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Disciplina: INT100 - Projetos e Métodos para a Produção do Conhecimento Semana 8: Revisão Sete estações A disciplina Projetos e Métodos para a Produção do Conhecimento buscou iniciar você, estudante, no mundo da Ciência por meio de conteúdo específico que caracterizou o conhecimento científico e os procedimentos que demarcam a construção da lógica do pensamento científico. Ao longo das sete semanas que constituíram o tempo da disciplina fizemos, em cada uma delas, a discussão de tópicos relacionados ao objetivo central. Foram eles: 1. os tipos de conhecimento desenvolvidos pela humanidade e as características da Ciência; 2. os fundamentos da metodologia científica e as técnicas de pesquisa; 3. a comunicação científica pautada pelo rigor e ética na Ciência; 4. a organização do trabalho científico; 5. os dados científicos balizados pela pesquisa quantitativa e pela pesquisa qualitativa; 6. a organização do projeto de pesquisa; 7. o planejamento e a elaboração de pesquisa. O mundo da Ciência e da produção do conhecimento devem ser entendidos, antes de mais nada, como um processo que se materializou na relação homem/natureza, já que foi buscando ultrapassar os limites impostos pelo meio que fizeram o homem desenvolver, acumular e transmitir conhecimento pautado por regras, normas e lógicas reconhecidamente científicas. Temos, assim, ao longo da história da humanidade, a busca pela cientificidade dos fatos e fenômenos que constituem o que podemos definir hoje como conhecimento científico. Fizemos, nesta disciplina, uma viagem pelo mundo da Ciência e da produção do conhecimento, encontrando em cada estação (semana) uma referência fundamental para o entendimento da racionalidade científica. Primeira estação Começamos na primeira estação “Senso Comum e Ciência”, quando, naquela semana inicial, observamos como o conhecimento e a Ciência são distintos, resultado da complexidade da realidade do mundo, o que impede uma forma única de ver as coisas. Ao longo da história, a relação homem e natureza desencadeou avanços e descobertas tecnológicas e científicas que caracterizam o conhecimento em seus diferentes níveis. A Ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento, um objeto (planta, mineral, comunidade) pode ser matéria de observação pelo cientista e pelo homem comum. O que os diferencia é a forma como cada um (sujeito) observa a realidade (objeto). Lembre-se dos quatro níveis ou quatro tipos diferentes de conhecimento: o senso comum ou banal; o científico; o religioso ou teológico; e o filosófico. Os tipos de conhecimento vão se diferenciar pela forma, modo ou método e instrumentos que utilizam. O conhecimento é constituído pelo sujeito cognoscente e pelo objeto. O sujeito cognoscente é aquele que tem capacidade de adquirir conhecimento ou de conhecer, que exprime a relação entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido. O objeto cognoscível exprime aquilo sobre o qual o sujeito irá agir. Sujeito é quem age e objeto é no que se age. O conhecimento em seus diferentes tipos é constituído por quem age e por quem ou o que sofre a ação. Na atualidade, médicos e cientistas de diferentes áreas (sujeitos) agem sobre o coronavírus SARS-CoV-2 (objeto), procurando entender seu sistema de ação. O senso comum ou empírico (também definido como vulgar ou sensível) é subjetivo. Nele, prevalece a percepção (sensitivo) e a ação por meio da experiência própria (superficial e destituída de método) dos sujeitos, embasada no cotidiano, e explica-se a realidade em que se vive, sendo marcado pela familiaridade de quem está agindo com o objeto sobre o qual atua (ilusão e paixão). É adquirido pela própria pessoa na relação com o ambiente e com o meio social, em interação contínua na forma de ensaios e tentativas de acertos e erros. Assim, a transmissão de geração em geração é fortalecida e diz respeito ao que se percebe no dia a dia. Conforma-se com o que ouviu dizer sobre o objeto no qual está atuando, não permitindo a formulação de hipóteses. O conhecimento científico é pautado pela teoria, pela objetividade, e deve ir para além do cotidiano, sendo racional, metódico e sistemático (saber ordenado logicamente e não em conhecimentos dispersos e desconexos), baseado em ideias/teorias, técnicas, fatos empíricos, leis, experimentação de proposições (testes em laboratórios) ou hipóteses. Tem como característica o interesse intelectual e o espírito crítico. Não é definitivo, absoluto ou final, porque novas proposições e novas técnicas podem reformular o acervo de teorias/ideias existentes. A Ciência renova-se e reavalia-se continuamente, sendo um processo em construção. O conhecimento religioso ou teológico trata de algo oculto ou misterioso, provocando curiosidade e sua busca apoiada em doutrinas de proposições sagradas reveladas pelo sobrenatural, testemunhando Deus diante de outras pessoas (revelação divina). Assim, as evidências não são verificadas, implicando atitude de fé com base em ensinamentos de textos sagrados. É o conhecimento revelado (relativo a Deus) e aceito pela fé na palavra de Deus. Esse conhecimento do mundo (origem, significado, finalidade e destino) é entendido como obra do criador divino. O conhecimento filosófico é valorativo e emerge da experiência, interrogando sobre fatos e problemas dos seres humanos de forma concreta em seu contexto histórico, no cotidiano. São buscados dados de ordem metafísica, não sensíveis, que definem a razão da existência. O objeto do conhecimento filosófico é a realidade imperceptível ao sentido. Suas hipóteses partem da experiência e não da experimentação e seus enunciados não são confirmados nem refutados. Sua característica está em, pelo esforço da razão, questionar os problemas humanos e discernir o certo e o errado, o objeto de análise são as ideias, buscando responder às grandes indagações do espírito humano. Procura compreender a realidade no que existe de mais universal. A definição de Ciência foi proposta por vários autores, mas de maneira geral, pode ser caracterizada como um conhecimento racional (sistema conceitual, hipóteses, definições), certo ou provável, obtido metodicamente (lógico e técnico); um saber sistematizado (ideias e teorias) que é verificável e relativo a objetos de mesma natureza. As ciências podem ser estudadas segundo distintas dimensões (formas) de análise: ● epistemológica (estuda a origem, a estrutura e os métodos de cada Ciência); ● política; ● ético-legal-cultural; ● morfológica; e ● tecnológica. A Ciência apresenta duas dimensões de análise (formas concretas de se realizar): uma compreensiva, que envolve seu conteúdo, e outra metodológica, voltada à operacionalização das ações. Sendo assim, temos o método como um conjunto de processos ou fases empregadas na investigação, e a metodologia como o conhecer, agir e intervir na realidade. Não há uma Ciência única, elas classificam-se como formais (ideias) e factuais (fatos), tendo em vista a realidade complexa, o conteúdo, os objetos e temas, os enunciados e metodologias particulares a cada uma. Nomeadamente, encontra-se nas ciências exatas e biológicas uma perspectiva positivista (Ciência positiva), que explica os eventos naturais por meio da observação e quantificação de forma precisa. Segunda estação Nossa segunda parada foi na estação dos “Fundamentos da metodologia científica e técnicas de pesquisa”. Começando pelos fundamentos, lembramos que a metodologia científica implica em tomar a realidade e tratar, analisar, sintetizar de forma lógica e coerente o que foi pesquisado. A metodologia envolve um conjunto de procedimentos utilizados para obter conhecimento, sendo a melhor forma de abordar determinado problema no momento atual. Sobretudo, a pesquisa e sua metodologia são a atividade básica da Ciência, a partir das quais descobrimos a realidade. Mas o pesquisador também escolhe um caminho ordenado e sistemático para responder a sua indagação, umaordem escolhida para atingir seu fim, um meio de acesso, e isso constitui o método, que deve se adaptar às diferentes ciências, lançando mão de técnicas especializadas como: ● observação - buscar um conhecimento claro e preciso de um objeto por meio dos sentidos físicos; ● descrição - ato de registrar o que foi observado, habilidade de fazer com que o outro veja mentalmente o que o pesquisador observou; ● comparação - técnica para identificar as propriedades gerais e as características de dois ou mais objetos comparados; ● análise e síntese - procedimentos distintos e inseparáveis: a primeira faz a decomposição do todo em quantas partes for possível por meio de operação mental ou em laboratório com análises químicas; enquanto a síntese reconstitui o todo pelas partes decompostas pela análise. Assim, a análise vai do mais complexo ao menos complexo e a síntese do mais simples ao menos simples. Para alcançar valorização e reconhecimento, cabe ao pesquisador postura científica definida por uma consciência crítica (tomada de posição a partir da comprovação), objetiva (romper com o senso comum) e racional (explicação racional, sem arbitrariedade). A lógica da Ciência se faz por observação e controle, verificação e experimentação, interpretação e explicação de fatos e fenômenos que fundamentam as generalizações e o estabelecimento de princípios e leis. Já os fundamentos comuns a todas as ciências são: ● formulação de questões/perguntas/problemas; ● levantamento de hipóteses/ respostas; ● observação e medição de fatos e fenômenos; ● registro do observado e medido; ● explicação do que foi encontrado, destacando novas evidências encontradas. Para tudo isso, é necessário o uso de ferramentas teóricas: ● conceitos (conjunto de referências, instrumentos de trabalho de cada Ciência); ● leis (relações que derivam da natureza das coisas); ● teorias (refletem o estado da arte do conhecimento e da própria Ciência); e ● doutrinas (propõem diretrizes para a ação). Fechamos a discussão da postura científica definindo os métodos científicos que, como vimos, são processos e formas de raciocínio e reflexão (observação, indução, dedução e experimentação), sendo que cada um tem um conjunto de técnicas próprias, baseadas em observação, descrição, comparação, análise e síntese. Devemos entender as técnicas como procedimentos científicos, meios de executar operações de interesse de uma Ciência. Toda pesquisa tem por princípio o levantamento de dados de várias fontes, que é o momento de recolher informações sobre o campo de interesse. Temos então: ● Documentação indireta: ○ pesquisa de fontes primárias (pesquisa documental, arquivos públicos e particulares); ○ fontes estatísticas e outras; e ○ pesquisa de fontes secundárias (pesquisa bibliográfica e pesquisa na internet). ● Documentação direta: ○ pesquisa de laboratório; ○ pesquisa de campo com observação direta intensiva (entrevista, painel); e ○ observação direta extensiva (questionário, formulário, história oral etc.). Terceira estação Passando a estação dos fundamentos e técnicas científicas, nossa terceira parada discute “A comunicação científica: rigor e ética em pesquisa”. Essa estação é importante porque envolve produção e divulgação da Ciência. A comunicação científica engloba as atividades associadas à produção, à disseminação e ao uso da informação; implica em circulação, processo ou mecanismo de intermediação e o intercâmbio de ideias entre os indivíduos. Resultados de pesquisa e informações científicas divulgadas são resultados e informações reconhecidas pelos pares (pesquisadores) e pela sociedade, resumindo, dão visibilidade e credibilidade para a Ciência. Como se faz comunicação científica? De maneira formal (comunicação escrita por meio de livros, periódicos, obras de referência em geral, relatórios técnicos e revisões de literatura) e informal (falada, reuniões científicas). As duas formas envolvem o resultado do estudo de um tema/problema publicado - lembrando que, na atualidade, a dinâmica da divulgação dos resultados de pesquisa se ampliou com o surgimento da comunicação científica eletrônica (virtual/via internet). Para garantir respeito ao que é produzido e divulgado, ética e rigor são qualidades importantes na vida acadêmica e científica. São princípios éticos: o consentimento de uso dos dados levantados, a confiabilidade e fidedignidade aos resultados e seu uso, a garantia de anonimato do pesquisado, acompanhada de proteção dos dados. Para lembrar: a pesquisa envolve questões de integridade e objetividade, e nenhuma abordagem metodológica ou qualquer Ciência está isenta de princípios éticos ou é melhor que outra. Se comunicação científica é produção divulgada, então ela está à nossa disposição e constitui todo conjunto bibliográfico disponível para leitura e estudo. Mas o que é estudar na Universidade? É um processo investigatório, que permite ultrapassar o senso comum e formular juízo sistematizado, adequado e comunicável à área de formação. É, também, aprender a pensar e planejar atividades por meio de métodos e técnicas de estudo. Quem não lê não estuda e não escreve! Um texto pode ser lido respondendo às seguintes indagações: ● para quê? (objetivo da leitura); ● o que é? (esboço da obra); ● por quê? (pensamento do autor); ● quem? (raciocínio do autor, estilo); ● quando? (dimensão temporal); ● onde? (dimensão espacial); ● quais? (conteúdo, conceitos, leis, teorias etc.). Muitas dessas perguntas podem ter suas respostas marcadas no texto por meio do ato de sublinhar, que é uma prática de leitura. Para ler, deve-se entender o texto, procurando as ideias principais em cada tópico, relacionando-as e ordenando-as por parágrafo. O resultado da leitura e releitura de um texto pode ser: ● um fichamento (registro do conteúdo), ● um resumo (apresentação do conteúdo, ideias principais de forma condensada) ou ● uma resenha (exame do conteúdo). Também encontramos sempre o registro de palavras-chave, ou seja, os termos principais que resumem o que é o texto. A definição das palavras-chave deve ter como princípio que, ao lê- las, o leitor saberá exatamente do que trata o texto. Nesta parada, aprendemos a identificar uma comunicação científica, a lê-la, registrá-la e interpretá-la. Quarta estação Vamos seguir viagem e, na próxima estação, Semana 4, vamos entender os caminhos para chegar à comunicação científica ou como é a “Organização de Trabalho Científico”. Primeiramente, lembremos as fases do trabalho científico: ● levantamento bibliográfico/revisão da literatura (campo/tema, teorias, métodos); ● levantamento de dados (campo/tema, procedimento e empiria); e ● análise (campo/tema, evidências e teoria). Vamos avançar na primeira fase, que permite a familiarização com o tema, a identificação de relevâncias e insights em fontes primárias e secundárias. É a fase da leitura (elementar, inspecional ou sintópica) de textos (trabalhos acadêmicos e científicos/comunicação científica) teóricos, metodológicos e teórico-empíricos, buscados em acervos virtuais de bibliotecas públicas e universitárias, institutos de pesquisa, arquivos públicos e particulares. São eles: artigos científicos, capítulos de livros, livros, relatórios técnico-científicos, papers ou comunicação científica, organizados segundo a seguinte lógica: elementos pré-textuais (identificação do texto e do autor), elementos textuais (introdução, desenvolvimento e conclusão), elementos pós-textuais (referências bibliográficas, anexos, apêndices etc.). As buscas em bibliotecas ou institutos de pesquisa seguem padrões estabelecidos pelos sistemas utilizados por cada um deles. Em geral, fazemos buscas por tema, palavras-chave (por isso elas sempre são indicadas nos artigos científicos), autor, ano de publicação, título do periódico, nome do evento científico ou anais do evento. Para fazer uso da bibliografia levantada, pode-se utilizardireta ou indiretamente as ideias do autor em uso, fazendo citação (menção de uma informação extraída de outra fonte) conforme as normas da ABNT, NBR 10.520, 2002. Principais referências ABNT para consulta: ● ABNT NBR6028:2003 - https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=2003; ● ABNT NBR 10520:2002 - https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=2074; ● ABNT NBR 15287:2011 - https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=86661. Fechamos, assim, a primeira fase do trabalho científico. Quinta estação Seguimos viagem e nossa próxima parada vai permitir a discussão da segunda fase: o levantamento de dados. Trata-se da quinta semana, na qual discutimos “Base de dados científicos: as pesquisas quantitativa e qualitativa”. Vamos começar diferenciando bases de dados de banco de dados. As bases de dados são Repositórios de Publicações Científicas e estão vinculadas somente a revistas científicas, estando hospedados em universidades ou instituições científicas. Os bancos de dados, em geral, contemplam um arquivo de computador, em Excel ou outro programa compatível, para registrar dados obtidos numa pesquisa. A coleta de dados é a fase da indagação da realidade, com base no tema e problema pesquisados. A escolha da técnica de pesquisa depende do tipo de informação e do tipo de objeto em estudo e pode envolver pesquisa de campo (observação de fatos e fenômenos por meio de técnicas de coleta com registro) e pesquisa em laboratório (experimentos, o que exige instrumental específico, preciso e ambiente adequado). A diferença fundamental está na natureza da pesquisa definida por sua objetividade (base quantitativa) e subjetividade (base qualitativa). Nenhuma é melhor ou superior à outra. Cada uma serve adequadamente aos propósitos do objeto e problema estudados. A pesquisa quantitativa se caracteriza por trabalhar com amostras amplas e informações numéricas, apreendendo o objeto e suas características morfológicas a partir de variáveis e equações, técnicas estatísticas e matemáticas. A pesquisa qualitativa se caracteriza por trabalhar com amostras reduzidas, dados de conteúdo psicossocial e instrumentos não estruturados, aprofundando-se no mundo dos significados, dos hábitos, das ações, crenças, valores, tendências de comportamento e atitudes. As técnicas mais utilizadas na pesquisa quantitativa são: ● diário de campo (forma de registrar fatos); ● questionário (conjunto de questões entregue por escrito e respondido por escrito); ● formulário (lista de questões perguntadas e anotadas pelo pesquisador); ● além de técnicas específicas de laboratórios para experimentos (Química, Física, Biologia, Medicina, Engenharias etc.). Na pesquisa qualitativa são utilizados: ● diário de campo; ● história de vida (relato da própria história - entrevistas); ● história oral (relato da história de alguém na comunidade); ● entrevista (relacionamento estreito entre entrevistado e pesquisador); ● observação (uso dos sentidos de forma metódica). Sexta estação As análises em cada uma das formas de pesquisa veremos mais à frente, já que também envolvem racionalidades distintas. É nossa penúltima parada: a estação do “Desenvolvimento do projeto de pesquisa”, da sexta semana. É onde tudo começa! O projeto de pesquisa é um roteiro, uma proposta, um instrumento, um guia base para a elaboração de pesquisa em áreas distintas. Também pode ser considerado um esquema de coleta, de mensuração e de análise de dados. Ele envolve as diferentes áreas do conhecimento (Biológicas, Exatas e Humanas) e serve para fins acadêmicos, demandas institucionais e fomento à pesquisa. Em geral, é definido por: ● tema; ● problema; ● teoria; e ● metodologia. https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=2003 https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=2074 https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=86661 A elaboração de um projeto se inicia com a definição do problema de pesquisa detectado após um estudo exploratório. Busca-se responder: ● O que pesquisar? ● Onde? ● Por que se deseja fazer a pesquisa? ● Como pesquisar? ● Com quais recursos? ● Em qual e sobre qual período? Na elaboração do projeto de pesquisa, é importante demonstrar claramente: o problema de estudo, a metodologia, a apresentação das técnicas, as formas de análise dos dados e o desenho da amostra (ampliada ou não), definindo seu objeto. A estrutura básica do projeto é constituída por: ● título, introdução/tema (assunto que será abordado); ● formulação do problema (problemática da pesquisa); ● hipótese(s) (resposta provisória); ● objetivos (o que se quer alcançar e resultados esperados); ● justificativa e relevância do tema (importância social, científica, tecnológica); ● referencial teórico (conhecer o que já foi produzido sobre o tema); ● metodologia (métodos, técnicas e materiais); ● cronograma (desenvolvimento do trabalho/delimitação do tempo); ● orçamento (financiamento); ● referências bibliográficas (relação das fontes utilizadas). A maior dificuldade na elaboração de um projeto é a definição do tema. Vamos recordar algumas ideias de autores que utilizamos na disciplina a esse respeito. A delimitação do tema (assunto) sempre estará em jogo, pois é, antes de tudo, a própria viabilidade da pesquisa. Sua pretensão inicial precisa ser pragmaticamente reduzida a dimensões adequadas ao tempo que você tem, variando conforme o nível de formação (Iniciação Científica [IC], Trabalho de Conclusão de Curso [TCC], Mestrado, Doutorado etc.). A preocupação geral que o levou a escolher uma determinada temática pode ser mantida, mas você terá que circunscrever um aspecto bem menos abrangente para que possa elaborar seu Projeto de Pesquisa. Não há escassez de assuntos a serem pesquisados, e a decisão pode envolver muitas dificuldades. A redução de uma questão ampla a um bom assunto de pesquisa pode ser muito angustiante, sobretudo para quem tem ambição holística (como é bem provável que seja o seu caso). O primeiro passo é a seleção de assuntos que lhe interessem no contexto de sua formação ou interesse particular ou profissional, prático ou teórico, antigo ou simplesmente instigado por suas últimas leituras. Esse assunto deve corresponder ao seu gosto e ser psicologicamente gratificante, além, é claro, de contribuir para o avanço da Ciência a qual você se dedica, sendo, ainda, adequado tanto à sua formação quanto ao tempo, recursos e energia que você poderá consagrar a essa pesquisa, e isso é importante, ele deve estar suficientemente documentado; o material bibliográfico pertinente deve ser suficiente, facilmente identificável, disponível, acessível e, sobretudo, deve permitir uma rápida "varredura". Não há receita que permita a delimitação do tema (assunto). No máximo, pode-se aconselhar a fixação de limites, particularmente de tempo e espaço, isto é, a indicação do âmbito histórico e geográfico que envolve o tema. Quase sempre é necessário ampliar ou aprofundar suas leituras anteriores sobre o assunto para que os critérios de "corte" comecem a aparecer. Para finalizar esse assunto, é importante lembrar que não se executa pesquisa sem que se faça antes um projeto! Sétima estação Chegando ao final de nossa viagem pelo mundo do conhecimento científico, alcançamos a sétima semana, última estação para discutir “Planejamento e elaboração de pesquisa”, que podem ser sintetizados nos verbos: ● ler (muito e sempre!); ● planejar (conduzir seu tempo); ● buscar (estar atento); ● questionar (como obter dados, articulando teoria e prática); ● medir/tabular (estimar como os dados se comportam); ● interpretar (analisar, descrever ou interpretar os dados com base nas leituras); ● escrever (relatar todas as fases de desenvolvimento da pesquisa); e ● começar novamente a ler, planejar... Essas são as ações com as quais o pesquisador está envolvido sempre. Na pesquisa quantitativa, o processo de pesquisa é planejado de maneira linear,sendo que um passo segue o outro, do projeto à execução → teoria → hipótese → operacionalização → amostragem → coleta → interpretação → validação. Ao contrário, a pesquisa qualitativa adota o modelo circular, utilizando a não linearidade, omitindo alguns passos e dispensando a formulação de hipóteses. Definido o modelo de execução e análise, devemos nos preocupar com a escrita do trabalho, propriamente, o conteúdo do trabalho científico. A linguagem deve ser técnica e acadêmica, esquecendo a escrita coloquial e leiga, e principalmente a escrita das redes sociais. Deve-se escrever de forma impessoal, objetiva, modesta e cortês, clara e precisa. A consistência interna do texto é baseada em uma lógica que articula problemática, questionamentos, operacionalização e resultados e o seu uso. Para concluir, devemos nos lembrar que a execução de uma pesquisa é uma tarefa metódica e lógica. Deve ser planejada e executada com rigor. A pesquisa desenvolvida não é, nunca, a última palavra sobre o tema ou o problema pesquisado. É uma interpretação realizada por um indivíduo ou uma equipe em um dado momento e em determinadas condições. Qualquer variação nesses parâmetros pode e deve gerar nova pesquisa, novos dados, nova bibliografia e, assim, sempre. Devemos nos atentar para os caminhos trilhados pelos pesquisadores e a importância dos resultados e das novas questões que emergirem. Deve-se sempre considerar o contexto histórico, o momento social, as técnicas e tecnologias em vigor, o momento epistemológico da Ciência em questão. Como vimos lá no início, o mundo está aberto às indagações e são elas que direcionam o caminho da Ciência e da humanidade. O autor Israel B. Azevedo (1998) inicia o livro O prazer da produção científica apresentando os dez mandamentos, segundo ele, do prazer da produção científica, que trago para você refletir nesse momento de revisão. Os mandamentos são: 1. Não cobiçarás o tema do teu próximo, porque a grama do jardim do teu vizinho não é mais verde. 2. Não pesquisarás o que está apenas na tua cabeça, a menos que o estudo seja precisamente sobre ela. 3. Não investigarás tema sem fonte, porque a tua tarefa é fazer os dois se comunicarem. 4. Não te perderás em meio à falta ou ao excesso de planejamento, a menos que a tua genialidade te permita prescindir dele. 5. Não desprezarás a rotina, porque ela pode te liberar para o exercício da criatividade. 6. Não menosprezarás as normas, a menos que pretendas transformá-las. 7. Não te julgarás incompetente, porque não o és, até prova em contrário. 8. Não escreverás uma obra-prima, a menos que já estejas maduro para produzi-la. 9. Não farás uma colcha-de-retalhos, porque és capaz de trabalho verdadeiramente intelectual. 10. Não ignorarás os teus leitores, a menos que te aches mais importante do que eles. A pesquisa se aprende fazendo e sendo curioso e observador. Bons estudos ao longo de sua vida acadêmica e profissional!
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