a execução de habilidades motoras altamente organizadas e complexas. • O processo de desenvolvimento, aquisição e refinamento de diferentes habilidades motoras depende de aspectos individuais (características físicas e estruturais) e ao ambiente em que está inserido. • O desenvolvimento motor passa por três estágios inicial, elementar e maduro. • A Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) de crianças dos 2 aos 11 anos de idade, avalia a motricidade final e global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e temporal. • A obesidade infantil vem se transformando em um problema de saúde pública • A obesidade infantil trazvárias comorbidades, entre elas hipertensão arterial, dislipidemias, intolerância à glicose etc. • Crianças obesas podem ter atraso no desenvolvimento motor. • A prevenção e o tratamento da obesidade infantil são as mudanças dos hábitos alimentares e no aumento do exercício físico, tornando assim a Educação Física escolar uma excelente alternativa. Educação Física em foco 125 AUT OAT IVID ADE � Questão 1: QUESTÃO 27 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016. O desenvolvimento motor harmonioso da criança depende de uma série de fatores, dentre os quais se destacam as oportunidades para a prática, o encorajamento e o ensino em ambiente propício ao aprendizado. Embora relacionadas à idade, há numerosas variações entre as crianças e entre os padrões de movimento no desempenho de tarefas fundamentais. Considerando o texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. A sequência de progressão no desenvolvimento motor ao longo dos estágios inicial, elementar e maduro, é a mesma para a maioria das crianças, embora o ritmo varie, dependendo de fatores ambientais e hereditários. PORQUE II. Crianças na mesma faixa etária podem estar no estágio inicial em algumas tarefas motoras e, em outras, no estágio elementar ou no estágio maduro. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: A ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. B ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. C ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E ( ) As asserções I e II são proposições falsas. Educação Física em foco 126 Questão 2: QUESTÃO 21 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016. É consenso que a obesidade infantil vem aumentando de forma significativa e que ela determina várias complicações na infância e na idade adulta. Uma criança obesa tem maior probabilidade de vir a desenvolver patologias em sua vida futura, que lhe dificultarão tanto a vida pessoal como a social. O conhecimento da prevalência de obesidade e dos respectivos fatores de risco é de extrema importância para que possam ser adotadas medidas preventivas. Na infância, o tratamento pode ser ainda mais difícil do que na fase adulta, pois está relacionado a mudanças de hábitos e à disponibilidade dos pais, além de uma falta de entendimento da criança quanto aos danos da obesidade. FONTE: AMARAL, O.; PEREIRA, C. Obesidade: da genética ao ambiente. Revista Millenium, v. 34, n.311, p. 320-324, 2008. (Adaptado). Com relação ao que deve ser considerado pelo professor ao planejar, participar e avaliar projetos comunitários relacionados à temática apresentada, avalie as afirmações a seguir. I. Os pais têm papel importante na prevenção, no desenvolvimento e no controle da obesidade infantil, influenciando o comportamento das crianças por meio da alimentação e dos hábitos de atividade física. II. A escola é um local privilegiado de intervenção, cujas diretrizes de ação no combate à obesidade devem centrar-se nos alunos que apresentam sobrepeso. III. Há momentos da vida humana, que incluem período intrauterino e os primeiros três anos de vida, em que a má nutrição pode provocar prejuízos físicos e mentais que afetam negativamente o desenvolvimento futuro dos indivíduos. Educação Física em foco 127 IV. A variação do metabolismo basal em diferentes pessoas, e na mesma pessoa em circunstâncias diferentes, leva a concluir que, com a mesma ingestão calórica, uma pessoa pode engordar e outra não. É correto apenas o que se afirma em: A ( ) I e III. B ( ) II e III. C ( ) II e IV. D ( ) I, II e IV. E ( ) I, III e IV. Questão 3: QUESTÃO 33 do ENADE (2014). FONTE: Disponível em: <http:// portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 8 jul. 2016. O processo de desenvolvimento motor revela-se basicamente por alterações no comportamento motor. Podemos observar diferenças desse tipo de desenvolvimento provocadas por fatores próprios do indivíduo (biologia), do ambiente (experiências oportunizadas aos sujeitos) e da tarefa em si (físicos/ mecânicos). Isso ocorre pela observação das alterações no processo (forma) e no produto (desempenho). Dessa forma, um meio primário pelo qual o processo de desenvolvimento motor pode ser observado é o estudo das alterações no comportamento motor no decorrer do ciclo da vida. Assim, o comportamento motor observável real de um indivíduo fornece uma “janela” para o seu processo de desenvolvimento motor, ou seja, permite o exame da progressão sequencial de habilidades motoras ao longo da vida. Nessa perspectiva, uma forma de esquematizar esse processo de desenvolvimento em fases e estágios de desenvolvimento de cada fase é a apresentada por Gallahue e Ozmun (2001), na Figura 1. Educação Física em foco 128 Considerando o texto acima e a Figura 1, avalie as seguintes asserções com relação ao padrão de movimento da criança retratada na Figura 2 a seguir. Figura 2 - Padrão da habilidade de arremessar Educação Física em foco 129 I. É frequente que meninas aos oito anos de idade apresentem padrão de arremesso em um estágio de desenvolvimento motor elementar, similar ao ilustrado na Figura 2, e que é inferior ao atingido por meninos nessa mesma etapa cronológica. PORQUE II. Os fatores biológicos são elementos preponderantes para explicar as diferenças no desenvolvimento das habilidades motoras entre meninos e meninas na faixa etária de oito anos. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. B ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. C ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E ( ) As asserções I e II são proposições falsas. Gabarito: Questão 1 – Letra A. Questão 2 – Letra E. Questão 3 – Letra C. Educação Física em foco 130 Educação Física em foco 131 REFERÊNCIAS AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). Position stand on exercise and fluid replacement. Med. Sci. Spots Exerc, v. 28, p. 517-521, 1996. Disponível em: <https://www.khsaa.org/sportsmedicine/heat/exerciseandfluidreplacement. pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016. BATISTA, L. A. A biomecânica em Educação Física escolar. Perspectivas em Educação Física Escolar, v. 2, n. 1, p. 36-49, 2001. 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