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Gabriela Capelasso – Etapa 7 – Módulo 2 DOENÇAS NEUROMUSCULARES Patologias que causam alterações primárias da musculatura esquelética Ocorre acometimento primário da unidade motora, que é composta pelo motoneurônio medular, raiz nervosa, nervo periférico, junção mioneural e músculo A idade e o aparecimentos dos sintomas são fatores importantes para determinar o diagnóstico CLASSIFICAÇÃO Acometimento do neurônio motor periférico (amiotrofia espinal infantil) Acometimento de raízes e nervos periféricos (polineuropatias hereditárias sensitivo-motoras) Acometimento da junção mioneural (síndrome miastênica congênita) Acometimento da fibra muscular: miopatias (distrofias musculares) SÍNDROME DA CRIANÇA HIPOTÔNICA Ocorre no RN e no lactente Grupo paralítico: decorrente do acometimento primária da unidade motora (doenças neuromusculares). Hipotonia muscular Déficit motor Hiporreflexia dos reflexos profundos Grau de alerta preservado Grupo não-paralítico: decorrente de afecções do SNC Grau de alerta precário Resposta pobre a estímulos auditivos e visuais Sucção e deglutição não coordenadas Distúrbios metabólicos Crises epilépticas No RN o principal sintoma do grupo paralitico é a hipotonia Já no lactente o principal sintoma é o retardo do desenvolvimento motor (falta de resistência a movimentação passiva e balanço passivo dos membros) Em casos mais graves pode-se encontrar, no grupo paralitico, dificuldades para sugar e deglutir, além de insuficiência respiratória SÍNDROME DE CINTURAS Déficit motor e hipotrofia de predomínio proximal na cintura escapular e pélvica Quedas frequentes e dificuldade para correr/subir escadas Alteração da marcha e báscula da bacia (ilustrada abaixo) Acarreta acentuação da lordose lombar e o característico sinal de Gowers (levantar-se do chão fixando cada segmento dos membros em extensão, como se estivesse ascendendo sobre si mesma) Sinal da escapula alada (ao erguer os braços, as escapulas tornam-se salientes) BÁSCULA DA BACIA SINAL DE GOWERS Gabriela Capelasso – Etapa 7 – Módulo 2 SINAL DA ESCÁPULA ALADA AMIOTROFIA ESPINAL INFANTIL (AEI) Doença degenerativa dos motoneurônios do corno anterior da medula espinhal e dos núcleos motores de alguns nervos cranianos Herança autossômica recessiva AEI TIPO 1 (grave): Início até os 6 meses de vida Não sentam sem apoio óbito, geralmente, antes dos dois anos por motivos respiratórios AEI TIPO II (intermediária): Início antes dos 18 meses de vida Sentam sem apoio, porém não atinge a posição ortostática Não deambulam Grave quadro amiotrófico e deformidades esqueléticas AEI TIPO III (benigna): Início até os 18 meses de vida Adquirem a posição ortostática Deambulam com limitações motoras variáveis Eletromiografia pode apresentar achados específicos POLINEUROPATIAS HEREDITÁRIAS SENSITIVO- MOTORAS (PHSM) PHSM TIPO 1 (doença de Charcot-Marie-Tooth): A mais comum das PHSM Autossômica dominante Caracterizada por perda de força e atrofia Paciente possui história familiar de neuropatia Atrofia da musculatura distal e deformidade dos pés (equino e varo) Os nervos periféricos podem ser palpáveis A doença tem progressão lenta e não afeta a sobrevida PHSM TIPO 3 (doença de Dejerine-Sottas): Autossômica recessiva rara Perda de força progressiva e perda sensorial Ausência dos reflexos tendinosos profundos Evolui rapidamente Causa aumentos nos nervos periféricos e presença de bulbos de cebola (achado da biópsia de nervos) MIASTENIA GRAVE E SÍNDROME MIASTÊNICA MIASTENIA GRAVE ADQUIRIDA: Doença autoimune Dependente do defeito pós- sináptico da transmissão neuromuscular Mais comum no período puberal SÍNDROME MIASTÊNICA CONGÊNITA: Ocorre no RN Geneticamente determinada Pode manifestar-se no lactente Piora da fraqueza durante o dia e após um período de maior atividade EXAMES DIAGNÓSTICOS Enzimas musculares, principalmente a creatinofosfoquinase (CPK) Eletromiografia (importante para distinguir o local do acometimento na unidade motora) Biópsia muscular (importante para diagnóstico das miopatias congênitas) Marcadores moleculares (teste de genética auxilia na classificação de distrofias musculares congênitas) Gabriela Capelasso – Etapa 7 – Módulo 2 DISTROFIAS MUSCULARES LIGADAS AO SEXO Acometimento ocorre na fibra muscular DISTROFIA DE DUCHENNE (DMD) Distúrbio genético ligado ao cromossomo X (afeta principalmente crianças do sexo masculino) Caracterizada pela degeneração progressiva e irreversível da musculatura esquelética Complicações respiratórias são a maior causa de morbimortalidade EPIDEMIOLOGIA Mais comum e mais grave das distrofias musculares em crianças Prevalência média de 20 casos a cada 100.000 pessoas/ano Incidência no sexo masculino é de 1:3.000 nascidos vivos Casos em mulheres são muito raros, sendo essas, geralmente, apenas portadoras do gene Óbito ocorre, geralmente, entre os 20 e 30 anos FISIOPATOLOGIA Deficiência ou ausência de distrofina na superfície da membrana da célula muscular(sarcolema), essencial para o funcionamento desta Microscopicamente pode-se encontrar lesão focal e ruptura do sarcolema A análise imunohistoquímica do músculo revela um padrão difuso caracterizado pela degeneração, perda de fibras com substituição de tecido adiposo e conjuntivo e variação no tamanho das fibras musculares Fibras do tipo I (vermelhas, abundantes em enzimas oxidativas) são acometidas por atrofia Fibras do tipo II (pálidas, ricas em fosforilase) são acometidas por hipertrofia QUADRO CLÍNICO As manifestações clinicas iniciam na infância, três primeiros anos 50% das crianças adquirem marcha independente até os 18 meses, contudo, normalmente, a deambulação é perdida entre os 12 e 17 anos Sintomas iniciais: déficit de equilíbrio, demora para deambular, dificuldade para subir escadas, fraqueza progressiva em MMII, quedas frequentes e atraso no desenvolvimento Aumento da musculatura da panturrilha (pseudo-hipertrofia): causado pela proliferação anormal do tecido instersticial nas fibras do musculo gastrocnêmio, observa-se firmeza e resistência à palpação Fraqueza dos músculos da cintura pélvica + fraqueza do musculo glúteo máximo + aumento da lordose lombar + encurtamento dos músculos responsáveis pela flexão dorsal dos pés aumento da base de sustentação e marcha do tipo anserina Sinal de Gowers maneira peculiar de levantar- se do chão Com a progressão da doença ocorre aumento da lordose lombar e acentuação da marcha anserina Em estágios tardios, ocorre descalcificação e distorções com desorganização do sistema esquelético ossos susceptíveis a fraturas Ocorre escoliose associada a rotação do tronco O comprometimento cardíaco ocorre em 50 a 85% dos pacientes Pode haver comprometimento da musculatura lia, acarretando em sintomas gastrointestinais que sugerem hipomotilidade , como diarreia, vômitos, dilatação gástrica e distenção do cólon No SNC, ocorre atrofia cerebral, déficit intelectual (QI abaixo de 75), déficit de linguagem e memória A prevalência de retardo mental moderado ou grave ocorre em 30 a 50% dos casos DIAGNÓSTICO Ocorre entre os 3 e 7 anos de vida com a percepção pelos pais de um atraso no desenvolvimento Devido as anormalidades estruturais e funcionais da membrana muscular ocorre elevação das enzimas musculares séricas, tais como: CPK e PK TGO e TGP Gabriela Capelasso – Etapa 7 – Módulo 2 Desidrogenase-láctica(LDH) Enolase Anidrase carbônica Biópsia muscular (gastrocnemio, deltoide, ou quadríceps) Eletromiografia: perda generalizada da atividade da fibra muscular com redução da extensão da unidade motora Existe a possibilidade de diagnóstico logo após o nascimento com a dosagem de CPK, que estará elevada, pela análise sanguínea colhida do cordão umbilical PROGNÓSTICO O mau prognóstico está relacionado com o quão cedo a criança para de deambular A sobrevida gira em torno de 20 a 30 anos, mas dificilmente vivem depois dos 21 anos A causa de óbito é frequentemente relacionada a complicações cardiomiopáticas ou respiratórias (fraqueza dos músculos diafragmáticos, intercostais e acessórios) A infecção pulmonar (ineficiência da tosse) e a insuficiência respiratória são as causas mais comuns de mortalidade Com a hipoventilação ocorre hipoxemia e hipercapnia TRATAMENTO A corticoterapia é usada nas distrofias de Duchenne e de Becker para melhora da força muscular e preservação da deambulação por um período mais longo Drogas de escolha: prednisolona (0,75mg/kg/dia por 10 dias alternando com 10 dias de descanso) e deflazacort (1mg/kg/dia, uso diário contínuo) A idade ideal para iniciar o tratamento é até os 5 anos Corticoterapia: ação imunossupressora que reduz a fibrose e a necrose das fibras musculares Efeitos adversos da corticoterapia obesidade, DM, catarata, HAS, osteoporose (deflazacort possui menos efeitos colaterais) Importantea avaliar frequentemente a função pulmonar associado a um programa terapêutico de limpeza mucociliar Atividades físicas como caminhada simples associada a alongamentos e exercícios respiratórias Ortóteses: usadas quando há piora da marcha e desenvolvimento de contraturas precoces dos tecidos moles. DISTROFIA DE BECKER Evolução mais lenta Tem início mais tardiamente que a DMD (após os 12 anos) 10 vezes menos frequente que a DMD Quadro clinico semelhante a DMD Ausência de retardo mental Não ocorre perda da deambulação Sobrevida até 4ª a 5ª década de vida Ocorre pseudo-hipertrofia de panturrilha Elevação das enzimas séricas é menor Comprometimento cardíaco Diagnostico e tratamento semelhantes
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