Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Giselle Medeiros da Costa One Adriana Gomes Cezar Carvalho (Organizadores) & : os desafios do mundo contemporâneo 2 IMEA João Pessoa - PB 2018 Instituto Medeiros de Educação Avançada - IMEA Editor Chefe Giselle Medeiros da Costa One Corpo Editorial Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque Julianne Freitas Moreno Adriana Gomes Cezar Carvalho Revisão Final Ednice Fideles Cavalcante Anízio FICHA CATALOGRÁFICA Dados de Acordo com AACR2, CDU e CUTTER Laureno Marques Sales, Bibliotecário especialista. CRB -15/121 Direitos desta Edição reservados ao Instituto Medeiros de Educação Avançada – IMEA Impresso no Brasil / Printed in Brazil One, Giselle Medeiros da Costa. O59n Nutrição e Saúde: os desafios do mundo contemporâneo, 2./ Organizadores: Giselle Medeiros da Costa One; Adriana Gomes Cezar Carvalho 1203 fls. Prefixo editorial: 53005 ISBN: 978-85-53005-02-4 (on-line) Modelo de acesso: Word Wibe Web <http://www.cinasama.com.br> Instituto Medeiros de Educação Avançada – IMEA – João Pessoa - PB 1. Nutrição clínica 2. Transtornos alimentares 3. Alimentação lactante 4. Terapia Nutricional I. Giselle Medeiros da Costa One II. Adriana Gomes Cezar Carvalho III. Nutrição e Saúde: os desafios do mundo contemporâneo, 2 CDU: 612.3 IMEA Instituto Medeiros de Educação Avançada Proibida a reprodução, total ou parcial, por qualquer meio ou processo, seja reprográfico, fotográfico, gráfico, microfilmagem, entre outros. Estas proibições aplicam-se também às características gráficas e/ou editoriais. A violação dos direitos autorais é punível como Crime (Código Penal art. 184 e §§; Lei 9.895/80), com busca e apreensão e indenizações diversas (Lei 9.610/98 – Lei dos Direitos Autorais - arts. 122, 123, 124 e 126) Todas as opiniões e textos presentes neste livro são de inteira responsabilidade de seus autores, ficando o organizador isento dos crimes de plágios e informações enganosas. IMEA Instituto Medeiros de Educação Avançada Av Senador Ruy Carneiro, 115 ANDAR: 1; CXPST: 072; João Pessoa - PB 58032-100 Impresso no Brasil 2018 Aos participantes do CINASAMA pela dedicação que executam suas atividades e pelo amor que escrevem os capítulos que compõem esse livro. “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original (ALBERT EINSTEIN).” PREFÁCIO A citação de Soren Kierkegaard no século XIX diz que a vida só pode ser comprrendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para frente. Esta é a proposta deste que apresenta diversidade sobre uma temática com abordagens variadas demonstrado ser um livro para contribuir com o conhecimento do leitor na área da saúde sob conteúdo dividido nos módulos de saúde, atenção a saúde, farmácia e saúde mental. O CINASAMA é um evento que tem como objetivo proporcionar subsídios para que os participantes tenham acesso às novas exigências do mercado e da educação. E ao mesmo tempo, reiterar o intuito Educacional, Biológico, Nutricional e Ambiental de direcionar todos que formam a Comunidade acadêmica para uma Saúde Humana e Educação socioambiental para a Vida. Os livros “NUTRIÇÃO E SAÚDE: os desafios do mundo contemporâneo 1, 2 e 3” tem conteúdo interdisciplinar, contribuindo para o aprendizado e compreensão de varias temáticas dentro da área em estudo. Esta obra é uma coletânea de pesquisas de campo e bibliográfica, fruto dos trabalhos apresentados no Congresso Nacional de Saúde e Meio Ambiente realizado entre os dias 17 e 18 de novembro de 2017 na cidade de João Pessoa-PB. Os eixos temáticos abordados no Congresso Nacional de Saúde e Meio Ambiente e nos livros garantem uma ampla discussão, incentivando, promovendo e apoiando a pesquisa. Os organizadores objetivaram incentivar, promover, e apoiar a pesquisa em geral para que os leitores aproveitem cada capítulo como uma leitura prazerosa e com a competência, eficiência e profissionalismo da equipe de autores que muito se dedicaram a escrever trabalhos de excelente qualidade direcionados a um público vasto. Esta publicação pode ser destinada aos diversos leitores que se interessem pelos temas debatidos. Espera-se que este trabalho desperte novas ações, estimule novas percepções e desenvolva novos humanos cidadãos. Aproveitem a oportunidade e boa leitura. SUMÁRIO NUTRIÇÃO CLÍNICA __________________________________________ 18 CAPÍTULO 1 ________________________________________________ 19 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR __________________________________________ 19 CAPÍTULO 2 ________________________________________________ 39 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL ______________________________________ 39 CAPÍTULO 3 ________________________________________________ 58 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL AO PACIENTE COM CÂNCER GASTRICO: DO DIAGNÓSTICO À ALTA HOSPITALAR _____________________________ 58 CAPÍTULO 4 ________________________________________________ 80 ATUAÇÃO NUTRICIONAL EM CUIDADOS PALIATIVOS: UM ESTUDO DE CASO _____________________________________________________ 80 CAPÍTULO 5 _______________________________________________ 100 ATUAÇÃO NUTRICIONAL NA ASSISTÊNCIA À PACIENTE COM ADENOCARCINOMA DE PRÓSTATA ____________________________ 100 CAPÍTULO 6 _______________________________________________ 120 ATUAÇÃO NUTRICIONAL NA ASSISTÊNCIA À PACIENTE COM DIAGNÓSTICO DE ADENOCARCINOMA DE ENDOMÉTRIO _______________________ 120 CAPÍTULO 7 _______________________________________________ 139 file:///D:/2017/livros%202017%202018/NUTRICAO%202%20VINICIUS%20%20(%20ALYNNE).docx%23_Toc506196027 ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL DE PACIENTE COM ADENOCARCINOMA DE ENDOMÉTRIO __________________________ 139 CAPÍTULO 8 _______________________________________________ 162 ESTADO NUTRICIONAL DE PACIENTES ONCOLÓGICOS PEDIÁTRICOS ANTES E APÓS TRATAMENTO DE BASE: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA _______ 162 CAPÍTULO 9 _______________________________________________ 184 A UTILIZAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO DO AMINOÁCIDO GLUTAMINA NO TRATAMENTO DO CÂNCER: UMA REVISÃO DA LITERATURA _________ 184 CAPÍTULO 10 ______________________________________________ 203 A EFICÁCIA DO USO DE FIBRAS DIETÉTICAS EM INDIVÍDUOS COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 ___________________________________ 203 CAPÍTULO 11 ______________________________________________ 220 ADESÃO AO TRATAMENTO DIETOTERÁPICO POR IDOSOS DIABÉTICOS PARTICIPANTES DO PROGAMA HIPERDIA EM UM MUNICIPIO DO SERTÃO PARAIBANO _______________________________________________ 220 CAPÍTULO 12 ______________________________________________ 253 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL, DE CONSUMO ALIMENTAR E DE SAÚDE DE IDOSOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO 2 NÃO INSTITUCIONALIZADOS ______________________________________ 253 CAPÍTULO 13 ______________________________________________ 273 DIABETES TIPO 2: POR QUE NÃO ADERIR AO TRATAMENTO DIETOTERÁPICO E QUAIS ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PELO NUTRICIONISTA PARA MELHOR ADESÃO? ____________________________________ 273 CAPÍTULO 14 ______________________________________________ 294 EDULCORANTES PERMITIDOS NA DIABETES MELLITUS GESTACIONAL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ________________________________ 294 CAPÍTULO 15 ______________________________________________ 311 ATUAÇÃO NUTRICIONAL NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CRÍTICO COM DIAGNÓSTICODE DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA __________________ 311 CAPÍTULO 16 ______________________________________________ 328 ATUAÇÃO NUTRICIONAL NA RETOCOLITE ULCERATIVA ASSOCIADA A COLANGITE ESCLEROSANTE PRIMÁRIA _________________________ 328 CAPÍTULO 17 ______________________________________________ 347 CUIDADOS NUTRICIONAIS NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE COM ESCLEROSE SISTÊMICA: RELATO DE CASO _________________________________ 347 CAPÍTULO 18 ______________________________________________ 366 INTERVENÇÃO NUTRICIONAL NA CICATRIZAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EM TRANSPLANTADO RENAL TARDIO __________________________ 366 CAPÍTULO 19 ______________________________________________ 387 NOVAS PERSPECTIVAS NUTRICIONAIS PARA A PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA SÍNDROME METABÓLICA: UMA REVISÃO ________ 387 CAPÍTULO 20 ______________________________________________ 407 FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À OBESIDADE EM INDIVÍDUOS ADULTOS NO MUNICÍPIO DE PEDRA BRANCA-PB __________________________ 407 CAPITULO 21 ______________________________________________ 427 FATORES ETIOPATOGÊNICOS DA DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ________________________________ 427 CAPÍTULO 22 ______________________________________________ 453 MICROBIOTA E SUA RELAÇÃO COM DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS. _________________________________________________________ 453 CAPÍTULO 23 ______________________________________________ 473 NUTRIÇÃO E SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS _____________ 473 CAPÍTULO 24 ______________________________________________ 491 SARCOPENIA E CAQUEXIA EM PACIENTES INFECTADOS PELO HIV EM USO DA TERAPIA ANTIRRETROVIRAL _______________________________ 491 CAPÍTULO 25 ______________________________________________ 514 DESNUTRIÇÃO GRAVE NA ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA: ATUAÇÃO NUTRICIONAL _____________________________________ 514 NUTRIÇÃO CLÍNICA: TERAPIA NUTRICIONAL _____________________ 532 CAPÍTULO 26 ______________________________________________ 533 O ZINCO E SUA INFLUÊNCIA NA DOENÇA DE DEMÊNCIA. ___________ 533 CAPÍTULO 27 ______________________________________________ 549 A VITAMINA D NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: INFLUÊNCIA SOBRE MECANISMOS EPIGENÉTICOS E EXPRESSÃO GÊNICA ________ 549 CAPÍTULO 28 ______________________________________________ 569 ALCANCE DAS NECESSIDADES CALÓRICAS E PROTEICAS EM PACIENTES COM TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL _________________________ 569 CAPÍTULO 29 ______________________________________________ 587 ASPECTOS METABÓLICOS E FISIOLÓGICOS DO ZINCO ______________ 587 CAPÍTULO 30 ______________________________________________ 605 file:///D:/2017/livros%202017%202018/NUTRICAO%202%20VINICIUS%20%20(%20ALYNNE).docx%23_Toc506196078 AVALIAÇÃO DO TEOR LIPÍDICO DE DIETAS ENTERAIS INDUSTRIALIZADAS PARA DIABÉTICOS __________________________________________ 605 CAPÍTULO 31 ______________________________________________ 623 ADEQUAÇÃO DA INGESTÃO PROTEICA E CALÓRICA DE PACIENTES CRÍTICOS UTILIZANDO TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA_______________________________________________ 623 CAPÍTULO 32 ______________________________________________ 640 A UTILIZAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO DO AMINOÁCIDO GLUTAMINA NO TRATAMENTO DO CÂNCER: UMA REVISÃO DA LITERATURA _________ 640 CAPÍTULO 33 ______________________________________________ 660 O ZINCO E SUA INFLUÊNCIA NA DOENÇA DE ALZHEIMER ___________ 660 NUTRIÇÃO CLÍNICA: NUTRIÇÃO EXPERIMENTAL __________________ 676 CAPÍTULO 34 ______________________________________________ 677 A CHIA (SALVIA HISPÂNICA L.) ESTÁ ENVOLVIDA NA REGULAÇÃO DA OBESIDADE? ______________________________________________ 677 CAPÍTULO 35 ______________________________________________ 695 ASSOCIAÇÃO ENTRE PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL E O SURGIMENTO DE TRANSTORNOS ALIMENTARES EM UNIVERSITÁRIOS 695 CAPÍTULO 36 ______________________________________________ 716 ATIVIDADE ANTICONVULSIVANTE DO ÓLEO DE GERGELIM NATURAL EM RATOS WISTAR. ____________________________________________ 716 CAPÍTULO 37 ______________________________________________ 738 file:///D:/2017/livros%202017%202018/NUTRICAO%202%20VINICIUS%20%20(%20ALYNNE).docx%23_Toc506196095 EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE GERGELIM SOBRE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS DE RATOS WISTAR __________________________________________________ 738 CAPÍTULO 38 ______________________________________________ 758 EPIGENÉTICA E SUA RELAÇÃO COM A OBESIDADE E ESTRESSE OXIDATIVO _________________________________________________________ 758 CAPÍTULO 39 ______________________________________________ 777 FATORES INTERVENIENTES NO SEGUIMENTO DO TRATAMENTO NUTRICIONAL _____________________________________________ 777 CAPÍTULO 40 ______________________________________________ 794 O MAGNÉSIO NO CONTROLE DA HIPERTENSÃO ARTERIAL __________ 794 CAPÍTULO 41 ______________________________________________ 809 SUPLEMENTAÇÃO DE PROBIÓTICOS COMO UMA ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA INOVADORA PARA AS DESORDENS METABÓLICAS: UMA REVISÃO _________________________________________________ 809 CAPITULO 42 ______________________________________________ 827 EFEITO DO ÓLEO DE CÁRTAMO SOBRE O COMPORTAMENTO DE RATOS SUBMETIDOS AO TREINAMENTO FÍSICO ________________________ 827 NUTRIÇÃO CLÍNICA: TRANSTORNOS ALIMENTARES _______________ 856 CAPITULO 43 ______________________________________________ 857 A AÇÃO SACIETÓGENA DA GRIFFONIA SIMPLICIFOLIA (5-HTP) NO TRATAMENTO DA COMPULSÃO ALIMENTAR _____________________ 857 CAPÍTULO 44 ______________________________________________ 876 file:///D:/2017/livros%202017%202018/NUTRICAO%202%20VINICIUS%20%20(%20ALYNNE).docx%23_Toc506196114 NUTRIENTES E TRANSTORNOS DE DEPRESSÃO E ANSIEDADE GENERALIZADA: GÊNESE, PREVENÇÃO E TRATAMENTO COADJUVANTE876 CAPÍTULO 45 ______________________________________________ 897 TRANSTORNOS ALIMENTARES E A MUDANÇA NA PERCEPÇÃO CORPORAL NO TRANSCORRER DO TEMPO ________________________________ 897 NUTRIÇÃO CLÍNICA: ALIMENTAÇÃO LACTANTE __________________ 919 CAPÍTULO 46 ______________________________________________ 920 PRÁTICA DE ALEITAMENTO MATERNO: DESAFIO DA MATERNIDADE NA PÓS- MODERNIDADE _______________________________________ 920 NUTRIÇÃO CLÍNICA: ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL INFANTO-JUVENIL __ 937 CAPÍTULO 47 ______________________________________________ 938 INFLUÊNCIA DA PROTEÍNA GLÚTEN E CASEÍNA NO COMPORTAMENTO DA CRIANÇA AUTISTA __________________________________________ 938 CAPÍTULO 48 ______________________________________________ 955 CONSUMO ALIMENTAR DE CRIANÇAS NA FAIXA ETÁRIA DE 0 A 1 ANO DE IDADEEM UM SERVIÇO DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE _________ 955 CAPÍTULO 49 ______________________________________________ 975 NÚMERO E ESTRATÉGIAS DE PROPAGANDAS ALIMENTARES INFANTIS VEICULADAS PELA MÍDIA EM QUATRO EMISSORAS DE TELEVISÃO ___ 975 CAPÍTULO 50 ______________________________________________ 990 file:///D:/2017/livros%202017%202018/NUTRICAO%202%20VINICIUS%20%20(%20ALYNNE).docx%23_Toc506196121 file:///D:/2017/livros%202017%202018/NUTRICAO%202%20VINICIUS%20%20(%20ALYNNE).docx%23_Toc506196124 PROBLEMÁTICA DO SOBREPESO E OBESIDADE: A RELAÇÃO ENTRE FATORES AMBIENTAIS E O HÁBITO ALIMENTAR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ____________________________________________ 990 CAPÍTULO 51 _____________________________________________ 1007 AVALIAÇÃO DO EFEITO DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL: PERFIL ALIMENTAR E ANTROPOMÉTRICO DE ESCOLARES EM FOCO __________________ 1007 NUTRIÇÃO CLÍNICA: AVALIAÇÃO NUTRICONAL COLETIVIDADE SADIA 1038 CAPÍTULO 52 _____________________________________________ 1039 PERFIL NUTRICIONAL DOS MILITARES DO EXÉRCITO BRASILEIRO DO HOSPITAL DE GUARNIÇÃO DE JOÃO PESSOA - PARAÍBA ___________ 1039 NUTRIÇÃO CLÍNICA: EDUCAÇÃO NUTRICIONAL _________________ 1055 CAPÍTULO 53 _____________________________________________ 1056 RELATO DE EXPERIÊNCIA:METODOLOGIAS ATIVAS COMO FERRAMENTA DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA ÁREA DE NUTRIÇÃO CLÍNICA ______ 1056 CAPÍTULO 54 _____________________________________________ 1077 ESTRATÉGIAS DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ________________________________________ 1077 NUTRIÇÃO CLÍNICA: NUTRIÇÃO E PSCICOLOGIA _________________ 1098 CAPÍTULO 55 _____________________________________________ 1099 file:///D:/2017/livros%202017%202018/NUTRICAO%202%20VINICIUS%20%20(%20ALYNNE).docx%23_Toc506196135 file:///D:/2017/livros%202017%202018/NUTRICAO%202%20VINICIUS%20%20(%20ALYNNE).docx%23_Toc506196138 file:///D:/2017/livros%202017%202018/NUTRICAO%202%20VINICIUS%20%20(%20ALYNNE).docx%23_Toc506196143 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE UNIVERSITÁRIOS PARAIBANOS SOBRE A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E NÃO SAUDÁVEL ___________________ 1099 NUTRIÇÃO CLÍNICA: NUTRIÇÃO E SAÚDE DA MULHER ____________ 1123 CAPÍTULO 56 _____________________________________________ 1124 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM TUBERCULOSE NO PERÍODO DE PÓS-PARTO NORMAL ____________________________________ 1124 CAPÍTULO 57 _____________________________________________ 1144 NECESSIDADES E SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA __________________ 1144 NUTRIÇÃO CLÍNICA: NUTRIÇÃO E IMUNOLOGIA _________________ 1164 CAPÍTULO 58 _____________________________________________ 1165 ASPECTOS IMUNOLÓGICOS DA DOENÇA CELÍACA ________________ 1165 NUTRIÇÃO CLÍNICA: NUTRIÇÃO EM CIRURGIA __________________ 1183 CAPÍTULO 59 _____________________________________________ 1184 ASPECTOS NUTRICIONAIS EM CIRURGIA BARIÁTRICA _____________ 1184 file:///D:/2017/livros%202017%202018/NUTRICAO%202%20VINICIUS%20%20(%20ALYNNE).docx%23_Toc506196146 file:///D:/2017/livros%202017%202018/NUTRICAO%202%20VINICIUS%20%20(%20ALYNNE).docx%23_Toc506196151 file:///D:/2017/livros%202017%202018/NUTRICAO%202%20VINICIUS%20%20(%20ALYNNE).docx%23_Toc506196154 18 NUTRIÇÃO CLÍNICA ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 19 CAPÍTULO 1 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR Ávilla Monalisa Silva de OLIVEIRA 1 Kamilla Helen Rodrigues da COSTA 1 Luciana Caroline Paulino do NASCIMENTO² Miniamy Pereira NÓBREGA 1 Amanda de Azevedo ARAUJO ³ 1 Residente do programa de Residência Uniprofissional em Nutrição Clínica do Hospital das Clínicas UFPE; ²Mestre em Bioquímica e Fisiologia, UFPE; ³ Especialização em Saúde da Família pela Faculdade de Ciências Médicas/UPE monalisaavilla@gmail.com RESUMO: A obesidade é um problema de saúde crescente, estando associada ao surgimento de várias comorbidades como doenças cardiovasculares, dermatoses e alterações circulatórias. A nutrição tem papel importante na cicatrização, sendo necessário muitas vezes o uso de suplementação nutricional. O objetivo do trabalho foi descrever a atuação nutricional na assistência à paciente com diagnóstico de lesão extensa em membro inferior. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo estudo de caso. Para avaliação antropométrica foi utilizado peso, altura, IMC e circunferência do braço, e para avaliação de risco nutricional utilizou-se a ferramenta NRS (2002). A paciente não apresentou risco nutricional na admissão, nem cursou com perda de peso durante o internamento. Optou-se por utilizar a recomendação proposta pela EPUAP (2014) de 30-35 kcal/kg de peso atual e 1,25-1,5 g de proteína/kg de peso atual. Ofertou-se dieta hipercalórica e hiperprotéica, associada a suplementação oral especializada para melhora da cicatrização, de característica hipercalórica e ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 20 hiperproteica, rica em antioxidantes e micronutrientes totalizando 3090 kcal (105%) e 132,3g de proteína (105% de adequação). Percebe-se a importância da atuação do nutricionista nessas situações afim de melhorar o estado nutricional da paciente bem como a cicatrização da ferida, pois sabe-se que o aporte proteico e energético são de suma importância nesses casos sendo necessário um acompanhamento individualizado. Palavras-chave: Obesidade. Cicatrização. Estado Nutricional. 1 INTRODUÇÃO A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo (NETO; CAMPOS, 2009). Sua prevalência cresceu acentuadamente nas últimas décadas, principalmente nos países em desenvolvimento e as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) ocupam as primeiras posições nas estatísticas de mortalidade mundiais (WHO, 2000). Dados do VIGITEL 2016 mostram que mais da metade da população está com peso acima do recomendado totalizando cerca de 18,9% dos brasileiros obesos. O excesso de peso passou de 42,6% em 2006 para 53,8% em 2016, e a obesidade cresceu 60% em 10 anos. O excesso de peso contribui de forma importante para a carga de doenças crônicas e de incapacidades. Dessa forma, o aumento excessivo da quantidade de gordura e do peso corporal deverá repercutir de maneira negativa tanto na qualidade quanto na expectativa de vida (FORTMANN et al, 2009). As consequências para a saúde associadas a estes fatores vão desde condições debilitantes que afetam a ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 21 qualidade de vida, tais como a osteoartrite, dificuldades respiratórias, problemas músculo-esqueléticos, problemas de pele e infertilidade, até condições graves, como doença coronariana, diabetes tipo 2 e certos tipos de câncer (NETO; CAMPOS, 2009). A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica a obesidade baseando-se no índice de massa corporal (IMC) definido pelo cálculo do peso corporal, em quilogramas, dividido pelo quadrado da altura, em metros quadrados (IMC = kg/m²), e também pelo risco de mortalidade associada. A obesidade é caracterizada quando o IMC encontra-se acima de 30 kg/m². A OMS define a gravidade da obesidade em: grau I (moderado excesso de peso) quando o IMC situa-se entre 30 e 34,9 kg/m2 ); obesidade grau II (obesidade leve ou moderada) com IMC entre 35 e 39,9 kg/m2 e, por fim, obesidade grau III (obesidade mórbida) na qual IMC ultrapassa 40 kg/m (OMS, 1998; FANDINO; SEGAL, 2002). A distribuição da gordura corporal considera a sua localização. Há a obesidade central (androide), em que o tecido adiposo localiza-se principalmente na parte superior do corpo, estando relacionada a altos riscos para doenças cardiometabólicas, e a periférica (ginecoide), predominantemente na parte inferior do corpo, quadril, nádega e coxa, associado a maiores riscos de artrose e varizes de membros inferiores (SANTOS; NUNES; TAVARES, 2010). A obesidade está também associada ao surgimento de inúmeras comorbidades que prejudicam a qualidade de vida e agravam o prognóstico dos pacientes. Dentre elas, destacam- se diabetes tipo 2, câncer e doenças cardiovasculares (ANIS, 2009). ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 22 Também nota-se a relação da obesidade com a alta prevalência e intensidade das dermatoses, relacionadas ao grande volume de dobras e pregas cutâneas, alterações circulatórias, metabólicas e dificuldade do manejo higiênico de regiões mais acometidas pela própria limitação física (BOZA, 2010). A cicatrização ocorre de forma semelhante na maioria dos dos tecidos corporais, com exceção dos tecidos ópticos, hepático e ósseo. Dessa forma, as fases da cicatrização são divididas didaticamente em seis fases (SUZUKI, 2013): Coagulação: Ocorre liberação de substâncias vasoconstrictoras, de eicosanoides e ativação da cascata de coagulação; Inflamação neurogênica: Ocorre a vasodilatação e aumento da permeabilidade capilar com objetivo de facilitar a migração de neutrófilos até a lesão; Inflamação tecidual: Aumento daadesão de moléculas no endotélio; Fase proliferativa: Ocorre ativação dos macrófagos, responsáveis pelo desbridamento da lesão, promovendo o início da angiogênese, fibroplasia e síntese de óxido nítrico; Contração: O processo de contração da ferida alcança a sua eficiência máxima, devido a mudança fenotípica dos fibroblastos para miofibroblastos; Remodelação: Reorganização das novas fibras de colágeno de forma paralela a superfície da ferida. A nutrição quando prejudicada interfere diretamente nessas fases podendo prolongar a fase inflamatória, diminuir a formação e a proliferação de fibroblastos, angiogênese e síntese de colágeno e proteoglicanos, limitando os leucócitos ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 23 acelerando a piora do quadro (AZEVEDO; ESCUDEIRO, 2009). Constantemente o comprometimento do estado nutricional do paciente não é identificado visualmente, onde até mesmo o obeso pode ter carências nutricionais importantes (SILVA et al., 2007). A melhoria do estado nutricional permite que o organismo cicatrize as feridas e poderá até mesmo acelerar o processo de cicatrização (MONTENEGRO, 2012). O quadro 1 mostra os nutrientes envolvidos durante o processo de cicatrização. Quadro 1 – Nutrientes envolvidos durante a cicatrização. Fases da cicatrização Citocinas e/ou fatores de crescimento envolvidos Inflamação neurogênica Ácidos graxos essenciais, zinco, cobre, magnésio, selênio. Inflamação tecidual Arginina, taurina, cisteína, glutamina, zinco, cobre, ferro, boro, manganês, vitamina C e vitamina A. Proliferativa Arginina, taurina, glutamina, carboidratos, zinco, cobre, ferro, magnésio, manganês, selênio, vitamina C, vitaminas do complexo B Remodelação Vitamina A Fonte: SUZUKI, 2013. As recomendações de determinados nutrientes como proteínas, aminoácidos (glutamina e arginina), antioxidantes (vitamina C, vitamina B, zinco, cobre) e outros, em portadores de lesões, foram estabelecidos a partir do conhecimento da fisiologia e metabolismo dos nutrientes, e os efeitos esperados sobre o processo de cicatrização (VERDU e PERDOMO, 2011; CAMPOS et.al, 2009). ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 24 A ingestão proteica adequada promove um balanço nitrogenado positivo, viabilizando a síntese proteica e recuperação do indivíduo. A European Pressure Ulcer Panel recomenda de 1,0 a 1,5g/kg/dia, a Agency for Health Care Policy and Research ou Agency for Healthcare and Quality recomenda a ingestão de 1,25 a 1,5 g/kg/dia, mesma faixa etária recomendada pela European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP, 2014). O mecanismo de ação da arginina durante a cicatrização ainda não está claro, mas relaciona-se com o aumento na concentração plasmática de fator de crescimento similar à insulina (IGF) com estimulação da resposta de células T e com aumento da síntese de óxido nítrico (SUZUKI, 2013). A vitamina C, também muito importante durante a cicatrização, é um cofator essencial na síntese de colágeno, proteoglicanos e outros componentes da matriz celular (SUZUKI, 2013). Devido a esse quadro vale ressaltar a precariedade de estudos nessa linha de pesquisa e a necessidade de conhecimento e prestação de cuidados aos doentes com úlceras de perna no sentido de reduzir o tempo de cicatrização, prevenir a reincidência e promover a racionalização de recursos da saúde e melhoria da qualidade de vida. 2 MATERIAIS E MÉTODO Trata-se de um estudo de caráter descritivo com abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso. Segundo Shaughnessy, Zechmeister e Zechmeister (2012), o estudo de ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 25 caso representa um método de pesquisa através do qual se torna possível uma descrição e análise intensiva de um indivíduo único, funcionando como uma fonte potencialmente rica de informações. O estudo foi desenvolvido na enfermaria de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, durante o mês de junho de 2017. Os dados foram coletados a partir de registros de evoluções e exames anexados em prontuário, observações da equipe ao longo do período da hospitalização da paciente, e informações provenientes dos atendimentos realizados. Com vista a ampliar as discussões, utilizaram-se ainda levantamentos de dados teóricos, através de revisão da literatura de livros e artigos científicos. As medidas de peso e altura foram realizadas segundo técnica original recomendada por Lohman e cols (1988). A massa corporal foi obtida em balança eletrônica digital, da marca Líder-LD1050®, com capacidade máxima de 200 Kg e precisão de 100g. A altura foi aferida através de estadiômetro acoplado à balança. Para avaliação do estado nutricional foi utilizado a classificação da OMS (1998), conforme o Quadro 2. Quadro 2 – Classificação do estado nutricional de adultos segundo o Índice de Massa Corporal. CLASSIFICAÇÃO IMC (kg/m²) Obesidade grau III >40 Obesidade grau II 35-40 Obesidade grau I 30-34,9 Sobrepeso 25-29,9 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 26 Fonte: WHO, 1997. A circunferência do braço (CB) foi obtida no ponto médio entre o acrômio e o olecrano utilizando fita métrica flexível e inelástica sem comprimir os tecidos, com o paciente em pé. Sua adequação foi obtida através da fórmula: %CB = CB atual ÷ CB P50. Utilizou-se como percentil 50 o ponto de corte específico para idade e gênero, recomendado por Frisancho (1990). A adequação foi classificada de acordo com o recomendado por Blackburn (1979), como mostra o quadro a seguir: Quadro 2 – Adequação da circunferência do braço proposta por Blackburn (1979). Desnutrição Grave Desnutrição Moderada Desnutrição Leve Eutrofia Sobrepeso Obesidade <70% 70-80% 80-90% 90- 110% 110- 120% >120% Fonte: Blackburn (1979). Para triagem nutricional foi realizada a NRS 2002 e o cálculo da dieta ofertada foi calculado pelo DietBox ®, de acordo com os alimentos e suplementos disponíveis no hospital. Eutrofia 18,5-24,9 Desnutrição grau I 17-18,4 Desnutrição grau II 16-16,9 Desnutrição grau III <16 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 27 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Identificação do paciente L.B.S., 53 anos, sexo feminino, casada, natural de Carnaíba (PE). Admitida pela Cirurgia Plástica no dia 21/06/2017, apresentando lesão extensa em membro inferior esquerdo, como é possível observar na figura 1. Figura 1 – Foto autorizada da lesão apresentada em membro inferior esquerdo pela paciente L.B.S. Fonte: Própria. Diagnóstico principal: Lesão extensa em membro inferior esquerdo. 3.2 História Clínica e antecedentes familiares Paciente relata peso habitual de 126,5 kg, sendo inicialmente diagnosticada, pelo IMC, com obesidade grau III ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 28 (IMC = 41,30 kg/m²). Sem comorbidades associadas e com histórico familiar de obesidade em parentes de primeiro grau. A paciente refere que juntamente com o ganho de peso surgiam as lesões no membro inferior esquerdo. Diante disso, procurou acompanhamento nutricional em seu município e foi submetida à dieta com restrição calórica objetivando a perda de peso. Houve perda intencional de 34% do peso (42,5kg) no período de um ano, associado a isso, houve aumento da lesão da perna esquerda, levando-a a procurar tratamento médico. 3.3 Anamnese clínica e alimentar Em anamnese alimentar, observa-se preocupação da paciente em manter a dieta restrita em carboidratos simples, porém com baixa ingestão energético-proteica. Apresenta função gastrointestinal presente, mastigação edeglutição adequada, nega náuseas e vômitos, apetite preservado e histórico de perda de peso intencional. 3.4 Exames Bioquímicos Tabela 1 - Exames bioquímicos durante internamento no Hos+pital das clínicas (UFPE). 13/06/17 26/06/17 Referência HEMOGLOBINA 12,2 11,0↓ 12,0-16,0 HEMATÓCRITO 38,4 33,4↓ 36,0-47,0 VCM 77,42↓ 77↓ 80,0-98,0 HCM 24,6↓ 25↓ 27,0-33,0 LEUCÓCITOS 7280 8070 4000-1100 CREATININA 0,9 0,8 0,6-1,1 UREIA 38,8 20,4 10-50 GLICOSE 91,4 70-99 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 29 SÓDIO 136,2 134-139 POTÁSSIO 4,1 3,6-5,5 CLORETO 100,2 94-112 Fonte: CALIXTO-LIMA; REIS, 2012. Os exames bioquímicos da paciente demonstraram a presença de anemia inicialmente normocítica e normocrômica que evoluiu com discreta queda na hemoglobina e hematócrito caracterizando uma anemia ferropriva. 3.5 Triagem Nutricional A avaliação do risco nutricional tem como objetivo demonstrar risco aumentado de morbimortalidade devido o estado nutricional. Essa identificação ajuda a avaliar o risco de deterioração nutricional nos pacientes que já tem queixas relacionadas (BARBOSA; BARROS, 2002; JOHANSEN et al., 2004; ELIA; ZELLIPOUR; STRATTON, 2005). A triagem nutricional foi realizada no momento da admissão por meio da NRS (2002) conforme recomendação da ESPEN (2017). Foi obtido escore 0, classificando a paciente como sem risco nutricional. É importante ressaltar que apesar da paciente apresentar um lesão extensa, não apresentou risco por sua ingestão habitual está sendo mantida e a perda de peso ser intencional. Porém, lesões extensas necessitam de suporte e acompanhamento nutricional detalhado para cicatrização (EPUAP, 2014). Fazendo da paciente uma candidata a acompanhamento nutricional intensificado no ambiente hospital, apesar de não apresentar risco nutricional pela NRS (2002). ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 30 3.6 Avaliação física e antropométrica Em avaliação subjetiva, é possível identificar sinais da perda de peso importante apresentada pela paciente, como a atrofia da bola gordurosa de bichart e proeminência da clavícula. Apesar da paciente ainda apresentar excesso de peso, como mostra a figura 2. Figura 2 – Foto autorizada pela paciente L.B.S. durante o internamento. Fonte: Própria. A tabela 2 mostra o resultado do acompanhamento nutricional durante o internamento. Tabela 2 - Acompanhamento do estado nutricional durante internamento no Hospital das Clínicas (UFPE). DATA Peso (kg) Altura(m) IMC(kg/m²) CB(cm) ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 31 26/06/17 84 (estimado) 1,75 27,5 33(107%) 04/07/17 84,6 1,75 27,62 33(107%) 10/07/17 84,7 1,75 27,6 33(107%) Fonte: Própria. Inicialmente, foi necessário estimar o peso utilizando a escala de silhueta proposta por Kakeshita e col. (2009) devido impossibilidade de levantar-se pela extensão da lesão. Porém, na segunda e na última semana de internamento, com peso aferido, observa-se que ficou semelhante ao estimado. A paciente, segundo IMC, apresenta sobrepeso e, segundo a circunferência do braço, é eutrófica. Supõe-se, ao unir avaliação antropométrica e física, que com a restrição calórica, houve perda de gordura, porém acompanhado com uma perda de massa magra. 3.7 Intervenção Nutricional Durante o internamento a paciente foi submetida a procedimento cirúrgico de enxerto de pele no local da lesão. O local onde foi retirado a pele pode ser observado na figura 3. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 32 Figura 3 – Foto autorizada do local da retirada do enxerto de pele para procedimento cirúrgico. Fonte: Própria. Ao comparar a lesão com a graduação das lesões por pressão estabelecidas pela EPUAP (2014), observa-se que se classifica como grau III, com perda da espessura da pele e exposição do tecido gorduroso. Optou-se por utilizar a recomendação proposta pela EPUAP (2014) de 30-35 kcal/kg de peso atual e 1,25-1,5 g de proteína/kg de peso atual. Dessa forma, objetiva-se a oferta de 2940 kcal (35 kcal/kg de peso) e 126g de proteína (1,5g/kg de peso). Ofertou-se dieta hipercalórica e hiperprotéica, com 3090 kcal (105%) e 132,3g de proteína (105% de adequação). Essa oferta foi obtida através da dieta mais suplementação especializada em cicatrização três vezes ao dia, totalizando 600ml/dia. A evolução na lesão pode ser observada na figura 4, que mostra a lesão na admissão e na alta da paciente. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 33 Figura 4 – Foto autorizada mostrando a evolução na cicatrização da lesão durante internamento. Fonte: Própria. 3.8 Suplementação Nutricional O processo de cicatrização é mediado por uma série de fatores, principalmente vários nutrientes. Como a cicatrização requer gasto energético maior, os carboidratos são de extrema importância, servindo de energia para leucócitos, fagócitos, para a proliferação celular e função fibroblástica, além de garantir a função plástica da proteína, já que a deficiência de carboidrato leva à degradação muscular e de tecido adiposo, dificultando a cicatrização (COELHO, SILVA; 2004). Os ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 34 lipídios também são importantes, pelo fato da deficiência de ácidos graxos essenciais prejudicar a cicatrização. As proteínas são fundamentais para todo o processo de cicatrização, sendo essenciais para a síntese do colágeno, sistema imunológico e proliferação fibroblástica. O zinco é um elemento traço muito importante na cicatrização, estando relacionado à síntese proteica, replicação, imunidade celular e formação de colágeno (SILVA et al., 2012). A terapia nutricional é indicada sempre que o paciente não consiga atingir suas necessidades por via oral e tem objetivo de recuperar o estado nutricional e promover a regeneração tecidual de modo a evitar a deiscência da ferida (OLIVEIRA, HAACK, FORTES, 2017). Estudos anteriores mostraram que o uso de fórmulas nutricionais é benéfico no tratamento de úlceras por pressão, nomeadamente fórmulas com arginina, zinco e antioxidantes. O efeito isolado da suplementação isolada não foi ainda determinado, o que parece mais eficaz quando é feita a combinação desses micronutrientes (FERNANDES,2015). Como dificilmente consegue-se fornecer todos esses nutrientes em quantidades adequadas apenas com a alimentação, muitas vezes é necessário utilizar de suplementação nutricional para que o estado geral do paciente, assim como a úlcera não venha a piorar. A paciente do caso em questão fez uso de suplementação especializada para auxiliar na cicatrização com característica hiperproteica, acrescido de arginina, alto teor de micronutrientes e mix de carotenoides como mostra a tabela 3. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 35 Tabela 3. Quantidade de micronutrientes ingerido pela paciente através de suplementação. Nutriente Quantidade Arginina 9g Ferro 1350mg Zinco 18mg Cobre 4050mg Selênio 192mcg Vitamina A 64mcg Vitamina E 114mg Vitamina C 750mg Fonte: Própria. 4 CONCLUSÕES Lesões extensas demandam necessidades calórico- proteicas aumentadas, mesmo em pacientes com obesidade, durante a fase de cicatrização, para uma oferta adequada de macro e micronutrientes. A restrição energética e a perda importante de peso no momento da lesão pode levar ao aumento da sua gravidade, sendo importante uma atuação do nutricionista nesses pacientes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFONSO, A., Barroso, P., Marques, G., Gonçalves, A., Gonzalez, A., Duarte, N., & Ferreira, M. J. Úlcera crónicado membro inferior— experiência com cinquenta doentes. Angiologia e Cirurgia Vascular, v. 9, n. 4, p. 148-153, 2013. ARENDS, J. et al. ESPEN guidelines on nutrition in cancer patients. Clinical Nutrition, v. 36, n. 1, p. 11-48, 2017. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 36 AZEVEDO, Silvana de O.; ESCUDEIRO, Cristina L. Suporte nutricional em enfermagem: uma revisão de literatura. Revista Enfermagem Atual, São Paulo, ano 9, N. 50, P. 17-21, mar-abr, 2009. BARBOSA, M.C.G., BARROS, A.J.D. Avaliação nutricional subjetiva: parte 1- revisão de sua validade após duas décadas de uso. Arq Gastroenterol., v.39, n.3, p.181-187, 2002. BLACKBURN, G.L. et al. Nutritional and metabolic assessment of the hospitalized patient. Journal of parenteral and enteral nutrition, v. 1, n. 1, p. 11-21, 1977. BLACKBURN, R.M.; MANN, M. The working class in the labour market. Springer, 1979. BOZA, Juliana Catucci et al. Manifestações dermatológicas da obesidade. Revista HCPA. Porto Alegre. Vol. 30, n. 1 (2010), p. 55-62, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de assistência à saúde – Departamento de atenção básica. O que é uma alimentação saudável. Considerações sobre o conceito, princípios e características: uma abordagem ampliada. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. CALIXTO-LIMA, Larissa; REIS, Nelzir Trindade. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à nutrição clínica. Editora Rubio, 2012. CAMPOS, Maryane Oliveira; RODRIGUES NETO, João Felício. Doenças crônicas não transmissíveis: fatores de risco e repercussão na qualidade de vida. Revista Baiana de Saúde Pública, v. 33, n. 4, p. 561, 2012. COELHO, Simone Côrtes; SILVA, R. C. Perfil dos pacientes hospitalizados com úlcera de pressão. Rev Bras Nutr Clin, v. 19, n. 2, p. 64-9, 2004. COSCRATO, G.; PINA, J.C.; MELLO, D.F. Utilização de atividades lúdicas na educação em saúde: uma revisão integrativa da literatura. Acta Paul Enferm, v.2, n.23, p.257-63, 2010. DE OLIVEIRA, Karina Díaz Leyva; HAACK, Adriana; FORTES, Renata Costa. Terapia nutricional na lesão por pressão: revisão sistemática. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 20, n. 4, p. 567-575, 2017. ELIA, M., ZELLIPOUR, L., STRATTON, R.J. To screen or not to screen for adult malnutrition? Clin Nutr., v.24, n.6, p.867-884, 2005. ESCOTT-Stump, S.; MAHAN, L.K.; Raymond, J.L. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. FERNANDES, Rui Neto. Suplemento nutricional como adjuvante no tratamento de úlceras de pressão?. Rev Port Med Geral Fam, Lisboa , v. 31, n. 3, p. 225-227, jun. 2015 . Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182- 51732015000300010&lng=pt&nrm=iso>. acesso em 30 out. 2017. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 37 FISBERG, Mauro. Atualização em obesidade na infância e na adolescência. In: Atualização em obesidade na infância e na adolescência. Atheneu, 2005. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. 25ª ed., Editora Paz e Terra, São Paulo, 1996. FRISANCHO, A. Roberto. Anthropometric standards for the assessment of growth and nutritional status. University of Michigan Press, 1990. GUEDES, D. P. et al. Níveis de prática de atividade física habitual em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina Esportiva, v.7, n.6, p. 187- 199, nov./dez. 2006. GUH, D. P., Zhang, W., Bansback, N., Amarsi, Z., Birmingham, C. L., & Anis, A. H. The incidence of co-morbidities related to obesity and overweight: a systematic review and meta-analysis. BMC public health, v. 9, n. 1, p. 88, 2009. JOHANSEN, N., et al. Effect of nutritional support on clinical outcome in patients at nutritional risk. Clin Nutr., v.23, n.4, p. 539-550, 2004. KAKESHITA, I.S. et al . Construção e fidedignidade teste-reteste de escalas de silhuetas brasileiras para adultos e crianças. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 25, n. 2, p. 263-270, 2009. LEITE, Lúcia Dantas; DE MEDEIROS ROCHA, Érika Dantas; BRANDÃO- NETO, José. Obesidade: uma doença inflamatória. Ciência & Saúde, v. 2, n. 2, p. 85-95, 2009. LOHMAN, T.G. et al. Skinfold equations for estimation of body fatness in children and youth. Human biology, p. 709-723, 1988. MENDONÇA, Rosimeri da Silva Castanho; DE OLIVEIRA RODRIGUES, Geruza Baima. As principais alterações dermatológicas em pacientes obesos Major dermatological changes in obese patients. ABCD: Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva, v. 24, n. 1, p. 68-73, 2011. MONTENEGRO, Susana. Proteína e cicatrização de feridas. Revista Nutrícias, n. 14, p. 27-30, 2012. NOGUEIRA, V. J. P. Brincadeiras tradicionais: cultura possível nas aulas de educação física. Monografia (Licenciatura). Universidade de Brasília. Faculdade de Educação Física. Curso de Licenciatura em Educação Física do Programa Universidade Aberto do Brasil. 51fl. Porto Velho – RO, 2012. NPUAP, EPUAP. PPPIA - Prevention and treatment of pressure ulcers: clinical practice guideline. 2014. OLIVEIRA-Campos, M., Rodrigues-Neto, J. F., Fagundes Silveira, M., Malard Rocha Neves, D., Moraes Vilhena, J., Fonseca Oliveira, J., ... & Drumond, D. Impacto dos fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis na qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, n. 3, 2013. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL À PACIENTE COM LESÃO EXTENSA EM MEMBRO INFERIOR 38 PIAGET, J. A formação do Símbolo na Criança. Rio de Janeiro: Zahar, p.370. 1975. SEGAL A, Fandino J. Indicações e contra-indicações para realização das operações bariátricas. Rev Bras Psiquiatr. 24(Supl III): 68-72, 2002. SILVA, A. P. A., Freitas, B. J., Oliveira, F. L. C., Piovacari, S. M. F., & Nóbrega, F. J. D. (2012). Terapia nutricional em queimaduras: uma revisão. Rev Bras Queimaduras, v. 11, n. 3, p. 135-41, 2012. Silva, A. P. A., Freitas, B. J., Oliveira, F. L. C., Piovacari, S. M. F., & Nóbrega, F. J. D. Terapia nutricional em queimaduras: uma revisão. Rev Bras Queimaduras, 11(3), 135-41.2012. SUZUKI, V.Y. Atendimento Nutricional em cirurgia plástica. 1ª edição. Rio de Janeiro, 2013. VERDÚ, José Soriano; PERDOMO, Estrella Pérez. Nutrição e Feridas Crônicas. Série de documentos técnicos GNEAUPP nº 12. Grupo Nacional para el Estudio y Asesoramiento em Úlceras por Presión y Heridas Crónicas. Logiño. 2011. VIGITEL. Alerta Sobre a Saúde do brasileiro. Hábitos alimentares impactam no crescimento da obesidade e aumentam a prevalência de diabetes e hipertensão. Ministério da Saúde. Brasília – DF, p.44 2016. WAITZBERG, Dan Linetzky. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. Atheneu, 2009. WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity: Preventing and Managing the Global. Geneva, 1997. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 39 CAPÍTULO 2 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL Fernanda Dayana da Silva DIAS 1 Thalita Christina da Costa LIMA 1 Lílian Caroline de Souza e SILVA 2 Everlane Alcantara de Lima MARINHO 2 Maryella Laryssa Matias de ARAÚJO 3 1 Nutricionista Residente do Programa Multiprofissional Integrada em Saúde – Hospital das Clínicas/UFPE; ² Nutricista Residente do Programa Uniprofissional – Hospital das Clínicas/UFPE; ³ Pós-graduanda em Saúde Pública com ênfase em Saúde da Família/INESP. fernanda.mdias1@gmail.com RESUMO: As síndromes hipertensivas da gravidez (SHG) têm sido destacadas como um problema de saúde pública. Estão relacionadas na maioria das vezes com a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e o ganho de peso gestacional excessivo. Dessa forma, o objetivo do estudo consiste em descrever a atuação do nutricionista por meio da dietoterapia, avaliação nutricional e evolução clínica frente às condições clínicas da paciente durante a transição de gestante a puérpera. Trata-se de um estudo de caráter descritivo com abordagem qualitativa, o qualadotou-se enquanto estratégia de investigação o estudo de caso. Foi desenvolcido no setor de maternidade de um hospital universitário, durante o ano de 2017. Para coleta de dados da pesquisa, foram utilizados registros das evoluções, cartão da gestante, exames complementares e avaliação antropométrica (peso, altura, IMC e parâmetros bioquímicos). Paciente do sexo feminino, 44 anos, casada, negra, natural e procedente de Igarassu – PE, com história de HAS Crônica e pré-eclâmpsia sobreposta. Foi observado curva ascendente, ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 40 mantendo-se em sobrepeso e ao final da gestação atingiu a classificação de obesidade. A partir do IMC pré-gestacional observou-se o ganho de peso total acima do recomendado. A terapia nutricional foi pensada visando a manutenção/recuperação do estado nutricional e a demanda energética da lactação. Diante disso, é de suma importância um acompanhamento nutricional adequado durante a gestação e no puerpério. Palavras-chave: Síndromes Hipertensivas. Gestação. Nutrição. 1 INTRODUÇÃO A gravidez após os 34 anos é denominada gravidez tardia, portanto, é considerado fator de risco para a morbidade tanto materna como fetal. Por consistir em uma gravidez de alto risco, exige-se uma atenção especial durante a realização do pré-natal. A gestação de alto risco é “aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada” (BRASIL, 2012). Em relação a gravidez de alto risco, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é elencada como a síndrome que causa a maior taxa de mortalidade materna em muitos países (CUNHA; COSTA; DUARTE, 2001). Para ser considerada HAS, deve estar presente antes da gravidez ou diagnosticada antes de 20º semana de gestação e não desaparecer no período puerperal. É considerada HAS quando a pressão arterial sistólica (PAS) é > 140 mmHg e/ou a pressão arterial diastólica (PAD) > 90 mmHg, medidas em duas ocasiões com 4 horas de intervalo (FREIRE; TEDOLDI, 2009, p.5). ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 41 Diante da expressiva morbimortalidade, tanto materna quanto fetal, as Síndromes Hipertensivas da Gravidez (SHG) têm sido destacadas como um problema de saúde pública, chegando a resultar em 20% a 25% de todas as causas de óbito materno (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016). Além de estar entre as principais causas de internamento de gestantes (RAMONIENE et al., 2017; YEE et al., 2017). A pré-eclâmpsia (PE) é definida pela presença de HAS após a 20ª semana associada à proteinúria significativa (< 300mg/dia). Na ausência de proteinúria significativa, o diagnóstico pode ser baseado na presença de cefaleia, turvação visual, dor abdominal, trombocitopenia (plaquetas < 100.000/mm³), elevação de enzimas hepáticas (o dobro do basal), comprometimento renal (acima de 1,1 mg/dl ou o dobro do basal), edema pulmonar, distúrbios visuais ou cerebrais, escotomas ou convulsão (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016). A HAS crônica associada a PE também é considerada um fator de risco que pode levar a ocasionar o Crescimento Intrauterino Restrito (CIUR). Este quadro consiste quando o bebê, ainda no útero da mãe, não adquire o ganho de peso esperado dentro faixa de normalidade. De acordo com o Ministério da Saúde (2012), é muito importante diferenciar, durante os exames, quando o feto é pequeno devido a pais com biótipo menor e quando o feto de fato reduziu o ritmo de crescimento. No caso de CIUR há um impedimento do bebê atingir seu potencial genético. Esse grupo de fetos agrega considerável morbidade perinatal, bem como possibilidade de sequelas na vida adulta (SOUZA et al., 2007; FREIRE; TEDOLDI, 2009, p.65). ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 42 Já a eclampsia (E) caracteriza-se pela presença de convulsões do tipo tônico-clônicas generalizadas, ou coma, em mulher com qualquer quadro hipertensivo, não causadas por epilepsia ou qualquer outra doença convulsiva. É um agravo que pode ocorrer durante a gravidez, no parto e no puerpério imediato (BRASIL, 2012). A amniorexe consiste na rotura espontânea das membranas ovulares (RPM) ou amniorrexe prematura ou rotura da bolsa de águas, antes do começo do trabalho de parto. No caso de partos prematuros, a rotura da membrana é denominada rotura prematura pré-termo. Vale salientar que a amniorexe constitui causa importante de partos pré-termo, cerca de 1/3 dos casos (BRASIL, 2012). As recomendações de ganho de peso gestacional estabelecidas pelo Institute of Medicine (IOM) são as mais aceitas e têm sido utilizadas como padrão de referência em muitos estudos. As primeiras recomendações de ganho de peso pelo IOM foram propostas em 1990, sendo posteriormente revisadas e atualizadas no ano de 2009 (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009). As variações no ganho de peso durante a gestação podem ser influenciadas tanto por fatores nutricionais como também por fatores sociodemográficos, obstétricos e comportamentais (KONNO, BENICIO, BARROS 2007; GONÇALVES et al., 2011). Estudos têm demonstrado que um ganho de peso gestacional excessivo está associado a um aumento das taxas de partos cirúrgicos, bem como à elevação do risco de resultados perinatais desfavoráveis, tais como: macrossomia fetal, desproporção céfalo-pélvica, trauma, asfixia e morte perinatal. Além disso, pode aumentar a ocorrência de diabetes ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 43 mellitus gestacional, síndromes hipertensivas da gravidez e retenção de peso pós-parto (SANTOS et al., 2010; RODE et al., 2012; VERNINI et al., 2016). Deste modo, pretende-se descrever a atuação do nutricionista por meio da dietoterapia, avaliação nutricional e evolução clínica frente às condições clínicas da paciente durante a transição de gestante a puérpera com síndrome hipertensiva. 2 MATERIAIS E MÉTODO Trata-se de um estudo de caráter descritivo com abordagem qualitativa, o qual adotou-se enquanto estratégia de investigação o estudo de caso. Pois como traz Shaughnessy e Zechmeister (2012), o estudo de caso representa um método de pesquisa através do qual se torna possível uma descrição e análise intensiva de um individuo único, funcionando nesse sentido como uma fonte potencialmente rica de informações. O estudo foi desenvolvido no setor de maternidade de um hospital universitário, durante o ano de 2017. Os dados foram coletados a partir de registros de evoluções e exames anexados em prontuário, observações da equipe ao longo do período da hospitalização da paciente e informações provenientes dos atendimentos realizados pela nutricionista. Com vista a ampliar as discussões, utilizou-se ainda de levantamentos de dados teóricos, através de revisão da literatura de livros e artigos científicos. A avaliação nutricional foi realizada através de dados antropométricos, dietéticos e de exame físico. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 44 Os dados antropométricos permitem identificar o risco nutricional, além de permitir avaliar o ganho de peso ponderal para a idade gestacional e classificar o estado nutricional (EN). Os dados pré-gestacionais, como peso e altura, foram obtidos a partir do cartão da gestante, permitindo identificar o Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional (CUPPARI, 2009). As medidas antropométricas de peso e altura foram realizadas conforme as recomendações do Ministério da Saúde. A massa corporal foi obtida em balança eletrônica digital, com capacidade máxima de 200 quilos (kg) e precisão de 100 gramas (g). A alturafoi aferida através de estadiômetro acoplado à balança (BRASIL, 2011). O IMC pré-gestacional é calculado com o peso antes da gestação informado ou com o peso medido antes da 14º semana de gestação dividido pela altura ao quadrado (Kg/m²) (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009). Para a classificação do IMC pré-gestacional é usado o mesmo ponto de corte para a população adulta (Tabela 1). Tabela 1. Classificação do EN pré-gestacional Classificação do Estado Nutricional IMC Pré-Gestacional (Kg/m2) Baixo peso < 18,5 Eutrofia 18,5 a 24,9 Sobrepeso 25,0 a 29,9 Obesidade > 30,0 Fonte: OMS, 2000. De acordo com o IMC pré-gestacional é possível classificar o diagnóstico inicial da gestante e identificar a faixa ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 45 de ganho de peso recomendada semestralmente e até o final da gestação (Tabela 2). Tabela 2: Recomendação para ganho de peso gestacional EN Inicial em adultas (IMC – Kg/m²) Ganho de peso (Kg) total no 1º trimestre Ganho de peso (Kg) semanal médio no 2º trimestre Ganho de peso (Kg) total da gestação Baixo peso (< 18,5) 2,3 0,5 12,5 -18,0 Adequado (18,5 -24,99) 1,6 0,4 11,5 – 16,0 Sobrepeso (25 – 29,99) 0,9 0,3 7,0 – 11,5 Obesidade (> 30) -- 0,3 5 – 9,0 Fonte: IOM, 2009. Como forma de complementar a avaliação antropométrica foi desenvolvido um instrumento, expresso em gráfico, que permite acompanhar o ganho de peso gestacional, baseado na idade gestacional e no IMC atual das gestantes. Permite também identificar as mudanças no estado nutricional durante toda a gestação (ATALAH et al., 1997). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO J.T.S, sexo feminino, 44 anos, casada, negra, evangélica, natural e procedente de Igarassu - PE. Reside com o marido e filho (10 anos). Nível fundamental completo. O ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 46 nascimento do primeiro filho foi através de parto cesáreo na qual seu bebê também nasceu prematuro devido às mesmas condições clinicas atuais. Seu filho necessitou permanecer 10 dias internado em uma UTI neonatal. Como antecedentes familiares apresenta: Diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica crônica e falecimento do pai por derrame (seis anos atrás). Gestação única tópica pré-termo de 29 semanas e 6 dias e com história de HASC. Foi encaminhada do pré-natal com elevação dos níveis pressóricos para realização de rotina de PE. Admitida no centro obstétrico, com pressão arterial de 180x100 mmHg, em uso de metildopa 1 g/dia e sulfato ferroso, negando diabetes mellitus, náuseas e vômitos, com edema em membros inferiores (3+/4+) e sem queixas de iminência de eclampsia. Avaliada com hipóteses diagnósticas (HD) de HASC e PE sobreposta, foi administrado o sulfato de magnésio (MgSO4 50% - Dose de ataque) e instalada sonda vesical de demora. Paciente referiu rompimento de bolsa aminiótica com liberação de líquido claro, porém sem contrações. Paciente foi reavaliada, com liberação da 2º fase do MgSO4, além do início do protocolo de antibiocoterapia para rotura prematura da membrana e solicitado ultrassonografia obstétrica. No segundo dia de internamento, confirmou-se diagnóstico de amniorex, PE grave e CIUR. Evoluiu para 3º fase do MgSO4, que posteriormente foi suspenso, porém ainda permaneceu em uso de antibioticoterapia e evoluindo sem queixas. No decorrer do internamento apresentou dor em baixo ventre, sendo encaminhada para sala de parto. Prosseguiu para parto transpelviano, com uso de ocitocina após nascimento, para estimulação da amamentação. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 47 Nos dias que sucederam o pós-parto, paciente permaneceu com ocorrência de picos hipertensivos, mantendo sua PA em 160x110 mmHg. A equipe médica solicitou nova rotina de pré-eclâmpsia e alterou esquema de medicamentos anti-hipertensivos. No pós-parto imediato permaneceu com HD de PE com sinais de gravidade e em uso de anti-hipertensivos. Ao exame físico, apresentou estado geral bom, hipocorada, afebril e bem perfundida, sem edemas e sem demais queixas. Em relação aos medicamentos e seus possíveis efeitos colaterais, inúmeras são as possibilidades de interações e estas podem ser decorrentes de alguns fatores como o organismo do paciente, quantidade de fármaco administrado, condições clínicas, dieta e patologias associadas (LOMBARDO; ESERIAN, 2014). Os fármacos e os alimentos podem interagir, podendo interferir no mecanismo de ação do fármaco e no estado nutricional do paciente, de modo que pacientes hospitalizados podem receber quantidades excessivas de medicamentos e por tempo prolongado e isso reflita na absorção dos nutrientes (MARTINS; MOREIRA; PIEROSAN, 2003; MAHAN; ESCOTT- STUMP, 2012). Como forma de tentar minimizar as interações é importante que os profissionais conheçam estas possibilidades, visto que não apresentam apenas caráter teórico, mas também podem apresentar consequências clínicas relevantes (LOPES et al., 2013; MAHAN; ESCOTT- STUMP, 2012). No momento do estudo, a prescrição medicamentosa estava composta por nove medicamentos, sendo três fixos e ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 48 seis podendo ser infudidos devido a necessidade da paciente (Tabela 3). Tabela 3. Interação droga-nutriente Droga Indicação/Interações medicamentosas e possíveis intercorrências Captopril Antihipertensivo. Disgeusia; Xerostomia; Náuseas e vômitos. Nifedipino Antiangionoso, anti-hipertensivo. Diminui pressão arterial, cálcio, vitamina C, vitamina D. Propanolol Antiarrítmico, antiangionoso, anti- hipertensivo. Náuses e Vômitos; Xerostomia; Aumento de uréia, creatinina, TGO, TGP, triglicerídio e glicemia. Dipirona Antitérmico e Analgésico. Leucopenia; Hipotensão. Tramal Analgésico. Náuseas e vômitos; Xerostomia; Constipação; Alterações no apetite. Ranitidina Antisecretor. Aumenta TGO, TGP, Gama GT e Creatinina. Dimeticona Anti-gases. Eructação. Ondansetrona Antiemético. Xerostomia; Dor abdominal. Sulfato ferroso Antianêmico. Macha dentária; Náuseas e vômitos; Dispepsia; Obstipação; Fezes escuras. Redução da absorção de zinco e cálcio. Fonte: MARTINS; SAEKI, 2013. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 49 Quanto a análise dos parâmetros laboratoriais, a paciente apresentou anemia leve a moderada, leucocitose e alterações de alguns níveis como ácido úrico e enzimas hepáticas (Tabela 4). A avaliação dos níveis séricos é essencial para a avaliação do estado nutricional, visto que os resultados podem contribuir diretamente para o diagnóstico nutricional e assim auxiliar na escolha da conduta adequada (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2011). Tabela 4. Período e exames laboratoriais Níveis séricos Referências HB 9,85↓ 9,23↓ 9,63↓ 12 – 16 HT 30,4↓ 29↓ 29,8↓ 36 – 47 VCM/ HCM 78,9 25,5↓ 77,7 24,7↓ 78,1 25,2↓ 80 – 98 27 – 33 TGO 29,8 28 13 – 390 Ferro/ Transf 108 272.2 50 – 170 200 – 360 TGP 24,7 45,2↑ 7 – 52 DHL 617,5↑ 670,9↑ 140 – 271 Ácido úrico 5,5↑ 5,4↑ 5,1↑ 2,0 – 5,0 Ureia 27,8 16,6 15 – 53 Creatinina 0,7 0,9 0,8 0,6 – 1,1 Leucócitos 7.700 13.400↑ 14.300↑ 4.000 – 11.000 PCR 0,9↑ < 0,5 Fonte: CALIXTO-LIMA; REIS, 2012. A anemia está diretamente relacionada aos mecanismos de expansão do volume sanguíneo, que ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 50 aumentam em torno de 50% durante a gestação. Além disso, observa-se um aumento das necessidades de ferro para o desenvolvimento do feto, da placenta e cordão umbilical e para as perdas sanguíneas decorrentesdo parto e puerpério (MONTENEGRO; REZENDE, 2011). Em decorrência dessa elevação mais acentuada do plasma do que dos eritrócitos, ocorrem alterações nos níveis de hematócrito, hemoglobina e no metabolismo do ferro (MODOTTI, 2015) . A anemia pode ocorrer por perda sanguínea, hemólise ou deficiência de sua produção. Anemia na gestação é definida como nível de hemoglobina (Hb) abaixo de 11g/dL. Ela pode ser classificada como leve (Hb 10 – 10,9g/dL), moderada (Hb 8 – 9,9g/dL) e grave (Hb _ 8g/dL). Os índices corpusculares, principalmente o Volume Corpuscular Médio (VCM = 81-95dL) não sofrem variações na maioria das vezes. Para fins práticos, o VCM é utilizado como indicador, identificando-se três tipos de anemia: microcíticas (VCM = <85dL), normocíticas (VCM entre 85 e 95dL) e macrocíticas (VCM >95dL) (BRASIL, 2012). Segundo dados laboratoriais da paciente em questão, pode-se perceber um quadro de anemia leve a moderada e do tipo microcítica. Níveis de hemoglobina abaixo de 9,5 g/dL podem estar relacionados a risco de recém-nascido de baixo peso e prematuridade. Embora a Hb seja utilizada para avaliação de anemia por deficiência de ferro, ela tem baixas especificidade e sensibilidade, por isso seria necessário ser solicitado em conjunto outros biomarcadores para estimar o status do ferro, como ferritina (NEMER; NEVES; FERREIRA, 2010; BRASIL, 2013). A pré-eclâmpsia é classificada em leve ou grave, de acordo com o grau de comprometimento, considera-se grave ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 51 quando presente um ou mais dos seguintes critérios: PAD (> que 110mmHg); Proteinúria (> 2,0g em 24 hora); Oligúria (< 500ml/dia ou 25ml/hora); Níveis séricos de creatinina > 1,2mg/dL; Sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaleia e distúrbios visuais); Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito; Evidência clínica e/ou laboratorial de coagulopatia; Plaquetopenia (<100.000/mm3); Aumento de enzimas hepáticas (AST ou TGO, ALT ou TGP, DHL) e de bilirrubinas; Presença de esquizócitos em esfregaço de sangue periférico. Além de outros sinais, como presença de restrição de crescimento intrauterino e/ou oligohidrâmnio (BRASIL, 2012). De acordo com os exames laboratoriais da paciente, houve ausência de proteinúria e alguns outros critérios como aumento dos níveis de creatinina e plaquetopenia. Porém, a suspeita se fortalece com o aumento das enzimas hepáticas ALT, AST e Desidrogenase lática (DHL). Com relação à função hepática, geralmente, durante uma gravidez normal, as concentrações séricas de ALT e AST permanecem normais e, portanto, quando há alguma alteração, é necessária investigação. Cerca de 20 a 30% das pacientes com PE têm a função hepática alterada enquanto que as concentrações de bilirrubina raramente aumentam (SOUZA et al, 2006; MARTINEZ et al, 2014). Houve também um aumento dos níveis de ácido úrico. Diferentes teorias foram propostas para explicar o fato da hiperuricemia, por ser uma das primeiras manifestações descritas na PE. Segundo estudos, o ácido úrico em concentrações séricas superiores a 5.5 mg/dL é um importante marcador para detecção de PE, porém não é um bom preditor de suas complicações. O ácido úrico correlaciona-se também ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 52 com a restrição do crescimento intrauterino (WILLIAMSON; SNYDER; WALLACH, 2013; MARTINEZ et al, 2014). No que diz respeito a avaliação nutricional, foi realizada a avaliação antropométrica, ainda enquanto gestante e como puérpera a qual não evidenciou risco nutricional (Tabela 5). Tabela 5. Avaliação nutricional IG 0s 20s 25s 29s 30S Puerpério Peso (Kg) 56 64,4 65,1 71,3 79,1 66,6 Altura (Cm) 1,53 - - - - - IMC (Kg/m2) 23,9 27,5 27,8 30,4 33,7 28,4 Fonte: Coleta de dados no serviço Segundo a curva de Atalah, paciente seguiu durante toda a gestação com uma curva ascendente, mantendo-se em sobrepeso e ao final da gestação atingiu a classificação de obesidade. Obteve ganho de peso gestacional de 23 kg, porém, conforme o estado nutricional inicial a recomendação de ganho de peso na gestação seria de 7-11,5 kg (IOM, 2009). Com base anamnese realizada, foi observado que a alimentação referida pela paciente durante a gestação já era hipossódica e não atendia as recomendações de uma alimentação saudável para gestantes, visto que o consumo de edulcorantes, gorduras trans e alimentos refinados faziam parte das principais refeições. Foi relatado também um quadro de constipação anterior à gestação, além da ingestão diminuída de água e sedentarismo. Negava alergias e/ou intolerâncias alimentares. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 53 Segundo semiologia nutricional, não foram detectados sinais associados à desnutrição, como a depleção de massa muscular e/ou gordura subcutânea ou sintomas de deficiências de vitaminas e minerais. Foi evidenciado sinais de edema em membros inferiores (VITOLO, 2008; CUPPARI, 2014). Paciente admitida já em dieta zero para administração da 1º fase do MgSO4. No segundo dia de internamento, após reavaliação e evolução do MgSO4 para 3º fase, iniciou alimentação por via oral, de consistência normal, com característica hipercalórica, hiperproteica e hipossódica, recebendo diariamente um total de 2340,7 kcal (30 kcal/kg) e 89,9 g de proteína (1,3 g/kg). Seguiu com boa aceitação alimentar, apetite preservado e negando náuseas e vômitos. A escolha da conduta dietoterápica baseou-se nas recomendações para o período de lactação (IOM, 2005), onde é considerado para o cálculo do Valor Energético Total (VET), peso corporal, altura, idade, tempo puerperal, nível de atividade física, adicional energético para produção de leite e ainda redução de kcal para auxilio na perda de peso. Utilizou- se também a mesma referencia para a recomendação do consumo de proteínas, onde é indicado o uso de 1,3 g/kg para todas as fases da lactação. Segundo IOM (2005), nutrizes com sobrepeso ou obesidade e se houver necessidade de perda de peso, o cálculo pode ser feito sem o adicional energético para produção de leite. Deste modo, as necessidades nutricionais da paciente, segundo recomendações, foram totalizadas em 2.524 kcal/dia e 85,8g de proteína/dia. Ficando assim, com percentual de adequação de 92% para calorias e 102% para proteínas. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 54 Considerando o estado clínico e as patologias associadas, foi realizada uma orientação para futura alta hospitalar, com o objetivo de manter ou recuperar o estado nutricional pré-gestacional. A orientação foi direcionada para alimentação saudável durante o período de lactação, respeitando os hábitos alimentares, preferencias e nível socioeconômico. As informações foram passadas de forma clara, objetivas e adequadas quanto ao nível de entendimento da paciente. 4 CONCLUSÕES O monitoramento do ganho de peso durante a gestação é um procedimento de baixo custo e de grande utilidade. Dessa forma, a terapia nutricional é de grande importância desde o início da gestação ao puerpério, atuando no ganho de peso adequado da gestante e/ou recuperação do estado nutricional pré-gestaconal, visto que complicações como síndromes hipertensivas podem levar a desfechos desfavoráveis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACCIOLY, E.; SAUNDERS, C.; LACERDA, E. M. A. Nutrição em Obstetrícia e Pediatria. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica/Guanabara Koogan, 2012: 177-188. ATALAH, S.E. et al. Propuesta de um nuevo estandar de evaluación nutricional en embarazadas. Revista Medica de Chile, v. 125, p. 1429-36, 1997. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.Departamento de Atenção Básica. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: Norma técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2011.76p. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 55 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. Editora: MS, ed. 5, 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Programa Nacional de Suplementação de Ferro: manual de condutas gerais. Brasília: MS, 2013. CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N. T. Interpretação de Exames Laboratoriais Aplicados à Nutrição Clínica. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2012. CUNHA, S. P.; COSTA, F. S.; DUARTE, G. Doença Hipertensiva Específica da Gravidez. In: Guariento A, Mamed JAV. Medicina materno- infantil. Sao Paulo (SP): Atheneu; 2001. P. 713-20. CUPPARI, L. Nutrição Clinica no Adulto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar. 3ª Ed. 2014. CUPPARI, L. Nutrição: nas doenças crônicas não transmissíveis. Barueri, SP: Manole, 2009. FREIRE, C. M. V.; TEDOLDI, C. L. Hipertensão arterial na gestação. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 93, n. 6, p. 159-165. 2009. GONÇALVES, C. V. et al. Índice de massa corporal e ganho de peso gestacional como fatores preditores de complicações e do desfecho da gravides.Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 34, v. 7, p. 304-9. 2012. INSTITUTE OF MEDICINE (IOM). Dietary reference intakes for energy, carbohydrate, fiber, fat, fattu acids, cholesterol, protein and amino acids (macronutrients). Washington, DC: National Academic Press, 2005. INSTITUTE OF MEDICINE (IOM). Weight Gain During Pregnancy: Reexamining the Guidelines. Washington: National Academy Press, 2009. LOMBARDO, M.; ESERIAN, J. K. Fármacos e Alimentos: Interações e influencias na terapêutica. Infarma – Ciências Farmacêuticas, São Paulo. V. 26, n. 3, p. 188-192, 2014. LOPES, E. M. et al. Interações fármaco-alimento/nutriente potenciais em pacientes pediátricos hospitalizados. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 34, n. 1, p. 131-135, 2013. MARTINEZ, N. F et al. Características clínicas e laboratoriais de gestantes com pré-eclâmpsia versus hipertensão gestacional. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetricia. 2014. MARTINS, C.; SAEKI, C. L. Interação Fármaco x Nutriente. 3º edição. Editora Instituto Cristina Martins: Curitiba, 2013, 238 p. MARTINS, C.; MOREIRA. S. D. M.; PIEROSAN, S. R. Interações droga – nutriente. 2ª edição. Curitiba: Nutroclínica, 2003. 280 p ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 56 MODOTT, M. T. C. et al. Anemia ferropriva na gestação: controvérsias na suplementação do ferro. Medicina, v. 48, n. 4, p. 401-407, 2015. SANTOS, P. et al. Ganho ponderal na gravidez e sua influencia no peso do bebe à nascença. Endocrinologia, Diabetes, Obesidade, vol. 4, n. 4, 2010. MODOTTI, M. T. C. F et al. Anemia ferropriva na gestação. Medicina, v. 48, n.4, p. 401-407, 2015. MONTENEGRO C. A. B; REZENDE J. F. Obstetrícia Fundamental. 12 ed.- Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. NEMER, A. S. A., NEVES, F. J., FERREIRA, J. E. S. Manual de solicitação e interpretação de exames laboratoriais.1º Edição. Revinter, 2010. 103 p. RAMONIENE, G. et al. Maternal obesity and obstetric outcomes in a tertiary referral center. Medicina, v. 53, n. 2, p. 109-113, 2017. RODE, L. et al. Association between gestational weight gain according to body mass index and postpartum weight in a large cohort of Danish women. Maternal and child health 56ástri, v. 16, n. 2, p. 406-413, 2012. KONNO, S. C. et al. Fatores associados à evolução ponderal de gestantes: uma análise multinível. Revista de Saúde Pública, v. 41, n. 6, p. 995- 1002, 2007. SHAUGHNESSY, J. J.; ZECHMEISTER, E. B.; ZECHMEISTER, J. S. Desenhos de caso único e pesquisa com n pequenos. In: SHAUGHNESSY, J. J.; ZECHMEISTER, E. B.; ZECHMEISTER, J. S. Métodos de pesquisa: métodos de pesquisa em psicologia. 9. Ed. Porto Alegre: AMGH Editora, p. 288-315. 2012. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 102, n. 3, 2016. SOUZA, A. S. R. et al. Pré-eclâmpsia. Femina, v. 34, n. 7, 2006. SOUZA, N. L. et al. Percepção materna com o nascimento prematuro e vivência da gravidez com pré-eclâmpsia. Revista de Saúde Pública, v. 41, n. 5, p. 704-710, 2007. VERNINI, J. M. et al. Maternal and fetal outcomes in pregnancies complicated by overweight and obesity. Reproductive Health. 2016. VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008. WILLIAMSON, M. A.; SNYDER, L. WALLACH, M. Interpretação de exames laboratoriais, 9 ed, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a World Health Organization Consultation. Geneva: World Health Organization. 2000. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A PACIENTE COM PRÉ-ECLÂMPSIA NO CICLO GRAVIDICO-PUERPERAL 57 YEE, L. M. et al. Association between gestational weight gain and perinatal outcomes in women with chronic hypertension. American Journal of Obstetrics & Gynecology. 2017. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL AO PACIENTE COM CÂNCER GASTRICO: DO DIAGNÓSTICO À ALTA HOSPITALAR 58 CAPÍTULO 3 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL AO PACIENTE COM CÂNCER GASTRICO: DO DIAGNÓSTICO À ALTA HOSPITALAR Lídia Laís Gomes SILVA 1 Mikaella Carla de França CAVALCANTI 1 Suellen Maiara Emerencio da SILVA1 Raisa Santos COELHO 2 Marcella Campos Lima da LUZ ³ 1 Pós graduanda do programa de Residência em nutrição clínica no HC-UFPE; 2 Pós graduanda do programa de Residência em Saúde da Mulher no HC-UFPE; 3Nutricionista do Hospital das clínicas da Universidade Federal de Pernambuco; lidialaisgs@gmail.com.br RESUMO: O câncer é um grande problema de saúde pública no mundo. No Brasil a neoplasia gástrica está entre os quatro mais prevalentes em mulheres e o quinto em homens. Este pode causar diminuição da ingestão de alimentos e aumento da demanda metabólica com consequente grande perda de peso. Esses fatores corroboram para que a avaliação e intervenção nutricional seja inciada de forma precoce. O objetivo desse trabalho é relatar a terapia e evolução nutricional de uma paciente com diagnóstico de câncer gástrico internada na enfermaria de oncologia de um hospital do Recife/PE. Trata-se de um estudo de caráter descritivo. Para o diagnóstico nutricional e definição da terapia a ser implementada foram considerados: a triagem nutricional realizada pela ASG-PPP, a antropometria pelo IMC e CB, exame físico e exames laboratoriais. Definiu-se por consenso entre os parâmetros que a paciente é eutrofica, porém risco nutricional. Iniciada dieta via oral hipercalórica, hiperprotéica, mailto:lidialaisgs@gmail.com.br ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL AO PACIENTE COM CÂNCER GASTRICO: DO DIAGNÓSTICO À ALTA HOSPITALAR 59 hipossódica, sendo necessário iniciar suporte nutricional oral específico para paciente oncológico para atingir suas necessidades, estimadas pelo INCA (2015) para pacientes 59ástrico59s. A paciente evoluiu com estabilização da perda de peso (12kg-19,3%) que já se seguia há 10 meses. O ganho de peso nas neoplasias de TGI são dificilmente observadas mesmo com o uso de suportes orais, por isso a evolução apresentada é entendida como boa resposta ao plano terapêutico abordado. Palavras-chave: Câncer 59ástrico.
Compartilhar