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ASPECTOS DE IMAGEM DA CIRROSE HEPÁTICA – Prof Lívia Os métodos de imagem para avaliação da cirrose são: US, TC e ressonância magnética. US - método mais utilizado, por ser mais simples, mais disponível e mais barato. Se realizado por profissional bem treinado pode fornecer muitas informações. Limitações do US: interposição gasosa intestinal, biotipo do paciente e diagnóstico de nódulos fibróticos. Achados de imagem no US, podemos encontrar sinais de hipertensão portal e sinais de insuficiência hepática. Etiologias: hepatite, esteatose alcoólica, esteatose gordurosa, entre outras. Padrões ultrassonográficos: Hepatomegalia - É encontrada na fase inicial. Insuficiência hepática - Nessa fase identificamos alterações de textura difusas no parênquima hepático. A primeira foto representa um fígado normal (textura homogênea) e a segunda mostra um fígado insuficiente, com textura heterogênea → aspecto granulado grosseiro difuso. Dimensão máxima do fígado (linha amarela) no ultrassom normal = 15 cm para o lobo direito e 11 cm para o lobo esquerdo. Esteatose hepática: Ocorre aumento difuso da ecogenicidade do parênquima hepático e borramento dos contornos dos vasos e de outras estruturas anatômicas - Graduada: grau 1, grau 2, grau 3 e grau 4. Lobulações/ microlobulações dos contornos hepáticos: Normal = contornos lisos e regulares encontrados no fígado normal. Segunda foto mostra contornos lobulados/microlobulados, característicos da cirrose. Quando o aspecto microlobulado é fino, podemos chama-lo de contorno serrilhado. Exemplo: Atrofia: - Nessa fase as dimensões hepáticas foram reduzidas. Na imagem acima podemos ver uma atrofia importante do lobo direito do fígado. Além disso, é notória também a presença de líquido, caracterizando uma ascite. Ascite – parte preta acima do fígado → sinal importante de insuficiência hepática, devido à hipoalbuminemia. Nódulos de regeneração - São divididos em micronodulares e macronodulares. O micronodular é mais frequente na cirrose por etilismo e o macronodular é mais frequente nas hepatites crônicas virais. Observe as imagens abaixo: Diagnósticos diferenciais: nódulos displásicos e evolução para Hepatocarcinoma → Por esse motivo o acompanhamento do paciente cirrótico deve ser feito com muita atenção. Outra forma de diferenciar a causa da cirrose é que na cirrose por uso crônico abusivo por álcool, nós tendemos a ter uma lobulação dos contornos mais evidentes e uma redução mais desproporcional do lobo direito, ou seja, lobo caudado e lobo esquerdo não sofrem grandes alterações dimensionais. Já na cirrose decorrente de infecção crônica viral, ocorre lobulação menos evidente e alteração difusa/homogênea do tamanho do fígado. A ressonância é o melhor exame para avaliar a presença de nódulos displásicos. A ascite e o derrame pleural também são imagens que podem ser encontradas em pacientes cirróticos. Achados relacionados à hipertensão portal: O achado mais comum é o aumento do caibre da veia porta. A primeira imagem mostra uma veia porta de calibre normal e a segunda imagem mostra uma veia porta de calibre aumentado. Limites: o calibre normal de uma veia porta no ultrassom é de até 1,2cm. Para ajudar na avaliação da hipertensão portal, podemos fazer um doppler de veia porta. Nesse exame verificaremos uma velocidade reduzida do fluxo sanguíneo na veia porta → Quanto maior o comprometimento da função hepática, maior será a redução do fluxo portal. Além da redução da velocidade do fluxo, ele também pode se tornar hepatofugal (ocorre em 14,8% das vezes), ou seja, pode fugir do fígado e formar o que chamamos de circulação colateral. O padrão normal é hepatopetal. A circulação colateral pode aparecer da seguinte maneira no indivíduo: Caput medusa = cabeça de medusa. Quando o fluxo hepatofugal ocorre em direção à veia gástrica esquerda, a chance de serem formadas varizes gástricas e esofágicas é alta. Quando o fluxo hepatofugal ocorre em direção às veias gástricas curtas, elas se tornarão visíveis em hipocôndrio esquerdo. Quando ocorre um fluxo turbulento entre o baço e o rim esquerdo, chamamos isso de circulação colateral esplenorrenal ou shunt esplenorrenal. Observe a imagem abaixo: Nessa imagem a cor vermelha representa o fluxo normal (hepatopetal) e a cor azul representa o fluxo alterado (hepatofugal) – circulação colateral. Devido à hipertensão portal e à ausência de retorno venoso para o fígado, ocorre também uma esplenomegalia (pela formação da circulação colateral). As imagens acima mostram esplenomegalias importantes. Varizes gástricas e esofágicas: Desenho esquemático mostrando a anatomia da veia gástrica esquerda (cabeça de seta). B: Varizes junto à parede gástrica em imagem no plano axial de ressonância magnética na ponderação em T1 pós-contraste. Notar ainda, em A (seta), vasos esofágicos que formarão as varizes esofágicas. Ressonância magnética do abdome nas ponderações em T1 pós-contraste no plano axial mostrando paciente com hipertensão portal. Há varizes perigástricas (seta em A) e paraesofágicas (seta em B). Veia paraumbilical: É outro achado da circulação colateral; Em situações normais não é vista nos exames de imagem, mas na hipertensão portal ela pode aparecer. Varizes císticas/pericolecisticas: São indícios de circulação colateral também. Trombose de veia porta: Outro sinal de hipertensão portal/trombose de veia porta; Por que a hipertensão portal favorece à trombose de veia porta intra-hepática e das circulações colaterais? Isso acontece, pois o fluxo sanguíneo é lentificado, não progredindo na direção certa, favorecendo a estase e consequentemente a trombose. CA: Corte longitudinal ultrassonográfico em modo B demonstrando a recanalização da veia paraumbilical preenchida parcialmente por conteúdo hipoecogênico no seu interior, configurando trombo parcial. B: Ressonância magnética no plano coronal e ponderação T2 demonstrando todo o trajeto da veia paraumbilical desde a sua saída pelo ligamento redondo até a cicatriz umbilical (setas). A: Desenho esquemático mostrando as veias císticas e pericolecísticas na parede da vesícula biliar (seta branca). B: Corte axial de tomografia do abdome com contraste mostrando as varizes císticas/pericolecísticas ao longo da parede da vesícula biliar (seta). Observar também, curiosamente (em A), os vasos ao longo da veia paraumbilical (seta preta), como demonstrado na figura. RESUMINDO: Indícios de hipertensão portal/circulação colateral: o Esplenomegalia; o Caput medusa; o Varizes gástricas/esofágicas; o Trombose de veia porta; o Varizes císticas/pericolecisticas; o Veia paraumbilical; o Shunt esplenorrenal. o Fluxo lento e hepatofugal em doppler;
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