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Colégio Militar de Santa Maria Resenha Senhora, José de Alencar Aluna: Pereira Turma: F4 2º ano Santa Maria, 23 de março de 2020. Resenha do Livro “Senhora” Rebuscado, detalhado e inspirador, o romance de José de Alencar foi lançado inicialmente em 1874 nos folhetins (narrativas seriadas publicadas nos rodapés dos jornais muito populares até o surgimento do rádio) e já no ano de 1875 teve sua primeira edição publicada. Iluminando o coração de inúmeras moças da época, o livro Senhora até hodiernamente encanta, sendo que os possuintes de uma alma mais apaixonada suspiram e de quando em quando soltam uma lágrima ou outra. Escrito inteiramente em terceira pessoa do singular, Senhora apresenta um narrador onisciente que julga, avalia e até debocha das ações e pensamentos das personagens. Decorrido no século XIX, durante o período do Segundo Reinado, o autor expõe uma realidade distinta da vivida na contemporaneidade, essa não chega a ser obliqua, pois, alguns traços perduram-se e podem ser notados, tais como o tema central que é o casamento por interesse existente ainda em algumas parcelas sociais. José explicita sem escrúpulos a superioridade do homem, que na sociedade em questão era algo natural. Além dessa influência notória é importante considerar que nesse contexto, aconteciam transições fundamentais nos âmbitos político, social e cultural visto que o fenômeno essencial relacionado à narrativa é a urbanização intensa que estava ocorrendo com a expansão industrial. José de Alencar capturou perfeitamente o estilo romântico e foi um dos escritores que mais se aproximou de tal. Utilizando de exacerbadas descrições, ele situa o leitor no ambiente, como se este estivesse no lugar vivendo lado a lado com as personagens, assim como demonstra a seguinte frase: “ É uma sala em quadro, toda ela de uma alvura deslumbrante, que realçavam o azul celeste do tapete de riço recamado de estrelas e a bela cor de ouro das cortinas e do estofo dos móveis. ” (Alencar: 2015, p.95). Além dessas, Alencar abusa das metáforas e ironias, a primeira nota-se desde a primeira linha em que se refere à personagem principal como “uma nova estrela”, e o segundo elemento é notado tanto nas falas das personagens como nas observações do narrador. Composto por parágrafos e frases rebuscados, o livro tinha como público alvo a aristocracia e burguesia do século XIX e principalmente as mulheres por atingir tanto o lado emocional, do deslumbramento e dos sonhos. Luta da mulher pelo amor e pela liberdade. Sintetizando o livro em apenas uma frase, não se encontra outra melhor que essa. Além da independência feminina, a ascensão social a todo custo e o casamento forçado são os outros temas constantemente abordados pelo autor que envolve o leitor por meio do constante suspense e das questões em haver que deixa para responder capítulo mais tarde, aguçando a curiosidade. O estilo alencariano cativa a leitura usufruindo da descrição física seguindo de uma ruptura posteriormente pelo lado emocional da personagem, Cavalcante Proença, romancista do século XX, aborda tal característica na frase: “ o físico é que define as personagens de Alencar ”. Estruturado em quatro partes, o livro é dividido em: “O Preço”, “Quitação”, “Posse” e “Resgate”. Na primeira parte é apresentada as personagens principais que participam da história, entre elas: Aurélia Camargo, que o nome remete à áurea (ouro) devido sua riqueza; Fernando Seixas, moço de boa educação e costumes nobres que, contudo, não era rico; Dona Firmina Mascarenhas, senhora viúva que tinha como função vigiar a Aurélia, sendo considerada “guarda-moça” e por fim, Lemos, tio de Aurélia que cuidava dos negócios da sobrinha. Na “Quitação” é contada a história da vida de Aurélia desde a união de seu e pai e sua mãe até os dias que em que a história se passa. Nas duas últimas partes, o assunto principal abordado é a vida de Aurélia e Fernando. Aurélia Camargo, órfã de pai e mãe teve uma humilde vida até cerca de seus 18 anos, quando recebeu a herança de seu avô por parte de pai, com o qual teve contato nos últimos dias de sua existência. Dessa forma, começou a participar de todos os eventos sociais, tais como peças teatrais e bailes. Nestes ela recebia muita notoriedade decorrente do seu aparecimento repentino e da sua beleza arrebatadora, os quais abalavam o coração de muitos moços que lançavam olhares e galanteios ininterruptos à menina, cujos quais não eram correspondidos já que ela acreditava que tal distinção não passava de um pretexto para que pudessem se apossar de sua fortuna. Desde muito nova, Aurélia era uma menina persuasiva e independente, não aceitando alvitres das demais pessoas, sendo que quando decidiu casar-se não houve ninguém que a aconselhou, foi uma decisão única e exclusivamente dela. O pretendente já havia sido escolhido quando a menina comunicou seu arbítrio ao tio, o Senhor Lemos. Quem cuidou de toda a transação foi justamente este, que foi ordenado de não revelar a noiva antes da proposta ser aceita com um dote de 100 contos de réis. O escolhido pela moça era Fernando Seixas, homem de bons costumes que, contudo, não era rico. Este aceitou a oferta mesmo já estando comprometido a casar-se com outra com a mulher, porém, a família desta oferecia-lhe um dote inferior. Seixas aceitou a proposição porque não queria perder sua vida estável e confortável. Em menos de um mês da proposta ser aceita, houve o casamento que, naquela época, a consumação se dava pela noite de núpcias, a qual não ocorreu. Aurélia e Fernando tiveram um romance anos antes dela ter recebido a fortuna, eles realmente compartilhavam de um amor descomunal que foi interrompido quando ele a deixou justamente para ficar com a mulher que a família oferecia o dote. A ação destruiu Aurélia porque ela nunca imaginou que seu amado a trocaria por dinheiro. Anos decorridos, após o casamento, na noite de núpcias, a moça definiu que a relação não passara de um mero acordo comercial já que ele havia aceitado o dinheiro sem nem mesmo conhecer a pretendente. A partir dessa situação eles compartilharam de uma rotina inundada de ironias e deboches, mascarados por uma falsa felicidade à sociedade. Entretanto, em um momento e outro, quando iam à bailes ou peças de teatro escapava um sentimento de amor que eles há tanto tempo relutavam para esconder. Cerca de seis meses após a cerimônia de casamento, a esposa já não conseguia mais acobertar o que sentia pelo marido, dessa forma intensificou as zombarias e gozações não se importando mais com a opinião social. Seixas, já exausto, consegue recuperar o dinheiro do dote e propõe a separação à mulher e esta concorda. Quando Fernando ia passando pela câmara nupcial em direção ao seu aposento, Aurélia ajoelha-se no chão suplicando a mão dele, confessando-o seu amor e dizendo-lhe que sempre o quis. Seixas, que até então chamava a esposa de “Senhora” usa o pronome de tratamento “Tu”, definido a reconciliação dos amantes. Feita a harmonia, o casamento finalmente é consumado. Com base no que foi apresentado, acredita-se que o referido livro tem um papel essencial na construção pessoal do leitor, tanto por abrir horizontes na área sentimental quanto em relação à vocabulário e atenção. Mesmo que a história apresente um suspense demasiado, José de Alencar abrange um novo mundo de possibilidades, esperanças e finais felizes, o que muitas vezes faltam no cotidiano moderno com a correria e liquidez dos relacionamentos. Da mesma forma, o romance auxilia no enriquecimento de vocabulário e na persuasão do leitor, já que para este saber o final, depois de toda excitação é preciso ler o livro. Sendo assim, é relevante igualmente a maneira como o autorretrata a figura feminina, que mesmo sendo um tanto rendida no final da obra, há traços muito fortes de independência o que para a sociedade da época é algo revolucionário. Fontes: ALENCAR, José de. Senhora. 5. ed. São Paulo: Moderna, 2015. DE PASSAGEM. Resenha: Senhora, de José de Alencar. Disponível em: https://depassagem.blog/2013/10/23/resenha-senhora-jose-de-alencar/. Acesso em: 22 mar. 2020. TODA MATÉRIA. Como fazer uma resenha crítica. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/resenha-critica/. Acesso em: 21 mar. 2020. SPINELLI, Daniela. A dialética texto e contexto em Senhora, de José de Alencar ou considerações sobre Literatura e Sociedade, de Antonio Candido. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/kaliope/article/view/7452/5441. Acesso em: 21 mar. 2020. WIKIPEDIA. Romantismo no Brasil. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo_no_Brasil#Jos%C3%A9_de_Alencar. Acesso em: 20 mar. 2020. WIKIPEDIA. Romantismo. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo. Acesso em: 20 mar. 2020. WIKIPEDIA. Senhora (romance). Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Senhora_(romance). Acesso em; 20 mar. 2020. THIENGO, Mariana. O perfil da mulher no romance Senhora, de José de Alencar. Disponível em: http://saber.unioeste.br/index.php/travessias/article/viewFile/3016/2362. Acesso: 21 mar. 2020. LENDO.ORG. Modelos de resenha em PDF. Disponível em: https://www.lendo.org/baixar-modelos-resenha/. Acesso em: 20 mar. 2020. https://depassagem.blog/2013/10/23/resenha-senhora-jose-de-alencar/ https://www.todamateria.com.br/resenha-critica/ https://revistas.pucsp.br/kaliope/article/view/7452/5441 https://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo_no_Brasil#Jos%C3%A9_de_Alencar https://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Senhora_(romance) http://saber.unioeste.br/index.php/travessias/article/viewFile/3016/2362 https://www.lendo.org/baixar-modelos-resenha/
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