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Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE Operações Unitárias A ENGENHARIA DE SEPARAÇÃO Prof. Marcos Moreira Toledo – PR 2015 SUMÁRIO 1. ELUTRIAÇÃO 01 2. SEDIMENTADOR LAMELADO, CÂMARA GRAVITACIONAL E SEPARADORES INERCIAIS 03 3. CENTRÍFUGA 12 4. CICLONE 17 5. SEDIMENTAÇÃO CONTÍNUA 22 6. FILTRAÇÃO 28 7. PENEIRAMENTO 45 8. SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS 51 9. CRISTALIZAÇÃO 64 10. FLOTAÇÃO 76 11. SEPARAÇÕES MAGNÉTICA E ELETROSTÁTICA 77 12. PRECIPITADORES ELETROSTÁTICOS E SEPARADORES ÚMIDOS 80 BIBLIOGRAFIA 84 PROF. DR. GIULIO MASSARANI – UM BREVE HISTÓRICO 85 LISTA DE EXERCÍCIOS 86 “Desconfiança é a melhor parte do conhecimento.” (Mahatma Ghandi) APRESENTAÇÃO Na grande maioria dos processos industriais estão presentes suspensões do tipo gás-sólido e líquido-sólido onde se deseja recuperar a fase sólida ou então, por exemplo, purificar a fase fluida. A fim de se conseguir tais objetivos foram desenvolvidos equipamentos e processos adequados, os quais serão apresentados neste texto. De forma geral serão abordados os seguintes equipamentos no texto: - Elutriador; - Câmara de Poeira; - Centrífuga; - Ciclone; - Sedimentador; - Filtro; - Peneira; - Separador de Membrana; - Cristalizador; - Flotador; - Separadores magnético e eletrostático, e - Precipitador eletrostático e separador úmido. Ao final da apostila estão presentes uma lista de exercícios e uma seção de anexos. Prof. Marcos Moreira Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 1 1. ELUTRIAÇÃO A elutriação refere-se à operação de separação baseada na diferença entre a velocidade média do fluido e a velocidade terminal da partícula. Conforme apresentado na figura a seguir, uma amostra de partículas é alimentada perto do topo da primeira coluna, de diâmetro D1, enquanto o fluido (água por exemplo) é alimentado com vazão volumétrica Q perto da base dessa mesma coluna. Esquema dos elutriadores Na situação em que a velocidade do fluido é maior que a velocidade terminal das partículas, as partículas de diâmetro ou massa específica menor são carregadas para uma nova coluna de diâmetro D2, enquanto as partículas que apresentam maior diâmetro ou massa específica do que aquelas carreadas são coletadas no fundo da coluna. No caso da elutriação, o valor do diâmetro das partículas que teoricamente ficariam paradas na coluna, ou seja, o diâmetro critíco, é dado por: T P v. Re. d (1.1) Para uma partícula esférica isolada e Re<50.000 tem-se que: -1/0,95-0,95/2 2 D 0,95- 2 D 43,0 ReC 24 ReC Re (1.2) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 2 onde 2 S 3 P2 D g)..(.d . 3 4 ReC (1.3) A relação entre a vazão volumétrica a ser empregada na operação e o diâmetro da coluna a fim de se obter um determinado diâmetro crítico é dada por: 4 .vπD Q T 2 (1.4) Para partícula isométrica isolada para Re<50.000 e 0,65<<1 tem-se que: -1/1,2 -1,2/2 2 2 D 1,2- 2 D1 K ReC 24 Re.CK Re (1.5) onde 0,065 log.843,0K1 (1.6) .88,431,5K2 (1.7) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 3 2. SEDIMENTADOR LAMELADO, CÂMARA GRAVITACIONAL E SEPARADORES INERCIAIS 2.1 Sedimentador Lamelado Considere a Figura 2.1. A trajetória descrita nesta figura representa a trajetória crítica descrita pela menor partícula que é coletada com eficiência de 100% pelas placas de um sedimentador lamelado. As dimensões e inclinação das placas estão assinaladas na própria figura. Desprezando a aceleração da partícula, resulta da equação do movimento que: Componente x: )v-u(Cv-u 2 A )V.g.sen-(0 XXDS (2.1) Componente y: )v-0(Cv-u 2 A )V.g.cos-(0 YDS (2.2) Combinando as duas equações, vem que o módulo da velocidade relativa ( v-u ) é a velocidade terminal da partícula, v, no fluido estagnado, Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 4 v C. 2 A )V-( v-u 2/1 D S (2.3) Resulta das equações 2.1 – 2.3 que senvuv XX (2.4) Figura 2.1. Dinâmica da partícula no escoamento entre placas paralelas. cosvvY (2.5) O tempo necessário para que a partícula de diâmetro crítico percorra na direção x a distância L é sen-vu L dyv L.H t H/2 H/2- X (2.6) onde <u> é a velocidade média do fluido entre as placas relativa à vazão Q1, Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 5 H.B Q u 1 (2.7) O tempo necessário para que a partícula de diâmetro crítico percorra na direção y a distância H é cosv H t (2.8) Combinando as equações 2.6 e 2.8 resulta a expressão para o cálculo da velocidade terminal relativa à partícula de diâmetro crítico, H.senL.cos uH. v (2.9) a qual conduz, através do grupo CD/Re, ao valor deste diâmetro crítico. No sedimentador lamelado industrial o comprimento das placas L é aproximadamente 20 vezes maior que a distância H entre elas e a inclinação depende da configuração do escoamento sólido-fluido (40 o concorrente e 60 o contracorrente). A equação (2.9) pode ser simplificada para H .L.cosv u (2.10) resultando para uma vazão Q de suspensão e para um sistema com m lamelas ativas .vAum.B.HQ PROJ (2.11) onde m.B.LcosAPROJ (2.11a) é sendo APROJ a área projetada das lamelas no plano horizontal. Portanto, a velocidade terminal da partícula de diâmetro crítico é dada por: PROJA Q v (2.12) Cabe ressaltar que o valor do diâmetro crítico está relacionado às condições de operação do equipamento (vazão de suspensão) e às suas dimensões. Partículas maiores que aquelas de diâmetro crítico são também coletadas com eficiência de 100%; as menores com eficiência inferior. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 6 2.2 Câmara Gravitacional (Câmara de Poeira) Todas as equações apresentadas para o sedimentador lamelado são válidas para a Câmara de Poeira esquematizada na Figura 2.2. O ângulo de inclinação é tomado igual a 0 o . Figura 2.2. Câmara gravitacional. Assim, tem-se que a menor partícula coletada com eficiência de 100% no comprimento L da câmara terá velocidade terminal dada por: L H.u v (2.13) ou L.B Q v (2.14) sendo B.H Q u (2.15) Para o projeto da câmara de poeira pode-se admitir a seção transversal como quadrada, ou seja, B=H. Já para a velocidade do gás na câmara, <u>, deve-se assumir valores de 0,02-0,6 m/s a 1,5-3,0 m/s a fim de se evitar a redispersão das partículas, o que ocorre para velocidades elevadas. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 7 2.3 Eficiência da Separação Sólido-Fluido O projeto e a análise do desempenho do equipamento de separação sólido-fluido em fenda deseção retangular podem ser realizados em base aos seguintes resultados: a) Equação que relaciona o diâmetro de corte D * (diâmetro das partículas que são coletadas com eficiência de 50% no equipamento de separação) às propriedades físicas do sistema particulado, às dimensões do equipamento e ás condições operacionais; b) Função eficiência individual de coleta relativa à partícula com diâmetro D, =(D/D * ), que depende da configuração do equipamento, do regime de escoamento do fluido e da dinâmica da partícula; c) Função eficiência global de coleta que depende da distribuição granulométrica do conjunto de partículas, X=X(D), dX)D/D( 1 0 * ; (2.16) d) Equação que relaciona a queda de pressão e a vazão de fluido no equipamento de separação. Considere a Figura 2.3 quando se deseja estimar a eficiência proporcionada pelo decantador lamelado na coleta de partículas com diâmetro D. Figura 2.3. Decantador lamelado. O cálculo da eficiência será feito dentro das seguintes hipóteses: a) As partículas estão igualmente distribuídas em x=0, Figura 2.3, independentemente do tamanho. Portanto, a eficiência de coleta da partícula com diâmetro D que percorre a trajetória assinalada na Figura 1.3 é H h D)( ; (2.17) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 8 b) O escoamento do fluido na fenda é laminar, 2 H y H y u6u (2.18) 1 0 h u.dy h 1 u (2.19) H h H h 3 1 2 1 u6u h (2.20) HH/2 uuu (2.21) L p 12 BH uH.BQ 3 (2.22) onde Q é a vazão de fluido e p é a queda de pressão no equipamento. c) A partícula sólida movimenta-se no regime de Stokes (Re<0,1; Re=.v.dP/), 18 g.D)( Kv 2 S 1t (2.23) 0,065 log.843,0K1 (2.24) Sabendo que L h.u v ht (2.25) e com as equações (2.17), (2.20) e (2.23) tem-se que: 2 * 1 t h t D D H h H h 3 1 2 1 12 1 u )L(v u )L(v 2 1 (H/2) h 2 1 H h D)( * D D (2.26) Portanto, a função eficiência individual de coleta para o equipamento em questão, dentro das hipóteses consideradas, é Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 9 2 * 2 D D 2 1 23 para D/D* 2 (2.27) 1 para D/D* 2 (2.28) Tabela 2.1. Alguns valores para a equação 2.27. D/D * 0,1 0,237 0,2 0,456 0,3 0,657 0,4 0,839 0,5 1,00 0,6 1,14 0,7 1,25 0,8 1,34 0,9 1,39 0,95 1,41 1 2 Conhecidas a eficiência individual de coleta e a análise granulométrica pode-se calcular a eficiência global de coleta através da equação (2.16). D * está relacionado com as propriedades físicas do sistema sólido-fluido, com as condições de operação e com as dimensões do equipamento de separação. Sabe-se pelas equações (2.10) e (2.21) que 2L.cos uH. 2L.cos uH. v H/2 Dt * (2.29) e prevalecendo o regime de Stokes, 18 g.D)( Kv 2* S 1t * D (2.30) resulta que 2 1 PROJS1 * A)(.gK Q9 D (2.31) onde APROJ é dada pela equação (2.11a) para o decantador lamelado e por B.LAPROJ (2.32) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 10 para a câmara de poeira. No caso em que o escoamento do fluido entre as placas é turbulento chega-se que 2 *D D 5,0 para D/D* 2 (2.33) sendo D * fornecido pela equação (2.31). A função eficiência de coleta e a equação que fornece o diâmetro de corte D * caracterizam completamente o desempenho do equipamento de separação. Comparando, por exemplo, as equações (2.27) e (2.33) chega-se à conclusão de que para um mesmo diâmetro reduzido (D/D * <1) o escoamento laminar do fluido propicia uma maior eficiência de separação do que o escoamento turbulento. 2.4 Separadores Inerciais ou de Impacto A separação nestes equipamentos baseia-se na diferença bastante grande entre a quantidade de movimento das partículas sólidas ou gotículas e a do gás. Consequentemente as partículas não seguirão o caminho do gás se este mudar bruscamente de direção. Sua trajetória será menos curvada do que as linhas da corrente do gás, sendo fácil obriga-las a atingir anteparos como chicanas ou material poroso de enchimento. Por gravidade as partículas chegarão aos pontos de descarga. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 11 Os separadores desta classe de equipamentos são os seguintes: a) câmara inercial b) torre de chicanas c) bateria de separadores inerciais d) coluna de enchimento e) separador tipo veneziana Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 12 3. CENTRÍFUGA Centrífuga tubular Centrífuga de discos 3.1 Dinâmica da Partícula no Campo Centrífugo No campo centrífugo representado na Figura 3.1, as componentes da velocidade do fluido são: 0u r (3.1) r.u (3.2) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 13 Figura 3.1. Dinâmica da partícula no campo centrífugo. onde é a velocidade angular da carcaça cilíndrica que aloja o fluido. A intensidade do campo centrífugo b é dado por: 0b (3.3) r v b 2 r (3.4) Desprezando a aceleração da partícula, resulta da equação do movimento e das equações (3.1) e (3.2) que r.uv (3.5) 2/1 D rS tr .CA. V.b)..(2 v dt dr v (3.6) onde V é o volume da partícula e vt é a velocidade terminal da partícula no fluido estagnado, num campo com intensidade 2 2 r r. r v b (3.7) A integração da equação (3.6) para a partícula esférica e regime de Stokes leva ao valor do tempo desejado, Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 14 r R ln D)( 18 t 22 S (3.8) onde D é o diâmetro da partícula. 3.2 O Conceito Sigma () e a Especificação de Centrífugas Vamos estabelecer a relação entre o diâmetro de corte D * e as propriedades físicas do sistema sólido-fluido, dimensões do equipamento e condições de operação. As hipóteses de cálculo são: a) As partículas estão igualmente espalhadas em z=0, independentemente do tamanho; a trajetória assinalada na Figura 3.2 refere-se à partícula D * coletada com eficiência de 50%, onde: )R-(R)R-(R 2o 2 1 2 1 2 (3.9) e, portanto, 2 1 2 o 2 1 2 R-R R (3.10) McCabe assume que 2 RR R o1 b) Prevalece o regime de Stokes na dinâmica da partícula; c) Movimento empistonado do fluido na centrífuga. Figura 3.2. Esquema da centrífuga tubular. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 15 Em relação à trajetória crítica assinalada na Figura 3.2, o tempo necessário para que a partícula percorra a distânciaL na vertical é: 2o2 R-R Q L u L t (3.11) e o tempo necessário para que a partícula percorra a distância radial de R1 a R é dada pela equação (3.8) 1 2*2 S1 R R ln D)(K 18 t (3.12) Combinando as equações (3.11) e (3.12) e lembrando que 2 o 2 2 o 2 1 R3R R-R R R ln (3.13) resulta a expressão para o diâmetro de corte D * 2 1 2 o 22 S1 * )R3R(L)(K Q18 D (3.14) Explicitando a vazão de suspensão da alimentação, vem g2 )R3R(L . 18 D)(g.K 2Q 22 o 22* S1 (3.15) ou .v2Q t (3.16) onde vt é a velocidade terminal da partícula de diâmetro D * no campo gravitacional e um fator característico da centrífuga. A equação (3.15) mostra que a capacidade da centrífuga pode ser expressa pelo produto de dois termos, um que caracteriza o sistema particulado (a velocidade terminal da partícula no campo gravitacional) e outro que caracteriza a configuração, as dimensões e a rotação da centrífuga, o fator sigma. No caso da centrífuga tubular o fator sigma é dado por Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 16 g2 )R3R(L 22o 2 (3.17) de acordo com a equação (3.15). Para a centrífuga a discos, por exemplo, o fator sigma é dado por g.tan3 )rr(2 221 2 2 n (3.18) onde n é o número de espaços entre os discos da pilha, r2, e r1 os raios externo e interno da pilha de discos e o ângulo de abertura do cone. A equação (3.16) é a base para a ampliação de escala entre centrífugas do mesmo tipo operando com uma mesma suspensão. Conhecendo-se o desempenho de uma centrífuga de laboratório pode-se dimensionar uma centrífuga industrial de acordo com a seguinte relação: 21 QQ (3.19) De acordo com o procedimento utilizado anteriormente para se determinar D * , também é possível de se determinar o valor D do diâmetro das menores partículas que são coletadas com eficiência de 100%. Assim, tem-se que: 2 1 2 o 22 S1 o )RR(L)(K )Q.ln(R/R.18 D (3.20) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 17 4. CICLONE O ciclone é um equipamento destinado à separação gás-sólido e que tem na força centrífuga a sua ação separadora. Os ciclones destinados à separação líquido-sólido são chamados de hidrociclones. A Figura 4.1 apresenta o esquema de funcionamento de um ciclone. A entrada da suspensão de gás e partículas ocorre lateralmente e de forma tangencial à parede do ciclone. O movimento circular ao qual é forçada a suspensão devido à geometria do equipamento faz com que surja uma força centrífuga que atua sobre a suspensão e cria uma força sobre as partículas fazendo com que essas tendam a ficar “presas” à parede até atingirem o fundo do ciclone onde são coletadas. Já o gás por sua vez, ao chegar ao fundo do ciclone encontra uma região de pressão mais baixa proporcionada pelo tubo central, por onde então acaba escapando. Figura 4.1. Esquema de movimentação das fases em um ciclone. 4.1 O Diâmetro de Corte e o Ciclone A partícula com o diâmetro de corte D * atravessa a espessura de separação Bc/2, Figura 4.1, no tempo de residência do fluido no ciclone. Dessa forma, 18 Db)( 2/B Q V 2* rS ca (4.1) onde Va é o volume ativo do ciclone, Q a vazão volumétrica de suspensão e br (= 2.r ) a intensidade média do campo centrífugo. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 18 Figura 4.1. Vista superior do ciclone. Considera-se nesta análise rudimentar que prevaleça o regime de Stokes, que a partícula seja esférica, que .ru (4.2) e que Q/V N2 S e (4.3) u e Ne são respectivamente o valor médio da velocidade da suspensão na seção de entrada e o número de espiras que o fluido forma no interior do ciclone. Resulta das equações (4.1) a (4.3) a expressão para o diâmetro de corte, 2 1 eS c* N2)(u B9 D (4.4) Para o ciclone Lapple verifica-se experimentalmente que Ne=5. 4.2 Ciclones para Separação Sólido-Gás Os diferentes modelos de ciclones caracterizam-se pelas proporções peculiares entre suas dimensões. Dentre os ciclones destinados à separação sólido-gás estão o modelo Lapple, o Stairmand e o Niigas-11 conforme apresenta a Figura 4.2. Segundo Massarani na comparação entre os modelos Lapple e Niigas-11, o ciclone Lapple tem uma eficiência um pouco maior que o ciclone Niigas-11, mas em compensação a queda de pressão no ciclone Lapple é o dobro da queda de pressão no ciclone Niigas-11. Na tabela 4.1 estão apresentados os parâmetros dos ciclones Lapple, Stairmand e Niigas-11. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 19 Figura 4.2. Ciclone Lapple/Stairmand e ciclone Niigas-11. Tabela 4.1. Parâmetros dos ciclones Lapple, Stairmand e Niigas-11. Lapple Stairmand Niigas-11 Bc/Dc 0,25 0,20 0,26 De/Dc 0,50 0,50 0,60 Hc/Dc 0,50 0,50 0,48 Lc/Dc 2,00 1,50 2,08 Sc/Dc 0,13 0 - Sc ’ /Dc - - 1,30 Zc/Dc 2,00 2,50 2,00 Jc/Dc 0,25 0,37 0,22 Inclinação da alimemtação 0 o 0 o 11 o Para os ciclones de separação sólido-gás, a equação (4.4) pode ser generalizada para 2 1 S c c * )(Q D. K D D (4.5) onde Dc é o diâmetro da parte cilíndrica do ciclone. A tabela 4.2 apresenta os valores de K para os ciclones Lapple, Stairmand e Niigas-11, além da velocidade média recomendada para a suspensão e a queda de pressão. Na tabela 4.2 é a massa específica do fluido e a velocidade uc na é dada por: Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 20 4/D Q u 2 c c (4.6) A eficiência de coleta individual varia de ciclone para ciclone e depende do diâmetro de corte do ciclone, que por sua vez, depende das dimensões do ciclone. O Quadro 4.1 apresenta a eficiência de coleta individual para os ciclones Lapple, Stairmand e Niigas-11. Tabela 4.2. Parâmetros dos ciclones Lapple, Stairmand e Niigas-11. Ciclone Velocidade média recomendada para a suspensão na seção BcHc K Queda de pressão (Pa) Lapple 5 – 21 m/s 0,095 157,5..uc 2 Stairmand 10 – 30 m/s 0,041 200..uc 2 Niigas-11 15 – 24 m/s 0,128 78,75..uc 2 Quadro 4.1. para os ciclones Lapple, Stairmand e Niigas-11. Ciclone Eficiência individual de coleta () Lapple 2* 2* )D/D(1 )D/D( (4.7) 3/2 64,2 *D/D 25,1 1 (4.8) Stairmand 146)D/D5exp( 1)D/D5exp( * * (4.9) Niigas-11 4,0 4,0 * 4,4 * D/D 71,8 D/D 26,1 (4.10) Conhecida a distribuição granulométrica das partículas, é possível estabelecer o valor da eficiência global de coleta no campo centrífugo de acordo com a equação (3.11), dX)D/D( 1 0 * ; (4.11) Supondo que a distribuição granulométrica seja do tipo RRB, Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 21 n)-(D/D'e1X (4.12) Massarani obteve a eficiência de coleta global para os ciclones Lapple e Stairmand utilizando respectivamente as equações (4.7) e (4.9). ** D D' )/DD'(n322,081,1 n0,118 1,11n (Lapple) (4.13) ** D D' )/DD'(n279,044,1 n0,138 1,13n (Stairmand) (4.14) 4.3 Cálculo da Potência do Soprador Considerando apenas a perda de carga nos ciclones, a potência requerida para a separação é dada por E pQ. Pot (4.15) com Pot em W, a vazão total Q em m 3 /s e a queda de pressão no ciclone p em Pa. “E” é a eficiência elétrica do motor, da ordem de 0,5 para motores de baixa potência. 4.4 Etapas para o Dimensionamento de uma Bateria de Ciclones a) Define-se a eficiência de coleta global desejada ( ), a vazão a ser tratada (Q) e o ciclone desejado; b) Da equação de = (D*), determina-se D*; c) Arbitra-se u de acordo com o recomendado e com a equação (4.4) calcula-se Bc e depois Dc a partir da tabela 4.1; d) Com Dc calcula-se Q1 a partir de Q1=u.Bc.Hc; e) Com a razão Q/Q1 determina-se o número de ciclones necessário; f) O número de ciclones deve ser um número inteiro N. A vazão tratada em um único ciclone será Q1=Q/N. Substituindo Q1 na equação (4.5) determina-se Dc final. Com Dc calcula-se Bc da tabela 4.1, e então determina-se a velocidade u (Q1=u.Bc.Hc) que deve estar dentro da faixa recomendada; g) Calcula-se a perda de carga em cada ciclone pela tabela 4.2 e com a equação (4.15) determina-se a potência necessária para o soprador. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 22 5. SEDIMENTAÇÃO CONTÍNUA Dentre todos os equipamentos de separação sólido-fluido, é o sedimentador contínuo tipo Dorr o que pode atingir capacidades mais impressionantes. O enorme tanque de concreto, em muitos casos com mais de 100m de diâmetro, permite tratar centenas de metros cúbicos de suspensão por hora. O projeto do sedimentador, do ponto de vista da Engenharia Química, consiste no cálculo da área de sedimentação e da altura de espessamento. 5.1 Cálculo da área de sedimentação No estabelecimento do balanço de massa das fases sólida e líquida no sedimentador contínuo, figura 5.1, considera-se que o extravasante não contenha partículas sólidas. Figura 5.1 – O sedimentador contínuo. Lodo Suspensão Extravasante Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 23 Balanço de massa de sólido * LLS * S * aaS cLLccL (5.1) ou * L * L c L.c L (5.2) Balanço de massa de líquido (entre um nível qualquer do sedimentador e a descarga de lodo) )c-(1L.V.)c-L(1. *LL * (5.3) Das equações 5.1 a 5.3 resulta: ) c 1 - c 1 (cLV * L * * aa (5.4) Nas equações de 5.1 a 5.4, a - índice referente à alimentação de suspensão; c * - concentração volumétrica de sólidos numa seção tranversal qualquer do sedimentador, m 3 de sólido/m 3 de suspensão; cL * - concentração volumétrica de sólidos no lodo, m 3 de sólido/m 3 de suspensão; L – vazão de suspensão descendente numa seção transversal qualquer do sedimentador, m 3 /s; V – vazão de líquido ascendente numa seção transversal qualquer do sedimentador, m 3 /s; - massa específica do líquido, kg/m 3 ; S - massa específica do sólido, kg/m 3 . A equação 5.4 pode ser escrita em termos da área de sedimentação, ) c 1 - c 1 ( v cL A * L * * aa (5.5) onde v=V/A é a velocidade ascensional de líquido numa seção qualquer do sedimentador. Assumindo que c=S.c * , então Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 24 ) c 1 - c 1 ( v cL A L aa (5.6) onde c é a massa de sólido por volume de suspensão. Em termos da capacidade de sedimentação tem-se que: ) c 1 - c 1 (c v A L L a a (5.7) Para se ter um extravasante límpido é necessário que a velocidade ascensional de líquido v não exceda a velocidade de sedimentação do sólido. Os valores da capacidade La/A, equação 5.7, devem ser calculados para toda a gama de concentrações presentes o sedimentador, isto é, para caccL, com suas respectivas velocidades, e o projeto deve se basear no valor mínimo da capacidade (La/A) em função dos pares (c;v). A relação c versus v a ser utilizada na equação 5.7, específica para o sistema sólido-fluido em estudo, pode ser determinada através do ensaio de proveta na versão Kynch (veja a Figura 5.2). O ensaio é conduzido com a suspensão na concentração inicial ca; onde determina-se a curva z versus t. A partir dessa curva obtém-se a curva c versus v. Figura 5.2 – Ensaio de proveta na versão Kynch. Quando a decantação tem início (veja a Figura 5.2), a suspensão encontra-se a uma altura Zo e sua concentração é uniforme (=ca). Pouco tempo depois (veja o instante 3 na Figura 5.2) é possível distinguir cinco zonas distintas no cilindro: a – Líquido clarificado. No caso de suspensões que decantam muito rapidamente esta camada poderá ficar turva durante um certo tempo por causa das partículas mais finas que permanecem em suspensão. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 25 b – Suspensão com a mesma concentração inicial ca. A linha divisória entre a e b é geralmente nítida. c – Zona de Transição. A concentração da suspensão aumenta gradativamente de cima para baixo nesta zona, variando entre o valor inicial ca até a concentração da suspensão espessada. A interface bc é geralmente nítida. d – Suspensão espessada na zona de compressão, que é a suspensão na qual os sólidos decantados sob a forma de flocos acham-se dispostos uns sobre os outros, sem, contudo atingirem a máxima compactação, uma vez que ainda existe líquido aprisionado entre os flocos. A separação entre as zonas c e d geralmente não é nítida e apresenta diversos canais através dos quais o líquido proveniente da zona de compressão escoa. A espessura desta zona vai aumentado durante a operação. e – Sólido grosseiro que decantou logo no início do ensaio. A espessura desta zona não aumenta muito durante o ensaio. Quando a curva de sedimentação resulta na combinação reta-exponencial a capacidade de sedimentação é dada por: min oa t z A L proj (5.8) sendo tmin o tempo relativo a zmin dado por: L oa min c .zc z (5.9) obtido de acordo com a Figura 5.3. Figura 5.3 – Determinação do tempo mínimo. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 26 5.2 Cálculo da altura do sedimentador A altura do sedimentador é dada como a soma das parcelas indicadas na figura 5.4. 321 HHHH (5.10) Figura 5.4 – Altura do sedimentador. onde H1 é a altura da região clarificada, que pode variar entre 0,45 e 0,75m, H2 a altura da região de espessamento e H3 a altura do fundo do sedimentador, sendo D o seu diâmetro. A altura H3 pode ser dada por: D.073,0H3 (5.11) A altura da região de espessamento, H2, pode ser estimada através de um balanço de massa estabelecido para esta região, L S S raa 2 A tcL 3 4 H (5.12) onde tr é o tempo de residência da partícula sólida, calculado como indicado na Figura 5.5, e L a massa específica do lodo. O fator 4/3 permite corrigir a imprecisão no emprego da massa específica do lodo em vez da massa específica média na região de espessamento. H1 H2 H3 Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 27 Figura 5.5 – Determinação do tempo de residência na região de espessamento com o auxílio da curva de sedimentação. O tempo de residência é obtido pela diferença entre tE e tc (tempocrítico). O valor de tE é obtido traçando-se a reta que se inicia em z=ca.zo/cL e t=0. Encontrando-se o ponto onde essa reta tangencia a curva z versus t, determina-se tE. O ponto crítico é o momento onde a suspensão entra em compressão. Este ponto pode ser determinado por um gráfico de log (z-zf) versus o tempo como apresenta a Figura 5.6. O ponto crítico se localiza na descontinuidade da curva obtida. Figura 5.6 – Determinação do ponto e do tempo críticos. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 28 6. FILTRAÇÃO No vasto panorama da filtração, limitaremos nossa análise à separação sólido- fluido com formação de torta. As partículas sólidas retidas pelo meio filtrante constituem um corpo poroso que cresce e se deforma continuamente – a torta – e o líquido, percolando pela torta e meio filtrante, dá origem ao filtrado. O projeto do filtro industrial é feito com o auxílio de dados obtidos no filtro- piloto, através de uma formulação que tem como base a chamada Teoria Simplificada da Filtração. Os filtros podem ser classificados em relação a diferentes aspectos como regime de operação e força motriz. A força motriz da filtração pode ser a pressão (bomba ou compressor por exemplo), a gravidade, a força centrífuga ou o vácuo. Os filtros a vácuo podem ser classificados de acordo com o esquema a seguir. A seguir são apresentadas figuras relativas a diferentes tipos de filtros. Um resumo geral de tipos de filtros pode ser encontrado no endereço: https://www.youtube.com/watch?v=oae_jnoBrFg Filtro de mangas Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 29 Filtro rotativo a discos Filtro de leito fixo Filtro de folhas Filtro de ar Filtro Nutsche Filtração centrífuga Filtro de cinta horizontal Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 30 6.1 Equação da Filtração (Teoria da Filtração com Formação de Torta) Seja o caso simples, porém de interesse tecnológico, da filtração com deformação plana esquematizado na figura a seguir: Figura 6.1. Filtração plana com formação de torta. Pela equação da continuidade tem-se para as fases fluida e sólida que: 0)vdiv( t )( FF F ερ ερ (6.1) 0]v)-div[(1 t ])-(1[ SS S ρε ρε (6.2) Supondo que o sólido e o líquido sejam incompressíveis, então: F=cte (6.3) Meio filtrante Torta Suspensão l(t) lm z p(0, t) p(-lm, t) p(l, t) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 31 S=cte (6.4) logo: 0)vdiv( t )( FFF ερ ε ρ (6.5) 0]v)-div[(1 t )-(1 SSS ερ ε ρ (6.6) ou 0)vdiv( t )( F ε ε (6.7) 0]v)-div[(1 t )-(1 S ε ε (6.8) Somando as equações (6.7) e (6.8) chega-se a: 0]v)-(1vdiv[ t )]-(1[ SF ε ε (6.9) ou 0]v)-(1vdiv[ SF ε (6.10) Fazendo FF vq (6.11) SS v)-(1q ε (6.12) e considerando apenas a variação em z a equação (6.10) torna-se: 0)q(q z SF (6.13) Integrando (6.13) tem-se que: t)(0,qt)(0,qt)(z,qt)(z,q SFSF (6.14) mas junto ao meio filtrante qS(0,t)=0, então Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 32 t)(0,qt)(z,qt)(z,q FSF (6.15) Admitindo que qF(z,t)>> qS(z,t), então t)(0,qt)(z,q FF (6.16) ou (t)(t)v(t)qq FFF (6.17) Considerando a torta incompressível (=cte) tem-se: (t)v(t)qq FFF (6.18) e a equação da continuidade para a fase fluida dada por: 0)v( t )( F ε z ε (6.19) torna-se: 0 )v( F z (6.20) A equação do movimento para o fluido com todas as hipóteses assumidas é dada por: zF SFF F F g k )vv( z p z )(v v t )(v F F (6.21) Considerando que não há aceleração do fluido e que a influência do campo gravitacional é desprezível, então: k q k )qq( k )vv( z p FSFSF FFF (6.22) Assim teremos: dz k q dp FF (6.23) Sendo M a massa de sólido seco que compõe a torta, então A.dz)1(dM S (6.24) Substituindo (6.24) em (6.23) tem-se: Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 33 dM A)1(k q dp S F F (6.25) onde a resistividade local ( - unidade = m/kg) é dada por: )1(k 1 S (6.26) Assim: dM A q dp FF (6.27) Integrando (6.27) tem-se: A Mqt)p(0,t)p(l,dp F0 t)p(0,t)p(l, F (6.28) onde 0 t)p(0,t)p(l, dp t)p(0,t)p(l, (6.29) sendo <> a resistividade média da torta. Assim, A Mq t)p(0,t)p(l, FF (6.30) A equação do fluido no meio filtrante pode ser dada de forma análoga à da equação para o fluido através da torta, ou seja, m F k q z p F (6.31) onde agora usamos km, a permeabilidade do meio filtrante e não mais a permeabilidade da torta (k). Integrando de 0 a –lm tem-se: Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 34 mF m mF m Rq k lq t),p(-lt)p(0, F F (6.32) onde a razão lm/km é a resistência do meio filtrante (Rm) Somando-se as eq. (6.30) e (6.32) tem-se: Totalmm Pt),p(-l-t)p(l,t)],p(-lt)[p(0,t)]p(0,t)[p(l, FmmF F qR A M Rq A Mq FF F (6.33) Como, pela convenção feita, vF é negativo, qF também será e o PTotal será positivo, assim a equação (6.33) pode ser escrita da seguinte forma: FmTotal qR A M P F (6.34) Como Filtrado F dt dV A 1 q (6.35) e fazendo FiltradoFV M c (6.36) ou FiltradoV M c* (6.37a) pode-se escrever a Equação Fundamental da Filtração Plana como: F m TotalFFiltrado R A M PA 1 qA 1 dV dt (6.38) ou ainda BVK PA R PA .Vc dV dt Filtradop Total m Total 2 Filtrado Filtrado FFF (6.39) onde <>=<>(p). Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 35 Passaremos a considerar que VFiltrado=V. c * (kg/m 3 ) se relaciona com a concentração de sólidos na alimentação (cAL * - kg de sólido por m 3 de suspensão) por: F *c. -1 *c c* AL AL (6.36a) 1 m m ts tm (6.36b) onde mtm é a massa de torta molhada e mts é a massa de torta seca. 6.2 Filtração a Pressão Constante Quando PTotal é constante, ou seja, quando se utiliza na filtração umabomba centrífuga, a equação da filtração pode ser integrada V o FFF dV PA R PA Vc dt Total m Total 2 t 0 (6.40) para dar m Total R A2 Vc. A.P .V t FF (6.41) ou B.V 2 .VK t 2 P (6.42) A equação (6.40) transformada para: A.P R. V AP2 .c. V t Total m 2 Total FFF (6.40a) ou ba.Vy (6.40b) onde 2 Total AP2 .c. a FF (6.40c) A.P R. b Total m F (6.40d) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 36 permite calcular a resistividade média da torta <> e a resistência do meio filtrante (Rm) a partir das medidas de volume do filtrado e tempo de filtração obtidas na operação sob queda de pressão constante segundo o que apresenta a figura a seguir. Figura 6.2. Determinação gráfica de <> e Rm. A resistividade média da torta aumenta com a queda de pressão enquanto que a resistência do meio filtrante mantém-se praticamente constante. 6.3 Equação Empírica para <> Experiências conduzidas a diferentes quedas de pressão mostram que a resistividade média da torta <> varia de acordo com a seguinte equação: n TotalP o (6.42a) onde os parâmetros o e n dependem da natureza da torta. Já a resistência do meio filtrante é pouco afetada pela queda de pressão. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 37 6.4 Filtração Contínua A filtração contínua é a forma de filtração dos filtros rotativos como é o caso do filtro rotativo de tambor apresentado a seguir. Vídeos sugeridos: https://www.youtube.com/watch?v=29FGhBp7juQ https://www.youtube.com/watch?v=u_h2IfmWFb0 Na filtração contínua a resistência do meio filtrante é quase sempre desprezível frente à resistência da torta, logo a equação (38) torna-se VK dV dt p (6.43) e integrando 2 VK t 2 p (6.44) 2 Total F A V P.2 c. t F (44) ou t.c. P.2 A.t V F Total F (6.44a) onde A é a área submersa do filtro, dada por: .fAA T (6.45) O tempo para a formação da torta é sempre uma fração de um ciclo completo, ou Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 38 seja cf.tt (6.45a) Assim .tc. fP.2 t.A V F 2 Total T F (6.45b) cF Total T .tc. fP.2 t.A V F (6.46) ou F cF Total T tc. fP.2 AProd (6.47) onde Prod é a produção de filtrado num ciclo completo. A produção se relaciona com a alimentação por: *c *Alim.c Prod AL (6.47a) Se <> for dado pela equação (42), então: FoF c n-1 Total T tc. fP.2 AProd (6.47b) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 39 6.5 Filtração à Velocidade Constante Se a velocidade é constante então: At V qF (6.48) Sendo Torta F P A Mq t)p(0,t)p(l, F (6.49) e substituindo (6.48) e (6.36) em (6.49) tem-se: 2 Torta A V t .c.P FF (6.50) Se <> for dado pela equação (42), então: tKtq*ct At V c.ΔPΔPP r 2 F 2 F 1 mTotal 1 Torta FoFo nn μα (6.51) Tomando tKΔPΔP r n1 mTotal (6.52) e tirando o logaritmo de cada lado, tem-se: )Klog(ΔPΔPlog)n(1log(t) rmTotal (6.53) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 40 6.6 Filtro Prensa Vídeos sugeridos: https://www.youtube.com/watch?v=g7vump_1zwA https://www.youtube.com/watch?v=FDHnW7LZcIM https://www.youtube.com/watch?v=Nx6CaKe4gcg A operação de um filtro prensa compreende as seguintes etapas: a filtração (tempo t), a lavagem da torta (tempo tL) e o desmantelamento, limpeza e montagem do filtro (tempo tD). A produção de filtrado (Prod) num ciclo completo é, portanto, DL ttt V Prod (6.54) Quando a filtração e a lavagem são conduzidas numa mesma queda de pressão p, o tempo de filtração é dado por: m F Total R A2 Vc. A.P .V t F (6.55) e o tempo de lavagem é dado por: filtração da final L L dV/dt)( 4V t (6.56) onde VL é o volume de líquido de lavagem. O tempo de desmantelamento, limpeza e montagem, obviamente, independe da teoria da filtração. A especificação do filtro industrial para uma produção de filtrado requerida pode ser feita facilmente através dos dados obtidos numa unidade piloto. Admitiremos que a queda de pressão e a temperatura no filtro piloto e na unidade industrial sejam iguais entre si e que a resistência do meio filtrante seja desprezível face à resistência oferecida pela torta. Resulta da primeira hipótese que as propriedades médias da torta no piloto e na unidade industrial são também iguais entre si, Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 41 21t A.e 2V A.e 2V v V (6.57) onde vt é o volume de torta e “e” é a espessura do quadro. )1( ccv V S S S t F F (6.58) 1 m m ts tm (6.59) onde mtm é a massa de torta molhada e mts é a massa de torta seca. Vem das equações (56)-(59) que: 1 2 1 2 e e V/A V/A (60) 2 1 2 2 1 2 2 1 2 e e V/A V/A t t (61) 2 t 2 L V v 8 t t (62) t L v V (63) DL222 ttt.PV (64) 2 1 1 2 12 e e . V V AA (65) A-1 .V*c x S (66) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 42 6.7 Filtração Centrífuga A figura a seguir apresenta um esquema da filtração centrífuga. Figura 6.3. Esquema da filtração centrífuga. Suponha que os efeitos da gravidade e as variações de energia cinética do líquido são desprezíveis. Suponha que a torta seja incompressível e que a resistência do meio filtrante (Rm) seja constante. Supondo também que a espessura da torta seja pequena e que o diâmetro da centrífuga seja muito grande, então a velocidade superficial do fluido pode ser dada por: A Q dt dV A 1 qF (6.67) onde V é o volume de filtrado e A é a área do meio filtrante. Sendo a queda de pressão total (meio filtrante + torta) dada por: )R A Mα (qμΔP mFFTotal (6.68) onde M é a massa de sólido seco que compõe a torta, então: Torta Suspensão Centro da centrífuga r1 ri r2 altura=b Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 43 ) A R A Mα Q(μΔP m 2FTotal (6.69)A diferença de pressão de um líquido newtoniano com F e F constantes em uma centrífuga pode ser dada por: r p z v v r vv r v r v v t v r z rr r r F )( 2 rF rr r g z vv r v r rv rr 2 2 22 2 2F 211 r μ (6.70) sendo vr e gr desprezíveis e v não variando em , tem-se: r p r v ρ 2 θ (6.71) onde w.rvθ (6.72) Integrando (6.71), 2 1 2 1 r r 2 F p p r.drwρdp (6.73) tem-se que: )r-(r 2 wρ ΔP 21 2 2 2 F Total (6.74) Igualando as equações (6.69) e (6.74) e isolando Q tem-se: A R A Mα 2μ )r(rwρ Q m 2F 2 1 2 2 2 F (6.75) Quando a variação da área A não é desprezível em função de r, tem-se: Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 44 m m MEDL F 2 1 2 2 2 F A R AA Mα 2μ )r(rwρ Q (6.76) onde br.2A 2m π (6.77) )rb(r. 2 AA A 2i 2i MED π (6.78) ) r r ln( )rb(r.2 A i 2 i2 L π (6.79) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 45 7. PENEIRAMENTO O peneiramento é uma operação mecânica de separação que se prende a duas finalidades: - dividir o sólido granular em frações homogêneas, e - obter frações com partículas de mesmo tamanho. O sólido alimentado A é movimentado sobre a peneira; as partículas que passam pelas aberturas são os finos (F) e as que ficam retidas são os grossos (G). Figura 1. Esquema da operação de peneiramento. Uma peneira separa apenas duas frações que são chamadas não classificadas porque se conhece apenas as medida extrema de cada fração (a da maior partícula da fração fina e a menor da fração grossa). Com mais peneiras é possível obter frações classificadas; neste caso, não é mais um simples peneiramento, mas uma classificação granulométrica. Se um material A, com a análise granulométrica acumulada dos retidos mostrado na Figura 2.a, for peneirado de maneira ideal em uma peneira de abertura Dc, o ponto C da curva será o ponto de corte. A operação origina uma fração Fi (partículas mais finas que Dc) e uma fração Gi (partículas maiores que Dc). Na Figura 2.c os três valores indicados, φA, φF e φG representam respectivamente as frações acumuladas de grossos Dc em cada um dos materiais A, F e G. Figura 2. Curvas granulométricas das frações. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 46 Se o peneiramento fosse ideal teríamos que ϕF =0 e ϕG =1. Aplicando um balanço de massa global e um para as partículas de tamanho Dc tem-se que: GFA (7.1) GF GFA A (7.2) de onde chega-se a: AGFG AF (7.3) FAFG AG (7.4) ou pela regra da alavanca: GAAGFF (7.5) AFAGFG (7.6) AGGFAF (7.7) A fração dos grossos Dc alimentados à peneira e que chegam finalmente ao produto grosseiro G é uma medida da eficiência de recuperação de grossos: A G G .A .G E (7.8) Por outro lado, a quantidade de finos na alimentação que finalmente chega à fração fina é uma medida da eficiência de recuperação de finos: A F F 1A 1F E (7.9) O produto dessas duas eficiências representa a eficiência de peneiramento: AA 2 FG 1A 1FG E (7.10) Substituindo (7.3) e (7.4) em (7.10) tem-se que: AA 2 FG FGFAAG 1 1 E (7.11) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 47 7.1 Dimensionamento Genérico de uma Peneira O cálculo da área necessária para realizar um peneiramento é feito com base em dados experimentais de capacidade mencionados nos catálogos dos fabricantes. Geralmente são fornecidos os valores da capacidade específica C em toneladas por 24 horas contínuas de operação, por metro quadrado e por milímetro de abertura das malhas da peneira. A área pode ser obtida por: c C.D t.A Á rea (7.12) onde A é a vazão mássica de alimentação. 7.2 Tipos de Peneiras A classificação das peneiras pode ser feita do seguinte modo: Entre as peneiras estacionárias a mais conhecida é a peneira Grizzly. Entre as peneiras rotativas a peneira mais conhecida é a peneira Trommel. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 48 Peneira Estacionária Peneira Rotativa Trommel Peneira Agitada (na vertical) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 49 Peneira Vibratória Retangular Peneira Vibratória Grizzly 7.3 Dimensionamento de Peneira Rotativa A capacidade específica de uma peneira rotativa varia de 3 a 20 ton/(m 2 .24h.mm) com uma rotação entre 30 e 50% da crítica, que é aproximadamente de D 0,705 n CRÍTICO (7.13) onde D está em metros e n em Hz. A rotação típica é da ordem de 15 rpm. A inclinação mais utilizada é de 5 o (até 7 o ). Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 50 O dimensionamento pode ser feito a partir da seguinte equação: D.K0,4. Q L (7.14) onde L é o comprimento (m), D é o diâmetro do tambor (m), Q é a vazão de sólido que passa pela tela (m 3 /h) e K é a capacidade de peneiramento (m 3 /h.m 2 ). O valor de K pode ser obtido a partir da seguinte equação: 54321 ....K kkkkk (7.15) onde k1 depende da capacidade da tela de acordo com sua abertura, k2 depende da fração acumulada de retidos pela tela, k3 depende da eficiência de peneiramento, k4 depende da inclinação da peneira e k5 do tipo de abertura (quadrada ou redonda) e da umidade. A potência consumida (em HP) será de aproximadamente: K'.L.DPot (7.16) onde K’ varia de 0,9 a 1,3. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 51 8. SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS A separação por membranas é uma espécie de filtração que pode ser aplicada a suspensões formadas por partículas muito pequenas ou a soluções de macromoléculas. A seguir são apresentadas algumas figuras de diferentes configurações das membranas. Vídeos sugeridos: https://www.youtube.com/watch?v=rK7UVY_7K8w https://www.youtube.com/watch?v=L3_pEsatmNw Plana Tubular Oca Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 52 Espiral A Figura 8.1 apresenta as faixas de aplicação dos principais processos de separação por membranas e dos processos clássicos de separação em função dos tamanhos das espécies dissolvidas/dispersas a recuperar. Figura 8.1 Faixas de aplicação dos principais PSM e dos processos clássicos de separação em função dos tamanhos das espécies dissolvidas/dispersasa recuperar. A separação por membranas pode ser resumida pelo seguinte esquema. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 53 Figura 8.2. Esquema simplificado da separação por membranas. Tanto o permeado quanto o retentado podem ser o produto de interesse de um determinado processo. No Quadro 8.1 são apresentadas as principais características dos processos de separação por membranas. Quadro 8.1. Força motriz na SPM. Microfiltração – É a filtração para suspensões com partículas muito pequenas (0,1 a 10 micra). Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 54 Ultrafiltração – É a filtração para soluções de moléculas grandes (0,001 a 0,5 micra). Os termos hiperfiltração e nanofiltração são utilizados às vezes para separações de moléculas ou íons pequenos, mas o termo Osmose Reversa também se aplicaria em tais situações quando a pressão osmótica tem um efeito maior no fluxo. Diafiltração – É um processo que remove sais e solutos de baixo peso molecular de uma solução de macromoléculas. Difere-se da diálise onde uma diferença de pressão é utilizada para forçar a solução salina através da membrana deixando as moléculas maiores para trás. Diálise – Membranas porosas finas são utilizados em diálise, um processo para a remoção seletiva de solutos de baixo peso molecular na solução permitindo-os se difundirem para regiões de concentração mais baixa. Existe pouca ou nenhuma diferença de pressão através da membrana, e o fluxo de cada soluto é proporcional à diferença de concentração. Solutos de peso molecular elevado são na sua maioria retidos na solução de alimentação porque a sua difusividade é baixa e porque a difusão em pequenos poros é grandemente prejudicada quando as moléculas são quase tão grande quanto os poros. Pervaporação – É um processo de separação no qual um ou mais componentes de uma mistura líquida se difundem através de uma membrana seletiva, evaporando sob baixa pressão no lado a jusante e sendo removidos por uma bomba de vácuo ou um condensador refrigerado. Osmose Reversa – Quando soluções miscíveis de diferentes concentrações são separadas por uma membrana que é permeável ao solvente, mas não ao soluto, difusão de solvente ocorre do lado menos concentrado para o lado mais concentrado. A difusão do solvente é chamada de osmose. A difusão osmótica de água ocorre em muitas células de plantas e animais. A transferência de solvente pode ser cessada pelo aumento da pressão da solução concentrada. Se solvente puro é a composição de um dos lados da membrana, a pressão necessária para igualar a atividade de solvente e fazer o processo osmótico cessar é a pressão osmótica da solução (). Se pressões maiores do que a pressão osmótica são aplicadas sobre a solução concentrada ocorrerá o processo de osmose reversa. Osmose reversa é usada principalmente para a obtenção de água pura a partir de soluções aquosas diluídas, mas também é utilizada como uma alternativa à evaporação para a concentração de soluções aquosas. 8.1 Separação de Gases A velocidade de separação de gases em membranas depende do fenômeno de transferência de massa que está envolvido na operação, o qual está relacionado com o tipo de membrana que é utilizada na operação. Quando utilizam-se membranas porosas e os poros da membrana são muito menores do que o caminho livre na fase gasosa, os gases se difundem de forma independente de acordo com a difusão de Knudsen. Para a difusão de Knudsen de um gás A em poros cilíndricos tem-se que: Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 55 A A M T 97.r.D (8.1) onde r é o raio médio do poro, T é a temperatura absoluta em Kelvin e DA é dada em m 2 /s. O fluxo por unidade de área da membrana depende da difusividade efetiva DEF que é dada por: AAEF D 4 1 DD (8.2) O fluxo de cada gás é proporcional ao gradiente de concentração, que é linear se a estrutura da membrana é uniforme e os gases não interagem. Considerando ainda que os gases têm comportamento ideal o fluxo será dado por: z /RTp D z c DJ A EF A EFA (8.3) A composição do permeado dependerá do fluxo de todas as espécies, mas para um sistema binário tem-se que: BA A A JJ J y (8.4) Quando utilizam-se membranas densas não porosas (polímeros) ocorre o mecanismo de difusão em solução. O gás dissolve-se no polímero do lado de alta pressão das membranas, difunde-se através da fase polimérica até atingir o lado de baixa pressão. A taxa de transferência de massa depende do gradiente de concentração na membrana, que é proporcional ao gradiente de pressão parcial através da membrana se a solubilidade é proporcional à pressão. Assume-se que a Lei de Henry seja válida para os gases e que haja equilíbrio na interface. As resistências no filme gasoso são negligenciadas e o fluxo para o gás A é dado por: Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 56 z cc D dz dc DJ A2A1 A A AA (8.5) Considerando que (Lei de Henry): AAA .Spc (8.6) onde S é o coeficiente de solubilidade A2A1A A2A1 AA ppQ z pp qJ (8.7) onde qA (=DASA) é o fluxo por unidade de gradiente de pressão e é chamado de coeficiente de permeabilidade e é expresso em Barrer, onde .s.mHgm .mNm 10Barrer 1 2 3 12 (8.8) QA é chamado de permeabilidade. A razão das permeabilidades para um sistema binário é conhecida como a seletividade da membrana, ou seja B A B A B A S S D D Q Q (8.9) Uma seletividade elevada pode ser atingida tanto por uma razão favorável de difusividades (D) como por uma grande diferença nas solubilidades (S). os poros da membrana são muito menores do que o caminho livre na fase gasosa, os gases se difundem de forma independente de acordo com a difusão 8.2 Equacionamento da Separação em Contracorrente Os fluxos dos gases A e B numa separação contracorrente são dados por: 21AA y.Px.PQJ (8.10) 21BB .Py1.Px1.QJ (8.11) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 57 onde x representa a fração molar da espécie mais permeável (A) do lado da alimentação e y representa a fração molar da espécie mais permeável do lado do permeado. A fração molar de A na superfície da membrana (y’) é dada por: BA A JJ J 'y (8.12) Fazendo RP2/P1 e substituindo (8.9), (8.10) e (8.11) em (8.12) chega-se a: R.y)/R-x-(1R.y-x R.y-x 'y (8.13) No ponto onde o lado da alimentação está mais pobre em A tem-se que y=y’ e (8.13) torna-se: 0 R αx y' R 1)x(α R 1 α11)y'-(α 2 (8.14) Uma diminuição em R causa um aumento em y. A Figura a seguir apresenta as composições do permeado (média e local) e do resíduo ao longo de um separador de membrana operando em contracorrente. Composição do permeado e do resíduo ao longo de um separador em contracorrente Para R=0 a Equação (8.13) torna-se: 1)x-(α1 αx y' (8.15) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 58 Para R=1 não ocorre separação em um sistema binário. Caso um terceiro componente seja adicionado ao permeado, é possível ocorrer separação mesmo que R seja igual a 1. Em uma pressão fixa a separaçãomelhora com o aumento da seletividade, mas há um limite máximo para y’. A pressão parcial de A no permeado não excede a pressão parcial na alimentação, assim .R.y'Py'PxP 121 (8.16) R x y' MÁX (8.17) A figura a seguir apresenta condições onde x=0,4 e 0,2 e R=0,2 e 0,5. É possível verificar que para R=0,5 mesmo que a seletividade seja muito elevada não é possível obter A puro. Já com R=0,2 quando se utiliza uma membrana com alta seletividade é possível obter A puro. Para prever o desempenho de um separador de membranas é necessário combinar as equações de fluxo com balanços de massa e realizar a integração numérica. O balanço global de massa e o balanço para o componente A são dados por: SAISAIENT VLL (8.18) SAISAISAISAIENTENT yVxLxL (8.19) Se as mudanças em x não são grandes, a composição do permeado é estimada pela média da composição do permeado na entrada e na saída, assim 2 y'y' y SAIENT SAI (8.20) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 59 A área necessária à membrana é obtida da equação de fluxo para o gás mais permeável. MÉDIO21A SAISAI y)Px(PQ yV A (8.21) Para a avaliação do desempenho de um separador é melhor iniciar a análise com um valor especificado para xSAI e um valor arbitrário para LSAI. Dessa forma, calcula-se y’de (8.14) e JA e JB de (8.10) e (8.11). Calcula-se V e L para um pequeno incremento de área: AJJLV BA (8.22) Novos valores de x e y são calculados a partir dos balanços de material e das equações de fluxo até que se atinja o valor de x na alimentação (xENT). Daí calcula-se o valor de LSAI a partir de (8.18) e (8.19) e recomeçam-se os cálculos até que não haja mais variação no valor obtido para LSAI. Um comprimento diferencial do separador é apresentado a seguir: As outras equações a serem utilizadas são: jjk VLL (8.23) jij VVV (8.24) jjjjkk y'VxLxL (8.25) )/R.yR-x-(1R.y-x R.y-x 'y jjjj jj j (8.26) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 60 8.3 Queda de Pressão Considere o seguinte processo de separação por membranas. Nesse processo a queda de pressão a ser vencida dentro das fibras é laminar e o gradiente de pressão pode ser calculado a partir da equação de Hagen-Poiseuille: 2D .μV32. dL dp (8.27) onde V é a velocidade média e D é o diâmetro interno da fibra. A velocidade pode ser obtida a partir de um balanço de massa em uma seção transversal de uma única fibra cilíndrica obtendo-se: π.D.dLJ.Vd 4 πD 2 (8.28) e D LJ.4 V (8.29) onde J é o fluxo do fluido [m 3 /(m 2 .s)]. A queda de pressão será dada por: 3 2 D .L64.J. p (8.30) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 61 8.4 Separação de Líquidos Existem diversos processos de separação de líquidos utilizando membranas porosas ou membranas poliméricas assimétricas. Nas membranas porosas a separação depende das diferenças de difusividade, como é o caso da diálise, onde soluções aquosas estão em ambos os lados da membrana. Na extração líquido-líquido usando membranas porosas, as fases refinado e extrato estão separadas pela membrana, e as diferenças no equilíbrio da distribuição do soluto, assim como as diferenças nas difusividades determinam a composição do extrato. Com membranas assimétricas ou com membranas poliméricas densas, a permeação do líquido ocorre pelo mecanismo de difusão em solução. A seletividade depende da razão de solubilidade, assim como da razão de difusividade, e essas razões são fortemente dependentes da estrutura química do polímero e dos líquidos. A força motriz é o gradiente de atividade na membrana e, ao contrário da separação gasosa, a mudança na pressão praticamente não altera a força motriz, pois a atividade da fase líquida é pouco influenciada pela pressão. Na pervaporação um lado da membrana é exposto a uma alimentação líquida sob pressão atmosférica, e vácuo ou gás são utilizados para formar o lado do permeado. Isso diminui a pressão parcial das espécies permeantes e fornece força motriz para a permeação. Na osmose reversa, o permeado é água quase pura sob pressão atmosférica, e uma pressão muito alta é aplicada na solução alimentada a fim de fazer a atividade de água ligeiramente maior do que no permeado. Isso fornece um gradiente de atividade através da membrana, mesmo que a concentração de água no produto seja mais elevada do que aquela na alimentação Cada processo de separação tem seu fluxo determinado a partir do fenômeno de transferência de massa que o caracteriza. No caso da Ultrafiltração tem-se que: .32.L. D-p J 2 UF (8.31) onde JUF é o fluxo superficial em volume (velocidade superficial), é a diferença de pressão osmótica através da membrana, L é a espessura nominal da camada ativa, D é o tamanho médio do poro, é a porosidade e é a tortuosidade. Assim como foi feito para a equação (8.7), a equação (8.31) pode ser modificada para: -p.QJ MUF (8.32) onde QM é a permeabilidade da membrana. A equação (8.32) pode ser reescrita em termos da resistência da membrana RM, M UF R -p J (8.33) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 62 A equação (8.33) é preferida, pois permite incluir resistências adicionais como a resistência hidráulica da camada de gel que pode se formar na superfície. Dessa forma, GELM UF RR -p J (8.34) Para operações acima da temperatura ambiente, ou para um permeado que não é água pura, a resistência da membrana pode ser corrigida pela mudança na viscosidade do permeado por: 0 0MM ' R'R (8.35) No caso da Osmose Reversa o fluxo da água será dado por: z -p RT VDc J H2OH2OH2O H2O (8.36) onde c é a concentração média da água (kg/m 3 ), D é a difusividade na membrana (m 2 /s) e V é o volume parcial molar da água (m 3 /mol). O fluxo de soluto é considerado como: z c SDJ S SSS (8.37) No caso da Pervaporação, considerando negligenciáveis os efeitos não-lineares e considerando valores médios de permeabilidade, os fluxo dos componentes A e B serão dados por: 2AAAAAA .Py'.PxQJ (8.38) 2ABABB .Py1'.Px1.QJ B (8.39) BA A A JJ J 'y (8.40) onde é o coeficiente de atividade, x e y são as frações molares no líquido e no vapor e P’ é a pressão de vapor do componente puro. Substituindo (8.38) e (8.39) em (8.40) e fazendo: Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 63 'P P R AA 2 A (8.41) 'P P R BB 2 B (8.42) 'PQ 'PQ ' BBB AAA (8.43) tem-se a seguinte equaçãopara representar a concentração local de A (y’): 0xα'y')x(Rα'1-xR)y'R-R'( AB 2 BA (8.44) Para o escoamento empistonado de líquido através do separador o valor de y’ é maior na extremidade de alimentação, e a composição final do permeado y é uma média integrada dos valores locais. Os cálculos tem que permitir a diminuição da temperatura do líquido, o que diminui a força motriz para a difusão e também a permeabilidade. A mudança de temperatura é calculada de um balanço de entalpia dado por: VSAIPSAIENTPENT HVTcLTcL (8.45) No caso da Diálise, o fluxo de soluto será dado por: A2A1AA ccKJ (8.46) 2AmA1AA k 1 k 1 k 1 K 1 (8.47) onde kmA é o coeficiente de transferência da membrana e k1 e k2 são os coeficientes de transferência de massa do lado da alimentação e do lado do produto e dependem das vazões, das propriedades físicas e da geometria da membrana. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 64 9. CRISTALIZAÇÃO A cristalização é a formação de partículas sólidas dentro de uma fase homogênea. Pode ocorrer como a formação de partículas sólidas em meio a uma fase gasosa, como é o caso da neve; como no caso da solidificação de um líquido fundido ou ainda como na formação de cristais a partir de uma solução líquida. Na cristalização industrial a partir de uma solução, a mistura de duas fases (de uma solução-mãe e cristais de todos os tamanhos) que ocupa o cristalizador e é retirada como produto, é chamado de magma. Na prática, muito da solução-mãe é separada dos cristais por filtração ou centrifugação, e o restante é removido por lavagem com solvente. A eficiência desta purificação depende do tamanho e da uniformidade dos cristais. Claramente , um bom rendimento e elevada pureza são importantes objetivos na cristalização, mas a aparência e a faixa de tamanho do produto cristalino também são significantes. Caso os cristais venham a ser processados posteriormente, o tamanho e a uniformidade serão importantes para a filtração, lavagem, reação com outros produtos químicos, transporte ou armazenagem. Caso os cristais sejam o produto final, é necessário que sejam resistentes, que não formem agregados e tenham uniformidade de tamanho. Por essas razões a distribuição granulométrica dos cristais (DGC) deve ser controlada e é o objetivo primordial no projeto e operação de cristalizadores. 9.1 Projeto de Cristalizadores Basicamente o projeto de cristalizadores está sustentado no cálculo teórico do rendimento da operação que é obtido a partir dos balanços de massa e energia e na estimativa da DGC do produto a partir da cinética de nucleação e crescimento. 9.2 Balanço de Energia e Área de Troca Térmica O balanço de energia em um cristalizador é muito similar ao balanço de energia em um evaporador. Consideremos um evaporador de simples efeito como o apresentado na figura a seguir. Figura 9.1. Esquema de um evaporador de um único efeito. Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 65 A vazão mássica de vapor saturado é denominada de “S”, a vazão mássica de alimentação do líquido a ser concentrado é denominada de Fm e a do licor concentrado é denominada de m . A taxa de fluxo de vapor produzido (vapor) que sai para o condensador, supondo que os sólidos do licor não precipitam, é dada por mmF . A temperatura condensante do vapor de aquecimento é denominada de TS, a temperatura de ebulição do líquido no evaporador é denominada de T e a temperatura da alimentação denominada de TF. Costuma-se supor que o fluxo de não condensáveis seja desprezível. O vapor que entra na camisa pode ser superaquecido e o condensado comumente deixa a camisa algo sub-resfriado abaixo de seu ponto de ebulição. Ambos, superaquecimento e subresfriamento do condensado, são pequenos e é aceitável desprezá-los ao se fazer o balanço de energia. O pequeno erro cometido ao desprezá-los é aproximadamente compensado pelas perdas de calor na camisa de vapor. Sob estas suposições, a diferença entre entalpia do condensado e a do vapor é simplesmente o calor latente de condensação do vapor. Balanço de entalpia para o lado do vapor SCSS SHHSq .).( (9.1) onde qS é a taxa de transferência de calor através da superfície de aquecimento do lado do vapor; HS é a entalpia específica do vapor saturado; HC é a entalpia específica do condensado; S é o calor latente de condensação de vapor, e S é a vazão mássica de vapor saturado. Balanço de entalpia para o lado do líquido HmHmHmmq FFVFL )( (9.2) onde qL é a taxa de transferência de calor da superfície de aquecimento para o líquido; HV é a entalpia específica do vapor; HF é a entalpia específica da alimentação, e H é a entalpia específica do licor grosso. Na ausência de perdas de calor, o calor transferido do vapor para os tubos se iguala àquele transferido dos tubos ao licor. Assim, combinando as equações (10) e (11) tem-se: HmHmHmmSq FFVFS )(. (9.3) Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 66 As entalpias do lado do licor HF, HV e H dependem das características da solução sendo concentrada. A maioria das soluções não apresenta calor de diluição apreciável. Isto é verdadeiro para soluções de substâncias orgânicas e de soluções moderadamente concentradas de muitas substâncias inorgânicas. Assim, açúcar, sal e líquidos do processo de fabricação de papel não possuem calores de diluição apreciáveis ou de mistura. Ácido sulfúrico, hidróxido de sódio e cloreto de cálcio por outro lado, especialmente em soluções concentradas, liberam consideráveis quantidades de calor quando são diluídas e assim possuem apreciáveis calores de diluição. Uma quantidade equivalente de calor é requerida, além do calor latente de vaporização, quando as soluções diluídas destas substâncias são concentradas até altas densidades. 9.2.1 Balanço de entalpia com calor de diluição desprezível Para soluções que possuem calores de diluição desprezíveis, os balanços de entalpia sobre um evaporador a simples efeito, podem ser calculados dos calores específicos e das temperaturas das soluções. A taxa de transferência de calor que sobre o lado do licor inclui qF, o calor transferido para o licor frio para mudar sua temperatura de TF para T (temperatura de ebulição), e qEV, o calor para desenvolver a evaporação, isto é: EVF qqq (9.4) Se o calor específico do licor fraco se supõe constante sobre a faixa de TF a T, logo: )( FFFF TTCpmq (9.5) ).( mmq FEV (9.6) ][ VV EPECp (9.7) onde CpF é o calor específico do licor fraco; CpV é o calor específico da água que se transforma em vapor; é o calor latente de vaporização do licor grosso, e V é o calor latente de vaporização da água que se transforma em vapor. Se a elevação do ponto de ebulição (EPE) do licor concentrado é desprezível, = V, sendo este último o calor latente de vaporização da água à pressão no espaço de vapor. Quando a EPE é apreciável, o vapor que deixa a solução é superaquecido por uma quantidade em graus igual à EPE e V difere de . Em muitas situações na prática é correto supor que = V, utilizando-se assim diretamente as tabelas de vapor. Assim, a equação final para o balanço de entalpia sobre um evaporador a simples efeito quando o calor de diluição é desprezível é dada por: Engenharia de Separação – Prof. Marcos Moreira 67 ]).[()( VVFFFF EPECpmmTTCpmq (9.8) Se a temperatura TF do licor fraco
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