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RESENHA CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO “HOLOCAUSTO BRASILEIRO” Holocausto brasileiro. Dirigido por Daniela Arbex e Armando Mendz. Brasil: HBO, 2016. Holocausto brasileiro é um documentário baseado no livro “Holocausto brasileiro” de Daniela Arbex, dirigido por Daniela Arbex autora do livro e também por Armando Mendz. Foi produzido pela HBO Brasil lançado em Novembro de 2016 com duração de 1h 30min. O documentário trata dos fatos que o correram entre 1930 e 1980 no Hospital Colônia de Barbacena-MG criado em 1903. Esse hospital fazia parte de um grupo de sete instituições psiquiátricas presentes na cidade, e dessa forma se tornou referência nacional em psiquiatria, trazendo a cidade a fama de cidades dos loucos naquela época, recebendo pacientes de todo o Brasil. Essas instituições que inicialmente seriam para tratar pessoas em sofrimento mental e ajuda-las, se tornou um centro de problemas como: corrupção, maus tratos, tortura, estupros, abandono, violência, negligencia e tantos outros males, se transformando em um matadouro. Estima-se que 70% dessas pessoas encaminhadas para o “Colônia” não apresentavam registro de doença mental, em vários momentos os participantes do documentário reforçam essa ideia. O ex-interno Geraldo Antonio conta no documentário que ao perder sua mãe e ficar sob guarda de sua madrinha foi internado no Hospital colônia por ser “arteiro” e isso reforça a ideia de que não eram internados somente doentes mentais. Esse fato mostra que não haviam parâmetros para que essas pessoas fossem internadas, não haviam diagnósticos para que fossem internados como loucos. Segundo a ex-enfermeira Walkiria Monteiro os alguns pacientes vinham dos hospitais e das ruas, e que a internação deles era uma forma das autoridades ganharem dinheiro, ela afirma que o hospital era “Deposito”, e a autora do livro Daniela reforça que eles eram pessoas consideradas indesejados sociais, ou seja, interna-los lá era uma forma da sociedade se livrar, e depois de entrarem no trem, eles eram esquecidos, tanto pelo estado, que tinha dever de cuida-los e alguns também pela família, que algumas vezes usavam a internação como meio para abandona-los. O local não tinha condições de abrigar essas pessoas que necessitavam de tratamento especial e de atenção, o hospital comportava até 200 pessoas, mas chegou a ter até 5 mil internos. Daniela Arbex afirma que as imagens do pátio vista por ela, em que esses pacientes ficavam amontoados por conta da superlotação, pelados e desnutridos, lhe remetiam a um campo de concentração. A desumanização aumentava com a superlotação, dessa forma, as camas eram feitas de capim, não havia água encanada para higiene e para beber, faltava cobertores e roupas; esses internos passavam fome e frio, eram desnutridos, sujos, e ficavam ociosos o tempo todo, pois não tinham nenhuma ocupação. Alguns desses internos eram levados para trabalharem de graça em obras públicas e privadas sem nenhuma remuneração. Os funcionários que haviam no local além de serem insuficientes para quantidade de internos, também não tinha qualificação. O tratamento dos pacientes era baseado em dois comprimidos “um azul e um rosa” para acalma-los, e o eletrochoque, que era aplicado sem critérios e acabava sendo uma forma de castigar os pacientes. Os ex-meninos Oliveiras que foram levados para o “Colonia” após o fechamento do lar que os abrigava em 1976 passaram a dividir com os outros internos as condições desumanas e descaso, e em diversos momentos no documentário alguns desses que sobreviveram, relatam os maus tratos. Mais de 60 mil pacientes que foram internados morreram, segundo os participantes do documentário morriam muitas pessoas, a ex-enfermeira Roselmira relata que trazia de sua casa leite em pó, para tentar dar aos pacientes e velas para colocar em suas mãos no momento da morte, tentando lhes oferecer um mínimo de humanidade e dignidade. Muitos corpos eram enterrados em covas comunitárias, e alguns vendidos para faculdades de medicina. O documentário indicado para maiores de 16 anos mostra uma realidade que aconteceu no passado, mas ainda precisar ser vista. As fotos tiras na época e os depoimentos de ex-funcionários, pacientes, jornalistas, pesquisadores e moradores trazer uma visão ainda mais profunda dos acontecimentos. É interessante ressaltar que segundo afirma Daniela Arbex essa foi a primeira vez que os atores desses acontecimentos foram procurados para falar sobre. Esses relatos são extrema relevância para a sociedade, pois se trata de uma grande tragédia que faz parte da nossa história, e é preciso refletir e discutir sobre.
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