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Geografia Geral e do Brasil

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110	 GeoGrafia	física	e	meio	ambiente
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Você já pensou sobre como o relevo influencia as atividades agrícolas, os sistemas 
de transportes e a organização interna das cidades? E como ele influencia seu dia a dia?
O conhecimento das características do relevo é indispensável ao planejamento das ati-
vidades rurais e urbanas, uma vez que todas elas se estabelecem sobre essa base física. As 
condições de criação ou cultivo, a expansão urbana, a amplitude das inundações nas várzeas 
de rios, a localização das hidrelétricas, o traçado das rodovias e ferrovias, a escolha do local 
mais adequado para a construção de moradias ou das melhores vias para caminhar ou andar 
de bicicleta: enfim, todas as formas de uso e ocupação do solo estão relacionadas com as 
características do relevo. Observe a seguir alguns exemplos dessa influência.
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Estruturas e 
formas do relevo
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∏	 ao	lado,	rodovia	em	relevo	plano	
no	município	de	 itapema	(sc),	
em	foto	de	2012;	abaixo,	telefé-
rico	para	transporte	de	pessoas	
que	moram	no	morro,	na	comu-
nidade	do	complexo	do	alemão,	
no	rio	de	Janeiro	(rJ),	em	foto	
de	2012. p
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	 estruturas	e	formas	do	relevo	 111
GeomorfoloGia
O relevo da superfície terrestre apresenta elevações 
e depressões de diversas formas e altitudes. É constituí-
do por rochas e solos de diferentes origens, e vários pro-
cessos os modificam ao longo do tempo. A disciplina que 
estuda a dinâmica das formas do relevo terrestre é a geo-
morfologia (‘estudo das formas da Terra’).
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OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
OCEANO
PACÍFICO
Círculo Polar Ártico
Círculo Polar Antártico
Trópico de Câncer
Trópico de Capricórnio
Equador 0º
0º
OCEANO
ÍNDICO
OCEANO
PACÍFICO
DESERTO
DE GOBI
GRANDE
DESERTO
DE VITÓRIA
PLANALTO
DO TIBETE
DESERTO
DO CALAARI
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Bálcãs 
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(acima do nível
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p	 neste	planisfério	notamos	que	as	altitudes	do	relevo	variam	bastante	na	superfície	do	planeta.	os	mapas	que	indicam	altitude	de	
relevo	são	chamados	mapas hipsométricos –	a	hipsometria	é	a	técnica	que	representa	as	diferentes	altitudes	da	superfície	por	
meio	de	uma	variação	de	cores.	em	alguns	mapas,	o	relevo	submarino	também	é	representado	em	diferentes	tonalidades	de	azul.
p	 a	fisionomia	da	paisagem	terrestre	é	extremamente	variada,	como	se	pode	observar	nas	fotos	acima.	À	esquerda,	o	cânion	do	
rio	são	francisco,	na	divisa	entre	os	estados	de	sergipe,	alagoas	e	bahia,	em	2012;	à	direita,	uma	região	montanhosa	na	Pata-
gônia	(argentina),	em	2011.	estes	são	dois	exemplos	de	formações	de	relevo	da	superfície	da	terra.
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112	 GeoGrafia	física	e	meio	ambiente
O relevo resulta da atuação de agentes internos 
e externos na crosta terrestre.
• Agentes internos, também chamados endógenos, 
são aqueles impulsionados pela energia contida no 
interior do planeta – as forças tectônicas, ou tecto-
nismo, que movimentam as placas e provocam do-
bramentos, falhamentos, terremotos e vulcanismo. 
Como vimos, esses fenômenos deram origem às 
grandes formações geológicas existentes na superfí-
cie terrestre – as cadeias orogênicas, os escudos cris-
talinos, as escarpas, as montanhas de origem vulcâ-
nica – e continuam a atuar em sua transformação.
• Agentes externos, também chamados exógenos, 
atuam na modelagem da crosta terrestre, transfor-
mando as rochas, erodindo os solos e dando ao re-
levo o aspecto que apresenta atualmente. Os prin-
cipais agentes externos são naturais – a tempera-
tura, o vento, as chuvas, os rios e oceanos, as gelei-
ras, os microrganismos, a cobertura vegetal –, mas 
há também a ação crescente dos seres humanos.
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p	 acima,	o	monte	osorno	(chile),	originado	pelo	vulcanismo,	um	dos	agentes	internos	que	alteram	a	paisagem	terrestre.	foto	de	2010.
entre	os	agentes	externos,	destaca-se	o	ser	hu-
mano.	mineração,	aterramento,	desmatamen-
to,	terraplenagem,	canalização	e	represamento	
são	exemplos	de	ações	humanas	que	alteram	
diretamente	as	formas	do	relevo.	na	foto,	explo-
ração	de	minério	de	ferro	no	Projeto	carajás	em	
marabá	(Pa),	em	2011.
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	 estruturas	e	formas	do	relevo	 113
As forças externas naturais são, 
portanto, modeladoras e atuam de for-
ma contínua ao longo do tempo geoló-
gico. Ao agirem na superfície da crosta, 
provocam a erosão e alteram o relevo 
por meio de suas três fases: intemperis-
mo, transporte e sedimentação.
• Intemperismo: é o processo de de-
sagregação (intemperismo físico) e 
decomposição (intemperismo quí-
mico) sofrido pelas rochas. O prin-
cipal fator de intemperismo físico é 
a variação de temperatura (dia e 
noite; verão e inverno), que provoca 
dilatação e contração das rochas, 
fragmentando-as em formas e ta-
manhos variados. Outro exemplo é 
o congelamento de água nas fissu-
ras das rochas, fato comum em re-
giões polares e de altitudes elevadas – ao congelar, 
a água dilata as fissuras das rochas e provoca sua 
fragmentação. Já o intemperismo químico resulta 
sobretudo da ação da água sobre as rochas, provo-
cando, com o passar do tempo, uma lenta modifi-
cação na composição química dos minerais. O in-
temperismo físico e o intemperismo químico 
atuam ao mesmo tempo, mas dependendo das ca-
racterísticas climáticas um pode atuar de maneira 
mais intensa que o outro. Por exemplo, em regiões 
onde há escassez de água, as rochas sofrem mais 
intemperismo físico do que químico.
• Transporte e sedimentação: o material intem-
perizado – os fragmentos de rocha decomposta e 
o solo que dela se origina (processo que veremos 
no capítulo 7) – está sujeito à erosão. Nesse pro-
cesso, as águas e o vento desgastam a camada su-
perficial de solos e rochas, removendo substân-
cias que são transportadas para outro local, onde 
se depositam ou se sedimentam. O material remo-
vido provoca alterações nas formas do relevo – 
por exemplo, aplainamento e rebaixamento, mu-
dança na forma das encostas e alargamento das 
margens de um rio. O material que se deposita 
também modifica o relevo, formando ambientes 
de sedimentação: fluvial (rios), glaciário (gelo e 
neve), eólico (vento), marinho (mares e oceanos) e 
lacustre (lagos), entre outros.
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p	 a	exposição	ao	sol	aquece	as	rochas	provocando	sua	dilatação.	com	a	chuva	e	
a	ação	das	marés,	há	queda	brusca	de	temperatura,	o	que	provoca	contração	e	
desagregação	mecânica	de	partículas.	foto	de	costão	rochoso	na	ilha	do	car-
doso,	em	cananeia	(sP),	em	2012.
∏	 a	erosão	é	resultado	da	ação	de	algum	agente,	
como	chuva,	vento,	geleira,	rio	ou	oceano,	que	
provoca	o	transporte	de	material	sólido.	na	
foto,	de	2011,	dunas	na	namíbia,	um	exemplo	
da	ação	do	vento(erosão	eólica).
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114	 GeoGrafia	física	e	meio	ambiente
A atuação do intemperismo é acentuada ou ate-
nuada conforme características do clima, da topogra-
fia, da biosfera, do tipo de material que compõe as 
rochas – os minerais – e do tempo de exposição delas 
às intempéries. Os diferentes minerais apresentam 
maior ou menor resistência à ação do intemperismo 
e da erosão. Rochas com quantidades significativas de 
quartzo, por exemplo, têm mais resistência. Já as sedi-
mentares, como o calcário e o arenito, são mais susce-
tíveis ao intemperismo e à erosão. Em ambientes mais 
quentes e úmidos, o intemperismo químico é mais 
intenso, enquanto em ambientes mais secos predomi-
na o intemperismo físico.
As rochas que compõem os escudos cristalinos, 
por serem de idades geológicas remotas, sofreram por 
mais tempo a ação do intemperismo e da erosão, o 
que se reflete em suas formas. As altitudes modestas 
e as formas arredondadas, como nos montes Apala-
ches (Estados Unidos), nos alpes Escandinavos (Sué-
cia e Noruega), na serra do Espinhaço (Brasil) e nos 
montes Urais (Rússia), mostram a ação desses proces-
sos modeladores nas formas do relevo.
a	classificação	do	relevo	brasileiro
O território brasileiro possui uma grande 
diversidade de formas e estruturas de relevo, como 
serras, escarpas, planaltos, planícies, depressões, 
chapadas, tabuleiros, cuestas e muitas outras.
Leia o texto a seguir. Nele, o autor nos mostra a 
diferença entre estrutura e forma de relevo.
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p	 delta	do	rio	Parnaíba	em	araioses	(ma),	em	2007.	este	é	um	exemplo	de	alteração	da	forma	do	relevo	provocada	pela	sedimentação.
O território brasileiro é formado por estruturas geológicas antigas. 
Com exceção das bacias de sedimentação recente, como a do Pantanal 
Mato-Grossense, parte ocidental da bacia Amazônica e trechos do lito-
ral nordeste e sul, que são do Terciário e do Quaternário (Cenozoico), o 
restante das áreas tem idades geológicas que vão do Paleozoico ao 
Mesozoico, para as grandes bacias sedimentares, e ao Pré-Cambriano 
(Arqueozoico-Proterozoico), para os terrenos cristalinos.
No território brasileiro, as estruturas e as formações litológicas 
são antigas, mas as formas do relevo são recentes. Estas foram pro-
duzidas pelos desgastes erosivos que sempre ocorreram e conti-
nuam ocorrendo, e com isso estão permanentemente sendo reafei-
çoadas [mudando de forma]. Desse modo, as formas grandes e pe-
quenas do relevo brasileiro têm como mecanismo genético, de um 
lado, as formações litológicas e os arranjos estruturais antigos, de 
outro, os processos mais recentes associados à movimentação das 
placas tectônicas e ao desgaste erosivo de climas anteriores e atuais. 
Grande parte das rochas e estruturas que sustentam as formas do 
relevo brasileiro é anterior à atual configuração do continente sul-
-americano, que passou a ter o seu formato depois da orogênese 
andina e da abertura do oceano Atlântico, a partir do Mesozoico.
ROSS, Jurandyr L. S. Os fundamentos da geografia da natureza. In: ______ 
(Org.). Geografia do Brasil. 6. ed. São Paulo: Edusp, 2011. p. 45. (Didática 3).
As EstruturAs E As formAs do rElEvo brAsilEiro
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	 estruturas	e	formas	do	relevo	 115
Apesar de tentativas anteriores, somente na déca-
da de 1940 foi criada uma classificação dos comparti-
mentos do relevo brasileiro considerada mais coerente 
com a geomorfologia do nosso território. Ela foi elabora-
da por um dos primeiros professores do Departamento 
de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), o geó-
grafo e geomorfólogo Aroldo de Azevedo (1910-1974), 
que, considerando as cotas altimétricas, definiu planal-
tos como terrenos levemente acidentados, com mais de 
200 metros de altitude, e planícies como superfícies 
planas, com altitudes inferiores a 200 metros. Essa clas-
sificação divide o Brasil em sete unidades de relevo, com 
os planaltos ocupando 59% do território e as planícies, 
os 41% restantes – veja a tabela com os dados hipsomé-
tricos de acordo com esses intervalos de altitude.
BrAsil: cOtAs AltimétricAs (em metros) 
terras baixas 41,00%
0 a 100 24,09%
101 a 200 16,91%
terras altas 58,46%
201 a 500 37,03%
501 a 800 14,68%
801 a 1 200 6,75%
Áreas culminantes 0,54%
1 201 a 1 800 0,52%
Acima de 1 800 0,02%
Adaptado de: IBGE. Anuário estatístico do Brasil, 2006. Rio de Janeiro. p. 1-9.
Em 1958, Aziz Ab’Sáber (1924-2012), também 
professor e pesquisador do Departamento de Geogra-
fia da USP, publicou um trabalho propondo uma alte-
ração nos critérios de definição dos compartimentos 
do relevo. A partir de então, foram consideradas as 
seguintes definições:
• Planalto: área em que os processos de erosão su-
peram os de sedimentação.
• Planície: área mais ou menos plana em que os pro-
cessos de sedimentação superam os de erosão, in-
dependentemente das cotas altimétricas.
Adotando-se essa classificação geomorfológica, 
o Brasil apresenta não sete, mas dez compartimentos 
de relevo: os planaltos correspondem a 75% da super-
fície do território; e as planícies, a 25%.
Observe nos mapas a seguir que em ambas as clas-
sificações o Brasil apresenta dois grupos de planaltos. O 
maior deles foi subdividido de acordo com as diferencia-
ções de estrutura geológica e de formas de relevo encon-
tradas em seu interior. A planície do Pantanal se mantém 
nas duas classificações. Já a chamada planície Costeira 
pela classificação de Azevedo é denominada planícies e 
terras baixas Costeiras pela de Ab’Sáber. O mesmo acon-
tece com a planície Amazônica, que passa a ser denomi-
nada planícies e terras baixas Amazônicas (o termo planí-
cies se refere às várzeas dos rios, onde a sedimentação é 
intensa, e a expressão terras baixas, aos baixos planaltos 
ou platôs de estrutura geológica sedimentar).
Em 1989, Jurandyr Ross, outro professor e pesquisa-
dor do Departamento de Geografia da USP, ainda na ativa 
em 2012, divulgou uma nova classificação do relevo 
PLANALTO
DAS GUIANAS
PLANALTO
CENTRAL
Equador0º
55º O
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
PLANALTO 
MERIDIONAL
PLANÍCIE DO 
PANTANAL
PLANÍCIE
AMAZÔNICA
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Planícies
Planaltos
 Trópico de Capricórnio 
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0 660
Adaptado de: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 34. ed. São Paulo: Ática, 2013. p. 115. 
Brasil: relevo (classificação de Aroldo de Azevedo)
Adaptado de: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 34. ed. São Paulo: Ática, 2013. p. 115. 
PLANALTO
DAS GUIANAS
PLANALTO
CENTRAL
PLANALTO BRASILEIRO
PLANALTO
NORDESTINO
PLANALTO DO
MARANHÃO-
-PIAUÍ
PLANALTO
URUGUAIO SUL-
-RIO-GRANDENSE
PLANALTO 
MERIDIONAL
PLANÍCIE DO 
PANTANAL
SERRAS E
PLANALTOS
DO LESTE E
SUDESTE
PLANÍCIES E TERRAS
BAIXAS AMAZÔNICAS
Planícies e
Terras Baixas
Planaltos
 Trópico de Capricórnio 
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OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
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Brasil: relevo (classificação de Aziz Ab’Sáber)
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p	 note	que	o	planalto	central,	o	planalto	atlântico	e	o	planalto	meridional	na	classificação	de	azevedo	correspondem	ao	planalto	
brasileiro	na	classificação	de	ab’sáber.
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116	 GeoGrafia	física	e	meio	ambiente
 brasileiro, com base nos estudos de Aziz Ab’Sáber e na 
análise de imagens de radar obtidas no período de 1970 a 
1985 pelo Projeto Radambrasil. Esse projeto consistiu 
num mapeamento completo e minucioso do país, no qual 
se desvendam as potencialidades naturais do território, 
como minérios, madeiras, solos férteis e recursos hídricos. 
Observe no mapa a seguir que, além dos planaltos e planí-
cies, foi detalhadomais um tipo de compartimento:
• Depressão: relevo aplainado, rebaixado em relação 
ao seu entorno; nele predominam processos erosivos.
PLANALTOS RESIDUAIS
NORTE-AMAZÔNICOS
PLANALTOS RESIDUAIS
SUL-AMAZÔNICOSPLANALTO DA AMAZÔNIA ORIENTAL
PLANÍCIE DO RIO AMAZONAS
Depressão Marginal 
Norte-Amazônica
Depressão Marginal 
Sul-Amazônica
Perfil norte-sul da Amazônia (AB)
PLANALTOS E CHAPADAS DA 
BACIA DO PARNAÍBA PLANALTO DA BORBOREMA
Depressão Sertaneja
Tabuleiros
Litorâneos
Rio Parnaíba OCEANO
ATLÂNTICO
Perfil oeste-leste da região Nordeste (CD)
PLANALTOS E CHAPADAS DA 
BACIA DO PARANÁ
PLANALTOS E SERRAS DO
ATLÂNTICO LESTE-SUDESTE
PLANÍCIE E PANTANAL
MATO-GROSSENSE
Depressão 
Periférica
Rio Paraná
OCEANO
ATLÂNTICO
Perfil oeste-leste das regiões Centro-Oeste e Sudeste (EF)
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Equador0º
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OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
 Trópico de Capricórnio 
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19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
Planície do rio Amazonas
Depressão da Amazônia Ocidental
Depressão Marginal Norte-Amazônica 
Depressão Marginal Sul-Amazônica 
Depressão do Araguaia 
Depressão Cuiabana 
Depressão do Alto Paraguai-Guaporé 
Depressão do Miranda 
Depressão Sertaneja e do São Francisco 
Depressão do Tocantins 
Depressão Periférica da Borda Leste 
da Bacia do Paraná
Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense 
Planalto da Amazônia Oriental
Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba
Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná
Planaltos e Chapadas dos Parecis
Planaltos Residuais Norte-Amazônicos
Planaltos Residuais Sul-Amazônicos
Planaltos e Serras do Atlântico-Leste-Sudeste
Planaltos e Serras de Goiás-Minas
Serras Residuais do Alto Paraguai
Planalto da Borborema
Planalto Sul-Rio-Grandense
Planície do rio Araguaia
Planície e pantanal do rio Guaporé
Planície e pantanal Mato-Grossense
Planície da lagoa dos Patos e Mirim
Planície e tabuleiros litorâneoskm
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Ilustrações sem escala.
Brasil: relevo (classificação de Jurandyr L. S. Ross)
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	 estruturas	e	formas	do	relevo	 117
bAciA sEdimEntAr X plAníciE
Não devemos confundir bacia 
sedimentar, denominação que se 
refere à estrutura geológica, com 
planície, que se refere à forma do 
relevo. A estrutura sedimentar in-
dica a origem, a formação e a com-
posição de parte da crosta, ocorrida 
ao longo do tempo geológico. Durante 
sua formação, enquanto a sedimenta-
ção supera os processos erosivos, a ba-
cia sedimentar é sempre uma planície. 
No entanto, uma bacia sedimentar que 
no passado foi uma planície pode estar 
atualmente sofrendo um processo de 
erosão, de desgaste, e, portanto, corres-
ponder a um planalto ou a uma depres-
são, como as da Amazônia. Em contra-
partida, bacias sedimentares que hoje 
ainda estão em processo de formação 
correspondem a planícies. Um exem-
plo: a planície do Pantanal.
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É importante destacar que cada nova classificação 
não substitui completamente a anterior. Note, compa-
rando os mapas, que os limites dos compartimentos não 
são muito diferentes entre si. Os recursos tecnológicos 
disponíveis em 1989 permitiram a Ross fazer um levan-
tamento muito mais detalhado e preciso que os anterio-
res. Porém, os mapas de Azevedo e Ab’Sáber são simpli-
ficações didáticas. Ambos fizeram muitas observações 
in loco de boa parte do território brasileiro, munidos 
apenas de máquinas fotográficas e auxiliados por pou-
cas imagens aéreas. Aziz Ab’Sáber, por exemplo, elabo-
rou mapas de relevo com finalidade científica bem mais 
complexos que o apresentado com fins didáticos.
Nas três classificações do relevo brasileiro, que 
vimos anteriormente, as áreas de sedimentação si-
tuadas em maiores altitudes, ou seja, as planícies 
encaixadas em compartimentos de planalto, não 
aparecem. Isso ocorre porque a escala utilizada 
para retratar o país inteiro num único mapa é muito 
pequena e, portanto, não permite um detalhamento 
que mostre planícies pouco extensas. Por isso, o 
Vale do Paraíba, uma bacia sedimentar localizada 
entre as serras do Mar e da Mantiqueira, não apare-
ce nessas classificações, tratando-se assim de uma 
planície encaixada no planalto Atlântico (Azevedo), 
nas serras e planaltos do leste e sudeste (Ab’Sáber) 
ou nos Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudes-
te (Ross). O mesmo ocorre com algumas outras for-
mas de relevo, como as escarpas e as cuestas, que 
estudaremos a seguir.
p	 trecho	do	Pantanal,	em	mato	Grosso	do	sul,	durante	o	período	das	cheias,	em	2011.	este	é	um	exemplo	típico	de	planície	em	
formação,	uma	vez	que	durante	as	inundações	anuais	ocorre	intensa	sedimentação.
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118	 GeoGrafia	física	e	meio	ambiente
outrAs formAs do rElEvo
Ao estudarmos as formas do relevo brasileiro, encon-
tramos ainda outras categorias:
Escarpa: declive acentuado que aparece em bor-
das de planalto. Pode ser gerada por um movimento 
tectônico, que forma escarpas de falha, ou ser mode-
lada pelos agentes externos, que geram escarpas de 
erosão.
Cuesta: forma de relevo que possui um lado com es-
carpa abrupta e outro com declive suave. Essa diferença 
de inclinação ocorre porque os agentes externos atuaram 
sobre rochas com resistências diferentes.
Chapada: tipo de planalto cujo topo é aplainado e 
as encostas são escarpadas. Também é conhecido como 
planalto tabular.
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p	 nesta	foto	podemos	observar	a	escarpa	da	cuesta	de	botucatu	(sP),	em	2012.
p	 os	estados	da	região	centro-oeste	e	a	porção	oriental	da	região	nordeste	possuem	várias	chapadas,	como	a	chapada	dia-
mantina	(ba).	foto	de	2011.
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	 estruturas	e	formas	do	relevo	 119
Morro: em sua acepção mais comum é uma pequena 
elevação de terreno, uma colina. Em sua classificação dos 
domínios morfoclimáticos, Ab’Sáber destacou os “mares 
de morros” (veja o mapa da página 211).
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Montanha: cadeia orogênica, como a cordilheira 
dos Andes, do Cenozoico. Na estrutura do atual terri-
tório brasileiro existiram, há milhões de anos, monta-
nhas que ao longo do tempo geológico foram modela-
das pelos processos exógenos, constituindo o que hoje 
conhecemos como serras e planaltos. No dia a dia, cos-
tuma-se chamar de montanha qualquer grande eleva-
ção do relevo.
p	 Paisagem	de	“mar	de	morros”	em	lorena	(sP),	em	2012.
p	 Pico	da	neblina,	na	serra	do	imeri	(am),	em	2008.	com	2	994	metros	de	altitude,	este	é	o	ponto	mais	alto	do	território	bra-
sileiro	e	um	exemplo	de	dobramento	pré-cambriano.
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120	 GeoGrafia	física	e	meio	ambiente
Serra: esse nome é utilizado para designar um conjun-
to de formas variadas de relevo, como dobramentos anti-
gos e recentes, escarpas de planalto e cuestas. Sua definição 
e uso não são rígidos, sofrendo variação de uma região para 
outra do país.
Inselberg (‘monte ilha’, em alemão): saliência no re-
levo encontrada em regiões de clima árido e semiárido. Sua 
estruturarochosa foi mais resistente à erosão que o mate-
rial que estava em seu entorno. 
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∏	 Inselberg	em	buíque	(Pe),	em	2012.	algumas	
vezes	o	topo	dos	inselbergs	é	recoberto	por	
rochas	sedimentares,	constituindo	um	teste-
munho	de	que	havia	terrenos	mais	elevados	
em	seu	entorno.
p	 escarpa	da	serra	da	mantiqueira,	no	estado	de	são	Paulo,	
em	2012.	as	serras	da	mantiqueira	e	do	mar	têm	origem	
tectônica	e	foram	bastante	moldadas	pelos	agentes	ero-
sivos.	suas	escarpas	originaram-se	de	falhas	geológicas	
e	nos	planaltos	acima	de	seus	topos	e	abaixo	das	escar-
pas	é	possível	encontrar	os	mares	de	morros.
o	relevo	submarino
Assim como a superfície dos continentes, o fun-
do do mar possui formas variadas, resultantes da ação 
de agentes internos e do intenso intemperismo quí-
mico. Como as terras submersas não sofrem a ação 
dos agentes atmosféricos, o único agente externo que 
atua na modelagem do relevo submarino é o movi-
mento das águas – a ação humana, embora existente, 
é muito limitada, como no caso da exploração de pe-
tróleo. Esse movimento ocorre por uma associação de 
diversos fatores, como ventos, ação do Sol, da Lua, da 
temperatura e da salinidade.
Os principais componentes do relevo submarino 
são a plataforma continental, o talude e a região pelá-
gica (ou abissal).
• Plataforma continental: é a continuação da estrutu-
ra geológica do continente abaixo do nível do mar. 
Composta predominantemente por rochas sedimen-
tares, é relativamente plana. Por ter profundidade mé-
dia de 200 metros, recebe luz solar, o que propicia o 
desenvolvimento de vegetação marinha e muitas es-
pécies animais. Por isso, nas plataformas continentais 
há grande concentração de cardumes, favorecendo a 
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	 estruturas	e	formas	do	relevo	 121
pesca. As plataformas são também áreas favoráveis à 
exploração de petróleo e gás natural. As ilhas da pla-
taforma continental são chamadas ilhas costeiras e 
podem ser de origem vulcânica, sedimentar ou bioló-
gica (como é o caso dos atóis).
• Talude: é a borda da plataforma continental, mar-
cada por um desnível abrupto de até 2 mil metros, 
na base do qual se encontram a crosta continental 
e a oceânica. Quando o talude se localiza em área 
de encontro de placas convergentes, ocorre a for-
mação de fossas marinhas, como podemos obser-
var na figura abaixo, que mostra a margem conti-
nental ocidental sul-americana.
• Região pelágica (ou abissal): corresponde à cros-
ta oceânica propriamente dita, que é mais densa e 
geologicamente distinta da crosta continental. 
Nessa região há diversas formas de relevo, como 
depressões (chamadas bacias), dorsais, montanhas 
tectônicas, planaltos e fossas marinhas. As ilhas aí 
existentes são chamadas ilhas oceânicas, como 
Fernando de Noronha, de origem vulcânica, e o atol 
das Rocas, de origem biológica.
margem	continental	sul-ameri-
cana	 no	 oceano	 atlântico.	 na	
costa	leste	da	américa	do	sul	as	
crostas	 continental	 e	 oceânica	
pertencem	à	mesma	placa	tectô-
nica,	chamada	sul-americana.
p
Ilustração esquemática
CORDILHEIRA DOS ANDES
OCEANO
PACÍFICO
Margem continental ocidental sul-americana
Adaptado de: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2011. p. 31. (Didática 3).
Adaptado de: BRASIL. Marinha do Brasil. Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar. 
Disponível em: <www.secirm.mar.mil.br/inindex.htm>. Acesso em: 16 fev. 2004.
Ilustração esquemática
OCEANO
ATLÂNTICO
Margem continental oriental sul-americana
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∏	 margem	continental	sul-ame-
ricana	no	oceano	Pacífico.	na	
costa	oeste	da	américa	do	sul,	
o	encontro	das	crostas	oceâni-
ca	e	continental	coincide	com	
o	 encontro	 das	 placas	 sul-
-americana	e	de	nazca.
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122	 GeoGrafia	física	e	meio	ambiente
o direito do mar
[...]
Desde épocas mais remotas, mares e oceanos são usados 
como via de transporte e como fonte de recursos biológicos. O desen-
volvimento da tecnologia marinha permitiu a descoberta nas águas, 
no solo e no subsolo marinhos de recursos naturais de importância 
capital para a humanidade. A descoberta de tais recursos fez aumen-
tar a necessidade de delimitar os espaços marítimos em relação aos 
quais os Estados costeiros exercem soberania e jurisdição. 
Assim é que, na década de 1950, as Nações Unidas começaram a 
discutir a elaboração do que viria a ser, anos mais tarde, a Convenção das 
Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM). O Brasil participou ativa-
mente das discussões sobre o tema, por meio de delegações formadas, 
basicamente, por oficiais da Marinha do Brasil e por diplomatas brasileiros. 
A CNUDM está em vigor desde novembro de 1994 e constitui-se, 
segundo analistas internacionais, no maior empreendimento normati-
vo no âmbito das Nações Unidas, legislando sobre todos os espaços 
marítimos e oceânicos, com o correspondente estabelecimento de di-
reitos e deveres dos Estados que têm o mar como fronteira. Atualmen-
te, a Convenção é ratificada por 156 países, dentre os quais o Brasil. 
O Mar Territorial, somado à ZEE [Zona Econômica Exclusiva], 
constituem-se nas Águas Jurisdicionais Brasileiras Marinhas.
Trata-se de uma imensa região, com cerca de 3,5 milhões de 
km². Após serem aceitas as recomendações da CLPC [Comissão de 
Limites da Plataforma Continental], os espaços marítimos brasileiros 
poderão atingir cerca de 4,5 milhões de km², equivalentes a mais de 
50% da extensão territorial do Brasil. 
Por seus incomensuráveis recursos naturais e grandes dimen-
sões, essa área é chamada de Amazônia Azul. 
conceitos importantes 
No que concerne aos espaços marítimos, todo Estado costeiro 
tem o direito de estabelecer um Mar Territorial de até 12 milhas náu-
ticas (cerca de 22 km), uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e uma 
Plataforma Continental (PC) estendida, cujos limites exteriores são 
determinados pela aplicação de critérios específicos. 
Os Estados exercem soberania plena no Mar Territorial. Na ZEE 
e na PC, a jurisdição dos Estados se limita à exploração e ao aprovei-
tamento dos recursos naturais. Na ZEE, todos os bens econômicos no 
seio da massa líquida, sobre o leito do mar e no subsolo marinho são 
privativos do país costeiro. Como limitação, a ZEE não se estende 
além das 200 milhas náuticas (370 km) do litoral continental e insular. 
A PC é o prolongamento natural da massa terrestre de um Esta-
do costeiro. Em alguns casos, ela ultrapassa a distância de 200 milhas 
da ZEE. Pela Convenção sobre o Direito do Mar, o Estado costeiro pode 
pleitear a extensão da sua Plataforma Costeira até o limite de 350 
milhas náuticas (648 km), observando-se alguns parâmetros técni-
cos. É o caso do Brasil, que apresentou às Nações Unidas, em setem-
bro de 2004, o seu pleito de extensão da PC brasileira.
BRASIL. Marinha do Brasil. Disponível em: <www.mar.mil.br/menu_v/ 
amazonia_azul/html/definicao.html>. Acesso em: 2 set. 2012.
AmAzôniA Azul – o pAtrimônio brAsilEiro no mAr
Mar territorial
(12 milhas) Zona Econômica
Exclusiva (ZEE)
(200 milhas)
Crosta continental
Planície
abissal
Elevação
Talude
continental
OCEANO
ATLåNTICO
Crosta oceânica
Plataforma 
continental
Plataforma
Limites do mar
1 milha náutica equivale a 1 852 km.
Arquipélago
de São Pedro
e São Paulo
Arquipélago
de Fernando
de Noronha
Ilha de
Trindade e
Arquipélago
Martim
Vaz
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
55º O
0º
Trópico de Capricórnio
km
0 700
Adaptado de: BRASIL. Marinha do Brasil. 
Disponível em: <www.mar.mil.br/menu_v/
amazonia_azul/html/definicao.html>. 
Acesso em: 2 set. 2012.
Amazônia Azul
Adaptado de: BRASIL. Marinha do Brasil. 
Secretaria da Comissão Interministerial 
para os Recursos do Mar. 
Disponívelem: <www.mar.mil.br/menu_v/
amazonia_azul/html/importancia.html>. 
Acesso em: 2 set. 2012.
Brasil
Território 8500000
Zona Econômica
Exclusiva (ZEE)
Extensão da plataforma
continental
Amazônia Azul
(ZEE + Extensão da
plataforma continental)
Área (km2)
12 milhasMar territorial
4 411000
911000
3500000
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	 estruturas	e	formas	do	relevo	 123
morfoloGia	litorânea
Na faixa de contato do continente com o oceano 
– o litoral –, o movimento constante da água do mar 
exerce forte ação construtiva ou destrutiva nas for-
mas de relevo. Atuando no intemperismo, transporte 
e sedimentação de partículas orgânicas e minerais, a 
dinâmica das correntes marinhas, das ondas e das 
marés é responsável pela formação de praias, man-
gues e cordões arenosos chamados restingas.
A mais notável ação erosiva do movimento das 
águas oceânicas no litoral é a que origina as falésias, 
paredões resultantes do impacto das ondas direta-
mente contra formações rochosas cristalinas ou se-
dimentares (conhecidas como barreiras), comuns no 
nordeste brasileiro.
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a	lagoa	rodrigo	de	freitas,	no	
rio	de	Janeiro	(rJ),	é	uma	la-
goa	costeira	formada	por	uma	
restinga,	sobre	a	qual	também	
se	formaram	as	praias	e	se	de-
senvolveram	os	bairros	do	le-
blon	e	de	ipanema	(ao	fundo).	
foto	de	2011.
p
∏	 falésias	em	arraial	d´ajuda	
(ba),	em	2012.
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8.
MÉXICO
AMÉRICA
CENTRAL
Golfo do
México
100º O
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
Mar do Caribe
Península
da Flórida
Península
de Iucatã
ESTADOS UNIDOS
Trópico de Câncer 
km
0 465
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• Saco, baía e golfo: assemelham-se a uma ferradu-
ra ou arco quase fechado que se comunica com o 
oceano. O que muda é o tamanho: o saco é o menor 
(medido em metros) e a baía tem tamanho inter-
mediário, como a famosa baía da Guanabara, no 
Rio de Janeiro. O golfo, como é o maior (medido em 
quilômetros; veja o mapa ao lado), pode conter sa-
cos e baías em seu interior. Ao longo do tempo, a 
comunicação de sacos e baías com o oceano pode 
ser diminuída por causa da constituição de uma 
restinga. Se essa restinga continuar a aumentar, 
pode ocorrer fechamento do arco, formando-se 
uma lagoa costeira.
• Ponta, cabo e península: são formas de relevo que 
avançam do continente para o oceano. A diferença 
entre elas é a dimensão: pontas são 
menores que cabos, que, por sua 
vez, são menores que penínsulas 
(veja dois exemplos no mapa).
barra	da	lagoa,	em	florianó-
polis	(sc),	em	2012.	este	canal	
faz	a	ligação	da	lagoa	da	con-
ceição	com	o	oceano.	note	que	
foram	 colocadas	 pedras	 na	
margem	direita	da	barra	para	
evitar	a	sedimentação	de	areia	
e	facilitar	a	entrada	e	saída	de	
embarcações.
p
Golfo do México e penínsulas de Iucatã e da Flórida
p	 o	golfo	do	méxico	é	delimitado	por	duas	penínsulas:	a	de	
iucatã	e	a	da	flórida.
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cabo	da	boa	esperança	
(África	do	sul),	em	2011.
p
Da morfologia litorânea, podemos destacar:
• Barra: saída de um rio, canal ou 
lagoa para o mar aberto, onde 
ocorrem intensa sedimentação 
e formação de bancos de areia 
ou de outros detritos.
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	 estruturas	e	formas	do	relevo	 125
• Recife: barreira próxima à praia 
que diminui ou bloqueia o movi-
mento das ondas. Pode ser de 
origem biológica, quando consti-
tuída por carapaças de animais 
marinhos, ou arenosa, quando 
formada por uma restinga que se 
consolida em rocha sedimentar.
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Praia	da	enseada,	no	Guarujá	
(sP),	em	2008.
p
• Fiordes: profundos corredores 
que foram cavados pela erosão 
glacial e posteriormente rebaixa-
dos, o que provocou a invasão 
das águas do mar. Formaram-se 
em regiões litorâneas de latitu-
des elevadas que ficaram reco-
bertas por gelo durante as glacia-
ções, como a costa da Noruega e 
do sul do Chile, entre outros.
Praia	de	boa	viagem,	em	recife	(Pe),	
em	2009.	na	foto,	podemos	observar	
os	recifes	de	arenito	que	originaram	
o	nome	da	capital	de	Pernambuco.
p
∏	 alguns	fiordes	avançam	cerca	de	30	km	
para	o	interior	dos	continentes.	seu	leito	
tem	forma	de	“u”,	assim	como	os	vales	
glaciais,	que	resultam	da	erosão	glacial.	
na	foto,	fiorde	na	noruega,	em	2011.
• Enseada: praia com formato de 
arco. Por possuir configuração 
aberta, diferencia-se do saco, 
cuja configuração é bem mais 
fechada.
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126	 GeoGrafia	física	e	meio	ambiente
1. explique	o	que	são	e	como	se	originam	as	formas	do	relevo.
2. Qual	é	a	diferença	entre	estrutura	e	forma	de	relevo?
3. defina	planalto,	planície	e	depressão.
4. o	que	é	plataforma	continental?	Qual	é	a	sua	importância	econômica?
compreendendo conteúdos
1. leia	novamente	a	página	introdutória	deste	capítulo,	observe	as	fotografias	e	responda	no	caderno:
a)	 como	o	relevo	pode	influenciar	a	organização	e	a	distribuição	de	diversas	atividades	humanas?	dê	exemplos.
b)	com	base	no	que	você	aprendeu	neste	capítulo	e	em	seus	conhecimentos,	elabore	uma	hipótese	para	explicar	de	
que	forma	o	relevo	condiciona	o	traçado	e	o	custo	de	construção	de	rodovias	e	ferrovias.
2. observe	a	imagem	do	rio	de	Janeiro	(rJ),	de	2007,	e	escreva,	em	seu	caderno,	o	nome	das	formas	de	relevo	
que	você	consegue	identificar.	
desenvolvendo habilidades 
Pesquisa na internet
P Embrapa
No site da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária você encontra mapas e imagens de satélite que mostram em detalhes 
o relevo brasileiro, além de dados e curiosidades como crateras de vulcões extintos, impacto de meteoritos e outros. Disponível 
em: <www.relevobr.cnpm.embrapa.br/index.htm>. Acesso em: 2 set. 2012.
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