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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
CURSO DE DIREITO
CAMPUS SANTA MARIA
O POTENCIAL IMPACTO DAS AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA EM RAZÃO À SUPERLOTAÇÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO
LEANDRO DA LUZ GARCIA
Santa Maria, RS, Brasil
2019
LEANDRO DA LUZ GARCIA
O POTENCIAL IMPACTO DAS AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA EM RAZÃO À SUPERLOTAÇÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO
Proposta apresentado como requisito parcial para a aprovação na disciplina de Trabalho de Curso em Direito II do Curso de Direito da Universidade Luterana do Brasil – Campus Santa Maria – RS.
Orientador: Prof. Marcelo Arigony.
Santa Maria, RS, Brasil
2019
UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
CURSO DE DIREITO 
CAMPUS SANTA MARIA
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova  o artigo científico de conclusão de curso de graduação
O POTENCIAL IMPACTO DAS AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA EM RAZÃO À SUPERLOTAÇÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO
elaborado por
Leandro Da Luz Garcia
como requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel(a) em Direito
COMISSÃO EXAMINADORA:
Prof. Marcelo Arigony
(Presidente/Orientador)
Letícia Thomasi Jahnke Botton
Isadora Dalmolin Tronco
Santa Maria, RS, 02 de dezembro de 2019
O POTENCIAL IMPACTO DAS AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA EM RAZÃO À SUPERLOTAÇÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO 
Leandro da Luz Garcia
Marcelo Mendes Arigony
RESUMO: Este trabalho trata da necessidade de maior aplicabilidade da audiência de custódia e o excesso de prisões provisórias como alguns fatores evidentes para o sistema carcerário brasileiro adentrar no caminho para falência, sendo necessárias medidas urgentes a fim de tornar o sistema eficaz, fazendo-se assim possível novos investimentos em educação e saúde, sem a necessidade de construir novos presídios. Foram analisados dados, estatísticas e doutrinas a fim de precisar a lotação dos presídios e assim analisar a potencial eficácia das audiências de custódia com o possível impacto positivo, desafogando as casas penais.Dos dados coletados fica provado que, se muitos presos de menor potencial ofensivo sejam beneficiados respondendo o seu processo em liberdade os presídios iriam ter quase ¼ de vagas ainda disponíveis para receber presos de maior periculosidade e que preencham os requisitos para que sua prisão provisória seja manutenida.
Palavras-chave: Audiência de custódia; Sistema Carcerário; Santa Maria; Superlotação.
THE POTENTIAL IMPACT OF CUSTODY HEARINGS ON OVER CROWDED OF THE PENITENTIARY SYSTEM
ABSTRACT: This paper addresses the need for greater applicability of the custody hearing and the excess of provisional arrests as some obvious factors for the Brazilian prison system to enter the path of bankruptcy. Urgent measures are necessary to make it effective, thus making possible new investments. in education and health, without the need to build new prisons. Data, statistics and doctrines were analyzed in order to determine the capacity of prisons and thus analyze the potential effectiveness of custody hearings with the possible positive impact, unburdening the penal houses. benefited by responding to their free trial, the prisons would have nearly a quarter of vacancies still available to receive more dangerous prisoners who meet the requirements for their interim detention to be maintained.
Keywords: Prison system. Over crowded. Custody hearing. Santa Maria.
SUMÁRIO
	1 
	INTRODUÇÃO....................................................................................
	06
	2
	AS CIRCUNSTÂNCIAS PASSÍVEIS DE PRISÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO.......................................................................................
	08
	2.1
	A legislação no Brasil a cerca dos tipos de prisões......................
	08
	2.2 
	A regulamentação referente a prisão definitiva e provisória........
	15
	2.3
	As circunstâncias cabíveis à respeito da audiência de custódia..............................................................................................
	17
	3 
	O SISTEMA CARCERÁRIO........................................................................
	19
	3.1
	Legislação referente as penas.........................................................
	19
	3.2
	Dados e estatísticas referentes ao sistema....................................
	21
	4
	CONCLUSÃO......................................................................................
	23
	
	REFERÊNCIAS...................................................................................
	25
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho trata do número excessivo de prisões provisórias e a necessidade da maior aplicabilidade da audiência de custódia como alguns dos fatores para o sistema penitenciário estar na rota iminente da falência, e seu potencial impacto a fim de desafogar os presídios Santamarienses.
A pena acompanha a evolução do homem desde os primórdios tempos na terra, ainda entende-se muito necessária, uma vez que a sociedade não é estática, ou seja, ela muda, os costumes, tradições e os preceitos do que se diz ser certo ou errado. Contudo, nos tempos contemporâneos, não se pode admitir que a carta magna e demais legislações sejam rasgadas, visto que o Estado deveria ser o arquétipo dos cidadãos.
 
A superlotação dos presídios tem ganhado destaque no Estado, visto que tal circunstância viola veemente o princípio da dignidade da pessoa humana, que são valores morais e espirituais que não devem ser abolidos de nenhum indivíduo, seja esse uma pessoa íntegra, de conduta ilibada, seja ele um infrator de maior ou menor periculosidade. É o princípio máximo de um estado democrático de direito, além de que com o alto número de internos, as principais funções da pena, ao qual são a reeducação; ressocialização e a prevenção de novos crimes, acabam perdendo a sua finalidade. 
O estudo objetiva analisar a audiência de custódia e seu impacto no sistema carcerário, passando pela análise das prisões, bem como suas circunstâncias e legislação respectiva.
A justificativa expõe o importante instrumento de pesquisa dessa temática que ainda não encontra uma proposta eficaz como solução, relacionando as prisões provisórias e as audiências de custódia, levando em consideração os direitos individuais e coletivos, desta instituição.
O trabalho foi desenvolvido visto que as finalidades da pena, no momento atual dos presídios, não tem cumprido com o seu papel de reintegrar o apenado à sociedade, pois atualmente quem integra a sociedade interna dos presídios não volta a sociedade como cidadão e sim com um grau de periculosidade maior do que quando ingressou no sistema. Dentro dos presídios o interno não tem muita opção de ressocialização, visto que convive com presos já condenados e também aqueles cuja não receberam sua condenação, estando presos provisoriamente e em muitos casos, já tendo cumprido a sua pena, porém ainda não teve transitado em julgado o seu processo.
Seguindo todos os dados e estatísticas apresentados no presente trabalho, procura-se chegar à conclusão de que parte da ineficácia do sistema carcerário de Santa Maria se dá devido a quantidade de presos provisórios, que se fossem ouvidos em sua audiência de custódia, cerca de ¼ da população interna poderia ser reduzida, assim desafogando parte dos presídios.
2 As circunstâncias passíveis de prisão no ordenamento jurídico brasileiro:
Como regra geral, no ordenamento jurídico brasileiro, ninguém é considerado culpado até que a ação penal transite em julgado, conforme aponta o Artigo 5º, LVII , da Constituição Federal de 1988: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. (BRASIL, 1988).
O Estado é entidade cuja exclusivamente detém o direito de punir, ao qual não se trata tão somente de punir um ou outro individuo, e sim a coletividade. Esse direito de punir do Estado é abstrato, porém no momento que o indivíduo comete algum crime,tal direito acaba por se concretizar, assim podendo ser chamado de jus puniendi in concreto. A partir daí, surge uma lide processual, ao qual o indivíduo que está sendo processado pelo Estado, vai oferecer resistência a pretensão do Estado de puni-lo, como é de fato, seu direito, assim versando parte o art. 5º, LV, da Constituição Federal:
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. (BRASIL,1988).
Portanto assim, as prisões cautelares podem se dizer inconstitucionais, devido ir contra a própria Constituição Federal. Porém ainda, existem alguns casos em que o réu não foi condenado mas encontra-se preso, e sua prisão encontra-se amparada pelo código processual penal e legislações esparsas. As espécies de prisões ao qual os réus estão submetidos são classificadas em flagrante, preventivas e temporárias.
2.1 A legislação no Brasil acerca dos tipos de prisões
A legislação brasileira sobre prisões encontra-se no Código de Processo Penal e em legislação complementar, além da Constituição Federal, que traz o princípio lógico informativo e o garantismo do sistema processual penal, com vista a estabelecimento da garantia do devido processo legal ao réu.
A palavra “prisão” origina-se do latim prensione, que vem de prehensione (prehensio, onis), que significa prender.
A prisão, na esfera jurídica trata-se da privação da liberdade de locomoção, por motivo de ordem legal ou decorrente de alguma ilicitude. Contudo, na legislação brasileira, o termo “prisão” pode ter mais alguns significados, tais como pena privativa de liberdade (“prisão simples” para autor de contravenções; “prisão” para crimes militares, além de sinônimo de “reclusão” e “detenção”), o ato da captura (prisão em flagrante ou em cumprimento de mandado) e a custódia (recolhimento da pessoa ao cárcere) (MIRABETE,1996).
Sob a ótica de Lima (2018), ainda existe a espécie “extrapenal” de prisão, ao qual trata da prisão civil, somente para inadimplemento da pensão alimentícia, e a prisão militar.
Com o objetivo de evitar o encarceramento provisório do indiciado ou acusado, quando não houver necessidade da prisão, passou a vigorar a Lei 12.403/2011, ao qual conta com diversas modificações no título IX, do CPP.A partir da nova lei, a imprescindibilidade da prisão provisória do acusado passou a ser exigida, para assim, o processo ter sucesso. A mesma lei ainda extinguiu as hipóteses de prisão decorrentes de pronúncia e de sentença condenatória recorrível.
A prisão penal ocorre após o trânsito em julgado da ação condenatória em que se impôs tal pena. A prisão processual, ou também chamada de provisória, é a prisão cautelar, que tem como fundamento assegurar o bom desempenho da investigação criminal, que em uma visão geral inclui a prisão em flagrante (arts. 282 a 310), a prisão preventiva (arts. 311 a 316), e a prisão temporária.
A prisão penal, definitiva ou também CARCER AD POENAM, como já mencionado, ocorre após o trânsito em julgado da ação penal condenatória, decisão ratificada pelo Supremo Tribunal Federal recentemente, ainda que caiba ao juiz analisar caso a caso cada situação. Decisão esta criticada pelos responsáveis pela operação Lava-Jato, devido a possível soltura do ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A espécie de prisão abordada, sugeria, no art. 300/CPP, que os presos provisórios ficassem em local diverso dos condenados, porém a lei 12.403/11 alterou tal entendimento e passou a exigir, na teoria, que tais presos mantenham-se separados. Porém, com a degradação dos presídios, falta de vagas e verbas públicas, acabam sendo mesclados, dessa forma trazendo prejuízos para a sociedade, visto que as finalidades da pena acabam perdendo força. [...]” é possível dizer, com grande acerto, que a pena justifica-se por sua necessidade.” (CIPRIANI, 2005, p. 49), entretanto, do nada adianta a punição ao indivíduo infrator se o mesmo não for reeducado, ressocializado e futuros possíveis crimes não forem prevenidos.
Como supramencionado, o Brasil tem um caso bem evidente e de interesse público, ao qual se trata do ex- Presidente “Lula”, sendo condenado em 2ª instância e tendo sua prisão definitiva antecipada, já que o réu foi privado de sua liberdade antes do seu recurso ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal. No presente caso, não se trata da execução provisória da pena, ao qual:
Trata-se de uma realidade no cenário jurídico brasileiro, já regulamentada pelos Tribunais dos Estados e também pelo Conselho Nacional da Justiça. Por isso, o juízo da condenação, assim que o réu vier a ser preso ou se já se encontrar detido, deve determinar a expedição da guia de recolhimento, ainda que haja recurso das partes, portanto, antes do trânsito em julgado, colocando a observação de se tratar de guia de recolhimento provisória. Seguem as peças ao juiz da execução penal, que decidirá, conforme o seu convencimento, se, como e quando deve o preso, condenado provisório, obter algum benefício, como, por exemplo, a progressão de regime (Nucci, 2018, p. 151).
E sim da antecipação da pena, desmantelando assim a Constituição Federal, que presume que o réu seja inocente até que o processo transite em julgado.
No caso da execução provisória da pena, ainda que tenha recursos pendentes, o réu aguarda o julgamento cerceado de sua liberdade, devido ao não preenchimento dos pressupostos a fim de aguardar o julgamento de seu recurso em liberdade, como exposto na jurisprudência do TJ-RS:
APELAÇÃO CRIME. FAVORECIMENTO À PROSTITUIÇÃO. PROVA ROBUSTA. ATIPICIDADE NÃO VERIFICADA. DOSIMETRIA DA PENA. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DAS PENAS. 1. FAVORECIMENTO À PROSTITUIÇÃO. A prova dos autos é clara ao indicar que a acusada induziu a vítima a prostituir-se, pois a convenceu a manter relações sexuais com terceiro sujeito, mediante pagamento. O tipo penal busca resguardar a dignidade sexual da criança e do adolescente, os quais acabam por ser inseridos em um mercado sexual do qual não ostentam maturidade para tomar as próprias decisões. A mera indução da prostituição configura o crime em comento, ausente a necessidade de coação. 2. DOSIMETRIA DA PENA. Apenamento fixado no mínimo legal, ausente espaço para reformas. 3. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. Possível a execução provisória da pena, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e desta Colenda Câmara Criminal. RECURSO DESPROVIDO. (Apelação Criminal, Nº 70082508227, Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Viviane de Faria Miranda, Julgado em: 17-10-2019) 
Adentrando no rol das prisões cautelares, ou também carcer ad custodiam, cabível não somente com relação aos crimes praticados, mas também as contravenções, a prisão em flagrante, que tem origem no latim flagrare, que significa queimar ou arder. Ocorre no momento do ato, na hora em que o indivíduo está cometendo o crime. De acordo com Mirabete (1996, p. 367), o flagrante pode ser considerado próprio por quem acabou de praticar a infração, classificado como flagrante impróprio ou chamado também de quase-flagrante aquele que é preso em perseguição que se faça presumir ser o autor do fato e também denominado presumido, no caso em que o suspeito é encontrado, após a infração, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração, conforme art. 302, IV, CPP.
Independente de ordem judicial e tem por objetivo impedir que o mesmo seja efetivado, impedir a fuga do suspeito e garantir a colheita de provas, a fim de juntar elementos que indiquem a materialidade do crime. Qualquer cidadão tem a faculdade de dar voz de prisão a outrem que esteja cometendo algum crime, todavia, policiais e autoridades não tem a faculdade e sim o dever legal, mesmo que fora de sua circunscrição territorial, sob pena de responder criminal e administrativamente, pois um dos objetivos de tal prisão é o afastamento de perigo atual ou iminente, conforme o dispositivo aponta:
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiaise seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito (CPP,1941).
O autor dos fatos, sendo detido em qualquer das hipóteses mencionadas acima, estando presentes os requisitos legais, a autoridade policial obriga-se a lavrar o auto de prisão em flagrante.
Qualquer pessoa pode ser presa e autuada em flagrante, porém, há algumas exceções constitucionais ou legais, pois há pessoas que, em razão do cargo ou da função exercida, não podem ser presas dessa forma, são as chamadas imunidades prisionais. São exemplos de imunidades prisionais: a) diplomatas, que não são submetidos a prisão em  flagrante, por força de convenção internacional; b) Presidente da República, conforme art. 86, § 3º, da Constituição Federal; c) Membros do Congresso Nacional, que só podem ser presos por crime inafiançável, conforme estabelece o art. 53, § 2º, da Constituição Federal; d) magistrados e membros do Ministério Público, que somente podem ser presos em flagrante por crime inafiançável, devendo a autoridade fazer a imediata comunicação e apresentação, respectivamente ao Presidente do Tribunal ou ao Procurador Geral; além de outros casos previstos em lei.
A prisão temporária, amparada pela Lei 7.960/89, que pode ser decretada somente durante a fase pré-processual, ao qual não é medida exclusiva do Brasil e também de outras nações como Portugal, Espanha, França, Itália, Estados Unidos, caberá quando for imprescindível para o inquérito policial, quando o indiciado não possuir residência fixa ou não fornecer elementos necessários para sua identificação e houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal em vigor, da autoria ou participação do indiciado. Possui 5 dias renováveis pelo mesmo período em casos de crimes comuns, se comprovada a necessidade, e 30 dias também renováveis pelo mesmo período, em casos de crime hediondo, se também, comprovada a necessidade. A prisão do réu só se tornará legal após a expedição do mandado judicial. Deverá o preso ser mantido separado dos demais, conforme Art. 3º da Lei 7.960/89:
Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos.(7.960/89)
Visto a presunção de inocência, não deve ser encarcerado com os demais presos, aqueles cuja já tiveram seu processo julgado e são considerados culpados.
A lei referente a prisão temporária, em seu art.1º, I, diz que a prisão será cabível “quando imprescindível para as investigações do inquérito policial”, assim permitindo-se recolher temporariamente não só o indiciado mas também alguma possível testemunha do fato.
Ainda, de acordo com Mirabate (1997, p. 389) devido a gravidade e abominação social, a privação temporária de liberdade é cabível nos casos de homicídio doloso, seqüestro ou cárcere privado, roubo, extorsão, extorsão mediante seqüestro, estupro, epidemia com resultado morte, envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte, quadrilha ou bando, genocídio, tráfico de drogas e crimes contra o sistema financeiro. 
Entende-se que a prisão temporária somente pode ser decretada nos crimes em que a lei permite a custódia. No entanto, afrontaria o princípio constitucional do estado de inocência permitir a prisão provisória de alguém apenas por estar sendo suspeito pela prática de um delito grave. Inequivocamente, haveria mera antecipação da execução da pena. Desse modo, pensa-se que, para a decretação da prisão temporária, o agente deve ser apontado como suspeito ou indiciado por um dos crimes constantes da enumeração legal, e, além disso, deve estar presente pelo menos um dos outros dois requisitos, evidenciadores do periculum in mora. Sem a presença de um destes dois requisitos ou fora do rol taxativo da lei, não se admitirá a prisão provisória (CAPEZ, 2016, p. 380).
Na legislação brasileira ainda há de se versar sobre a prisão preventiva. Esta modalidade de prisão pode ser decretada tanto durante a fase pré-processual, como durante o processo, e não há possibilidade de ser somada com a prisão temporária, pelo menos durante a fase investigatória, ou seja, a fase pré processual, do inquérito. No entanto, nada impede que o magistrado, ao findar o prazo da prisão temporária e for oferecida a denúncia ou queixa converta a prisão temporária em preventiva, ao qual perdurará enquanto necessária. Deverá ser decretada quando necessária à garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria, sendo possível ser decretada de ofício pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, querelante ou do assistente ou por representação da autoridade policial, conforme Art. 312 do Código de Processo Penal. Também poderá ser decretada se caso for descumprida alguma obrigação imposta por outras medidas cautelares, conforme Parágrafo único do mesmo artigo, como exemplifica-se sobre a garantia da ordem de medidas protetivas de urgência. Se caso o agressor somente descumprir a medida, aplicando a inobservância do afastamento do lar, seria imposta uma prisão civil, ao qual no Brasil só existem a possibilidade na hipótese do devedor alimentício, pois assim seria instalada uma nova e inconstitucional modalidade de prisão civil, porém, se tal descumprimento, cumular com algum delito (lesão, tentativa de homicídio) posteriormente será decretada a prisão preventiva do infrator.
No entanto, uma vez expirado o prazo da prisão temporária, e oferecida denúncia ou queixa, nada impede que o magistrado, ao receber a peça acusatória, converta a prisão temporária em preventiva, medida esta que deverá perdurar durante o processo enquanto subsistir sua necessidade. (BRASILEIRO, 2019, p. 984).
Não existe a hipótese de ter decretada a prisão preventiva do réu se caso o crime foi cometido sob a ótica do Art. 23/ CPP, cuja trata da exclusão de ilicitude, conforme cita Renato Brasileiro (2019, p. 1008), a prisão preventiva não poderá ser decretada se o juiz verificar que as provas colhidas nos autos que o agente praticou o crime amparado por uma situação que exclui a ilicitude do ato praticado, seja em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito. Não há lógica a prisão ser decretada se o magistrado prevê plausível absolvição do agente, fundamentado no art. 386, VI, CPP.
No ordenamento jurídico brasileiro, não há de se falar na obrigatoriedade do instituto da prisão preventiva obrigatória, independente da gravidade do crime ou da pena cominada. Tal prisão somente se justifica se preenchido todos os pressupostos legais.
Ainda há de se dissertar a respeito do tempo em que o indivíduo compre a prisão preventiva, já que na legislação não há prazo específico, e sim, como versa, “razoável” para tal medida, deixando essa discricionariedade ao Meritíssimo magistrado, assim ao contrário da teoria, cuja prisão preventiva deveria ser como nomeada sua espécie “provisória”, acaba por ter seu caráter definitivo.
2.2 A regulamentação referente a prisão definitiva e provisória
As espécies de prisão penal e cautelares são regulamentadas de acordo com Lei das Execuções Penais nº 7.210/84, Lei nº 7.960/89 versando sobre a prisão temporária e o art. 312/CPP, ao qual fala sobre a prisão preventiva, ainda o art. 301 no qual regulamenta a prisão em flagrante.
O cumprimento formal da pena privativa de liberdade se dá após o trânsito em julgado da ação penal condenatória privativa de liberdade, ao qual em seu art. 105 da Lei de Execuções Penais, o Meritíssimo Magistrado expede a guia de recolhimento para execução, caso o réu ainda não se encontre preso ou ainda se já estiver recolhido provisoriamente na casa de detenção.
Tratando-se de execução provisória da pena, ao qual é uma realidade no âmbito jurídico brasileiro, que também já é regulamentada pelos tribunais e pelo Conselho Nacional de Justiça, mesmo que ainda caibam recursos pela parte do réu, deverá ser expedidaa guia de recolhimento provisório, ao qual o juiz da Vara de Execução Penal, irá elucidar a maneira ao qual o querelado provisório irá cumprir sua pena, se será beneficiado com alguma benesse, como a progressão de regime.
A guia de recolhimento, uma espécie de peça exordial da execução penal, como específica em seu art. 106 da devida lei, deve trazer consigo, como em toda peça inicial, a qualificação do condenado, tal como : I – o nome do condenado; II – a sua qualificação civil e o número do registro geral no órgão oficial de identificação; III – o inteiro teor da denúncia e da sentença condenatória, bem como certidão do trânsito em julgado; IV – a informação sobre os antecedentes e o grau de instrução; V – a data da terminação da pena; VI – outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado tratamento penitenciário.
Se o condenado, quando ocorrido o fato, for funcionário da administração da justiça criminal, deverá fazer-se menção da situação na guia, para os devidos fins mencionados no §2º do art. 84, da referida lei (NUCCI, 2018).
A guia de recolhimento assim, não é somente a peça inicial da execução do apenado e de mero conteúdo informativo, e sim uma comunicação formal a respeito do condenado à autoridade competente. Todos os detalhes que nela constam são de suma importância para a garantia dos direitos do réu, devido nela conter o teor dos fatos, o tempo em que foi praticado, pena e regimes que foram ou não concedidos ao indivíduo.
Como o Ministério Público tem o dever de fiscalizar a execução da pena, compulsoriamente deve ter ciência de quem é condenado, beneficiado ou teve sua regalia revogada. O presídio, cadeia ou casa similar só receberá o preso, cerceando o seu direito de liberdade, caso haja a carta formal com amparo constitucional. Sem essa carta formal, ou guia de recolhimento, a casa prisional recebendo o indivíduo, poderá ser caracterizado o abuso de autoridade, conforme art. 4º, a, da Lei nº 4.898/65. Se caso não houver dolo do funcionário, é descaracterizado o crime, porém a falta funcional permanece. Ainda, conforme art. 172 da mesma lei, em Hospitais de Custódia e Tratamento, o mesmo vale em relação a guia de recolhimento.
Há hipóteses em que o acusado sofre de transtornos mentais decorridos da gravidade do fato ou mesmo da qualidade de vida em que subsistia, assim, sendo transferido de casa penal comum para Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, pelo tempo em que julgar-se necessário para sua convalescença, retornando logo após ao presídio.
Como especifica no art. 108 da referida lei, não se converte a pena restritiva de liberdade em medida de segurança, porém se constatada doença mental ou transtorno psiquiátrico de longa duração, ao qual comprovada que perdurará durante anos, tal medida torna-se adequada e caberá a conversão.
A pena sendo cumprida ou por outra razão, extinta, o preso, por direito, deverá ter sua pena restritiva de liberdade encerrada, por meio de alvará expedido pelo magistrado, se não houver outro motivo que motive sua permanência no cárcere. 
As prisões provisórias passaram a ser regulamentadas pelo Conselho Nacional de Justiça, em 29/06/2006, que em sessão plenária aprovou a Resolução nº 19. O texto explana que a guia de recolhimento provisória será expedido assim que for pronunciada a sentença ou acórdão condenatório, mesmo que haja possibilidade de recurso, sem efeito suspensivo, devendo instantaneamente ser remetido ao juízo da vara de execuções criminais. A resolução determina ainda que, na guia de recolhimento, seja anotada a expressão “PROVISÓRIA”.
2.3 As circunstâncias cabíveis à respeito da audiência de custódia
A ausência de uma legislação pertinente a audiência de custódia no Brasil fez com que o Conselho Nacional de Justiça se movimentasse a fim de mudar o cenário da época. Foi criado um projeto-piloto referente a tal audiência, em São Paulo, em fevereiro de 2015, tendo o Ministério Público como envolvido, além do CNJ. De 2015 em diante, o país inteiro aderiu ao projeto. No Rio Grande do Sul, tal projeto concretizou-se com a Resolução nº 1087/2015.
A audiência de custódia ou também nomeada como audiência de garantia, não prevista na Constituição Federal e CPP, é um procedimento pré-processual, previsto no art. 7.5º da Convenção Americana dos Direitos Humanos, ou Pacto de São José da Costa Rica, ao qual foi aprovado no Brasil através do Decreto 978/92, e também o art. 9.3 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, porém no Brasil nenhum movimento foi feito pelo governo a fim de efetivar o direito do preso sem demora, ao qual a previsão legal que mais se aproxima de tal,no Brasil, é o § 3.º do art. 2.º da Lei 7.960/1989, que permite ao juiz determinar a apresentação do detido em prisão temporária utilizada logo após a prisão em flagrante do réu, como é, ou deveria ser, de seu direito, ao qual tem como escopo apresentá-lo ao juízo competente em até 24horas após o ocorrido, a fim de averiguar a necessidade, legalidade, ou não da privação de liberdade do acusado, não somente em casos de decretação da prisão temporária, já que até então, não haviam acórdãos anulando a prisão em flagrante devido a demora à apresentação do preso ao juízo competente. Tal tese surgiu a partir da Defensoria Pública de São Paulo.
Prisões cautelares podem ser rechaçadas pelo magistrado logo na leitura no auto de prisão, por constar alguma ilegalidade.
Durante 23 anos a audiência de garantia foi tratada da mesma maneira, quase invisível aos olhos do brasileiro, porém devido a sua pouca aplicabilidade, foi adotada a Resolução 213/2015, a qual acredita-se que foi aprovada para torná-la mais eficaz em nosso ordenamento jurídico.
Conforme Sistema de Audiência de Custódia – SISTAC – desde 2015, quando aprovada a Resolução tratante do tema, foram realizadas 21.556 audiências de garantia no Rio Grande do Sul, dados atualizados até novembro de 2019. Deste total, foram concedidas liberdades provisórias em 5.732 ocasiões, ou seja, em 26% dos casos, praticamente ¼.
A apresentação do réu, imediatamente após o auto de prisão em flagrante visa resguardar a integridade física e moral do indivíduo, assim sendo de suma importância, também, para a redução de práticas abusivas pelas autoridades policiais em muitas comunidades, fatos que, infelizmente ainda são corriqueiros não somente em nosso país, mas de modo geral. Porém, como benesse de tal medida, as ações policiais passam a ter mais credibilidade e confiança, visto que a cada ocorrência em que obtém êxito são amparados por tal medida, a qual apenas ratifica a conduta digna ao qual procedeu.
Contribui também para o entendimento dos fatos e das circunstâncias que motivaram a prisão (justa causa), a fim de que o juiz possa avaliar se a custódia não se deu, por exemplo, para obrigar o preso a confessar, se não está diante de fato atípico ou albergado por excludente de ilicitude ou culpabilidade, ou se não há nulidade que torne desde já indevido o prosseguimento das investigações ou do processo. (MAZI, 2017. p. 02).
Com a ferramenta em questão, verifica-se vantagens ao sistema penal brasileiro e aos maiores interessados, aos quais só lhe interessam a liberdade.
Entre as vantagens a serem elencadas na implementação da audiência de garantia no Brasil, pode-se citar a adequação do processo penal brasileiro aos Tratados Internacionais dos Direitos Humanos, além de que, com tal medida, segundo Aury Lopes Jr., a barreira que segrega o preso e juiz é derrubada, conforme estabelece o art. 306, ​§1, CPP, ao qual se contenta com o mero envio do auto de prisão em flagrante para o meritíssimo juiz (LOPES; PAIVA, 2019).
3 O SISTEMA CARCERÁRIO
No Brasil, o sistema prisional é regrado de três diferentes maneiras, cada uma se adequando melhor a gravidade do delito cometido pelo acusado, estes regimes estando sujeitos ou não a progressões e regressões, como regimes aberto, semi-aberto e fechado, de acordo com o comportamento do réu, entre outras condições, como disserta Grecco (2011, p. 482).
Antes da reformaproduzida pela LEP, o sistema penitenciário do Brasil era regulado pelo sistema auburniano, ao qual determinava que os presos trabalhavam durante o dia e ao cair da noite eram segregados, sob absoluto silêncio, sem qualquer tipo de comunicação uns entre os outros.
A LEP regulariza as casas em que se cumprirão as devidas penas. Conforme o regime a ser cumprido, o apenado vai ser recolhido a um diferente local, chamados de penitenciárias para os apenados do regime fechado, de acordo com o art. 87, da referida lei. As colônias agrícolas ou industriais são destinadas aos apenados cuja o regime a ser cumprido é o semi-aberto, amparados pelo art. 91 da Lei de Execuções Penais. E ainda há de se falar sobre o regime aberto, à ser cumprido nos albergues, conforme art. 93 da lei já mencionada.
Longe de cumprir com sua finalidade, os presídios brasileiros encontram-se em meio a uma crise populacional que afeta todas as áreas do sistema prisional do país, como saúde e segurança, que são deveres do Estado garantir aos presos, cuja muitas vezes devido ao descaso público, cumprem sua pena além do tempo previsto.
3.1 A legislação referente as penas
A legislação que amparava a massa carcerária no Brasil, anteriormente, era o Código Penal de 1891, ao qual como já mencionado acima, adotava o sistema auburniano, que fora adotado pela carência e vontade de superar os intempéries e contras do regime pensilvânico.
Com a ineficácia do regime adotado e com o passar do tempo, como a sociedade não é estática, visando diminuir os problemas nas casas carcerárias e procurando reduzir a população interna, institui-se a Lei nº 7.210/84, de 11 de julho de 1984, chamada de Lei das Execuções Penais, em vigor até a contemporaneidade. Evidente que não foi a única alteração na legislação, visto que, cada estado possuía sua própria legislação acerca dos regimes presidiários.
No ponto de vista dos estudiosos da época, a idéia era construir cada vez mais casas prisionais, que tinham crescimento acelerado, porém com a chegada da LEP, os estabelecimentos prisionais foram classificados em cinco diferentes locais, fazendo-se assim com que cada pena seja cumprida em seu local mais adequado, como explicado na introdução do capítulo, as penitenciárias, colônias agrícolas, albergues, hospitais de custódia e cadeia pública.
Sem sombras de dúvida, afirma-se que a LEP foi um grande avanço para o país quando se fala em sistema penitenciário, pois “anteriormente à Lei nº 7.210/84 a execução da pena era apenas um expediente administrativo, mero consectário legal e lógico da condenação” (NETO, 2000).
Mesmo a LEP trazendo muitos benefícios e um avanço para os internos e para a sociedade em si, sua finalidade ainda não foi totalmente e diga-se muito menos parcialmente alcançada, pelo fato dos poderes legislativos e executivos, e grande parte até da sociedade, que não conhece ou até mesmo deixa de lado a realidade vivida no país a respeito do tema.
A Lei das Execuções Penais trouxe muitas inovações e aperfeiçoamentos, porém pela não execução ou por não ser uma das prioridades no país, a verba pública acaba mal empregada, assim deixando-se de lado o investimento no sistema, fazendo com que o que deveria ser um avanço, acabe simplesmente parado no tempo, trazendo a ineficácia das finalidades da pena.
A pouca existência dos albergues, colônias agrícolas, somando-se em grande parte com a não aplicação das penas alternativas à prisão e o desleixo total com o preso, como o descaso com a saúde, educação, qualificação e segurança, faz com que a legislação responsável seja ineficaz, fazendo com que a sociedade em geral fique parada no tempo, pois não há melhorias quando se trata da esfera criminal. O preso entra no presídio com pouca ou sem nenhuma qualificação, muitas vezes sendo o crime sua única fonte de renda, e sai de lá muitas vezes pior, pois acaba sendo internado com outros presos de maior periculosidade, e amedrontado por seus “colegas” muitas vezes acaba entrando em outro patamar no crime, filiando-se a facções criminosas, buscando proteção para si e sua família, e meios de sobreviver dentro da casa prisional, pois são locais abandonados pelo Estado e pela sociedade, com a má qualidade da alimentação, saúde, higiene, pouco ou nenhum lazer e quase insignificantes oportunidades de trabalho, ao qual busca-se qualificação para ser reinserido na sociedade sem precisar cometer novos crimes para sobrevivência sua e de sua família.
3.2 Dados e estatísticas referentes ao sistema
Um levantamento feito pelo DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional –, órgão executivo, vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, que acompanha e controla como é aplicada a LEP, ao qual trata de um sistema de informações estatísticas que aponta oficialmente os números relativos aos presos no sistema carcerário brasileiro desde 2004, além de ser responsável pelo Sistema Penitenciário Federal, que tem como um dos objetivos isolar as lideranças do crime organizado.
Desde de sua origem, o departamento foi continuamente aprimorado, com o fim de aprimorar a cultura da análise de dados do INFOPEN, a fim de torná-lo uma ferramenta de grande valia no processo de aprimoramento do sistema prisional.
Em 2014 ocorreu uma grande mudança no sistema de coleta de dados, que passou a monitorar também o fluxo de entrada e saída das casas prisionais, além de detalhar informações a cerca da infraestrutura e políticas de assistências médicas, educacionais e garantia dos direitos apoiados pela LEP.
A coleta de informações foi feita através de um rigoroso formulário online preenchido pelo encarregado de cada unidade prisional, seguindo as diretrizes do DEPEN, além de serem autenticados ou corrigidos pelos gestores estaduais.
O último levantamento feito pelo INFOPEN, atualizado em junho de 2017, através dos relatórios preenchidos online pelos responsáveis por cada casa prisional, nomeados pelas Secretarias Estaduais de cada estado, contava com um total de 1.507 casas prisionais no país, sendo que no estado do Rio Grande do Sul são 103, conforme aponta o site do CNJ.
Nas 103 casas prisionais do Rio Grande do Sul, há um total de 36.149 detentos, sendo 34.186 homens e 1.963 mulheres, sendo 11.680 desse total, presos provisoriamente, sendo que o número de vagas nos presídios gaúchos se limita ao total de 25.813.
Levando-se em consideração as casas penais mais próximas, como a Penitenciária Estadual de Santa Maria, com capacidade para 766 detentos, sendo somente do sexo masculino,mas que desde o último levantamento em 25 de setembro de 2019, contava com 913 internos, sendo 223 provisórios, ou seja, aproximadamente 29% dos presos sem condenação, um número que chega a mais de ¼ da população carcerária, menciona-se ainda que o próprio CNJ destaca no formulário que o preso provisório e o primário não ficam em estabelecimento separados dos demais, cuja já foram condenados, motivo pelo qual muitos detentos que praticaram crimes de menor gravidade acabam sendo “recrutados” pelas facções.
Na mesma data ainda foi feito o levantamento do Presídio Regional da mesma comarca, ao qual foi projetado para comportar 272 internos, sendo 100 do sexo feminino e 172 do sexo masculino, ao qual catalogou um número bem menos significativo de presos, totalizando 231 detentos. Em tal presídio, o número de presos masculinos que ainda não receberam condenação chega ao total de 0 (zero), porém esse número nas detentas mulheres chega a 16. Mesmo não sendo um número expressivo, e restando vagas para detentas, as mesmas ainda não foram condenadas, ou seja, ainda são consideradas inocentes, assim passando pelo dissabor de ter sua liberdade cerceada e frequentar o mesmo ambiente de presas condenadas, muitas inclusive de alta periculosidade, além ainda de que a casa não conta com nenhuma unidade materno-infantil, pois para um estabelecimento onde abriga mulheres, seria um local primordial a fim de receber as detentas gestantes.
A PESM, com o seu excedente de detentos foi avaliada com condições “regulares” pelo juiz responsávelpela avaliação. O PRSM, mesmo contando com menos detentos teve avaliação ainda pior, tendo o seu parecer como “péssimo”, como consta no formulário preenchido pelo mesmo.
4 CONCLUSÃO
As prisões provisórias e a audiência de custódia são assuntos que se entrelaçam devido a influência que um exerce sobre o outro. Como analisou-se no presente trabalho, o número de presos provisórios no Brasil e principalmente nos presídios Santamarienses é excedente à quantidade de vagas projetadas nas casas prisionais, tornando-se ineficazes as finalidades das penas, que como já mencionado, tratam-se da prevenção, ressocialização e reeducação do preso, a fim de reinseri-lo na sociedade.
Logo, com a devida aplicação do tema do estudo, pode-se deduzir que com a alta aplicabilidade das audiências garantistas, o problema referente a falta de vagas dos presídios possa vir a ser sanado, trazendo assim mais harmonia ao sistema, visto que em algumas cidades da região Metropolitana, muitos presos ficam mais de 24 horas algemados às viaturas devido ao déficit de exequibilidade.
Como já mencionado, na PESM o número de presos sem condenação ultrapassa ¼ da população carcerária daquela casa penal, que se fossem todos julgados na audiência garantista, a avaliação feita no formulário preenchido pelo juíz responsável por tal casa penal poderia passar de PÉSSIMO para REGULAR ou BOM, visto que teriam menos presos e a qualidade do trabalho exercido pelos servidores poderia ser qualificado, além ainda de que muitos réus não entrariam ou deixariam de ter contato com presos já condenados, muitos ainda considerados de alta periculosidade.
O contato do réu com detentos já condenados, de alta periculosidade, só colabora para a reincidência, pois o mesmo, muitas vezes acaba acoado pelos demais, sendo forçado a participar de facções criminosas a fim de obter segurança para si e sua família, além de uma passagem mais “digna” pela penitenciária, pois assim acaba tendo alimentos em maior quantidade, um colchão e ventilador, televisão e muitas vezes fazer uso de telefone celular, porém tudo tendo um preço. Ao sair do presídio ou mesmo durante sua passagem, no caso de não ter dinheiro, o indivíduo fica devendo favores para as facções.
Ainda que, o Poder Judiciário gaúcho julga como correta a ação de deixar o preso junto com os demais, ao qual irão ter sua audiência realizada no dia, porém o mesmo ficar no local aguardando até o dia seguinte, excedendo-se assim as 24 horas previstas na legislação vigente.
A apresentação do réu ao juízo competente imediatamente após lavrado o flagrante é de suma importância, pois visa resguardar a integridade física e moral do indivíduo, visto que há possibilidade do mesmo ser inocente ou não haver necessidade de mantê-lo privado de liberdade, visto que o crime cometido pelo réu pode ser de menor potencial ofensivo, além de que possa não ter qualquer histórico de marginalidade, ou seja, aparentemente nunca esteve a margem da lei.
Concluindo-se desta maneira, a audiência de custódia ou de garantia, se alterando alguns artigos da resolução ao qual trata o CNJ, tornando-a mais célere, seria de grande valia para o sistema penitenciário santa mariense, desta forma evitando que muitos réus tenham seu direito a liberdade cerceado pela ineficácia do estado, tornando mais eficiente também as três finalidades das penas, e evitando gastos com construções de mais presídios, podendo redirecionar os gastos públicos para a educação, entre outras necessidades básicas da sociedade.
REFERÊNCIAS
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� Artigo apresentado, no segundo semestre de2019, ao Curso de Direito da Universidade Luterana do Brasil – Campus Santa Maria, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel(a) em Direito.
� Graduando do Curso de Direito da Instituição de ensino Universidade Luterana do Brasil - ULBRA. Leandrogarciap7@gmail.com
� Possui graduação em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria (1995), especialização em violência contra criança pelo LACRI USP e em Direito Constitucional pela UNISUL. Atualmente é delegado de polícia - Policia Civil do Estado RS - mestrando da Universidade Federal de Santa Maria - PPGA - Estratégia em Organizações - professor da Academia de Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul, professor da Faculdade de Direito de Santa Maria - FADISMA, tutor de ensino à distância da Rede Nacional de Educação à Distância para a Segurança Publica e professor da Faculdade Palotina - FAPAS. marceloarigony@hotmail.com

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