Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Filosofia da Educação Vitor Ignatius Nogueira SOBRE A FACULDADE A Faculdade Cidade Verde (FCV) nasceu de um sonho, de um projeto de vida de professores universitários que compartilhavam de um mesmo desejo, o de produzir e difundir o conhecimento ao maior número de pes- soas, com o intuito de formar profi ssionais aptos a atuarem no mundo dos negócios. E assim, unidos por este propósito transformador, constituíram a FCV por meio da União Maringaense de Ensino Ltda (UME). 2005 - O Diário Ofi cial da União (DOU) ofi cializou o projeto com a publica- ção dos dois primeiros cursos: Administração e Ciências Contábeis. O sonho tomava forma, novos apoiadores vieram e os primeiros alunos, ao todo eram 35. Ainda em 2005, o grupo alçava mais um passo com a implantação dos cursos de pós-graduação latu-sensu, nas áreas de Gestão e Contabilidade. 2006 - mais uma conquista com a autorização do curso de Ciências Econômicas. A esta altura, o sonho já não cabia no pequeno espaço, e fez- se necessário melhorar a estrutura física. 2008 - Iniciou-se uma pesquisa de mercado com intuito de buscar um novo local, com facilidade de transporte e segurança. 2009 - O crescimento do novo centro de Maringá, a FCV inicia o seu processo de mudança para a Avenida Horácio Raccanello Filho, 5950. 2010 - Ocorreu a mudança para o atual endereço da instituição, ano em que houve também a autorização dos cursos tecnólogos em Análise e Desen- volvimento de Sistemas, Gestão Comercial e Gestão da Produção Industrial. 2011 - Direito passa a integrar o complexo de cursos e atividades que daria base ao desenvolvimento da FCV. 2014 - Em parceria com os Institutos Lactec, a FCV traz para Maringá o Mes- trado Profissional em Desenvolvimento de Tecnologia. 2015 - Mais dois novos cursos passam a integrar a oferta de cursos superio- res, os Tecnólogos em Gestão de Recursos Humanos e Tecnólogo em Marketing. De lá pra cá, foram muitas as lutas para garantir a qualidade de ensino e inovação. 2016 - As novas conquistas: os cursos de Psicologia e Design Gráfico. 2017 - Lançamento de oito cursos de Graduação e mais de oitenta cursos de Pós-Graduação à distância nas áreas de Educação, Gestão, Direito e Informática. Hoje, a FCV é reconhecida como um importante centro de produção e difusão de conhecimento com mais de vinte cursos de pós-graduação e onze de gradu- ação presenciais, lançando os cursos de Graduação e Pós-Graduação à distância, tendo como foco a manutenção dos mesmos padrões de qualidade apresentados nos cursos presenciais. As instalações atuais da sede estão distribuídas em mais de dez mil metros quadrados, comportando seus diversos departamentos admi- nistrativos; biblioteca (com acervo de dezoito mil livros); cinco laboratórios de informática, um de anatomia, uma brinquedoteca, trinta e quatro salas de aula, Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ), salas de professores e de apoio pedagógico, duas cantinas e área de laser. No tocante à qualificação dos professores, a FCV conta com mais de 90% do seu corpo docente composto por mestres e douto- res. Essa é a FCV de hoje, uma faculdade de negócios preocupada em formar ci- dadãos éticos, contribuindo para o desenvolvimento social, buscando resultados sustentáveis através do ensino presencial e a distância. AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NTAÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO A P R E S E N T A Ç Ã O Filosofi a da Educação Vitor Ignatius Nogueira Sou graduado em História pela Universidade Estadual de Maringá – UEM – e Mestrando em Educação – História e Historiografi a da Educação – pela mesma instituição, leciono nas redes pública e privada de ensino há 10 anos as disciplinas de História, Filosofi a e Sociologia. Minha formação de historiador bastante infl uenciou na feitura deste trabalho. Assim, busquei apresentar as principais escolas fi losófi cas, representadas por seus expoentes, seguindo uma cronologia histórica. Como seria impossível abordar toda a fi losofi a, a ênfase recaiu sobre o pensamento fi losófi co ocidental, que surgiu nas antigas colônias gregas e espalhou-se pelo mundo nos séculos e milênios seguintes. A Filosofi a passou por inúmeras transformações – algumas, verdadeiras revoluções – ao longo dos séculos. Entender tais transformações, estabelecendo relações com o pensamento anterior é um dos objetivos deste material. Todavia, seria impossível compreender a evolução do pensamento humano se os desvencilhássemos do contexto histórico em que estava inserido, como afi rmava Hegel. Por isso, em dados momentos, faz-se necessário relembrar tais contextos. Por outro lado, este texto não trata apenas de Filosofi a, mas, de suas relações com a Educação, portanto, além de seguir nossa diretriz e tratar também historicamente da Educação, optamos por apresentar as concepções de educação como AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃOAP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO A P R E S E N T A Ç Ã O decorrentes de concepções fi losófi cas. Isto porque, a Filosofi a além de permitir a compreensão do pensamento contemporâneo, permite enxergar a realidade de forma mais crítica, mais generalizadora e universalizante e, adotando-se este encaminhamento, a educação também passa a ser considerada desta maneira. Para entender isto, este texto se organiza em três unidades: Na Unidade I, intitulada Filosofi a e Educação na Antiguidade Clássica começamos tentando responder à pergunta: “O que é fi losofi a?”. Para isso, apresentamos algumas das inúmeras defi nições dadas por alguns dos protagonistas do pensamento fi losófi co. Depois, fomos às origens do pensamento fi losófi co ocidental, que remontam a mais de 25 séculos passados, na Grécia Antiga. Ao tentar entender do que o mundo é feito – e valer-se da razão para isso – Tales inaugurava um novo modo de pensar no Ocidente. A Tales seguiram-se os pitagóricos, os eleatas, os sofi stas e tantos outros. Mas foi com a tríade Sócrates-Platão-Aristóteles que o pensamento fi losófi co extrapolou suas antigas amarras – ou, como diria Rousseau – libertou-se dos ferros que a acorrentavam. Por outro lado, o texto mais famoso de Platão, A República é também considerada a primeira grande obra de Filosofi a da Educação. Este estreito relacionamento se deve, principalmente ao fato de que para se poder orientar o processo educacional é preciso conhecer como ocorre o conhecimento humano e a resposta a esta última questão é o que move os fi lósofos. Apresentamos a seguir, o que é Educação e também, como decorrência dessas concepções fi losófi cas, as concepções idealista e empirista de Educação. Em seguida, na Unidade II, sob o título A Filosofi a e a Educação de Santo Agostinho a Rousseau abordamos um longo período da história da fi losofi a, de quatorze séculos, que se estendeu do fi nal da Idade Antiga (século V) ao término da Idade Moderna (século XVIII), passando pela era medieval e suas correspondentes concepções educacionais. AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NTAÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO A P R E S E N T A Ç Ã OO cristianismo ascendente e a construção de sua doutrina estão presentes com seus dois maiores expoentes, Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino – ambos canonizados posteriormente. Com Santo Agostinho, a concepção idealista da educação, embrionária em Platão, ganha corpo, enquanto que o interacionismo que se fortalece com Kant, assume seus contornos iniciais com Tomás de Aquino. No século XIV, surgiu na Europa um movimento de renovação intelectual que durou três séculos, o Renascimento. Com ele, o homem voltou a estar no centro das atenções. Ao libertar o pensamento das amarras do teocentrismo da Idade Média, os renascentistas prepararam o terreno para o surgimento de um dos períodos mais férteis da história da fi losofi a.. O “século das luzes”, quando a “luz da razão derrotaria as trevas da ignorância”, naquilo que convencionou-se chamar de Iluminismo. Suas ideias provocaram revoluções populares mundo afora, e a maior de todas, a francesa, marcou o início de uma nova era para a humanidade. Finalizando a Unidade II, abordamos o pensamento do fi lósofo e educador Jean Jacques Rousseau, que em sua principal obra educacional, Emílio ou Da Educação visa nortear a educação familiar, a que é oferecida pelos pais objetivando preparar o indivíduo para a vida em sociedade e acaba por infl uenciar e mesmo transformar a concepção de educação até então vigente. A Filosofi a e a Educação Moderna e Contemporânea é o título da Unidade III na qual debruçamo-nos sobre os fi lósofos contemporâneos. Os últimos dois séculos e meio foram um período rico para a fi losofi a. Nesta última parte, destaque para dois gênios alemães. Cada qual, à sua maneira, infl uenciou as gerações seguintes de tal forma que sua importância chega a ser incomensurável: Immanuel Kant e Karl Marx. Nesta última unidade, a Alemanha torna-se o centro do mundo fi losófi co. Além dos dois gênios acima citados, muitos outros alemães – não menos geniais AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RESE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO A P R E S E N T A Ç Ã O – destacam-se: Hegel, Nietzsche, Weber, Marcuse, Arendt, além daquele que talvez seja o maior fi lósofo vivo: Jürgen Habermas. Mas o casal francês Sartre e Beauvoir, o austríaco Wittgenstein e o inglês Russel também marcam presença. Por fi m, espero que este material possa auxiliar na compreensão das principais escolas fi losófi cas e sua infl uência na concepção de educação nos diferentes momentos históricos evidenciando as transformações ocorridas nos pensamentos fi losófi co e educacional ocidental, desde o seu surgimento, no século VI a.C. até os dias de hoje. Bom estudo! Vitor Ignatius Nogueira S U M Á R IO UNIDADE 1: FILOSOFIA E EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA 11 Introdução .........................................................................................13 O que é Filosofi a? ..............................................................................14 O que é Educação? ...........................................................................20 Origem da Filosofia ....................................................................................................... 22 Filosofia grega: os pré-socráticos .................................................................................. 27 Tales e a Escola Jônica ................................................................................................. 28 Tales de Mileto .............................................................................................................. 28 Anaximandro de Mileto (610-547 a.C.) .......................................................................... 31 Anaxímenes de Mileto ................................................................................................... 32 Heráclito de Éfeso ......................................................................................................... 32 UNIDADE 2: A FILOSOFIA E A EDUCAÇÃO DE SANTO AGOSTINHO A ROUSSEAU 89 Introdução ..........................................................................................91 Filósofos cristãos .......................................................................................................... 92 Santo Agostinho ............................................................................................................ 95 A fi losofi a medieval ................................................................................. 101 São Tomás de Aquino .................................................................................................... 104 O Renascimento ............................................................................................................ 111 Nicolau Maquiavel (1469-1527) .................................................................................... 114 Francis Bacon, fundador da ciência moderna ................................................................ 117 Thomas Hobbes: “o homem é o lobo do homem” .......................................................... 121 O Iluminismo ................................................................................................................. 124 René Descartes ............................................................................................................. 126 S U M Á R IO UNIDADE 3: A FILOSOFIA E A EDUCAÇÃO MODERNA E CONTEMPORÂNEA 157 Introdução ..........................................................................................159 Immanuel Kant (1724-1804) ......................................................................................... 160 G. W. F. Hegel (1770-1831) ............................................................................................ 171 Karl Marx (1818-1883) .................................................................................................. 178 Friedrich Nietzsche (1844-1890) ................................................................................... 188 Filosofi a no século XX.......................................................................190 Max Weber (1864-1920) ............................................................................................... 191 Bertrand Russel (1872-1970) ........................................................................................ 193 Ludwig Wittgenstein (1889-1951) ................................................................................. 195 Jean-Paul Sartre (1905-1980) ....................................................................................... 197 Simone de Beauvoir (1908-1986) .................................................................................. 199 Escola de Frankfurt ....................................................................................................... 200 Herbert Marcuse (1898-1979) ....................................................................................... 201 Jürgen Habermas (1929- ) ............................................................................................ 204 Manifesto do partido comunista ............................................................ 208 CONCLUSÃO 214 Filosofia e educação na antiguidade clássica UNIDADE 1 ObjEtIvOs DE AprENDIzAgEm • Apresentar a natureza do conhecimento filosófico, suas origens na Grécia antiga e seu desenvolvimento desde os pré-socráticos até o consagrado Aristóteles, destacando a mudança paradigmática promovida por Sócrates e a inestimável contribuição de Platão, tanto para a Filosofia quanto para a Educação. plANO DE EstUDO Serão abordados os seguintes tópicos: • O que é Filosofia • Origens do pensamento filosófico ocidental • Filósofos pré-socráticos - Tales de Mileto – Pitágoras - Parmênides • Sócrates • Platão • Aristóteles • O que é Educação • Idealismo Vitor Ignatius Nogueira 13 UNIDADE I - Filosofi a da Educação INTRODUÇÃO Nesta Unidade, discutimos o que é Filosofia, sua origem na Grécia Antiga e seu desenvolvimen- to, compreendendo o período que vai aproximadamente do século VII a. C. até o século IV a. C, destacando a sua mais famosa tríade: Sócrates, Platão e Aristóteles. Sócrates, o mais misterioso filósofo da Grécia antiga; nunca escreveu nada, mas seus ensinamentos e frases são lembrados até hoje, mediante os escritos de seus discípulos, dos quais o mais famoso é Platão. Platão, cuja importância transcende em muito a simples perpetuação da obra de seu mestre. As ideias platônicas são importantes não apenas como textos filosóficos, mas como fundamentos da cultura ocidental. Apresentamos as ideias de Aristóteles, apontado por muitos como o maior sábio da Antiguidade, escreveu sobre os mais diversos assuntos, da Botânica à Arquitetura,e cuja influência, ainda hoje, é imensa. Finalizamos esta Unidade I, estabelecendo o que entendemos por Educação e seu en- trelaçamento com a Filosofia, destacando como duas das principais concepções de Educação, o idealismo e o empirismo tiveram suas origens nos sistemas filosóficos de Platão e de Aristóteles. 14 UNIDADE I - Filosofi a da Educação O QUE É FILOSOFIA? “A filosofia é a terra de ninguém entre a ciência e a teologia, exposta a ataques dos dois lados”. Com essa frase, o filósofo e matemático inglês Bertrand Russel (1872-1970) definiu a filosofia. Realmente, o campo nebuloso habitado pela filosofia parece não se enquadrar totalmente nem na teologia (disciplina cujo objeto de estudo é Deus) nem na ciência, mas possui um pouco de ambos. Por isso, transita entre os dois, criando um campo de conhe- cimento único e fundamental e é, questionada tanto pela religião, porque duvida de seus dogmas, quanto pela ciência, porque não segue a metodologia científica de experimentos e demonstrações, mas produz seu conhecimento mediante a reflexão dos filósofos. Geralmente atribuída a Pitágoras de Samos, a palavra filosofia é composta de filo (do grego antigo philia, que significa amizade) e sofia (sophia, sabedoria). Portanto, significa, literalmente, amizade ao saber, ou amor ao saber. Como Pitágoras acreditava que a sa- bedoria plena era restrita aos deuses, cabia ao homens apenas desejá-la, amá-la. Ele recusava-se a ser chamado de sábio, dizendo-se apenas um “amigo da sabedoria”. Todavia, a palavra sophia carrega uma ambivalência: ela tanto pode significar o saber, no sentido de conjunto sistemático e racional de conhecimentos sobre o mundo e sobre os homens, como pode significar sabedoria, no sentido de uma disposição humana para uma vida virtuosa e feliz. 15 UNIDADE I - Filosofi a da Educação Gérard Durozoi e André Roussel, autores do Dicionário de Filosofia assim definem filosofia: [...] sistema de reflexões críticas sobre as questões referentes ao conhecimento e à ação. Nessa ótica, a filosofia pode voltar ao que cada ciência apreende diretamente (por exem- plo: filosofia da história). [...] É caracterizada em geral por sua atitude interrogativa e não dogmática, inaugurada por Sócrates: mas pode-se observar que, ao evocar-se “a filosofia” desse autor, visa-se, contudo um conjunto de afirmações ou de teses. O que significa constatar que, para ser apreendida em toda a sua extensão, a filosofia deve ser entendida como além de cada filósofo que lhe atualiza momentaneamente uma certa ‘morte’. Assim, a filosofia é inseparável [...] de sua história (Durozoi e Roussel, 1998, p.190). Dito de outra forma, os filósofos se dedicam a refletir criticamente sobre todo conhe- cimento produzido pela humanidade (filosofia da matemática, filosofia da história, etc.) como também sobre o comportamento (ações) da humanidade, sejam essas questões de valores morais (ética) ou artísticos (estética). Em suas reflexões, os filósofos questio- nam tudo e não aceitam nada apenas pela “fé”, como no caso das religiões, e dessas reflexões surgem afirmações ou teses que constituem o “conhecimento filosófico”. Mas, o próprio conhecimento filosófico produzido em determinado período é questionado em outro, daí que para se “apreender a filosofia em toda sua extensão”, é preciso estudar a sua história, que é nosso principal objetivo neste livro. Mas, para a filósofa brasileira Marilena Chauí, não existe apenas uma definição de filosofia e, destaca que é possível perceber ao menos quatro definições: 16 UNIDADE I - Filosofi a da Educação 1. A filosofia é entendida como a visão de mundo de um povo, uma cultura ou uma civi- lização. Mas a própria autora aponta ser uma definição por demais genérica e ampla, não permitindo a distinção entre filosofia e religião, por exemplo. 2. A filosofia vista como sabedoria de vida. Por essa definição, filosofia seria algo como a busca por uma vida virtuosa, justa, feliz. Mas isso é mais o que se espera da filosofia, e não o que ela é ou faz. 3. A filosofia pode ser entendida como um esforço racional de compreender e dotar de sentido o Universo. Diferencia-se das explicações religiosas sobre o Universo, por não se pautar na fé, e sim tentar explicar racionalmente tudo o que existe. Enquanto a religião tem suas verdades inquestionáveis, seus dogmas, a filosofia estimula o pensamento crítico, tentando discutir profundamente o sentido e o fun- damento da realidade. Contudo, tal definição coloca sobre os ombros da filosofia a tarefa de explicar o Universo em sua totalidade, elaborando um sistema universal, o que, sabemos hoje, é impossível. 4. Finalmente, a filosofia pode ser entendida como uma fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e práticas da humanidade. A atividade filosófica é, por- tanto, uma análise, uma reflexão e uma crítica. Esta definição é a que mais se aproxima da apresentada por Durozoi e Roussel (1998). 17 UNIDADE I - Filosofi a da Educação Sintetizando essas quatro definições, Chauí (2012) destaca, principalmente, o que a filo- sofia “não é”, enfatizando o caráter essencialmente reflexivo do ato de “filosofar”: A filosofia não é ciência: é uma reflexão sobre os fundamentos da ciência, isto é, sobre pro- cedimentos e conceitos científicos. Não é religião, é uma reflexão sobre os fundamentos da religião, isto é, sobre as causas, origens e formas das crenças religiosas. Não é arte, é uma reflexão sobre os fundamentos da arte, isto é, sobre os conteúdos, as formas, as sig- nificações das obras de arte e do trabalho artístico. Não é sociologia nem psicologia, mas a interpretação e avaliação crítica dos conceitos e métodos da sociologia e da psicologia. Não é política, mas interpretação, compreensão e reflexão sobre a origem, a natureza e as formas do poder e suas mudanças. Não é história, mas reflexão sobre o sentido dos acontecimentos enquanto inseridos no tempo e compreensão do que seja o próprio tempo (CHAUÍ, 2012, p.28). Assumindo esta característica interrogativa da filosofia, o grande filósofo alemão Immanuel Kant, dizia que são três as indagações filosóficas fundamentais: • O que podemos saber? Isto significa refletir sobre os conhecimentos. O que conhece- mos, como conhecemos, como são produzidos os conhecimentos científicos, artísti- cos, sociais, enfim, o que é conhecimento em toda sua extensão e como ele é possível. • O que podemos fazer? Esta questão se refere às ações, os procedimentos, as con- dutas, as atitudes. Mas são reflexões orientadas não por dogmas, isto é, o que é ou não pecado, mas por questões, pressupostos e valores práticos. 18 UNIDADE I - Filosofi a da Educação • O que podemos esperar? Esta questão se refere aos aspectos especificamente te- ológicos, isto é, o que podemos esperar após a morte, por exemplo, mas, sempre buscando resposta pela reflexão, questionando as explicações religiosas. Dessas questões, surgiram os diferentes sistemas filosóficos, que são o conjunto de teses e afirmações com as quais cada filósofo tentava respondê-las. Como os sistemas filosóficos são produzidos a partir das reflexões do filósofo e seus discípulos, que são seres humanos, social e culturalmente contextualizados, o conhecimento filosófico é fortemente influenciado pela sociedade, cultura e época em que é produzido, quer seja para explicar e justificar essa sociedade e cultura quer seja para contestar ou mesmo repudiá-la. Como exemplo da diver- sidade de ideias filosóficas, apresentamos, a seguir, como alguns dos maiores filósofos de todos os tempos definiram a filosofia. • Platão: a filosofia seria “um saber verdadeiro que deve ser usado em benefício dos seres humanos para que vivam numasociedade justa e feliz”. • Descartes: a filosofia “é o conhecimento da sabedoria, conhecimento perfeito de todas as coisas que os humanos podem alcançar para o uso da vida, a conser- vação da saúde e a invenção das técnicas e das artes com as quais ficam menos submetidos às forças naturais, às intempéries e aos cataclismos”. 19 UNIDADE I - Filosofi a da Educação • Para Kant, a filosofia era “o conhecimento que a razão adquire de si mesma para saber o que pode conhecer, o que pode fazer e o que pode esperar, tendo como finalidade a felicidade humana”. • Já Marx acreditava que o templo de contemplação filosófica esgotara-se, e che- gava o momento de compreender o mundo para transformá-lo, trazendo justiça, abundância e felicidade para todos. • Merleau-Ponty escreveu que a filosofia “é um despertar para ver e mudar nosso mundo”. • E, por fim, Espinosa entendia a filosofia como “um caminho árduo e difícil, mas que pode ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade”. Em comum, todas essas definições apresentam o aspecto interrogativo acerca do mun- do físico e humano como essência, a reflexão como método e o mesmo objetivo: ensinar a viver em sociedade. Neste texto, adotaremos uma das definições apresentadas por Chauí (2012) para filo- sofia, a saber: uma fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e práticas da humanidade. 20 UNIDADE I - Filosofi a da Educação O QUE É EDUCAÇÃO? A palavra educação tem origem latina relacionada às palavras educere que significa levar ou trazer para fora, tirar ou extrair de e educare, com o sentido de criar, sustentar, instruir. [...] é possível firmar o conceito etimológico de educação com múltiplas ideias: tirar (o edu- cando) de um estado e levá-lo a outro (do não-saber ao saber), extrair (do educando) o po- tencial latente, criar o educando ou criar nele a condição de aprender, instruí-lo ou passar-lhe informações (CARVALHO, 2005, p.31). A Educação se refere a dois processos interligados, porém autônomos: o processo de ensinar e o processo de aprender. É um ritual observado em qualquer sociedade e por elas é mantido ao longo da história da humanidade. É a sociedade que é responsável pela sua manutenção e perpetuação ao se garantir às gerações mais jovens a trans- posição da cultura, do conhecimento científico, dos valores, enfim, dos modos de ser, estar e agir necessários à vida em sociedade. De acordo com Aguiar (2012, p.161), nós institucionalizamos a educação e “[...] fizemos dela uma condição para perpetuar valores, manter necessidades, buscar respostas para nossos problemas e lutar pela superação”. A Educação não é tarefa exclusiva nem da escola nem da família. Ela deve ser exercida nos diversos espaços de convívio social, visando a adequação do indivíduo à sociedade. Já a Educação formalizada, ou seja, a que acontece nos espaços escolares, desde a Educação Infantil até aos estudos de pós-graduação se caracteriza por ser intencional e possuir objeti- vos determinados, os quais são estabelecidos pela sociedade. 21 UNIDADE I - Filosofi a da Educação Como produto das relações humanas, a Educação sofreu e sofre constantemente alterações, desde seus primórdios, estando sempre vinculada à cultura de uma determinada sociedade. Como exemplo, vamos recorrer à novamente à etimologia da palavra educação. Pela citação anterior, podemos entender que para os romanos, a ideia de educação era a de “tirar alguém (o educando) de um estado e levá-lo a outro”, o que, implica, necessaria- mente em modificá-lo. Por serem essencialmente pragmáticos, a educação dos romanos era prática e objetivava formar cidadãos. Já para os gregos, a palavra para designar educação era paidagogia, palavra formada por paid + ago, paid (de país, paidós), que significa menino ou filho e ago, que significa levar, trazer, impelir. Embora os conceitos de educação para gregos e romanos sejam semelhantes, Carvalho (2005, p.31-32) destaca que, diferentemente da educação pragmática dos romanos, os gregos pareciam pensar em “[...] proteger o menino, que viria ser homem, direcionar o filho que viria a ser pai; parece que tinham em mente o homem como um todo, não necessariamente o homem cidadão”. Considerando que esta disciplina é Filosofia da Educação nossa ênfase será, a partir daqui, mais com as questões filosóficas, buscando, sempre estabelecer relações com a educação. 22 UNIDADE I - Filosofi a da Educação Dito de outra forma, não estabeleceremos aqui, uma História da Educação, embora tra- cemos o percurso histórico da Filosofia, complementando esta descrição com as conse- quências educacionais dos sistemas filosóficos apresentados. Origem da Filosofia A civilização ocidental, tal como a conhecemos atualmente, deve muito aos gregos. Nas artes, a escultura, a dança, o teatro, com as tragédias gregas como Édipo rei, por exem- plo, ainda hoje é encenada e atrai público. Nas aulas de matemática, o teorema de Pitágoras, as proposições contidas no livro Os elementos, de Euclides, permanecem parte integrante dos conteúdos programáticos, e a física de Arquimedes continua sendo estudada. Nos esportes, a influência dos gregos é explicitada no maior evento capaz de unir a humanidade em torno de objetivos comuns: as Olimpíadas. A democracia viven- ciada por muitos países e procurada por tantos outros, também devemos aos gregos. Entretanto, a origem de todas essas contribuições incomensuráveis dos gregos à ciência, às artes, aos esportes, à civilização como um todo, se sustenta na Filosofia grega. O pensamento filosófico ocidental tem origem na Grécia antiga. Para melhor compreen- são, vale uma breve explicação sobre as etapas da história grega. Tradicionalmente, os historiadores dividem a história da Grécia em quatro períodos: 23 UNIDADE I - Filosofi a da Educação • O período homérico, que se estende de 1200 a.C. a 800 a.C., aproximadamente. É assim chamado porque as principais fontes de estudo sobre o período são os textos de Homero, a Ilíada, que narra a Guerra de Troia, e a Odisseia, que retrata a volta do herói grego Ulisses (Odisseu) para sua terra, Itaca. Durante esses cerca de quatro séculos, a sociedade grega, invadida por aqueus, jônios e dórios, evolui de uma economia doméstica e agrícola, para uma economia urbana e comercial, quando visitavam e comercializavam com países distantes. Neste período a educação acontecia de forma assistemática, sem nenhum planejamen- to, mediante a apresentação de cantores ambulantes que divulgavam nas praças das cidades os feitos dos heróis que serviriam de modelo de comportamento aos gregos. • Período arcaico (também conhecido como “período dos sete sábios1”). Neste pe- ríodo, que vai de fins do século VIII a.C. ao início do século V a.C., os vilarejos tor- nar-se-iam grandes cidades-Estados. É nessa época que surgem Atenas, Tebas e Megara, no continente; Esparta e Corinto, no Peloponeso; Mileto e Éfeso, na Ásia Menor; Mitilene, Samos e Cálcis, nas ilhas do Mar Egeu. A economia é monetária, e o artesanato e o comércio constituem as principais atividades das áreas urbanas. Por volta do século VII a.C. o indivíduo era subordinado ao Estado (representado 1 Os chamados “sete sábios” da Grécia antiga eram Tales de Mileto, Periandro de Corinto, Pítaco de Mitilene, Bias de Priene, Creóbulo de Lindos, Sólon de Atenas e Quílon de Esparta. 24 UNIDADE I - Filosofi a da Educação principalmente pelas cidades-estado Atenas e Esparta); para o estado é que se endere- çava a formação dos jovens. • Período clássico (século Va.C. a IV a.C.). Época do esplendor de Atenas, que, após as reformas de Clístenes e Péricles, se coloca à frente de toda a Grécia2. O Pireu,principal porto de Atenas, torna-se centro de convergência de pessoas, produtos e ideias de todo o mundo conhecido. É o apogeu da vida urbana, in- telectual e artística grega. É também quando se desenvolve a Democracia que, embora para poucos, foi extremamente inovadora para aquela sociedade. Esse período encerra-se com a Guerra do Peloponeso, entre Esparta e Atenas, que veio a enfraquecer toda a Grécia, possibilitando sua invasão pelos macedônios. • Período helenístico, quando a Grécia é dominada pela Macedônia de Filipe e Alexandre, o Grande (cujo tutor fora Aristóteles) e, mais tarde, dominada pelos romanos. A Grécia passa a integrar um mercado mundial (como colônia romana), expandindo cada vez mais seu pensamento, tanto para o Ocidente como também para o Oriente, sobretudo com a helenização (disseminação da cultura grega) pro- movida por Alexandre. Tradicionalmente, os historiadores da filosofia defendem que ela surgiu no período 2 Isto será mais bem explicado quando abordarmos o período socrático, ainda nesta Unidade. 25 UNIDADE I - Filosofi a da Educação arcaico, alcançou seu esplendor no período clássico, e se espalhou pelo mundo no período helenístico. A região que serviu de cenário para o nascimento da filosofia foi a cidade de Mileto, uma próspera cidade comercial da Jônia. Tales, que viveu de 625 a.C. a 545 a.C. aproxima- damente, seria seu precursor. Muitos autores defendem que a filosofia surgiu de um conflito com a religião, ou mesmo com a mitologia grega, o que é uma suposição bastante plausível, pois, desde o seu início, a forte característica interrogativa da filosofia, pode ter motivado os antigos filósofos a questionarem os mitos e dogmas religiosos, ou mesmo tentarem explicá-los racional- mente. Na Grécia antiga, os valores associados à mitologia traziam conforto para uns, mas para outros representavam um obstáculo ao progresso da razão. Essa tensão serviu de base a muitas especulações filosóficas e conflitos sociais. A maior parte dos expoentes da filosofia grega tinha origem aristocrática, e considerava retrógradas, bárbaras e selvagens muitas das práticas relativas à devoção religiosa. Platão apontava claramente a necessidade de separarmos o mythos (mito) do logos (pensamento racional). Em A República, principal obra platônica, ele assim escreve sobre o mito: “Como então poderíamos dar continuidade a uma dessas falsidades oportunas [...] como que utilizando uma mentira nobre para persuadir os governantes, 26 UNIDADE I - Filosofi a da Educação sem, contudo, persuadir o resto da cidade”. Com isto, Platão se referia que os mitos ou dogmas religiosos (que ele entendia como sendo falsos) eram utilizados para con- vencer o povo das “boas intenções dos governantes” e tenta reverter esta situação, imaginando uma maneira de se “dar o troco”, ou seja, como poderiam ser utilizados os mitos para convencer os governantes da necessidade de se fazer alguma coisa, tomando-se, todavia, o cuidado de não enganar o povo. Mas, embora o conflito com a religião tenha sido uma das bases, a filosofia surgiu de uma curiosidade contínua, e não de alguma forma de secularismo, isto é, de uma ação de trazer para o mundo humano o que era pertinente aos deuses. Durante o período clássico, a Grécia produziu muitas obras importantes da filosofia, litera- tura e ciência. Essa explosão de expressão cultural foi impulsionada pelo uso de técnicas de escrita e de uma linguagem mais sofisticadas. O idioma grego, com o uso de um alfabeto e não de silabismos, conseguia expressar conceitos mais complexos. A própria educação de muitas das cidades gregas valorizava muito essa linguagem – era comum as crianças terem de decorar passagens inteiras da obra de Homero. Essa valorização da linguagem escrita contribuiu, certamente, para um maior desenvolvimento do pensamento grego. Homero foi chamado de “educador da Grécia” por Platão, em função da forte ligação 27 UNIDADE I - Filosofi a da Educação entre os valores estéticos e éticos presentes em sua obra, de maneira que tudo que é nobre e humano poderiam ser exemplificado pelas ações dos personagens criados por Homero na Ilíada ou na Odisséia. Para Carvalho (2005, p. 39), a fase lendária da qual Homero é o principal representante, “[...] deixou marcas tão profundas que, necessariamente, precisam ser consideradas como a fase primordial da educação dos gregos[...]”. Filosofia grega: os pré-socráticos Geralmente, divide-se a Filosofia grega em antes e depois de Sócrates, em função do objeto de reflexão dos filósofos que o antecederam e do seu próprio foco de reflexão, conforme você verá com mais detalhes a seguir. Embora o patrono da filosofia tenha sido um defensor apaixonado do “amor ao saber”, opondo-se aos ensinamentos mitológicos, o pensamento anterior a ele não deve, de ma- neira alguma, ser ignorado. Os pré-socráticos viam o mundo com curiosidade e espanto, características que se perderam após as obras platônicas e, sobretudo, aristotélicas ofe- recerem um conhecimento mais sistematizado. 28 UNIDADE I - Filosofi a da Educação Os sistemas filosóficos elaborados pelos pré-socráticos, isto é, o conjunto de teses e afirmações com as quais eles pretendiam explicar o mundo, particularmente o físico, con- quistaram discípulos e perduraram por muitos anos. A este conjunto de conhecimentos e seus seguidores, denominamos de “escolas”. Podemos destacar as três principais escolas do período: a Escola Milésia, ou Jônica; a Escola Pitagórica e a Escola Eleata. Tales e a Escola Jônica A cidade de Mileto, berço da Escola Milésia, situava-se na região da Jônia, e era um prós- pero centro comercial. É apontada como a região de origem da filosofia. Os principais nomes da Escola Milésia foram Tales de Mileto, Anaximandro de Mileto e Anaxímenes de Mileto. Os filósofos de Mileto preocupavam-se, sobretudo, com o mundo físico. Costumeiramente, tentavam compreender qual a substância, ou substâncias, que compõem o mundo. Dito de outra forma, do que o mundo seria composto. Tales de Mileto Tales (625-545 a.C.), o mais famoso dos filósofos da cidade de Mileto, foi um dos 29 UNIDADE I - Filosofi a da Educação chamados “sete sábios da Grécia arcaica”. Conforme Diógenes de Laércio, Tales teria sido o primeiro grego a ser considerado “sábio”. Pouco se sabe sobre sua origem, e alguns o consideram fenício3. Como seus colegas milésios, tentava compreender de qual substância o mundo seria feito, mediante, sobretudo, a obser- vação e a contemplação. Uma famosa anedota na Grécia antiga, repetida por Platão em seus textos, dizia que, por ser um teórico, ou seja, um “contemplador puro”, Tales, caminhando com os olhos voltados para o céu, tropeçou em uma pedra e caiu em um poço. É daí que vem a consagrada imagem que se tem dos filósofos, de uma pessoa distraída das coisas mundanas, e absorta em pensamentos abstratos. Em sua Metafísica, Aristóteles assim expõe o pensamento de Tales: A maior parte dos primeiros filósofos considerava como os únicos princípios de todas as coisas os que são da natureza da matéria. Aquilo de que todos os seres são constituídos e de que primeiro são gerados e em que por fim se dissolvem, tal é para eles o elemento, o princípio dos seres; e por isso julgam que nada se cria nem se destrói, como se tal natureza subsistisse para sempre... Tales, o fundador de tal filosofia, diz ser a água o princípio e por isso também declarou que a Terra está sobre a água (Aristóteles apud CHAUÍ, 2004, p. 56). 3 Os fenícios foram um povo que viveu às margens do Mar Mediterrâneo, aproximadamente na região atualmente ocupada pelo Líbano. Destacaram-se no comércio e na navegação e, por isso mesmo, es-tabeleceram contato com diversos povos da antiguidade, e fundaram diversas colônias (os chamados “empórios”) no norte da África e Sul da Europa. 30 UNIDADE I - Filosofi a da Educação De acordo com o pensamento de Tales, a substância fundamental que compõe o mundo é a água (ou o úmido). Ela seria o princípio vital de tudo o que existe. Como explica Chauí (2004): O fato de considerar a água como alma, isto é, como princípio vital, leva Tales a considerar que todas as coisas são viventes ou animadas e por isso se transformam e se conservam. A água é o “deus inteligente” que faz todas as coisas e é a matéria e a alma de todas elas. Eis porque se atribui a Tales a afirmação: “Todas as coisas são cheias de deuses” (CHAUÍ, 2004, p.57). A razão para Tales ter escolhido a água ou o úmido como o princípio de todo o universo pode ser explicada de várias maneiras. A água apresenta-se sob as mais variadas formas e em todos os estados (sólido, líquido e gasoso); a água está vinculada à vida; a mitologia grega falava do rio Oceano, que circundava toda a terra (assim, Tales estaria tentando explicar racionalmente um mito). O argumento de que todas as coisas são animadas (vivas) teria surgido, segundo relato de Aristóteles, da observação que Tales teria feito sobre a chamada pedra de Magnésia, ou seja, um ímã. Tales acreditava que o princípio vital, ou a alma, seria uma força motriz ou cinética, isto é, uma força capaz de mover-se ou de mover outras coisas. Ao observar o ímã atuando sobre o ferro, movendo-o, Tales concluiu que, se a alma é o princípio vital e o ímã possuía essa força, este possuiria uma alma, e, consequentemente, seria animado, isto é, vivo. 31 UNIDADE I - Filosofi a da Educação Não nos cabe julgar, cientificamente, se a conclusão de Tales é correta ou não (quanto à natureza viva do ímã). O fundamental é entender como ele raciocinou para chegar a essa conclusão. Essa maneira é inovadora e, propriamente, filosófica. Tales inferiu, de fatos observáveis, uma conclusão obtida apenas pela razão. Anaximandro de Mileto (610-547 a.C.) Discípulo e sucessor de Tales, Anaximandro foi geógrafo, matemático, astrônomo e políti- co. Segundo relatos, ele teria escrito um livro intitulado Sobre a natureza, que é conside- rado o primeiro livro de filosofia escrito em língua grega. Porém, o livro perdeu-se ao longo dos séculos, e dele temos apenas fragmentos e relatos de filósofos contemporâneos e posteriores a ele. A Anaximandro atribui-se a confecção do primeiro mapa-múndi com a descrição de to- das as terras habitadas conhecidas à época. É também considerado o precursor da astronomia grega, inaugurando a medição da distância entre as estrelas. Como matemá- tico, foi o primeiro a utilizar um esquadro (gnómon) para o traçado de paralelas e desenho de formas geométricas. Enquanto Tales acreditava que o mundo era totalmente constituído de água, Anaximandro defendia que o mundo era composto de quatro elementos: ar, terra, água e fogo. 32 UNIDADE I - Filosofi a da Educação Anaxímenes de Mileto Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C.) é o terceiro e último representante da Escola Milésia. Admite como substância primeira e fundamental o ar. Ao se condensar, o ar daria origem à água. Condensando-se ainda mais, daria origem à pedra. Para Anaxímenes, as partículas de matéria constituíam-se de ar, e os diferentes processos de condensação ou rarefação, contínuos e antagônicos, originariam corpos mais ou menos sólidos. Heráclito de Éfeso Nascido na cidade de Éfeso, ao norte de Mileto, Heráclito (540-470 a.C.) pouco se inte- ressava pelo mundo social e econômico. Sua preocupação maior era a filosofia. Como os demais jônicos, acreditava na existência de uma única substância ou elemento, que seria o princípio de tudo. Este elemento, que seria o princípio de tudo era o fogo. Como explicam Luchesi e Passos (1992, p.93), “O fogo era, para ele (Heráclito), a subs- tância física que mais se aproximava da essência do tempo, por isso, a tudo dava origem e explicava”. O devir (processo de surgimento, mudança e perecimento dos seres) era tema central de seus pensamentos. Heráclito entendia que, no universo, nada era estável: tudo estava 33 UNIDADE I - Filosofi a da Educação em constante transformação, da mesma forma que os homens que, no percurso natural da vida, nascem, crescem, declinam e morrem. Dizia ser impossível banharmo-nos duas vezes em um mesmo rio, pois nem as águas e nem nós seríamos os mesmos. A natureza era um “fluxo perpétuo”. Pitágoras e a Irmandade Pitagórica Pitágoras de Samos (582-500 a.C.) foi o mais excêntrico dos pré-socráticos. Acreditava que tudo podia ser reduzido a relações matemáticas. Talvez o mais brilhante filósofo ante- rior a Sócrates, é conhecido não apenas por introduzir a “demonstração” em matemática, ou seja, “[...] estabelecer uma verdade incontestável por meio da mera força da razão”, mas também por ter criado uma instituição que se aproximava, e muito, de uma religião organizada: a Irmandade Pitagórica. A Irmandade Pitagórica, fundada em 532 a.C. na cidade de Samos, foi tão conhecida quanto seu mestre e fundador. Seus membros viviam sobre um rígido sistema de regras e um severo código ético. Suas regras proibiam muitas atividades, como caminhar pelas estradas ou comer determinados cereais. Umas das crenças mais difundidas pela Irmandade Pitagórica era a de que a ordem, a forma e a figura são qualidades do bem, enquanto a desordem, a escuridão e a indefi- nição são ruins. Ideia essa encontrada em diversas passagens da mitologia grega, que 34 UNIDADE I - Filosofi a da Educação considerava de forma geral, ruim tudo aquilo que não pudesse ser explicado racionalmente. “Todas as coisas são feitas de números”. A obsessão de Pitágoras com os números o levou a formular proposições básicas da matemática e da geometria que continuam em uso até hoje. Segundo Aristóteles, os pitagóricos sustentavam que “[...] o número é a essência de todas as coisas e a organização do universo, em geral, é um sistema harmonioso de números e relações numéricas” (ARISTÓTELES, apud CHAUÍ, 2004, p.67). Ao defender que o princípio universal de todas as coisas é o número, Pitágoras inova, pois a essência de todas as coisas não pode mais ser percebida pelos sentidos, como o ar ou água, tão importante para os filósofos de Mileto. O elemento essencial passa a ser um elemento do pensamento. Brilhante pensador da antiguidade, Pitágoras fez descobertas em diversos campos. Na música, por exemplo, descobriu que o som de uma corda dependia de seu comprimento. Fez inúmeras descobertas na matemática e geometria, podendo-se destacar o teorema que leva seu nome: Em um triângulo retângulo a soma dos quadrados das medidas dos catetos é igual ao quadrado da medida da hipotenusa. O Teorema de Pitágoras, com seus mais de 2500 anos, continua sendo ensinado até hoje. Mas, no campo filosófico, sua principal inovação foi, sem dúvidas, uma interpretação do 35 UNIDADE I - Filosofi a da Educação mundo e da vida humana a partir da ideia do número, que é abstrata, ordenada e harmô- nica. Essa compreensão de mundo rompe com a ideia de movimento e transformação, características do pensamento grego de sua época. Escola Eleática É assim chamada por serem seus membros oriundos de Eléia, pequena cidade localizada onde atualmente é o sul da Itália4. Seu principal expoente foi Parmênides (540-450 a.C.). Dentre todos os pré-socráticos, a filosofia de Parmênides foi a que mais recebeu atenção dos acadêmicos modernos. Ele considerava a realidade como indivisível e infinita. Não poderia haver uma estrutura permanente neste mundo, pois significaria que existe algo forade tal estrutura. O mundo seria uma só coisa, e não objetos separados interco- nectados. Isso implica que mudanças não poderiam ocorrer, pois seria contraditório com sua noção de mundo indivisível. Há de se ressaltar que os membros da Escola Eleática eram oriundos da camada média da sociedade grega, e sua filosofia, de certa forma, justificava a estrutura social da época. 4 Hoje pertencente à Itália, atualmente é chamada Vélia. 36 UNIDADE I - Filosofi a da Educação Parmênides fundamenta uma distinção entre a opinião e a verdade. A opinião nunca expres- saria, totalmente, a realidade, pois era enganosa, uma vez que é vinculada às aparências. Outro importante pensador da Escola Eleática foi Zenão (489-430 a.C.). Discípulo de Parmênides, Zenão continua a ideia do mestre, ao defender que o movimento como um modo de mudança e transformação é ilusão. O movimento percebido no mundo dos sentidos é ilusório e ininteligível, uma “ilusão dos sentidos”. Encerramos aqui, este resumo sobre os filósofos pré-socráticos. Para Omnès (1996, p.29) são muitos os exemplos de “[...] iluminações espantosas nos pensadores pré- socráticos, não raro, misturadas a ideias manifestamente errôneas”. Entretanto, o passo decisivo dado por esses filósofos, particularmente os pitagóricos, foi inaugurar o “intelec- tualismo que iria impregnar o pensamento grego” (OMNÈS, 1996, p.29). Podemos resumir a educação grega deste período pelos exemplos de Atenas e Esparta. Como em todos os lugares e em todas as épocas, a educação nessas cidades come- çava pelo aprendizado dos valores pelos adolescentes, privilegiando-se os ensinamentos que favoreciam o fortalecimento do corpo e a formação do caráter, sempre considerando os heroicos atos dos personagens de Homero. De um modo geral, segundo Carvalho (2005), eram três as disciplinas de ensino: a gramática que era constituída por três habilidades, ler, escrever e contar – fazer contas de somar, subtrair, multiplicar e dividir; a 37 UNIDADE I - Filosofi a da Educação música (tocar flauta, cítara e cantar) e a ginástica, que consistia na prática do pentlato (luta corporal, corrida, salto em distância, arremesso de disco e arremesso de dardos). Apesar de terem os mesmos princípios, a filosofia da educação em Esparta e em Atenas não era a mesma. Em Esparta a ênfase era no físico em detrimento do conhecimento e assim, a formação intelectual dos espartanos se resumia a uma iniciação musical e ao conhecimento dos poemas homéricos. Em Atenas, não se descuidava do corpo, porém, primava-se pela “educação do espírito”, embora a educação física fosse “vigiada de perto” pelo Estado e a formação intelectual tivesse um caráter mais particular (CARVALHO, 2005, p.41). A partir da idade dos sete anos, um pedagogo conduzia a criança, alternadamente ao ginásio, à escola de gramática ou à escola de música. O gramático, na verdade, ensinava ao ar livre, nas ruas e nas praças; ensinava a ler e a escrever e, ao mesmo tempo, com base nos textos de Homero, colocava o aluno em contato com a mitologia; ou seja, o livro texto consistia de “recortes” da Ilíada e da Odisséia (CARVALHO, 2005, p.41). Apesar de continuar a dar especial atenção à educação musical, a educação susten- tada na mitologia grega começa a mudar de trajetória com Platão, que influenciado por Sócrates, preconizava ser o conhecimento a fonte da realização e emancipação do ho- mem. Para estudarmos o pensamento e a contribuição de Platão á educação grega, precisamos conhecer Sócrates, o que implica em estudar anteriormente, os sofistas. 38 UNIDADE I - Filosofi a da Educação Os Sofistas Sabemos pouco sobre os sofistas. Quase nenhuma obra sofista chegou até nós, e o que sabemos sobre eles, conhecemos pelas obras de seus maiores detratores, como Platão e Aristóteles – que, comumente, os classificavam como impostores, mentirosos, charlatães e demagogos. Porém, estudos atuais têm apontado os sofistas como os “fundadores da pedagogia democrática”, mestres na arte de educar os cidadãos. Não se apresentavam como fi- lósofos, e sim como professores de técnicas. Eles ensinavam técnicas diversas, e todo sofista era perito em uma ou mais técnicas. Todavia, havia uma técnica na qual todos os sofistas eram especialistas, e que era fun- damental para uma sociedade como a ateniense: a oratória. Em uma sociedade em que a política, a defesa dos direitos pessoais de cada cidadão era feita pessoalmente (os advogados só surgiriam com o Direito Romano), e a política ocorria de maneira direta e participativa, o domínio da arte da palavra, e a capacidade de persuadir os demais era primordial. Assim, as conferências realizadas pelos sofistas eram muito concorridas, atraindo multidões. [...] os sofistas concentravam suas atenções nos problemas humanos, principalmen- te nos que diziam respeito às relações entre o homem e o Estado. Esse humanismo, 39 UNIDADE I - Filosofi a da Educação entretanto, nada tinha de especulativo. Revestia-se, antes, de um caráter eminentemente prático, pois visava à educação para o êxito político sem maiores preocupações com os meios a serem usados (GIORDANI, 1984, p.352). Mas, por que os sofistas tiveram tantos adversários, a ponto de sofisma adquirir um ca- ráter pejorativo5? Em primeiro lugar, por que os sofistas eram “professores profissionais”. Eles cobra- vam por seus ensinamentos. Ao ensinar um cidadão a defender seu ponto de vista – qualquer que seja – e a persuadir os demais sobre esse ponto de vista, os sofistas mostravam-se afastados da verdade. Não lhes interessava a verdade, e sim quem pudesse pagar pelos seus serviços. Essa era a principal crítica de filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles. Em segundo lugar, a aristocracia ateniense via com maus olhos os estrangeiros (a maior parte dos sofistas era natural da Jônia e da Magna Grécia) que queriam ensinar as pes- soas a serem cidadãos atenienses. Para os aristocratas, a virtude do cidadão é inata. Assim, ser cidadão é algo que se é “por natureza”. Os sofistas mais famosos foram Protágoras de Abdera (481-411 a.C.) e Górgias de Leontini (484-375 a.C.). 5 Sofisma, segundo o Dicionário Silveira Bueno, significa: “Argumento falso ou raciocínio defeituoso intencionalmente feito para induzir em erro”. 40 UNIDADE I - Filosofi a da Educação Período Socrático Antes de iniciarmos o debate acerca da vida e obra de Sócrates, faz-se necessário um breve resumo sobre as transformações da sociedade grega – e, mais especificamente, ateniense – neste período que abordaremos a partir de agora, com Sócrates, Platão e Aristóteles. Ou seja, os séculos V e IV a.C. A primeira transformação de que trataremos é o deslocamento geográfico-político da filo- sofia. Há que se ressaltar que a filosofia grega surgiu nas colônias da Ásia Menor (próximo à Turquia atual), em cidades como Mileto, Halicarnasso, Éfeso, Samos, e também nas colônias gregas da região chamada Magna Grécia (atual sul da Itália), em cidades como Eléia e Agrigento. No século V a.C., há um deslocamento da filosofia para a Grécia conti- nental e, mais precisamente, para Atenas (na região da Ática), que passará a destacar-se como a mais poderosa – e mais influente – cidade de toda a Grécia. Tal deslocamento ocorre, sobretudo, devido à vitória grega na guerra contra os persas, as chamadas Guerras Médicas6. A decisão ateniense de tentar decidir a guerra pelo mar (enquanto os espartanos acreditavam em uma decisão em batalhas terrestres) acabou sendo crucial para a vitória grega. Atenas destacou-se no conflito e, com o fim da guerra – após a célebre Batalha de Salamina – , tornou-se a mais próspera, poderosa e influente 6 As Guerras Médicas foram os confrontos entre
Compartilhar