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Acepções geográficas sobre o conceito de lugar

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ACEPÇÕES GEOGRÁFICAS SOBRE O 
CONCEITO DE LUGAR
Jorge Martins Filho
�Análise Fenomenológica e Humanística
– lócus da reprodução da vida cotidiana,
permeada por diferentes visões de
mundo e diferenciadas ideias de cultura.
Conceitos de Lugar na Geografia
mundo e diferenciadas ideias de cultura.
�Análise Marxista – lugares como
versões dos processos de reprodução do
capital.
�Aristóteles (Física) – lugar como limite que
circunda o corpo.
�Descartes (Princípios Filosóficos) – além de
delimitar o corpo deveria ser definido em
relação à posição de outros corpos.
�Presente em dois eixos epistemológicos: o da
Geografia Humanística e o da DialéticaGeografia Humanística e o da Dialética
Marxista.
� Surgimento a partir das reações ao positivismo
(descrição da natureza a partir de leis e teorias;
dissociação Homem-Meio)
Lugar e Experiência
� Geografia Humanística – valorização das relações
afetivas entre indivíduo e meio (fenômeno da
experiência humana)
� “Produto da experiência humana” – significa mais do
que o sentido geográfico de localização.
� “Centro de significados construído pela experiência.”� “Centro de significados construído pela experiência.”
(TUAN, 1975)
� Referenciais afetivos os quais desenvolvemos ao
longo de nossas vidas a partir da convivência com o
lugar e com o outro.
� Carregados de sensações emotivas principalmente
porque nos sentimos seguros.
� Componentes do lugar: traços físicos, atividades e
funções observáveis, bem como os significados ou
símbolos.
� “Estudar os lugares significa examinar um fenômeno
específico do mundo vivido, elucidando a diversidade e
a intensidade de nossas experiências no lugar. (RELPH,
1976)
� Lugar: histórico, relacional e identitário, diferente
disto, o espaço deve ser encarado como um “não lugar”.
� Lugar e não lugar – polaridades fugidias, o primeiro
nunca é completamente apagado e o segundo nunca se
realiza totalmente (AUGÉ, 1994)
� Lugar: rotina, confrontos, conflitos, dissonâncias.
� “Ele tanto nos transmite boas lembranças quanto a
sensação de lar.” (TUAN, 1975)
� “Somatório das dimensões simbólicas, emocionais,
culturais, políticas e biológicas.” (BUTTIMER,
1985)
� Relação de afetividade relacionada com interessesRelação de afetividade relacionada com interesses
pré determinados (intencionalidade).
� Relação entre experiência e tempo (o senso de
lugar raramente é adquirido pelo simples ato de
passarmos por ele).
� Lugar = vivência + tempo, no entanto ...
� “se leva tempo conhecer um lugar, a própria
passagem do tempo não garante um senso de lugar.
Se a experiência leva tempo, a própria passagem do
tempo não garante a experiência.” (TUAN, 1975)
� Manisfestação da experiência em outras escalas,
“cada pessoa está rodeada por camadas concêntricas
de espaço vivido, da sala para o lar, para ade espaço vivido, da sala para o lar, para a
vizinhança, cidade, região, e para a nação.”
(BUTTIMER, 1985)
� Relação simbiótica entre homem e meio ambiente.
� Lugares são normalmente dotados de limites
reconhecíveis no mundo concreto.
� Não percebemos o lugar como tal, e valorizamos sua
manifestação consciente quando há uma ameaça ao
lugar.
� A maioria dos lugares não são nomeados (não
mapeados), dar nome a um lugar é o explícitomapeados), dar nome a um lugar é o explícito
reconhecimento.
� Destaque da dificuldade do planejador em identificar
as relações históricas embutidas nas formas.
� Ótica insider e outsider. (RELPH, 1976)
� Mello (1990) – categorias de lugar
- o lugar (conforme já analisado) – é recortado
afetivamente, e emerge da experiência sendo assim
um mundo ordenado e com significado.
- o espaço (o lugar contido) – qualquer superfície
terrestre, ampla, desconhecida, temida ou rejeitada e
provocaria a sensação de medo, sendo desprovido deprovocaria a sensação de medo, sendo desprovido de
valor e de qualquer afeição.
- o deslugar – formas estandartizadas, repetidas e com
uniformidade de sequencia.
Mello (1990) lugares míticos e concebidos
Lugar e singularidade
� Visão na qual o lugar é considerado como produto de
uma dinâmica única (resultante de características
históricas e culturais intrínsecas ao seu processo de
formação) e expressão da globalidade
� “Ponto de articulação entre a mundialidade em“Ponto de articulação entre a mundialidade em
construção e o local, enquanto especificidade concreta
e enquanto momento.” (CARLOS, 1996)
� Relacionado ao preocesso de expansão das redes que
incorpora os pontos da superfície do planeta, inclusive
os mais remotos.
� Perspectiva regional sobre o global (JOHNSTON, 1991)
� Construção social sobre o pano de fundo da relação entre
espaço tempo e ambiente (HARVEY, 1996)
� Local criado para atender a determinadas funções
(SANTOS, 1997) a partir do qual estabelecemos nossa
revisão e interpretação do mundo, onde "o recôndito, o
permanente, o real triunfam, afinal sobre o movimento, o
passageiro, o imposto de fora" (SANTOS,1993)passageiro, o imposto de fora" (SANTOS,1993)
� Construção social, deve ser compreendido tanto como uma
localização quanto como uma configuração de
"permanências" relativas internamente heterogênea,
dialética e dinâmica contida na dinâmica geral de espaço-
tempo de processos sócio-ecológicos. Ou seja, processos
específicos contidos e expressos dentro do processo global.
� “Os objetos geográficos aparecem em localizações,
correspondendo aos objetivos da produção em um dado
momento e, em seguida, por sua própria presença, eles
influenciam os momentos subseqüentes da produção"
(SANTOS, 1978). As expressões do global no local seriam
marcadas pelo que Santos define como rugosidades, ou
expressões do tempo histórico incorporadas ao espaço.expressões do tempo histórico incorporadas ao espaço.
� Mesmo tendo como objetivo uma uniformização cultural, a
globalização, vista como "um processo de reestruturação
do sistema de acumulação e reprodução dos centros
capitalistas mundiais" (ORTEGA e LOPES, 1993),
provocaria processos de fragmentação espaço-temporal e
conseqüente hierarquização espacial.
� Para Marx, segundo Harvey, a construção do lugar
estaria ligada (direta ou indiretamente) com o capital e
representaria um "momento de consolidação de um
regime de relações sociais, instituições e práticas
político-econômicas de inspiração capitalista"
(HARVEY, 1996). Busca-se compreender, deste modo,
o local como uma expressão do global.o local como uma expressão do global.
� “O que dá ao lugar sua especificidade não é algum tipo
de história longamente internalizada mas o fato de que
ele é construído a partir de uma constelação particular
de relações sociais que se encontram e se enlaçam num
locus particular" (MASSEY, 1997).
� Processo de homogeneização/fragmentação tem suas
bases fundamentadas na França pós Revolução.
� Lugar como expressão do processo de homogeneização
do espaço imposta pela dinâmica econômica global,
quanto uma expressão da singularidade, na medida em
que cada lugar exerce uma função imposta pela divisão
internacional do trabalho.internacional do trabalho.
� Lugar surge como produto de uma ambiguidade que se
estende a todas as relações sociais que envolvem o
homem e o meio – singular e global.
� Santos (1988) – “quanto mais os lugares se mundializam,
mais se tornam singulares e específicos. Seria uma
resultante direta da especialização dos elementos do
espaço, assim como da dissociação crescente dos
processos necessários a uma maior acumulação de
capital.”
� As peculiaridades inerentes a cada lugar não isola os� As peculiaridades inerentes a cada lugar não isola os
lugares, ou seja, para Santos (1988), ao mesmo tempo
em que a singularidade garante configurações únicas, os
lugares estão em interação, graças a ação das forças
motrizes do modo de acumulação capitalista.
� As redes marcam as conexões entre os lugares,
caracterizam-se por apresentar uma estrutura
organizada de acordo com a especificidade de funções
e segundo uma hierarquia de atividades. (CORRÊA,
1997)
� Cada lugar reage de maneira própria ao processode
articulação com o global, reflexo da compressãoarticulação com o global, reflexo da compressão
espaço-tempo.
� Harvey (1992) – “o progresso implica a conquista do
espaço, a derrubada de todas as barreiras espaciais e a
aniquilação última do espaço através do tempo.”
�Santos (1988) – “já não se pode falar de
contradição entre uniqueness e globalidade.
Ambos se completam e se explicam
mutuamente. O lugar é um ponto do
mundo onde se realizam algumas dasmundo onde se realizam algumas das
possibilidades deste último. O lugar é
parte do mundo e desempenha um papel
em sua história (...).”
�Lugares seriam, portanto, pontos de
encontro de redes de relações sociais,
movimentos e comunicações cujas relações
recíprocas tenham sido construídas em
escala muito maior do que aquelasescala muito maior do que aquelas
definidas para o lugar naquele momento.
Estas relações com o sistema amplo não
são apenas ritualísticas mas relações reais
com conteúdos econômicos, políticos e
culturais reais.
REFERÊNCIAS BÁSICAS
� AUGÉ, Marc. Não lugares: introdução a uma antropologia da 
supermodernidade. São Paulo: Papirus, 1994.
� BUTTIMER, A. Aprendendo o dinamismo do mundo vivido. 
In: PERSPECTIVAS DA GEOGRAFIA, Antônio Carlos 
Christofolleti (org).São Paulo: Difel, 1985.
CARLOS, ANA F. A. O lugar no/do mundo. São Paulo: � CARLOS, ANA F. A. O lugar no/do mundo. São Paulo: 
Hucitec, 1996.
� ______ . A produção do espaço urbano. São Paulo: 
Contexto, 2012.
� CORRÊA, R.L. Trajetórias geográficas. Rio de Janeiro: 
Bertrand do Brasil, 1997.
� HARVEY, David. Condição Pós Moderna. São Paulo: Loyola, 
1992
� MELLO, João Batista F. de. Geografia Humanística: a perspectiva 
da experiência vivida e uma crítica radical ao positivismo. R.Bras. 
de Geografia, 1990.
� RELPH, E.C. As bases fenomenológicas da Geografia. Revista 
Geografia. 1979.
� SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: � SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: 
Hucitec, 1998.
� ______ . Da totalidade ao Lugar. São Paulo: EDUSP, 2012
� TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar. São Paulo: Difel, 1983

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