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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 3 2 ASPECTOS GERAIS ................................................................................... 4 3 DIABETES ................................................................................................... 8 4 DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA) .......... 12 5 HIPERTENSÃO ......................................................................................... 15 6 DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCV) ............................................... 18 7 SÍNDROME DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO (SAOS) .................... 19 8 DISLIPIDEMIAS ......................................................................................... 20 9 SÍNDROME METABÓLICA ....................................................................... 22 10 CÂNCER E OBESIDADE ....................................................................... 24 11 ABORDAGEM CLÍNICA DA OBESIDADE: DIETOTERAPIA ................. 26 12 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO NA OBESIDADE .......................... 30 12.1 Sibutramina ...................................................................................... 31 12.2 Orlistate ............................................................................................ 33 12.3 Liraglutida ........................................................................................ 33 13 TRATAMENTO CIRÚRGICO DA OBESIDADE ...................................... 34 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 39 15 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ....................................................... 50 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 ASPECTOS GERAIS Fonte: Pixabay.com A Organização Mundial de Saúde – OMS aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde no mundo (WHO, 2010). O estudo Global Burden of Disease Brasil – GBD (SOUZA, FRANÇA e CAVALCANTE, 2017), apontou aumento da obesidade, glicemia de jejum e uso de álcool consistente com os dados da maioria dos países no mundo. O excesso de peso e a obesidade constituem o segundo fator de risco mais importante para a carga global de doenças e estão associados com várias doenças crônicas não transmissíveis - DCNT, como doenças cardiovasculares, diabetes, câncer de cólon, de reto e de mama, cirrose, entre outras. De acordo com a OMS, mais de 1,6 bilhão de adultos se encontra com excesso de peso no mundo e pelo menos 400 milhões estão obesos (WHO, 2006). Um indivíduo obeso, comparado a um indivíduo eutrófico (peso normal para a altura/idade), possui maior probabilidade de vir a desenvolver doenças associadas à obesidade (MOREIRA & COLABORADORES, 2012, apud LOURENÇO et al., 2016 p. 02). Os dados do GBD 2015 indicam crescimento para 604 milhões de adultos e 112 milhões de crianças em todo o mundo com obesidade, além de a 5 prevalência ter dobrado entre 1980 e 2015 em mais de 70 países do mundo (SOUZA, FRANÇA e CAVALCANTE, 2017). No Brasil, a situação não é diferente. Estudos apontam que a obesidade vem crescendo cada vez mais. De acordo com os dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico – VIGITEL, mais de 50% da população adulta está acima do peso, ou seja, na faixa de sobrepeso e obesidade. A obesidade é considerada uma doença crônica, multifatorial e o distúrbio nutricional mais comum na infância. O aumento crescente do número de obesos no mundo indica a grande participação do ambiente na gênese da doença, com hábitos dietéticos, sedentarismo e fatores psicossociais, responsáveis por 95% dos casos. Cerca de 5% dos pacientes obesos exibirão alguma causa identificada sendo 2% associados a síndromes genéticas raras, e o restante a causas endócrinas e secundárias a medicamentos (MORETZSOHN; ROCHA; CAETANO, 2016). Pode ser classificada didaticamente em obesidade endógena, secundária a doenças ou uso de medicamentos e exógena, resultado de uma interação entre fatores genéticos, comportamentais e ambientais em que a ingestão alimentar é maior que o gasto energético (ANS, 2017). Sabidamente, fatores genéticos e metabólicos influenciam de maneira direta no ganho de peso, porém outros fatores como inatividade física, dieta pouco saudável e estresse psicossocial aumentam o risco do desenvolvimento da obesidade. Deste modo, intervenções orientadas para esses fatores devem ser realizadas para prevenir ou reverter o quadro da obesidade no âmbito individual e populacional (KIVIMÄKI et al., 2015, apud BEVILAQUA et al., 2016, p. 02). O tratamento da obesidade implica melhora ou resolução de várias doenças associadas. É importante ressaltar que apenas 10% dos pacientes com obesidade são diagnosticados e porcentagem inferior a 2% dos mesmos recebem tratamento para obesidade. Sabe-se que o tratamento clínico (mudança de estilo de vida e medicamentos) reduz em média 10% do peso corporal, daí a importância de um diagnóstico e intervenção precoces. E o tratamento cirúrgico da obesidade reduz em média 30% do peso corporal (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA, 2016). 6 Um dos alicerces para o enfrentamento do excesso de peso e da obesidade reside na promoção da alimentação saudável. A 2ª edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde, em 2014, aborda quais cuidados e caminhos são recomendados para se alcançar uma alimentação saudável, saborosa e balanceada. Para tanto, o Guia apresenta desde os cuidados que se deve ter ao escolher os alimentos, passando pela preparação das refeições e pelo próprio ato de comer. Os Dez Passos para uma Alimentação Adequada e Saudável, sistematizados pelo Guia Alimentar da População Brasileira, são abaixo transcritos (BRASIL, 2014, p.127- 128). 1º passo Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação. 2º passo Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias. 3º passo Limitar o consumo de alimentos processados. 4º passo Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados. 5º passo Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia. 6º passo Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados. 7º passo Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias. 8º passo Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece. 9º passo Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora. 10ºpasso Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais. Fonte: Guia Alimentar para a População Brasileira, 2014. As evidências associam a prática de exercícios à melhora da composição corporal e à promoção de potencialidades fisiológicas que envolvem 7 modificações positivas no que diz respeito à promoção de saúde e ao condicionamento físico (MELLO et al., 2004 apud BRAVIN et al., 2015, p. 41). Definições, objetivos e métodos para as fases de prevenção em doenças crônicas: práticas gerais em doenças crônicas e práticas específicas na obesidade. Fase de intervenção Definição e objetivos Métodos de prevenção Prevenção primária Práticas gerais: Prevenir uma doença de ocorrer. Obesidade: Prevenir o desenvolvimento de sobrepeso e obesidade. Práticas gerais: Eliminar fatores de risco, remover causas, ou aumentar resistência à doença. Obesidade: Educar o público, promover alimentação saudável e atividade física regular. Construir meio ambiente propício. Prevenção secundária Práticas gerais: Impedir a progressão da doença na sua fase inicial antes de progredir para um estágio mais grave. Deter o processo da doença para prevenir complicações ou sequelas. Obesidade: Prevenir ganho de peso futuro e desenvolvimento de complicações relacionadas ao peso em pacientes com sobrepeso e obesidade. Práticas gerais: Usar um teste de rastreamento e diagnóstico seguido por tratamento. Obesidade: Rastrear e diagnosticar usando IMC. Avaliar a presença de complicações. Tratar com intervenção de estilo de vida sem/com medicamentos antiobesidade. Prevenção terciária Práticas gerais: Usar atividades clínicas que reduzam complicações e previnam deterioração posterior. Obesidade: Tratar com terapia e medicamentos para perda de peso visando aliviar complicações relacionadas à obesidade e prevenir a progressão da doença. Práticas gerais: Usar estratégias de tratamento que limitem consequências adversas da doença. Obesidade: Tratar com intervenção de estilo de vida/comportamental e medicamentos antiobesidade. Considerar cirurgia bariátrica. Fonte: Diretrizes Brasileiras de Obesidade, 2016. 8 3 DIABETES Fonte: Pixabay.com O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença caracterizada pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia). Pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta. A função principal da insulina é promover a entrada de glicose para as células do organismo de forma que ela possa ser aproveitada para as diversas atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação resulta, portanto em acúmulo de glicose no sangue, o que chamamos de hiperglicemia (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – SBEM, 2017). Nos obesos, o tecido adiposo libera quantidades aumentadas de ácidos graxos não esterificados, glicerol, hormônios, citocinas pró-inflamatórias e outros fatores envolvidos na resistência à insulina. Quando essa se acompanha de disfunção das células beta pancreáticas, estabelece-se a falha de controle da glicemia. Assim, as anormalidades funcionais das células beta, induzidas pela obesidade, são críticas no risco de desenvolvimento da doença (KAHN et al., 2006, apud WANNMACHER, 2016, p. 03). Na história natural do DM, alterações fisiopatológicas precedem em muitos anos o diagnóstico da doença. A condição na qual os valores glicêmicos 9 estão acima dos valores de referência, mas ainda abaixo dos valores diagnósticos de DM, denomina-se pré-diabetes. A resistência à insulina já está presente e, na ausência de medidas de combate aos fatores de risco modificáveis, ela evolui frequentemente para a doença clinicamente manifesta e associa-se a risco aumentado de doença cardiovascular e complicações. Na maioria dos casos de pré-diabetes ou diabetes, a condição é assintomática e o diagnóstico é feito com base em exames laboratoriais (ADA, 2019). Segundo a American Diabetes Association (ADA) a melhor estratégia para a promoção da saúde e redução das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) é manter uma alimentação equilibrada. Sendo assim, a dieta adequada e saudável se faz extremamente importante para pessoas com DM para o controle, tratamento e prevenção de complicações (FONSECA; ITO, 2015 apud BERTONHI 2018). As categorias de tolerância à glicose são definidas com base nos seguintes exames (ADA, 2019): Glicemia em jejum: coletada em sangue periférico após jejum calórico de no mínimo 8 horas (ADA, 2019). TOTG: previamente à ingestão de 75 g de glicose dissolvida em água, coleta-se uma amostra de sangue em jejum para determinação da glicemia; coleta-se outra, então, após 2 horas da sobrecarga oral. Importante reforçar que a dieta deve ser a habitual e sem restrição de carboidratos pelo menos nos 3 dias anteriores à realização do teste. Permite avaliação da glicemia após sobrecarga, que pode ser a única alteração detectável no início do DM, refletindo a perda de primeira fase da secreção de insulina (ADA, 2019). Hemoglobina glicada (HbA1c): oferece vantagens ao refletir níveis glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses e ao sofrer menor variabilidade dia a dia e independer do estado de jejum para sua determinação. Vale reforçar que se trata de medida indireta da glicemia, que sofre interferência de algumas situações, como anemias, hemoglobinopatias e uremia, nas quais é preferível diagnosticar o estado de tolerância à glicose com base na dosagem glicêmica direta (ADA, 2019). A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que glicemia elevada é o terceiro fator, em importância, da causa de mortalidade prematura, superada apenas por pressão arterial aumentada e uso de tabaco. Infelizmente, muitos governos, sistemas de saúde pública e profissionais de saúde ainda não se conscientizaram da atual 10 relevância do diabetes e de suas complicações (WHO 2009 apud SBD 2019). Abaixo, destacaremos os critérios laboratoriais para diagnóstico de normoglicemia, pré-diabetes e DM, (ADA, 2019) adotados pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Glicose em jejum (mg/dL) Glicose 2 horas após sobrecarga com 75 g de glicose (mg/dL) Glicose ao acaso (mg/dL) HbA1c (%) Observações Normoglicemia < 100 < 140 – < 5,7 OMS emprega valor de corte de 110 mg/dL para normalidade da glicose em jejum. Pré-diabetes ou risco aumentado para DM ≥ 100 e < 126* ≥ 140 e < 200** – ≥ 5,7 e < 6,5 Positividade de qualquer dos parâmetros confirma diagnóstico de pré- diabetes. Diabetes estabelecido ≥ 126 ≥ 200 ≥ 200 com sintomas inequívocos de hiperglicemia ≥ 6,5 Positividade de qualquer dos parâmetros confirma diagnóstico de DM. Método de HbA1c deve ser o padronizado. Na ausência de sintomas de hiperglicemia, é necessário confirmar o diagnóstico pela repetição de testes. Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2019-2020. 11 OMS: Organização Mundial da Saúde; HbA1c: hemoglobina glicada; DM: diabetes mellitus. * Categoria também conhecida como glicemia de jejum alterada. ** Categoria também conhecida como intolerância oral à glicose. A alimentação é controlada por vários fatores cognitivos, ambientais, emocionais e psicológicos, no qual a representação do alimento para o indivíduo libera hormônios que despertam o desejo de consumi-lo, interferindo no poder de saciedade do mesmo. Os obesos parecem ter menor liberação desses hormônios controladores da saciedade (LANDEIRO et al., 2010, apud LOURENÇO et al., 2016, p. 26). A melhor forma de prevenir o diabetes ediversas outras doenças é a prática de hábitos saudáveis (Ministério da Saúde, 2020): • Comer diariamente verduras, legumes e, pelo menos, três porções de frutas; • Reduzir o consumo de sal, açúcar e gorduras; • Parar de fumar; • Praticar exercícios físicos regularmente (pelo menos 30 minutos todos os dias); • Manter o peso controlado (eutrofia). O incentivo para uma alimentação saudável e balanceada e a prática de atividades físicas é prioridade do Governo Federal. O Ministério da Saúde adotou internacionalmente metas para frear o crescimento do excesso de peso e obesidade no país (Ministério da Saúde, 2020). Adotar um estilo de vida saudável, simultaneamente a prática regular de atividades físicas e uma dieta adequada ao indivíduo e a sua condição clínica, é eficaz para a redução e exclusão de riscos à saúde e constitui importante fator para promover a qualidade de vida aos portadores de DCNT (MALACHIAS et al., 2016 apud BASTOS et al., 2019). 12 Fonte: Departamento de Nutrição, SBD, 2017. A falta de conhecimento sobre as DCNT’s, impossibilita a construção do pensamento consciente acerca dos possíveis riscos de agravos e a busca pelo tratamento, o que reflete no ônus econômico tanto pessoal, quanto para o governo (MALTA et al., 2017 apud BASTOS et al., 2019). 4 DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA) Fonte: Pixabay.com 13 A Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) é uma condição clinicopatológica comum, caracterizada por depósito de lipídios nos hepatócitos do parênquima hepático, causando elevação assintomática de aminotransferases em até 90% dos casos, excluídas outras causas bem estabelecidas. Sua prevalência aumenta significativamente entre obesos, variando de 50 a 75% dos casos, e, provavelmente, este valor elevado seja paralelo ao aumento da prevalência global de obesidade, nas diversas faixas etárias (CUPPARI, 2014). O fígado é a maior glândula endócrina do corpo humano, e atua no metabolismo dos macronutrientes, micronutrientes, fármacos e/ou drogas e hormônios. Assim, os cuidados diários com a alimentação envolvem a saúde de todos os órgãos, em especial do fígado (LORENZONI et al., 2014). O desequilíbrio do balanço energético pela maior oferta de energia na forma de carboidratos e lipídios, e a ausência ou a insuficiente prática de atividade física, resulta no acúmulo de lipídios no tecido adiposo e no fígado de indivíduos de todas as faixas etárias (BRAVIN et al 2015; CRISPIM et al., 2016 apud LORENZONI et al., 2014). Ao exame físico, a obesidade é a anormalidade mais comum, sendo a hepatomegalia descrita em, aproximadamente, 75% dos pacientes. Sinais de hipertensão portal são menos frequentes, embora a esplenomegalia possa ser encontrada em 25% dos pacientes na época do diagnóstico e, entre os sinais de insuficiência hepática, spider e eritema palmar são os mais comuns. Por meio de exames laboratoriais, podem ser encontradas elevações discretas ou moderadas nos níveis de aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT). Diversas agressões estão envolvidas em sua patogênese, sendo aqui abordadas duas delas. Inicialmente, como resultado da resistência à insulina, há uma maior síntese e retenção de triglicerídeos no hepatócito, levando à esteatose macrovesicular. Provavelmente, uma menor oxidação de ácidos graxos, por disfunção mitocondrial, possa contribuir para esta alteração. A segunda agressão é geralmente atribuída ao estresse oxidativo, favorecendo a peroxidação de lipídios na membrana do hepatócito e produção de citocinas (CUPPARI, 2014). Na obesidade, pode ocorrer, também, resistência à leptina. Há estudos sugerindo que esse hormônio promove esteatose hepática e esteato-hepatite, e 14 outros mostrando que suas concentrações se correlacionam com esteatose, mas não com inflamação e fibrose. Na ausência de terapêutica específica para a DHGNA, o tratamento é direcionado à correção dos fatores de risco. A perda de peso é fundamental, pois há estudos que observaram melhora bioquímica e histológica, com perda ponderal gradual e moderada (~10%), porém não há estudos clínicos bem controlados sobre o tema (CUPPARI, 2014). O acúmulo dos lipídios no fígado é chamado de Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica, e quando não tratada pode progredir para a cirrose hepática ou câncer (LISBOA et al., 2016 apud LORENZONI et al., 2014). O diagnóstico da DHGNA pode ser feito por meio de exames; entre eles, o mais eficaz e de menor custo é a ultrassonografia abdominal ou a ecografia, que define o grau da doença, porém apresenta limitações visto que, em alguns casos não identifica a cirrose. A partir de tal exame, adotam-se as classificações de esteatose hepática grau 1 (leve), grau 2 (moderado) e grau 3 (grave) (CRUZ et al., 2016). Uma dieta com frutas, legumes e verduras que são ricas em fibras, vitaminas, minerais e água contribui significativamente para a prevenção e a reversão da DHGNA. Vários estudos têm mostrado melhoras significativas da prevenção ou reversão desta patologia com uma dieta rica em proteínas, em frutas (jabuticaba e o pomelo), cacau e o chá verde (VERA-CRUZ et al., 2010). Tem sido sugerido que o tratamento para a DHGNA seja baseado nas modificações no estilo de vida, com destaque para o consumo de vegetais incluindo as frutas pobres em frutose, a utilização da dieta do mediterrâneo, e uma redução na ingestão de ácidos graxos saturados e trans (AHMED et al., 2019 apud DA SILVA BARBOSA et al., 2019). 15 5 HIPERTENSÃO Fonte: Pixabay.com Hipertensão arterial (HA) é condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg. Frequentemente se associa a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros fatores de risco (FR), como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes melito (DM). Mantém associação independente com eventos como morte súbita, acidente vascular encefálico (AVE), infarto agudo do miocárdio (IAM), insuficiência cardíaca (IC), doença arterial periférica (DAP) e doença renal crônica (DRC), fatal e não fatal (7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, 2016). A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é o maior fator de risco para mortalidade no mundo. Estima-se que em 2008, 12,8% dos óbitos foram decorrentes da HAS. A HAS contribuiu nas últimas décadas para o aumento da carga de cardiopatias, acidentes cerebrovasculares, insuficiência renal e para as incapacidades prematuras (OMS, 2013 apud MARQUES et al., 2020). De acordo com o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) de 2017, a 16 prevalência de hipertensão autorreferida passou de 22,6% em 2006 para 24,3% em 2017. A pressão alta tende a aumentar com a idade, chegando, em 2017, a 60,9% entre os adultos com 65 anos e mais; e foi menor entre aqueles com maior escolaridade, com 14,8% entre aqueles com 12 anos ou mais de estudo (Ministério da Saúde, 2020). De acordo com o estudo, as mulheres ainda continuam com maior prevalência de diagnóstico médico de hipertensão arterial quando comparado aos homens, tendo registrado 26,4% contra 21,7% para eles. Em 2017, as capitais com maior prevalência entre as mulheres foram Rio de Janeiro (34,7%) e Recife (30,0%), e entre os homens, foram Maceió (26,3%) e Natal (26,2%). Para o total, o Rio de Janeiro (RJ) se manteve pelo segundo ano consecutivo como a capital brasileira com o maior percentual de hipertensos (Ministério da Saúde, 2020). Cerca de 95% dos casos de hipertensão e diabetes estão relacionados a fatores genéticos e ambientais, como obesidade, resistência insulínica e alta ingestão de sódio. Issoinclui as más práticas alimentares na etiopatogenia dessas doenças crônicas e na fisiopatologia dos agravos (MARTINS et al., 2015 apud BASTOS et al., 2019). Os limites de pressão arterial (PA) considerados normais são arbitrários. Entretanto, valores que classificam o comportamento da PA em adultos por meio de medidas casuais ou de consultório estão expressos no quadro 1 a seguir. Quadro 1: Classificação da PA de acordo com a medição casual ou no consultório a partir de 18 anos de idade. Classificação PAS (mm Hg) PAD (mm Hg) Normal ≤ 120 ≤ 80 Pré-hipertensão 121-139 81-89 Hipertensão estágio 1 140 – 159 90 – 99 Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 - 109 Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 17 - Quando a pressão arterial sistólica (PAS) e a pressão arterial diastólica (PAD) situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da PA. - Considera-se hipertensão sistólica isolada se PAS ≥ 140 mm Hg e PAD < 90 mm Hg, devendo a mesma ser classificada em estágios 1, 2 e 3. Fonte: 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, 2016. A prevalência de HAS sofre influência de múltiplos fatores, com destaque para os demográficos, hereditários, socioeconômicos, comportamentais e antropométricos. A maioria desses fatores podem ser controlados ou modificado, sendo então possível reduzir a incidência da hipertensão e de suas complicações (OMS, 2013 apud MARQUES et al., 2020). O sucesso do tratamento da hipertensão arterial com medidas nutricionais depende da adoção de um plano alimentar saudável e sustentável. A dieta deve enfatizar o consumo de frutas, hortaliças e laticínios com baixo teor de gordura; inclui a ingestão de cereais integrais, frango, peixe e frutas oleaginosas; preconiza a redução da ingestão de carne vermelha, doces e bebidas com açúcar. Refeições saudáveis são aquelas preparadas com alimentos in natura e minimamente processados, com qualidade e quantidade adequada aos ciclos da vida, compondo refeições coloridas e saborosas, que incluem alimentos tanto de origem vegetal quanto animal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo adequado de sódio para um indivíduo saudável é de 2.400 mg ao dia, valor que equivale a 5 g/dia de sal de cozinha. No entanto, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), 2008-2009, o consumo médio diário de sal do brasileiro é de 11,4 g, ou seja, mais que o dobro da recomendação. 18 6 DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCV) Fonte: Pixabay.com Atualmente, as doenças cardiovasculares (DCV) constituem o maior agravo para a saúde, estando diretamente envolvidas em mais de 17 milhões de mortes a cada ano, o que representa metade de todas as mortes por doenças não transmissíveis. Além de seus efeitos no bem-estar individual, as DCV são responsáveis por elevado impacto econômico (GOMES, et al., 2019). O tratamento das doenças cardiovasculares envolve o uso de fármacos específicos e a adesão a intervenções não farmacológicas (Comitê Coordenador de Cardiologia 2018 apud GOMES et al., 2019). A presença dos fatores de risco clássicos (hipertensão, dislipidemia, obesidade, sedentarismo, tabagismo, diabetes e histórico familiar) aumenta a probabilidade pré-teste de DCV – com ênfase para a doença arterial coronariana (DAC) – e norteia a prevenção primária e secundária. Vários outros fatores, incluindo questões sociodemográficas, étnicas, culturais, dietéticas e comportamentais, podem também explicar as diferenças na carga de DCV entre as populações e suas tendências ao longo das décadas. A implementação de políticas de saúde, entre elas, o estímulo aos hábitos de vida saudáveis, o acesso a medidas para prevenção primária e secundária de DCV, associados ao 19 tratamento de eventos cardiovasculares (CV), é essencial para o controle das DCV em todos os países, incluindo o Brasil (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2019). A hipertensão arterial é o principal fator de risco para morte e DCV no mundo. As mortes atribuíveis aos fatores de risco cardiovascular podem ser vistos na Figura 1 a seguir. Figura 1: mortes atribuíveis aos fatores de risco cardiovascular. Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2019. 7 SÍNDROME DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO (SAOS) Fonte: Pixabay.com 20 A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) caracteriza-se por repetida obstrução das vias aéreas superiores, resultando em dessaturação da oxi-hemoglobina, alterações da estrutura do sono e sintomatologia típica: ronco, sonolência diurna excessiva e pausas respiratórias durante o sono. O fator de risco mais importante para a SAOS é a obesidade, em especial a gordura localizada no pescoço. Entre os portadores da síndrome, até 70% são obesos; e entre os obesos graves, a incidência é de até 15 vezes maior quando comparada à população em geral (CUPPARI, 2014). A prevalência desta entidade tem aumentado exponencialmente, com estimativa de afetar cerca de 9 a 38% da população geral, considerando um índice de apneia-hipopneia (IAH) ≥ 5 eventos/hora (prevalência de 6 a 17% com IAH ≥ 15 eventos/hora), sendo mais frequente no gênero masculino e com o avançar da idade (SENARATNA et al., 2017 apud ORNELAS et al., 2019). Apesar de bastante complexa e não completamente esclarecida, a fisiopatologia da SAOS inclui um estreitamento das vias aéreas superiores, frequentemente causada por deposição de gordura perifaríngea, alterações nos ossos da face e nas amígdalas e adenoides. A obesidade, que se relaciona fortemente com o aumento de tecidos moles ao redor da faringe, é considerada o fator predominante para a obstrução das vias aéreas superiores (CUPPARI, 2014). 8 DISLIPIDEMIAS Fonte: Pixabay.com 21 Algumas investigações confirmam a importância da hipertrigliceridemia e de níveis baixos de lipoproteínas de alta densidade (HDL) em obesos, mas a influência da obesidade nos níveis de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) ainda é controversa. Muitas pessoas obesas apresentam níveis de LDL- colesterol dentro dos limites normais, uma vez que o aumento característico da concentração de partículas pequenas e densas de LDL-colesterol, mais aterogênicas, não pode ser detectado pela simples dosagem do colesterol total ou fração de LDL-colesterol. A razão LDL-apo-B/LDL-colesterol está frequentemente aumentada nas pessoas obesas. Mais uma vez, essa alteração do perfil metabólico é mais comum entre obesos com acúmulo elevado de gordura intra-abdominal, consistindo em aumento de risco de doença cardiovascular (CUPPARI, 2014). As dislipidemias consistem em alterações metabólicas de lipoproteínas, observando-se elevadas concentrações séricas de colesterol total (CT), lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) e triglicerídeos (TG), bem como baixas concentrações séricas de lipoproteína de alta densidade (HDL-c) (XAVIER et al., 2013 apud FILGUEIRAS et al., 2019). Trabalhos apoiados nos dados do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES II), dos Estados Unidos, confirmaram as alterações do perfil lipídico encontradas anteriormente (aumento de triglicerídeos e diminuição de HDL-colesterol) em todas as faixas etárias, além de incremento do colesterol total, em particular à custa de LDL-colesterol em jovens e de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL-colesterol) em idosos, demonstrando, de maneira inequívoca, a importância do diagnóstico e do tratamento concomitante da obesidade e de distúrbios lipídicos (CUPPARI, 2014). Algumas medidas no controle da dislipidemia são: • Terapia nutricional adequada; • Controle de peso corporal; • Redução de bebida alcoólica; • Redução de açúcares e de carboidratos; • Substituição parcial de ácidos graxos saturados por mono e poli- insaturados. 22 Os hábitos de vida modernos têm sidofavoráveis ao aumento da incidência de dislipidemia, pois se caracterizam pelo elevado consumo de alimentos industrializados (por vezes mais ricos em gorduras e pobres nutricionalmente) e o estímulo ao sedentarismo (devido às facilidades, como o uso de elevadores, escadas rolantes, automóveis, computadores etc.) (BARBOSA et al., 2012 apud DA SILVA et al.,2018). 9 SÍNDROME METABÓLICA Fonte: Pixabay.com O termo “síndrome metabólica” (SM) foi proposto ao final da década de 1990, caracterizando-se como uma associação complexa de desordens metabólicas, incluindo a intolerância a glicose (diabete tipo 2, diminuição da tolerância à glicose ou hiperglicemia), resistência à insulina, obesidade central, dislipidemia e hipertensão arterial, que aumentam o risco para doença cardiovascular e diabete melito tipo 2. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a SMet é um transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular usualmente relacionados à deposição central de gordura e à resistência à insulina (CUPPARI, 2014). A síndrome metabólica (SM) é um conjunto de características metabólicas inter-relacionadas que estão ligadas ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV) e diabetes (MARTIN 2015 apud MENDES et al., 2019). 23 No Brasil, os dados de prevalência de SM são escassos, e entre os poucos estudos de base populacional acerca da prevalência de SM em adultos brasileiros foram encontrados valores que variaram entre 56,8% em nipo- brasileiros do estado de São Paulo; 23,7% na população de Salvador; 24,8% nos residentes do semiárido baiano; 25,4% na população urbana da cidade de Vitória; e 32% no Distrito Federal. A publicação, em 2009, de um comunicado conjunto de renomadas instituições (International Diabetes Federation, National Heart, Lung, and Blood Institute, American Heart Association, World Heart Federation, International Atherosclerosis Society e International Association of the Study of Obesity) orientou para um consenso na definição da SM e seus critérios diagnósticos, conforme quadro 2 abaixo (CUPPARI, 2014). A prevalência de SM na população mundial é de 25%, sendo responsável por 7% da mortalidade global e por 17% dos óbitos ligados às DCV (LIRA NETO 2017apud MENDES et al., 2019). Quadro 2: Critérios para diagnóstico clínico da síndrome metabólica. Medida Categorização dos pontos de corte Circunferência da cintura aumentada Definições populacionais e específicas para cada país Triglicerídeos aumentados (tratamento medicamentoso para hipertrigliceridemia é um indicador alternativo) ≥ 150 mg/dL (1,7 mmol/L) Valores reduzidos de HDL-c (tratamento medicamentoso para HDL-c baixo é um indicador alternativo) Homens: < 40 mg/dL (1 mmol/L) Mulheres: < 50 mg/dL (1,3 mmol/L) Hipertensão arterial (tratamento medicamentoso anti-hipertensivo em paciente com história de hipertensão é um indicador alternativo) Pressão sistólica ≥ 130 e/ou diastólica ≥ 85 mmHg Glicemia de jejum aumentada (tratamento medicamentoso para hiperglicemia é um indicador alternativo) ≥ 100 mg/dL Fonte: adaptada de Alberti et al., 2009. 24 O acúmulo de gordura geralmente está relacionado à presença de hipertensão e alterações metabólicas, como aumento dos níveis de triglicerídeos e de glicose e baixos níveis de HDL-c (lipoproteínas de alta densidade) (GOBATO et al., 2014 apud MENDES et al., 2019). A definição de SM permite inferir acerca das diretrizes para seu tratamento, que atribui aos fatores ambientais a maior responsabilidade por sua manifestação. Qualquer programa de intervenção necessita de perspectivas comportamentais, atuando sobre a redução da obesidade e aumento na atividade física, de acordo com avaliação médica e intervenção farmacológica (CUPPARI, 2014). Nos obesos, o tecido adiposo libera quantidades aumentadas de ácidos graxos não esterificados, glicerol, hormônios, citocinas pró- inflamatórias e outros fatores envolvidos na resistência à insulina. Quando essa se acompanha de disfunção das células beta pancreáticas, estabelece-se a falha de controle da glicemia. Assim, as anormalidades funcionais das células beta, induzidas pela obesidade, são críticas no risco de desenvolvimento da doença (KAHN et al., 2006, apud WANNMACHER, 2016, p. 03). 10 CÂNCER E OBESIDADE Fonte: Pixabay.com Os processos de urbanização e industrialização promoveram aumento da exposição aos fatores de risco, tais como mudanças na alimentação, na prática 25 de atividade física e na composição corporal, ocasionando um aumento da incidência de doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer (INCA, 2014). Atualmente, o câncer é considerado um problema de saúde pública mundial, pois atinge todas as classes sociais e regiões econômicas do mundo (MIRANDA et al., 2013). De acordo com as estimativas do Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), no biênio 2018-2019, estima-se que, no Brasil, ocorram 600 mil casos novos de câncer para cada ano. No país, cerca de sete milhões de pessoas morrem, anualmente, com essa doença e, para 2020, espera-se atingir os 16 milhões óbitos (DE OLIVEIRA FARIA, 2019). Os possíveis mecanismos fisiopatológicos responsáveis pela associação entre obesidade e câncer incluem a distribuição da gordura corporal, processo inflamatório, alterações imunológicas, estresse oxidativo celular, alterações nutricionais, disbiose e alterações nos padrões hormonais, envolvendo o eixo Insulina-IGF e hormônios esteroides, adipocinas produzidas no tecido adiposo visceral. Esse conjunto de fatores promove a resistência insulínica e aumento na produção de insulina pelo pâncreas para compensar o metabolismo da glicose. Alterações endócrinas, imunológicas e metabólicas favorecem o crescimento tumoral a partir de seus efeitos mitogênicos, antiapoptóticos e angiogênicos, atuando diretamente sobre os tecidos ou, indiretamente, por mudanças no metabolismo corporal. Entretanto, as explicações sobre estas associações e mecanismos fisiopatológicos ainda são escassas quanto a essas hipóteses (LOPES et al., 2020). Os possíveis mecanismos que explicam a associação entre obesidade e câncer fundamentam-se na secreção irregular dos níveis circulantes do hormônio estrogênio e no aumento dos marcadores inflamatórios. Contudo, o envolvimento de outras condições como alterações no microbioma, sinalização modulada pela insulina e modificações nas concentrações de adipocinas (leptina e adiponectina), podem ter sua contribuição, ainda que superficialmente esclarecida (ARGOLO, et al., 2018 apud NOGUEIRA et al., 2020). Vasta evidência científica, corroborada pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer, da OMS, comprova que o excesso de gordura corporal representa risco para o desenvolvimento de pelo menos 13 tipos de câncer, como esôfago (adenocarcinoma), estômago (cárdia), pâncreas, vesícula biliar, 26 fígado, intestino (cólon e reto), rins, mama (mulheres na pós-menopausa), ovário, endométrio, meningioma, tireoide e mieloma múltiplo (INCA 2017). A epidemia de obesidade está diretamente relacionada à transição alimentar em curso no País. Os brasileiros, infelizmente, estão trocando os alimentos frescos e as formas tradicionais de preparo das refeições por alimentos processados e ultraprocessados. No lugar do feijão com arroz, saladas, frutas e suco naturais, consumimos, cada vez mais, fast food, refrigerantes e sucos e refeições industrializados (INCA 2017). Umas das principais formas de evitar o câncer é ter uma alimentação saudável, ser fisicamente ativo e manter o peso corporal adequado. Uma ingestão rica em alimentos de origem vegetal como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, e pobre em alimentos ultraprocessados, como aqueles prontos para consumo ou prontos paraaquecer e bebidas açucaradas, podem prevenir novos casos de câncer (INCA, 2020). Frente à magnitude do câncer, torna-se necessário reconhecer fatores que possam estar associados à melhora ou à piora da qualidade de vida (QV) do indivíduo, proporcionando o planejamento de ações e auxiliando na avaliação dos tratamentos e intervenções (VIEIRA et al., 2015 apud DE OLIVEIRA FARIA, 2019). 11 ABORDAGEM CLÍNICA DA OBESIDADE: DIETOTERAPIA Fonte: Pixabay.com 27 Por abordagem clínica do tratamento da obesidade entende-se a adoção de estilo de vida com hábitos saudáveis em conjugação com a adoção de medicamentos, quando necessário, e nos casos de perda de peso insuficientes e pouca melhoria no quadro das comorbidades, a realização do tratamento cirúrgico (ANS, 2017). A função terapêutica da alimentação tem evoluído graças ao avanço considerável dos conhecimentos relacionados à dietética e à nutrição. As pesquisas nessas áreas forneceram novos pontos de vista acerca da terapia nutricional, ficando cada vez mais claro que a alimentação pode, de fato, apresentar um papel relevante no processo saúde e doença, atuando na preservação ou recuperação do estado nutricional do paciente (DEMÁRIO; SOUSA; SALLES, 2010 apud ABREU et al., 2018). A atenção nutricional ou atenção dietética inclui (CUPPARI, 2014): • avaliação do estado nutricional, para determinação do diagnóstico nutricional e das necessidades nutricionais; • desenvolvimento do plano de ação nutricional; • implementação da dietoterapia, determinada pelo cálculo da dieta e conteúdo de macro e micronutrientes; • aconselhamento nutricional, envolvendo conceitos básicos de saúde e alimentação; • avaliação da eficiência da intervenção. Essas ações são traçadas para dar suporte profissional necessário para garantir um cuidado nutricional de qualidade. Diretrizes da dietoterapia: Plano de restrição energética moderada (CUPPARI, 2014): 1- Conteúdo energético: 28 Calcular o valor energético desejado segundo a situação biológica. Aconselha- se reduzir progressivamente a ingestão entre 500 kcal e 1.000 kcal/dia em relação ao valor de consumo obtido na anamnese alimentar (não inferior a 1.200 kcal/dia). Para o cálculo direto do teor energético da dieta, sugere-se implementar um plano que forneça de 15 a 20 kcal/kg de peso atual/dia, não sendo inferior à estimativa do gasto energético basal. Fonte: CUPPARI, 2014. 2- Conteúdo ideal de nutrientes: Carboidratos 55 a 60% (com cerca de 20% de absorção simples) Proteínas 15 a 20% (não menos de 0,8 g/kg de peso desejável/dia) Gorduras 20 a 25%, com 7% de gorduras saturadas, 10% de gorduras poli-insaturadas e 13% de gorduras monoinsaturadas Fibras entre 20 e 30 g/dia Álcool não é aconselhável Colesterol não mais que 300 mg/dia Vitaminas e minerais são alcançadas as necessidades totais nos planos de 1.200 kcal ou mais Cloreto de sódio quantidade adequada à situação biológica individual Líquidos 1.500 ml para cada 1.000 kcal Distribuição sugerem-se 6 refeições/dia Fonte: CUPPARI, 2014. Resumo da abordagem e avaliação da eficiência da intervenção (CUPPARI, 2014): 29 1- Inicialmente, é preciso proceder à avaliação nutricional do paciente e à determinação do IMC, avaliar os fatores de riscos cardiovasculares presentes e a circunferência da cintura. Caso os valores estejam dentro dos limites aceitáveis, não se recomenda iniciar um tratamento para obesidade. Outros fatores de risco como sedentarismo e tabagismo devem ser registrados, e o paciente deve ser orientado a fazer um monitoramento periódico de seu peso e do estilo de vida. 2- Em situações de obesidade ou excesso de peso e aumento da circunferência abdominal, mesmo havendo fatores de risco associados, antes de iniciar o tratamento é preciso perguntar ao paciente se ele está preparado para perder peso e disposto a assumir todas as atitudes envolvidas para alcançar esse objetivo. Avaliar, portanto, a motivação do paciente diminui a ocorrência de fracassos e abandonos ao tratamento. Sugere-se que o tratamento seja iniciado apenas com aqueles que manifestarem claramente disposição para perda de peso. Caso contrário, o paciente deve ser orientado quanto à necessidade de monitoramento periódico do peso corporal e de fatores de risco associados. 3- Na terceira etapa, começa o aconselhamento, quando serão estabelecidas as metas de perda de peso e o ritmo de emagrecimento desejável e possível. Nesse momento, o profissional deve esclarecer que quanto maior e mais rápida for a perda ponderal, mais difícil será a manutenção do resultado em longo prazo. A perda de peso na ordem de 5 a 10% do peso inicial é suficiente para melhora dos principais parâmetros da síndrome metabólica. Metas inalcançáveis também parecem ser causas de baixa adesão ao tratamento. 4- Só depois de estabelecida a meta de perda de peso é que se inicia o tratamento propriamente dito, o qual deve necessariamente contemplar um estilo de vida saudável, em termos de padrão alimentar e de atividade física. Quantitativamente, a dieta com restrição energética moderada parece ser a mais eficiente. 5- Outros componentes do tratamento da obesidade, como medicação e cirurgia para perda de peso, podem ser indicados, porém sua vigência não exclui a necessidade do manejo da alimentação e de atividade física; 30 pelo contrário, pois o sucesso do tratamento e a manutenção dos resultados só serão possíveis se houver adequação a um estilo de vida saudável. 6- A fase de acompanhamento é a mais importante e complexa do tratamento. Nela, o paciente precisa adquirir autoconfiança e capacidade de tomar decisões adequadas em diferentes situações, como viagens, festas e alterações de humor. Mesmo assim, é preciso que o profissional acompanhe essa fase e avalie junto com o paciente as dificuldades encontradas e proponha soluções factíveis. Sem o acompanhamento, o rebote de peso ocorre com mais frequência, e possivelmente o indivíduo abandona o tratamento, podendo recorrer a alternativas e terapias, por exemplo, que prometem milagres e resultados imediatos. A dieta é um aspecto fundamental da vida diária e possui várias possibilidades. A capacidade de utilizar os alimentos para tratar doenças é uma oportunidade única, de tal forma que a dieta é um alvo potencial para uma intervenção profunda. Nesse sentido, as terapias dietéticas, que remodelam os padrões de consumo de alimentos, podem alterar a exposição a substâncias deletérias, como aditivos alimentares; influenciar diretamente a composição da microbiota intestinal; e também ter uma interferência direta no funcionamento do sistema imunológico (GREEN et al., 2019 apud PIDDE et al., 2019). 12 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO NA OBESIDADE Fonte: Pixabay.com 31 O objetivo do tratamento da obesidade com medicamentos é a perda de 10% do peso corporal, o que determina melhora das complicações da obesidade, como diabetes e hipertensão arterial (GARVEY et al., 2016). Atualmente, quatro medicamentos são registrados para o tratamento da obesidade no Brasil pela Agência de Vigilância Sanitária - ANVISA e são utilizados de acordo com diretrizes clínicas específicas (ANS, 2017). Os medicamentos utilizados para perda de peso foram desenvolvidos para serem utilizados em conjunto com modificações no estilo de vida, como hábitos alimentares e prática de atividade física, e não isoladamente. Existem mais de 400 genes associados à obesidade que codificam componentes que participam da regulação do peso corporal. Entre esses componentes, alguns agem preferencialmente na ingestão alimentar, outros no gasto energético e ainda existem aqueles que atuam nos dois mecanismos ou modulam estas ações. Portanto, a grande maioria dos medicamentos antiobesidade atua no sistema nervosocentral (DE MELLO et al., 2019). As principais ferramentas terapêuticas disponíveis para combater a obesidade são o tratamento dietético, a base indispensável da terapia, a educação e a modificação do comportamento, aumento da atividade física, luta contra o sedentarismo e a terapia farmacológica. A própria obesidade é um fator de risco para a saúde da população, o que influencia o desenvolvimento e a progressão de diversas doenças, contribuindo para reduzir a expectativa de vida em indivíduos obesos, o que piora a qualidade de vida o que limita em grande parte, a atividade física, autoestima, mobilidade, relações sociais, trabalhistas e sexuais (CAMPOS et al., 2007 apud DOS SANTOS et al., 2019). 12.1 Sibutramina O mecanismo de ação da sibutramina é baseado no bloqueio dos receptores pré-sinápticos de noradrenalina e serotonina nos centros da alimentação e saciedade do hipotálamo, intensificando os efeitos anorexígenos desses neurotransmissores no sistema nervoso central, reduzindo, assim, a fome. Ela não possui a função de controlar o apetite, mas apenas provoca a saciedade mais rapidamente, impedindo que o paciente se alimente compulsivamente como antes (ANDRADE, 2019). 32 O uso da Sibutramina como inibidor de apetite se iniciou em 1997, após liberação oficial pelo Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos (OLIVEIRA et al., 2016 apud ANDRADE et al., 2019). De forma simplificada, a sibutramina atua no centro do apetite e no da saciedade, ambos localizados na região do hipotálamo. O fármaco diminui a recaptação do neurotransmissor responsável pela regulação do apetite (noradrenalina) e do que promove a sensação de saciedade (serotonina), ou seja, o fármaco se liga aos transportadores de membrana responsáveis pela captação destes neurotransmissores pelos neurônios pré-sinápticos e promove a inibição dos mesmos (DUARTE et al., 2020). Dentre os efeitos colaterais mais comuns causados pela sibutramina, podemos destacar a cefaleia, náusea, boca seca, constipação intestinal, sudorese, insônia, taquicardia, dispneia, dor nas costas, anorexia, vertigem, dispepsia, alteração do paladar, parestesia e dismenorreia, sendo que os principais efeitos ocorrem sobre o sistema cardiovascular, causando aumento da frequência cardíaca, hipertensão arterial, pressão arterial sistólica e diastólica de repouso (LUCCHETTA, 2016). Após a administração do medicamento, a frequência cardíaca aumenta em cerca de cinco batimentos por minutos e a pressão arterial, em cerca de três a quatro mmHg. Porém, como a perda de peso faz com que ocorra uma redução na pressão arterial da maioria dos pacientes, este efeito é de pouca gravidade (ANDRADE et al., 2019). A reavaliação pela ANVISA constatou que o benefício do uso da sibutramina era maior que o risco, sob condição de ser usada de maneira adequada e para determinados tipos de pacientes. Esta somente pode ser dispensada por intermédio da apresentação de Notificação "B2", com quantidade de medicamento para no máximo sessenta dias de tratamento, como dose máxima de 15 mg ao dia (BRASIL, 2017). Ao promover a sensação de saciedade, a sibutramina impede que o usuário reproduza a memória alimentar exagerada que possuía antes, dessa forma, este passa a se alimentar de forma adequada no decorrer do tratamento (OLIVEIRA et al., 2016 apud ANDRADE et al., 2019). 33 12.2 Orlistate Orlistate atua inibindo a ação da lipase pancreática, promovendo redução de até 30% da gordura ingerida. Desde 2003 é aprovado para uso em adolescentes maiores de 12 anos nos EUA, mas no Brasil é liberado para uso adulto (DE MELLO et al., 2019). Os efeitos colaterais mais comuns são esteatorreia, escape fecal, dor abdominal e risco de deficiência de vitaminas lipossolúveis, A, D, E, K. Está contraindicado em indivíduos com doenças disabsortivas intestinais, como doença celíaca, doença inflamatória intestinal e doença de Chron (DE MELLO et al., 2019). 12.3 Liraglutida Nos EUA a FDA aprovou o uso deste medicamento para controle do peso corporal em 2014, e no Brasil foi liberado para este fim em 2016, somente para adultos. A liraglutida é um agonista do receptor de GLP-1 (glucagon like peptide), um hormônio produzido no intestino, na presença de alimentos. Após ser secretado, o GLP-1 promove o aumento da saciedade e consequentemente redução da ingestão de alimentos por dois mecanismos: uma ação sobre o centro da saciedade no cérebro e por causar um retardo no esvaziamento do estômago. Se houver uma hiperglicemia, como ocorre em pacientes diabéticos, também estimula o pâncreas a secretar insulina. É exatamente por esta ação “inteligente” de apenas aumentar a secreção de insulina se a glicemia estiver elevada que seu uso vem sendo estudado e aplicado em pacientes obesos sem diabetes. Estudos tem demonstrado boa tolerância ao medicamento em adolescentes de 12 a 17 anos que os efeitos colaterais em adolescentes são similares aos dos adultos. Os efeitos colaterais mais comuns são náusea, diarreia e menos frequentes cefaleia, dor abdominal e constipação (DE MELLO et al., 2019). 34 13 TRATAMENTO CIRÚRGICO DA OBESIDADE Fonte: Pixabay.com A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes obesos que não apresentaram resposta ao tratamento clínico com medicamentos e mudanças de estilo de vida. A realização da cirurgia bariátrica determina perda de peso de 20- 35% do peso inicial após 2-3 anos do procedimento, o que está associado a melhora de complicações da obesidade, como diabetes tipo 2 e câncer, além de aumentar o tempo e a qualidade de vida dos pacientes (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA, 2016). A recomendação de cirurgia bariátrica na saúde suplementar deve seguir a diretriz de utilização, conforme estabelecido no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da ANS, que prevê a cobertura obrigatória por planos de segmentação hospitalar (com ou sem obstetrícia) e por planos-referência. Para tanto, devem ser observadas as condições estipuladas na respectiva Diretriz de Utilização – DUT (AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR, 2016). Resolução normativa - RN nº 387, de 28 de outubro de 2015 35 Atualiza o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que constitui a referência básica para cobertura assistencial mínima nos planos privados de assistência à saúde, contratados a partir de 1º de janeiro de 1999; fixa as diretrizes de atenção à saúde; revoga as Resoluções Normativas – RN nº 338, de 21 de outubro de 2013, RN nº 349, de 9 de maio de 2014; e dá outras providências. 27.gastroplastia (cirurgia bariátrica) por videolaparoscopia ou por via laparotômica 1. Cobertura obrigatória para pacientes com idade entre 18 e 65 anos, com falha no tratamento clínico realizado por, pelo menos, 2 anos e obesidade mórbida instalada há mais de cinco anos, quando preenchido pelo menos um dos critérios listados no Grupo I e nenhum dos critérios listados no Grupo II: Grupo I a. Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 35 Kg/m2 e 39,9 Kg/m2, com comorbidades (doenças agravadas pela obesidade e que melhoram quando a mesma é tratada de forma eficaz) que ameacem a vida (diabetes, ou apneia do sono, ou hipertensão arterial, ou dislipidemia, ou doença coronariana, ou osteoartrites, entre outras). b. IMC igual ou maior do que 40 Kg/m2, com ou sem comorbidades. Fonte: Resolução normativa - RN nº 387, de 28 de outubro de 2015. Grupo II a. pacientes psiquiátricos descompensados, especialmente aqueles com quadros psicóticos ou demenciais graves ou moderados (risco de suicídio). b. uso de álcool ou drogas ilícitas nos últimos 5 anos. Fonte: Resolução normativa - RN nº 387, de 28 de outubro de 2015. A cirurgia é indicada para pacientes comIMC ≥ 35 com complicações ou ≥ 40, que não apresentaram resposta ao tratamento clínico com medicamentos e mudanças de estilo de vida. O tratamento clínico prévio é obrigatório por um período de dois anos, exceto para pacientes com IMC ≥ 50 kg/ m2. Este tratamento deve obedecer a diretrizes nacionais e internacionais, aqui 36 simplificadas, com acompanhamento regular do médico especialista no período (ANS, 2017). Muitos indivíduos apresentam dificuldades em diferenciar a fome física da emocional e, estão acostumados a comer mesmo sem necessidade fisiológica. O comportamento alimentar inadequado pode ser o agente causador ou facilitador da obesidade. Este deve ser considerado antes da cirurgia bariátrica para o devido tratamento e prevenção do reganho de peso pós-cirúrgico (MARQUES, 2013 apud NETA 2019). No Brasil, atualmente são aprovadas quatro diferentes modalidades de cirurgia bariátrica e os procedimentos são usualmente divididos de acordo com seu mecanismo de ação em restritivos, disabsortivos e mistos, contemplando as técnicas conforme consta na figura 2 a seguir. Figura 2: Técnicas em cirurgia bariátrica: Fonte: adaptado de Coppini, 2015. Caracterizadas pela exclusão da maior parte do intestino delgado associada a uma discreta restrição gástrica, a derivação biliopancreática inclui- se na categoria das cirurgias disabsortivas e pode ser realizada pela técnica de Scopinaro ou como duodenal switch, sendo que a principal diferença entre ambas está na forma que é realizada a gastrectomia. Pela técnica de Scopinaro, a gastrectomia é horizontal e não há preservação do piloro, enquanto que na duodenal switch é realizada associação entre gastrectomia vertical e desvio intestinal com preservação de piloro, na qual cerca de 60% do estômago é 37 removido (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2015; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA, 2017; ZEVE; NOVAIS; JÚNIOR, 2012). A perda de peso proporcionada pelo duodenal switch é bastante expressiva, variando entre 75% a 85% do excesso de peso (LIBANORI, 2006) e foi apontada por Marchesini & Nicareta (2014) como a melhor técnica para tratamento da obesidade, de acordo com os parâmetros utilizados no estudo. No entanto, essa técnica corresponde somente a 5% dos procedimentos realizados no Brasil, pois ocasiona distúrbios nutricionais e sintomas como diarreia crônica, flatulências, entre outros (CARVALHO, 2016; ZEVE; NOVAIS; JÚNIOR, 2012). As cirurgias restritivas são caraterizadas pela limitação da capacidade de ingestão de alimentos, podendo ou não interferir no processo de digestão, sendo a BGA exemplo de técnica restritiva que não interfere no processo digestivo (CASAGRANDE; RIZZOLLI; RODRIGUES, 2016). A BGA é uma técnica puramente restritiva e que atualmente representa menos de 1% dos procedimentos realizados no país (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA, 2017). A gastrectomia vertical, também conhecida por sleeve gástrico ou gastroplastia vertical, é um procedimento restritivo e interfere no processo digestivo. É realizada a remoção de aproximadamente 70% a 80% do estômago proximal ao antro, que além de tornar a cirurgia irreversível, implica em modificação no esvaziamento gástrico e redução da secreção de grelina, hormônio que estimula o apetite (CASAGRANDE; RIZZOLLI; RODRIGUES, 2016; CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2015; COPPINI, 2015; ZEVE; NOVAIS; JÚNIOR, 2012). No bypass gástrico em Y-de-Roux o estômago é reduzido a um volume que varia entre 30 a 50 ml, o que proporciona redução de 30% a 40% do peso inicial e incorre em modificações funcionais e dos entero hormônios que induzem não somente à perda de peso, mas também a alterações metabólicas benéficas (CARVALHO, 2016; COPPINI, 2015; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA, 2017). 38 Atualmente a cirurgia bariátrica é considerada um procedimento seguro e eficaz em longo prazo para o tratamento da obesidade e suas comorbidades (BERTI et al., 2015; ROZIER et al., 2019). 39 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Mayara Laisse de et al., Avaliação da aceitação das dietas livres ofertadas às crianças internadas em um hospital universitário materno- infantil. 2018. Agência Nacional de Saúde Suplementar (Brasil). Manual de diretrizes para o enfretamento da obesidade na saúde suplementar brasileira. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Rio de Janeiro: ANS, 2017. 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