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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pedagogia Karen Cristina Gonçalves Berlato RECURSOS TECNOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: na visão de alguns educadores LINS – SP 2016 KAREN CRISTINA GONÇALVES BERLATO RECURSOS TECNOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: na visão de alguns educadores Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Pedagogia, sob a orientação do Prof. Me Marcos José Ardenghi e orientação técnica da Prof.ª Ma Fatima Eliana Frigatto Bozzo LINS – SP 2016 FICHA CATALOGRÁFICA Berlato, Karen Cristina Gonçalves; Recursos tecnológicos na Educação Infantil: na visão de alguns educadores / Karen Cristina Gonçalves Berlato. – – Lins, 2016. 50p. il. 31cm. Trabalho de conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins- SP, para graduação em Pedagogia, 2016. Orientadores: Marcos José Ardenghi; Fatima Eliana Frigatto Bozzo 1. Educação Infantil. 2. TIC. 3. Tecnologia. I Título. CDU 37 B44r Karen Cristina Gonçalves Berlato RECURSOS TECNOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: na visão de alguns educadores Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium para obtenção do título de graduação do curso de Pedagogia. Aprovado em ________/________/________ Banca Examinadora: Prof. Orientador: Prof. Me. Marcos José Ardenghi Titulação: Mestre em Educação Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Assinatura: _________________________________ 1º Prof. (a). Ma Fatima Eliana Frigatto Bozzo Titulação: Mestre em Odontologia – saúde coletiva: Universidade Sagrado Coração (USC) Bauru Assinatura: _________________________________ 2º Prof. (a). Dra. Elaine Cristina Moreira da Silva Titulação: Doutora em Educação pelo Centro Universitário Nove de Julho - SP Assinatura: _________________________________ DEDICATÓRIA Aos meus pais, por me darem vida, saúde, conhecimento, apoio e sabedoria para direcionar os meus passos, rumo ao caminho dessa conquista. Ao meu amado pai, Mauro David Gonçalves, que não está entre nós, por estar presente em meus pensamentos, me dando forças nos momentos difíceis, me fazendo acreditar e valorizar o estudo que ele me proporcionou, com a intenção de me ver graduada. À minha querida e amada mãe, Ana Lucia de Jesus Gonçalves, por estar sempre presente, por todo amor, paciência e palavras de carinho, força e incentivo, que me ajudaram a não desistir dos meus sonhos e projetos Amo vocês eternamente. Karen AGRADECIMENTO A Deus pela minha existência e por toda sabedoria que me foi concedida. Aos meus professores, por tudo que me ensinaram, tanto sobre as disciplinas quanto como pessoas maravilhosas e abençoadas que são. Ao meu orientador, por acreditar na minha capacidade e por me ajudar nessa jornada. À minha orientadora técnica Prof.ª Ma. Fátima Eliana Frigatto Bozzo, por todo suporte, apoio, atenção e principalmente, por me incentivar a continuar sempre. À Instituição Unisalesiano – Centro Universitário A todos da minha família querida. Ao meu marido, Paulo Eduardo Berlato, por todo amor e superação dos momentos difíceis. Aos meus amigos, colegas de sala e de trabalho. Karen RESUMO Os recursos tecnológicos se encontram presentes em toda a parte, tanto em empresas, quanto nas casas das pessoas e nas escolas. A tecnologia tem sido aliada na execução de todos os tipos de tarefas e, assim como os demais recursos utilizados no trabalho pedagógico, é pensada pelo adulto educador, como meio para facilitar a relação ensino-aprendizagem. Este trabalho teve como objetivos: investigar o aprendizado e a qualidade de ensino com o uso de recursos tecnológicos na educação infantil; verificar a utilização de alguns recursos tecnológicos, na prática dos educadores e sua visão sobre os mesmos; estabelecer o nível de conhecimentos sobre os recursos utilizados e a importância dada a eles no uso cotidiano por parte dos educadores. A presente pesquisa foi abordada na prática pedagógica de educadoras em uma escola da cidade de Lins e a metodologia aplicada foi de pesquisa bibliográfica e questionário de sondagem, entregue às educadoras da modalidade de educação infantil. Através da elaboração de questões dissertativas e de múltipla escolha, buscou-se responder aos questionamentos: Os recursos tecnológicos estão sendo utilizados em sala de aula na Educação Infantil? Existe avanço na aprendizagem dessa faixa etária nas aulas, tanto com a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), quanto em atividades com métodos lúdicos de ensino? Os resultados das respostas dadas pelas educadoras demonstram que os recursos tecnológicos estão sendo utilizados na educação infantil e em sala de aula, uma vez que a escola oferta esses recursos aos educadores e alunos. Porém, baseando-se nessa pesquisa, observa-se que ainda há dificuldades para reconhecer e aplicar esses recursos e usufruir dos mesmos sua total capacidade. Conclui-se que os educadores devem estar dispostos a conhecer e se atualizar em relação às novas tecnologias. Assumir uma postura diferente, além da tradicional, utilizando os materiais de acordo com a sua qualidade e utilidade, ampliando, desafiando e problematizando o processo de aprendizagem de seus alunos. Palavras chave: Educação Infantil. TIC. Tecnologia. ABSTRACT Technological resources are present everywhere, in companies, in people's homes and in schools. Technology has been allied in the execution of all kinds of tasks and, like the other resources used in pedagogical work, is thought by the adult educator as a means to facilitate the teaching-learning relationship. This study had as objectives: to investigate the learning and the quality of teaching with the use of technological resources in the infantile education; To verify the use of some technological resources in the practice of educators and their view on them; To establish the level of knowledge about the resources used and the importance given to them in the daily use by educators. The present research was approached in the pedagogical practice of educators in a school in the city of Lins and the applied methodology was of bibliographical research and questionnaire of survey, delivered to the educators of the modality of infantile education. Through the elaboration of essay questions and multiple choice, we tried to answer the questions: Are technological resources being used in the classroom in Early Childhood Education? Is there progress in the learning of this age group in classes, both with the use of Information and Communication Technologies (ICT) and in activities with playful teaching methods? The results of the answers given by the educators demonstrate that technological resources are being used in the children's education and in the classroom, once the school offers these resources to educators and students. However, based on this research, it is observed that there are still difficulties to recognize and apply these resources and to enjoy their full capacity. It is concluded that educators must be willing to know and update themselves in relation to new technologies. To assume a different posture, besides the traditional one, using the materials according to its quality and utility, enlarging, challenging and problematizing the learning process ofits students. Keywords: Early Childhood Education. ICT. Technology. LISTA DE FIGURAS Figura 1: O homem pré-histórico ...................................................................... 15 Figura 2: Tecnologia na sala de aula ................................................................ 20 Figura 3: Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação ......................... 22 Figura 4: Resposta dos educadores à pergunta nº3 ......................................... 38 Figura 5: Resposta dos educadores à pergunta nº4 ......................................... 39 Figura 6: Respostas dos educadores à pergunta nº 6 ...................................... 40 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Paralelo entre mídias tradicionais e algumas tecnologias da informação e comunicação................................................................................ 18 Quadro 2: Objetivos e atividades para Maternal I (crianças de 2 a 3 anos) .....29 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação TIC: Tecnologia da Informação e da Comunicação TDIC: Tecnologia Digital da Informação e Comunicação R.A.V.: Recursos Áudio Visuais RCNEI: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil ZDP: Zona de Desenvolvimento Potencial SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 13 CAPÍTULO I – RECURSOS TECNOLÓGICOS................................................ 15 1 INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA TECNOLOGIA................................... 15 1.1 Tecnologias na Educação....................................................................... 19 CAPÍTULO II – APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO INFANTIL.......... 24 1 O DESENVOLVIMENTO INFANTIL....................................................... 24 1.1 Aprendizagem na Educação Infantil modalidade creche....................... 27 CAPÍTULO III – METODOLOGIA..................................................................... 33 1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 33 1.1 Métodos e técnicas de pesquisa............................................................ 34 1.2 Análise dos resultados........................................................................... 35 1.3 Análise dos dados obtidos..................................................................... 36 CONCLUSÃO................................................................................................... 43 REFERÊNCIAS................................................................................................. 46 APÊNDICE........................................................................................................ 48 13 INTRODUÇÃO O presente trabalho é um estudo que busca investigar o aprendizado e a qualidade de ensino, na visão de alguns educadores, com o uso recente de recursos tecnológicos na educação infantil, focado no período chamado Maternal, com crianças de 2 e 3 anos de idade. Os estímulos recebidos na primeira infância são fundamentais para a aquisição do conhecimento durante toda a vida do indivíduo. Os recursos tecnológicos são de grande apoio e auxílio aos educadores que através dos mesmos, podem levar aos seus alunos, por exemplo, imagens e sons de formas associadas ou não, mas com qualidade de informação. Existem várias metodologias educacionais nessa área, que são muito atrativas e solicitam a interação da criança ao mesmo tempo em que ensinam, não por memorização, mas, com entendimento do que está sendo proposto. As escolas auxiliam esse trabalho, ao oferecer salas de recursos, onde os educadores possam ter acesso a materiais e equipamentos digitais e tecnológicos, em um ambiente preparado e específico. Esta pesquisa teve como objetivo investigar o aprendizado e a qualidade de ensino com o uso de recursos tecnológicos na Educação Infantil; Verificar a utilização de alguns recursos tecnológicos, na prática dos educadores e sua visão sobre os mesmos; estabelecer o nível de conhecimento sobre os recursos utilizados e a importância dada a eles no uso cotidiano dos educadores. Essa pesquisa foi desenvolvida em uma Escola Municipal de Educação Infantil da cidade de Lins, interior de São Paulo, com educadoras exercendo a função de Atendente de Atividades Infantis, trabalhando com crianças de 0 e 3 anos de idade regularmente matriculadas na modalidade creche da escola em questão. Foi elaborado um questionário semiestruturado de forma a analisar o modo de pensar e de trabalhar das educadoras com as TICs, partindo de uma pesquisa bibliográfica e da vivência da pesquisadora, além da análise dos materiais pedagógicos e tecnológicos utilizados pelas docentes. O primeiro capítulo “RECURSOS TECNOLÓGICOS” trata dos recursos tecnológicos, passando por um pequeno resumo da história da tecnologia, 14 desde a era primitiva até a abordagem das tecnologias na educação, qual a sua importância e o que são Tecnologias da Informação e Comunicação. No segundo capítulo “APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO INFANTIL” trata-se da aprendizagem e o desenvolvimento infantil de acordo com o pensamento de Lev S. Vygotsky e Jean Piaget e quais são os facilitadores desta aprendizagem quando a criança está inserida em uma escola de educação infantil modalidade creche, bem como a sua interação com tecnologias facilitadoras no âmbito escolar. Para finalizar, o terceiro capítulo “METODOLOGIA” trata da pesquisa propriamente dita, a explicação dos métodos e técnicas utilizados e a análise dos dados e resultados obtidos. 15 CAPÍTULO I RECURSOS TECNOLÓGICOS 1 INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA TECNOLOGIA A história da tecnologia é datada dos primórdios da história da humanidade, podendo ser verificada desde que os primeiros seres humanos começaram a utilizar instrumentos para a caça e proteção. Estes utilizavam recursos naturais para confecção de ferramentas simples, como facas e lanças. Depois da descoberta e manipulação do fogo, o aproveitamento de alimentos e materiais combustíveis ajudou de forma decisiva na evolução tecnológica da humanidade. Figura 1: O homem pré-histórico Fonte: http://historiacorrente.blogspot.com.br/2011/10/ Do uso de ferramentas rudimentares e domínio do fogo à organização de aldeias, desenvolvimento da agricultura e domesticação de animais, o homem passou a aperfeiçoar suas ferramentas e evoluir socialmente, criando grupos diferentes, com crenças e culturas específicas e diferenciadas, 16 aumentando e refinando a técnica na elaboração de seus instrumentos. Como consequência deste movimento, “consolidaram as culturas e os costumes, crenças e hábitos sociais, que foram sendo transmitidos às gerações” (ALTOÉ; SILVA, 2005, p.15). Neste sentido, na história da humanidade, é possível observar vários momentos em que a evolução da tecnologia ajudou na evolução do homem, facilitando sua relação com o meio e ampliando suas possibilidades, fazendo parte do cotidiano de maneira tão normal que já não se vive sem fazer uso de suas utilidades. Estão tão próximas à rotina que nem são reconhecidas como instrumentos tecnológicos, por exemplo, fogão, geladeira, máquina de lavar, micro-ondas, relógios e até o giz da sala de aula, pois através da técnica de seu uso, passa a ser instrumento tecnológico. Pode-se dizer que hoje, por exemplo, comer com garfo, faca ou colher, é uma simples ação diária das pessoas,porém um dia, isso foi algo impensável. Esses recursos atravessaram gerações, passaram por inúmeras modificações, adaptações e melhorias até se tornarem os objetos necessários que são hoje e chegarem a maneira como são utilizados. Assim sendo, verificamos que as tecnologias estão presentes em todos os lugares e em todas as atividades que realizamos. Isso significa que para executar qualquer atividade necessitamos de produtos e equipamentos, que são resultados de estudos, planejamentos e construções específicas. Ao conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplica ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade nós chamamos de tecnologia. Portanto, para que os instrumentos possam ser construídos, o homem necessita "pesquisar, planejar e criar tecnologias". (ALTOÉ; SILVA, 2005, p.17) Um dos momentos mais expressivos observados é a Revolução Industrial, que alterou as relações sociais e de trabalho, alterando paradigmas. O grande desenvolvimento da tecnologia acontecido na modernidade precisa ser analisado e entendido de acordo com as determinações sociais, políticas, econômicas e culturais, pois mostra a relação do homem com seu meio, o esforço deste em superar as barreiras naturais existentes. “A técnica tem sua gênese com a utilização de objetos que se transformam em instrumentos naturais, estes vão se tornando complexos no decorrer do processo da construção da sociedade”. (PINTO, 1997, p.14) 17 A teoria (theoreo) e técnica (techné) foram elaborações dos gregos. Na Grécia, entre os séculos Vl e lV a. C., que se deu o desenvolvimento da explicação racional para as questões pertinentes a natureza e ao mundo dos homens. Theoreo, para os gregos, significava ver com os olhos do espírito, contemplar e examinar sem a atividade experimental. Techné estava ligada a um conjunto de conhecimentos e habilidades profissionais. O conhecimento técnico era o trabalho feito com as mãos, como a fabricação de engenhos mecânicos e não o trabalho manual em si. Platão conceituou o termo técnica dando-lhe o significado de uma realização material e concreta; Aristóteles não foi muito além dessa conceituação, pois, entendia a techné como um conhecimento prático que objetiva um fim concreto. (PINTO, 1997, p.14) Se embasando nas origens gregas, pode-se chegar à conclusão que a tecnologia é a teoria do conhecimento científico, transformada em habilidade profissional, ou seja, a prática, o trabalho feito com as mãos, o concreto. A tecnologia possibilita a produção de muitos novos conhecimentos científicos, envolvendo “um conjunto organizado e sistematizado de diferentes conhecimentos, científicos, empíricos e até intuitivos voltados para um processo de aplicação na produção e na comercialização de bens e serviços”. (GRINSPUN, 1999, p. 49) A tecnologia, nas palavras de Vargas (1994, p. 225), sendo verificada no sentido dado pela cultura ocidental, é a “aplicação de teorias, métodos e processos científicos às técnicas”. Recurso, de acordo com o Dicionário Michaelis (2004), é um meio que responde a uma necessidade ou auxilia a se conseguir aquilo que se pretende. Tecnologia, como já dito, são as teorias e técnicas que possibilitam o aproveitamento prático do conhecimento científico. Um recurso tecnológico é, portanto, um meio que se vale da tecnologia para cumprir com o seu propósito. Os recursos tecnológicos podem ser tangíveis (como um computador, uma impressora ou outra máquina) ou intangíveis (um sistema, uma aplicação virtual). (MORAN, 2006, p. 20) Na atualidade a sociedade tem vivenciado muitos avanços, nos quais se percebe que principalmente o acesso à informação é praticamente instantâneo, podendo as pessoas manterem contato e se informarem de forma global, tudo isso devido ao aperfeiçoamento e os avanços dos recursos tecnológicos. Essas mudanças ocorrem com uma rapidez vertiginosa, e interferem em toda a sociedade, que precisa se adequar e aprender a lidar com as novas situações. http://conceito.de/recursos-tecnologicos 18 Os recursos tecnológicos se encontram presentes em toda a parte, tanto em empresas como nas casas das pessoas e nas escolas. A tecnologia tem sido aliada na execução de todos os tipos de tarefas. Como já dito, as tecnologias são algo presente na sociedade e é comum que todos se deparem com elas frequentemente. As transformações no mundo trazem novas formas de troca de conhecimento. As tecnologias da informação e da comunicação são aquelas que interferem e são meio para a aquisição de informação e comunicação entre os seres humanos. Para Coll e Monereo (2010, p. 17) há uma diferenciação entre as tecnologias, pois de todas as tecnologias criadas, aquelas que se relacionam com representar e transmitir informação são as mais importantes, pois passam a influenciar todos os âmbitos da vida das pessoas, iniciando no trato social e perpassando impreterivelmente no seu modo de compreender, interpretar e transmitir suas impressões deste para outras pessoas. Quadro 1 – Paralelo entre mídias tradicionais e algumas tecnologias da informação e comunicação Mídias Tradicionais T.I.C. Imprensa Artigos on-line E-books Correio E-mail Fóruns Chats Rádio CD e DVD Rádio on-line Plataformas de execução e compartilhamento de vídeos em formato digital Telefone Celulares Smartfones Televisão Captação e reprodução de imagens e sons Videoconferência Integração de CD-ROM e DVD SmartTV Fonte: elaborado pela pesquisadora – 2016. Assim, é possível notar que as TIC têm um papel importante na atualidade, se transformando nos novos meios de transmissão de 19 conhecimentos, entre pares e de geração para geração. Essas tecnologias podem ser utilizadas nos mais diferentes ambientes, desde domésticos até educacionais ou empresariais. A disseminação das tecnologias de informação e comunicação influencia a vida social das pessoas. “Nesse sentido não se pode negar o relacionamento entre o conhecimento no campo da informática, por exemplo, dos demais campos de saber humano. ” (CUNHA; BRAZ; DUTRA, 2012, p. 04) esta nova forma de comunicação e informação cria sua nova linguagem, e pode causar certa resistência, mas não mais do que outras formas de comunicação já causaram na história da humanidade. 1.1 Tecnologias na Educação Na Educação Infantil, o educador tem que desenvolver habilidades (como saber fazer, que é relacionado à cognição), competências (que são a composição dos seus conhecimentos) e atitudes (que envolvem princípios éticos, solidariedade e cooperativismo). Segundo Oliveira-Formosinho (apud GOMES, 2010, p.20), “[...] a docência na educação infantil apresenta aspectos similares e também diferenciados da docência dos demais níveis de ensino. ” Existem conteúdos a serem trabalhados com essa faixa etária, que são base para se elaborar o planejamento de ensino e são denominados de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, além dos Marcos Curriculares que são formados pelos eixos da matemática, música, movimento, artes visuais, linguagem oral e escrita e natureza e sociedade. Segundo Gomes (2010, p.21): Quando falamos em competências do professor de Educação infantil, estamos falando da formação voltada à esta área de ensino. Não somente a formação universitária, pré-requisito básico para o exercício da docência, mas a formação contínua e permanente que forneça subsídios teóricos ao profissional durante sua prática. Como nos esclarece Perrenoud são os saberes conjugados adequadamente, que permitirão ao professor lidar com os desafios do dia a dia especialmente na Educação infantil, onde a denominância é diferente dos outros níveis de Educação. 20 A tecnologia, assim como os demais recursos utilizados no trabalho pedagógico, é pensada pelo adultoeducador, como meio para facilitar a relação ensino-aprendizagem. É necessário, conforme já citado, que o educador não se esqueça do contexto em que a criança está inserida, as experiências que o educando traz de sua vida, e que influem no meio escolar. Figura 2: Tecnologia na sala de aula Fonte: www.ginetwork.com.br A cultura e a tecnologia (tecnologia entendida como cultura), uma vez que, é pelas decisões adultas (a escolha do artefato a ser utilizado não é da criança, tampouco é neutra) que a criança pode participar das modificações culturais de seu meio ativamente, agindo de acordo com suas necessidades e interesses (ou sendo obrigada a agir e acordo com o planejamento docente e as demandas curriculares). (MACHADO, 2009, p. 24) . É imperativo encarar a criança como alguém que interage com o meio, é capaz de pensar sobre si e sobre este, criando conceitos e modificando a si mesma e ao ambiente ao seu redor. A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. (RCNEI, VOL.1, 1998, p. 21) Tomando estas considerações como base, é possível se notar que, como diz Goldman-Segall (1998, p.12), com a introdução e utilização de artefatos culturais no meio escolar, sendo estes também as TIC, os educadores conseguem ajudar na ampliação do mundo dos educandos e deles próprios, 21 expandindo a aprendizagem. Trazer estes novos instrumentos, na visão do autor, quebra convenções na vida dos estudantes. Uma educação que traga a tecnologia em seu contexto, sendo esta utilizada de forma pensada para auxiliar o pedagógico, pode trazer muitas vantagens para a práxis. A inteligência, em suma, reflete uma microcultura da prática: os livros de referência que a pessoa utiliza, as anotações que ela normalmente faz, os programas de computador e os bancos de dados que ela utiliza e, talvez o mais importante de tudo, a rede de amigos, colegas ou mentores nos quais se pode confiar para receber feedback, ajuda, conselho, até mesmo apenas companhia. (BRUNER, 2001, p. 128) É importante que a escola e o professor levem em consideração que a criança é um ser pensante, e que traz consigo vivências e experiências de mundo variadas. A partir desta visão, a inserção de artefatos culturais em novas tecnologias digitais, podem gerar saltos culturais no meio escolar. Fazem referência às tecnologias digitais, tanto a Tecnologia da Comunicação, que trata da maneira de veicular informações, incluindo as mídias básicas como revistas, jornais, livros, fax, telefone, rádio, vídeos e internet, quanto a tecnologia da Informação, que trata da maneira de gravar, armazenar, reproduzir e processar informações por meio de catálogos, fitas magnéticas, câmeras fotográficas, HDs, CDs, máquinas de fotocopiar. Apesar das dificuldades enfrentadas na inserção destes artefatos na prática pedagógica, é inegável a importância de se repensar que a escola pode trazer para seu meio recursos que proporcionarão meios mais criativos de aprendizagem. Negar que alguns destes recursos possam estar dentro das salas de aula (e não somente no laboratório), é negar um sem-fim de possibilidades de interação e aprendizagem. Neste sentido, o professor tem responsabilidades muito importantes, que incluem sugerir tarefas e apresentar interpretações alternativas dos problemas promovendo, para isso, a interação social (que inclui a mediação semiótica) para que haja o avanço de capacidades cognitivas que sozinha, a criança não estaria apta a realizar ou levaria mais tempo para aprender. [...] os estudos na área permitem identificar que a disponibilização de um artefato tecnológico numa sala de aula pode gerar mudanças culturais específicas, sobretudo no que diz respeito às interações sociais existentes no contexto em que a nova linguagem estiver sendo inserida. Uma vez inserido na atividade, o artefato transforma-se em instrumento de aprendizagem, diversificando a ação docente e discente no processo formativo. (MACHADO, 2009, p. 43) Também é necessário se levar em consideração que a inserção destes artefatos em sala de aula deve ser feita de uma forma crítica pelo professor e 22 pela escola. Somente a adoção de um artefato tecnológico não desempenha o papel pensado pelos estudiosos da área. Os professores devem estar dispostos a assumir uma postura diferente frente ao desafio de levar para a escola conteúdos atualizados e aplicar as novas tecnologias em sala de aula, utilizando os materiais de acordo com a sua qualidade e utilidade, desafiando e problematizando o processo de aprendizagem de seus alunos. Figura 3: Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação fonte: http://pt.slideshare.net/EduardoLima5/tdic-na-prtica-docente-i Na educação, as TIC devem favorecer o trabalho pedagógico no sentido de fortalecer e de atender as especificidades de uma formação voltada para o mundo do conhecimento, uma realidade que aspira indivíduos agentes, ativos e criativos. Pessoas que sejam capazes de tomar decisões, de desenvolver autonomia, de buscar resoluções frente a situações-problema, a lidar com grande gama de conhecimentos, de se adequar à provisoriedade do contexto, enfim, às incertezas desta sociedade em constante mutação. (CUNHA, 2012, p. 04) 23 Este texto trata a tecnologia digital como intermediadora do processo de ensino e aprendizagem. Atualmente esses diferentes tipos de mídia (tecnologias), mudam o cotidiano no trabalho, no lazer, na saúde e na educação. Assim criam-se novas sociedades, ambientes de aprendizagem, novos tipos de alunos e de professores compromissados com a interatividade da tecnologia. 24 CAPÍTULO II APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO INFANTIL 1 O DESENVOLVIMENTO INFANTIL Os trabalhos de Lev S. Vygotsky e Jean Piaget impulsionaram a atual compreensão de cognição humana e também de psicologia cognitiva. Nos estudos de Piaget (1975) estudou o desenvolvimento mental infantil, que considerava a aquisição do conhecimento como um processo intenso de construção na interação com o meio. Nas suas interações com o meio a criança vai se adaptando a ele. A adaptação consiste de dois processos complementares: assimilação e acomodação. Considerando que, de acordo com o autor, conhecer é interpretar, atribuir significado acriança faz isso assimilando elementos do meio aos seus esquemas e estruturas cognitivas e acomodando-os às novas exigências que o meio vai lhe impondo. (ANDRADE; PRADO, 2003, p.01) Piaget (1975) em suas observações constatou que ao longo do seu desenvolvimento, a criança passa por estágios qualitativos na capacidade de representações mentais e do raciocínio. Para ele os estágios em todas as crianças são universais, ou seja, todos passam por essa sequência de evolução do raciocínio, num processo de assimilação e acomodação de conhecimento. Esses estágios são sensório motor; pré-operatório; operacional concreto e o operatório formal. Porém é necessário pontuar que apesar de todos passarem por esses estágios, cada criança passa por elas em seu próprio tempo. Para Vygotsky (apud Daniels,1995) o cérebro é a base biológica das funções psicológicas superiores, essas funções fundam-se nas relações sociais que são históricas e culturais: [...] no que diz respeito às relações sociais, sua importância fica clara ao afirmar Vygotsky que toda função psicológica surge inicialmente no nível social, Inter psicológico; para depois ser internalizada, passando para o nível individual, intrapsicológico. Um dos melhores exemplos seria a linguagem. Ela surge em razão da necessidadede comunicação da criança com os demais membros de seu grupo, passando posteriormente a mediar suas representações mentais uma vez que é um sistema simbólico; e também a exercer um importante papel no autocontrole do comportamento, por exemplo, planejando ações para a resolução de problemas. (ANDRADE; PRADO, 2003, p.02) 25 O desenvolvimento cognitivo ocorre “de fora para dentro”, o fator social e histórico-cultural é mais significativo nessa concepção do que o fator biológico, mas esse desenvolvimento acontece por meio do suporte de um parceiro mais experiente (um adulto ou uma criança mais velha), “[...] O desenvolvimento cognitivo não se dá por meio de estágios de desenvolvimentos, mas, sim pela interação da criança com o meio social o que é peculiar a todo ser humano. ” (TABACOW, 2006, p.36) Na socialização (interação) com o meio social é que se desenvolvem as funções superiores mentais (que são exclusivas dos seres humanos), como a linguagem, pensamento e o comportamento volitivo. As funções superiores são mediadas por instrumentos e signos, que se ressignificam internamente, passando por uma fase externa, função social entre as pessoas e uma fase interna, individual. Para Vygotsky, as sociedades criam instrumentos e sistemas de signos ao longo da historias com os quais modificam e influenciam seu desenvolvimento sociocultural. É com a internalização de sistemas e signos produzidos culturalmente que se dá o desenvolvimento cognitivo (TABACOW, 2006, p.37) Lev Seminovich Vygotsky, nos seus trabalhos com uma visão de desenvolvimento baseada na concepção de organismo ativo em que o conhecimento é construído paulatinamente através do seu contato com a cultura humana (valores, costumes, tradições), numa contínua interação com o meio. Ele acreditava que o ensino é uma forma de trabalho (trabalho educativo), que produz em cada indivíduo à possibilidade de torna se humano. Essa tarefa cabe ao ensino, transmitir as crianças os conteúdos históricos socialmente construídos, adaptando o que pode ser útil em cada momento do processo pedagógico e na Zona de Desenvolvimento Potencial (ZDP). Sua contribuição para a educação se traduz na descoberta da ZDP, que atua no nível de desenvolvimento infantil, em como aquilo que a criança já conseguiu fazer sozinha e com autonomia (real) e aquilo que ainda necessita de mediação (potencial), esse período de uma fase para outra é o que determina a ZDP (Daniels,1995). 26 [...] da aprendizagem e do ensino é que produz a ZDP, isto é, que estimula e ativa na criança um grupo de processos de desenvolvimento dentro do âmbito das relações com os outros que, de acordo com a lei da dupla formação, pode ser transformado, ao final, no desenvolvimento efetivo ou real. (SALVADOR, 1999, p.109). Outra relação importante neste conceito é de que nem sempre os alunos serão capazes de realizar determinadas atividades mesmo com mediação, por isso temos de ressaltar que o ensino deve estar dentro da zona de desenvolvimento da criança, sem se limitar ao que já fora aprendido, nem exigindo algo além de suas capacidades. Suas noções sobre as relações entre a aprendizagem e desenvolvimento foram inovadoras por que acreditava que a aprendizagem está sempre um passo à frente do desenvolvimento, na escola o primeiro funciona como estímulo e guia do segundo assim o promovendo. Para Vygotsky (Daniels,1995) o “ensino bom é aquele que se adianta ao desenvolvimento”, o conduz e o faz avançar, atuando em que ainda não está desenvolvido, por esse motivo é importante que a criança tenha acesso a todas as formas de cultura. Ele ensinou que o desenvolvimento infantil não ocorre de maneira regular, mas sim em saltos qualitativos, em alguns momentos aparecem novas características e desaparecem outras. [.] Vygotsky enfatizou o papel da mediação semiótica, especialmente da linguagem, na realização da internalização da atividade. É por essa mediação que a criança é capaz de transformar a atividade externa em atividade interna e, portanto, em compreensão. A criança aprende e desenvolve conceitos por meio da internalização transferindo do plano social (interacional) para o plano individual (interno). (DANIELS, 1995 p.233) De acordo com Vygotsky (Daniels,1995) o educador tem o trabalho de organizar e planejar as atividades que proporcionarem o desenvolvimento das funções psicológicas infantis, com propostas pedagógicas que favoreçam a memorização voluntária e explorando todas as possibilidades de jogos, não se baseando na maturação espontânea das funções psicológicas e sempre incluindo o pensamento no desenvolvimento que conduz a aprendizagem. Só “[...] a partir de numerosas oportunidades oferecidas para estabelecer relações 27 interpessoais com esses agentes mediadores, o ser humano pode chegar a desenvolver os processos psicológicos superiores. ” (SALVADOR, 1999, p.111) 1.1 Aprendizagem na Educação Infantil modalidade creche As crianças com idade entre 2 e 3 anos ainda não conhecem letras, números e desenhos elaborados. Estão em fase de fazer traçados e conhecer o mundo que os cerca. Os estímulos recebidos nessa primeira infância são fundamentais, pois sua capacidade cerebral de compreensão e assimilação de aprendizado é o dobro da de um adulto. Tudo que lhes é apresentado é novidade, porém necessitam do concreto, de apoio visual e tátil para facilitar esse aprendizado com melhor aproveitamento do conceito das coisas. Desde cedo, nas interações com as pessoas, o meio e a cultura, as crianças mostram esforços para compreender o mundo em que vivem por meio da ação lúdica. O adulto precisa recuperar essa curiosidade do desconhecido e a vontade de compartilhar. Deve-se acreditar na criança, conhecer seu jeito de pensar e expressar-se de forma criativa e original. Esse trabalho não se desenvolve com improviso. É necessário que haja investimento, profissionalismo, recursos financeiros, materiais e humanos. A formação continuada é muito importante para alcançar a qualidade na educação infantil e isso não se dá através de acumulação de cursos ou técnicas, mas sim através do trabalho reflexivo dos educadores dando uma visão mais flexível e investigativa, com diálogos, interação e capacidade de intervenção. Na instituição de educação infantil, pode-se oferecer às crianças condições para as aprendizagens que ocorrem nas brincadeiras e aquelas advindas de situações pedagógicas intencionais ou aprendizagens orientadas pelos adultos. É importante ressaltar, porém, que essas aprendizagens, de natureza diversa, ocorrem de maneira integrada no processo de desenvolvimento infantil. (MACHADO, 2009, p. 23) Cabe aos profissionais da educação serem mediadores da aquisição do conhecimento das crianças colocadas sob seu cuidado. Ele deve propor e mediar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagem orientadas, sempre com a intenção de promover o desenvolvimento infantil. 28 Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. (MACHADO, 2009, p. 23) Sendo o professor o mediador, este deve propiciar situações de aprendizagem que levem os alunos ao conhecimento. Em instituições de ensino de educação infantil, o educador é como o parceiro mais experiente “por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas” (MACHADO, 2009, p. 30) Os conteúdos a serem trabalhados precisam sempre estar relacionados com seu nível de desenvolvimento e faixa etária, além de guardar relações com a realidade da criança/comunidade e ampliar experiências, sempre dentro dos eixos propostos.O processo que permite a construção de aprendizagens significativas pelas crianças requer uma intensa atividade interna por parte delas. Nessa atividade, as crianças podem estabelecer relações entre novos conteúdos e os conhecimentos prévios (conhecimentos que já possuem), usando para isso os recursos de que dispõem. Esse processo possibilitará a elas modificarem seus conhecimentos prévios, matizá-los, ampliá-los ou diferenciá-los em função de novas informações, capacitando-as a realizar novas aprendizagens, tornando-as significativas. (MACHADO, 2009, p. 33) Estando, de fato, numa era digital, o aumento das possibilidades de informação e comunicação modifica o modo de vida e de aprendizagem por meios comuns no cotidiano da comunidade e das crianças, como por exemplo, o telefone, a televisão e o computador. Esses equipamentos tecnológicos alteram a capacidade de pensar e representar a realidade, em qualquer lugar do mundo, especificamente a educação, pois as atividades escolares passam a fazer par constante com o mundo virtual, acelerando, assim, o ritmo tanto do ensinar, quanto do aprender, e também da permanente adaptação às novas tecnologias, mídias, modelos e aplicativos. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) em seu volume dois, “Formação Pessoal e Social”, os seguintes objetivos devem ser buscados pelas instituições de ensino de educação infantil, quando da educação de crianças de 0 a 3 anos: 29 A instituição deve criar um ambiente de acolhimento que dê segurança e confiança às crianças, garantindo oportunidades para que sejam capazes de: • experimentar e utilizar os recursos de que dispõem para a satisfação de suas necessidades essenciais, expressando seus desejos, sentimentos, vontades e desagrados, e agindo com progressiva autonomia; • familiarizar-se com a imagem do próprio corpo, conhecendo progressivamente seus limites, sua unidade e as sensações que ele produz; • interessar-se progressivamente pelo cuidado com o próprio corpo, executando ações simples relacionadas à saúde e higiene; • brincar; • relacionar-se progressivamente com mais crianças, com seus professores e com demais profissionais da instituição, demonstrando suas necessidades e interesses. (RCNEI, 1998, p. 27) Neste mesmo sentido, também temos os conteúdos mínimos necessários para o ensino das crianças de zero a três anos, como vemos: • Comunicação e expressão de seus desejos, desagrados, necessidades, preferências e vontades em brincadeiras e nas atividades cotidianas. • Reconhecimento progressivo do próprio corpo e das diferentes sensações e ritmos que produz. • Identificação progressiva de algumas singularidades próprias e das pessoas com as quais convive no seu cotidiano em situações de interação. • Iniciativa para pedir ajuda nas situações em que isso se fizer necessário. • Realização de pequenas ações cotidianas ao seu alcance para que adquira maior independência. • Interesse pelas brincadeiras e pela exploração de diferentes brinquedos. • Participação em brincadeiras de “esconder e achar” e em brincadeiras de imitação. • Escolha de brinquedos, objetos e espaços para brincar. • Participação e interesse em situações que envolvam a relação com o outro. • Respeito às regras simples de convívio social. • Higiene das mãos com ajuda. (RCNEI, 1998, p. 29) Esses conteúdos, norteadores do aprendizado infantil, dividem-se em 6 (seis) eixos que são denominados de Marcos Curriculares e podem ser trabalhados de várias maneiras como mostra o quadro abaixo: Quadro 2 - Objetivos e atividades para Maternal I (crianças de 2 e 3 anos) (cont.) Eixo Objetivo Conteúdos Brincar Oferecer as bases para o desenvolvimento de ações lúdicas com os objetos. Percursos motores; Brinquedo de puxar; Livro de pano; Revistas/gravuras; Fantoche de dedo; Bolas; Blocos de madeira; Cavalo-de-pau com rodas; Caminhão para encher e puxar; 30 Representar pessoas ou ações com auxílio do brinquedo. Brinquedos de banho; Brinquedos de empurrar; Martelo e estacas de brinquedo; Panelas e acessórios de cozinha. Casinha de boneca; Baú de fantasias; Boneca de pano; Jogos de memória tátil, visual, auditiva, peso; Baralho de imitação; Quebra-cabeça; Dado do tempo; Cata-vento; Saco surpresa; Rampa para escorregar; Gangorra; Carrinhos; Trens; Lápis de cera; Caixas grandes e pequenas; Tinta; Triciclo; Bolas de sabão; Acessórios para boneca; Tinta para pintura a dedo; Tesoura; Utensílios de cozinha; Bonecas; Blocos lógicos; Balde e pá; Panos e retalhos; Argila; Papel. Artes Visuais Ampliar as suas possibilidades de autoconhecimento, comunicação e expressão; Explorar diferentes sensações através de contatos com diferentes materiais; Discriminar estímulos visuais e táteis através do seu corpo; Ter noções de cuidado com o uso do material e a produção do outro; Ampliar as suas possibilidades de autoconhecimento, comunicação e expressão; Perceber as diferenças de materiais e seus efeitos. Explorar materiais apresentando novas possibilidades: pincéis, esponjas, papéis que soltam tintas, etc.; Contato com diferentes suportes: Kraft, chão, caixas de papel, madeira, jornal, etc.; Contato com superfícies diferenciadas para a criança (pano, EVA, lixa, areia, piso, papel); Observar e identificar imagens diversas; Exploração Prazerosa do movimento; Observar e identificar imagens diversas; Desenhos livres, desenhos a partir de um tema. Apresentar obras de arte e a diversidade de culturas. Movimento Identificar algumas diferenças que caracterizam o sexo masculino e o feminino; Identificar algumas manifestações corporais de seus próprios sentimentos e emoções; Deslocar-se com destreza gradativa no espaço, aumentando a confiança na sua própria capacidade e habilidade motora. Observação do próprio corpo e do outro; Realização as atividades nos movimentos propostos, encorajando-a progredir; Estimular a aprendizagem do movimento no uso de gestos e ritmos corporais. Música Brincar com música, imitar, inventar e reproduzir criações musicais; Ouvir, perceber e discriminar eventos sonoros diversos, fontes sonoras e produções musicais. Contato com diferentes tipos de sons produzidos pelo próprio corpo: boca, mãos, perna, etc.; Contato com diferentes materiais lúdicos: chocalhos, guizo, sinos, tambores, etc.; Escutar música cantada por adultos ou de CD, acompanhando-os; Participação de brincadeiras e jogos cantados e rítmicos; Cantar e dançar livremente ou em grupo; 31 Sons de seu corpo e do ambiente; Interpretação de músicas e canções diversas; Participação em situações que integrem músicas, canções e movimentos corporais. Natureza e sociedade Estabelecer relacionamentos com pessoas, pequenos animais, plantas e objetos diversos ampliando sua curiosidade e interesse; Atender às solicitações do adulto Identificar a si mesmo e aos outros pelo nome; Organizar o espaço, guardando objetos em recipientes. - Identificar a relação familiar e hábitos sociais - Demonstrar curiosidade, manifestar suas idéias sobre os acontecimentos. Músicas tradicionais da nossa cultura; História (ouvir); Contato com animais e plantas (tocar, selecionar folhas grandes pequenas); Estimulação Corporal (descobrindo suas possibilidades); Exploração de objetos (som, forma, tamanho); Noções de Normas de convivência; Músicas tradicionais da nossa cultura; Minha família; Nomeação de algumas partes do corpo; Exploração de objetos (som, forma, tamanho). Linguagem oral e escrita Ampliar a competência linguística adquirida até este momento, por meio da ampliação sistematizada e planejada do círculo de convivência da criança a fim de que a comunicação se torne para ela indispensável para expressão de seus desejos; Continuar a oferecer materiais impressos para que acriança os observe e conheça e informá-la da possibilidade de registro de seu nome por meio da escrita. Incentivar a evocação oral de situações já vividas pela criança ou de sentimentos e ideias que ela possua. Identificar seu nome em meio a outros da sua turma. Priorizar a língua falada nas interações com a criança; Leitura de histórias com recursos visuais pelo professor; Contação de histórias, fatos, etc., pelas crianças de forma inicial (institucionalização da roda de conversa); Cantiga de músicas pelas crianças junto com o professor; Oferecer o registro escrito do nome à criança para marcar seus pertences e identificá-la; Contato e aproximação sistematizada entre as crianças, mesmo que em níveis linguísticos diferentes; Oferecer materiais que possibilitem o registro escrito caso a criança queira imitar a escrita do adulto; Falar sobre eventos e fatos ocorridos e sentimentos (roda de conversa); Uso da linguagem oral para conviver com as demais crianças e adultos; Contação de histórias e dramatização das mesmas com auxílio do adulto; Incorporar outras músicas ao vocabulário da criança; Incentivo do registro do nome. Fonte: Marcos Curriculares para a Educação Infantil; LINS, p. 20 a 63 O uso da tecnologia na educação já é uma realidade bem expressiva. Ela possibilita a interação das atividades tradicionais com as tecnologias da comunicação e informação dentro da sala de aula. 32 Com base nos pilares do conhecimento e o saber tecnológico, o professor proporciona ao aluno um aprendizado mais amplo e significativo. Em conjunto, as novas tecnologias e as boas propostas pedagógicas são facilitadoras da aprendizagem, permitindo ao educando construir seu próprio conhecimento, tendo, portanto, papel ativo dentro e fora da sala de aula. 33 CAPÍTULO III METODOLOGIA 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho se baseia em uma abordagem qualitativa na área de Humanas/Educação, sendo utilizada a escola como fonte de dados. A metodologia aplicada foi de pesquisa bibliográfica e questionário de sondagem, entregue à 9 (nove) educadores da modalidade de educação infantil. Através da elaboração de 8 (oito) questões, sendo 5 (cinco) dissertativas e 3 (três) múltipla escolha, buscou-se responder ao questionamento do problema levantado no projeto: Os recursos tecnológicos estão sendo utilizados em sala de aula na Educação Infantil? Existe avanço na aprendizagem, tanto com a utilização das TICs, quanto com métodos lúdicos de ensino? A pesquisa qualitativa, nos dizeres de Ludke & André (1986, p.13) "envolve uma interação de pesquisador e pesquisado, pois há um contato direto do pesquisador com a situação estudada". A abordagem qualitativa ligada às pesquisas na área de Humanas/ Educação leva aos pesquisadores pensar sobre a práxis educativa, fazendo uma reflexão crítica, revendo, reformulando e interpretando as diversas formas metodológicas, a complexidade educacional e os contextos socioeducativos. Este trabalho busca investigar o aprendizado e a qualidade de ensino com o uso de recursos tecnológicos na educação infantil. Objetivou-se verificar a utilização de alguns recursos tecnológicos, na prática dos educadores, sua visão sobre os mesmos e a importância dada por eles no uso cotidiano dos educadores. Diante da pesquisa a ser trabalhada, será avaliado o conhecimento que as educadoras têm quanto aos recursos tecnológicos, sua disponibilidade e a frequência da utilização destes em sala de aula, com o objetivo de entender o aprendizado e o desenvolvimento através de aulas utilizando recursos tecnológicos, e se sua presença na prática pedagógica é efetiva ou somente de apoio. 34 1.1 Métodos e Técnicas de Pesquisa Para se iniciar este trabalho foi feita uma pesquisa bibliográfica, iniciada já no projeto de pesquisa, buscando se embasar em conhecimentos prévios existentes sobre o tema, para que houvesse um respaldo teórico, proveniente de livros, artigos, teses que puderam proporcionar um ponto de vista novo para a pesquisadora, ajudando a responder e analisar as questões existentes sobre o uso de tecnologias da informação e comunicação no contexto escolar e suas implicações no desenvolvimento da pratica pedagógica. Este respaldo teórico também auxiliou nos métodos e caminhos a serem percorridos durante a pesquisa. A pesquisa foi continuada com a ampliação do levantamento bibliográfico, selecionando e estudando os demais textos que puderam amparar a estrutura e construção do conhecimento nesta etapa da pesquisa. “Pesquisa bibliográfica - por si só é uma investigação e promove o contato do/a pesquisador/a com tudo o que já foi produzido na área de interesse, diferentemente da revisão de literatura, que é um componente obrigatório de todo e qualquer tipo de pesquisa” (GAIO, 2008, p.155). O local selecionado para a pesquisa foi uma escola municipal de educação infantil no interior do estado de São Paulo, onde as educadoras trabalham com crianças de idade entre 1 e 3 anos na modalidade creche, exercendo a função de atendente de atividades infantis, sendo, desse modo, conhecedoras de suas realidades e necessidades. Todas as educadoras desta escola contam com formação mínima de magistério para o exercício da atividade. Participaram efetivamente da pesquisa 9 (nove) profissionais, todas do sexo feminino, com idade entre 33 e 52 anos e com tempo de atuação na área entre 1 (um) ano e 18 (dezoito) anos. Das 9 (nove) educadoras que responderam ao questionário/entrevista, 2 (duas) tem formação em Magistério, 2 (duas) estão cursando Pedagogia e 5 (cinco) já tem formação superior em Pedagogia. A intenção do questionário é saber o que as educadoras entendem sobre recurso tecnológico e de qual maneira utilizam os mesmos em sua prática pedagógica. 35 Posteriormente, foi feita a análise dos documentos que norteiam a instituição, como o regimento, o projeto político pedagógico, plano de ensino e o currículo escolar, para poder considerar quais são os princípios que guiam o trabalho pedagógico nas instituições e também adquirir uma melhor compreensão do contexto em que se desenvolve o trabalho. 1.2 Análise dos Resultados Durante o desenvolvimento da pesquisa os dados foram analisados a partir dos questionários e documentos da instituição, partindo do entendimento de que as crianças de 0 e 3 anos ainda não conhecem letras, números e desenhos elaborados. Estão em fase de conhecer o mundo que as cerca. Os estímulos recebidos nessa primeira infância são fundamentais, pois sua capacidade cerebral de compreensão e assimilação de aprendizado é o dobro da de um adulto. Tudo que lhes é apresentado é novidade, porém necessitam do concreto, de apoio visual e tátil para facilitar esse aprendizado com melhor aproveitamento do conceito das coisas. Desde cedo, nas interações com as pessoas, o meio e a cultura, as crianças mostram esforços para compreender o mundo em que vivem por meio da ação lúdica. O educador precisa compreender a importância e necessidade de utilizar adequadamente as atividades lúdicas em conjunto com alguns recursos tecnológicos para alcançar os seus objetivos. É preciso valorizar a qualidade das atividades propostas, independente de quais sejam, em busca de avanços na interação e na comunicação entre os educadores e os educandos. Essa ponte estabelecida entre ambos, demanda muito comprometimento e paciência, pois são fundamentais para direcionar as atividades e torná-las, além de atrativas, estimulantes do processo de interação e comunicação. Para as crianças nessa faixa etária, as atividades lúdicas e com uso de tecnologias são muito importantes. Porém é preciso saber adequar a utilização desses recursos, reconhecer também, como recursos tecnológicos, todos os materiais já utilizados na escola como giz, lousa, caderno,livro, brinquedos, revistas entre outros e principalmente, oferecer em conjunto ambos os métodos, tanto nos momentos do brincar livre, quanto do brincar dirigido. 36 1.3 Análise dos dados obtidos Conforme descrito na metodologia, a escola pesquisada conta com a modalidade creche e a pré-escola, mas para fins desta pesquisa colheu-se informações condizentes apenas com o espaço da creche. Trata-se de uma Escola Municipal de Educação Infantil localizada em uma região periférica da cidade de Lins, atendendo em sua parte destinada para creche cerca de 60 (sessenta) crianças na faixa etária de 11 meses a 3 anos e 11 meses. A equipe de trabalho conta com 8 (oito) profissionais no cargo de Atendentes de Atividades Infantis, 2 (duas) Professoras de Educação Básica I que trabalham exclusivamente com as turmas de Maternal II, uma Coordenadora Pedagógica e uma Diretora, além da equipe de limpeza, manutenção, alimentação e secretaria. Na parte destinada às crianças de 0 a 3 anos, a escola conta com quatro salas de aula, sendo uma de Berçário (crianças até, no máximo, dois anos), uma de maternal I (crianças de, no mínimo 1 ano e 10 meses a três anos) e duas de Maternal II (de três até quatro anos). A escola também conta com uma sala ambiente com recursos de áudio e vídeo (R.A.V.), uma estante contendo histórias diversas com fantoches, um playground, uma brinquedoteca, um pátio central amplo e parcialmente coberto, solários nas salas do berçário e do maternal I e uma área externa arborizada nas salas dos maternais IIA e IIB que é dividida com a pré-escola. Uma área de parque também arborizada, com tanques de areia, gramados e diversos brinquedos, além de outras áreas externas na escola para atividades livres em espaços diferenciados. Na intenção de manter o sigilo da identidade das educadoras que se dispuseram a participar desta pesquisa, para que não haja nenhum tipo de constrangimento, os questionários foram enumerados de um a 9 (nove) de forma aleatória. Todas as citações de comentários das educadoras foram transcritas de forma objetiva. Quanto ao questionário, na primeira pergunta feita às educadoras busca especificar a compreensão sobre o termo “ recursos tecnológicos”, observando se as mesmas, identificam diferenças entre os métodos de ensino com a utilização de recursos tecnológicos e as tecnologias da informação e comunicação. 37 A questão foi “Em sua opinião, o que são recursos tecnológicos?”. De modo geral obteve-se as seguintes respostas: computadores, tablets e celulares; câmera digital e televisão, mostrando que os professores questionados possuem um conhecimento teórico amplo do tema, como no caso da educadora 1 que disse que “são imagens, gráficos, animações, áudios e textos”. A única resposta que destoou das demais foi a da educadora 6 que respondeu “É todo o equipamento que nos auxilia em nossa prática profissional a fim de melhorar os planejamentos das planilhas e aperfeiçoar as aulas”. Analisando as respostas, é possível perceber ser necessária uma atualização das educadoras na utilização da prática com recursos tecnológicos, conhecendo-os com uma maior intimidade mesmo que no campo pessoal, aprendendo a diferenciá-los em suas diversas utilidades para que possam perceber sua importância e potencialidade. Como já dito anteriormente, a tecnologia é algo presente na vida de todas as pessoas, inclusive na vida dos discentes, principalmente na atualidade e cabe aos educadores e a escola conhecê-las e trazê-las para dentro da instituição. Quando perguntado às educadoras “Quais recursos tecnológicos a escola oferece para auxiliar o seu trabalho pedagógico?”, todas as profissionais indagadas responderam que os recursos disponíveis são televisão, rádio, câmera fotográfica e projetor (de vídeo), o que foi corroborado pela pesquisa. Percebe-se com esta resposta que as educadoras identificam como recursos tecnológicos apenas os que têm potencial digital, não reconhecendo como pares os itens como E.V.A., papéis, cola, giz e demais materiais. Percebe-se também que a escola não possui recursos digitais disponíveis para o uso pedagógico, ou seja, não dá acesso a internet. Conforme demonstra a pesquisa bibliográfica realizada, a inserção de recursos tecnológicos em sala de aula pode trazer inúmeras possibilidades de interação e aprendizagem, ampliar o conhecimento de mundo das crianças, tanto com elementos visuais (imagens), quanto com elementos concretos (objetos) e esta é uma tarefa que não cabe apenas ao educador, mas a toda equipe pedagógica, que tem o dever, além de orientar, disponibilizar recursos materiais, tecnológicos e digitais, ofertar cursos de aperfeiçoamento e formação continuada periódicos sobre a temática em questão. A terceira pergunta feita às educadoras, de múltipla escolha, foi “Quais 38 dos seguintes recursos você utiliza em sua prática pedagógica?”, sendo que as opções eram televisão, computador pessoal ou notebook, tablet, rádio e câmera fotográfica. Todas elas afirmaram utilizar televisão e rádio, seis utilizam câmera fotográfica, três fazem uso de seus notebooks pessoais com programas interativos voltados para a faixa etária e apenas duas utilizam tablet em sua prática pedagógica. Algumas delas citaram celulares pessoais para fotografar e filmar as atividades em sala de aula. Figura 4: Resposta dos educadores à pergunta nº3 Fonte: elaborado pela pesquisadora – 2016 A partir da resposta a essa pergunta foi possível perceber que não há muita variedade no uso de recursos tecnológicos na prática pedagógica das educadoras. Todas utilizam o rádio para ouvirem músicas e áudio de livros de histórias e a televisão para apresentar DVD com desenhos e filmes clássicos infantis, programas infantis para interação das crianças como exemplo a Casa do Mickey Mouse, Dora Aventureira, Peixonauta, Pequenos Einsteins e outros voltados para faixa etária, algumas vezes, não necessitando de intervenção e sim da interação dos educadores. Ao perguntar “Com que frequência você faz uso de recursos tecnológicos em suas aulas?” cinco das educadoras responderam fazer uso duas vezes por semana, uma afirmou utilizar uma vez na semana, uma delas utiliza uma vez por quinzena e uma utiliza recursos tecnológicos todos os dias, mas nenhuma delas justificou a sua resposta. Fazendo uma análise combinada das questões 3 e 4, pode-se inferir que as algumas educadoras utilizam, televisão e rádio quase todos os dias da semana. Esses recursos são os que despertam maior interesse e interação 39 entre as crianças. Como diz Machado (2009), uma das melhores formas de se disponibilizar artefatos tecnológicos é quando se possibilita mudanças culturais, no que diz respeito às interações sociais, inserindo uma nova linguagem. É importante pensar nestes artefatos como instrumentos de aprendizagem dinâmicos, que diversifiquem o processo de ensino-aprendizagem, necessitando da interação das crianças e dos educadores, da troca de experiências e vivências, do registro de imagens e vozes desses momentos de comunicação da criança onde ela expõe suas opiniões e libera seu lado criativo. Figura 5: Resposta dos educadores à pergunta nº4 Fonte: elaborado pela pesquisadora – 2016 A quinta pergunta feita foi “Qual é o recurso tecnológico que você faz uso com mais frequência? Justifique”. Conforme pôde-se perceber anteriormente as respostas desta pergunta não surpreenderam, sendo televisão e rádio, dadas pela totalidade das entrevistadas. A justificativa dada pelas educadoras foi de que a escola tem um quadro com horários pré-estabelecidos para a utilização dos ambientes, que 40 são comunitários à todas as salas e que elas o seguem, pois, o mesmo estimula a utilização de áreas diversas da escola, além da sala de aula. O rádio é utilizado “como apoio nas cantigase músicas infantis e na variação da apresentação de histórias clássicas, com a dramatização do áudio” (educadora 8). Nas palavras da educadora 9 “Uso mais TV e rádio, mas também uso a câmera do meu celular, para registrar as atividades para meus relatórios”. A sexta pergunta feita às educadoras foi sobre a frequência do uso dos recursos supracitados e a resposta foi condizente com o resultado da questão nº 4, mantendo a mesma frequência como se percebe no gráfico a seguir: Figura 6: Respostas dos educadores à pergunta nº 6 Fonte: elaborado pela pesquisadora – 2016 Pode-se perceber com a resposta às duas últimas perguntas que as educadoras utilizam os recursos disponibilizados pela escola, mas no que tange a inovar neste uso e trazer diferentes materiais tecnológicos para a sala de aula, a maioria o faz por conta própria, mantendo a frequência estabelecida pela instituição e preferindo recursos diversificados para a prática ou inovação. A penúltima pergunta feita foi “Qual é o recurso tecnológico que você percebe ter maior interação entre as crianças e melhor aprendizado? ”. A maior parte das respostas recebidas foi televisão e rádio. Algumas educadoras responderam também perceber interação com tablet, computador e celular. 41 Uma das professoras (8) respondeu que utilizava apenas televisão como recurso tecnológico nas suas aulas. É percebido, que as educadoras oferecem recursos variados em suas práticas e, portanto, podem perceber uma interação maior entre os alunos, como diz a educadora 7, que utiliza seu próprio notebook e tablet na sala de aula. Como última pergunta “Em sua opinião, qual a importância do uso de recursos tecnológicos na Educação Infantil? ”. Foi possível perceber respostas que indicaram um conceito teórico de apoio ao educador e pouco voltada a prática com as crianças especificamente, como por exemplo: “Acredito que são de suma importância, pois, como trabalho na Educação Infantil, os recursos tecnológicos nos auxiliam para uma Educação de Qualidade, tendo em vista que cada aluno tem o seu tempo em assimilar a aprendizagem” (professora 7). “O principal objetivo em utilizar recursos tecnológicos na educação é auxiliar o professor na tarefa de melhorar o seu desempenho profissional e contribuir para o processo de ensino/aprendizagem. ” (Professora 5). “É importante, porém não deve ser em excesso, pois a criança necessita do concreto” (professora 3). A resposta mais diferenciada foi a da professora 1, como se observa: “A utilização de recursos tecnológicos na sala de aula tem sido muito discutida. Aos poucos, as escolas estão implantando a informática em seus currículos, dando aos alunos as primeiras noções do mundo da informatização. É ótimo, maravilhoso que a tecnologia tenha chegado ao âmbito escolar, mas se o assunto fosse levado mais a sério os benefícios seriam muito maiores. ” Com os resultados da pesquisa podemos notar que quase a totalidade das educadoras deste universo utilizam televisão e rádio como recursos tecnológicos em sua prática, algumas vezes como apoio para atividades lúdicas. As professoras que destoam destas respostas utilizam computador e tablet em suas aulas e percebem uma maior interação de seus alunos com estes artefatos. É possível concluir que os recursos tecnológicos estão diariamente presentes em sala de aula, mas ainda é muito rasa a sua utilização por parte de algumas educadoras. É necessário que as mesmas tenham maior 42 disponibilidade de diferentes recursos ofertados pela instituição e uma formação continuada adequada, que traga a familiarização e o uso desses recursos como algo importante, desafiador e que ajude na aquisição do conhecimento. Por outro lado, as educadoras devem demonstrar interesse em trazer os recursos tecnológicos como algo ativo, com a intenção de ampliar o conhecimento, ilustrar, dar formas e cores à objetos que vão estimular a criatividade e imaginação tanto na sala de aula, quanto na ludicidade. A ação docente e discente poderia se tornar algo muito mais interativo e diversificado no processo ensino-aprendizagem. 43 CONCLUSÃO Os recursos tecnológicos são de grande apoio e auxílio aos educadores que através dos mesmos, podem levar aos seus alunos imagens e sons de formas associadas ou não, mas com qualidade de informação. Existem várias metodologias educacionais nessa área, que são muito atrativas e solicitam a interação da criança ao mesmo tempo em que ensinam, não por memorização, mas, com entendimento do que está sendo proposto. O educador com o material adequado pode tornar suas aulas mais interessantes e diversificadas, com conteúdos mais ricos e produtivos, obtendo, assim, melhor nível de aproveitamento e maior desenvolvimento social, cognitivo e psicológico dos alunos. As escolas auxiliam esse trabalho, ao oferecer sala de recursos, onde os educadores possam ter acesso a materiais e equipamentos digitais e tecnológicos, em um ambiente preparado e específico. Como mencionado, as crianças nessa faixa etária aprendem muito com o “visual”, mas também necessitam do “concreto” e do lúdico, onde são estimulados através de atividades livres, dirigidas, também com a utilização de recursos tecnológicos e digitais ou instrumentos tecnológicos tradicionais, como por exemplo, revistas, livros, lápis, giz, fantoches, entre outros. Esse campo de ensino é bem amplo, pois as crianças querem compreender tudo ao seu redor, as pessoas, os animais, a natureza é um mundo novo que se abre e ao qual eles precisam ter acesso. De acordo com os dados obtidos acima, pode-se perceber que apesar de a escola oferecer recursos para os educadores, eles não são aproveitados em sua total potencialidade, pois a escola não disponibiliza acesso a internet, dessa maneira impedindo as educadoras de conhecerem exatamente a extensão das possibilidades de uso dos mesmos. Percebe-se, que as educadoras possuem conceitos diferentes sobre o desenvolvimento de atividades que envolvem recursos tecnológicos. Algumas encontram dificuldades em organizar atividades dirigidas com recursos sem que exista a mediação, pois se baseiam na importância de ensinar e trabalhar regras e normas, visando apenas os objetivos a serem alcançados, impossibilitando, assim, a construção da autonomia e o despertar espontâneo 44 do interesse pelas atividades por parte das crianças. Poucas percebem a atividade dirigida como um veículo para a aprendizagem. Os recursos tecnológicos, além de utilizados em conjunto com o lúdico, podem ser usados também como instrumentos que representem as experiências vivenciadas no cotidiano das crianças, como objetos comuns, que possam reproduzir diversas situações onde a construção do caráter e da identidade sejam desenvolvidas naturalmente. Em resposta ao questionamento feito nessa pesquisa, podemos afirmar que os recursos tecnológicos estão sendo utilizados com frequência pelas educadoras em suas aulas, tanto com materiais próprios, quanto com materiais disponibilizados pela escola, pois na visão das educadoras, está cada dia mais evidenciado o desenvolvimento da criança na aprendizagem, na interação, na criatividade, na ludicidade e no seu amadurecimento. As escolas estão incentivando e apoiando esse trabalho com novas tecnologias, disponibilizando diversos tipos de recursos tecnológicos, fazendo do seu uso, uma atividade permanente para o uso das crianças e não somente de apoio ao educador em sala de aula. Já em relação aos recursos digitais, esses são disponibilizados em menor escala e com baixo aproveitamento de sua potencialidade, pois pelo fato de não estarem conectados a nenhuma rede, os mesmos ficam impedidos de produzir e reproduzir imagens, sons e diversosprogramas de interação voltados especificamente para as crianças. Os educadores conhecem uma ampla variedade de recursos e suas possibilidades para facilitar e melhorar o aprendizado das, porém entendem ser necessário que a escola acredite na seriedade desse trabalho e valorize seus educadores, capacitando-os para as tecnologias digitais, dando acesso para que os mesmos possam alcançar seus objetivos de melhorar a aprendizagem e a qualidade de ensino dos seus alunos. Conclui-se, com esse trabalho, que os recursos tecnológicos estão presentes todos os dias na sala de aula, e ajudam a melhorar o ensino e o aprendizado, tanto dos educandos, quanto dos educadores. A escola precisa ser parceira, junto com suas educadoras, dessas novas tecnologias e recursos tecnológicos, ofertando a elas, formações continuadas e cursos de informatização, para que o avanço no aprendizado e no desenvolvimento 45 dessas crianças seja cada dia mais significativo e a qualidade de ensino dos educadores, seja cada vez mais valorizada e apreciada. 46 REFERÊNCIAS ALTOÉ, A; SILVA, H. O Desenvolvimento Histórico das Novas Tecnologias e seu Emprego na Educação. In: ALTOÉ, A; COSTA, M. L. F; TERUYA, T. K. Educação e Novas Tecnologias. Maringá: Eduem, 2005, p 13-25. ANDRADE, P. E.; PRADO, P.S.T. Psicologia e Neurociência Cognitiva: Alguns avanços recentes e implicações para a educação. Rev. Interação em Psicologia, (2), 7. 2003. ______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. BRUNER, J. S. A Cultura da Educação. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. COLL, C.; MONEREO, C. 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Dados de Identificação: Nome:__________________________________________________________ _______________________________________________________________ Idade: __________________________________________________________ Formação:_______________________________________________________ _______________________________________________________________ Tempo de serviço na área:__________________________________________ Função:_________________________________________________________ _______________________________________________________________ 1. Em sua opinião, o que são recursos tecnológicos? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2. Quais recursos tecnológicos a escola oferece para auxiliar no seu trabalho pedagógico? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3. Quais dos seguintes recursos você utiliza em sua prática pedagógica: ( ) TV ( ) Smartfone ( ) Tablet ( ) Computador/Notebook ( ) Rádio ( ) Câmera fotográfica ( )Outros; Quais? _______________________________________________ ______________________________________________________________ 4. Com qual frequência você faz uso de recursos tecnológicos em suas aulas? ( ) uma vez por semana ( ) duas vezes por semana ( ) todos os dias ( ) uma vez por quinzena ( ) uma vez ao mês ( ) não usa; Justifique _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 50 5. Qual é o recurso tecnológico que você faz uso com mais frequência? Justifique. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 6. Com que frequência você faz uso desse recurso? ( ) uma vez por semana ( ) duas vezes por semana( ) todos os dias ( ) uma vez por quinzena ( ) uma vez ao mês 7. Qual é o recurso tecnológico que você percebe ter maior interação das crianças e melhor aprendizado? Justifique. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 8. Em sua opinião, qual a importância do uso de recursos tecnológicos na Educação Infantil? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________
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