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GESTÃO_ESTRATÉGICA_PESSOAS_Módulo_1.pdf Módulo Gestão Estratégica de Pessoas1 Gestão estratégica de pessoas e planos de carreira © Enap, 2015 Enap - Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Comunicação e Pesquisa SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Telefone: (61) 2020 3096 - Fax: (61) 2020 3178 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Presidente Gleisson Rubin Diretor de Desenvolvimento Gerencial Paulo Marques Coordenadora-Geral de Educação a Distância Natália Teles da Mota Teixeira Conteudista Rosane Schikmann (2006) Diagramação realizada no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB/CDT/Laboratório Latitude e Enap. SUMÁRIO Objetivos do Módulo .......................................................................................................... 5 1. Missão, Visão e Valores .................................................................................................. 5 2. Planejamento Estratégico na Organização ....................................................................... 8 2.1. Análise Ambiental ........................................................................................................ 9 3. Gestão de Pessoas .......................................................................................................... 9 4. Gestão Estratégica de Pessoas ...................................................................................... 11 5. Planejamento da Força de Trabalho .............................................................................. 15 6. Planejamento Estratégico no Contexto da Administração Pública ................................. 15 7. A Criativa Gestão Estratégica de Pessoas na Administração Pública ............................... 16 5 Objetivos do Módulo Ao final deste módulo, espera-se que você seja capaz de: • Definir missão, visão e valores organizacionais, considerando a importância destes conceitos para as organizações. • Explicar o que é planejamento estratégico, descrevendo sua função e benefícios que gera para as organizações. • Justificar a necessidade e a importância da análise ambiental no planejamento estratégico. • Explicar as especificidades do planejamento estratégico no contexto da administração pública, considerando seus desafios. • Conceituar planejamento da força de trabalho, apresentando seu objetivo. • Descrever a função da área de recursos humanos em uma organização, apontando os procedimentos e requisitos essenciais para implantação da gestão estratégica de pessoas. • Defender a importância das pessoas, bem como de sua qualificação para a concretização do planejamento estratégico. 1. Missão, Visão e Valores A gestão de pessoas deve ser resultado natural, definido pelas condições, características, diretrizes e políticas emanadas da organização e, por essa razão, é necessário conhecê-la de forma profunda e abrangente. A identificação de uma organização se faz, não só por meio de sua estrutura e de sua forma de funcionar, mas também pela correta compreensão quanto à sua Missão, Visão e Valores. Passaremos então a apresentar a conceituação desses elementos identificadores da organização. Missão É a razão de ser de uma organização. Serve de critério básico para orientar a tomada de decisão, apoiar a escolha de estratégias e a definição de objetivos. Módulo Gestão Estratégica de Pessoas1 A declaração da Missão deverá incluir informações que respondam questões como: • Quem somos? • Qual é a razão de existir da organização? • O que garante a materialização de nossa razão de ser? • O que nos diferencia das demais organizações? • Como respondemos ao ambiente no qual estamos inseridos? • Qual é nossa cultura? Visão Traduz as expectativas da organização para o futuro, isto é, o que a organização pretende tornar-se. Para definir a Visão de uma organização deve-se responder a questões como: • Como desejamos que a organização seja vista e reconhecida? • Qual o posicionamento desejado para a organização? Valores Indicam como a organização pretende atuar e quais as atitudes básicas esperadas das pessoas que nela atuam. Os Valores são materializados por posturas adotadas e conferem coerência, integração e unidade à organização. • Ética • Transparência • Equidade • Liberdade • Humanismo • Diversidade/Pluralidade • Companheirismo • Solidariedade • Democracia • Qualidade de Vida • Generosidade • Lealdade • Fidelidade • Cidadania Para efeito deste curso adotaremos as seguintes definições: Missão - declaração sobre a razão de ser de uma organização. Visão - tradução da expectativa da organização em relação a seu futuro. Valores - conjunto de ideias que representam as crenças e convicções da organização em termos de comportamentos e posturas. 7 EXEMPLOS DE MISSÃO, VISÃO E VALORES 1) Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos Missão: Facilitar as relações pessoais e empresariais mediante a oferta de serviços de correios com ética, competitividade, lucratividade e responsabilidade social. Visão: Ser reconhecida pela excelência e inovação na prestação de serviços de correios. Valores: • Satisfação dos Clientes. • Respeito aos Empregados. • Ética nos Relacionamentos. • Competência Profissional. • Compromisso com as • Diretrizes Governamentais. • Responsabilidade Social. • Excelência Empresarial. 2) Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM Missão: Gerir o patrimônio mineral brasileiro, de forma social, ambiental e economicamente sustentável, utilizando instrumentos de regulação em benefício da sociedade. Visão: Ser reconhecido pela sociedade como uma instituição de excelência capaz de gerir o patrimônio mineral de forma sustentável no interesse da nação. Valores: • Ética. • Continuidade administrativa. • Imparcialidade. • Criatividade. • Iniciativa. • Conhecimento como base para decisão. • Lealdade à função de estado que exerce. • Eficiência e eficácia. • Excelência naquilo que faz. • Transparência. • Responsabilidade social. • Compromisso social. • Credibilidade. • Valorização do servidor. Por que conhecer a Missão, a Visão e os Valores da organização? • Esse conjunto compõe uma base fundamental. Confere à organização as principais condições e características para programar sua efetiva atuação, definir políticas e diretrizes, os caminhos a seguir e a forma de trilhá-los. • Cada área da organização deverá orientar-se por esta base para definir suas próprias missões e visões que deverão, obrigatoriamente, estar vinculadas com aquelas da organização, dentro dos valores enunciados e adotados por ela. • Esse desdobramento de missão e visão por área, em consonância com a Missão e a Visão maiores da organização, possibilita às pessoas compreenderem melhor seus papéis e suas obrigações na organização. 8 As pessoas na organização Neste contexto inserem-se as pessoas na organização: Toda a atuação da organização somente se materializa por meio das ações das pessoas que a compõem. Assim, as pessoas são as responsáveis últimas pela implementação das políticas e diretrizes definidas pela organização por meio da execução das atividades que materializarão a missão e a visão dentro dos valores e padrões estabelecidos. Cultura organizacional Juntamente com as políticas e diretrizes, as pessoas conferem um caráter único e exclusivo à organização. Cada um traz sua carga pessoal, tanto em termos profissionais como psicológicos e sociais. A cultura organizacional recebe influência desses elementos individuais que formarão características peculiares da organização. Não está desvinculada da realidade porque se configura com base nas diretrizes e políticas definidas e que, por sua vez, se basearam na Missão, Visão e Valores. 2. Planejamento Estratégico na Organização O planejamento estratégico é a base para a definição e organização das ações a serem implementadas, visando cumprir a missão por meio da concretização da visão, em conformidade com os valores organizacionais. Por iniciativa da alta direção da organização, o planejamento estratégico possibilita a integração dos diversos níveis organizacionais. Cria um entendimento e uma percepção comum dos objetivos a serem alcançados e dos mecanismos a serem adotados para a consecução da missão e da visão da organização. Por meio desse planejamento também é possível estabelecer: • A definição das estratégias e metas. • A priorização das ações. • A definição dos recursos necessários e a alocação deles. • A delimitação da área de atuação da organização. Por que elaborar o planejamento estratégico? O Planejamento Estratégico beneficia a organização pois: • Possibilita uma visão de conjunto. • Estimula a melhoria da comunicação. • Possibilita o direcionamento de todos os envolvidos na organização. • Estimula a delegação de responsabilidades. • Refina a percepção da organização em relação a seu ambiente interno e externo. • Promove a conscientização coletiva. • Agiliza a tomada de decisão. 9 Segundo Peter Drucker, “o planejamento deve possibilitar a visão das implicações futuras das decisões tomadas no presente.” Embora o Planejamento Estratégico tenha o patrocínio da alta direção, ele é um recurso a ser assimilado e utilizado pela organização como um todo. Para garantir esse envolvimento, a alta direção precisa: • Demonstrar sua firme decisão em utilizá-lo como ferramenta imprescindível para o apoio a suas definições estratégicas e consecução de seus objetivos. • Criar um clima favorável para sua utilização, conscientizando todos os níveis organizacionais de sua necessidade e benefícios. • Informar, com transparência, como o processo de planejamento ocorrerá. • Oferecer todos os dados necessários e garantir a participação de todos de uma forma estruturada e organizada. 2.1. Análise Ambiental Para definir as ações a serem realizadas no Planejamento Estratégico, é necessário que a organização identifique e descreva as condições externas do ambiente em que ela se insere (fatores externos) e as condições internas de resposta a ele (fatores internos). Análise Ambiental é a análise desse conjunto de fatores externos e internos. Por que fazer a análise ambiental? A análise ambiental: • Identifica as pressões e tendências do mercado, permitindo a construção de cenários para a tomada de decisão. • Oferece uma visão abrangente dos pontos fortes e dos pontos fracos da organização, das oportunidades e ameaças presentes no ambiente em que está inserida. • Favorece a definição de ações que a levarão a explorar as oportunidades e reduzir ou eliminar as ameaças por meio de seu fortalecimento interno. 3. Gestão de Pessoas As pessoas e a missão da organização Os recursos humanos constituem um dos vetores mais importantes e necessários para que a organização desempenhe com êxito as ações para concretizar sua missão e visão. São as pessoas da organização que lidam diretamente com a missão e visão estabelecidas, materializando-as e criando as condições para sua operacionalização. O simples conhecimento da missão organizacional não garante que ela seja concretizada. 10 Outros pontos devem ser ressaltados: • É necessário que as pessoas que trabalham na organização direcionem seus esforços para alcançá-la. É a atuação conjunta da alta direção com os funcionários em todos os níveis organizacionais que torna exequível a missão da organização. Todos são responsáveis por seu sucesso. • Quanto mais alinhado com os objetivos organizacionais estiver o quadro de pessoal, mais condições e possibilidades de sucesso terá a organização. Quanto ao planejamento estratégico É necessário que esteja bem definido e explicitado. Cada pessoa da organização deve compreender o seu papel, sua posição e importância para o alcance dos objetivos organizacionais. Cada meta e cada objetivo da organização devem ser desdobrados em metas e objetivos de nível individual. A qualificação das pessoas As organizações estão percebendo que as pessoas e seu grau de comprometimento com os objetivos da organização são os meios mais importantes de agregação de valor e de diferenciação para a organização. Atenção voltada à qualificação das pessoas As organizações têm dedicado maior atenção e investimentos aos recursos humanos, principalmente no que se refere aos seguintes aspectos: • Adequação do perfil das pessoas às atividades que realizam. • Desenvolvimento profissional e pessoal. • Construção de suas carreiras. • Formas de remuneração. O investimento em recursos humanos reflete a intenção da organização em obter um quadro de pessoal cada vez mais qualificado, motivado e adequado às necessidades da organização, aumentando as possibilidades da consecução de sua missão e da concretização de sua visão. A gestão de pessoas em contexto de mudança contínua As necessidades da organização variam no decorrer de sua existência, por conta das mudanças que vêm ocorrendo cada vez de forma mais intensa no contexto das organizações. Para as organizações, o grande desafio do terceiro milênio é garantir sua sobrevivência, por meio de todas as formas de atualização e modernização. Isto deve acontecer para acompanhar as mudanças, que vêm ocorrendo cada vez mais velozes e imprevisíveis, nas mais diversas áreas de conhecimento e de atuação, incluindo entre outras, as ciências, a tecnologia, a economia e a política. 11 Mudança contínua, um desafio para a administração pública Acompanhar as mudanças é um desafio, sem precedentes, às formas tradicionais e convencionais de atuar e solucionar as questões dos diversos ramos de atividades das organizações. No caso da administração pública é um desafio especialmente no que se refere ao atendimento das necessidades do cliente-cidadão. Entre os fatores determinantes e as variáveis que o setor público deve levar em conta destacam-se: • As políticas de governo. • O contexto global e local. • Os tipos e volume das demandas. • O novo perfil do cliente-cidadão, que exige maior eficiência e eficácia do serviço público. Por que o contexto de mudanças interfere na gestão de pessoas? A organização sofre impactos de: • Políticas de governo. • Contexto global e local. • Demandas. • Exigências do cliente. A organização é composta de pessoas. As pessoas sofrem impactos das mudanças. As pessoas buscam novas formas de atuar e desenvolvem novas competências. Novas competências devem ser compatíveis com objetivos de organização. A organização se atualiza e evolui. 4. Gestão Estratégica de Pessoas PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO + GESTÃO DE PESSOAS = GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS Como o planejamento estratégico é um processo dinâmico e contínuo, em que os objetivos são definidos com base na missão e na visão da organização, a gestão estratégica de pessoas representa a adequação das políticas e práticas de recursos humanos a esses objetivos estratégicos. A função recursos humanos em uma organização tem um papel estratégico É ela que realizará a compatibilização entre os objetivos estratégicos da organização e as políticas e práticas de recursos humanos. Requisitos essenciais para implantação da gestão estratégica de pessoas: • A participação intensa da alta direção da área de recursos humanos no processo de análise dos impactos dos objetivos estratégicos na gestão das pessoas. • A clara explicitação da Missão, Visão e dos Valores da organização. • A elaboração de um planejamento estratégico que defina com clareza os objetivos organizacionais baseados na missão, visão e valores da organização. 12 Esses requisitos são fundamentais para promover um efetivo entendimento e uma identificação dos indivíduos com a organização, propiciando seu envolvimento e comprometimento com os objetivos organizacionais. Esse comprometimento será consolidado também por meio de: • Adequação e coerência das políticas e práticas de recursos humanos aos objetivos estratégicos da organização. • Inclusão dos demais níveis da organização no processo de construção das ações para a realização da missão e da visão. Outro requisito essencial é aquele relativo às competências: • Dotar a organização das competências necessárias para atingir os objetivos estratégicos definidos. • É a combinação das competências existentes no nível do indivíduo e, por consequência, também no nível da organização, que forma um conjunto exclusivo adequado a um determinado contexto organizacional. Como a organização está inserida em um ambiente de constantes mudanças deve preparar seu corpo funcional de modo que consiga desenvolver novas competências de acordo com as necessidades apresentadas. A aquisição de novas competências pela organização pode se dar por meio da educação formal tradicional, pela capacitação, pelo ensino a distância ou ainda pela troca de experiências e conhecimentos entre os indivíduos que com isso potencializarão o conjunto de competências do quadro de pessoal. Além disso, o aprendizado se dá também pela participação de todos os indivíduos da organização na implementação das políticas e estratégias e, principalmente, na análise e avaliação de seus resultados. Essa análise permite a identificação de desvios e necessidades de ajustes de modo a corrigir as rotas que levam à efetivação da missão organizacional. O enriquecimento da organização, em termos de conhecimento nela contido, dá-se por meio da existência de canais eficientes e eficazes de comunicação, que possibilitem a interação e integração contínua e permanente das pessoas. A preparação da organização para enfrentar as mudanças contínuas que se apresentam deve se basear tanto na Educação, em qualquer modalidade, como na Comunicação, pois é por meio dela que os indivíduos podem estabelecer as ricas trocas de conhecimentos. Nas organizações em geral, notadamente nas de prestação de serviço, e em especial nas da administração pública, é fundamental incluir a Qualidade como um fator determinante de sucesso. Esse tipo de organização deve ter muito claro o foco no cliente-cidadão e no atendimento às suas necessidades, com eficiência, eficácia e efetividade. Assim, Educação, Comunicação e Qualidade são fatores que possibilitam o desenvolvimento profissional dos indivíduos na organização para que eles possam enfrentar as mudanças que ocorrerem. 13 Cabe lembrar que, além dos recursos humanos, os recursos físicos e tecnológicos também devem acompanhar as mudanças com vistas a atualizar e modernizar a organização de forma completa e abrangente. A gestão estratégica de pessoas exigirá muito mais do que apenas o planejamento e controle da força de trabalho. Ela deve desenvolver mecanismos que garantam o Compromisso, o Envolvimento e a Motivação das pessoas que atuam na organização. Esses fatores juntamente com a Educação, a Comunicação e a Qualidade formam a base estrutural da Gestão Estratégica das Pessoas. A figura a seguir ilustra essa condição: Fonte: Maurício, Eliana Moreira dos Santos. A gestão de pessoas em um ambiente de mudança organizacional e competitividade. Revista de Administração. São Paulo, v 33, n. 2, 1998, p. 90-94. Com base no modelo exposto na tela anterior, as organizações poderão desenvolver e adotar diversas estratégias de recursos humanos para conseguir estabelecer os relacionamentos apropriados entre missão, visão, valores, resultados pretendidos e as formas de atingi-los. Algumas das estratégias poderão ser adotadas isoladamente e outras terão seus melhores resultados quando aplicadas em conjunto. Apresentamos a seguir seis estratégias de recursos humanos identificadas por Tompkins que apoiam a gestão estratégica de pessoas: 14 Estratégia Valor Básico Resultado Esperado 1 Redução de custos: definir valores remuneratórios no nível ou abaixo do nível de mercado, utilizar trabalho temporário e contratos quando possível, reduzir programas de benefícios. Economia Alocação eficiente de pessoas 2 Gestão de resultados: definir objetivos mensuráveis para os servidores e premiá-los de acordo com o desempenho. Produtividade Resultados associados à missão 3 Comprometimento: oferecer autonomia no trabalho, autoridade para tomada de decisão e a responsabilidade por uma atividade completa para indivíduos ou grupos. Empowerment Sucesso da organização está relacionado com sucesso pessoal 4 Retenção: oferecer condições de trabalho, tais como pacotes de benefícios, salários acima do valor de mercado, ambiente de trabalho agradável. Satisfação das necessidades Satisfação no trabalho 5 Investimento: aumentar a competência individual investindo em treinamento e desenvolvimento. Desenvolvimento Adaptabilidade da organização 6 Coesão: estabelecer laços sociais fortes por meio de atividades de comunicação e recreação e apoiar o desenvolvimento de relações abertas e de confiança entre servidores e dirigentes. Confiança Relações cooperativas Fonte: Tompkins, J Strategic human resources management in government: unresolved issues. Public Personnel Management, v. 31, n.1, 2002, Chicago: International Personnel Management Association. O quadro visto anteriormente mostra, na coluna ‘Valor básico’, os aspectos mais relevantes de cada uma dessas estratégias: economia, produtividade, Empowerment, satisfação das necessidades, desenvolvimento e confiança. Uma vez que esses valores básicos guardam uma relação de complementaridade, percebe-se que, embora as estratégias possam ser tratadas e aplicadas separadamente, é a combinação desses valores básicos que potencializa os resultados. A adoção de estratégias para a obtenção dos resultados esperados depende da utilização de instrumentos que apoiam a gestão estratégica de pessoas. Um desses instrumentos é o Planejamento da Força de Trabalho que descreveremos a seguir. 15 5. Planejamento da Força de Trabalho Processo contínuo e sistemático por meio do qual a organização avalia suas necessidades atuais e futuras relativas a seus recursos humanos em termos de perfil, composição e quantidade. Além disso, ao longo do processo são definidas as ações que corresponderão às necessidades identificadas. O Planejamento da Força de Trabalho é um processo dinâmico que deve acompanhar as mudanças que forem ocorrendo na organização, decorrentes das alterações em sua missão e visão. Seu objetivo pode ser assim definido: “Conseguir um quadro de pessoal, na quantidade e com as competências adequadas para a correta realização das atividades em momento e local oportunos”. O planejamento da força de trabalho pressupõe o conhecimento do cenário esperado para o futuro e dos perfis do quadro de pessoal existente. Com base nesses conhecimentos será possível identificar as lacunas entre a situação atual e a desejada para o futuro. Com isso a organização poderá definir e realizar as ações para preencher essas lacunas de modo a alcançar uma situação adequada para o quadro de pessoal que seja compatível com o cenário identificado para o futuro. Aspectos considerados para a elaboração do planejamento da força de trabalho: • Mudanças nos processos e fluxos de trabalho. • Necessidade de novas competências do quadro de pessoal. • Estratégias para aquisição dessas novas habilidades. • Mecanismos de retenção do quadro de pessoal e incentivos para o seu desenvolvimento profissional. • Questões legais que podem influir ou impedir a implementação das ações definidas. Os aspectos citados indicam a necessidade de outros instrumentos como a Avaliação de Desempenho e a Capacitação, que suprem as necessidades de adequação do perfil do quadro de pessoal às competências e à verificação do alcance dos resultados esperados. Esses dois instrumentos têm estreita ligação com a Gestão por Competências e os três temas serão abordados no Módulo III - “Conceitos e Princípios sobre Carreira e Remuneração”. 6. Planejamento Estratégico no Contexto da Administração Pública Os órgãos da administração pública se baseiam nas diretrizes de Governo para estabelecer seu próprio planejamento estratégico, definidor de suas diretrizes que orientarão suas ações com vistas aos resultados pretendidos. A definição da missão, da visão e dos valores de cada órgão deverá estar obrigatoriamente alinhada com as diretrizes do Governo. A relação dos órgãos com o Governo pode ser comparada com aquela das unidades de uma empresa com sua alta direção. Os níveis mais altos de direção são os definidores das diretrizes fundamentais a serem seguidas nos demais níveis organizacionais. 16 As diretrizes das unidades da organização, tanto públicas como privadas, serão desdobramentos das diretrizes da alta direção. As ações a serem implementadas serão definidas com base nesse direcionamento. A condição essencial para que uma organização alcance seus objetivos é o alinhamento das unidades que a compõem com as definições do mais alto nível organizacional. Dessa forma, para enunciar sua Missão, Visão e Valores, bem como o seu Planejamento Estratégico, as Organizações Públicas devem ter como norte as diretrizes do Governo. Como exemplo hipotético construiremos a Missão, a Visão e os Valores da Unidade Central de Recursos Humanos da Administração Pública Federal: Missão, visão e valores da unidade central de recursos humanos da Administração pública federal Missão - Desenvolver constantemente nossos recursos humanos para obter uma força de trabalho capacitada e atualizada para responder às mudanças que ocorrerem ao longo do tempo e cumprir os objetivos definidos, recompensando adequadamente o quadro de pessoal e garantindo sua motivação. Visão - Ser reconhecida, num prazo de cinco anos, como um órgão que colabora de forma efetiva para a eficiência e eficácia dos demais órgãos do Governo Federal. Valores - Os valores essenciais da Unidade Central de Recursos Humanos da Administração Pública Federal são: • Ética. • Transparência. • Equidade. • Qualidade de Vida. • Cidadania. • Humanismo. • Melhoria contínua. • Valorização do corpo funcional. 7. A Criativa Gestão Estratégica de Pessoas na Administração Pública Apesar de as organizações da Administração Pública fazerem parte do Estado, cuja natureza é permanente, elas estão submetidas às contínuas transformações por conta das mudanças de governo. Essa situação representa uma tensão antagônica que se reflete na forma de gerir os recursos humanos. Por maior que seja o alinhamento do quadro de pessoal, a mudança de governo pode provocar um desalinhamento difícil de superar. O desafio é, por um lado, manter a estabilidade da organização e, por outro, conviver com a mudança. Essa condição implica desenvolver estratégias de recursos humanos que permitam dotá-los de maior flexibilidade para que se possa constituir organizações públicas coerentes e permanentes, sem contudo perder de vista as necessidades e possibilidades de mudança. 17 Essas peculiaridades da Administração Pública exigem uma boa dose de criatividade das pessoas envolvidas com as atividades de recursos humanos. Uma vez que nem sempre é possível recrutar e contratar novos servidores, é necessário utilizar instrumentos como o treinamento e a capacitação para conseguir formar os perfis de competências apropriadas para responder às necessidades da organização. Além disso, como os recursos financeiros nem sempre são suficientes para suprir os investimentos em capacitação e treinamento, também é necessário definir formas criativas e não convencionais de promover o desenvolvimento do quadro de pessoal. Entre essas formas estão a rotação de tarefas e a disseminação do conhecimento por meio da utilização de multiplicadores. Um determinado órgão público poderá formar seus multiplicadores com pessoal interno ou mesmo pertencente a outros órgãos públicos, que possuam em seu quadro pessoas com o perfil e as competências desejadas. Se considerarmos que as organizações da Administração Pública não atuam em um ambiente competitivo semelhante ao das empresas privadas, poderíamos pensar que não é necessário que elas busquem a eficiência. Entretanto, como o foco de atuação das organizações do setor público é a prestação do serviço ao cidadão-cliente, e como este se torna cada vez mais exigente, concluímos que o desenvolvimento permanente do quadro de pessoal é fator fundamental para o aperfeiçoamento do serviço prestado e da melhoria da eficiência, eficácia e efetividade - é esse o caminho para a legitimação da organização pelo cidadão-cliente. Por essas razões, a gestão de pessoas na Administração Pública deve ser a gestão mais estratégica dentre todas, e deve estar focada nas competências dos indivíduos necessárias a responder apropriadamente a uma dada situação organizacional. GESTÃO_ESTRATÉGICA_PESSOAS_Módulo_2.pdf Módulo Competências organizacionais e individuais2 Gestão estratégica de pessoas e planos de carreira © Enap, 2015 Enap - Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Comunicação e Pesquisa SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Telefone: (61) 2020 3096 - Fax: (61) 2020 3178 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Presidente Gleisson Rubin Diretor de Desenvolvimento Gerencial Paulo Marques Coordenadora-Geral de Educação a Distância Natália Teles da Mota Teixeira Diagramação realizada no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB/CDT/Laboratório Latitude e Enap. SUMÁRIO Objetivos do Módulo .......................................................................................................... 5 1. Conceituando Competência ........................................................................................... 5 2. Competências Individuais ............................................................................................... 6 2.1. Componentes das Competências ................................................................................. 9 2.2. Desenvolvimento de Competências ........................................................................... 11 3. Competências Organizacionais ...................................................................................... 12 3.1. Desdobramentos das Competências Organizacionais ................................................. 12 3.2. Competências no contexto da Administração Pública - competências para atender ao cidadão ............................................................................ 13 3.3. Competências do RH na Administração Pública .......................................................... 14 5 Objetivos do Módulo Ao final deste módulo, espera-se que você seja capaz de: • Resumir a evolução do conceito de competência, explicando sua definição e componentes. • Descrever competência individual de acordo com a definição adotada no curso, explicando e exemplificando seus componentes. • Descrever o conceito de competência organizacional, diferenciando competências essenciais e funcionais. • Discutir as competências necessárias para o profissional de RH na Administração Pública, identificando como elas devem ser mobilizadas. 1. Conceituando Competência Competências da Organização Para que uma organização realize ações definidas em seu planejamento estratégico e consiga alcançar os resultados previstos, ela e seus ocupantes precisam deter um conjunto de competências que a instrumentalizem para isso. Vamos, então, analisar e entender o que é competência e qual o seu significado no âmbito do trabalho e das organizações. Evolução do Conceito de Competência Nas décadas de 50 e 60 do século passado, quando se realizavam as análises da relação entre o desempenho no trabalho e os perfis das pessoas, consideravam-se o contexto social e familiar, as habilidades e atitudes separadamente do contexto do trabalho. Entretanto, estudiosos da época, como McClelland e Boyatzis, perceberam que essa não era uma forma adequada para avaliar essa relação e identificar as causas do desempenho superior no trabalho. Passou-se então a analisar o perfil profissional, considerando, simultaneamente, o seguinte conjunto de fatores: Conhecimentos, Educação, Habilidades, Desempenho no trabalho, Atitudes. Módulo Competências organizacionais e individuais2 Mais recentemente outros estudiosos, como Zarifian e Le Boterf, entenderam que não basta possuir qualificações e habilidades, mas é necessário que esses elementos possibilitem o alcance dos resultados pretendidos, traduzidos em algo que seja produzido e entregue. Além disso, Zarifian (1994) afirma que as mutações no conteúdo do trabalho são um dos fatores que participam da definição das competências necessárias para sua realização. Diz ainda que essas mutações podem ser condicionadas por imprevistos, que classificou como: Eventos, Comunicação e Serviço. • Eventos - revelam o caráter dinâmico e instável da situação de trabalho. O tratamento desses imprevistos é feito não só de forma individual, mas pela troca de experiências viabilizadas pelo fator seguinte: a Comunicação. • Comunicação - possibilita a construção de entendimentos recíprocos sobre as situações que se apresentam na realização do trabalho. • Serviço - refere-se ao que é realmente entregue como resultado do trabalho. Podemos, então, construir um conceito de competência Eventos, Comunicação e Serviço, por um lado, e Conhecimentos, Habilidades e Atitudes por outro, ao serem mobilizados de forma combinada, possibilitam a instrumentalização do indivíduo para a realização das atividades no trabalho e o alcance dos objetivos pretendidos. As Dimensões da Competência O conceito de competência pode ser entendido tanto na dimensão da organização como na do indivíduo. Organização - As competências individuais devem formar um conjunto que possibilite à organização conseguir realizar sua missão e sua visão conforme os valores estabelecidos. A composição desse conjunto varia muito de uma organização para outra, pois depende das diretrizes que cada uma delas estabelece, nas noções compartilhadas a respeito da organização e de seu ambiente que são coletivamente formados, e da cultura organizacional própria a cada uma delas. Indivíduo - Em situação de trabalho, as competências das pessoas deverão ser compatíveis com as da organização e com suas necessidades. Detalharemos, a seguir, essas duas dimensões de competência. 2. Competências Individuais De modo genérico, no nível do indivíduo, o termo competência significa qualificação para realizar alguma atividade ou tarefa. Quando dizemos que “tal pessoa tem competência para realizar uma determinada atividade ou tarefa”, na realidade, queremos dizer que ela detém conhecimentos e habilidades que possibilitam que ela a realize. 7 Assim, em primeira instância, podemos dizer que o conceito de competência está relacionado com conhecimentos e habilidades. Competência Individual no Trabalho Além dessa relação com as características do indivíduo, no contexto do trabalho o conceito de competência também se relaciona com os resultados obtidos pela realização de determinada atividade ou tarefa. Outras definições incluem também o comportamento como um elemento que define o desempenho competente. Alguns autores, como Parry (1996), vinculam a competência à realização de uma ou várias tarefas definidas para um cargo: “Competência é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que afetam a maior parte do trabalho de uma pessoa, e que se relacionam com o desempenho no trabalho podendo ser medida e comparada com padrões definidos e pode ser desenvolvida por meio de treinamento”. Segundo Fleury e Fleury (2000), “A noção de competência aparece associada a verbos como saber agir, mobilizar recursos, integrar saberes múltiplos e complexos, saber aprender, saber se engajar, assumir responsabilidades, ter visão estratégica. As competências devem agregar valor econômico para a organização e valor social para o indivíduo”. Competências como fonte de valor para o indivíduo e para a organização Coordenação Geral de Educação a Distância Gestão estratégica de pessoas e planos de carreira 24 medida e comparada com padrões definidos e pode ser desenvolvida por meio de treinamento”. Segundo Fleury e Fleury (2000), “A noção de competência aparece associada a verbos como saber agir, mobilizar recursos, integrar saberes múltiplos e complexos, saber aprender, saber se engajar, assumir responsabilidades, ter visão estratégica. As competências devem agregar valor econômico para a organização e valor social para o indivíduo”. Fleury e Fleury descrevem um elenco de saberes constituídos de conhecimentos, habilidades e atitudes que compõem as competências profissionais. Vamos, então, detalhar cada um desses saberes. COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS Saber agir − saber o que e por que fazer. − saber julgar, escolher, decidir. Saber mobilizar − saber mobilizar recursos humanos, financeiros e materiais, criando sinergia entre eles. Indivíduo Conhecimentos Habilidades Atitudes social • saber agir • saber mobilizar • saber transferir • saber aprender • saber engajar-se • saber ter visão estratégica • assumir responsabilidades Agregar valor Organização econômico Indivíduo Conhecimentos Habilidades Atitudes social • saber agir • saber mobilizar • saber transferir • saber aprender • saber engajar-se • saber ter visão estratégica • assumir responsabilidades Agregar valor Organização econômico Fonte: FLEURY, A., FLEURY, M.T. Estratégias empresariais e formação de competências. São Paulo: Atlas, 2000. Fleury e Fleury descrevem um elenco de saberes constituídos de conhecimentos, habilidades e atitudes que compõem as competências profissionais. Vamos, então, detalhar cada um desses saberes. 8 Competências Profissionais Saber agir - saber o que e por que fazer. - saber julgar, escolher, decidir. Saber mobilizar - saber mobilizar recursos humanos, financeiros e materiais, criando sinergia entre eles. Saber comunicar - compreender, processar, transmitir informações e conhecimentos, assegurando o entendimento da mensagem pelos outros. Saber aprender - trabalhar o conhecimento e a experiência. - rever modelos mentais. - saber desenvolver-se e propiciar desenvolvimento dos outros. Saber comprometer-se - saber engajar-se e comprometer-se com os objetivos da organização. Saber assumir responsabilidades - ser responsável, assumindo os riscos e as consequências de suas ações e ser, por isso, reconhecido. Ter visão estratégica - conhecer e entender o negócio da organização, seu ambiente, identificando oportunidades e alternativas. Fonte: FLEURY, A. FLEURY, M.T. Estratégias empresariais e formação de competências. São Paulo: Atlas, 2000. Com base nesse elenco de saberes que concorrem para a formação de uma competência e para efeito deste curso, consideraremos a seguinte definição de competência: “Competência é um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”. (Fleury e Fleury, 2000) Esse conceito está de acordo com a definição adotada quando da instituição da Política Nacional de Capacitação dos Servidores para a Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. “Competências: conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao desempenho das funções dos servidores visando o alcance dos objetivos da instituição”. Há mais um fator a ser destacado quando se fala em competência: a "capacidade de entrega". De nada adianta ser dotado de todos os requisitos necessários para a realização de uma atividade ou tarefa se eles não forem aplicados para prover os resultados desejados. Mais do que isso: se o indivíduo for portador de uma competência que não serve para a realização dos objetivos da organização, esta não a reconhecerá como algo valioso e não estará disposta a recompensá-lo pela competência. “Uma pessoa se desenvolve quando amplia sua capacidade de entrega” (Dutra, 2001) 9 2.1. Componentes das Competências Também para efeito deste curso, de forma simplificada e prática, consideraremos que as competências se compõem basicamente de: Conhecimentos, Habilidades e Atitudes. Vamos agora detalhar cada um desses elementos. Conhecimentos São os aprendizados que o profissional precisa incorporar para desempenhar o seu trabalho. Situam-se no âmbito cognitivo do desempenho e constituem-se no conjunto de informações específicas necessárias para desempenhar as tarefas no trabalho e solucionar problemas. São adquiridos pela educação formal, pelos treinamentos e pelas experiências no trabalho. Referem-se, portanto, à formação e à experiência e incluem: Normas, regras, padrões, conceitos, teorias, recursos, informações sobre o ambiente em que se insere a organização, dificuldades, riscos. Habilidades São as práticas a serem treinadas e adotadas pelo profissional para que ele possa executar seu trabalho de forma eficiente. Situam-se no âmbito operacional do desempenho do trabalho e se configuram por esquemas mentais, incluindo analogias, intuições, deduções e induções. Referem-se ao domínio do uso de instrumentos, rotinas e procedimentos específicos do dia a dia de trabalho, destreza no uso de ferramentas, capacidade de negociação e de comunicação. 10 São exemplos de habilidades: • Raciocínio matemático - utilizar recursos matemáticos com destreza para solucionar problemas dessa natureza. • Ouvir ativamente - dar atenção aos assuntos narrados por outros, entender os pontos abordados, realizar perguntas apropriadas, sem interromper o locutor. • Julgamento e tomada de decisão - considerar os custos e benefícios relativos às ações a serem tomadas para decidir qual ação será mais apropriada. • Capacidade analítica - desmembrar dados e informações e utilizar a lógica para equacionar problemas e dificuldades em diferentes situações. • Gerenciamento do tempo - utilizar com eficácia seu tempo e o dos outros. • Pensamento crítico - utilizar a lógica e a racionalidade para identificar forças e fraquezas de possíveis soluções alternativas, conclusões ou abordagens dos problemas. • Monitoria - acompanhar e avaliar o próprio desempenho ou o de outras pessoas ou mesmo da organização, com vistas à identificação de pontos a serem melhorados ou de ajustados. • Solução de problemas complexos - identificar problemas dessa natureza, estabelecer as possíveis relações entre as causas e definir alternativas de solução. • Comunicação verbal - externar suas ideias e informações de forma que outros entendam facilmente. • Comunicação escrita - redigir informações e ideias com clareza. • Argumentação lógica - aplicar regras a problemas específicos para obtenção de respostas de forma lógica. • Percepção rápida - comparar, rápida e apuradamente, números, objetos, figuras, etc., identificando semelhanças e diferenças. • Visualização - imaginar como as coisas serão depois de decididas ou quando as partes forem agregadas ou rearranjadas. • Atenção seletiva - concentrar-se na realização de uma tarefa. • Stamina - superar-se, em termos físicos, após longo período de tempo na realização de uma atividade. Atitudes São os modos pelos quais os valores, os princípios e as crenças são aplicados pelo profissional e expressos sob a forma de condutas no ambiente do trabalho. Posturas e comportamentos decorrentes de ideias, crenças e valores estabelecem os usos e costumes em um determinado ambiente de trabalho e, consequentemente, as formas de convivência profissional. São relacionadas com o grau de envolvimento e comprometimento das pessoas com os objetivos coletivos e referem-se à forma de ser e agir. São exemplos de atitudes: • Persistência - tenacidade para enfrentar obstáculos. • Iniciativa - antecipar-se na proposição de ideias e na realização de atividades, predispondo-se a assumir responsabilidades e desafios. • Cooperação - relacionar-se de forma a demonstrar a disposição de auxiliar os outros em diferentes situações. • Preocupação com outros - ser sensível às necessidades e aos sentimentos dos outros. 11 • Esforço - estabelecer e manter objetivos pessoais desafiadores, demonstrando disposição para aprimorar as tarefas. • Autocontrole - manter compostura, controlar emoções e evitar comportamento agressivo, mesmo em situações de dificuldade. • Tolerância ao stress - aceitar situações adversas e de tensão tratando-as com calma e eficiência. • Confiabilidade - ser responsável e cumpridor de suas obrigações e de seus compromissos. • Atenção aos detalhes - ser cuidadoso a respeito dos detalhes e meticuloso na realização das tarefas. • Integridade - atuar de forma honesta e ética. • Independência - desenvolver os próprios meios de fazer as coisas, guiando-se por si e com pouca ou nenhuma necessidade de supervisão. • Inovação - criatividade e pensamento alternativo para desenvolver novas ideias. 2.2. Desenvolvimento de Competências Segundo Le Boterf, o processo de desenvolvimento de uma competência varia conforme o tipo de competência considerada e sua respectiva função. Ele classifica as competências em cinco tipos diferentes e indica para cada um deles a sua respectiva função e a forma de desenvolvê-las, tanto pela educação formal quanto pela educação e experiência profissional e social. Outro fator importante é a educação continuada. No mundo contemporâneo, todo profissional deve participar de processos de atualização, reciclagem e treinamento em novas qualificações por meio de eventos de educação. Competências Individuais Tipo de Competência Função Como Desenvolver Conhecimento teórico Entendimento, interpretação. Educação formal e continuada. Conhecimento sobre os procedimentos Saber como proceder. Educação formal e experiência profissional. Conhecimento prático Saber como fazer. Educação profissional (cultura da empresa). Conhecimento social (cultura que o indivíduo é portador) Saber como se comportar (sociedade, família, trabalho). Educação social e profissional. Cognição Saber como lidar com a informação; saber como aprender. Educação formal e continuada, experiência social e profissional. Fonte: FLEURY, A. FLEURY, M.T. Estratégias empresariais e formação de competências. São Paulo: Atlas, 2000. 12 3. Competências Organizacionais Em nível de organização, o conceito de competência está relacionado à sua capacidade de mesclar, combinar e integrar recursos para produzir resultados. O conjunto das competências de uma organização confere-lhe caráter exclusivo e deve propiciar vantagem competitiva sustentável. As competências organizacionais podem ser classificadas em: • Competências Essenciais - são aquelas que diferenciam a organização perante seus pares e clientes e constituem a razão de sua sobrevivência. Por essa razão elas devem ser difíceis de imitar e devem oferecer benefícios a seus clientes. Essas competências devem estar presentes em todas as áreas e níveis da organização. • Competências Funcionais - são aquelas específicas para cada uma das áreas vitais da organização, como por exemplo, a criação, a produção e o planejamento. Elas são típicas de cada área e devem estar presentes em uma delas e nas pessoas que as compõem. 3.1. Desdobramentos das Competências Organizacionais As Competências Organizacionais desdobram-se em Competências Funcionais, correspondentes às funções específicas de cada área. Essas, por sua vez, desdobram-se em Competências Individuais que devem prover o conjunto de funções a serem realizadas por determinada área. Esse desdobramento indica uma estreita ligação entre as Competências Organizacionais e as Individuais e a consequente necessidade de alinhamento dos indivíduos com a Missão a Visão e os Valores da organização. 13 Conteúdos e categorias das competências Em termos de conteúdo das competências organizacionais, Zarifian (1999) classificou-as em cinco categorias: • Competências sobre processos - conhecimentos sobre o processo de trabalho. • Competências técnicas - conhecimentos específicos sobre o trabalho que deve ser realizado. • Competências sobre a organização - saber organizar os fluxos de trabalho. • Competências de serviço - aliar a competência técnica à reflexão sobre: qual o impacto que este produto ou serviço terá sobre o consumidor final?. • Competências sociais - autonomia, divisão de responsabilidades e comunicação. Os conteúdos das competências possuem diferentes relevâncias dependendo do tipo da organização. Para algumas, o essencial e relevante devem ser os processos de trabalho e os conhecimentos específicos sobre o trabalho, principalmente quando a produção depende de técnicas precisas de execução. Em outras organizações, principalmente as prestadoras de serviço que lidam diretamente com o público, as competências de serviço são essenciais. Há casos, como as organizações que atuam de modelo descentralizado, em que é essencial a adoção de mecanismos que garantam a atuação de forma simultaneamente autônoma e coordenada. Todas essas considerações e análises são importantes para se definir o conjunto de competências que uma organização necessita para alcançar seus objetivos e concretizar sua Missão. 3.2. Competências no contexto da Administração Pública - competências para atender ao cidadão Qualquer órgão público presta serviços ao cidadão - cliente, de forma direta ou indireta, e suas competências devem estar voltadas para a obtenção do máximo de eficiência, eficácia e efetividade. Assim, as competências devem garantir que os recursos necessários para a prestação dos serviços sejam utilizados da melhor forma possível (eficiência), que se obtenha o resultado desejado (eficácia) de modo que atenda às necessidades e expectativas do cliente-cidadão, satisfazendo-o de forma completa (efetividade). Os quadros de pessoal das organizações públicas devem ser compostos de indivíduos que possuam os conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para a prestação dos serviços públicos. Para isso, os profissionais de Recursos Humanos exercem papel fundamental. São eles que devem utilizar os mecanismos mais adequados para a alocação das pessoas, assim como para a identificação de necessidades de capacitação, reciclagem e treinamento com vistas à formação das competências individuais necessárias. 14 O Papel de Profissionais de Recursos Humanos Em outras palavras, são os profissionais de recursos humanos que oferecem o suporte necessário para a Gestão de Pessoas, por meio do estabelecimento dos critérios que dizem respeito a questões, tais como: • Planejamento da força de trabalho. • Implementação de ações de desenvolvimento profissional. • Criação de carreiras e estruturas remuneratórias. • Avaliação de desempenho. • Gestão por competências, entre outros. Esses e outros temas serão tratados no próximo Módulo - Conceitos e princípios sobre Carreiras e Remuneração. Antes disso, é preciso apresentar alguns elementos sobre o perfil específico do profissional de Recursos Humanos na Administração Pública. 3.3. Competências do RH na Administração Pública Vamos retomar o exemplo hipotético apresentado no Módulo I - Gestão Estratégica de Pessoas, em que definimos a Missão, a Visão e os Valores para a Unidade Central de Recursos Humanos da Administração Pública Federal. Baseados também nos exemplos de Conhecimentos, Habilidades e Atitudes apresentados neste módulo, vamos definir algumas competências para os profissionais de Recursos Humanos que atuam na administração pública. Conhecimentos Além dos conhecimentos básicos sobre os temas que permeiam a gestão de pessoas, os profissionais de recursos humanos da Administração Pública deverão ter conhecimentos atualizados sobre: • Legislação que rege o setor público. • Novas tendências em gestão de pessoas de um modo geral. • Princípios de gestão (planejamento estratégico, alocação de recursos, modelagem de RH, técnicas de liderança, métodos de produção). • Tópicos em educação continuada e educação corporativa. • Tópicos sobre comportamento e desempenho humano nas organizações, aprendizado e motivação. Tais conhecimentos fornecerão os elementos necessários para que esses profissionais busquem adequar as novidades que forem surgindo às condições a que estão submetidos os recursos humanos, em termos de possibilidades e limitações legais. Habilidades • Relacionamento interpessoal - manter formas saudáveis de relacionamento com as pessoas e identificar aspectos a serem melhorados nas relações dos indivíduos. 15 • Capacidade analítica e pensamento crítico - conceber alternativas para o equacionamento de problemas. • Argumentação lógica e capacidade de negociação - defender os pontos de vista com base na coerência dos argumentos. • Expressão oral e textual clara e coerente. • Julgamento e tomada de decisão - mapear os elementos necessários para as definições a serem tomadas. • Monitoria e instrutoria - acompanhar e avaliar o próprio desempenho, o desempenho de outras pessoas ou mesmo da organização, com vistas à identificação de pontos a serem melhorados e ajustados. • Estruturação e administração do tempo pessoal e da equipe Atitudes • Inovação - exercer a criatividade e conceber novas ideias para a gestão de pessoas. • Iniciativa - propor e implementar as novas ideias. • Preocupação com os outros - garantir que as necessidades e os sentimentos das pessoas, que são o foco de atuação dos profissionais de recursos humanos, sejam sempre considerados quando da proposição de novas ideias para a gestão de pessoas. • Autoeficácia - confiar na capacidade pessoal de cumprir eficazmente as tarefas que lhe são atribuídas. O perfil de competências dos profissionais de recursos humanos da Administração Pública: Os Conhecimentos, Habilidades e Atitudes destacados deverão ser mobilizados de forma combinada. É essa combinação que fornecerá as características exclusivas e adequadas à situação pretendida. Definidas dessa forma, as competências serão quase como um documento identificador do tipo de profissional que atua em uma determinada organização, neste caso, uma organização pública. GESTÃO_ESTRATÉGICA_PESSOAS_Módulo_3.pdf Módulo Conceitos e Princípios Sobre Carreira e Remuneração3 Gestão estratégica de pessoas e planos de carreira © Enap, 2015 Enap - Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Comunicação e Pesquisa SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Telefone: (61) 2020 3096 - Fax: (61) 2020 3178 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Presidente Gleisson Rubin Diretor de Desenvolvimento Gerencial Paulo Marques Coordenadora-Geral de Educação a Distância Natália Teles da Mota Teixeira Diagramação realizada no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB/CDT/Laboratório Latitude e Enap. SUMÁRIO 1. Gestão por Competências ............................................................................................... 5 2. Avaliação de Desempenho e Gestão por Competências .................................................. 7 2.1. Modelo de Avaliação de Desempenho ......................................................................... 7 3. Plano de Capacitação de Pessoal ................................................................................... 10 4. Gestão por Competências e o Plano de Carreira e Remuneração, Promoção e Crescimento na Carreira ...................................................... 11 5. Políticas de Recursos Humanos e o Plano de Carreira e Remuneração do Poder Executivo Federal...................................................................... 12 6. Iniciativas de Gestão por Competências na Administração Pública ................................ 15 5 1. Gestão por Competências Este módulo apresentará diversos aspectos e instrumentos que estão direta ou indiretamente relacionados ao Plano de Carreira e Remuneração. Destacamos o sistema de Gestão por Competências, apoiado pela Avaliação de Desempenho e pela Capacitação. Ele faz parte de um sistema maior e mais abrangente que é o de Gestão Estratégica Organizacional e de Pessoas. Todos eles se baseiam de modo direto ou indireto na Missão e nos Objetivos Estratégicos da organização para a estruturação e o direcionamento de seus esforços. A lógica da Gestão por Competências tem como base a obtenção das competências organizacionais, das áreas e das pessoas, necessárias para que a organização atinja seus objetivos estratégicos. Os subprocessos (recrutamento e seleção, o planejamento e a alocação da força de trabalho e a capacitação de pessoal) de gestão de recursos humanos, assim como o plano de carreira e de Remuneração serão balizados pelas necessidades de suprimento dessas competências. Por que mapear as competências? O Sistema de Gestão por Competências, no bojo da Gestão Estratégica Organizacional e de Pessoas, permite gerenciar as competências e propicia a inovação, a aprendizagem e o desenvolvimento individual e de grupo. Por meio do mapeamento das competências, a organização consegue identificar a lacuna entre as competências existentes e as necessárias. Com base nesse mapeamento, ela planeja as formas de preencher essas lacunas por meio de contratação, capacitação, treinamento, realocação. Principais etapas do processo de gestão por competências A organização define suas necessidades, em termos de perfis de competências, por meio da formulação da Estratégia Organizacional e do Mapeamento de Competências. Este último, realizado não só por levantamentos, mas por meio de instrumentos como a Avaliação de Desempenho. Módulo Conceitos e Princípios Sobre Carreira e Remuneração3 Quanto aos perfis profissionais, as necessidades da organização poderão ser satisfeitas por ações de: • Captação - incluindo recrutamento, seleção, contratação e realocação. • Desenvolvimento - incluindo capacitação e treinamento. Esses processos devem ser avaliados permanentemente e serão os realimentadores da formulação da estratégia organizacional e do mapeamento de competências. Por fim, os resultados da aplicação desses mecanismos deverão ser traduzidos em retribuição aos servidores, por meio do reconhecimento e da premiação pelo desempenho ou até pela remuneração por competências. Vejamos a dinâmica desses elementos: Vantagens na adoção do sistema de gestão por competências A adoção do sistema de gestão por competências apresenta diversas vantagens, entre as quais se destacam: • Clara visualização das disponibilidades e necessidades em termos de competências. • Maior flexibilidade para alocar as pessoas conforme as competências necessárias. • Desenvolvimento de competências para a agregação de valor à organização e ao indivíduo, com foco em resultados. • Sistematização do plano de desenvolvimento dos servidores a partir das necessidades reais. • Atendimento às demandas organizacionais com a utilização das competências adequadas. • Planejamento de carreira do servidor vinculado às demandas organizacionais. • Melhor aproveitamento dos talentos existentes na instituição. • Abertura de espaço para a negociação entre os gerentes e seus subordinados. 7 2. Avaliação de Desempenho e Gestão por Competências O acompanhamento da evolução das competências e de sua efetividade ao longo do tempo é realizado pela avaliação de desempenho. A avaliação de desempenho oferece insumos que indicarão se os resultados esperados poderão ser alcançados, e se existe necessidade de capacitação da força de trabalho para aperfeiçoar ou mesmo formar determinada competência. Essa avaliação será tanto mais precisa quanto mais abrangente for seu escopo. Atualmente, as organizações se utilizam da metodologia de avaliação 360º (avaliação realizada abrangendo pares, chefes, subordinados e até clientes). A avaliação de desempenho, além de propiciar a reflexão individual, também estimula a análise conjunta de chefias e subordinados sobre as questões relacionadas aos desempenhos e às competências, compatibilizando expectativas organizacionais e individuais de desenvolvimento profissional assim como de desempenho organizacional. Objetivos da avaliação de desempenho Além de possibilitar a tomada de decisão quanto à progressão e promoção dos servidores, a avaliação de desempenho tem outros objetivos de igual importância: • Identificar necessidades de capacitação. • Corrigir desempenhos inadequados. • Identificar possibilidades de futuras mobilidades funcionais (processo de movimentação que configura a evolução do funcionário na carreira). • Possibilitar o planejamento funcional do avaliado. Como resultados complementares da contínua utilização da avaliação de desempenho podemos citar o estímulo ao diálogo entre chefias e subordinados e o aperfeiçoamento dos canais de comunicação entre os níveis hierárquicos. 2.1. Modelo de Avaliação de Desempenho Para garantir a eficiência e a eficácia da avaliação, a construção de um modelo da avaliação de desempenho deve obedecer a determinados requisitos. Vejamos: • Garantir que a avaliação seja comparativa entre os indivíduos e que ela seja feita tanto pelos chefes, subordinados, bem como por seus pares. • Realizar análises comparativas de resultados entre os membros de uma mesma carreira ou cargos. • Divulgar com a máxima transparência os critérios de avaliação. • Informar os resultados da avaliação feita para cada indivíduo, por seus chefes, subordinados e pares, sem, entretanto, identificar os autores. • Incluir, no cômputo da avaliação individual, o resultado da avaliação institucional. • Utilizar os resultados das avaliações como insumo para a definição das políticas e prioridades de capacitação. Para a realização da avaliação de desempenho, devem ser consideradas a avaliação individual e também a avaliação institucional. 8 A título ilustrativo apresentaremos a seguir um modelo de avaliação de desempenho e a forma como são realizadas as avaliações institucional e individual no setor privado. Avaliação institucional Esta é a avaliação de cada uma das equipes que compõem a estrutura organizacional da instituição, distribuídas por suas diversas áreas. Chamamos por equipe um grupo de pessoas com uma chefia. Na maior parte dos órgãos e entidades do setor público, diferentemente do setor privado, a avaliação de desempenho se baseia no estabelecimento de metas definidas pela alta gestão e são consideradas para a organização, como um todo, e não para as equipes de trabalho. As equipes são avaliadas pela instância imediatamente superior, assim como por áreas internas ou externas à organização que sejam clientes da equipe que está sendo avaliada ou que com ela se relacionam. No início de cada ano, cada equipe estabelece as próprias metas a atingir neste período, com base naquelas definidas pela organização como um todo. Cada equipe indicará os recursos materiais e humanos necessários para o alcance dessas metas e definirá também os indicadores que serão utilizados para medi-los. No final do ano, a instância imediatamente superior verifica em que grau as metas de cada equipe foram atingidas, e com base nesses resultados irá atribuir notas para as equipes. Os critérios para a atribuição das notas serão estabelecidos em conjunto com todos os envolvidos. Essas notas serão um dos componentes que participarão da fórmula para cálculo do valor da avaliação de desempenho. Avaliação individual A avaliação individual é composta por elementos cujas notas farão parte do cálculo da Avaliação de Desempenho. São eles: 1. Avaliação pelos membros da equipe 2. Avaliação do alcance das metas 3. Avaliação do desenvolvimento profissional 1) Avaliação pelos membros da equipe O primeiro elemento constitui-se na avaliação conjunta dos servidores da mesma equipe. Os servidores são avaliados por seus pares, por seus chefes e subordinados. Os itens a serem medidos e os critérios adotados serão estabelecidos pelas equipes, devendo ser validados pela instituição como um todo, para garantir sua homogeneidade na avaliação. Os servidores atribuem notas para cada um dos seus colegas de equipe, para a chefia e para seus subordinados. O resultado dessas avaliações será uma nota cujo valor entrará na composição final da fórmula avaliação de desempenho. 9 2) Avaliação do alcance das metas O segundo elemento diz respeito ao alcance das metas estabelecidas. Com base nas metas institucionais definidas para cada equipe, cada servidor define suas próprias metas, que devem ser as mais quantificáveis possíveis. Cada servidor deve também informar o que precisa para poder desempenhar as tarefas. A chefia juntamente com cada servidor verifica, ao final do ano, se as metas foram atingidas e em que grau. Com base nessa verificação, é atribuída uma nota cujo valor entrará na composição final da fórmula avaliação de desempenho. 3) Avaliação do desenvolvimento profissional Esta avaliação leva em conta: • O aperfeiçoamento ou aquisição de competências. • A ampliação do grau de responsabilidade. • O aumento na abrangência das atribuições. • A aquisição de novos conhecimentos relevantes para o desempenho de suas atribuições. Para que seja possível fazer este tipo de avaliação, é necessário, em primeiro lugar, definir, na descrição dos cargos, os requisitos mínimos exigidos relativos às competências e ao seu grau de proficiência, ao grau de responsabilidade e às atribuições. Este é o ponto de partida para cada cargo e perfil profissional, com base no qual é realizada a avaliação do crescimento e desenvolvimento profissional. Para essa avaliação, é necessário criar ferramentas que permitam objetivá-la, uma vez que nem sempre os indicadores são altamente quantificáveis, como é o caso das atitudes e de algumas habilidades que compõem as competências. Por fim, é necessário estabelecer critérios de pontuação que identifiquem o crescimento, a ampliação ou o aperfeiçoamento profissional de cada servidor. Essa pontuação é traduzida por um valor que entrará na composição final da fórmula avaliação de desempenho. Condições para o funcionamento do modelo de avaliação de desempenho A fórmula da avaliação de desempenho terá em sua composição as notas da Avaliação Institucional e da Avaliação Individual desdobrada em: Avaliação pelos membros da equipe, Avaliação do alcance das metas e Avaliação do desenvolvimento profissional. Para que esse modelo de avaliação de desempenho tenha um funcionamento eficiente e alcance os objetivos pretendidos é necessário garantir a existência de algumas condições: • Implantação de um sistema informatizado para que as avaliações possam ser feitas on-line e o sigilo das informações possa ser preservado. • Estabelecimento de metas claras, com indicadores objetivos, para cada equipe e área da instituição. • Criação de um plano de carreira e remuneração que incentive os servidores a perseguir um desempenho satisfatório. 10 • Fornecimento de condições técnicas e materiais para que os servidores possam desempenhar suas funções adequadamente. Desempenho: indo além da simples avaliação A abordagem ao desempenho deve contemplar a comparação dos resultados esperados com os efetivamente alcançados. Isso implica seu constante acompanhamento para identificação de desvios e execução das devidas correções ao longo da realização das atividades. Assim, a denominação mais adequada para esse processo de planejamento, de acompanhamento e de avaliação é o de Gestão de Desempenho. Por meio do processo de Gestão de Desempenho (processo inserido na Gestão Estratégica Organizacional e de Pessoas e apoiado na Gestão por Competências) é possível corrigir desvios e garantir a sustentabilidade da organização por meio da revisão de objetivos, estratégias, processos de trabalho e políticas de recursos humanos. 3. Plano de Capacitação de Pessoal A capacitação é um fator fundamental para a concretização da gestão por competências. Dentre as políticas de Recursos Humanos, a de maior destaque para consolidar a eficiência na organização é a de Capacitação de Pessoal. Com base nos resultados da avaliação de desempenho, que identifica necessidades de capacitação, serão definidas as ações para supri-las. As ações poderão variar de escopo, abrangência, perfil, abordagem e formas de realização e dependerão dos objetivos pretendidos, do perfil do público a ser capacitado, da localização geográfica desse público e dos recursos disponíveis para sua implementação. Elas deverão fazer parte de um plano de capacitação de pessoal que contemple as necessidades atuais e permita, com sua atualização contínua, suprir as necessidades futuras. Definições e critérios do plano de capacitação de pessoal A criação de um Plano de Capacitação de Pessoal envolve o estabelecimento de um conjunto de definições e critérios que balizarão as ações a serem realizadas para alcançar os objetivos desejados. Dentre esse conjunto, destacamos: • Critérios para seleção de público a capacitar e temas adequados - a seleção de público e de temas se baseará nos resultados obtidos da avaliação de desempenho e devem focalizar tanto o aperfeiçoamento das competências existentes quanto a aquisição de novas competências. • Metodologias para capacitação - a escolha da metodologia poderá variar de acordo com o tema abordado, o perfil do público, sua distribuição geográfica, a abrangência desejada da capacitação, a urgência, a disponibilidade orçamentária, entre outros. Dentre essas metodologias destacamos: • Capacitação presencial - nos casos em que as pessoas a serem capacitadas encontram- se em uma mesma região geográfica ou o total do grupo a ser capacitado não seja muito numeroso. 11 • Capacitação a distância - para os casos em que é necessário ganhar escala para um grande número de pessoas a ser capacitada. • Capacitação por meio de multiplicadores - para temas operacionais em que pessoas que já executam as tarefas possam ensinar para outras que nunca a realizaram. • Capacitação por rotação de tarefas - esse mecanismo permite que as pessoas aprendam novas atividades e adquiram novas habilidades por meio da realização de diferentes tarefas dentro de sua área de atuação. Assim, todas as pessoas de uma equipe poderão adquirir um conjunto completo de competências necessárias para a equipe como um todo, de modo a conferir-lhe um perfil multidisciplinar. Isso possibilita maior flexibilidade à equipe em situações em que seja necessário reforçar algum tipo de atividade. Esse mecanismo também propicia a melhoria do relacionamento e a intensificação da comunicação entre os membros da equipe, pela necessidade de uns ensinarem aos outros seus conhecimentos e habilidades. • Escolha do agente capacitador - o agente poderá ser interno ou externo à Instituição, dependendo: 1. Do tema. 2. Do nível do pessoal a ser capacitado. 3. Da existência, dentro da Instituição, de pessoas habilitadas para ministrar a capacitação. 4. Da capacidade de negociação para estabelecimento de parcerias com outras instituições. 5. Da disponibilidade orçamentária, etc. • Avaliação do processo de capacitação - todo processo deverá ser submetido a uma avaliação para identificação de sua eficiência e eficácia, e as possíveis falhas identificadas deverão ser objeto de análise para correção na continuidade do processo de capacitação. • Avaliação dos capacitados - as pessoas que forem capacitadas deverão também passar por uma avaliação para verificação do alcance dos objetivos pretendidos logo após a capacitação. Além disso, após um período de tempo, essas pessoas deverão passar por uma nova avaliação que verificará retenção do conhecimento e o aproveitamento da capacitação ao longo do tempo. • Sistema de certificação - a certificação é um instrumento com dupla utilidade que confirma a habilitação da pessoa no assunto tratado na capacitação, fornecendo as bases para a pontuação no sistema de avaliação de desempenho e possível promoção. Adicionalmente propicia o reconhecimento do indivíduo pela organização e a sensação de autorrealização, pois representa a concretização de mais uma etapa de crescimento profissional. 4. Gestão por Competências e o Plano de Carreira e Remuneração, Promoção e Crescimento na Carreira A tendência moderna da gestão de pessoas enfatiza a aquisição de competências e o desenvolvimento profissional como requisitos essenciais para que a organização alcance seus objetivos estratégicos. Assim, esses requisitos devem ser considerados na definição dos critérios de promoção e crescimento na carreira. O Plano de Carreira e Remuneração deverá utilizar os insumos da gestão por competências para definir os critérios de promoção e crescimento na carreira. Dentre esses insumos destacam-se a Avaliação de Desempenho e a Capacitação de pessoal. 12 Como instrumento que possibilita análises sistemáticas sobre os desempenhos individuais, a Avaliação de Desempenho subsidia decisões sobre os recursos humanos da instituição. Essas decisões referem-se a: • Necessidades de capacitação. • Definições sobre futuras mobilidades funcionais. • Correção de desempenhos inadequados. Planejamento funcional e profissional dos servidores. Já a Capacitação de Pessoal propicia o aperfeiçoamento e a aquisição de competências, que serão fatores considerados para garantir o crescimento na carreira e a promoção. Conclui-se então que Avaliação de Desempenho e Capacitação de Pessoal na Gestão por Competências são os alicerces em que se apoiam os mecanismos de promoção e crescimento na carreira estabelecidos no Plano de Carreira e Remuneração. 5. Políticas de Recursos Humanos e o Plano de Carreira e Remuneração do Poder Executivo Federal Diretrizes e ideias para a definição das políticas do poder executivo federal A concepção das Políticas de Recursos Humanos do Poder Executivo Federal e do Plano de Carreira e Remuneração deve se basear em um conjunto de diretrizes estabelecidas pelas necessidades da Instituição e pelos modernos conceitos de gestão estratégica organizacional e gestão estratégica de pessoas, que inclui a gestão por competências e a gestão de desempenho. Essas diretrizes estão sendo discutidas no âmbito do Governo e têm como premissa básica: “Possibilitar a maior autonomia das pessoas associada à respectiva responsabilidade”. As discussões no âmbito do Governo estão gerando um elenco de ideias que poderão constituir os princípios a serem adotados para a definição das políticas de Recursos Humanos e para o Plano de Carreira e Remuneração. Apresentaremos, a seguir, algumas dessas ideias. Diretrizes e ideias para a definição das políticas do Poder Executivo Federal Perfil do pessoal: • Compatibilizar o perfil da força de trabalho com as novas funções do Estado e as necessidades da administração gerencial, privilegiando a lógica da gestão empreendedora, ao invés da lógica da administração burocrática. • Estabelecer um perfil para os servidores que possibilite a execução das atividades e que privilegie o estabelecimento de metas, o controle e avaliação dos resultados, a eficiência, a flexibilidade, a descentralização e a autonomia de gestão com a devida responsabilização. • Considerar que o perfil desejado das pessoas tem dois componentes básicos: o específico, que confere as características técnicas das atividades a serem desenvolvidas; o genérico que confere as características relativas às atividades de gestão. 13 Contratos de trabalho: • Vincular os tipos de contratos de trabalho com os tipos de atividades a serem realizadas e com o órgão no qual o servidor estiver atuando. • Considerar a possibilidade de formalizar o contrato de trabalho do tipo Emprego Público conforme possibilita a Emenda Constitucional 19, sobre a adoção de um regime jurídico diferente do Estatutário. • Possibilidade de terceirização das atividades auxiliares de cunho operacional. Desenvolvimento profissional: • Estimular o desenvolvimento profissional contínuo, para a ampliação das competências dos indivíduos e da organização. Tal estímulo se dá por meio de ações de capacitação ou de formas não convencionais que possibilitem o acesso de um maior número de pessoas às oportunidades de qualificação e treinamento. • Realizar um planejamento anual de ações de capacitação com base na definição de conteúdos prioritários e seus respectivos públicos-alvo. • Avaliar e controlar o plano de capacitação, inclusive
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