Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com INSTRUMENTO PARA CONSTRUÇÃO DO CAPÍTULO METODOLÓGICO Prezados(a) educandos(a), Sabendo do desafio que é a elaboração do capítulo metodológico, elaborei o seguinte instrumental tendo em vista dar uma visão panorâmica dos elementos que o compõem. Levando em conta os tópicos de suas propostas de pesquisa (tema, problema, objetivos, questões norteadoras/hipóteses e referencial teórico), procurem identificar quais informações e instrumentos são mais apropriados aos seus projetos. Conversem conosco sobre suas escolhas e depois procurem aprofundar-se mais a respeitos para que possam apropriar-se dos procedimentos. Esperamos que o material seja útil. Aguardamos críticas e sugestões. Abraços! Francisco Sales da Cunha Neto CAPÍTULO METODOLÓGICO Descrição do como se pretende realizar a pesquisa. O elemento básico de uma boa metodologia consiste em um plano detalhado de como alcançar o(s) objetivo(s), respondendo às questões propostas e/ou testando as hipóteses formuladas. De fato, a “boa” metodologia é a apropriada à solução do problema e aos objetivos do estudo. (BASTOS, 2003, p. 06). Na metodologia, de acordo com Gil (2002, p.162), os procedimentos para a realização de uma pesquisa são descritos, variando sua organização de acordo com as peculiaridades de cada pesquisa. Nela devem ser dadas informações referentes a: tipo de pesquisa, população e amostra, coleta e análise de dados. Nessa etapa, portanto, devem ser especificados todos os procedimentos necessários para se chegar aos participantes da pesquisa, obter deles as informações de interesse e analisá-las. Em outras palavras, deve-se definir a amostra, bem como as técnicas de coleta e análise de dados a serem empregadas no estudo. (MOURA, FERREIRA e PAINE, 1995, p.57). (...) quando falo de Metodologia estou falando de um caminho possível para a pesquisa científica. O que determina como trabalhar é o problema que se quer trabalhar: só se escolhe o caminho quando se sabe aonde se quer chegar. (GOLDENBERG, 2000, p.14). 2 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com Elementos Tipos Escreva o seu texto agora Situar a pesquisa, contextualizando-a: Temática (justificando a opção de pesquisa e aprofundamento teórico) E o problema também (retomada do problema). Classificação da pesquisa (Natureza, abordagem e método) Deve-se esclarecer se a pesquisa é de natureza exploratória, descritiva ou explicativa; explicar a abordagem da pesquisa com riqueza de detalhes teóricos; explicitar o MÉTODO, o motivo da escolha e a justificativa Natureza: Básica Aplicada Objetivo: Exploratória Descritiva Explicativa Abordagens: Quantitativo Qualitativo Quali-quantitativo Métodos/ Procedimentos: Pesquisa bibliográfica Pesquisa documental Pesquisa de campo Pesquisa ex-post-facto Levantamento Pesquisa com survey Estudo de Caso Pesquisa participante Pesquisa-ação Pesquisa etnográfica Pesquisa etnometodológica História oral, história de vida e depoimento pessoal 3 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com Pesquisa experimental Pesquisa quase- experimental População e Amostra Apresentar informações gerais e específicas sobre o lócus de pesquisa, a justificativa do recorte do campo (como foi selecionado - o porquê); explicitar a escolha dos sujeitos e apresentar os sujeitos (com a quantidade). Obs.: escrever e justificar escolhas. Grupo estudado/ sujeito/ amostra Qual grupo pretende estudar? Como escolherá a amostra? (Como base em quais critérios?) Por que escolherá este grupo? Apresentar informações gerais e específicas sobre o lócus de pesquisa, a justificativa do recorte do campo [como foi selecionado - o porquê -]; explicitar a escolha dos sujeitos e apresentar os sujeitos -com a quantidade Obs.: escrever e justificar escolhas Nesta seção, define-se a população (universo da pesquisa) e, em seguida, a(s) amostra(s), se for o caso. Ao descrever a amostra, especifica-se a forma pela qual foi selecionada, justificando-se a escolha dos procedimentos de amostragem. Esclarece-se, também, como foi estabelecido o número de unidades da amostra – calculado por meio de fórmulas, determinado por tabelas próprias ou atendendo a limitações de ordem administrativa, financeira ou outras. Em estudos de caso, os critérios de definição da amostra são, igualmente, explicitados. (BASTOS, 2003, p. 06). Coleta de Dados (Técnica/instrumentos de coleta de dados) Instrumentos: Entrevistas estruturadas Entrevistas não- 4 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com Descrição das técnicas/instrumentos de coleta de dados, com as justificativas da escolha/seleção. Apresentação dos instrumentos e o que se buscou com o uso dos mesmos (incluindo descrição do que se pretendeu buscar). Forma de coleta de dados Quais técnicas de coletas de dados serão utilizadas? (Faça uma descrição destas) O que se deseja alcançar com estas técnicas? Qual a natureza destas técnicas? Como pretende utilizar estas técnicas para a coleta de dados? Procedimento Como será o trabalho de campo? Como se aproximará do grupo estudados? Onde e como serão colhidos os dados? Quem colherá os dados? Apresentar informações gerais e específicas sobre o lócus de pesquisa, a justificativa do recorte do campo [como foi selecionado - o porquê -]; explicitar a escolha dos sujeitos e apresentar os sujeitos - com a quantidade Obs.: escrever e justificar escolhas. Instrumentos de Medida Os instrumentos de medida utilizados (entrevistas, estruturadas ou não; questionários; testes; observação, participante ou não; instrumentos de laboratório e outros) devem ser igualmente descritos, informando-se sua validade e fidedignidade, quando couber. (BASTOS, 2003, p. 06). Coleta dos Dados estruturadas Questionários Testes Escalas Observação participante Observação não participante Instrumentos de laboratório Outros 5 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com Refere-se à descrição do processo de coleta de dados: como (em grupo, individual ou outro); por quem (o próprio pesquisador, equipe treinada ou outro(s)); quando (período); onde. (BASTOS, 2003, p. 07) (...) envolve a descrição das técnicas a serem utilizadas para coleta de dados. Modelos de questionários, testes ou escalas deverão ser incluídos, quando for o caso. Quando a pesquisa envolver técnicas de entrevista ou de observação, deverão ser incluídos nesta parte também os roteiros a serem seguidos. (GIL, 2002, p.163). Análise dos dados Descrição dos procedimentos/técnicas adotados com a análise dos conteúdos coletados à luz dos objetivos do pesquisador. Exposição do olhar objetivo e subjetivo do pesquisador à respeito dos dados coletados. Análise dos objetivos alcançados e daqueles não alcançados e dos problemas e sucessos encontrados no processo da execução da pesquisa. Quais técnicas de análise serão utilizadas? Por que escolheu estas técnicas? Obs.: escrever e justificar escolhas. Nesta seção, devem ser explicitados o tratamento e a forma pelos quais os dados coletados serão analisados. Esses devem ser interpretados de acordo com: (a) o referencial teórico ou conceitual adotado na pesquisa, caso ela tenha sido definido Procedimentos para dados quantitativos Testes de hipótese (Gil) Testes de correlação (Gil)Procedimentos para dados qualitativos Análise de conteúdo (Gil) Análise de discurso (Gil) 6 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com anteriormente, e (b) os resultados de estudos e pesquisas anteriores. Isso permitirá ao pesquisador ter indicações sobre as dimensões e categorias de análise ou as relações esperadas entre as variáveis estudadas, a partir das quais os dados devam ser interpretados. (BASTOS, 2003, p. 07). No caso de projetos de pesquisa que impliquem dados quantitativos, deve-se especificar o tratamento estatístico dos dados (estatísticas descritiva e/ou inferencial), antes de coletá-los. Em alguns casos, dados coletados com grande esforço podem tornar-se inúteis por seu tratamento não ter sido previsto (...) (BASTOS, 2003, p. 07). Sobre a escrita no texto: Cuidado com as frases fortes e afirmativas. Elas podem dar prisão! Buscar as frases curtas, exceto que você seja um expert, e escrever de forma direta e linear. O texto deve ser corrido e sem buracos. Evitar adjetivação, advérbios e palavras indefinidas, tais como muitos, certos, alguns, é de bom alvitre. (FREITAS apud PESSOA, 2005, p.149). CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA Natureza Básica É aquela pesquisa que gera conhecimentos.* (...) objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. (SILVA e MENEZES, 2001, p.20). Aplicada ou tecnológica É aquela pesquisa que gera produtos, processos ou conhecimentos.* (...) objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais. (SILVA e MENEZES, 2001, p.20). Objetivo Exploratória Procura conhecer mais e melhor o problema; elaborar hipóteses; aprimorar idéias; descobrir intuições.* De acordo com Santos (2002) é a primeira aproximação com o tema. Visa conhecer os fatos e fenômenos relacionados ao tema, recuperar as informações disponíveis e descobrir os pesquisadores. Tipos de pesquisa exploratória: levantamentos bibliográficos; entrevistas; estudos de caso.* 7 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com Conhecimento: como? Exemplos: Pesquisa Exploratória - Saber como os peixes respiram/ Pesquisa Bibliográfica (Exploratória) - Saber como se desenvolveu o estudo do câncer de mama no Brasil. Descritiva De acordo com Moroz e Gianfaldoni (2006, p.60), pesquisas descritivas são aquelas que não lidam com manipulação direta de variáveis, seja porque não é possível, seja porque o pesquisador considera não desejável que a manipulação ocorra. Nelas podem ser utilizadas metodologias tanto quantitativas como qualitativas. Busca descrever características de população ou fenômeno; estabelecer relações entre variáveis.* Tipos de pesquisas descritivas: pesquisas correlacionais, pesquisas de desenvolvimento, estudos de caso, pesquisas de opinião, levantamentos, estudos históricos e estudos etnográficos.* Conhecimento: O que?* Exemplos: Pesquisa Social (Descritiva) - Saber quais os hábitos alimentares de uma comunidade específica; Pesquisa Histórica (Descritiva) - Saber de que forma se deu a Proclamação da República brasileira; Pesquisa Teórica (Descritiva) - Saber o que é a Neutralidade Científica. Explicativa Procura identificar variáveis que determinam a ocorrência do fenômeno; explicar a razão do fenômeno, investigar relações de causa e efeito.* Modalidades de pesquisas explicativas: experimental; quase-experimental.* Conhecimento: Por quê?* Exemplo: Pesquisa Experimental - Pinga-se uma gota de ácido numa placa de metal para observar o resultado. Abordagem Quantitativo Os dados quantitativos são aqueles que se apresentam ou podem ser diretamente convertidos para uma forma numérica, como, por exemplo, os registros de observações sistemáticas, as respostas a perguntas fechadas ou de múltipla escolha de questionários, as respostas aos itens de testes e escalas (...) (MOURA, FERREIRA e PAINE, p.92). Qualitativo Os dados qualitativos se apresentam sob a forma de descrições narrativas, que, em geral, resultam de transcrições de entrevistas não estruturadas ou semi-estruturadas e de anotações provenientes de observações livres ou assistemáticas. (MOURA, FERREIRA e PAINE, p. 89). Quali-quantitativo A combinação de metodologias diversas no estudo do mesmo fenômeno tem por objetivo abranger a máxima amplitude na descrição, explicação e compreensão do objeto de estudo. (...) Enquanto os métodos quantitativos pressupõem uma população de objetos de estudo comparáveis, que fornecerá dados que podem ser generalizáveis, 8 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com os métodos qualitativos poderão observar, diretamente, como cada indivíduo, grupo ou instituição experimenta, concretamente, a realidade pesquisada. (...) A premissa básica da integração repousa na idéia de que os limites de um método poderão ser contrabalançados pelo alcance de outro. Os métodos qualitativos e quantitativos, nesta perspectiva, deixam de ser percebidos como opostos para serem vistos como complementares. (GOLDENBERG, 2000, p.63). (...) a integração de dados quantitativos e qualitativos pode proporcionar uma melhor compreensão do problema estudado. Na verdade, o conflito entre pesquisa qualitativa e quantitativa é muito artificial. Arrisco afirmar que cada vez mais os pesquisadores estão descobrindo que o bom pesquisador deve lançar mão de todos os recursos disponíveis que possam auxiliar à compreensão do problema estudado. (GOLDENBERB, 2000, p. 66 e 67). Métodos Pesquisa bibliográfica (...) é realizada a partir de um levantamento de material com dados já analisados, e publicados por meios escritos e eletrônicos, com livros, artigos científicos, páginas de Web sites, sobre o tema que desejamos conhecer. (MATOS E VIEIRA, 2002, p.40) Indispensável para qualquer investigação científica. Permite o conhecimento do material já produzido sobre a temática, evitando repetições desnecessárias e recorrência de erros. Há estudos que se limitam às fontes bibliográficas. Etapas: 1. Levantamento e seleção do material do nosso interesse 2. Realização de leitura eficiente com registro de informações em fichas (indicação bibliográfica, resumo, citações transcritivas, considerações pessoais), facilitando a utilização posterior do que foi lido. Pesquisa documental Neste tipo de pesquisa, trabalhamos com dados que ainda não receberam tratamento analítico e nem forma publicados. Encontram-se ainda em seu estado original e por isso podem ser reelaborados de acordo com a finalidade da pesquisa e criatividade do pesquisador. (MATOS E VIEIRA, 2002, p.40-41). Tipos de fontes documentais: escritos: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos institucionais (de escolas, igrejas, associações, hospitais, dentre outros), cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, relatórios de empresas, dentre outros; não-escritos: pinturas, tapeçaria, esboços (iconografia), dentre outros; registros feitos em imagem e som (fitas de vídeo, filmes, discos, rádio e televisão). Alguns autores indicam jornais, revistas e relatórios como materiais de pesquisa bibliográfica (...) (MATOS E VIEIRA, 2002, p.41). Pesquisa de campo Expressão que caracteriza (...) as investigações em que, além da análise bibliográfica, e por vezes documental, os pesquisadores coletam dados com as pessoas, fazendo uso de diversas técnicas (MATOS E VIEIRA, 2002, p.42). Pesquisa de campo/ Ex-post- facto (...) tem por objeto um determinado fenômeno que acontece após a ocorrência de um fato identificado pelo pesquisador. (...) (MATOSE VIEIRA, 2002, p. 44). (...) são observadas variáveis que se formam espontaneamente, em determinado contexto histórico, sem a 9 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com intervenção do pesquisador. (MATOS E VIEIRA, 2002, p. 44). Exemplo: Fazer a comparação entre dois bairros próximos, com características semelhantes, sendo que em apenas um deles, em determinado período, é construída uma escola. A partir daí pode ser investigado junto aos moradores quais foram as mudanças mais significativas observadas após o fato da criação da escola no bairro, se houve melhoria na infra- estrutura do bairro, enquanto no outro as carências, antes comuns, ainda não foram resolvidas. Pesquisa de campo/ Levantamento Útil para estudos exploratórios e descritivos. Podem ser feitos de dois tipos: por amostra ou população. Em ambos os casos, faz-se uma coleta de dados por meio de entrevistas ou questionários. Exemplo: Censo (utilização de universo ou população): Censo Demográfico, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; Censo Escolar, realizado pelo Estado. Pesquisa de campo/ Pesquisa com survey (...) pesquisa de opinião pública que coleta dados através de entrevistas, com o objetivo de medir a satisfação dos usuários, avaliar o grau de conhecimentos, levantar opinião e conhecer comportamento de determinada comunidade. A amostra deve expressar, de forma fiel e representativa, as características da população pesquisada para que os resultados possam ser generalizados (MOURA, FERREIRA e PAINE apud MATOS e VIEIRA, 2002, p.45). Busca conhecer atitudes, valores e crenças das pessoas pesquisadas. Formas de coleta de dados: envio de questionário pelo correio, entrevistas por telefone ou pessoais. Tipo de pesquisa utilizada em áreas como marketing, ciências sociais e política. Pesquisa de campo/ Estudo de caso Utilizamos esse procedimento ao selecionarmos apenas um objeto de pesquisa, obtendo grande quantidade de informações sobre o caso escolhido e, consequentemente, aprofundando seus aspectos. Diferencia-se dos estudos quantitativos porque estes últimos buscam informações padronizadas sobre muitos casos. (ROESE apud MATOS e VIEIRA, 2002, p. 45-46). Modalidade de pesquisa muito popular entre os pesquisadores pela facilidade operacional que proporciona = alternativa de utilização de amostra reduzida. Princípio = todo assunto só pode ser conhecido verdadeiramente em sua particularidade: (...) Discorrer sobre algum tema sem ter noção de como esse tema se realiza na prática é anátema na Antropologia. A generalidade tende a esconder e a escamotear a realidade empírica das particularidades, e, para muitas análises antropológicas, o que interessa mesmo é a particularidade. A particularidade é o que denota o diferente, e a maioria dos antropólogos querem saber mesmo é o diferente. Do ponto de vista lógico, o método do estudo de caso se integra ao espírito indutivo, segundo o qual a verdade só surge e só pode ser comprovada como conseqüência do conhecimento dos casos particulares (...) (GOMES, 2008, p.62). Exemplo: Estudar o racismo no Brasil tomando alguns exemplos em que atitudes consideradas racistas foram vivenciadas por pessoas em determinadas situações. A soma ou conjunto de casos é que suscitaria a possibilidade de se formular 10 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com uma hipótese que respondesse às suas particularidades e à sua invariabilidade. O estudo de caso é uma prática simples, que oferece a possibilidade de redução de custos, apresentando como limitação a impossibilidade de generalização de seus dados (GIL apud MATOS e VIEIRA, 2002, p. 46). O termo estudo de caso vem de uma tradição de pesquisa médica e psicológica, na qual se refere a uma análise detalhada de um caso individual que explica a dinâmica e a patologia de uma doença dada. Este método supõe que se pode adquirir conhecimento do fenômeno estudado a partir da exploração intensa de um único caso. Adaptado da tradição médica, o estudo de caso tornou-se uma das principais modalidades de pesquisa qualitativa em ciências sociais. O estudo de caso não é uma técnica específica, mas uma análise holística, a mais completa possível, que considera a unidade social estudada como um todo, seja um indivíduo, uma família, uma instituição ou uma comunidade, com o objetivo de compreendê-los em seus próprios termos. O estudo de caso reúne o maior número de informações detalhadas por meio de diferentes técnicas de pesquisa, com o objetivo de apreender a totalidade de uma situação e descrever a complexidade de um caso concreto. Através de um mergulho profundo e exaustivo em um objeto delimitado, o estudo de caso possibilita a penetração na realidade social, na conseguida pela análise estatística. (GOLDENBERG, 2000, p.33 e 34). Pesquisa de campo/ pesquisa participante Caracteriza-se pelo envolvimento e identificação do pesquisador com as pessoas pesquisadas. Assim, os informantes passam a sujeitos do processo. Rompe com a regra do não-envolvimento do pesquisador com o pesquisado, negando a neutralidade científica e compreendendo o informante como sujeito do processo. Requisitos para a realização deste tipo de pesquisa, de acordo com SILVA apud MATOS e VIEIRA, 2002, p.47): + Inserção do pesquisador na realidade a que se propõe estudar; + Utilização de um marco teórico de referência explícito; + Coerência entre marco teórico de referência e a proposta metodológica; + Utilização dos resultados do estudo para instrumentalizar as lutas populares, direta ou indiretamente. Pesquisa de campo/ Pesquisa-ação (...) diferencia-se da pesquisa participante, porque além da participação do pesquisador, pressupõe uma ação planejada que deverá realizar-se no decorrer da sua realização. (...) (MATOS e VIEIRA, 2002, p.48). Há por parte dos pesquisadores o interesse de não apenas verificar algo, mas de transformar. Nesse sentido, precisa haver uma interação entre pesquisadores e pessoas investigadas. O processo de pesquisa é realizado com avaliações e discussões no grupo tanto para redirecionar os planos, quanto para partilhar o conhecimento entre os envolvidos. Momentos da pesquisa-ação: 1. Exploração do local a ser pesquisado para diagnosticar o problema prioritário na visão do grupo. 2. Avaliação da possibilidade de uma intervenção para sanar o problema identificado. 3. Estabelecimento de compromisso entre os participantes do processo, planejando a ação, em reuniões e seminários de discussão e avaliação. 11 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com Pesquisa de campo/ Pesquisa etnográfica Etnografia = descrição cultural Prática de investigação inicialmente utilizada por antropólogos, posteriormente por pesquisadores de outras áreas das ciências humanas. Bases do trabalho etnográfico, de acordo com Malinowski (GUIMARÃES apud MATOS e VIEIRA, 2002, p.49): + O pesquisador deve ter objetivos realmente científicos e conhecer os valores e critérios da etnografia moderna; + O pesquisador deve colocar-se em boas condições de trabalho, vivendo sem a companhia de outros homens brancos, bem no meio de nativos; + O pesquisador deve aplicar um certo número de métodos particulares para coletar, manipular e estabelecer seus dados. Características da descrição etnográfica, de acordo com Geertz apud MATOS e VIEIRA, 2002, p.49: é interpretativa, a interpretação expressa o acontecer social e busca salvar o “dito”, através do registro, transformando-o em material de pesquisa; é microscopia. Características da pesquisa etnográfica de acordo com André apud MATOS e VIEIRA, 2002, p.50: + Uso da observação participante, da entrevista intensiva e da análisede documentos; + Interação entre pesquisador e objeto pesquisado; + Flexibilidade para modificar os rumos da pesquisa; + Ênfase no processo e não nos resultados finais; + Visão dos sujeitos pesquisados sobre as experiências; + Não-intervenção do pesquisador sobre o ambiente pesquisado; + Variação do período, que pode ser de semanas, meses e até de anos; + Coleta dos dados descritivos, transcritos literalmente para a utilização no relatório. Pesquisa etnometodológica A proposta da etnometodologia é analisar os métodos (procedimentos) que os indivíduos utilizam para levar a termo as diferentes operações que realizam em sua vida. Etnometodologia na educação – Expoentes: Cicourel, Mehan e Hammersle. Os referidos autores consideram que: +As interações estabelecidas com os diversos sujeitos durante a pesquisa devem fazer parte da investigação; + Devem ser abandonadas as hipóteses antes da pesquisa de campo e que as descrições dos membros passem a ser consideradas instruções para a pesquisa. + É necessário valorizar a construção do cotidiano das instituições. Procedimentos utilizados pela etnometodologia, de acordo com Coulon apud MATOS e VIEIRA, 2002, p.51: observação direta nas salas de aula, observação participante, entrevistas, estudos de relatórios administrativos e escolares, resultados obtidos nos testes, gravações em vídeo das aulas ou entrevistas de orientação, projeção das gravações para os próprios autores, gravações dos comentários feitos no decorrer dessas projeções. Pesquisa com Ao contrário da história oficial, a história oral busca compreender a sociedade por meio do olhar dos indivíduos que 12 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com história oral, história de vida e depoimento pessoal nela vivem, provocando um debate sobre o significado da história para os sujeitos. Esse procedimento de valorização das narrativas é utilizado quando a pesquisa quer captar a memória recente, pois, para realizá-la os narradores precisam estar vivos e dispostos a socializar suas lembranças. Passos para a realização de pesquisa com História Oral: + Construção de projeto + Realização de pesquisa exploratória para conhecer melhor o campo e coletar informações que permitam a definição da amostra; + Preparação de roteiros de entrevista; + Contato com informantes e realização das entrevistas; + Transcrição das entrevistas; + Análise dos relatos. Obter um depoimento livre é uma tarefa que exige muita preparação por parte do pesquisador, que precisa conhecer com profundidade o assunto, observando e registrando não só o dito, mas também o silenciado. Assim, antes das entrevistas é oportuno realizar uma pesquisa preliminar, bibliográfica e documental, com o objetivo de preparar o momento da coleta. Tipos de história oral: história de vida (exige a reconstrução da história do entrevistado, que reconstituirá total ou parcialmente acontecimentos e experiências); história temática (tratamento de assuntos que fazem parte da trajetória do investigado). HISTÓRIA DE VIDA = (...) estuda acontecimentos históricos, com base nos relatos de pessoas privilegiando sua trajetória. Alguns autores julgam que podem ser somados aos relatos do investigado, informações narradas por outras pessoas. Outros, todavia, consideram que só se utiliza história de vida quando os próprios sujeitos falam sobre sua trajetória. (MATOS E VIEIRA, 2002, p.53). DEPOIMENTO PESSOAL (...) é um tipo de história de vida que se limita ao relato de fatos presenciados pelo sujeito, constituindo-se em uma narrativa mais focalizada. O pesquisador direcionará a entrevista para o interesse específico, enquanto na história de vida a entrevista é livre. (MATOS E VIEIRA, 2002, p.53). A utilização do método biográfico em ciências sociais vem, necessariamente, acompanhada de uma discussão mais ampla sobre a questão da singularidade de um indivíduo versus o contexto social e histórico em que está inserido. Para Franco Ferrarotti, por exemplo, cada vida pode ser vista como sendo, ao mesmo tempo, singular e universal, expressão da história pessoal e social, representativa de seu tempo, seu lugar, seu grupo, síntese da tensão entre a liberdade individual e o condicionamento dos contextos estruturais. Portanto, cada indivíduo é uma síntese individualizada e ativa de uma sociedade, uma reapropriação singular do universo social e histórico que o envolve. Se cada indivíduo singulariza em seus atos a universalidade de uma estrutura social, é possível “ler uma sociedade através de uma biografia”, conhecer o social partindo-se da especialidade irredutível de uma vida individual. (...) 13 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com (GOLDENBERG, 2000, p.36 e 37). Pesquisa experimental (...) consiste em reproduzir um fenômeno em um espaço onde o pesquisador, por meio de instrumentos, escolhe variáveis que são denominadas dependentes e independentes. Para garantir controle sobre as variáveis, elas são isoladas, e busca-se demonstrar uma relação de causa e efeito entre elas. (GIL apud MATOS e VIEIRA, p.54). Os experimentos são mais facilmente realizados nas ciências empírico-formais, como a biologia e a química, possuindo uma utilização reduzida nas ciências humanas. (...) os trabalhos experimentais planejam situações ‘ideais de testes’ das relações entre variáveis; para tanto, manipulam a variável que se supõe exercer interferência, mensuram a variável que se supõe ser alvo de interferência e impedem que outras variáveis possam atuar, selecionando e distribuindo aleatoriamente os sujeitos participantes das diferentes condições (experimental ou não). (MOROZ e GIANFALDONI, 2006, p.58). Pesquisa quase- experimental Especificamente na área da Educação, problemas que colocam em foco a relação entre variáveis, frequentemente, são estudados em pesquisas quase-experimentais, que trabalham com grupos preexistentes de sujeitos, isto é, com grupos não submetidos ao critério da aleatoriedade. Sejam pesquisas experimentais ou quase-experimentais, a comparação entre os resultados apresentados pelos grupos (grupo experimental X grupo controle) é feita de modo a verificar se houve diferença no desempenho em função da variável manipulada; para tanto, tem-se como referência o desempenho do grupo e se aplica tratamento estatístico aos resultados obtidos (...) (MOROZ e GIANFALDONI, 2006, p.60). Observação em relação aos métodos: (...) O uso de uma ou mais alternativas dependerá de uma série de circunstâncias, como a própria natureza do objeto de estudo, tempo, recursos e outras variáveis. É importante que cada pesquisador, ao pretender desvelar aspectos de uma determinada realidade, busque examinar que forma de trabalho, que metodologia se apresenta com mais importante para o conhecimento que se propõe a produzir. (...) (MATOS e VIEIRA, 2002, p.55) * Informações tiradas de TOGNETTI (2006). INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS Entrevista A entrevista consiste em uma técnica de coleta de dados que supõe o contato face a face entre a pessoa que recolhe e a que fornece informações, em geral sobre si própria, muito Estruturadas As entrevistas estruturadas se caracterizam por apresentarem um roteiro prévio de perguntas que são elaboradas a partir dos objetivos do estudo, que contém um número limitado de categorias de respostas (...). No que diz respeito à sua confecção, esse tipo de entrevista equivale aos questionários (...) 14 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com embora tais informações possam se referir a outras pessoas e eventos relevantes. Entre suas variantes encontram-se, entre outros, os estudos de casos clínicos e o método autobiográfico,também chamado de histórias de vida. (...) (MOURA, FERREIRA E PAINE, 1998, p.77). Quanto ao seu grau de estruturação, as entrevistas podem ser classificadas em inestruturadas, semi-estruturadas e estruturadas (MOURA, FERREIRA E PAINE, 1998, p.77). diferindo porém dos mesmos em função das respostas a serem fornecidas oralmente pelo entrevistado e anotadas pelo entrevistador, enquanto nos questionários as respostas são dadas por escrito. (MOURA, FERREIRA e PAINE, 1998, p.77- 78). Semi-estruturadas A entrevista semi-estruturada se situa num ponto intermediário entre as duas técnicas anteriores, e se apresenta sob a forma de um roteiro preliminar de perguntas, que se molda à situação concreta de entrevista, já que o entrevistador tem liberdade de acrescentar novas perguntas a esse roteiro, com o objetivo de aprofundar e clarificar pontos que ele considere relevantes aos objetivos de estudo. (...) (MOURA, FERREIRA e PAINE, 1998, p p.78). Não-estruturadas ou inestruturadas (...) as entrevistas inestruturadas ou livres não requerem um roteiro prévio de perguntas, sendo compostas apenas de estímulos iniciais, ditados pelos objetivos da pesquisa. Neste sentido, o entrevistado é livre para conduzir o processo, enquanto o entrevistador se limita ao recolhimento da informação, à estimulação da comunicação e a manter o fluxo de informações sobre as variáveis estudadas (...) sua utilização, ocorre, em geral, em estudos exploratórios, em que não se tem um conhecimento teórico ou empírico suficiente do fenômeno a ser estudado (...) (MOURA, FERREIRA e PAINE, 1998, p.78). Questionários Os questionários consistem em instrumentos compostos de um conjunto de perguntas elaboradas, em geral, com o intuito de reunir informações sobre as percepções, crenças e opiniões dos indivíduos a respeito deles próprios e dos objetos, pessoas e eventos presentes em seu meio ambiente (...) (MOURA, FERREIRA E PAINE, 1998, p.81). De acordo com as autoras as perguntas utilizadas em um Aplicação direta Eles podem ser diretamente aplicados a grupos de indivíduos, em situações nas quais o pesquisador explica os objetivos da pesquisa, dá instrução e esclarece as dúvidas sobre como responder ao instrumento e, em seguida, solicita que todos o preencham, procurando se assegurar de que o fazem de forma mais completa possível (MOURA, FERREIRA e PAINE, 1998, p.81). Auto-aplicação Auto-aplicados – Envio e retorno pelo correio. Permite que uma grande quantidade de respondentes seja obtida. Favorece a resposta a questões embaraçosas por conta do anonimato. Tem a desvantagem de apresentar baixa taxa de retorno (em torno de 30 %) 15 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com questionário podem ser abertas, fechadas ou de múltipla escola (Conferir MOURA, FERREIRA e PAINE, 1998, p.82) Entrevista Em situações de entrevista – O pesquisador, em contato direto com os respondentes, formula as perguntas e anota as respostas por eles fornecidas. Observação A observação pode ser considerada como uma técnica de se colher impressões e registros sobre um fenômeno, através do contato direto com as pessoas a serem observadas ou através de instrumentos auxiliares. (MOURA, FERREIRA E PAINE, 1998, p.65). Participante Na observação participante ocorre uma grande interação entre o observador e os participantes da pesquisa. Tendo por base o pressuposto de que vivenciar a perspectiva de membro do grupo é fundamental para a compreensão de seus aspectos intrínsecos, o observador assume um determinado papel dentro do grupo e participa das atividades que o caracterizam (...) (MOURA, FERREIRA e PAINE, 1998, p.65). O método consiste em o pesquisador buscar compreender a cultura pela vivência concreta nela, ou seja, morar com os “nativos”, participar de seus cotidianos, comer suas comidas, se alegrar em suas festas e sentir o drama de ser de outra cultura – tudo isso na medida do possível. A idéia subjacente é que uma cultura só se faz inteligível pela participação do pesquisador em suas instituições. Não basta observar os fenômenos, não basta entrevistar as pessoas que deles participam, não basta conhecer os documentos materiais ou ideológicos de uma cultura. É preciso vivenciá-la (GOMES, 2008, p.56). Não-participante Na observação não-participante, ao contrário do que ocorre na observação participante, o observador não se envolve com o contexto a ser observado, realizando suas observações à distância, sem participar como membro da situação. (MOURA, FERREIRA e PAINE, 1998, p.67). Testes Um teste psicológico é um instrumento de medida padronizado, isto é, que fornece resultados comparáveis através de diferentes tipos de amostras (...) (MOURA, FERREIRA e PAINE, 1998, p.88). Tais instrumentos em geral se destinam a avaliar aptidões e rendimento, e obedecem a procedimentos de construção ainda mais rigorosos e sistemáticos do que os adotados no desenvolvimento de escalas. Por essa razão, não é comum o pesquisador elaborar testes originais para a pesquisa, a não ser que ele tenha como finalidade específica a construção de um novo teste. (...) (MOURA, FERREIRA e PAINE, 1998, p.88). Escalas As escalas se constituem em instrumentos nos quais os sujeitos devem analisar, em um contínuo ordenado, o grau em que uma 16 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com determinada situação se aplica a eles ou a outras pessoas. Tal contínuo pode ser expresso de forma numérica direta (1 a 5, por exemplo), ou pode se constituir em palavras ou expressões (muitíssimo, muito, às vezes, quase nunca, nunca) que são posteriormente transformadas em valores numéricos. De acordo com as autoras, as escala são utilizadas na pesquisa psicológica para a medida de atitudes, valores e aspectos da personalidade. Instrumentos de laboratório Instrumentos adotados em experiências desenvolvidas em laboratório, especialmente pelas ciências da natureza. De acordo com Gomes (2008) há uma diferença entre observação participante e pesquisa de campo: O método de observação é frequentemente associado à técnica de pesquisa de campo, com se um implicasse o outro. Porém, a pesquisa de campo é uma técnica, um instrumento mais genérico que não envolve necessariamente uma vivência com a cultura pesquisada. Pesquisar no campo quer dizer deslocar-se para onde está o objeto de pesquisa e usar métodos e técnicas variados conforme o interesse do pesquisador. (...) (GOMES, 2008, ‘p.58) Na pesquisa de campo pouco importa o que o pesquisador pensa ou o que pensa o pesquisado (pouco importa a subjetividade). (...) para o antropólogo a subjetividade dos pesquisados e a sua própria são fundamentais para a formulação de sua compreensão da cultura. A experiência de campo, de observação participante, exige um tanto de autoconhecimento, e esse é renovado pelas pressões da vivência em outra cultura. (...) (GOMES, 2008, p.58). TIPOS DE PERGUNTAS Perguntas abertas As perguntas abertas são aquelas que permitem ao respondente expressar livremente sua opinião sobre o que está sendo perguntado (...). (MOURA, FERREIRA e PAINE, 1998, p.83) Exemplo de pergunta aberta: Qual a sua opinião sobre o aborto? Afirmam as autoras que pergunta abertas são úteis nos estágios iniciais de pesquisa, quando o pesquisador não possui uma compreensão clara do fenômeno em estudo, necessitando obter informações mais descritivas sobre o mesmo. Tais perguntas fornecem respostas mais profundas a respeito dos tópicos aos quais elas se relacionam, mas provocam uma taxa maior de ausência de respostas, além de suscitarem análises mais complexas. (...) (MOURA, FERREIRA e PAINE, 1998, p.83). 17 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/franciscosalescunha.blogspot.com (...) resposta livre, não-limitada por alternativas apresentadas, o pesquisado fala ou escreve livremente sobre o tema que lhe é proposto. A análise das respostas é mais difícil. (GOLDENBERG, 2000, p.86). Perguntas fechadas As perguntas fechadas apresentam um número limitado de alternativas de resposta, tais como “sim ou não”, “concordo ou discordo” (...) e são mais fáceis de serem respondidas e analisadas, além de permitirem uma comparação direta das respostas fornecidas por diferentes sujeitos. Entretanto, elas restringem muito a possibilidade do indivíduo expressar sua verdadeira opinião. (MOURA, FERREIRA e PAINE, 1998, p.83). (...) as respostas estão limitadas às alternativas apresentadas. São padronizadas, facilmente aplicáveis, analisáveis de maneira rápida e pouco dispendiosa. Uma de suas desvantagens é que as pessoas limitam suas respostas às alternativas apresentadas, mesmo quando há outras razões. (GOLDENBERG, 2000, p.86). Perguntas de múltipla escolha As perguntas de múltipla escolha encontram-se em um nível intermediário do contínuo que tem como pólos as perguntas abertas e fechadas, e se constituem em questões com diversas opções de respostas que devem ser construídas de forma a representarem, o mais acuradamente possível, as diferentes possibilidades de opiniões dos respondentes. Neste sentido, as perguntas abertas podem ser utilizadas como um recurso inicial que forneça ao pesquisador dados para a elaboração de opções às questões de múltipla escolha capazes de reproduzir a ampla gama de alternativas que caracterizam as opiniões dos participantes da pesquisa. (MOURA, FERREIRA e PAINE, 1998, p.84). CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA/ ANÁLISE DE DADOS Coletados os dados, é preciso organizá-los; um conjunto de informações sem organização é de pouca serventia, daí ser importante agrupar os dados, representá-los, compará-los, testá-los estatisticamente, quando for o caso, e descrevê-los. Estas atividades caracterizam o momento da Análise dos Dados e é, nesse momento que se tem a visão real dos resultados obtidos. (MOROZ e GIANFALDONI, 2006, p.20-21). Análise estatística (...) Quando o pesquisador está interessado em proceder a um tratamento estatístico das informações, tem à sua disposição um amplo conjunto de recursos que vão desde o uso de quadro, tabelas e gráficos, até sofisticados programas de computador, que lhe permitem criar bancos de dados, estabelecer relações entre variáveis e outros procedimentos congêneres. (MATOS e VIEIRA, 2002, p.66). Análise de conteúdo (...) foi inicialmente uma técnica muito ligada à pesquisa quantitativa, em documentos, buscando freqüências de temas que definiam o caráter do discurso, a identificação e construção de modelos. Nasceu na época da Segunda Guerra Mundial, quando os exércitos procuravam decifrar mensagens codificadas, trocadas entre as forças inimigas. Na análise tradicional, após a leitura cuidados do texto, é feito um recorte e são seguidas as regras de contagem e construídos índices para quantificar categorias. Momentos da análise de conteúdo de acordo com Matos e Vieira (2002): Construção de categorias e quantificação do discurso. 18 Material adaptado por Francisco Sales da Cunha Neto para fins didáticos. cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br/ franciscosalescunha.blogspot.com (...) Quanto à construção de categorias, ou são realizadas previamente, facilitando a análise, ou eleitas após a realização da pesquisa, tomando por base as hipóteses e lendo muitas vezes o material para selecioná-las. Na quantificação, como o nome indica são contadas quantas vezes as categorias aparecem ou são omitidas. (MATOS e VIEIRA, 2002, p.66-67). Para fazer a análise de temas é necessário primeiro escolher os documentos, relacioná-los aos objeto e objetivos da pesquisa, reconhecendo as categorias do estudo. Em seguida, devemos proceder a leitura exaustiva do material, determinando as chaves, selecionando os fragmentos com base nas categorias e hipóteses estabelecidas. Por fim, as informações obtidas podem ser interpretadas, após tratamento estatístico. (MATOS e VIEIRA, 2002, p.67). (...) procura a compreensão crítica do significado das comunicações. (MATOS e VIEIRA, 2002, p.67). Análise do discurso A análise de discurso surgiu como proposta de substituição da análise de conteúdo. Na década de 50, foi trabalhada na Escola Americana por Harris, e nos anos 60 por Pêcheux, da Escola Francesa. A diferença básica é que enquanto a primeira percebia essa prática como uma extensão da lingüística, trabalhando com a linearidade do discurso, a segunda estabelecia uma relação entre linguagem e sociedade (...) (MATOS e VIEIRA, 2002, p.67). Referências BASTOS, Lília da Rocha et alli. Manual para elaboração de projetos e relatórios de pesquisas, teses, dissertações e monografia. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. 4. ed. Rio de Janeiro; São Paulo: Record, 2000. GOMES, Mércio Pereira. Antropologia: ciência do homem: filosofia da cultura. São Paulo: Contexto, 2008. MATOS, Kelma Socorro Lopes de; VIEIRA, Sofia Lerche. Pesquisa educacional: o prazer de conhecer. 2.ed. rev. e atual. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2002. MOROZ, Melania; GIANFALDONI, Mônica Helena Tieppo Alves. O processo de pesquisa: iniciação. 2. ed. Brasília: Liber Livro, 2006. MOURA, Maira Lucia Seidls de; FERREIRA, Maria Cristina; PAINE, Patrícia Ann. Manual de elaboração de projetos de pesquisa. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998. PESSOA, Simone. Dissertação não é bicho papão: destimificando monografias, teses e escritos acadêmicos. Rio de Janeiro: Rocco, 2005. SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muskat. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3. ed. rev. atual. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2001. TOGNETTI, Marilza Aparecida Rodrigues. Metodologia da Pesquisa Científica. São Carlos: Serviço de Biblioteca e Informação do Instituto de Física de São Carlos / IFSC-SBI, 2006.
Compartilhar