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HOLOCAUSTO BRASILEIRO
Aluna: Ana Carolina Rodriguês de Sousa Diciplina: Psiquiatria
Professora: Izabel Queiroz Turma: 4 Noite 
- RESUMO
Criado em 1903 e situado em Barbacena (Minas Gerais), o Hospital Colônia, uma instituição psiquiátrica de calibre médico se tornou um matadouro. Cerca de mais de 60 mil pessoas morreram ali.
O documentário e o livro de Daniela Arbex abordam os relatos de pessoas que viveram nesta época, descrevendo o histórico de dor e sofrimento dos pacientes internados no hospital. Mario Lara, um maquinista de trem, relata as chegadas dos diversos vagões de trem que traziam os pacientes e seus estados físicos e mentais. Além da separação por sexo, os pacientes também eram separados por idade e características físicas. A maioria das pessoas não possuíam uma doença mental, eles eram abandonados por suas famílias e largados no hospital muitas vezes até por serem gays, alcoólatras, mendigos, negros, entre outros motivos absurdos, os quais nos fazem comparar o Colônia com um campo de concentração nazista. Além de serem abandonados ou levados à força, os pacientes vivam em uma situação muito precária dentro do hospital, sofrendo maus-tratos, passando fome, e muitas vezes sendo levados a própria morte.
 Uma das antigas enfermeiras do Colônia compara o hospital com um depósito onde as pessoas eram enviadas para morrer, ela relata o estado deplorável dos pacientes, além das terapias extremas as quais os mesmos eram submetidos. Acordavam 5h da manhã e eram encaminhados para o pátio onde ficavam até as 19h, dormiam em cima de folhas de capim, eram medicados indevidamente, eram forçados a trabalhar manualmente, quase sempre sem receber nada em troca, ou então no máximo um maço de cigarro. Torturas físicas e psicológicas, estupros, terapia de choque (que era utilizada como punição), por isso tudo passaram os pacientes do Colônia. Os doentes eram abandonados em seus leitos para morrer, suas famílias não eram comunicadas sobre sua situação.
Com o fechamento, na década de 70, do Hospital de Neuropsiquiatria Infantil de Oliveira, diversas crianças foram transferidas para o Hospital Colônia. Em sua maioria eram portadores de alguma deficiência física ou mental, e foram abandonados no “depósito de Oliveira” por suas famílias. Sendo transferidos para o Colônia, as crianças foram submetidas aos mesmos tratamentos e condições dos outros pacientes. Podemos ver os relatos de alguns dos ex-meninos de Oliveira, contando os abusos que sofreram e a saudade que sentem de seus familiares.
Com o alto número de mortes que aconteciam dentro do hospital, o cemitério municipal já não comportava mais o número de corpos, assim, funcionários do Colônia começaram a traficar corpos para universidades de medicina que os utilizavam em aulas de anatomia. Os responsáveis, ao serem questionados sobre esse assunto, dizem não ter conhecimento do mesmo, que os corpos não eram traficados. Depois de um tempo, as universidades não tinham mais interesse nos cadáveres, então os mesmos passaram a ser decompostos por ácidos em tonéis nos pátios do hospital, na frente dos outros pacientes.
Após o aparecimento das fotos realizadas no Hospital Colônia pelo fotógrafo Napoleão Xavier, o hospital começou a ser comparado com um campo de concentração nazista e a mídia fez com que iniciassem os debates sobre a situação precária em que viviam os pacientes e começaram a surgir as denúncias e a mobilização das pessoas que viram a situação de fora. Esse movimento deu origem à reforma psiquiátrica em Minas Gerais. Na década de 80 o Hospital Colônia foi fechado, sendo reaberto um tempo depois.
- CRÍTICA/CONSIDERAÇÕES FINAIS
 O nome da obra ser “Holocausto” traz inicialmente o impactante sentimento de pânico causado quando comparado ao genocídio cometido para com os judeus, durante a Segunda Guerra Mundial. Ao decorrer do filme se concretiza ainda mais a ideia de que realmente os pacientes do Hospital Colônia de Barbacena foram completamente desumanizados, literalmente largados na periferia social de encontro a morte, que mesmo certa, era antecipada. 
 A obra tem como um de seus maiores serviços nos fazer refletir sobre a padronização do ser social que a própria sociedade impõe sobre reprodução impensada, ou seja, que todos aqueles que seria considerados o ponto fora da curva, realmente deveria ser descartados. E assim eram as pessoas que sofriam de algum tipo de deficiência física ou intelectual, bem como as que não obedeciam a qualquer regra imposta por alguém que lhe era superior. Eram descartáveis. E mesmo quando as pessoas não possuíam qualquer tipo de transtorno, acabavam desenvolvendo grandes dificuldades por conviver constantemente com a insanidade. 
 O filme, a partir do livro, denuncia e traz à tona um crime que foi cometido contra os seres humanos indefesos e que teve o Estado, bem como a sociedade como coniventes, para que fosse garantido a “limpeza” do ambiente de transito social e que as dificuldades fossem afastadas dos olhos de quem vê. Visto que os pacientes não tinham absolutamente nenhuma voz e, a partir dos registros fotográfico e do discurso de quem viveu a experiência, percebe-se um grande grito que o silencio dá, de imensa dor.
 O ponto crucial da obra é trazer a reflexão sobre o considerado normal e anormal na sociedade, que mesmo caminhando para a desisntitucionalização de pacientes com transtornos mentais, ainda resiste em olhar para além dos muros que aprisionam nossas mentes, através de preconceitos, muitas vezes reproduzidos inconscientemente, e que naturalizam a barbárie que é excluir uma pessoa, pelo simples fato de ela ter características diferentes do aceito pela sociedade.

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