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Produção de areia reciclada lavada de resíduos classe A da construção civil : contribuição ao desenvolvimento de processo via úmida na usina de Socorro/SP

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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP 
Departamento de Engenharia de Construção Civil 
 
 
ISSN 0103-9830 
BT/PCC/476 
Renato Augusto Nascimento 
Sílvia Maria de Souza Selmo 
 
São Paulo – 2007 
Produção de areia reciclada lavada de 
resíduos classe A da construção civil : 
contribuição ao desenvolvimento de 
processo via úmida na usina de Socorro/SP 
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo 
Departamento de Engenharia de Construção Civil 
Boletim Técnico – Série BT/PCC 
 
 
 
Diretor: Prof. Dr. Vahan Agopyan 
Vice-Diretor: Prof. Dr. Ivan Gilberto Sandoval Falleiros 
 
Chefe do Departamento: Prof. Dr. Alex Kenya Abiko 
Suplente do Chefe do Departamento: Prof. Dr. Orestes Marraccini Gonçalves 
 
 
Conselho Editorial 
Prof. Dr. Alex Abiko 
Prof. Dr. Francisco Ferreira Cardoso 
Prof. Dr. João da Rocha Lima Jr. 
Prof. Dr. Orestes Marraccini Gonçalves 
Prof. Dr. Paulo Helene 
Prof. Dr. Cheng Liang Yee 
 
 
Coordenador Técnico 
Prof. Dr. João Petreche 
 
 
O Boletim Técnico é uma publicação da Escola Politécnica da USP/ Departamento de Engenharia de 
Construção Civil, fruto de pesquisas realizadas por docentes e pesquisadores desta Universidade. 
 
O presente trabalho é parte da dissertação de mestrado apresentada por Renato Augusto 
Nascimento, sob orientação da Profa. Dra. Sílvia Maria de Souza Selmo: “Produção de Areia 
Reciclada Lavada de Resíduos Classe A da Construção Civil: Contribuição ao Desenvolvimento de 
Processo Via Úmida na Usina de Socorro/SP”, defendida em 27/11/2006, na EPUSP. 
A íntegra da dissertação encontra-se à disposição com o autor e na biblioteca de Engenharia Civil da 
Escola Politécnica/USP. 
 
 
 FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
Nascimento, Renato Augusto 
Produção de areia reciclada lavada de resíduos classe A da 
construção civil : contribuição ao desenvolvimento de processo via 
úmida na usina de Socorro/SP / Renato Augusto Nascimento, Sílvia 
Maria de Souza Selmo. -- São Paulo : EPUSP, 2007. 
33 p. – (Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, Departa- 
mento de Engenharia de Construção Civil ; BT/PCC/476) 
 
1. Resíduos de construção (Reciclagem) 2. Agregados (Recicla- 
gem;uso) 3. Argamassa 4. Entulho (Reciclagem)I. Selmo, Sílvia Maria 
de Souza II. Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departa-
mento de Engenharia de Construção Civil III.Título IV. Série 
ISSN 0103-9830 
 
i 
PRODUÇÃO DE AREIA RECICLADA LAVADA DE RESÍDUOS CLASSE A DA 
CONSTRUÇÃO CIVIL: CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DE 
PROCESSO VIA ÚMIDA PARA A USINA DE SOCORRO/SP 
 
Renato Augusto Nascimento1; Sílvia Maria de Souza Selmo2
1Engº Civil, Mestre em Engenharia, renato.a.nascimento@gmail.com; 2Engº Civil, Professora Doutora, silvia.selmo@poli.usp.br
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Construção Civil 
RESUMO 
A cadeia da construção civil apresenta impactos ambientais significativos: na extração de matérias 
primas naturais, na produção de insumos, na construção, no uso e na demolição de obras. Além 
disso, a disponibilidade de matérias primas naturais tende a ser cada vez mais controlada, pelas 
limitações dos recursos naturais e pelas normas ambientais vigentes. No caso do insumo de 
interesse neste trabalho, a areia de construção, pode ocorrer que o seu fornecimento seja feito por 
jazidas naturais distantes dos centros consumidores, a mais de 100 km. Em algumas cidades 
brasileiras, este fato acarreta impactos econômicos e ambientais adicionais ao produto, pelo 
transporte ser tipicamente rodoviário. Uma das alternativas que pode reduzir estes problemas é a 
reciclagem da parcela mineral dos resíduos da construção civil (RCC classe A), tais como solos e 
rochas, componentes cerâmicos, argamassas e concretos; provenientes de obras de construção, 
demolição e reforma. No Brasil, a maioria das usinas de reciclagem de resíduos classe A da 
construção civil gera, principalmente, agregados de granulometria mista, para usos secundários em 
aterros ou estradas, e com muitas limitações técnicas para uso em edificações. Este é o caso da 
areia reciclada por processo via seca, originalmente produzida pela Usina de Socorro/SP, e que 
contém elevado teor de partículas finas, pois seu uso é restrito a argamassas de assentamento de 
alvenarias não estruturais, tipicamente preparadas em obras da região, sem racionalização 
construtiva. Por outro lado, a produção de agregados reciclados de qualidade controlada, pelas 
usinas nacionais, é essencial para ampliar as aplicações na construção civil e, ainda, promover um 
retorno comercial mais atrativo, para investimentos públicos e privados, no setor. Assim, é 
necessário que as pesquisas acadêmicas também analisem as possibilidades tecnológicas e 
comerciais, de processos de reciclagem mais aptos a melhorarem a qualidade e a eficiência de 
produção de agregados reciclados pelas usinas nacionais. Tal contexto motivou estudos iniciais de 
produção de areia reciclada lavada, junto à Usina de Socorro/SP, com ensaios de desempenho em 
argamassas e revestimentos, pela tese de Miranda (2005), baseados em critérios de dosagem do teor 
total de finos < 75 μm em argamassas, pelos estudos de Selmo (1989); Selmo; Bücher (1990) e 
Miranda (2000). Assim, o presente trabalho objetivou colocar em funcionamento contínuo um 
processo piloto de produção de areia reciclada lavada, dimensionado e ajustado de forma empírica, 
mas importante para gerar dados operacionais e balizar a sua evolução para um processo industrial. 
Inicialmente, apresenta-se um panorama sobre termos e especificações técnicas pertinentes ao 
produto visado e, ainda, uma análise sucinta das operações e equipamentos de beneficiamento. Na 
seqüência, apresenta-se um diagnóstico orientativo para o dimensionamento do processo via úmida, 
em escala industrial, tanto por análise de dados da usina, quanto por projeção do mercado de areia. 
Ao final, são listadas recomendações técnicas e de ordem econômica, para a evolução da produção 
de areia reciclada lavada, que podem ser tomadas como diretrizes para a elaboração de um plano de 
negócio, pelo proprietário da usina, prescrevendo-se um trabalho tecnológico cooperativo, que 
possa viabilizar a implantação industrial do processo via úmida, com a ampliação da produção e do 
mercado consumidor. 
mailto:renato.a.nascimento@gmail.com
mailto:silvia.selmo@poli.usp.br
ii 
 
WASHED RECYCLED SAND PRODUCTION FROM BRAZILIAN CLASS A 
CIVIL CONSTRUCTION WASTES: CONTRIBUTION TO THE DEVELOPMENT 
OF THE WET PROCESS FOR THE RECYCLING PLANT IN SOCORRO/SP 
 
Renato Augusto Nascimento1; Sílvia Maria de Souza Selmo2
1Eng. Civil, Master, renato.a.nascimento@gmail.com; 2Eng. Civil, Dr., silvia.selmo@poli.usp.br
Civil Construction Engineering Department - PCC, Escola Politécnica, University of São Paulo, 
Av. Prof. Almeida Prado, trav. 2 nº 83, São Paulo, 05508-900, Brazil 
ABSTRACT 
The civil construction chain exerts significant environmental impacts on the extraction of natural 
raw materials, the production of building materials, and the construction, use and demolition of 
buildings. Moreover, the availability of natural raw materials tends to be increasingly controlled 
due to limitations in natural resources and to the environmental legislation in force. In the case of 
the building material of interest to this work, i.e. construction sand, it may be supplied by natural 
mines located over 100 km away from consumption centers. In some Brazilian cities this fact 
results in additional economic and environmental impacts on the product as transportation is 
mainly by road. One of the alternatives that can reduce these problems is the recycling of Brazilian 
Class A construction and demolition waste (Brazilian Class A CDW includes inert concrete, bricks, 
tiles, ceramic materials and soils). In Brazil most recycling plants of Class A civil construction 
waste generate mainly aggregates of mixed granulometry for secondary uses in earthworks or 
pavement works, and with great technical limitationsfor the use in buildings. That is the case of the 
sand recycled in the dry process, originally produced by the plant in Socorro/SP, and which has a 
high content of fines, because its use is restricted to mortars for non-load bearing walls, commonly 
prepared in construction sites in the area, without construction rationalization. On the other hand, 
the production of recycled aggregates of controlled quality by national plants is essential to 
diversify the applications in civil construction and also to promote a more attractive commercial 
return on public and private investment in the sector. Therefore, it is necessary that academic 
research also analyze the technological and commercial possibilities of recycling processes more 
suitable to improve quality and efficiency in the production of recycled aggregates by national 
plants. This context motivated preliminary studies in the production of washed recycled sand in the 
plant of Socorro/SP, with performance tests of mortars and renderings, in the Thesis of Miranda 
(2005), based on criteria of total materials finer than 75 μm in the dry mortar mix design, according 
to the studies of Selmo (1989); Selmo, Bücher (1990) and Miranda (2000). Therefore the present 
work aimed to put in continuous operation a pilot process of washed recycled sand production that 
was estimated and adjusted empirically, but important to generate operational data and set a 
benchmark for the evolution towards an industrial process. The scenario of civil construction waste 
recycling is initially presented, as well as technical terms and specifications concerning the target 
product, and also a brief analysis of the process, in all its specific phases and equipament. As a 
complement, a guiding diagnosis is presented for the estimate of the wet process in industrial scale, 
both through the analysis of data from the plant, and through a forecast of the sand market. Finally, 
technical and economic recommendations for the evolution in the washed recycled sand production 
are listed, which could be taker as guide lines for a business plan, that is prescribed to be draw by 
the owner of the plant with cooperative technological work, so that the industrial implementation 
becomes feasible with the growth in production and the consumer market. 
 
mailto:renato.nascimento@poli.usp.br
mailto:silvia.selmo@poli.usp.br
iii 
PRODUÇÃO DE AREIA RECICLADA LAVADA DE RESÍDUOS 
CLASSE A DA CONSTRUÇÃO CIVIL: CONTRIBUIÇÃO AO 
DESENVOLVIMENTO DE PROCESSO VIA ÚMIDA PARA A 
USINA DE SOCORRO/SP
SUMÁRIO 
RESUMO.......................................................................................................................... i 
ABSTRACT..................................................................................................................... ii 
SUMÁRIO ...................................................................................................................... iii 
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................... iv 
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... iv 
LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS .............................................................................. v 
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 1 
1.1 Justificativas e objetivo ............................................................................................ 1 
1.2 O processo via seca original instalado na Usina de Socorro/SP............................... 3 
2. PRODUÇÃO DE AREIAS RECICLADAS DE RESÍDUOS CLASSE A, 
PARA ARGAMASSAS NÃO ESTRUTURAIS ...................................................... 5 
2.1 Terminologias e especificações de areias recicladas para usos não estruturais........ 5 
2.2 Operações de beneficiamento de RCC classe A para a produção de areias ............. 7 
2.2.1 Panorama das operações de cominuição e separação ................................... 7 
2.2.2 Processos de classificação via seca ............................................................ 10 
2.2.3 Processos de classificação via úmida ......................................................... 10 
3. IMPLANTAÇÃO DE PROCESSO DE PRODUÇÃO DE AREIA 
RECICLADA LAVADA NA USINA DE SOCORRO/SP.................................... 14 
3.1 O processo piloto estudado..................................................................................... 14 
3.2 Diagnóstico e recomendações para o desenvolvimento da escala comercial ......... 18 
3.3 Considerações sobre o mercado de agregados para construção civil ..................... 18 
3.4 Análise do mercado desenvolvido pela empresa proprietária da Usina de 
Socorro/SP.............................................................................................................. 19 
3.4.1 Avaliação inicial dos registros de coleta, beneficiamento e 
comercialização .......................................................................................... 19 
3.4.2 Análise da consistência dos dados estimados de beneficiamento em 
relação à geração per capita de RCC.......................................................... 21 
3.4.3 Resumo de dados do dimensionamento proposto....................................... 22 
3.4.4 Área de implantação, planta e fluxograma geral do processo idealizado... 24 
3.4.5 Recomendações para desenvolver o plano de negócios ............................. 26 
3.4.6 Critério econômico básico de viabilidade do processo............................... 27 
3.4.7 Recomendações finais para desenvolver o mercado de areia reciclada 
lavada.......................................................................................................... 28 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 29 
4.1 Sobre os processos via seca e via úmida, de classificação de agregados 
reciclados de RCC .................................................................................................. 29 
4.2 Sobre a escolha final do processo via úmida a ser implementado na Usina de 
Socorro/SP.............................................................................................................. 29 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 31 
 
 iv
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 - a) Bancos de areia ao longo do Rio Paraíba do Sul; b) degradação da margem 
do rio causada pela extração de areia. ......................................................................... 2 
Figura 2 – Processo via seca original da Usina de Socorro; a) Vista do britador, elevador 
de canecas e peneira vibratória; b) Trabalho de alimentação manual do 
britador; c) Pilhas de areia reciclada com finos, passante em peneira de 
abertura de malha 4,8 mm; d) Fluxograma geral do processo. ................................... 4 
Figura 3 - Faixas granulométricas sugeridas para designar dimensões de partículas para 
agregados reciclados de RCC classe A. ...................................................................... 6 
Figura 4 - Princípio da classificação via seca num separador a ar: (a) com fluxo 
horizontal; (b) com fluxo vertical. ............................................................................ 10 
Figura 5 - Fluxograma de equipamentos em operação na Usina de Socorro/SP, no 
transcurso desta pesquisa. Legendas descritas na Tabela 4....................................... 15 
Figura 6 - Equipamentos em operação na Usina de Socorro/SP, pela Irmãos Preto................... 17 
Figura 7 - Volume mensal de RCC coletado pela empresa, na cidade de Socorro/SP, e o 
volume mensal total reciclado como agregados para a construção civil................... 20 
Figura 8 – Distribuição estimada do volume médio mensal de coleta de RCC, pela 
empresa proprietária da Usina de Socorro/SP, entre set/2001 e out/2002. ...............21 
Figura 9 - Planta baixa do processo via úmida sugerido para a produção de areia 
reciclada lavada, na Usina de Socorro/SP................................................................. 25 
Figura 10 - Exemplo de fluxograma proposto para a produção de areia reciclada lavada, 
havendo necessidade de análise técnica e econômica, quanto ao tratamento 
dos finos e à reciclagem da água no processo. .......................................................... 26 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 – Operações de beneficiamento de RCC classe A, organizadas a partir da 
Autbereitung Tecnick (1991, apud MANCINI; CLERICI; GARMARINO, 
2004). .......................................................................................................................... 8 
Tabela 2 - Exemplo de equipamentos usuais para classificação de partículas em 
processos via úmida: a) classificador espiral; e b) ciclone........................................ 11 
Tabela 3 - Outros equipamentos para classificação em meio fluido........................................... 12 
Tabela 4 - Descrição resumida dos equipamentos e operações relativas ao fluxograma 
apresentado na Figura 5. ........................................................................................... 16 
Tabela 5 - Resumo relativo aos critérios adotados para o dimensionamento da produção 
de areia reciclada lavada para argamassas não estruturais, pela Usina de 
Socorro/SP. ............................................................................................................... 23 
 
 
 
 v
LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ARC agregado de resíduo de concreto, conforme NBR 15116 (ABNT, 2004) 
ARM agregado de resíduo misto, conforme NBR 15116 (ABNT, 2004) 
CDW Construction and demolition wastes - termo equivalente a RCD ou RCC 
CEN European Committee for Standardization or Comité Européen de 
Normalisation 
CETEM Centro de Tecnologia Mineral 
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente 
EN Européen de Normalisation (em português, Norma Européia) 
EPUSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo 
FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo 
L unidade de litro, símbolo aqui indicado por letra maiúscula, segundo 
previsto pela NBR 12230 (ABNT, 1992) 
NBR Norma Brasileira 
NM Norma Mercosul 
RCC Resíduos sólidos da construção civil 
RCD Resíduos de construção e demolição 
RMSP Região Metropolitana de São Paulo (38 Municípios, além de São Paulo) 
SEADE Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados 
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 
SINDUSCON-SP Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo 
t tonelada, símbolo e unidade adotada pelo Comitê Internacional em 
1879, e mesmo não fazendo parte do Sistema Internacional de 
Unidades, foi reconhecida por estar amplamente difundida e por 
apresentar um papel importante no emprego conjunto com certas 
unidades. 1 t = 103 kg 
USP Universidade de São Paulo 
μm micrometro, símbolo representativo de 10-6 m ou 0,001 mm. 
 
 
 1
1. INTRODUÇÃO 
Os resíduos da construção civil (RCC) são gerados em abundância nos ambientes 
urbanos. A parcela de origem mineral1, destes resíduos, dita classe A2, é passível de 
reciclagem como agregados, principalmente para aplicações não estruturais. Este 
beneficiamento pode reduzir impactos ambientais, por diminuir o volume de RCC disposto 
na natureza, e pode trazer outros benefícios. 
Neste trabalho, que resume parte da dissertação de Nascimento (2006), estudou-se 
os processos para a produção de agregados reciclados de RCC classe A, com ênfase na 
produção de areia reciclada lavada, para uso em argamassas de assentamento e 
revestimento, tomando-se como estudo de caso o desenvolvimento de processo para a 
Usina de Socorro/SP. Cabe salientar que os estudos técnicos completos, de desempenho de 
revestimentos de paredes com argamassas desta areia, foram desenvolvidos naquela usina, 
principalmente por Miranda (2005) e apontam para a viabilidade técnica destas aplicações. 
Acredita-se que a areia reciclada lavada de RCC classe A, assim destinada, possa se tornar 
não somente um material de qualidade técnica aceitável, mas também contribuir para a 
preservação do meio ambiente, conforme justificativas a seguir. 
1.1 Justificativas e objetivo 
No beneficiamento de RCC, os processos de separação via úmida podem gerar 
agregados reciclados de melhor qualidade e mais adequados para aplicações de maior valor 
econômico, do que quando reciclados pelos processos usuais, ditos via seca (QUEBAUD; 
BUYLE-BODIN, 1999; PEREIRA, 2002; ANGULO, 2005). Isto é particularmente uma 
necessidade, em se tratando de areias recicladas para argamassas de revestimento de 
paredes e tetos, como demonstrou Miranda (2000; 2005). 
Também os agregados reciclados de RCC, sendo porosos e com absorção de água 
elevada, exigem serem empregados de forma saturada, em concretos e argamassas, e, 
portanto, os processos via úmida são adequados por já fornecerem os agregados em 
condições de uso. 
 
1 Minerais: são elementos ou compostos químicos com composição definida dentro de certos limites, 
cristalizados e formados naturalmente por meio de processos geológicos inorgânicos, na Terra ou em 
corpos extraterrestres. (TEIXEIRA et al., 2002) 
2 Segundo a NBR 15112 (ABNT, 2004), resíduos Classe A são os resíduos de origem mineral reutilizáveis ou 
recicláveis como agregados, tais como: de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação, 
edificações e de outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; e de 
processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) 
produzidas nos canteiros de obras. 
 
 2
Por outro lado, a atividade econômica, o meio ambiente e o bem-estar da 
sociedade formam o tripé básico no qual se apóia o conceito de Desenvolvimento 
Sustentável, renovado pelo Relatório Brundtland 1987 (WEINSTOCK, G; WEINSTOCK, 
D. M., 2000). Assim, o desenvolvimento econômico atual deve levar em conta o equilíbrio 
ecológico e a preservação da qualidade de vida das populações humanas em nível global. 
No que diz respeito ao tema deste trabalho, a possibilidade de explotação3 de 
areias naturais para construção civil está sendo limitada cada vez mais, pela imposição de 
preservação do meio ambiente e pela extração desordenada, e tornam incertas as 
perspectivas de suprimento adequado no futuro, em alguns centros consumidores.4 
Por exemplo, estima-se que mais de 80% das reservas de areia do Vale do 
Paraíba, em São José dos Campos/SP, estejam esgotadas. A região responde por 5% da 
produção nacional de areia. É provável que quase 80% do que é retirado no Vale do 
Paraíba abasteça os mercados da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), cujo 
consumo anual é estimado em 33 x 106 t. A Figura 1 mostra a degradação ambiental 
causada pela extração de areia ao longo do Rio Paraíba do Sul.5
a) b) 
Disponível em: < http://www.valeverde.org.br >. Consulta em: 15 ago 2005. 
Figura 1 - a) Bancos de areia ao longo do Rio Paraíba do Sul; b) degradação da 
margem do rio causada pela extração de areia. 
A atividade de mineração de areia pode agredir o ambiente, principalmente pelos 
 
 
3 O termo exploração, em geologia, está relacionado com a fase de estudo, caracterização e avaliação de um 
depósito mineral, para determinar se este tem valor econômico. A explotação é a própria lavra (ou mina), 
estabelecida pelas retirada do recurso com máquinas adequadas, para fins de beneficiamento, 
transformação e utilização, considerando a viabilidade econômica do negócio. (TEIXEIRA et al., 2002). 
4 Desde a década de 80, o aspecto de suprimento de areiasnaturais, em certos centros urbanos, já era alertado, 
conforme Selmo (1986) e Sabbatini (1986), entre outros. Alertas atuais podem ser lidos em Escassez 
preocupa o setor. Disponível em: <http://www.superobra.com.br> Acesso em 1 ago 2005.
5 Disponível em: < http://www.valeverde.org.br >. Consulta em: 15 ago 2005. 
 
http://www.valeverde.org.br/
http://www.valeverde.org.br/
 3
danos à paisagem e aos ecossistemas.6 Ainda que a areia natural seja um minério 
praticamente inesgotável, é um recurso não renovável e, pelos motivos apresentados, as 
possibilidades de explotação estão cada vez mais limitadas devido à degradação do meio 
ambiente e à conseqüente proibição de extração em algumas áreas. 
Em outras cidades do Estado de São Paulo, pode ocorrer situação similar de 
abastecimento, como é o caso da pequena cidade de Socorro/SP, estudo de caso deste 
trabalho. 
Portanto, as questões ambientais relativas à extração de areias naturais, associadas 
à geração de resíduos de construção civil, à necessidade da sua gestão sustentável e à falta 
de processos de beneficiamento e hábito de consumo de produtos reciclados, em geral, 
compõem uma gama de justificativas ambientais, técnicas, econômicas e político-sociais 
para a proposta deste trabalho. 
Este trabalho tem origem nas pesquisas de Selmo (1986; 2001) e Miranda (2005) 
e visa contribuir para o estabelecimento de usinas de reciclagem de RCC, sustentáveis do 
ponto de vista técnico, econômico e ambiental, voltadas à produção e comercialização de 
areia reciclada lavada para argamassas não estruturais. O objetivo principal foi colocar em 
funcionamento contínuo uma planta piloto de produção da areia reciclada lavada e obter 
dados técnicos e econômicos, para o projeto de otimização ambiental do processo, pela 
pesquisa em curso, de Florêncio (2005). O trabalho pode ser consultado em detalhes na 
dissertação de Nascimento (2006) e é a seguir apresentado, principalmente, pelo resumo 
dos itens relacionados ao estudo de caso da Usina de Socorro/SP. 
1.2 O processo via seca original instalado na Usina de Socorro/SP 
Distante cerca de 140 km da capital, com uma população de 33.7797 habitantes, e 
grau de urbanização de 68,69%, a cidade8 de Socorro/SP não dispunha até 1994, de um 
serviço de coleta e transporte de RCC. 
Naquele ano, a microempresa Irmãos Preto Materiais de Construção Ltda. - ME 
iniciou as suas atividades, na cidade, oferecendo um serviço de coleta de entulho de 
construção. Mas, transcorrido algum tempo, a empresa passou a encontrar problemas pela 
necessidade de áreas legalizadas e adequadas para a deposição regular do RCC. Foi aí que 
 
6 IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS POR DRAGAS: O CASO DO ITINGA NO PERÍMETRO 
URBANO. Disponível em: < http://www.igeo.uerj.br/VICBG-2004/Eixo2/E2_247.htm >. Consulta em: 02 
ago 2005. 
7 Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/perfil/perfil.php>. Consulta em: 22 jun 2006. 
8 Disponível em: <http://www.socorro.sp.gov.br/>. Consulta em: 19 mar 2006. 
 
 4
os proprietários, Sebastião Preto de Godoy e João Batista Preto de Godoy, vislumbraram o 
negócio do aproveitamento racional do entulho, através da reciclagem da parcela de 
origem mineral. Em agosto de 2000, a Irmãos Preto passou a comercializar a bica corrida 
para sub-base de pavimentação, e a areia reciclada com finos, para argamassas de 
assentamento de tijolos em alvenaria não estrutural. A Figura 2 mostra o fluxograma e o 
aspecto dos equipamentos originais instalados. 
Em Nascimento (2006) e no item 3 deste boletim, subitem 3.4, podem ser 
consultados outros dados sobre o histórico e o desenvolvimento de mercado pela empresa, 
no período de 2000 a 2006. 
a) b) 
Jo
ão
 B
at
is
ta
 P
re
to
 d
e 
G
od
oy
, 2
00
1 
c) 
BRITADOR 
DE
MANDÍBULAS
PENEIRA
VIBRATÓRIA
AREIA RECICLADA
COM ALTO TEOR 
DE FINOS
< 4,8 mm
# 4,8 mm
AGREGADO 
RECICLADO 
GRAÚDO
> 4,8 mm
ELEVADOR
DE CANECAS
 d) 
Jo
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G
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1 
Figura 2 – Processo via seca original da Usina de Socorro; a) Vista do britador, 
elevador de canecas e peneira vibratória; b) Trabalho de alimentação manual do 
britador; c) Pilhas de areia reciclada com finos, passante em peneira de abertura de 
malha 4,8 mm; d) Fluxograma geral do processo. 
 
 5
2. PRODUÇÃO DE AREIAS RECICLADAS DE RESÍDUOS CLASSE A, PARA 
ARGAMASSAS NÃO ESTRUTURAIS 
Este item resume de alguns conceitos principais relativos ao produto visado e às 
operações de beneficiamento de RCC classe A9, com ênfase em processos de classificação 
via úmida. 
2.1 Terminologias e especificações de areias recicladas para usos não estruturais 
De acordo com a origem do termo areia10 e demais termos levantados em 
Nascimento (2006), torna-se correto aqui conceituar e diferenciar dois tipos principais de 
areias recicladas para aplicações não estruturais, quanto à sua granulometria, também 
ilustrados pela Figura 3: 
 areia reciclada com finos: areia artificial obtida por beneficiamento de resíduos da 
construção civil classe A, de concretos e argamassas de cimento Portlant ou mistos 
com cerâmica, em processo de separação via seca, com partículas passantes em 
peneira de abertura de malha igual a 4,8 mm. De forma alternativa, essa areia 
também pode ser chamada de areia reciclada não lavada; 
 areia reciclada lavada: areia artificial obtida por beneficiamento de resíduos da 
construção civil classe A, de concretos e argamassas de cimento Portlant ou mistos 
com cerâmica, passante em peneira de abertura de malha menor ou igual a 4,8 mm, 
e resultante de processo de classificação via úmida, para a remoção de finos de 
dimensão inferior a 75 μm. Na medida em que o processo de classificação seja 
implementado com controle de qualidade, esse tipo de areia pode ainda ser 
especificado como areia reciclada lavada graduada, acrescida de um código de 
indicação da dimensão máxima superior e inferior das partículas, como adota, por 
exemplo, a norma européia EN 13139 (CEN, 2002). 
A NBR 15116 (ABNT, 2004, p.9) define dois termos relativos à natureza 
mineralógica dos agregados reciclados e que podem descrever também as areias recicladas, 
a saber: 
 
9 Classificação de RCC estabelecida pela Resolução nº 307, do CONAMA, adotada pelas normas da ABNT e 
relativa à natureza dos resíduos, correspondente aos resíduos de origem mineral reutilizáveis ou recicláveis 
como agregados, oriundos de obras de construção, demolição e reformas de pavimentos ou edificações. 
10 O termo areia é provavelmente original da Geologia e descrito por Suguio (2003) como um sedimento sem 
coesão, em que os grãos ou elementos do arcabouço são formados de partículas predominantemente entre 
62 μm e 2 mm. 
 
 6
 agregado de resíduo de concreto (ARC), “[...] aquele que apresenta a soma dos 
percentuais dos grupos 1( )11 e 2( )12 maior ou igual a 90%.”; e 
 agregado de resíduo misto (ARM), “[...] aquele que apresenta a soma dos 
percentuais dos grupos 1(11)e 2(12) menor que 90%.” 
10 100 mm0,10,01
Finos
Agregado reciclado 
graduado
75 μm 4,75
1
Areia reciclada lavada
0,001
Areia reciclada com finos (ou não lavada)
25 50 100 mm
Agregado graúdo 
reciclado 
graduado 
12,5 76
 
Figura 3 - Faixas granulométricas sugeridas para designar dimensões de partículas 
para agregados reciclados de RCC classe A. 
A conceituação do que sejam finos, em tecnologia de argamassas de cimento 
Portland ou outros aglomerantes mistos é muito importante, seja para o controle de 
propriedades no estado fresco, seja para o comportamento no estado endurecido. As 
dimensões para a especificação de finos podem variar mas, em geral, as normas atuais 
endossam limites muito próximos de 75 μm, como levantado por Selmo (2005). 
No caso de finos abaixo de 75 μm, em argamassas não estruturais, a sua 
importância está bem explicada em diversos trabalhosexperimentais, documentados a 
partir de Selmo (1989) e Selmo e Bücher (1990) e foi desde aquela época proposto como 
parâmetro importante para a dosagem de argamassas. Assim, neste trabalho, as partículas 
da reciclagem removidas pela lavagem e com dimensões abaixo de 75 μm são 
genericamente chamadas de “finos”, dado ser um termo mais adequado para a descrição de 
propriedades físicas que lhe são características, tais como, maior área específica e efeitos 
coesivos, em geral presentes. 
No caso de areias recicladas para argamassas não estruturais, a adoção de 
dimensão de partículas em intervalos granulométricos mais amplos, no caso até 75 μm 
(0,075 mm) ao invés13 de 150 μm (0,15 mm), pode representar um maior volume de 
beneficiamento, já que permitem uma maior incorporação da fração fina gerada pela 
reciclagem de RCC classe A. Em contrapartida, a produção de areias recicladas com teor 
 
11 Grupo 1: fragmentos que apresentam pasta de cimento endurecida em mais de 50% do volume. 
12 Grupo 2: fragmentos constituídos por rocha em mais de 50% do volume. 
13 Miranda (2005) visou o controle de finos das areias recicladas por separação granulométrica em 150 μm, 
por facilidades operacionais de processo. Mas, como isto pode aumentar significativamente o volume de 
resíduos da lavagem, são necessárias avaliações técnicas e econômicas adicionais quanto à sustentabilidade 
do processo final proposto por aquele autor, assim como para o processo com separação granulométrica 
abaixo de 75 μm, pois a etapa de cominuição no processo de reciclagem pode gerar teores de partículas 
finas muito variáveis. 
 
 7
de finos controlados é logicamente mais viável por processos de beneficiamento via úmida, 
mas requer processos mais complexos para escala industrial, como se analisa em itens 
subseqüentes deste trabalho. 
As faixas granulométricas e demais propriedades de areias recicladas para 
argamassas podem ser consultadas em documentos normativos como a EN 13139 (CEN, 
2002), resumidas por Selmo (2005) e detalhadas em Nascimento (2006), havendo 
diretrizes ainda mais específicas, para o caso da produção e controle de qualidade de 
argamassas de revestimento, que podem ser consultadas em Miranda (2005). 
2.2 Operações de beneficiamento de RCC classe A para a produção de areias 
O projeto de uma usina de reciclagem é semelhante ao de uma instalação de 
britagem de rochas, e é bastante complexo por envolver um grande número de variáveis. 
Para o beneficiamento de RCC classe A, com o objetivo de se obter agregados 
com características usuais para a indústria da construção civil, além da triagem inicial para 
separar a parcela classe A das outras14, há outras duas operações unitárias fundamentais, a 
cominuição e a separação. 
Mancini; Clerici e Garmarino (2004) comentam que, comparada com usinas para 
tratamento de minérios, a concepção de uma usina para tratamento de RCC tem que prever 
uma maior flexibilidade operacional, pelo fato da matéria-prima não ter constância de 
características, e as quantidades em estoque serem muito variáveis, de acordo com a 
disponibilidade de resíduos em obras de construção, demolição e reforma. 
2.2.1 Panorama das operações de cominuição e separação 
A Tabela 1 apresenta, de forma sintética, uma relação das duas operações mais 
complexas do beneficiamento, e os respectivos equipamentos utilizados, de acordo com a 
necessidade, para usinas de RCC, com base nos autores citados. 
 
 
 
14 As Resoluções nº 307 e nº 348, do CONAMA, que deram origem às normas da ABNT, classificam as 
demais parcelas de RCC em: classe B, que são os resíduos recicláveis (plásticos, papel, papelão, metais, 
vidros, madeiras e outros); classe C, que são os resíduos para os quais ainda não foram desenvolvidas 
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação (por ex. 
gesso); e classe D os resíduos perigosos como as tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados 
oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem 
como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. 
 
 
 8
Tabela 1 – Operações de beneficiamento de RCC classe A, organizadas a partir da 
Autbereitung Tecnick (1991, apud MANCINI; CLERICI; GARMARINO, 2004). 
Operação Princípio Máquinas e equipamentos 
britador de mandíbulas 
britador ou rebritador cônico 
compressão 
(esmagar o material até 
quebrá-lo)(1)
rebritador de rolos 
C
O
M
IN
U
IÇ
Ã
O
 
ação mecânica 
impacto 
(rápido impacto para 
despedaçar o material)(1)
britador de impacto 
grelhas e peneiras fixas 
grelhas e peneiras vibratórias 
peneiras rotativas (trommel) 
peneiramento gravidade 
peneiras reciprocativas 
bacias, lagoas ou tanques de 
sedimentação 
caixas de sedimentação, ou 
classificador horizontal 
gravidade 
cones de sedimentação 
classificador espiral 
classificador de rastelo mecânico 
classificador de arraste 
PO
R
 T
A
M
A
N
H
O
 
classificação 
centrífugo hidrociclones e ciclones a ar 
separação por 
densidade 
tecnologias específicas para 
eliminar impurezas, por meio de 
diferenças de massa específica, 
em meio seco ou úmido 
separação magnética ímãs e eletroímãs 
separação eletrostática (2)
flotação (2)
catação 
(separação manual) correia de seleção 
por tipo 
de 
materiais 
lavagem jatos d'água, tanques de lavagem
por redução seletiva de 
tamanho 
britador de impacto ou de 
mandíbulas, peneiras vibratórias 
ou de tambor 
por forma de partícula 
(morfológica) 
peneiras vibratórias com 
combinação de telas 
SE
PA
R
A
Ç
Ã
O
 
por tipo e tamanho 
de material 
Por combinação de 
peneiramento com 
classificação hidráulica 
peneiras vibratórias e elutriadores
(1) Fonte: (METSO MINERALS, 2005) 
(2) Segundo a Autbereitung Tecnick (1991, apud MANCINI; CLERICI; GARMARINO, 2004), as 
máquinas e equipamentos para estes processos foram desenvolvidas somente para a indústria de 
mineração e não se aplicam a beneficiamento de RCC.
Quanto à tipologia dessas usinas, estas podem ser classificadas, como: 
 usinas móveis (são alimentadas diretamente no local onde é gerado o entulho, ou 
seja em canteiros de obras de demolição, neste caso); 
 usinas fixas com processo via seca; 
 
 9
 usinas fixas com processo via úmida; 
 usinas fixas com processos via seca e via úmida simultâneos e que são o caso de 
algumas usinas européias mais avançadas. 
 
Segundo Chaves (2002) “[...] todo circuito de beneficiamento é constituído por 
uma seqüência de operações que se denominam operações unitárias, porque elas são 
sempre as mesmas. O que varia é a combinação e a seqüência delas, para atender a um 
determinado objetivo, ou para atender às características específicas de um determinado 
minério ...”. 
No caso específico de usinas de reciclagem de resíduos de origem mineral, 
oriundos da construção civil, as operações unitárias podem ser assim consideradas: 
a) a triagem ou a separação dos elementos contaminantes, do RCC classe A, é a 
primeira etapa importante para que sejam produzidos agregados reciclados de 
qualidade; 
b) o desmonte inicial de blocos volumosos, como áreas de paredes, partes de pilares e 
vigas, com o objetivo de separar os resíduos classe A do material restante e, ainda, 
reduzir o seu volume de maneira a abastecer os equipamentos de cominuição; 
c) a fragmentação ou cominuição, em sucessivos estágios, alterando o tipo de 
equipamento, e reduzindo o tamanho do produto o suficiente para abastecer um 
possível circuito de moagem, como uma operação de fragmentação fina para se 
obter um produto adequado à concentração, peneiramento e classificação;d) a separação de partículas em classes de acordo com o seu tamanho, forma ou 
densidade dos grãos, podendo ocorrer por processos via seca ou via úmida; e 
e) as operações auxiliares, compreendidas pelos sistemas de transporte que 
encaminham os produtos entre uma operação unitária e outra. 
O projeto de uma instalação de reciclagem de RCC deve ser definido a partir de 
um fluxograma que descreva as sucessivas operações unitárias. O conjunto de técnicas 
para aferição e controle de processos deste tipo é conhecido como balanço de massas e visa 
verificar dados e informações experimentais como: vazões, distribuições granulométricas e 
quantificação de minerais presentes nos diversos fluxos, que compõem um determinado 
circuito de tratamento de matéria-prima, de modo a verificá-los segundo as leis básicas de 
conservação de massas. Assim, estas medições permitem avaliar corretamente a qualidade 
dos dados obtidos e, quando forem detectados problemas, chamar a atenção ou corrigir as 
técnicas experimentais inadequadas. (DELBONI Jr., 2004) 
 
 10
As operações de separação são definidas tanto pela complexidade do material em 
beneficiamento, no processo, como também pela destinação do produto final. 
Além dos processos usuais de separação por peneiramento e conforme resume a 
Tabela 1, existe um grande conjunto de métodos ou processos de classificação que são em 
geral via úmida, mas que também podem ser feitos em meio seco. 
2.2.2 Processos de classificação via seca 
A classificação de partículas pode ser feita por processos via seca, para se evitar o 
problema do uso e do tratamento da água de processo, mas é possível fazer analogia do 
princípio operacional ao processo via úmida, quando se considera como fluido o ar 
(MANCINI; CLERICI; GARMARINO, 2004). 
De maneira simples, a separação via seca ocorre quando uma corrente de ar 
atravessa um fluxo vertical ou horizontal de partículas sólidas (no contra-fluxo), conforme 
representa a Figura 4. 
 
 
ALIMENTAÇÃO 
LEVES 
ALIMENTAÇÃO 
PARTÍCULAS LEVES 
FLUXO 
DE AR 
PESADAS 
FLUXO 
DE AR 
(a)
(b)
PARTÍCULAS 
PESADAS 
 
 
 
Fonte: (MANCINI; CLERICI; GARMARINO, 2004, p.106) 
Figura 4 - Princípio da classificação via seca num separador a ar: (a) com fluxo 
horizontal; (b) com fluxo vertical. 
Em alguns casos particulares, como o da remoção de partículas argilosas aderidas 
em grãos da fração areia, o tratamento via seca não se mostra adequado, uma vez que 
existe a necessidade de operações de lavagem para a remoção destes finos. 
2.2.3 Processos de classificação via úmida 
De acordo com Jungmann e Quindt (1998, apud LEITE, 2001, p.36), o processo 
de separação do resíduo via úmida tem maiores benefícios que processo de separação via 
 
 11
seca, devido à não geração de pó, melhor separação e classificação. O agregado obtido fica 
praticamente livre de impurezas orgânicas. (LEITE, 2001). 
Para o caso da produção de areia reciclada lavada, é possível adotar um dos 
equipamentos ilustrados pela Tabela 2 e Tabela 3, clássicos da indústria de mineração de 
areias naturais ou outros minérios. Outros detalhes de operações dos equipamentos da 
Tabela 2 podem ser consultados em Nascimento (2006). 
Tabela 2 - Exemplo de equipamentos usuais para classificação de partículas em 
processos via úmida: a) classificador espiral; e b) ciclone. 
a) Classificador espiral em regime de classificação. 
 
Fonte: (CHAVES, 2002, p.183)
Constituído por uma calha 
inclinada que aloja um 
eixo no qual se enrola uma 
espira. Esta espiral tem a 
função de remover o 
material sedimentado no 
fundo do tanque de 
sedimentação. A 
alimentação da polpa é 
feita normalmente pela 
lateral da bacia de 
sedimentação. 
Descarga da
fração grossa
Descarga 
da 
fração 
fina 
b) Ciclone ou hidrociclones 
É um dispositivo de mecânica extremamente 
simples, sem partes móveis. Ele é constituído de um 
vaso com parte em formato cilíndrico e parte em 
forma de cone, possui uma entrada tangencial 
denominada orifício de alimentação e duas saídas, 
uma chamada de apex, na extremidade inferior do 
cone, por onde serão descarregadas as partículas 
grosseiras, e outra abertura, denominada vortex 
finder, localizada na extremidade da porção 
cilíndrica por onde será descarregado o produto 
fino. O princípio básico de separação em 
hidrociclones é a sedimentação centrífuga, onde as 
partículas suspensas são submetidas a uma 
aceleração centrífuga, fazendo com que elas se 
separem do líquido a partir do próprio movimento 
de suspensão no interior do equipamento 
(CHAVES, 2002). 
Ú
Alimentação 
Núcleo de ar 
Cilindro 
Ponto de tangencia 
Cabeça de 
admissão 
 
 
 
Fonte: (TARR JÚNIOR, 1985)
 
 
 
 
 12
Tabela 3 - Outros equipamentos para classificação em meio fluido. 
Classificador estático a sedimentação 
Neste equipamento, a alimentação 
da polpa é feita por uma das 
extremidades e drenada pela outra, 
em forma de água clarificada. Ao 
passar pelas diferentes seções, as 
partículas maiores são distribuídas 
de acordo com seu tamanho, 
classificadas por sedimentação. 
Quanto mais distantes da entrada, 
mais finas são as partículas. Fonte: (MANCINI; CLERICI; GARMARINO, 2004, p.92)
Classificador estático a contracorrente (ou vertical) 
A diferença entre o classificador horizontal e o 
vertical, é que este leva em conta a densidade das 
partículas, funcionando em regime de 
sedimentação impedida, baseada na injeção 
controlada de água, com o fluxo em sentido 
oposto ao das partículas em sedimentação 
(CARRISSO; CORREIA, 2004). 
 
 
ALIMENTAÇÃO 
PRODUTO 
GROSSO 
PRODUTOS MÉDIOS PRODUTO 
FINO
ÁGUA 
ÁGUA
CLARIFICADA 
 
Fonte: (MANCINI; CLERICI; GARMARINO, 2004, p.93)
Cone de sedimentação ou cone classificador 
O material alimentado em forma de 
polpa é classificado pelo regime de 
corrente. A lâmina d’água formada 
sobre o vertedouro (transbordo) 
carreia o material fino que não 
conseguiu sedimentar pela zona de 
turbulência mínima e de 
sedimentação livre, sendo 
transportada ao longo da calha radial 
até o overflow (OF). As partículas 
que atravessam a zona 
imediatamente inferior à zona de 
turbulência mínima sedimentam no 
fundo do cone e são removidas por 
sucção, pelo underflow. 
Fonte: LINATEX (1995 apud WHITAKER, 2001, p.46)
Roda desaguadora ou roda de caçambas 
A alimentação da polpa (1) é feita diretamente no tanque 
onde o material decanta por gravidade. As caçambas da 
roda escavam o material acumulado no fundo do tanque 
(2). A agitação provocada pelo movimento da roda 
promove a lavagem das partículas, permitindo que os 
finos desprendidos assentem no fundo do tanque. A roda 
deságua o material pelos numerosos furos da caçamba, 
durante a primeira metade da revolução (3), para então, 
descarregar o material desaguado na bica de saída (4). A 
água contendo o material fino é descarregada por 
transbordamento, pelo lado contrário ao da alimentação 
(5). 
Fonte: (METSO MINERALS, 2005, p.6-20)
 
 
 13
Em particular, no Brasil, a proposta do uso de ciclones em processos de 
tratamento via úmida, em usinas de reciclagem de RCC, partiu deste autor e foi 
inicialmente abordada em Nascimento, Lima e Selmo (2005), e está relacionada com os 
seguintes aspectos: 
 recuperar partículas de granulometria inferior a 75 μm, pois embora nocivas para o 
uso em argamassas, são de aplicação muito provável em processos de estabilização 
de solos, ou ainda, como matéria-prima para uso na indústria cerâmica; 
 reduzir o impacto ambiental do descarte de partículas até 7 μm, diluídas na água de 
processo e, ainda; 
 possibilitar o reuso da água no próprio processo. 
O processo estudado por Nascimento (2006) envolveu ensaios de laboratório com 
hidrociclones e operações com classificador espiral, em laboratório e na Usina de 
Socorro/SP. Os dados permitiram detalhar, otimizar e caracterizar as condições de 
funcionamento de um classificador espiral piloto, empiricamente projetado por Miranda 
(2005) e a Usina de Socorro/SP,de modo a colocá-lo em regime de operação contínua, e 
estão apresentados na dissertação deste autor. Um breve panorama do processo via úmida 
está resumido no capítulo 4 deste boletim. 
Quanto ao tratamento e destinação da lama do processo, este autor identificou 
algumas possibilidades, e maiores detalhes pode ser obtidos em Nascimento (2006). Para o 
caso da Usina de Socorro/SP os estudos de aplicação da lama e de sustentabilidade 
econômica do processo devem prosseguir pela pesquisa de Florêncio (2005), com apoio 
operacional do projeto de Selmo (2001) e da microempresa proprietária. 
 
 
 14
3. IMPLANTAÇÃO DE PROCESSO DE PRODUÇÃO DE AREIA RECICLADA 
LAVADA NA USINA DE SOCORRO/SP 
Como uma usina de reciclagem de RCC deve ser flexível no sentido de oferecer 
opções de produção de acordo com a necessidade do mercado consumidor, o fluxograma 
idealizado para a operação do processo via úmida piloto em estudo pode ter equipamentos 
e produtos diversos. 
3.1 O processo piloto estudado 
Neste trabalho partiu-se do processo prescrito e idealizado por Miranda (2005), 
mas com algumas modificações e limitações pertinentes à empresa e aos equipamentos 
disponíveis na Usina de Socorro/SP. 
A Figura 5 apresenta um fluxograma do processo implementado e estudado por 
Nascimento (2006), com a indicação da fase via úmida entre linhas pontilhadas, e as 
alternativas de produtos gerados. A descrição dos equipamentos e operações estão 
resumidas na Tabela 4, e os equipamentos estão ilustrados por fotografias reunidas na 
Figura 6. 
Além dos equipamentos envolvidos no processo de beneficiamento, a Figura 6 
também destaca os demais seguintes, envolvidos diretamente na coleta de resíduos no caso 
da empresa Irmãos Preto Materiais de Construção Ltda., e que são: 
 um caminhão Chevrolet, modelo D60 ano 1981 equipado com um poliguindaste 
para manobra e transporte de caçambas estacionárias de 3 m3; 
 40 caçambas estacionárias metálicas com capacidade para de 3 m3. 
A necessidade de flexibilidade da produção de agregados reciclados em usinas 
pode ser bem ilustrada pelo caso do município de Socorro/SP, já que na época das chuvas 
aumenta a demanda para bica corrida para manutenção de estradas rurais, e em 
contrapartida diminui a demanda para areia e argamassa, já que este tipo de trabalho é 
dificultado pelas chuvas. 
Outra questão importante é que em época de chuvas o entulho permanece úmido, 
o que dificulta ou até pode vir a inviabilizar a britagem e o peneiramento, fato este que 
pode remeter à operação de um processo via úmida por completo, durante essa época. 
Então, neste caso, pode ser indicado um galpão para estocagem do material em local seco, 
ou mesmo um silo para estocagem do material já reciclado até a fração de areia com finos, 
para alimentar de forma independente a produção de areia reciclada lavada. 
 
 15
Também a utilização ou não de um moinho, para realizar a cominuição secundária 
dos resíduos classe A, após a sua britagem primária, pode ser desejável, toda a vez que se 
visa aumentar a produção de areia reciclada no processo ou, ainda, quando se visa tão 
somente, alimentar a produção de areia reciclada lavada, a partir de bica corrida reciclada 
previamente graduada e homogeneizada, como prescrito por Miranda (2005). 
 
 
OPERAÇÃO VIA SECA OPERAÇÃO VIA ÚMIDA
CLASSIFICADOR
ESPIRAL
L
> 25 mm
< 4,8 mm
> 2,4 mm
< 4,8mm
Areia reciclada
 lavada
< 2,4mm
K
H
J
E1
G
E2
POÇO DE
CAPTAÇÃO
DE ÁGUA
TANQUE DE 
ARMAZENAMENTO
BACIA DE 
SEDIMENTAÇÃO
C
F
D
< 25 mm
> 4,8 mm
E
IAreia reciclada com finos
< 4,8 mm
Bica corrida
> 25 mm
Bica corrida 
graduada
< 25 mm
> 4,8 mm
OPERAÇÃO SEM O 
MOINHO DE MARTELOS
8
A
1
2
3
4
5
7
10
6
9
B
0
Áreas de transbordo,
 triagem e estocagem
 
Figura 5 - Fluxograma de equipamentos em operação na Usina de Socorro/SP, no 
transcurso desta pesquisa. Legendas descritas na Tabela 4. 
 
 16
Tabela 4 - Descrição resumida dos equipamentos e operações relativas ao fluxograma 
apresentado na Figura 5. 
Descrição resumida de equipamentos e 
instrumentos auxiliares Descrição resumida das operações 
O – Áreas de transbordo, triagem e 
estocagem de RCC classe A. 
1 - Alimentador vibratório com capacidade 
da moega para 2 m3, mesa vibrante de 2 m 
x 0,40 m e capacidade para até 12 m3/h 
2 - Britador de mandíbulas marca Plang, 
modelo 30x20, com capacidade de 3,5 a 
6,5 m3/h de RCC. 
A - Alimentação de RCC triado, passando por uma 
catação manual e final diretamente na calha de 
alimentação do britador. 
B - RCC após operação de britagem primária sendo 
encaminhado para a peneira vibratória primária 
por operação de transporte em elevador de 
canecas. 
3 - Elevador de canecas com capacidade para 
transportar 5 m3/h a uma altura de até 6 m 
(39 canecas de 1,6 L e curso de 43 seg) 
4 - Peneira vibratória primária, com malha de 
abertura de 25 mm e 4,8 mm, de 1,20 m x 
3,0 m para produção estimada em 12 
m3/h. 
Separação por tamanho nas seguintes classes 
granulométricas: 
C - acima de 25 mm; 
D - entre 4,8 mm e 25 mm; e 
E - abaixo de 4,8 mm, subdividido em E1 e E2. 
5 - Moinho de martelos com boca de 670 mm 
x 160 mm, capacidade de produção entre 
5 a 8 m3/h 
6 - Elevador de canecas com capacidade para 
transportar 10,5 m3/h a uma altura de até 4 
m (28 canecas de 1,6 L e curso de 15,4 
seg); 
F - Operação opcional de redução por moagem e 
realimentação por operação de transporte em 
elevador de canecas para a peneira vibratória 
secundária (7). 
7 - Peneira vibratória secundária, com malha 
de abertura de 2,4 mm e área de 0,50 m x 
1,40 m. 
Separação por tamanho nas seguintes classes 
granulométricas: 
G - entre 4,8 e 2,4 mm; e 
H - abaixo de 2,4 mm. 
8 - Bomba d’água que abastece tanque de 
armazenamento, o tanque de 
empolpamento e o classificador espiral 
 
I – Alimentação de água no tanque de 
empolpamento e no tanque do classificador 
espiral. 
J – Pré-umidificação da areia reciclada com finos 
passante em malha de 2,4 mm de abertura, para 
alimentação do classificador espiral. 
9 - Tanque de empolpamento (30 L) 
10 - Classificador espiral (comprimento do 
eixo = 3,50 m; diâmetro da espira = 23 
cm; rotação do eixo = 26 rpm). 
Separação por tamanho nas seguintes classes 
granulométricas: 
K – Descarga da lama (resíduo da lavagem da areia 
com finos < 75 μm); 
L – Descarga de areia reciclada lavada, com 
partículas abaixo de 2,4 mm e até 75 μm. 
 
 
 17
 
 
Moinho de martelos Peneira vibratória 
secundária e caixa de 
empolpamento 
Elevador de canecas 
primário 
 
Pá-carregadeira Britador de mandíbulas 
 
Peneira vibratória Alimentador vibratório 
 
Caminhão com poliguindaste Caçambas estacionárias R
en
at
o 
A
ug
us
to
 N
as
ci
m
en
to
, 2
00
6 
 
Figura 6 - Equipamentos em operação na Usina de Socorro/SP, pela Irmãos Preto. 
 
 
 18
O processo piloto foi caracterizado por medidas de balanço de massa e de tomada 
de amostras. Ao todo, foram produzidos cerca de 132 m de areia reciclada lavada, em um 
período de quatro meses. 
3
A análise da qualidade da areia reciclada lavada obtida foi restrita 
ao teor de finos abaixo de 75 μm, por se tratar da variável de maior interesse nesta etapa de 
desenvolvimento do estudo. O teor de finos < 75 μm nas areias lavadas resultou muito 
baixo, entre 0,4% e 1,9% (massa de areia seca), para 41 amostras coletadas em 11 dias de 
amostragem do processo. Outros critérios acerca da qualidade de areias recicladas podem 
ser consultados em Selmo (2005), Miranda (2005) ou Nascimento (2006).
3.2 Diagnóstico e recomendações para o desenvolvimento da escala comercial 
Este item tem por objetivo apresentar e analisar alguns aspectos mercadológicos e 
operacionais importantes, para bem encaminhar as recomendações de escala comercial do 
processo junto à Usina de Socorro/SP, visando-se principalmente dar suporte aos estudos 
finais, de sustentabilidade econômica e ambiental, que são agora objeto da pesquisade 
Florêncio (2005). 
Em termos de estudo de implantação deste novo processo, este item contempla 
ainda os aspectos gerais de funcionamento da usina, os quais devem assegurar as 
expectativas do investimento comercial. 
Em princípio, seria complexo estabelecer a autonomia do processo, a longo prazo, 
uma vez que não se pode prever a disponibilidade de obras de construção e demolição. 
Todavia, os números de geração per capita de RCC estão sendo cada vez melhor 
levantados e divulgados, como foi possível apresentar em Nascimento (2006), e este índice 
deve inicialmente balizar a produção da usina em questão, como está apresentado, mais 
adiante. 
Quanto ao mercado para materiais reciclados este é ainda incipiente, mas, no caso 
particular da Usina de Socorro/SP, já existe um mercado para os agregados produzidos por 
processo via seca, e boas perspectivas para o desenvolvimento da areia reciclada lavada, o 
que também está sendo analisado e evidenciado pelo desenvolvimento a seguir. 
3.3 Considerações sobre o mercado de agregados para construção civil 
Como observa Carneiro (2001), numa economia de mercado, o agregado reciclado 
só será uma alternativa atrativa no momento em que apresentar qualidade e preço 
competitivo em relação aos agregados naturais. 
Ainda que as grandes metrópoles e pequenas cidades brasileiras sejam muito 
 
 19
diferentes nos seus aspectos econômicos e urbanos, pode ocorrer que o mercado de 
agregados seja similar em ambos os tipos de cidade, pois aquele depende da localização e 
características da cidade. Este é o caso, por exemplo, dos municípios de São Paulo e de 
Socorro, no Estado de São Paulo, pois verifica-se que em ambos o mercado de agregados 
não é muito diferente. Em Nascimento (2006), consta uma análise do mercado de areia 
para construção civil, na RMSP, a partir dos trabalhos de Rangel (1997), Whitaker (2001), 
Valverde (2001, 2004) e Baraldi et al (2002). Através desta análise, projetou-se um 
consumo per capita de areia para a cidade de Socorro/SP e que foi admitido como 
indicador econômico de referência para o dimensionamento do processo, mais adiante 
resumido, no item 3.4.2. 
3.4 Análise do mercado desenvolvido pela empresa proprietária da Usina de 
Socorro/SP 
Considera-se oportuno analisar o histórico do desenvolvimento de mercado dos 
agregados reciclados comercializados pela microempresa Irmãos Preto Materiais de 
Construção Ltda. ME, pois deve também subsidiar o dimensionamento do processo via 
úmida para a produção de areia reciclada lavada, em escala comercial. 
3.4.1 Avaliação inicial dos registros de coleta, beneficiamento e comercialização 
No período de agosto de 2000 a maio de 2006, cerca de 28.488 m3 de entulho 
foram coletados pela Usina de Socorro/SP, através de caçambas de 3 m3. Desse total, cerca 
de 12.440 m3 (44%) foram beneficiados e comercializados, da seguinte forma: 
 8.071 m3 (64,88%) de areia reciclada com finos, obtida por processo via seca; 
 4.274 m3 (34,36%) de bica corrida reciclada, também produzida via seca; e 
 95 m3 (0,76%) de areia reciclada lavada, produzida por processo via úmida em 
escala piloto. 
A Figura 7 informa a variação de volume mensal resíduos de construção civil, 
coletados pela Usina de Socorro/SP, durante o período citado. O traço azul mostra as 
variações no volume mensal de RCC coletado, e o traço vermelho as flutuações no volume 
mensal total reciclado como agregado para argamassa de assentamento de tijolos e como 
bica corrida, para execução de camada de revestimento de vias de terra (cascalhamento). 
 
 20
p g g ( )
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
ag
o/
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5
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06
ab
r/0
6
Período
Vo
lu
m
e 
(m
3 )
RCC coletado (m3)
total reciclado e comercializado (m3)
FASE 1 FASE 2 FASE 3
 
Dados fornecidos pela IRMÃOS PRETO Materiais para Construção Ltda. – ME e tratados pelo autor, 2006 
Figura 7 - Volume mensal de RCC coletado pela empresa, na cidade de Socorro/SP, e 
o volume mensal total reciclado como agregados para a construção civil. 
A Fase 1 diz respeito ao início da operação comercial e ocorreu entre agosto/2000 
e outubro/2002. O período de novembro de 2002 a dezembro de 2005 foi chamado e 
diferenciado como Fase 2, porque atuou na cidade um coletor de entulho concorrente, e o 
volume mensal de coleta pela Usina de Socorro/SP sofreu uma queda considerável. Em 
dezembro de 2005, o coletor concorrente encerrou atividades na cidade, e admitiu-se então 
ter iniciado uma nova fase comercial da empresa, a Fase 3, e que é a atual. 
Conforme dados e outras justificativas que constam em Nascimento (2006), 
apenas nos 14 meses finais da Fase 1 (set/2001 a out/2002), é que se considera ter ocorrido 
uma estabilidade no volume de RCC coletado pela empresa, e para ele obtém-se o valor de 
coleta mensal média de RCC igual a 610 m3/mês, com uma composição provável 
distribuída conforme a Figura 8. 
 
 
 21
Beneficiado 
(classe A) 
Bica corrida 
reciclada
13%
(78 m3/mês)
Beneficiado 
(classe A) 
Areia reciclada com 
f inos
24%
(147 m3/mês)
Recicláveis
 (classe B)
30%
(183 m3/mês)
Rejeitados
 (classe C e D)
10%
(61 m3/mês)
Não beneficiado
 (classe A)
23%
(141 m3/mês)
 
Dados fornecidos pela IRMÃOS PRETO Materiais para Construção Ltda. – ME, 2006 
Figura 8 – Distribuição estimada do volume médio mensal de coleta de RCC, pela 
empresa proprietária da Usina de Socorro/SP, entre set/2001 e out/2002. 
Dos 610 m3/mês de RCC coletados, por operação normal da empresa, cerca de 
30%, ou 183 m3/mês, são estimados como correspondentes a resíduos classe B: madeira, 
papel, vidro, plástico e metais; e são separados e vendidos para outras empresas de 
reciclagem. O equivalente a 10%, ou 61 m3/mês, são considerados resíduos não recicláveis 
(classe C ou D) e encaminhados para o aterro sanitário ou aterro adequado. A parcela 
considerada como resíduos da classe A, corresponde a 366 m3/mês e tem a distribuição de 
produtos reciclados indicada na Figura 8. 
Devido ao município não possuir áreas para disposição legal de RCC, conforme 
define a NBR 15113 (NBR,2004), e como o mercado de agregados reciclados é bastante 
restrito, a parcela de 23% de RCC classe A apenas é segregada e triada e segue, quando 
possível, para obras de aterro. Com a perspectiva de expansão do mercado de agregados 
reciclados, pela produção de areia reciclada lavada de qualidade melhor controlada, este 
percentual excedente pode ser mantido no ciclo da cadeia da Construção Civil. 
Assim, neste trabalho foi adotado o valor médio dos volumes mensais coletados 
nos 14 meses resumidos pela Figura 8, como referência para as análises relativas à geração 
de resíduos na cidade, e extrapolado para o ano 2005 e para as projeções no item 3.4.2. 
3.4.2 Análise da consistência dos dados estimados de beneficiamento em relação à 
geração per capita de RCC 
No período tomado como referência de operação comercial normal da empresa, de 
setembro de 2001 a outubro de 2002, foram coletados 8.550 m3, projetando-se uma média 
anual de 7.329 m3/ano, e um volume anual per capita de 0,335 m3 ou 402 kg/hab-urb.ano, 
 
 22
sabendo-se que a população urbana em 2002 era de 21.872 habitantes. 
Agora, extrapolando estes dados para o ano de 2005, quando a população urbana 
era de 23.204 habitantes, pode-se estimar que a geração de RCC na área urbana foi de 
7.773 m3, e ainda, se considerada que a população total era 33.779 habitantes, a geração 
total no município foi de 11.316 m3. 
Analisando-se os dados fornecidos pela Irmãos Preto, verificou-se que a coleta de 
RCC se dá somente no meio urbano, ea percentagem da população urbana que era cerca 
de 65% em 2001, chegou a atingir 69% em 2005, com um crescimento praticamente linear 
de aproximadamente 1% ao ano, segundo dados fornecidos pela Fundação Sistema 
Estadual de Análise de Dados (SEADE). 
De acordo com o discutido neste item, pode então ser concluído que os valores de 
coleta mensal média de RCC para o município e a área urbana de Socorro/SP resultam 
iguais a 943 m3/mês e 648 m3/mês, respectivamente. 
Se tomada a densidade de massa aparente de RCC igual a 1.200 kg/m3, por 
estimativa de Cunha Jr. (2005), é possível então fazer as seguintes previsões: 
 geração urbana anual de RCC (para o ano de 2005) = 7.773 m3 ou 9.327.600 kg, 
 geração de RCC per capta (23.204 hab) = 402 kg/hab.ano. 
3.4.3 Resumo de dados do dimensionamento proposto 
Conforme estudado por Nascimento (2006) e resumido na Tabela 5, a capacidade 
mínima de reciclagem recomendada para a Usina de Socorro/SP, para atender a área 
urbana, é de 4.668 m3/ano. 
Mas, se a empresa passar a coletar também na zona rural, pode-se estimar que a 
parcela de resíduos classe A disponível para a Usina alcance 6.792 m3/ano. 
 
 23
Tabela 5 - Resumo relativo aos critérios adotados para o dimensionamento da 
produção de areia reciclada lavada para argamassas não estruturais, pela Usina de 
Socorro/SP. 
Projeção de volume médio 
mensal de beneficiamento para 
produção de areia reciclada 
lavada 
Critérios para o 
dimensionamento do 
processo via úmida 
m3/h m3/dia m3/mês m3/ano
Base de cálculo 
a) Volume 
mensal médio 
histórico* de 
vendas 
1,06 8,46 177,7 2 132 
Idade* da empresa: 
70 meses 
(ago/00 – mai/06) 
b) Produtividade 
mensal média 
atual 4,29 34,3 721 8 652 
10 meses de 
medições de 
horas-máquinas e 
de volume 
reciclado 
(ago/05 – mai/06) 
c) Capacidade 
instalada 6,5 52 1.092 13 104 
Projeções para as 
sugestões de 
modificação no 
processo 
d) Capacidade 
mínima 
recomendada 
2,31 18,5 389 4 668 
Volume mensal de 
RCC - A coletado, 
em operação 
estável 
(set/01 – out/02), 
projetado para 
2005, para a 
população urbana 
D
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U
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na
 
e) Capacidade 
projetada de 
reciclagem 
3,37 26,9 566 6 792 
Volume mensal de 
RCC – A coletado, 
em operação 
estável 
(set/01 – out/02), 
projetado para 
2005, para a 
população total 
Indicador 
econômico 
de 
referência 
f ) Capacidade 
do mercado 
de areia para 
argamassas 
12,38 99,05 2 080 24 960 Valverde (2004) e Rangel (1997) 
Notas: 
1 - Foram considerados para efeito de cálculo: 1 ano = 252 dias, 1 mês = 21 dias, 1 dia = 8 horas. 
2 - Os valores em negrito foram os que deram origem aos outros dados calculados
 
Como a estimativa de consumo de areia para argamassa no mercado local é de 
24.960 m3/ano, segundo detalhado em Nascimento (2006), a usina pode então ser capaz de 
abastecer cerca de 27% do mercado local, considerando que 100% do RCC classe A 
coletado na área total do município seja reciclado. 
Assim, este item e o seguinte fazem uma proposição final de operação do 
processo via úmida em escala comercial, pois foi possível localizar equipamentos com 
 
 24
portes compatíveis para a capacidade atual da usina, que é de pequeno porte. 
Partindo-se do dimensionamento dos equipamentos implantados na usina e da 
capacidade esperada do mercado, recomenda-se o dimensionamento final do processo para 
uma capacidade nominal de beneficiamento igual a 5 t/h de RCC classe A. Assim, as 
alterações propostas para os equipamentos atualmente implantados partem desta premissa. 
Considerados os dados de Miranda (2005) e medidas finais no processo via úmida 
piloto estudado pelo presente trabalho, pode-se assumir que cerca de 73% a 79% da 
produção é referente à areia reciclada lavada (base seca), com granulometria predominante 
entre 2,4 mm e 75 μm, e a parcela restante se refere aos finos removidos pela lavagem da 
areia (base seca). 
Portanto, os dados do dimensionamento podem ser assim resumidos: 
 a região de atuação é a total do município com 33.779 habitantes; 
 a geração estimada de RCC é igual a 402 kg/hab.ano, equivalente a 13.579.158 
kg/ano ou 11.316 m3/ano ou ainda a 1.131.596 kg/mês ou 943 m3/mês; 
 60% da geração de RCC é classe A (8.147.495 kg/ano); 
 o total de RCC a ser beneficiado como areia reciclada para argamassas é então de 
8.147.495 kg/ano ou 6.790 m3/ano (considerado a densidade de massa aparente 
igual a 1,2 t / m3), também equivalentes a 679 t/mês ou 566 m3/mês; 
 a quantidade horária máxima de RCC classe A à reciclar é então de 5 t/h, admitidos 
21 dias por mês e 6,5 horas de trabalho diárias; 
 a quantidade de areia reciclada lavada15 (79%), com granulometria de 2,4 mm a 75 
μm, em base seca resultará igual 3,95 t/h ou 3,3 m3/h; e 
 e o volume de lama densificada (21%), com finos abaixo de 75 μm e com 65 % de 
sólidos16 deve resultar em torno de 1,05 t/h ou 1,05 m3/h (base seca) . 
3.4.4 Área de implantação, planta e fluxograma geral do processo idealizado 
A proposta se refere à instalação do processo via úmida na Usina de Socorro/SP, 
de propriedade da Irmãos Preto Materiais de Construção Ltda., instalada em 5.824 m2 de 
terreno plano e a 3 km do centro da cidade, por fácil acesso. 
A planta baixa da implantação sugerida para a usina via úmida está ilustrada na 
Figura 9 e o fluxograma específico do processo consta na Figura 10. As operações de 
separação sólido-água indicadas precisam ainda ser dimensionadas do ponto de vista 
 
15 Dados de Miranda (2005), analisados na Fase 1, da sua pesquisa. 
16 Valor estimado pelo fabricante do equipamento. 
 
 25
técnico e econômico, pois se tratam de equipamentos de alto investimento. 
 
 
PILHAS < 1.600m3
DE RCC
ESTOCADO
ADMINISTR.
ÁREA DE 
TRIAGEM E
ARMAZENAMENTO
DE RECICLAVEIS
ÁREA
COBERTA
R
en
at
o 
A
ug
us
to
 N
as
ci
m
en
to
, 2
00
6 
CONTROLE DE 
ENTRADA DOS
RESÍIDUOS 
RECEBIDOS
1
3
2
4
5
LEGENDA
2 - RCC classe B, C e D
3 - RCC classe A encaminhado para área coberta
4 - Área de passagem de RCC classe A
5 - Área de saída de produtos reciclados
1 - Entrada de RCC
ESPESSADOR
DE LAMELAS
ALIMENTADOR
VIBRATÓRIO
BRITADOR DE
MANDÍBULAS
MOINHO DE 
MARTELOSESTEIRA
SECUNDÁRIA
PENEIRA 
VIBRATÓRIA
CONJUNTO 
DOSADOR DE 
POLÍMEROS CLASSIFICADOR
ESPIRAL
ESTEIRA
PRIMÁRIA
PRENSA 
DESAGUADORA
0 5 10m 20m
ÁREA 
OPCIONAL 
PARA 
ESTOQUE DE 
OUTRAS 
FRAÇÕES
FINOS
< 0,075 mm
AREIA RECICLADA 
LAVADA MÉDIA
< 2,4 mm
> 0,075 mm
 
Figura 9 - Planta baixa do processo via úmida sugerido para a produção de areia 
reciclada lavada, na Usina de Socorro/SP. 
 
 
 
 
 26
R
en
at
o 
A
ug
us
to
 N
as
ci
m
en
to
, 2
00
6 
BRITADOR 
DE
MANDÍBULAS
ALIMENTADOR 
VIBRATÓRIO
# 25 
mm
SEPARADOR
MAGNÉTICO
# 4
,8 m
m
# 2
,4 m
m
AREIA RECICLADA
LAVADA GROSSA
< 4,8 mm
> 2,4 mm
CONJUNTO DE 
PREPARAÇÃO E
DOSAGEM DE 
POLÍMEROS
FINOS
< 0,075 mm
PRENSA 
DESAGUADORA
ABASTECIMENTO 
DE ÁGUA
TANQUE DE 
EMPOLPAMENTO
TANQUE DE 
ARMAZENAMENTO
DE ÁGUA DE REÚSO
ESPESSADOR 
DE LAMELAS
AREIA 
RECICLADA 
MÉDIA
< 2,4mm
> 0,075 mm
DESMONTE E TRIAGEM
BRITADOR 
DE
IMPACTO
VIA SECA
VIA ÚMIDA
ESTEIRA TRANSPORTADORA
BOMBA DE RECALQUE
LEGENDA
ASPERSORES
 
Figura 10 - Exemplo de fluxograma proposto para a produção de areia reciclada 
lavada, havendo necessidade de análise técnica e econômica, quanto ao tratamento 
dos finos e à reciclagem da água no processo. 
3.4.5 Recomendações para desenvolver o plano de negócios 
A exemplo do que foi sugerido desde Baraldi et al (2002), a ampliação do 
mercado de areia reciclada lavada deve ser feita por estratégias de educação sócio-
ambiental, juntoà população potencialmente geradora de resíduos ou da clientela 
consumidora do produto, e algumas sugestões estão apresentadas no item 3.4.7. 
O plano de negócios deve ter como objetivo estruturar as principais idéias e 
opções a serem analisadas, para se decidir quanto à viabilidade da empresa a ser 
modificada. Este documento pode ainda ser utilizado para a solicitação de empréstimos e 
financiamento junto a instituições financeiras, bem como para expansão da empresa. 
Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 
(SEBRAE), um plano de negócios17 tem as seguintes funções: 
 avaliar o novo empreendimento do ponto de vista mercadológico, técnico, 
financeiro, jurídico e organizacional; 
 
17 Disponível em: www.sebrae.com.br . Consulta em 12 mai 2006. 
 
 27
 avaliar a evolução do empreendimento ao longo de sua implantação: para cada um 
dos aspectos definidos no plano de negócios, o empreendedor poderá comparar o 
previsto com o realizado; 
 facilitar, ao empreendedor, a obtenção de capital de terceiros, quando o seu capital 
próprio não é suficiente para cobrir os investimentos iniciais. 
Por fim, cabe recomendar que a empresa persista na interlocução com a Prefeitura 
da cidade de Socorro/SP para que a mesma providencie, em seu Plano Diretor, o Plano 
Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, conforme estabelece a 
Resolução CONAMA 307 (BRASIL, 2002), com vistas a promover melhores condições e 
garantias, para o necessário retorno dos seus investimentos e da pesquisa acadêmica, até 
aqui aplicados no serviço de coleta e de beneficiamento, pela empresa proprietária e 
pesquisadores citados. 
3.4.6 Critério econômico básico de viabilidade do processo 
No tocante à viabilidade de funcionamento da usina de reciclagem, esta deve 
partir dos seguintes itens de receita: 
 recebimento e aceitação de RCC na usina; e 
 vendas de produtos reciclados. 
Na avaliação de adequação de uma usina, Mancini; Clerici e Garmarino (2004) 
consideram, pelo menos uma variável a mais: a quantidade de resíduo a reciclar, uma vez 
que “uma matéria-prima pobre” só pode justificar um tratamento complexo, se disponível 
em grandes quantidades. 
Para estudar a viabilidade de um negócio de reciclagem, Pereira (2002) adotou um 
modelo simplificado de viabilidade para preços e custos totais (anuais), como a seguir 
explicado. 
Pelo modelo, o processo de reciclagem é considerado viável quando as receitas 
provenientes do processo de reciclagem superam os custos associados à operação da 
central de reciclagem. Assim, é possível escrever a Equação 1, de equilíbrio financeiro do 
negócio: 
(RE + RV) > (CF + CV) + margem de lucro da usina Equação 1 
Onde: 
RE = Total de receita devida à entrada de RCC na usina de reciclagem; 
RV = Total de receita proveniente da venda de agregados reciclados; 
CF = Total de custo fixo ou de capital, como despesas iniciais, tais como compra 
 
 28
de máquinas e equipamentos e custos fixos gerais relativos ao terreno e à manutenção da 
usina; e 
CV = Total das despesas variáveis, como manutenção das máquinas, mão-de-
obra, consumo de energia elétrica, água e telefone, entre outras. 
3.4.7 Recomendações finais para desenvolver o mercado de areia reciclada 
lavada 
As seguintes recomendações podem ser resumidas, para o desenvolvimento de 
mercado da areia reciclada lavada para argamassas, pela Usina de Socorro/SP: 
 controlar de forma contínua e informar o consumidor sobre as características de 
qualidade da areia reciclada lavada, por exemplo, quanto à densidade aparente, ao 
teor de umidade, ao teor de finos abaixo de 75 μm e outras de natureza química que 
possam indicar o teor de minerais inertes nesse agregado; 
 dar preferência à comercialização na forma ensacada, a fim de que possa ser 
utilizada sem a necessidade de peneiramento, nem de pré-saturação intensa, e 
também para que possa ser acompanhada das necessárias instruções de uso ao 
consumidor; 
 colaborar e atuar de forma contínua em programas de educação ambiental da 
população geradora de RCC, quanto à importância da cooperação na segregação 
desses resíduos, na sua origem; 
 colaborar e atuar de forma contínua em programas de capacitação da mão-de-obra 
usuária da areia reciclada lavada em argamassas e que possam ser desenvolvidos de 
forma cooperativa com instituições especializadas nesse tipo de treinamento; e 
 pesquisar continuamente as possibilidades para reduzir os custos de produção da 
areia reciclada lavada, para poder ofertá-la a preço cada vez mais competitivo no 
mercado local de agregados. 
Por fim e sempre que possível, estimular o desenvolvimento de novas aplicações para 
essa areia e que possam promover maior valor agregado às atividades de reciclagem da 
usina, sem prejuízo das metas de responsabilidade social e ambiental da empresa 
gestora. 
 
 29
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Como considerações finais deste trabalho destacam-se os dois tópicos seguintes, 
agrupados pelos itens 4.1 e 4.2. 
4.1 Sobre os processos via seca e via úmida, de classificação de agregados reciclados 
de RCC 
Este boletim, assim como a dissertação de Nascimento (2006), apresentou um 
estado da arte inédito, em relação a máquinas e equipamentos aplicados a processos de 
reciclagem, conforme conteúdo de vários itens do item 3. 
Os processos de classificação usuais são via seca e, apesar de simples, exigem 
cuidados que são peculiares do material a ser tratado. As máquinas devem ter capacidade 
de tratamento adequada e estarem bem balanceadas, de forma que possam processar os 
resíduos da construção classe A, com as devidas operações necessárias e para se obter o 
produto final com os requisitos de aplicação na construção civil. 
Todavia, os processos de beneficiamento via úmida apresentam diversas 
vantagens do ponto de vista da qualidade e uso dos agregados, pois minimizam a presença 
de partículas finas, de outros contaminantes na superfície das partículas e ainda promovem 
condições de pré-saturação dos agregados, muito mais adequadas para o seu emprego em 
misturas cimentícias. Assim, existe a possibilidade de um aumento do valor agregado do 
produto final reciclado. 
Conforme as questões geográficas e urbanas em que se localizem as usinas de 
reciclagem, no Brasil, os processos via úmida podem ter boas perspectivas para se 
desenvolverem. 
4.2 Sobre a escolha final do processo via úmida a ser implementado na Usina de 
Socorro/SP 
Para o processo via úmida, objeto de estudo neste trabalho e descrito no item 3.1, 
recomenda-se confirmar as operações de produção da polpa, na entrada no processo, para 
outras escalas de produção. As técnicas de pré-homogeneização do RCC e da areia 
reciclada com finos precisam ser ainda aperfeiçoadas pela empresa, bem como as de pós-
homogeneização da areia reciclada lavada, já que a empresa teve limitações para aplicar as 
sugestões de Miranda (2005), tanto no que concerne à exclusão de solos do processo 
quanto à pós-homogeneização automatizada, da areia reciclada lavada. 
Como a gama comercial de equipamentos para realizar processos de classificação 
 
 30
de areias recicladas até 75 μm é muito grande, e o mesmo ocorre para equipamentos de 
separação sólido-água, mesmo o que foi estudado (classificador espiral) e os demais 
exemplificados, neste trabalho, precisam ser avaliados do ponto de vista da 
sustentabilidade comercial do processo, em maior escala, sem perder de vista outras 
tecnologias aqui não contempladas. 
Há ainda que se resolver às questões relativas à destinação dos finos gerados pelo 
processo de lavagem, na forma de lama, a recuperação da água e a sua reutilização no 
processo, o que foi bem encaminhado por esta pesquisa através do projeto de Florêncio 
(2005), em início de desenvolvimento. 
O grande desafio será estabelecer parcerias para testar ou desenvolver 
equipamentos de

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