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Tutorias do Módulo 2 / 7ª Etapa Giovanna Rita 2020 Tutoria 1 - Módulo 2 / 7ª Etapa Giovanna Rita Temas a serem abordados: ● Vias motoras do córtex e placa motora ● Diferenciação entre causas sistêmicas e neurológicas de fraqueza sistêmica ● Protocolo de investigação de fraqueza ● Síndrome do neurônio motor superior ● ELA ● EM ● Miastenia Gravis ● Diferenciação entre lesões degenerativas e desmielinizantes. REVISÃO - VIAS MOTORAS Função Motora: - Coordenação da cabeça, corpo - Manutenção postural - Realização de movimento - Reflexos involuntários. Qualquer movimento é determinado voluntariamente e por reflexos involuntários. Componentes da função motora: -ME -Tronco encefálico -Córtex -Cerebelo -Gânglios da base (corpo estriado - núcleo caudado e putâmen, globo pálido, núcleo subtalâmico, s. negra) Unidade motora: um motoneurônio inervando grupo de fibras musculares Neurônio motor do tipo alfa! Quanto menos fibras; mais fino é o controle. Quanto menor o motoneurônio, menor o número de fibras inervadas, menor força de contração e menor limiar de disparo. Neurônio motor alfa - fibras extrafusais (fora do fuso muscular), compõem a unidade motora. As fibras extrafusais geram força. Neurônio motor gama - inerva fibras fusais, não constituindo a unidade motora. Ajustam o nível de tensão, agindo como um receptor de estiramento. Fibras musculares intrafusais são especializadas. Fibra extrafusal - paralela à fibra intrafusal. Fibras intrafusais - inervação sensorial Fibras IA - maior diâmetro, maior velocidade e terminação primária (em forma de espiral) Há alterações dinâmicas e estáticas e percepção de velocidade de estiramento Fibras II - terminação secundária. Inervação motora - provida por neurônio motor gama. Há os neurônios motores gama dinâmicos e estáticos. Neurônio motor alfa ativado - contrai fibra extrafusal, gera contração. Enquanto isso, fibra intrafusal diminui tensão, para de emitir disparo. Só volta a emitir disparo quando a fibra extrafusal relaxa. Neurônio motor alfa desativado - não há contração. Porém, a inervação sensorial das fibras intrafusais permanece ativa. Estimulação conjunta de neurônios alfa e gama - aumento de tensão, continuidade de disparo nas fibras intra e extrafusais. Fuso muscular: paralelo às fibras musculares extrafusais. Detectam comprimento muscular. São compostos por fibras intrafusais e recebem inervação sensorial e motora. Mecanismo de contração muscular Órgão tendíneo de Golgi: atua na propriocepção e percepção de força. Diferente do fuso muscular, que detecta comprimento. Os órgãos tendíneos de Golgi se localizam nos tendões, e são inervados por fibras aferentes IB. Detectam o nível de força muscular. Reflexos Medulares: - Respostas involuntárias, estereotipadas - Circuito: arco reflexo Ramo aferente > SNC (medula - sinapse) > Ramo eferente (motoneurônio) Sistema Motor e Vias Motoras O sistema motor é um sistema descendente, no qual os impulsos nervosos originam-se no córtex motor e pode seguir por 2 grandes vias: eferente somática (movimento) e eferente visceral (autonômico). No seu trajeto as vias passam pela medula espinhal por meio de tratos e através dos neurônios motores ou eferentes presentes nos cornos ventrais da medula chegam até um músculo ou uma glândula. Desse modo, o impulso eferente determina uma contração ou uma secreção. Os movimentos voluntários dependem diretamente da integração entre os sistemas sensoriais e motor. Afinal, para que ocorra o ato motor, é necessário que antes haja o seu planejamento e verificação do corpo no espaço. É no córtex pré-frontal que é determinado o objetivo do movimento a ser realizado. Quando definido, a informação é passada para as áreas motoras do córtex: áreas secundárias pré-motora e motora suplementar e área motora primária (M1). A comunicação do encéfalo com os neurônios motores da medula se dá por meio de axônios descendentes que correm por duas vias na medula: via lateral e via anteromedial. Via lateral: envolvida nos movimentos voluntários da musculatura distal, sob controle direto do córtex. Via anteromedial: controle de postura e locomoção, sob controle do tronco encefálico. Áreas Corticais e Motricidade Área Motora Primária: Equivale à área 4 de Brodmann e fica localizada no giro pré-central. Ela possui baixo limiar para gerar movimentos através de impulsos elétricos e é responsável pela motricidade de grupos musculares do lado oposto do corpo. A área motora primária possui, assim como a área somestésica primária, uma somatotopia representada pelo Homúnculo Motor de Penfield. Esta correspondência entre partes do corpo e o giro pré-central se dá a partir da delicadeza dos movimentos realizados por aquele grupo muscular. Por isso, áreas como os dedos e a mão ocupam espaço significativo no homúnculo. No entanto, é válido ressaltar que esta organização somatotópica pode sofrer modificações decorrentes do estímulo, aprendizado e lesões. Áreas Motoras Secundárias Área Pré-Motora Localiza-se no lobo frontal, logo adiante da área 4 de Brodmann, na porção lateral do hemisfério. A área pré-motora possui um limiar de ação maior do que a área motora primária. Quando estimulada eletricamente, produz movimentação muscular menos localizada e específica. Isso ocorre porque esta região cortical é responsável pela movimentação de grupos musculares maiores, como os do tronco ou da base dos membros. Funcionalmente, a área pré-motora é responsável por dar origem à via córtico- retículo-espinhal que dá ao corpo uma postura básica preparatória para realização de movimentos mais delicados. Além disso, ela integra o sistema de neurônios espelhos, faz projeção para área motora primária, recebe aferências do cerebelo (via tálamo) e de várias áreas de associação do córtex. No entanto, dentre todas suas funções, a mais importante é o planejamento motor. Área Motora Suplementar Situada na face medial do giro frontal superior, a área motora suplementar corresponde à área 6 de Brodmann. Suas principais conexões são com o corpo estriado, via tálamo, área pré-frontal e área motora primária. A sua principal função é o planejamento motor de sequências mais complexas de movimentos através de suas amplas conexões aferentes com o corpo estriado. Planejamento Motor Na execução de um movimento, há uma etapa de planejamento, efetuado pelas áreas motoras secundárias, e uma etapa de execução realizada pela área motora primária. Também participam do planejamento motor o cerebelo, pela ativação do núcleo denteado antes da área motora primária, e a alça esqueleto-motora estriato-tálamo-cortical. Dessa maneira, a sequência de áreas corticais ativadas para uma açãode estender o braço e pegar um objeto consiste em: 1. Visualização e localização do objeto no espaço, propriocepção e tomada de decisão - córtex pré-frontal. 2. Planejamento do movimento, escolha do grupo muscular a ser contraído em função da trajetória, velocidade e distância a ser percorrida pelo ato motor de estender o braço e alcançar o objeto – áreas motoras secundárias. 3. Execução do planejamento motor – área motora primária: trato córtico- espinhal (musculatura distal dos membros) e trato córtico-retículo-espinhal (musculatura proximal dos membros). Vias Motoras / Grandes Vias Eferentes As grandes vias eferentes colocam em comunicação as estruturas supra segmentares do sistema nervoso com os órgãos efetuadores. Estas podem ser divididas em 2 grupos: VIAS EFERENTES VISCERAIS OU DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO: controla a musculatura lisa, cardíaca e as glândulas, regulando o funcionamento de vísceras e vasos. VIAS EFERENTES SOMÁTICAS: controlam os músculos estriados esqueléticos de modo a proporcionar movimentos voluntários ou automáticos, além de modularem o tônus muscular e a postura. São elas: 1. Trato corticoespinhal: é responsável por ligar o córtex cerebral aos neurônios motores da medula. Nele é dada origem aos tratos corticoespinhais anteriores, que ocupam o funículo anterior, e pertencem ao sistema anteromedial da medula; e laterais, que ocupam os funículos laterais. 1/3 de suas fibras são originadas na área 4 de Brodmann, 1/3 na área 6 e 1/3 no córtex- somatossensorial. Elas seguem o seguinte trajeto: área 4 (maioria das fibras), coroa radiada, perna posterior da cápsula interna, base do pedúnculo cerebral, base da ponte e pirâmide bulbar. Ao nível da decussação das pirâmides, uma parte das fibras continuam ventralmente pelo funículo anterior da medula, enquanto outra parte cruza ao nível da decussação das pirâmides e descem a medula pelo funículo lateral. As fibras do trato corticoespinhal anterior, após cruzamento na comissura branca, terminam nos neurônios motores contralaterais, responsáveis pela movimentação voluntária da musculatura axial. Já o trato corticoespinhal lateral influencia os neurônios motores de seu próprio lado, ou seja, ipsilateral. Apesar da função principal deste trato ser motora, cabe ressaltar que ele também atua no controle dos impulsos sensitivos por meio das fibras originadas na área somestésica do córtex. Esta porção de fibras termina no funículo posterior da medula. 2. Trato corticonuclear: possui a mesma funcionalidade do trato corticoespinhal, porém seus impulsos são transmitidos aos neurônios motores do tronco encefálico e não aos da medula. Assim, gera controle voluntário dos neurônios motores situados nos núcleos motores dos nervos cranianos. As fibras do trato corticonuclear originam-se na região cortical inferior à área 4, passam pelo joelho da cápsula interna e descem pelo tronco encefálico, associados ao trato corticoespinhal. Após o tronco encefálico, destacam-se fibras que terminam seu trajeto nos neurônios motores dos núcleos da coluna eferente somática e eferente visceral especial. Muitas fibras desse trato terminam em núcleos sensitivos do tronco encefálico, como os núcleos grácil, cuneiforme, sensitivos do trigêmeo e núcleo do trato solitário. Enquanto as fibras do trato corticoespinhal são fundamentalmente cruzadas, o trato corticonuclear tem grande número de fibras homolaterais. Por isso que a maioria dos músculos da cabeça estão representados no córtex motor de ambos os lados. 3. Trato rubroespinhal: controla a motricidade voluntária dos músculos distais dos membros, músculos intrínsecos e extrínsecos da mão, principalmente com excitação de músculos flexores e inibição de extensores. Possui número de fibras reduzidas na espécie humana. A sua origem é no núcleo rubro do mesencéfalo, depois ele decussa e reúne-se ao trato corticoespinhal lateral. A principal aferência para o núcleo rubro é também a área motora primária (via cortico-rubroespinhal). Algumas fontes trazem que em casos de lesão do trato corticoespinhal, o trato rubroespinhal pode exercer papel na recuperação das mãos, no entanto, não há consenso na literatura. 4. Trato teto espinhal: sua origem é no colículo superior, onde recebe fibras da retina e do córtex visual. Situa-se no funículo anterior das porções mais altas da medula cervical e pertence ao sistema anteromedial da medula. Está envolvido em reflexos visuomotores em que o corpo se orienta a partir de estímulos visuais. 5. Trato vestíbulo espinhal: são dois: medial e lateral. Sua origem é nos núcleos vestibulares do bulbo. Sua função consiste em fazer a manutenção do equilíbrio a partir de informações vindas do vestíbulo cerebelo e da porção vestibular do ouvido interno, como por exemplo ajustes posturais mesmo após um tropeço e ativação da musculatura extensora das pernas. 6. Trato retículo espinhal: liga diversas regiões da formação reticular aos neurônios motores da medula. São dois: trato retículo espinhal pontino e trato retículo espinhal bulbar. Possuem funções antagônicas. Enquanto o primeiro ajuda a aumentar os reflexos antigravitacionais da medula através da tensão muscular para manutenção da postura ereta, o segundo libera os músculos antigravitacionais do controle reflexo. Localizam-se no sistema anteromedial medular e são responsáveis por controlar movimentos automáticos e voluntários. CAUSAS NEUROLÓGICAS E SISTÊMICAS DE FRAQUEZA MUSCULAR Causas Sistêmicas Hipotireoidismo Insuficiência suprarrenal Hipercalcemia Hipoglicemia Hipoaldosteronismo Hipogonadismo Obesidade e Desnutrição Distúrbios psicológicos e psiquiátricos Neoplasia oculta Causas Neurológicas Lesões corticais e subcorticais Doenças desmielinizantes Lesões no tronco encefálico Trauma raquimedular Anticorpos anti-acetilcolina Mono e polineuropatia PROTOCOLO DE INVESTIGAÇÃO - FRAQUEZA MUSCULAR SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR Introdução: A contração muscular tem início na área motora do cérebro, onde há o primeiro neurônio motor, com grande axônio, que atinge a medula espinal, onde há o segundo neurônio motor. Esse segundo neurônio sai da medula e se dirige aos músculos da periferia. Na doença do neurônio motor, seja ele superior ou inferior, ocorre fraqueza muscular. Do ponto de vista clínico, ambas se manifestam com fraqueza muscular. Epidemiologia e Etiologia: A doença do neurônio motor pode ser neurodegenerativa (acúmulo de proteínas nocivas nos neurônios motores) - sendo a ELA a mais comum. A ELA acomete mais idosos, é esporádicae progressiva. Existem variantes da ELA, que acometem só o neurônio motor superior ou o inferior, por exemplo) As doenças do neurônio motor podem ser hereditárias (AME - acomete crianças, geralmente na infância precoce. Evolui com grande comprometimento muscular, e paciente pode morrer por falência da mm. respiratória) ELA Familiar e Doença de Kennedy (forma de doença do n. motor, cursa com ginecomastia e acomete mm. bulbar) são raras. Podem, raramente, ser infecciosas: Poliomielite (principalmente neurônio motor inferior), HIV, Infecção por vírus do Nilo Ocidental. Síndromes paraneoplásicas, raramente, podem causar doença do neurônio motor. Fisiopatologia: Depende da etiologia. Geralmente, não é bem elucidada. Comumente, há dano ao neurônio motor causando fraqueza muscular. Neurônio motor com ELA, por exemplo, atrofia os neurônios e impede a contração muscular, ainda que o músculo esteja intacto. Fatores de Risco para a ELA: - Fatores genéticos Mutação na Superoxide Desmutase 1; Mutação TARDBP; Mutação C90rf72; Mutação TBK1 - Fatores ambientais: exposição a pesticidas, metais pesados, exposição excessiva a campos eletromagnéticos, IMC elevado, mau estado nutricional, exercício físico intenso por longos períodos de tempo. A fisiopatologia das causas genéticas, como a AME, têm etiologia clara. A mutação no gene SMN (Survivor Motor Neuron) causa impedimento precoce da contração muscular. Quadro Clínico: Fraqueza Muscular, de instalação insidiosa, crônica e assimétrica. Há muitos diferenciais. Portanto, é preciso topografar o neurônio motor. A etiologia depende de faixa etária e história familiar, combinação de neurônios motores, progressão clínica. É necessário solicitar exames complementares. ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica) - atinge nn. motores superior e inferior. Há variantes que selecionam apenas o superior ou inferior, que são menos agressivas que a forma clássica. AME (Atrofia Muscular Espinal) - n. motor inferior. Mais precoce, mais agressiva. Mais tardia, mais indolente. Eloah, paciente de 07 meses de idade com EMA Topografia da Fraqueza: - Síndrome piramidal: Lesão no SNC - Síndrome da unidade motora: Lesão no SNP Síndrome piramidal - 1° neurônio motor: - Liberação do 2° neurônio motor, contrai de forma indiscriminada - Hipertonia (espasticidade) + Reflexos exaltados (n. motor inferior contrai muito) + Babinski Babinski = Reflexo cutâneo plantar em extensão Síndrome da unidade motora - 2° neurônio motor (ocorre na Atrofia Muscular Espinal) - Lesão periférica. - Reflexos hipoativos + Atrofia/hipotonia + Fasciculações (especialmente de língua!) Trato corticoespinal inibe arco reflexo. Por isso paciente com síndrome do primeiro neurônio motor (síndrome piramidal) possui hiperreflexia! Sd neurônio motor inferior: Hipotonia e arreflexia, por impedir mecanismo do arco reflexo. Diagnóstico: Eminentemente clínico! Fraqueza crônica assimétrica associada a sinais topográficos do neurônio motor. A instalação é insidiosa e assimétrica Pode haver disfagia, dispneia... (devido a fraqueza muscular) NC V - responsável pela mastigação. NC XII - hipoglosso, movimenta a língua permitindo deglutição. NC IX - glossofaríngeo. NC X vago. Se ocorre acometimento desses pares, haverá dificuldade de deglutição. Fasciculação da língua - Indica acometimento bulbar Sem achados sensitivos! (Dormência, parestesia...) RM: Não dá diagnóstico. Porém, deve ser feita para excluir causas estruturais que podem simular. Técnica DTI é mais promissora! Eletroneuromiografia: Auxilia a topografar o neurônio motor inferior (2° neurônio motor, SNP) Eletroneuromiografia ajuda a diferenciar se o problema ocorre no nervo ou no músculo! Apesar de não identificar alteração de neurônio motor superior Líquor (suspeita infecciosa, paraneoplásica) Rastreio genético (AME) Tratamento: Muito restrito. A maioria das doenças do neurônio motor são agressivas e progressivas. Reabilitação e suporte respiratória podem manter o paciente vivo. A função cognitiva é mantida. Terapias específicas de acordo com a causa. ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA Doença neurodegenerativa. Instalação insidiosa de fraqueza intensa, com sinais neurológicos típicos de primeiro e segundo neurônio motor. Stephen Hawking era portador de ELA. Ele foi um grande físico, e sua habilidade cognitiva não foi alterada. Aliás, a habilidade cognitiva é mantida em pacientes com ELA! Atinge diversos segmentos: Bulbar - alteração da fala, disfagia Cervical - fraqueza em MS Lombossacral - fraqueza em MI Tende a atingir mm. respiratória e bulbar Diagnóstico clínico + Eletroneuromiografia Tratamento: riluzol (aumenta em poucos meses a expectativa de vida) + Suporte Na fonoaudiologia, se faz videodeglutograma para avaliar a capacidade de deglutição em paciente com ELA. -Sonda nasoentérica - até 8 semanas, se há perspectiva de melhora. -Gastrostomia - após 8 semanas Prognóstico sombrio e reservado. AMIOTROFIA MUSCULAR ESPINHAL (AME) A mutação no gene SMN (Survivor Motor Neuron) causa impedimento precoce da contração muscular. Genética recessiva. Bebê hipotônico. Não senta, não rola... Topografia indica o segundo neurônio motor. Tem progressão variável, em geral devastadora. O diagnóstico genético é bem definido. Atualmente, surgiu tratamento específico com oligonucleotídeo substituindo a ação de gene alterado. Custa 200 mil reais. E é muito eficaz. Tem no SUS! É o Nursinesen, que não cura, mas estabiliza a progressão da doença. Se dado antes das manifestações clínicas, evita a progressão do dano. Terapia gênica: em estudo, terapias promissoras e duradouras. ESCLEROSE MÚLTIPLA Definição: Doença autoimune, inflamatória, desmielinizante, crônica e evolutiva. Processo inflamatório sobre a bainha de mielina. Uma vez instalada, a doença evolui de forma crônica. Esclerose Múltipla. M de bainha de mielina! EM é desmielinizante. ELA; AME são neurodegenerativas. Epidemiologia: É mais comum em adultos jovens (20-40a) - em geral acomete mulheres caucasianas. No mundo, acomete 2 milhões de pessoas. No BR, acomete 18 em 100.000 habitantes. A EM é importante causa de incapacidade em adultos jovens, sendo a segunda causa incapacitante não traumática nessa faixa etária. Fisiopatologia: Linfócitos T ativados na periferia ativam linfócitos B e macrófagos, que atravessam a barreira hematoencefálica e causam focos de inflamação no SNC - em especial na bainha de mielina, prejudicando o isolamento elétrico e, com isso, inibindo a capacidade de condução do sinal elétrico. Após o processo inflamatório, tende a ocorrer cicatrização da mielina. Vale lembrar que esse processo tende a causar destruição neuronal; provocando proliferação das células da glia no lugar de neurônios. Essas células da glia formam placas;que causam déficits focais do encéfalo, medula ou nervo óptico. Sinais e Sintomas: Os sintomas correspondem às áreas inflamadas (com placas). Podem ocorrer sintomas sensitivos, motores, visuais e síndromes medulares. Sintomas sensitivos: hipoestesia, dor, parestesia. Sintomas motores: fraqueza, espasticidade (sinal de primeiro neurônio motor), sinais de liberação piramidal (hiperreflexia, tônus alterado) Sintomas visuais: neurite óptica, perda da acuidade visual, dor retro-orbitária, diplopia (principalmente se tronco encefálico acometido) Sintomas genitourinários: incontinência, urgência, polaciúria e disfunção sexual Sintomas psiquiátricos: depressão e perda cognitiva. Outros sintomas: Fenômeno de Unthoff (piora dos sintomas neurológicos quando há febre e elevação da temperatura) Sinal de Lhermitte+ Formas clínicas: Remitente- recorrente Ocorre em surtos. Após os surtos, há remissão dos sintomas. Porém, o surto pode causar dano neuronal irreversível, deixando sequela e acumulando incapacidade. Portanto, os "surtos" vão sendo mais graves ao longo do tempo. Corresponde a 80% dos casos. Geralmente evolui para a forma secundariamente progressiva. Secundariamente progressiva 85% dos pacientes da forma remitente-recorrente evoluem para a forma secundariamente progressiva. Ocorre um surto, paciente volta ao normal. Porém, acumulam-se incapacidades sem que ocorra surto. Entretanto, a doença evolui e se torna mais grave sem que ocorram, necessariamente, surtos. Primariamente progressiva 15% dos casos. Evolui progressivamente sem haver surto bem demarcado. Remitente-recorrente: Há surtos relativamente frequentes, com acúmulo de disfunção causada pelos surtos. Secundariamente progressiva: Ocorre acúmulo gradual de disfunção, sem que haja, necessariamente, surto entre elas. Em geral, ocorrem surtos esparsos, e não tão frequentes quanto na forma remitente-recorrente. A forma remitente-recorrente costuma evoluir para a forma secundariamente progressiva. Primariamente progressiva: Há acúmulo de disfunção sem surto. Os surtos (desmielinização) ocorrem a partir do surgimento de um novo sintoma neurológico ou piora significativa de um sintoma “antigo”, com duração mínima de 24 horas. Para ser considerado um novo surto é necessário que ocorra um intervalo mínimo de 30 dias entre eles - caso contrário, considera-se o sintoma “dentro” do mesmo surto em andamento. O quadro clínico de cada surto é variável e pode associar-se a mais de um sintoma. Alguns pacientes apresentam piora dos sintomas na ocorrência de febre ou infecções, frio extremo, calor, fadiga, exercício físico, desidratação, variações hormonais e estresse emocional – no geral são situações transitórias. Atenção especial às infecções, pois agravam o quadro clínico do paciente desencadeando sintomas que podem ser considerados “falso ou pseudo-surto”. Diagnóstico: Não há teste diagnóstico específico. Baseia-se em critérios clínicos + radiológicos. RM - São visíveis lesões ovoides, principalmente periventriculares e próximas ao córtex. Lesões em dedos de Dawson Lesões na medula espinal, que captam contraste. Quando o processo inflamatório termina e ocorre fibrose, há o surgimento de "black holes" no lugar das lesões ovoides. Células da glia substituem a bainha de mielina e se formam os "black holes" A - lesões desmielinizantes hiperintensas na substância branca justacortical (seta amarela), subcortical e periventricular; lesões em dedos de Dawson (seta vermelha), correspondendo a áreas de desmielinização perivascular que ocorrem ao longo de pequenas veias perpendiculares aos ventrículos cerebrais. B - lesão hiperintensa no corpo caloso (seta), característica de esclerose múltipla. D - observam-se lesões hipointensas em T1, designadas black holes (setas). E - são visíveis várias lesões captantes de gadolínio em anel incompleto (setas), típicas de esclerose múltipla, que indicam disrupção da barreira hematoencefálica por inflamação ativa. C - observam-se múltiplas lesões desmielinizantes hiperintensas na medula espinhal cervical F- lesões desmielinizantes captantes de gadolínio na fossa posterior e na medula espinhal torácica; caracteristicamente, as lesões medulares na esclerose múltipla são relativamente pequenas em extensão, afetando apenas até dois segmentos vertebrais. Líquor: Bandas Oligoclonais (pesquisa no líquor) Clínica: Disseminação em tempo e espaço. Houve lesões em tempos diferentes E em locais diferentes (perceber por clínica e RM) Afastar outras causas. Tratamento: - Surto PS - Déficit focal identificado e confirmado por RM; ou em paciente conhecidamente portador de EM Metilprednisolona (pulsoterapia) EV 1g 3-5 dias. - Fármacos modificadores da doença Apenas para a forma remitente-recorrente o tratamento é bem estabelecido. Utiliza-se drogas imunomoduladoras 1a. Linha: Betainterfenona 1a e 1b; Glatiramer e Teriflunomida 2a. Linha: Fumarato de Dimetila, Fingolimode; Natalizumabe; Alentuzumabe (Ac monoclonais). MIASTENIA GRAVIS Definição: Fraqueza muscular grave, de origem autoimune O botulismo é outro exemplo de disfunção da Doença Neuromuscular Fisiopatologia: É doença autoimune, afeta a junção neuromuscular. Em situações fisiológicas, a fenda pré-sináptica libera acetilcolina na fenda sináptica, que ativa receptores na fenda pós sináptica provocando contração. Na miastenia gravis, há anticorpos anti receptor da acetilcolina, impedindo a contração. Epidemiologia: 5-10 a cada 100.000 habitantes Padrão bimodal: primeiro pico em mulheres (entre 20-30a); segundo pico em homens (60-80a) Quadro Clínico: Fraqueza Muscular Flutuante (principal sintoma) - melhora com repouso Fatigabilidade (quanto mais usa o músculo, mais fraco ele fica) Fraqueza é pior ao final do dia e pior após atividade física. Por isso, não se faz fisioterapia no miastênico. Fraqueza é localizada em regiões mais utilizadas ao longo do dia. Fraqueza é diferente de fadiga!! Não confundir 50% dos pacientes têm sintomas oculares, como ptose e diplopia. Metade desses pacientes evolui para doença generalizada. 15% têm sintomas bulbares - disartria, disfagia, fraqueza para mastigação <5% dos pacientes têm fraqueza de membros isolada Crise miastênica Atinge 15 a 30% dos miastênicos. Acomete musculatura respiratória e impõe risco à vida. Infecção, estresse cirúrgica, gravidez e puerpério, uso de altas doses de corticoides, uso de ATB podem preceder a crise. Sinais de alerta: Dispneia- uso de mm. acessória, respiração abdominal paradoxal Disfagia - hipotonia, dificuldade de eliminação de secreção das VA Diagnóstico: Ptose fatigável Diplopia após visão ocular lateral Piora da força com contração muscular repetida. "Teste do gelo" - o gelo melhoraa ptose Anticolinesterásico EV impede a degradação da Ach na fenda, acumulando acetilcolina, causando contração muscular eficaz. Neoestigmina e hidrofônio são usados. O gelo reduz a atividade da acetilcolinesterase na fenda muscular Eletroneuromiografia - padrão decremental do potencial de ação. Conforme estimula o músculo, a contração cai. Porém, a velocidade de condução é normal. Todo paciente com miastenia gravis deve fazer Tomografia de Tórax. Não se sabe bem como, mas o timo pode estar implicado na miastenia gravis. Acredita-se que os linfóticos T helper auxiliam os linfócitos B a produzir anticorpos. Se houver timoma e hiperplasia tímica, pode haver miastenia gravis. Tratamento: - Inibidores da acetilcolinesterase - Piridostigmina - Drogas imunossupressoras: corticoide, azatioprina (poupador de corticoide) -Timectomia, se houver timoma ou hiperplasia tímica não responsiva a tratamento farmacológico em <60 anos. - Pode-se fazer plasmaférese e transfusão de imunoglobulinas - Não fazer corticoide ou anticolinesterásico na fase aguda! Na crise miastênica, se realiza plasmaférese ou imunoglobulina (2g/kg em 3 a 5 dias) Evitar: SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÈ Síndrome que engloba polineuropatias agudas imunomediadas. É desmielinizante ou axonal. A forma mais comum é a polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória aguda de Sd. de Guillain-Barrè. Epidemiologia: É relativamente rara, acometendo 102 casos por 100.000 habitante/ano. Acomete todas as idades, mas o risco aumenta com a idade. Acomete ligeiramente mais homens do que mulheres. Fisiopatologia: Infecção gera resposta imune. Os anticorpos, entretanto, acabam atacando raízes nervosas e bainhas de mielina. Essa resposta imune é, geralmente, secudária a IVAS, GECA, infecção por Campilobacter jejuni, Imunização, CMB, EBV, HIV, Zika, Cirurgia e Transplante de Medula Óssea. Quadro Clínico: Paralisia flácida ascendente, hipo/arreflexia. 1. Gatilho - ex: IVAS 2. Início dos sintomas (1-4 sem) 3. Fraqueza máxima (>4 sem) Sintomas sensitivos (parestesia nas mãos e pés), geralmente leves. 2/3 dos pacientes apresentam dor, devido à inflamação de raízes nervosas, geralmente na região lombar Disautonomia (sudorese, taquicardia, labilidade pressórica) Paresia de nervo craniano (em geral pacientes graves) 10% dos pacientes não têm sintomas ascendentes, mas sim que iniciam na face e MMSS 10-30% precisam de suporte ventilatório 50% apresentam paralisia facial 50% apresentam disfagia 15% apresentam fraqueza ocular Diagnóstico: -Líquor (mandatório!) - dissociação proteíno-citológica (aumento de proteína, com celularidade normal - refletindo caráter inflamatório). O aumento das proteínas evidencia a inflamação das meninges. -Os linfócitos estão aumentados no líquor (devido à etiologia viral) - Eletroneuromiografia, com padrão de desmielinização. Tratamento: - Se houver comprometimento respiratório - UTI - Sem comprometimento respiratório - internar na enfermaria - Medidas de suporte - Fisioterapia - Fonoaudiologia - Suporte nutricional - Imunoglobulina intravenosa humana - 0,4 g;kg por 5 dias - Plasmaférese (procura-se retirar os linfócitos) -Imunoglobulinas Se feito imunoglobulina, esperar uma semana para se fazer a plasmaférese Em especial para pacientes que não conseguem deambular nos últimos 15 dias. Não existe cura, mas sim suporte! DM, diabetes insipidus, perda de controle autônomo -> Possíveis complicações Toda fraqueza flácida é de notificação compulsória! Devido à vigilância da POLIOMIELITE, uma doença causada pelo poliovírus, devido ao contato com fezes ou secreções contaminadas. No Brasil, o último caso registrado foi em 1989 (vacinação em massa). Inicia com febre, mal estar, vômitos, mialgia... Evolui com sintomas neurológicos (cefaleia, espasmos, meningite) e há a forma paralítica: fraqueza em um ou vários grupos musculares, hipo/arreflexia. Há mais sintomas assimétricos, músculos proximais mais afetados e maior acometimento de MMII. Há algumas semelhanças com Guillain-Barré, exceto pelos sintomas assimétricos e acometimento de MMII. A síndrome de Miller-Fisher, semelhante à SGB, conta com ataxia, arreflexia, oftalmoparesia. Tutoria 2 - Módulo 2 / 7ª Etapa Temas a serem abordados: ● Vias ascendentes e descendentes da medula espinal ● Arco reflexo ● Relação entre exame neurológico e lesões medulares ● Tipos de lesão medular ● Diferenciação entre lesões medulares e radiculares ● Choque neurogênico ● Trauma raquimedular SUBSTÂNCIA CINZENTA DA MEDULA Os neurônios presentes na substância cinzenta são classificados em: - Neurônios de axônio longo (tipo I de Golgi) - podendo ser: Radiculares: Viscerais e somáticos alfa (excitatórios) e gama (inibitórios) Cordonais: De projeção e associação - Neurônios do axônio curto (tipo II de Golgi). São responsáveis pelos arcos reflexos. Vale ressaltar que os neurônios medulares não se distribuem uniformemente na substância cinzenta e se agrupam em núcleos mediais e laterais: - Neurônios do grupo medial: Estão em toda a extensão da medula. Seus neurônios motores inervam a musculatura relacionada ao esqueleto axial (cabeça, tórax e coluna vertebral) - Neurônios do grupo lateral: Originam fibras que inervam a musculatura apendicular (membros). Estão presentes nas intumescências. Na coluna posterior, há o núcleo torácico (dorsal) e a substância gelatinosa. - Núcleo torácico: Região torácica e lombar alta - Responsável pela propriocepção inconsciente. Tem neurônios cordonais de projeção, cujos axônios vão para o cerebelo. - Substância Gelatinosa: “Portão da dor”. Recebe fibras sensitivas que entram pela raiz dorsal, e serve para regular a entrada de impulsos dolorosos no sistema nervoso. SUBSTÂNCIA BRANCA Lembre-se: As fibras da substância branca são agrupadas em tratos e fascículos - por onde os impulsos nervosos transitam. Revendo as VIAS DESCENDENTES: Como vimos no Problema 1, as vias descendentes podem ter início no córtex ou no tronco encefálico. Algumas fazem sinapses com neurônios da medula; e outras, com neurônios pré-ganglionares do SNA - formando as vias descendentes viscerais. As fibras descendentes são divididas em funículo lateral e anterior da medula. Estamos nos referindo à coluna anterior da medula. Funículo lateral = Movimentos finos de extremidades. Os sistemas laterais são o trato corticoespinal e o rubroespinal. Funículo anterior = Ajuste e manutenção da postura. Os sistemas mediais são compostos pelos tratos corticoespinal anterior, tetoespinal, vestibuloespinal e os reticuloespinais pontino e bulbar. O núcleo rubro do mesencéfalo origina as fibras do trato rubroespinal, responsável pelo movimento voluntário dos membros - portanto, fazendo parte do sistema lateral. O córtex motor primário fica na área 4 de Broddman,no lobo frontal. Ele origina os tratos corticoespinal. O trato corticoespinal lateral também controla movimentos voluntários dos membros. VIAS ASCENDENTES: As fibras ascendentes são relacionadas a fibras que penetram pela raiz posterior do nervo espinal, trazendo impulsos aferentes de todo o corpo. Os ramos ascendentes das fibras da raiz dorsal (fascículo grácil e cuneiforme) e axônios de neurônios coronais de projeção da coluna dorsal compõem as fibras da via ascendente. No funículo posterior há dois fascículos: - Grácil: Medial - Cuneiforme - Lateral Os dois são separados pelo septo intermédio posterior O funículo posterior conduz impulsos nervosos relacionados à: - Propriocepção consciente - Tato discriminativo (epicrítico) - Sensibilidade vibratória - Estereognosia O funículo anterior abriga o trato espinotalâmico anterior, que é pouco discriminativo (tato protopático), permitindo a localização da fonte do estímulo tátil. O funículo lateral abriga o trato espinotalâmico lateral, onde há neurônios na coluna dorsal emitindo axônios que cruzam a substância branca e ganham o funículo lateral, com a função de conduzir impulsos de temperatura e dor. ARCO REFLEXO O arco reflexo é uma reação imediata e constante a determinado estímulo, não chegando a se tornar consciente (geralmente, o estímulo não chega ao córtex). Após determinado estímulo, a fibra do nervo sensitivo recebe e transmite o impulso por uma raiz nervosa dorsal até a medula, onde interneurônios interpretam o estímulo e transmitem impulso nervoso determinando ação. Esse impulso sai da raiz nervosa ventral da medula e corre pelas fibras motoras, estimulando o órgão a responder ao estímulo inicial. Quem “comanda” o arco reflexo, portanto, é a substância cinzenta (neurônios do tecido nervoso). A efetuação do movimento, por sua vez, depende da substância branca (axônios mielínicos), que atinge o órgão. Os reflexos tendinosos profundos revelam informações sobre a integridade do sistema nervoso central e periférico. Geralmente, os reflexos diminuídos indicam um problema periférico (acometimento de II neurônio); e reflexos exagerados um problema central (acometimento I neurônio). RELAÇÃO ENTRE EXAME NEUROLÓGICO E LESÕES MEDULARES Avaliação de Reflexos Reflexo bicipital (C5, C6) Reflexo braquiorradial (C5, C6, C7) Reflexo do extensor dos dedos (C6, C7) Reflexo tricipital (C6, C7, C8) Reflexo patelar (L2, L3, L4) Reflexo aquileu (S1, S2) Sinais e Sintomas do Paciente Predomínio do parassimpático, causando bradicardia e hipotensão (choque neurogênico) -> Lesão acima de T4 Respiração abdominal -> N. frênico acometido (C3, C4, C5) Regiões torácicas mais baixas = Acometimento musculatura acessória Impossibilidade de mexer os ombros “nem aí” ->C4, C5. Requer intubação rápida Incapacidade de mover cotovelo -> C5 “Brincadeira de moto”, com as mãos -> C6 Hipossensibilidade na região do mamilo ->T4 “ Apêndice xifoide -> T6 “ Umbigo -> T10 “ Púbis - T12 Precisa saber essa imagem! Delineando a altura da lesão pelo exame físico Dedo polegar - C6 ; Dedo médio - C7; Dedo “mindinho” - C8 Babinski = T6 a T11 Observações É importante evitar choque, febre e hipóxia no paciente com lesão em C6. O edema pode subir para C4, causando perda de movimentos respiratórios (n. frênico). Coluna cervical preservada permite independência! Pois C6 permite movimentos das mãos e braços, permitindo que o paciente manipule a cadeira de rodas. TIPOS DE LESÃO MEDULAR Lesão medular completa Não há função motora ou sensitiva preservada em segmento sacral. Resulta em: - Paralisia imediata, completa e flácida (com perda do tônus do esfíncter anal) - Perda de toda a atividade reflexa e sensorial - Disfunção autonômica abaixo do nível da lesão A lesão cervical alta (em C5 ou acima) afeta os músculos que controlam a respiração, causando insuficiência respiratória; pode ocorrer dependência do ventilador, especialmente em lesões em C3 ou acima dela. Disfunção autonômica por lesão da medula cervical pode resultar em bradicardia e hipotensão; o denominado choque neurogênico. Ao contrário de outras formas do choque, a pele permanece quente e seca. Arritmias e instabilidade da pressão arterial (PA) podem acontecer. A pneumonia é uma causa frequente de morte em pessoas com lesão alta na coluna cervical, especialmente naquelas dependentes de ventilação mecânica. Dentro de algumas horas ou dias, paralisia flácida pode se tornar espástica, devido ao excesso de reflexos de alongamento normais, resultando na perda da inibição descendente. Depois, se a medula lombossacral estiver intacta, os espasmos musculares flexores aparecem e os reflexos profundos do tendão, bem como os autônomos, retornam. Lesão medular incompleta Funções motoras e sensitivas são preservadas a nível sacral. Em lesões medulares incompletas, ocorre perda sensorial e motora, e os reflexos profundos dos tendões podem ser hiperativos. As perdas sensoriais e motoras podem ser permanentes ou temporárias, dependendo da etiologia; a função pode ser perdida brevemente devido à concussão ou, de forma mais duradoura, por causa de contusão ou laceração. Às vezes, porém, edema rápido da medula resulta em disfunção neurogênica total que lembra lesão medular completa; essa condição é chamada de choque medular (para não ser confundido com choque neurogênico). Aí a importância de evitar inflamações, sepse, entre outras condições que possam ocasionar/agravar edema no paciente com lesão medular incompleta. Os sinais e sintomas desaparecem em um a alguns dias, mas a incapacidade residual geralmente permanece. Quando há edema no local do lesão, e o edema reduz, pode haver recuperação parcial da plegia. As manifestações dependem de qual parte da medula está envolvida. Lesões na cauda equina A perda motora e/ou sensorial costuma ser parcial e ocorre na região distal das pernas. Em geral, os sintomas sensoriais são bilaterais, mas costumam ser assimétricos, comprometendo mais um hemicorpo do que o outro. A sensação está normalmente diminuída na região perineal (“anestesia de suporte”). A deficiência das funções intestinal e da bexiga pode envolver incontinência ou retenção. Os homens podem ter disfunção erétil e as mulheres podem apresentar resposta sexual diminuída. O tônus do esfíncter anal está diminuído e os reflexos bulbocavernosos e anais estão anormais. DIFERENÇA ENTRE LESÃO RADICULAR E MEDULAR Lesão Radicular O envolvimento da raiz sensorial causa alteração sensorial na distribuição de um dermátomo. Os reflexos tendinosos profundos segmentares correspondentes podem estar diminuídos ou ausentes.As lesões na cauda equina, que afetam múltiplas raízes lombares e sacrais, causam sintomas radiculares em ambas as pernas e podem alterar a função esfincteriana e sexual. Resultados que indicam compressão da coluna incluem: • Nível sensorial (uma mudança abrupta na sensibilidade abaixo de uma linha horizontal ao longo da coluna vertebral) • Paraparesia flácida ou quadriparesia • Anormalidades de reflexos abaixo do local de compressão • Hiporreflexia de início precoce seguida mais tarde por hiperreflexia • Disfunção do esfíncter Disco intervertebral herniado, AR ou osteoartrite, Diabetes e Doenças infecciosas, (p. ex., tuberculose), podem causar radiculopatias. Infecção por herpes-zóster normalmente provoca radiculopatia dolorosa com perda sensorial do dermátomo e erupção cutânea característica, mas pode causar radiculopatia motora com fraqueza segmentar e perda de reflexos. Polirradiculite induzida por citomegalovírus é uma complicação da aids. Lesão Medular É uma condição de insuficiência parcial ou total do funcionamento da medula espinal, decorrente da interrupção dos tratos nervosos motor e sensorial desse órgão, podendo levar a alterações nas funções motoras e déficits sensitivos. As manifestações clínicas dependerão do nível e grau da lesão. TRAUMA RAQUIMEDULAR -Atinge entre 13 e 50 pessoas por milhão a cada ano. -Inclui alterações temporárias ou permanentes na função motora, sensível e autonômica O acometimento de cervical é mais comum e representa metade dos casos de trauma raquimedular. Em geral, é causado por mergulho em água rasa. Cervicais - 50%. Muita mobilidade, pouca proteção por gradil costal. C5 é a mais atingida. Torácicas - 29% Lombares - 15% Sacrais - 4% Homens são mais atingidos, em proporção de 4:1 Em geral, atingidos são jovens, entre 15 e 40 anos. Etiologia -Acidentes automobilísticos - 30% -Queda da própria altura (comum em idosos, devido à osteoporose) - 20% -Mergulho em água rasa - 21% -Ferimento por água de fogo- 12% -Acidentes esportivos- 2% Fisiopatologia e Classificação Lesão primária: insulto inicial. Fratura óssea. Lesões secundárias: inchaço medular, disautonomia, espasticidade… No atendimento, sempre tentar identificar lesão primária e relacionar com a secundária. Tipos de Fratura Tipo A - Lesões compressivas Mais comuns na coluna lombar. Podem ser classificadas. Achatamento superior a 50% é indicativo de cirurgia. A partir da lesão 3, é indicada cirurgia. A Lesão de tipo II (Split) é indicativo de cirurgia em alguns casos, somente se o paciente sentir dor ou outros sintomas decorrentes de seu acometimento. Tipo B - Lesão por ruptura Em geral, acomete ligamento posterior e anterior e requer cirurgia. Tipo C - Lesão por deslocamento É a mais grave e requer cirurgia rápida, por geralmente culminar em sinais clínicos de lesão completa de medula. Escala de Frankel Exemplos: Queda de moto, chegada ao hospital de colar e prancha rígida: E Traumatismo com perda total de força: A Quem tira o colar cervical? Emergencista treinado, neurocirurgião ou cirurgião ortopédico com experiência na área É necessário determinar propriocepção, sensibilidade à temperatura, sensibilidade profunda e superficial, etc. Hemissecção medular / Lesão central / Lesão anterior / Lesão posterior É importante identificar os sintomas para suspeitar o local de lesão medular. Por meio da identificação dos dermátomos, é possível supor o local da lesão e implicações prognósticas. Paraplegia: Movimentos de MMSS. Geralmente, a lesão se estende até a região torácica. Tetraplegia: Não há movimentos de MMSS nem MMII. Provavelmente, a lesão é cervical. Lesão completa: todo movimento é perdido. Lesão incompleta: a perda pode ser homolateral, pode haver movimentos parciais e paresias, etc Choque medular: Na lesão completa, há arreflexia, disfunção de esfíncter, perda de movimentos motores e sensibilidade. É importantíssimo, durante o exame inicial, fazer pesquisa do reflexo bulbo cavernoso (avaliar contração do esfíncter anal e priapismo). A medula vai até L1-L2. Choque medular é impossível em lesão abaixo de L2 Quando há priapismo sem preservação de reflexo bulbo cavernoso após a descarga adrenérgica inerente ao trauma, é mau sinal. Possivelmente houve lesão completa, evolução com arreflexia. Perda de esfíncter anal, mau prognóstico. Quantificar grau de força muscular é importante, assim como a avaliação de sensibilidade. Avaliar dermátomos e miótomos. Algodão; Agulha. Dermátomos sensitivos: Sensibilidade - 0: ausente; 1: formigamento; 2: normal Reflexo Bulbocavernoso: Na mulher: estimular clitóris ou passar sonda vesical. Primeiro reflexo a desaparecer no choque medular. Pode retornar em 24-48 horas. Quando o reflexo bulbocavernoso volta, deve-se repetir o exame neurológico para avaliar melhor o nível da lesão. NEXUS N: déficit neurológico; E: etanol; X: extreme distracting injury; U: unability to provide history; S: sensibilidade dolorosa na região medular Avaliação Radiológica Cervical Sistematizar avaliação por segmentos (como marcam as linhas e pontinhos da imagem). Se houver dor, evitar pedir que paciente flexione a cabeça ou o tronco, pois ali pode haver lesão medular. Avaliação Radiológica Lombar Setas - por onde saem raízes nervosas. Verificar “olho da coruja” nas vértebras lombares, para avaliar simetria comparativamente. A raiz lombar sempre sai abaixo do pedículo (olho da coruja) Avaliar eixo AP e perfil de todas as colunas! Persistência de dor -> Pedir TC -> Pedir RM Só o RX, muitas vezes, não basta! Durante cirurgias de medula, há monitorização eletrofisiológica, para evitar lesão. Aparelho apita e avisa em qual nervo, raiz o cirurgião está mexendo! Manejo ATLS Esperar paciente estabilizar! Verificar funções de órgãos! Pode-se esperar 2-3 dias para operar, conforme estado do paciente. Evitar lesões secundárias (focar em controle de esfíncter, por meio de sonda) Não fazer corticoide!! Pode predispor a infecções graves e complicações secundárias. Manter PA> 90 mmHg. Evitar hipovolemia, administrando cristaloides com parcimônia. Infundir drogas alfa-adrenérgicas, como Noradrenalina em acesso venoso central, em bomba de infusão contínua. Se der noradrenalina e a FC não corrigir, pode ser sinal de que o SNA simpático não está funcionando. Portanto, pode-se usar atropina para inibir SNA parassimpático. Pensar em choque medular (arreflexia completa, déficits neurológicos, perda de esfíncter anal e vesical) Prevenir escaras. Lesão aguda: hiperreflexia e espasticidade - tratar essas lesões que vão agravando. Ex: botox, eletrodo medular Parte autonômica - disrreflexia (desbalanço de controle pressórico, SNA) Evitarque essas lesões cronifiquem! Controlar a DOR do paciente! Paciente com dor pode evitar que nos atentemos a outros detalhes importantes Tratamento cirúrgico é principal para instabilidade. Porém, o insulto inicial ocorreu, e é preciso de tempo para a medula “desinflamar” antes da cirurgia. Afinal, não se abre dura-máter da medula para descompressão, como se pode fazer nos traumatismos cranianos. Às vezes, retira-se osso para que a medula fique mais “confortável” e possa se recuperar! Partes mais móveis da coluna: cervical, torácica e lombar. Por isso, nos carros, há encosto para a cabeça e cinto de segurança na região peitoral. Cinto apenas na cintura - L2, trauma lombar (está no ATLS) Paciente deve ser imobilizado em bloco, protegendo coluna cervical. Em bloco para evitar lesões adicionais. QUANDO SUSPEITAR DE TRAUMA RAQUIMEDULAR? Respiração abdominal, priapismo, falta de reflexo pudendo anal A lesão é imediata. Quando instalada vagarosamente, pode ser causada por hematoma. Evitar úlceras de pressão por imobilização na internação! CHOQUE NEUROGÊNICO O choque neurogênico culmina na má perfusão tecidual pela perda súbita do tônus vascular, que é crucial para a manutenção da PA e da PEC. A perda desse tônus de forma sistêmica causa dilatação das arteríolas - diminuição da RVP -, e das vênulas - diminuindo o retorno venoso. O choque neurogênico ocorre devido à injúria no centro vasomotor no sistema nervoso central. Em geral, a injúria é causada por anestesia espinal, uso de fármacos depressores do SNC e trauma raquimedular. PAS<90 mmHg ou PAM<65 mmHg = hipotensão O choque neurogênico é o único com bradicardia (o mecanismo autonômico compensatório está afetado) Atenção: O parassimpático está preservado, apesar da baixa de PA e FC devido à queda do tônus simpático! Tutoria 3 - M2 / 7ª Etapa Temas a serem abordados ● Descrição da marcha normal ● Padrões de marcha patológicos ● Doenças cerebelares e vestibulares ● Parkinsonismo e Doença de Parkinson A MARCHA NORMAL A deambulação exige a coordenação entre músculos e ativação neuronal. Ela se inicia quando o corpo se projeta para frente, até uma posição instável - até que a outra perna se movimente para frente oferecendo apoio. Quando os músculos extensores são ativados de um lado para oferecer apoio ao corpo (sustentando o peso corporal), os músculos extensores contralaterais são inibidos por inervação recíproca, para que o membro que não está sustentando o copo não seja levado para frente. Impulso simpático -> Vias eferentes -> Interneurônios medulares -> Neurônio motor Os interneurônios agem integrando impulsos de centros superiores, receptores periféricos e outros interneurônios. São importantes na determinação de quais músculos serão ativados e de que modo essa ativação ocorrerá. Ou seja, os interneurônios são os geradores de circuitos formadores de padrões de ativação e inibição de movimentos dos membros, em sequência alternada. A rede de neurônios dependem do marca-passo espontâneo das membranas plasmáticas celulares, e também da atividade sináptica padronizada para estabelecimento de ritmos. Vale ressaltar que as redes são mutáveis, e dependendo dos impulsos aferentes, diversos padrões de atividade neural podem ser ativados. Esses impulsos aferentes podem vir de interneurônios e fibras. As redes neurais da ME permitem que o movimento rítmico dos passos possa ocorrer mesmo sem impulsos de comando provenientes das vias descendentes. Reflexos espinais provenientes do contato com a superfície em movimento podem ocorrer. Durante a locomoção, há ativação neural no córtex, cerebelo, tronco encefálico e ME. Afinal, os níveis intermediários e superiores da hierarquia do controle motor são importantes para o controle da postura, adaptações ambientais e comandos voluntários (como frear os passos para evitar pular dentro de uma poça d’água). Por isso que lesões nessas áreas podem causar distúrbios da marcha. PADRÕES PATOLÓGICOS DE MARCHA Marcha ceifante, hemiplégica ou hemiparética - Causada por AVE - Paciente não consegue elevar o pé para caminhar - Incapacidade em aumentar velocidade de locomoção e se adaptar a irregularidades do solo Marcha tabética ou talonante - Causada por neurossífilis e polineuropatia periférica - Os membros inferiores são levantados abruptamente e explosivamente; e tocam o chão de maneira bem pesada - Marcha se torna impossível com os olhos fechados - Base alargada, olhar fixo no chão. Marcha Cerebelar ou do Ébrio - Causada por AVC, traumatismo, tumores, doenças neurodegenerativas (como atrofia de múltiplos sistemas), degeneração cerebelar hereditária e uso de álcool. - Paciente ziguezagueia. A incoerência de movimentos se deve a lesões do cerebelo - Instabilidade lateral do tronco, colocação errática dos pés e descompensação do equilíbrio Marcha Vestibular - Causada por lesão vestibular (labirinto) - Se paciente for solicitado a andar para trás, de olhos fechados, descreve figura parecida com uma estrela. DIFERENÇA ENTRE A ATAXIA CEREBELAR E VESTIBULAR/LABIRÍNTICA: A marcha vestibular causa distúrbio de marcha com grau significativo de tontura, sensação de cabeça vazia ou percepção de movimento. A ataxia cerebelar de verdade não tem queixas de vertigem, apenas marcha instável devido ao desequilíbrio. Marcha Escarvante ou do Pé Caído - Lesão dos músculos, de sua inervação periférica ou se raízes nervosas que os inervam. - Fraqueza ou paralisia dos músculos dorsiflexores (o pé “cai”). Por isso, paciente não encosta os dedos contra o solo, elevando o joelho além do normal. - Marcha Parkinsoniana - Pescoço, tronco e joelhos flexionados - Paciente arrasta os pés e dá passos curtos e rápidos TRANSTORNOS DE MARCHA A classificação anatômica descreve transtornos de marcha com base na patologia cerebral. A classificação hierárquica dos transtornos de marcha é definida em níveis alto, médio e baixo. Transtornos de nível baixo: Transtornos motores, como AME; ou sensitivos periféricos, como atáxico sensitivo. - Há poucas informações aferentes de qualidade, em especial da propriocepção e sistemas vestibular e visual. Transtornos de nível médio: Patologia em áreas corticais motoras, núcleos da base e cerebelo - O distúrbio mais comum é o cerebelar. Transtornos de nível alto: Distúrbio na interação de sistema cognitivo (córtex frontal) e motor (ex: Alzheimer) - É mais comum em idosos - Dificuldade em iniciar a marcha, apesar da força estar preservada; redução do balanço dos braços; postura encurvada. Pode haver disartria, afetopseudobulbar (desinibição), hipertonia e hiperreflexia de MMII - Em geral, causada por doença vascular dos pequenos vasos subcorticais - demência vascular DOENÇAS CEREBELARES E VESTIBULARES MAIS PREVALENTES Cerebelares Ataxia: comprometimento da marcha, fala indistinta, nistagmo seguido de borramento visual, tremor aos movimentos, discinesia. Quadros mais prevalentes: -Ataxia de Friedreich - mutação genética causa sobrecarga mitocondrial de ferro e comprometimento de função mitocondrial. Em geral, se manifesta a partir da infância, com instabilidade de marcha, ataxia de extremidades superiores, disartria e paresia. Há perda de reflexos e propriocepção. Em geral, por volta dos 20 anos, paciente está confinado a cadeira de rodas. A morte, em geral, ocorre por arritmia ou ICC. -Ataxia-telangiectasia - doença de imunodeficiência humoral e celular. Hpa danos ao DNA, carência de IgA e IgE e defeito progressivo de célula T. -Abetalipoproteinemia - Vitaminas lipossolúveis são inadequadamente absorvidas. Há má absorção de gordura (esteatorreia, diarreia). Se não tratada, causa degeneração dos tratos espinocerebelar e da coluna dorsal. -Ataxia com deficiência isolada de vitamina E - Ocorre entre os 5 e 20 anos. Pode ser progressiva, causando arreflexia e perda da propriocepção. -Xantomatose cerebrotendínea - há defeito na síntese dos ácidos biliares, de transmissão autossômica-recessiva. Vestibulares -VPPB - surtos e episódios de vertigem mediante movimentação da cabeça -Doença de Menière, distúrbio do ouvido interno que causa vertigem, perda auditiva neurossensorial flutuante e zumbido. -Neuronite Vestibular - vertigem súbita, dramática, com sintomas neurovegetativos, duração de dias e sintomas auditivos. -Vertigem postural fóbica DOENÇA DE PARKINSON É uma síndrome hipocinética - marcada por lentidão e dificuldade de movimentos. A dificuldade de movimentos é marcada pelo Parkinsonismo, o conjunto de sinais e sintomas: Bradicinesia + Rigidez, Instabilidade postural, Tremor de Repouso Mnemônico: BRITânico = Bradicinesia, Rigidez muscular, Instabilidade postural, Tremor de repouso Epidemiologia -Segunda doença degenerativa mais prevalente (a primeira é Alzheimer) -Pouco mais prevalente em homens -Atinge tipicamente idosos (1% dos adultos de 65 anos) -Maior idade, maior chance de ter DP Etiologia Ainda indefinida. Trata-se da interação entre fatores genéticos e ambientais (uso de pesticidas, exposição a metais pesados, desnutrição, obesidade) Fisiopatologia Processo degenerativo sobre neurônios dopaminérgicos da substância negra, que projetam axônios no núcleo estriado - onde a dopamina é liberada (fenda sináptica) Depleção dos neurônios dopaminérgicos, menos dopamina no núcleo estriado, redução e dificuldade dos movimentos. Por que ocorre a depleção neuronal? Pela presença de corpúsculo de Lewy no corpo celular do neurônio. Esses corpos de Lewy têm proteínas anômalas que causam dano neuronal. Trata-se de um corpúsculo eosinofílico . O principal peptídeo tóxico é a alfa-sinucleína Quadro Clínico Bradicinesia + Rigidez e/ou Instabilidade postural e/ou Tremor de movimento Alguns pacientes não têm tremor". O principal é a bradicinesia! Sintomas assimétricos - início unilateral Hipomimia facial - rosto sem expressão (fácie parkinsoniana) Micrografia (letras pequenas) Marcha Parkinsoniana - em pequenos passos, virada em bloco. Na hora de virar, não consegue virar só uma parte do corpo Hiposmia Constipação Intestinal Depressão Transtornos do sono (transtorno comportamental do sono REM - sonhos vívidos!; sem atonia completa como ocorre no sono REM de pacientes saudáveis. O paciente com DP fica se mexendo!) Disfagia Fadiga Declínio Cognitivo; Alucinações Visuais Diagnóstico Clínico = anamnese + exame físico Neuroimagem estrutural - TC ou RM - serve para exclusão de diagnósticos diferenciais Neuroimagem funcional - PET ou SPECT - visualiza danos às vias nigroestriatais Tratamento É sintomático. Não modifica a evolução da doença Visa aumentar dopamina na fenda sináptica. Precursor da dopamina - Levodopa A levodopa é degradada pela dopa-carboxilase a Dopamina. Porém só tem ação benéfica no SNC. Se essa conversão ocorre na periferia, há efeitos colaterais indesejados, como ataxia e aumento do tremor das mãos. Devido a esses efeitos indesejados, geralmente a Levodopa é associada a Benserazida e Carbidopa, que inibem a dopa-carboxilase. A levodopa é convertida em dopamina ainda na fenda pré-sináptica. Então, dopamina é liberada na fenda sináptica e age sobre o neurônio pós sináptico. Agonistas de receptores dopaminérgicos Ligação aos receptores de dopamina. Os agonistas dopaminérgicos saturam receptor pós sináptico de dopamina Pramipexol, Rotigotina. Inibidores da MAO-B A MAO-B degrada dopamina na fenda sináptica. Inibindo a MAO-B, reduz-se a degradação de dopamina. Selegilina, Rasagilina Inibidores da COMT Reduz a degradação da levodopa na fenda sináptica Entacapona, Tolcapona Outras medicações Amantadina - efeito anticolinérgico e antiglutamatérgico. Quando a dopamina reduz, aumenta acetilcolina. Com menos acetilcolina, a dopamina aumenta. Há aumento da levodopa na fenda sináptica Biperideno - efeito anticolinérgico. Em desuso, por ter muitos efeitos colaterais e poder ocasionar perda cognitiva Tratamento cirúrgico Indicado para casos isolados: Paciente com uso otimizado de medicações e Flutuações motoras resistentes à terapia ou Efeitos colaterais incapacitantes. As medicações geram efeitos colaterais, que costumam ser mais intensas com o tempo Ao menos 5 anos de evolução da doença Cirurgia ablativa - "queima" núcleo subtalâmico ou o globo pálido do indivíduo. A ablação é contralateral ao lado mais acometido. Só se faz de um lado. Não é cirurgia definitiva ou milagrosa! Estimulação Cerebral Profunda no núcleo subtalâmico ou núcleos da base. Pode ser realizada bilateralmente. SÍNDROMES PARKINSONIANAS - doenças que causam parkinsonismo Parkinsonismo = Bradicinesia + Rigidez muscular ou instabilidade muscular ou tremor de repouso Causas degenerativas DP idiopática Parkinson atípico (Parkinson Plus) -Atrofia de múltiplos sistemas Parkinsonismo + Disautonomia precoce (hipotensão ortostática, disfunção erétil, incontinência urinária) + Ataxia cerebelar Em geral, a disautonomia periférica é mais pronunciada (AMSP); mas pode ter sinais cerebelares (AMSC) Sinais de liberação piramidal (Babinski, fraqueza, hiperreflexia, clônus) Distúrbio comportamental do sono REM (indivíduo "vive" os sonhos!) Estridor laríngeo, disfagia precoce. Início aos 50-70 anos. Pouca resposta à levodopa e rapidamente progressiva. A sobrevida média é de cerca de 10 anos Imagem: Sinal da cruz na ponte (nem sempre está presente) Atrofia de Múltiplos Sistemas Paralisia supranuclear progressiva Retrocolo Disartrofonia(fala baixo, articula mal as palavras) Disfagia Alterações comportamentais (desinibição, impulsividade, apatia, depressão) Após os 40 anos, responde mal à levodopa. Sobrevida de cerca de 5 anos. Imagem: Sinal do beija-flor (atrofia do mesencéfalo) -Degeneração corticobasal Parkinsonismo + Apraxia unilateral Apraxia = descoordenação de movimentos. Paciente não consegue abotoar a camisa. Membro alienígena (membro flutua, faz movimentos involuntários) Disartrofonia, disfagia Alterações comportamentais -Demência com corpos de Lewi Parkinsonismo + flutuação cognitiva; alucinações visuais bem elaboradas Declínio cognitivo com predomínio na atenção, função executiva, capacidade visuoespacial (indivíduo se perde na rua, em casa); distúrbio comportamental do sono REM Início após os 70 anos; mais frequente em homens Segunda causa de demência degenerativa, muito confundida com DP Tratamento dos Parkinson Plus = Suporte multidisciplinar. Pacientes respondem mal aos tratamentos medicamentosos. ... são doenças raras! Cursam com parkinsonismo, e nas fases iniciais se confundem muito com DP. Causas secundárias Parkinsonismo vascular -Pacientes com mais de 70 anos, fatores de risco cerebrovasculares -Sinais são mais simétricos e predominam em MMII -Comprometimento de equilíbrio e marcha -Pode haver incontinência urinária, comprometimento cognitivo, sinais piramidais Imagem: Comprometimento difuso da substância branca; microangiopatia lesando substância branca profunda Infartos sub lacunares na cápsula interna, globo estriado, núcleo lentiforme, etc. Tratamento envolve suporte multidisciplinar. Mais de 50% dos pacientes respondem bem à levodopa. Parkinsonismo medicamentoso Segunda causa mais frequente de Parkinsonismo Sintomas simétricos Causado por fármacos bloqueadores dos receptores dopaminérgicos. - Neurolépticos: haloperidol, risperidona - BCC (antivertiginosos) - Flunarizina (muito usado pra enxaqueca) - Antieméticos - metoclopramida (Plasil) - Amiodarona, lítio e ácido valproico O tratamento é descontinuar a droga. Em paciente que precisa de neuroléptico, preferir quetiapina e clozapina; Controlar sintomas motores Fase aguda - Biperideno Fase crônica - Levodopa (resposta variável) SÍNDROME VESTIBULAR PERIFÉRICA VPPB Doença de Menière Vertigem postural fóbica Labirintopatias metabólicas (DM, hiperinsulinemia, hipotireoidismo) Ototoxicose (aminoglicosídeos) Labirintopatias infecciosas - caxumba, sarampo, AIDS, herpes-zóster, sífilis Exames Laboratoriais Hemograma completo CT e frações Plaquetograma TSH, T4L Hb Glicada Sorologia para sífilis e HIV Tratamento Dimenidrato, Meclizina - antihistamínicos Flunarizina - BCC AVC Sintomas neurológicos centrais, déficit motor contralateral à lesão. Tutoria 4 - M2 / 7ª Etapa Temas a serem abordados ● Sinais e sintomas que sugerem a presença de doença articular inflamatória ● Origem topográfica das manifestações ● Principais doenças que cursam com manifestações articulares ● Classificação das doenças reumáticas de acordo com o padrão de acometimento articular ● FAN, FR, anti-CCP ● Artrite Reumatoide ● Mecanismo de ação de corticoides, metotrexato e imunobiológicos ● Osteoartrite SINAIS DE DOENÇA ARTICULAR INFLAMATÓRIA -Dor localizada sobre a articulação -Sinais flogísticos sobre a inflamação (edema, calor, rubor, dor à pressão) -Dor articular quando ocorre movimentação -Restrição da movimentação articular -Rigidez matinal > 60 minutos -Enrijecimento após inatividade prolongada -Sintomas melhoram com o uso da articulação -Sintomas constitucionais (febre, mal-estar, anorexia, perda de peso…) Sinais de Acometimento Articular Relevante TOPOGRAFIA DO ACOMETIMENTO ARTICULAR E DIAGNÓSTICOS Articulações Diagnósticos Axial Intervertebrais Interapofisárias Costovertebrais Esterno-clavicular Esterno-costais Sacroilíacas Artropatia Soronegativa Osteoartrite de Coluna (negativa para FR) AR com acometimento cervical Periférica Punho Cotovelos Articulações metacarpofalangianas Falangianas proximais e distais Metatarso-falangianas Tornozelo Joelhos Demais articulações de membros AR Gota Osteoartrite CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS DOENÇAS ARTICULARES INFLAMATÓRIAS A avaliação das artrites inflamatórias se baseia no exame clínico atento. O aparecimento de sinais em exames de imagem ocorre apenas nas formas mais tardias da doença, e a ausência desses sinais não significa que não há patologia ativa. DOENÇA CARACTERÍSTICAS IMAGEM Artrite Psoriásica É uma espondiloartropatia - caracterizada por entesite, artrite axial, oligoartrite assimétrica de articulações periféricas e FR - Preferência por IFD, distribuição assimétrica e bilateral. IFD rígidas, inchadas e doloridas. Osteogênese excessiva em áreas de erosão. Dactilite - Inflamação dos tendões com edema em formato de salsicha. Ocorre na artrite reativa também. Lesão clássica: Lápis no copo. Articulação distal forma uma ponta (como um lápis); e articulação proximal é côncava, como um copo. Acometimento preferencial de articulações IFD. Diminuição dos dedos por perda de massa óssea. Dactilite - Relativamente comum na artrite psoriásica Necrose avascular da cabeça do fêmur Obliteração da arteríola que nutre a cabeça do fêmur. Causada por condições que comprometem a articulação, como a aterosclerose e trauma. RX: Esclerose subcondral, hiperdensidade RM: Hipossinal Gota Anormalidade no metabolismo do urato, causando acúmulo de cristais nas articulações. Crise: súbito aparecimento de dor + sinais flogísticos. Articulação metacarpofalangiana, tarso, tornozelo, calcanhar e joelho Acometimento poliarticular e assimétrico. Espaço articular pode estar preservado ou diminuir. Após crises recorrentes há tentativa de proliferação óssea - deixando a cortical óssea “saliente” Lesões em saca-bocado; erosões de bordas escleróticas, edema de partes moles adjacentes. Espondilite Anquilosante É soronegativa, e uma espondilopatia - assim como a artrite psoriática. Entesite marcante Espondilo = Esqueleto axial Anquilosante = Rigidez dos movimentos Ocorre lombalgia inflamatória com início no começo da vida adulta. Piora com o repouso, melhora com a atividade e ocorre rigidez matinal. Ocorre sacroileíte bilateral e simétrica - evoluindo com pseudoalargamento da junção sacroilíaca; Pode gerar osteoporose, devido à imobilidade vertebral e inflamação persistentes. A RM evidencia sinais mais precoces da doença, como sacroileíte e erosão nas partes superior e inferior dos corpos vertebrais. Ocorre erosão progressiva e formação de periósteo novo. Doença gradativa, algumas vezes erroneamente diagnosticada como lombalgia mecânica. Sinal do cordão - fusão dos processos espinhosos das vértebras. Estágio avançado da espondilite anquilosante. Coluna em bambu - fusão dos sindesmófitos (unem osso + músculo),
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