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1 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 Doenças neuromusculares PLANO DE AULA Reconhecer pela anamnese uma doença neuromuscular Entender as patologias pelo acometimento anatômico Exame dirigido para SNP Compreender o resultado dos exames eletrofisiológicos O QUE SÃO AS DOENÇAS NEUROMUSCULARES? Doenças neuromuscular (DNM) é um termo amplo que abrange muitas doenças que prejudicam a função muscular, seja por acometimento do músculo ou da via de inervação dele. São doenças que acometem o SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO, ou seja, são DOENÇAS DO SEGUNDO NEURÔNIO. LOCALIZAÇÃO DAS LESÕES NAS DOENÇAS NEUROMUSCULARES Podem ser doenças do: 1. CORNO ANTERIOR DA MEDULA 2. RAIZ NERVOSA E NERVO 3. MÚSCULO 4. JUNÇÃO NEUROMUSCULARES SINTOMAS DAS DOENÇAS NEUROMUSCULARES Presença de SINAIS E SINTOMAS MOTORES E/OU SENSITIVOS E/OU AUTONÔMICOS. SINTOMAS MOTORES: Fadiga Fraqueza Intolerância ao exercício Atrofia PRECOCE Mialgia Câimbra Contratura Miotonia Mioglobinúria Fasciculações – comumente descritas pelos pacientes como “tremores na carne”. São movimentos involuntários da musculatura mais comuns na panturrilha, coxa, deltoide e peitoral SINTOMAS SENSITIVOS: Dormências (tátil, térmica, dolorosa, vibração) Dor neuropática Parestesias Disestesias INVESTIGAÇÃO DAS DOENÇAS NEUROMUSCULARES Como foi estudado nas aulas, pode-se resumir que a avaliação neurológica se baseia em duas perguntas chaves: (1) QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS DO PACIENTE? (2) QUAL A PROVÁVEL TOPOGRAFIA DA LESÃO? Assim, será possível determinar um diagnóstico sindrômico mais preciso. Sintoma suspeito ⇢ Sinal neurológico ⇢ Exame físico ⇢ Topografia da lesão ⇢ Síndrome neurológica O exame neurológico ajuda a determinar a topografia da lesão e pode ser dividido em três partes: 1. COGNITIVO − Consciência (Glasgow – abertura ocular, resposta verbal e resposta motora) − Memória 2 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 − Orientação − Atenção − Linguagem (fala espontânea, compreensão oral, repetição de palavras e frases, nomeação, leitura, escrita, fluência) − Retenção − ... 2. SOMÁTICO − Motricidade − Sensibilidade ⇢ Tátil, térmica, dolorosa, palestésica − Coordenação − Equilíbrio e marcha − Propriocepção − Movimentos involuntários − Sinais meníngeos − Força muscular ⇢ Global e focal − Reflexos ⇢ Superficiais e profundos 3. NERVOS CRANIANOS A partir desta sistematização, podemos ver o que está alterado no paciente e pensar na provável topografia: 1. QUAL O LOCAL DA DECUSSAÇÃO DOS NERVOS? a. NERVOS CRANIANOS → TRONCO CEREBRAL b. DEMAIS NERVOS → MEDULA, NA DECUSSAÇÃO DAS PIRÂMIDES 2. QUAIS OS TIPOS E LOCAIS DAS LESÕES? a. LESÃO CENTRAL: i. Córtex ii. Subcórtex iii. Tronco/cerebelo iv. Medula Configurando as SÍNDROMES DO PRIMEIRO NEURÔNIO/DO NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR. Essas são as SÍNDROMES PIRAMIDAIS, com sintomas de: redução da força muscular, espasticidade (rigidez), estiramento exacerbado e reflexos patológicos + (Babinski, Hoddman/Tromner). b. LESÃO PERIFÉRICA: i. Corno anterior da medula ii. Raiz nervosa iii. Nervo iv. Placa motora v. Músculo Configurando as SÍNDROMES DO SEGUNDO NEURÔNIO/DO NEURÔNIO MOTOR INFERIOR. As DOENÇAS NEUROMUSCULARES são SÍNDROMES DO SEGUNDO NEURÔNIO. Elas correspondem às SÍNDROMES EXTRAPIRAMIDAIS, que apresentam como principais sinais e sintomas delas são: → REDUÇÃO DA FORÇA MUSCULAR / FRAQUEZA MUSCULAR → DOR → ATROFIA MUSCULAR → HIPORREFLEXIA ANAMNESE NEUROMUSCULAR O que é importante na história do paciente? O principal sintoma relatado é a FRAQUEZA. Geralmente, nas DNM, a FRAQUEZA É PROXIMAL, ou seja, da musculatura proximal. ATENÇÃO! A fraqueza causada por NEUROPATIAS é mais distal, acometendo ponta dos pés e das mãos. A FRAQUEZA PROXIMAL é a FRAQUEZA MUSCULAR, que é da junção neuromuscular, de toda uma musculatura. 1: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA FRAQUEZA Agudo Estável Episódica 3 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 Flutuação → Faz pensar em doenças da junção neuromuscular (ex: Miastenia Gravis). É uma fraqueza que vai piorando ao longo do dia por causa do uso de determinada musculatura. Por exemplo, o paciente está lendo um livro, então está fixando o olhar nas palavras, mas, com o passar do tempo, começa a ter “visão dupla” (diplopia) ou ptose palpebral causada pela fraqueza da musculatura orbitária. Se ele parar um pouco de ler, a ptose e a diplopia desaparecem. É uma flutuação da fraqueza relacionada com o esforço. Progressiva 2: PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO DA FRAQUIZA Proximal → MAIS COMUM Distal Tronco MOE Ptose palpebral Facial Fraqueza na língua (“fala embolada”) ATENÇÃO! É muito importante avaliar a MARCHA do paciente porque habitualmente estará alterada. Nas MIOPATIAS é muito comum a MARCHA ANSERINA/EM BÁSCULA/MIOPÁTICA. 3: FATORES PRECIPITANTES DA FRAQUEZA Medicamentos Exercício Estresse Infecção Esforço Nenhum 4: HÁ ACOMETIMENTO AUTONÔMICO? Hipotensão postural Gastroparesia Disfunções intestinais e urinárias Alterações da sudorese Disfunção erétil 5: HISTÓRIA FAMILIAR? MUITO IMPORTANTE – a maior parte tem história familiar. Consanguinidade Parentes acometidos Fraqueza muscular Deformidade articular Doença cardíaca 6: PRESENÇA DE SINTOMAS OU SINAIS SISTÊMICOS? Falência respiratória Cardiopatia → Muito importante. O coração é um músculo, então também terá alterações nas DNM. Arritmia DM Hepatomegalia Retardo mental Atrofia óptica Doença renal Rash Contratura fixa Envolvimento do SNC Surdez → Comum em MIOPATIAS Esqueléticas → Pacientes com MIOPATIAS terão muitos problemas na coluna porque são crianças que vão crescer com uma fraqueza muscular, então não terão a coluna sustentada como deveria. Sempre pesquisar DNM em crianças com hiperlordose. Alteração na cor da pele Alteração na cor da urina → MIOPATIAS DE ETIOLOGIA METABÓLICA causam “urina cor de coca cola” após o paciente realizar esforço físico. EXAME DA SENSIBILIDADE Muito importante porque é um grande diferencial para identificar LESÕES MEDULARES. Os dermátomos são áreas inervadas por fibras nervosas que se originam de um único gânglio dorsal. Elas ajudam a identificar o provável local da lesão a partir da região que o paciente refere o sintoma, porque pode estar na região de um plexo (plexopatia), nervo (neuropatia), raiz nervosa etc. DERMÁTOMOS: na imagem A, correspondente à região do nervo 1) axilar; 2) radial superficial; 3) mediano; 4) ulnar; 5) femoral; 6) safeno; 7) fibular. Na imagem B, correspondente à região do nervo 1) axilar; 2) radial superficial; 3) ulnar; 4) femoral cutâneo posterior; 5) sural. 4 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 SENSIBILIDADE EXTEROCEPTIVA OU SUPERFICIAL A VIA DE SENSIBILIDADE SUPERFICIAL CRUZA A NÍVEL DA MEDULA E SEGUE CONTRALATERAL Principal → TESTE DE PALESTESIA 1. VIBRATÓRIA OU PALESTÉSICA − Tocar nas proeminências ósseas do paciente com um diapasão em vibração. − Análise da sensibilidade vibratória − Principal material → Diapasão 2. TÉRMICA, TÁTIL E DOLOROSA − Sempre comparar os lados SENSIBILIDADE PROFUNDA A VIA DE SENSIBILIDADE PROFUNDA CRUZA A NÍVEL DO TRONCO ENCEFÁLICO, SEGUE IPSILATERAL SENSIBILIDADE CINÉTICO-POSTURAL PROPRIOCEPÇÃO Avaliação das articulações metatarsofalangeanas do polegar → SENSIBILIDADE CINÉTICO- POSTURAL, chamada BATIESTESIA PADRÕES DE ALTERAÇÃO DE SENSIBILIDADE 1. MONONEUROPATIA → Acometimento da região de apenas um nervo. Ex: Síndrome do túnel do carpo 2. MONONEUROPATIA MÚLTIPLA → Acometimento de mais de um nervo. Nasegunda imagem, mostra o acometimento do ombro e a face medial do gastrocnêmio. São regiões “salpicadas” com alterações nervosas e acometimento assimétrico. Pode ser causada por DM, por exemplo. 3. PLEXOPATIA → Acometimento de nervos próximos e relacionados ao mesmo plexo. Na imagem 3, pode-se ver um acometimento do plexo braquial esquerdo. Habitualmente ocorrem por compressão física ou lesões (ex: lesão do plexo braquial durante passagem no canal de parto) 4. POLINEUROPATIA → É característico o acometimento “em luva” e “em bota” bilateral, como está exemplificado na imagem 4. Comum em doenças sistêmicas. Causada por distúrbio simultâneo que afeta muitos nervos periféricos por todo o corpo. Pode ser aguda ou crônica. A aguda pode ser causada pela Síndrome de Guillain Barré e 5 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 a aguda por DM, insuficiência renal, abuso de álcool, neoplasias etc. EXAME DA FORÇA PROVA DE FORÇA GLOBAL + PROVA DE FORÇA FOCAL A prova de força focal ajuda a topografar a fraqueza para ver se existe algum local de exacerbação da fraqueza. Envolvimento MNI ou NMS Usar MRC (escala de força) para quantificar força Examinar músculos em POSIÇÃO ANTIGRAVITACIONAL − Com o paciente deitado → Flexão da cabeça, quadril, abdominais − Com o paciente em decúbito lateral → Abdutores do quadril − Com o paciente em decúbito ventral → Extensores – quadril, pescoço, flexão do joelho Pode-se utilizar a prova de força de Migazzini, prova de braços estendidos etc. A prova de força é escolhida a partir da queixa do paciente. Todos os resultados devem ser classificados a partir da escala de força (0 a 5, sendo 0 ausência de força). Além da avaliação da força global, é imprescindível fazer a avaliação da força segmentar – cabeça, quadril, pescoço, joelhos, mãos. Nas DNM, a redução da força pode ser FOCAL, por isso, é necessário investigar a “musculatura geral” envolvida no sintoma E os “pequenos músculos” que fazem parte dela. EXAME COMPLEMENTAR 1. ELETRONEUROMIOGRAFIA (ENMG) − Investigação inicial − Avaliação da junção neuromuscular, músculo e nervo → Possibilita a obtenção do DIAGNÓSTICO TOPOGRÁFICO da lesão, além de diferenciar o PADRÃO DO ACOMETIMENTO. − Feito a partir de estímulos elétricos no caminho da condução do nervo − Eletrodos de agulhas no músculos para captara atividade motora do músculo A ENMG diz a TOPOGRAFIA, mas não a etiologia. É um exame neurofisiológico, funcional, de resposta motora e sensitiva. MANDATÓRIO NA SUSPEITA DE UMA DOENÇA NEUROMUSCULAR DOENÇAS NEUROMUSCULARES I. DOENÇAS DO CORNO ANTERIOR DE MEDULA 6 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 São as DOENÇAS DO NEURÔNIO MOTOR ou MONONEUROPATIAS. Então, são doenças com SINTOMAS EXCLUSIVAMENTE MOTORES, que incluem perda de força e atrofia muscular. Não tem alteração sensitiva. O comprometimento pode ser dos neurônios motores superior, inferior ou ambos. Existem duas doenças “mais famosas”: a ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL (AME) – na faixa etária pediátrica; e ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA) – nos adultos. São doenças que envolvem o SNC e o SNP, então, podem ter diversas etiologias, sendo as principais causas degenerativas (Esclerose Lateral Primária e Esclerose Lateral Amiotrófica), hereditárias (ELA Familiar, AME, doença de Kennedy), infecciosas (Poliomielite, HIV) e paraneoplásicas. O dano neuronal acontece por APOPTOSE NEURONAL, provocada por dano na estrutura funcional do neurônio a partir de alterações do DNA, estresse funcional, agressão direta seguida de necrose a exemplo da pólio etc. As doenças do neurônio motor em adultos: Início entre 30 e 60 anos Incidência anual de 2 a cada 100.000 indivíduos Predomínio em HOMENS, exceto nos casos familiares Herança familiar em 5 a 10% dos casos e esporádica no restante Evolução progressiva com óbito após 3 a 5 anos do início das manifestações – progressivo acometimento muscular até falência respiratória, cardíaca Pacientes com envolvimento bulbar têm pior prognóstico (controle do centro respiratório) 1) ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL (AME) Há uma ATROFIA DO CORNO ANTERIOR DA MEDULA que causa uma degeneração de neurônios motores e, consequentemente, a atrofia muscular. Genética Vários tipos de heranças, mas a mais comum é a RECESSIVA É a 2ª DOENÇA AUTOSSÔMICA RECESSIVA MAIS FATAL DO MUNDO Incidência de 1/6.000 Pode ser portador sem ter apresentação sintomatológica da doença → 1/40 são carreadores Mutação do gene SOD1 Excitotoxicidade de glutamato → Estresse do retículo endoplasmático → Inibição do proteossoma → Aumento da produção de superóxidos → Secreção do SOD1 mutante → Dano mitocondrial → Comprometimento do transporte axonal → Disfunção microvascular → Dano ao neurônio motor Existem diversas variantes da AME, com início da manifestação dos sintomas em diversas idades Quanto MAIS PRECOCE for o INÍCIO DOS SINTOMAS, MAIS GRAVE É A DOENÇA Os TIPOS da AME falam sobre a GRAVIDADE DA DOENÇA Predomina FRAQUEZA COM ATROFIA MUSCULAR. É a principal queixa do paciente. ATENÇÃO! A depender do gene, há diferença sobre o início de expressão sintomatológica. Quanto mais tarde aparecerem os sintomas, melhor o prognóstico do paciente. TIPO 0: início dos sintomas AO NASCIMENTO. → Diminuição dos movimentos fetais e artrogripose (*malformações das articulações) → Hipotonia geral – fraqueza axial e membros, sendo nos MMII mais importante do que nos MMSS → Dificuldade de deglutição → SEMPRE acometimento dos intercostais, com diafragma poupado → Falência respiratória por infecção ou aspiração 7 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 → Expectativa de vida de 1 ano TIPO 1 ou DOENÇA DE HOFFMANN: início precoce dos sintomas – ANTES DE 6 MESES. → Não consegue sentar-se sem apoio → Pouco controle da cabeça, com choro e tosse fracos → Fraqueza de troncos e membros → Diafragma INICIALMENTE POUPADO → Risco de mortalidade precoce (menos de 2 anos) por disfunção bulbar e complicações respiratórias TIPO 2: início dos sintomas ENTRE 8 E 18 MESES DE VIDA. → Alguns conseguem se sentar sem apoio, mas não andam → Fraqueza bulbar + deglutição = Baixo ganho de peso na maior parte dos casos → Miofasciculações (tremores finos) → Escoliose e contraturas ao longo dos anos → Expectativa de vida entre 10 e 40 anos TIPO 3 ou DOENÇA DE KUGELBERG-WELANDER: início dos sintomas APÓS 18 MESES. → Se AME tipo IIIa – Capaz de andar até os 20 anos → Se AME tipo IIIb – Permanece andando a vida toda → Dificuldade de deglutir, tossir e hipoventilação noturna são menos frequentes → Podem desenvolver escoliose → Polimioclonias → Expectativa de vida indefinida TIPO 4: início dos sintomas DOS 21 AOS 30 ANOS → Déficit motor mais sutil → Ausência de dificuldade de deglutição e respiração → Andam normalmente → Expectativa de vida normal → Aumento da sobrevida com os cuidados clínicos – Acompanhamento multidisciplinar EM TODAS AS VARIANTES A COGNIÇÃO ESTÁ PRESERVADA TRATAMENTO: Atualmente, pode ser tratada com a SPINRAZA – são medicações “genéticas”. Fazem uma REPOSIÇÃO DA PROTEÍNA QUE ESTÁ ALTERADA NA DOENÇA. São válidas se início precoce. Não cura, mas aumenta a sobrevida do paciente. + SUPORTE MULTIDISCIPLINAR 2) ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA) É uma ATROFIA LATERAL DO CORNO ANTERIOR DA MEDULA – então, também tem alterações PIRAMIDAIS (do neurônio motor superior). Ou seja, traz alterações do PRIMEIRO E SEGUNDO NEURÔNIO MOTOR. Sinais de Sd. Neurônio Motor SUPERIOR Sinais de Sd. de Neurônio Motor INFERIOR Fraqueza muscular Fraqueza muscular PROXIMAL Espasticidade / rigidez Atrofia muscular Reflexos exaltados / hiperreflexia FasciculaçõesReflexos patológicos + (Babinski, Hoffman/Tomner) Diminuição ou abolição dos reflexos Síndrome pseudobulbar ELA ⇢ COEXISTÊNCIA DE SINAIS DE NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR E INFERIOR NA MESMA REGIÃO. 8 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 São pacientes com FRAQUEZA MUSCULAR, mas com REFLEXO AUMENTADO no MESMO LOCAL. DIFERENÇA ENTRE AME E ELA AME só tem alterações do SEGUNDO NEURÔNIO – ou seja, sem alterações extrapiramidais, só motores. ELA tem alterações tanto do 1º quanto do 2º neurônio, piramidais e extrapiramidais. Stephen Hawking Quando GENÉTICA tem evolução mais lenta DIAGNÓSTICO: EI ESCORIAL PARA ELA: O diagnóstico é CLÍNICO. A ENMG ajuda. Entretanto, QUALQUER OUTRO EXAME SOLICITADO SERÁ NORMAL. É um diagnóstico difícil. Para que se diagnostique ELA, é necessário de 6 meses a 1 ano para acompanhar a evolução. INVESTIGAÇÃO ELETRONEUROMIOGRAFIA → Identificação do PADRÃO NEUROGÊNICO RM de crânio, cervical, torácica e lombar Exames para excluir ELA like CLÍNICA MÃO EM GARRA → MÃO SIMIESCA Presença de FASCICULAÇÃO ENTÃO, FRAQUEZA + ATROFIA PRECOCE DAS MÃOS + FASCICULAÇÃO são sintomas para se pensar em ELA. E, ALÉM DISSO, A PRESENÇA DE HIPERREFLEXIA + BABINSKI + ESPASTICIDADE, que é a grande característica da ELA → SINAIS E SINTOMAS DO PRIMEIRO E SEGUNDO NEURÔNIO NO MESMO LOCAL TRATAMENTO: SUPORTE MULTIDISCIPLINAR + RILUZOL + SINTOMÁTICOS Riluzol → Bloqueia a liberação de glutamato, prevenindo a lesão das células dos neurônios motores. NÃO CURA, mas aumenta a sobrevida e/ou tempo até necessidade da traqueostomia. IIA. DOENÇAS DA RAIZ NERVOSA Vão depender de qual raiz foi acometida: MOTORA E/OU SENSITIVA. 1) RADICULOPATIAS COMPRESSIVAS HÉRNIA DE DISCO CERVICAL E LOMBOSSACRA Herniação do disco vertebral com compressão da raiz nervosa pelo conteúdo extravasado 9 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 DOR irradiada para membro – geralmente unilateral, monoparesia 2) SÍNDROME DE GUILLAIN BARRÉ É uma POLIRRADICULOPATIA INFLAMATÓRIA MONOFÁSICA AUTOIMUNE – se instala, geralmente, após quadros infecciosos (principalmente gastrintestinais ou respiratórios). Acomete NERVOS SENSITIVOS, MOTORES e VERTEBRAIS. É um DISTÚRBIO AUTOIMUNE ADQUIRIDO − Eventos imunossensibilizantes presentes em 60% dos casos − Ocorrem de uma a três semanas antes do início dos sintomas − Principais: o Infecção de vias aéreas o Gastroenterite bacteriana (*Campilobacter jejuni) o Imunizações o Situações de estresse metabólico, como gestação, cirurgias e febre Representa a PRINCIPAL CAUSA DE TETRAPARESIA FLÁCIDA AGUDA ASCENDENTE COM HIPORREFLEXIA É AGUDA, de evolução RÁPIDA → HORAS A DIAS. O paciente acorda com o dedo paralisado e à noite não consegue mais andar, por exemplo. Em poucos dias o paciente pode já estar intubado por insuficiência da musculatura respiratória. Rara. Mas, foi muito comum após ZIKA e COVID em Pernambuco. 90% dos casos têm PROGRESSÃO DOS SINAIS E SINTOMAS em ATÉ 4 SEMANAS, momento a partir do qual atinge seu auge e posteriormente começa a ter uma recuperação gradual dos sintomas neurológicos Tem ACOMETIMENTO SIMÉTRICO, precedido em 70% dos casos por SINTOMAS SENSITIVOS DISCRETOS, como parestesias e dor Dividida em dois tipos: (a) DESMIELINIZANTE e (b) AXONAL (a) A SGB DE PADRÃO DESMIELINIZANTE ocorre quando os autoanticorpos danificam a bainha de mielina, provocando a perda dessa camada – processo de desmielinização das raízes nervosas. O paciente começa a ter fraqueza, parestesia, alterações sensitivas e de cognição. Com a intervenção precoce e tratamento adequado, o paciente não terá sequelas porque os neurônios serão remielinizados. (b) A SGB DE PADRÃO AXONAL tem dano do axônio neuronal. O quadro clínico é semelhante da desmielinizante, mas, causa maior fraqueza muscular e maiores déficits sensoriais. O curso desse tipo tende a ser mais grave do que a desmielinizante. Processo infeccioso ⇢ Ativação do SI ⇢ Reação cruzada ⇢ Formação de AUTO-ANTICORPOS com REAÇÃO CRUZADA contra ESTRUTURAS DA MEMBRANA DO NERVO PERIFÉRICO ou AXÔNIOS Primeiro, acontece a agressão conta a bainha de mielina. Nessa fase, o paciente terá parestesia e diminuição da sensibilidade + força. Depois, o dano chega ao axônio, que estará exposto sem a proteção da mielina, causando plegia, anestesia e arreflexia. Sem tratamento, pode haver morte neuronal, causando plegia total, inclusive com a possibilidade de atingir os nervos encefálicos, causando a paralisia de Landry. DIAGNÓSTICO QUADRO CLÍNICO CARACTERÍSTICO: PARALISIA FLÁCIDA, ASCENDENTE E ARREFLEXA. Os critérios essenciais para o diagnóstico são: paralisia flácida ascendente em mais de um segmento apendicular de forma simétrica, fraqueza progressiva de um membro ou músculos cranianos de graus variados (desde paresia leve até plegia, hiporreflexia ou arreflexia distal) e reflexos miotáticos anormais. Outros critérios são dor, disfunção autonômica, ausência de febre no início do quadro, demonstração de relativa simetria da paresia de membros, 10 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 sinais sensitivos leves a moderados, envolvimento de nervos cranianos (especialmente fraqueza bilateral dos músculos faciais) e progressão dos sintomas em 4 semanas. ESTUDO DO LCR → LÍQUOR COM DENSIDADE AUMENTADA − A proteína perdida da desmielinização dos nervos vão para o líquor − Há uma DISSOCIAÇÃO PROTEÍNO- CITOLÓGICA (proteína > 45 mg/dL e citologia < 10 células, MONONUCLEAR) LÍQUOR NORMAL LÍQUOR COM DISSOCIAÇÃO PROTEÍNO- CITOLÓGICA Aspecto Incolor Claro Cor Incolor Amarelado Glicose 45 – 100 mL/dL Normal Proteína 15 – 50 mL/dL >45 mL/dL Leucócitos 0 – 5 mm2 0 a 5 mm2 Células predominantes Linfomononuclear Linfomononuclear ELETRONEUROMIOGRAFIA → Identifica ALTERAÇÕES DO FUNCIONAMENTO DO SNP, mostrando o padrão de comprometimento da bainha de mielina − Presença de CONDUÇÃO NERVOSA TIPICAMENTE COM ACHADOS SUGESTIVOS DE DESMIELINIZAÇÃO − Resultado com pelo menos três dos quatros critérios eletrofisiológico típicos − As características típicas estão geralmente ausentes antes de 5 ou 7 dias na progressão da doença. Portanto, a ENMG pode não revelar a anormalidade em pelo menos 20% dos casos após esse período e não deve ser pedido no início do quadro. − CRITÉRIOS TÍPICOS SUGESTIVOS DE DESMIELINIZAÇÃO: o Bloqueio de condução do potencial na condução neural motora ou dispersão temporal anormal em um ou mais nervos o Prolongamento de latência ou ausência da onda-F o Prolongamento da latência motora distal em dois ou mais nervos o Anormalidades na velocidade de condução e na amplitude dos potenciais de condução motora em dois ou mais nervos TRATAMENTO: SUPORTE EM UTI NA FASE AGUDA, com monitorização da função pulmonar (capacidade vital e FR) e de possível disfunção autonômica IMUNOGLOBULINA EV ou plasmaférese − Quanto mais precoce, melhor o prognóstico Guillain Barré habitualmente tem evolução em 1 mês. Entretanto, se você não intervir logo na primeira semana, o prognóstico é ruim. ATENÇÃO! A mielina é uma proteína feita para cobrir o nervo pelas células de Schwann. O processo autoimune bloqueia essas células. A Ig vai atuar bloqueando esse processo autoimune e dá tempo para que as células de Schwann remielinize esses neurônios. Esse processo acontece em média em 6 meses. É um processo lento. O paciente fica esse tempo na fisioterapia, por exemplo. A DGB DESMIELINIZANTE tem BOM PROGNÓSTICO. Mas, SE HOUVER DANO AXONAL TEM SEQUELA. IIB. DOENÇAS DO NERVO PERIFÉRICO Acometem o SNP, mais precisamente as FIBRAS NERVOSAS DOS NERVOS PERIFÉRICOS, estruturas responsáveis por ENCAMINHAR INFORMAÇÕES DOCÉREBRO E MEDULA ESPINHAL para o RESTO DO CORPO. FIBRAS NERVOSAS FIBRAS MOTORAS FIBRAS SENSITIVAS FIBRAS AUTONÔMICAS - Controle dos movimentos - Responsáveis pelas sensações - Inervação de órgãos e glândulas - Alterações do ROT - Subdivididas em: Fibras grossas 11 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 Sensibilidade vibratória + propriocepção + tato e pressão Fibras finas Temperatura + dor Algumas complicações mais graves da neuropatia periférica pode causar danos permanentes aos nervos, sendo algumas vezes um problema incapacitante e até mesmo fatal, a exemplo da síndrome compartimental. As causas são diversas e muitas vezes é difícil pontuar com exatidão a sua etiologia. CAUSAS *Amiloidose – depósito de substância amiloide no nervo. Geralmente genética. QUADRO CLÍNICO: MOTOR: → Atrofia/hipotrofia → Hipotonia → Fraqueza parcial (paresia) ou total (plegia) → ROT diminuídos/abolidos SENSITIVO: → Hipoestesia → Hipopalestesia FORMAS: → Axonal → Desmielinizante DIAGNÓSTICO CLÍNICO + CONFIRMAÇÃO COM ENMG Clínico para TOPOGRAFAR as lesões ENMG AJUDA MUITO − Diferencia neuropatia de padrão sensitivo e/ou motor desmielinizante e/ou axonal QUEM DÁ O DIAGNÓSTICO É A ELETRONEUROMIOGRAFIA ATENÇÃO! O AXONAL geralmente é mais grave, mas as características são as mesmas. PADRÕES DE ALTERAÇÕES DE SENSIBILIDADE Exemplo de MONONEUROPATIA → SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO (compressão do nervo mediano no túnel carpiano), NEUROPATIA DO NERVO ULNAR, PARALISIA DO NERVO RADIAL (paralisia do sábado à noite) Exemplo de MONONEUROPATIA MÚLTIPLA → HANSENÍASE, VASCULITES, DM, SARCOIDOSE, DOENÇA DE LYME Exemplo de PLEXOPATIA → HÉRNIA DE DISCO. Exemplo de POLINEUROPATIA → Principal – ACOMETIMENTO EM BOTA E LUVA. Clássico: NEUROPATIA DIABÉTICA Aqui, precisa ter atenção muito especial aos sinais e sintomas sistêmicos associados aos sintomas da neuropatia, assim como ao DERMÁTOMO envolvido no quadro. As radiculopatias provocam sintomas nos nervos periféricos. Por isso, a TOPOGRAFIA DA LESÃO é extremamente importante nesses casos. RADICULOPATIAS E DOENÇAS DO NERVO PERIFÉRICO As manifestações clínicas mais comuns das radiculopatias são dor, parestesia, fraqueza, hipo/arreflexia. → A hiporreflexia de início precoce é seguida pela arreflexia → As parestesias são frequentemente referidas como queimação ou formigamento, costumam ocorrer no nervo periférico e, na polineuropatia simétrica, tem o padrão de “bota ou luva” 12 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 → A ataxia sensitiva pode resultar de desaferentação proprioceptiva, ocorrendo nos casos de perda de fibras grossas As lesões na cauda equina afetam múltiplas raízes lombares e sacrais, causam sintomas radiculares em ambas as pernas e podem alterar a função esfincteriana e sexual. Os músculos inervados pela raiz motora afetada se tornam fracos e atróficos, podendo também ficar flácidos e apresentar fasciculações. O envolvimento da raiz sensorial causa alteração sensorial na distribuição de um dermátomo. Tudo depende da distribuição dos sintomas. 1) NEUROPATIA HEREDITÁRIA OU DOENÇA DE CHARCOT-MARIE-TOOTH (CMT) Neuropatia hereditárias sensitivo-motora, mais conhecida pelo epônimo de DOENÇA DE CHARCOT-MARIE-TOOTH (CMT). Doença de causa GENÉTICA CARACTERÍSTICO – PERNA DE CEGONHA O paciente tem ATROFIA MUSCULAR DISTAL, o que provoca a manifestação clínica clássica das PERNAS DE CEGONHA, com pés cavos e hálux em martelo, jogando os joelhos para a medial (o prof explicou alguma coisa da perna. Procurar nas aulas antigas) DIAGNÓSTICO ENGM → Neuropatia com velocidade de condução motora muito reduzida TRATAMENTO: SUPORTE MULTIDISCIPLINAR + SINTOMÁTICOS Fisioterapia, órteses Carbamazepina para DOR CASO CLÍNICO DE NEUROPATIA PERIFÉRICA Paciente com pé caído há 3 meses → Então, tem uma NEUROPATIA DO NERVO FIBULAR, responsável pela extensão da perna Exame físico: INSPEÇÃO + MOTOR + SENSITIVO − Presença de ERITEMAS NODOSOS nos MMII Dx: NEUROPATIA DO NERVO FIBULAR (“SÍNDROME DO PÉ CAÍDO”) secundária à HANSENÍASE. CASO CLÍNICO DE NEUROPATIA PERIFÉRICA Mulher, 55 anos, engenheira de software com parestesia na mão esquerda, principalmente no polegar, indicador e dedo médio 13 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 Dx: MONONEUROPATIA DO NERVO MEDIANO/ SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO. Comum em pessoas que digitam, escrevem, fazem muito movimento de torção com as mãos. Tem associação com distúrbio de tireoide, DM. III. DOENÇAS DA JUNÇÃO NEUROMUSCULAR OU PLACA MUSCULAR 1) MIASTENIA GRAVIS (MG) É a doença mais famosa. Doença AUTOIMUNE Autoanticorpos direcionados contra antígenos da porção pós-sináptica do receptor nicotínico de acetilcolina (AChR) na JUNÇÃO NEUROMUSCULAR Consequente REDUÇÃO FUNCIONAL E NUMÉRICA dos RECEPTORES NICOTÍNICOS DE ACETILCOLINA 14 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 Pode ter associação com tireoidopatias, artrite reumatoide, LES, etc. Mulher, 10-30 anos; homem, 40-60 anos QUADRO CLÍNICO: FRAQUEZA MUSCULAR ESQUELÉTICA FLUTUANTE → Mais perceptível por fraqueza bulbar e da musculatura proximal dos membros, além de PTOSE PALPEBRAL + DIPLOPLIA + ROUQUIDÃO porque são os músculos “mais usados” do nosso organismo − Sintomas mais ao final do dia E/OU após esforço → “O músculo cansa” − A maior parte dos pacientes são oligo ou assintomáticos ao acordar − A piora ao longo do dia acontece principalmente nas fases iniciais da doença FATIGABILIDADE MUSCULAR ao exame físico, esforço físico ATENÇÃO! A PTOSE PALPEBRAL é um dos SINAIS CARDINAIS da MG. As variações mais prolongadas são classificadas como REMISSÕES ou EXACERBAÇÕES. Se uma EXACERBAÇÃO envolver os MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS e acarretar necessidade de IOT, tem-se uma CRISE MIASTÊNICA. As CRISES MIASTÊNICAS podem ser desencadeadas por infecções, medicamentos. ATENÇÃO! MEDICAMENTOS/SUBSTÂNCIAS PARA EVITAR NA MIASTENIA GRAVIS porque são gatilhos para CRISES MIASTÊNICAS: Álcool Aminoglicosídeos Barbitúricos, benzodiazepínicos Cloroquina Relaxantes musculares em geral Curares Penicilamina D Betabloqueadores Lidocaína, procainamida – CUIDADO COM A ANESTESIA. Todo paciente com MG deve ir ao neurologista para ver se pode ou não fazer qualquer procedimento que envolva anestesia Contrastes radiológicos DIAGNÓSTICO Alterações no exame físico → TESTE DE ESFORÇO REPETITIVO, TESTE DO GELO Ac anti-receptor da acetilcolina + Solicitar TAC tórax – Hiperplasia tímica é a CAUSA MAIS COMUM DE MIASTENIA GRAVIS – o timo produz os autoanticorpos anti-receptor da Ach ENMG + TESTE DE ESTIMULAÇÃO REPETITIVA → Com DECREMENTO MAIOR OU IGUAL A 10% DO POTÁSSIO em AÇÃO MOTORA APÓS 3-5 ESTÍMULOS (3-5 Hz) TESTE DE ESFORÇO REPETITIVO O paciente, ao ficar olhando por muito tempo para cima, vai ter a PTOSE PALPEBRAL. O olho começa a fechar e a ficar estrábico – DIPLOPIA. → Evidência a FATIGABILIDADE MUSCULAR TESTE DO GELO Tem dúvida se é miastenia? A pálpebra caiu, então coloca GELO na musculatura e o olho volta ao normal. O GELO FAZ COM QUE A MUSCULTURA VOLTE AO NORMAL. 15 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 → O teste do gelo mostra que a alteração não é no músculo ou no nervo, mas sim na JUNÇÃO NEUROMUSCULAR TESTE DE ESTIMULAÇÃO REPETITIVA NO ENMG → Evidência da FATIGABILIDADE MUSCULAR após ESFORÇO TRATAMENTO PIRIDOSTIGMINA (METISNON) = INIBIDOR DA COLINESTERASE − Evita a quebra da acetilcolinesterase, para que ela permaneça mais tempo na fenda neuromuscular OUTROS TRATAMENTOS: → Timectomia (se por hiperplasia tímica) → Imunossupressores→ Plasmaférese IV. DOENÇAS DO MÚSCULO Principais alterações clínicas: 1. FÁCIES MIOPÁTICA → Hipotonia dos músculos da face 2. HIPERLORDOSE – São crianças que crescem com a musculatura enfraquecida, então vão ter alterações na coluna. Importante na ortopedia para investigar MG. 3. PTOSE PALPEBRAL → Mas é uma PTOSE PALPEBRAL MANTIDA, não flutua como na MG. Com o teste do gelo, a ptose continua. FÁCIES MIOPÁTICA + PTOSE PALPEBRAL + HIPERLORDOSE → CLÁSSICO DE DOENÇA MUSCULAR 4. MARCHA MIOPÁTICA → Marcha anserina com movimento de báscula, balanço, rebolado do quadril de um lado para o outro 5. “LEVANTAR MIOPÁTICO” – SINAL DE GOWERS → Como a DNM muscular causa fraqueza proximal e hipotonia muscular, o paciente terá uma redução da força do quadril e ombros. Assim, surge a expressão “levantar miopático”, porque ele vai se levantando sobre ele mesmo (lembrar de Duchenne). Existem doenças que causam ATROFIA e outras NÃO. Mas, atrofia não é tão grande quanto as da doenças do neuromotor. MANOBRA DA BEIRA DO LEITO 16 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 O examinador coloca as pernas do paciente para fora da cama e elas caem por causa da hipotonia e fraqueza. Também existe grande hipotonia da musculatura dos ombros. Alguns aspectos fenotípicos das miopatias: A. Hiperlordose e retração fibrotendínea incipiente de aquileus B. Escápula alada, hipertrofia de panturrilhas e predomínio proximal da atrofia muscular C. Atrofia difusa, contraturas proximais e escoliose ao longo do curso progressivo de algumas miopatias D. e E. Fraqueza e dismorfismo facial 1) DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE Distrofias são miopatias COM ATROFIA ASSOCIADA. Uma das mais famosas é a de Duchenne. Mutações ou deleções no cromossomo X Ausência da proteína estrutural membrana dos miócitos – DISTROFINA Mais em MENINOS – com início de 4 a 6 anos QUADRO CLÍNICO: Déficit motor proximal PANTURRILHAS COM PSEUDOHIPERTROFIA (lipossubstituição) → CLÁSSICO DA DISTROFIA DE DUCHENNE Comprometimento respiratório e cardíaco por volta dos 10 a 12 anos Ele tem uma HIPOTROFIA geral, mas com PSEUDOHIPERTROFIA DAS PANTURRILHAS. DIAGNÓSTICO: CPK > 20x; >aldolase, TGO e DHL ENMG → PADRÃO DISTRÓFICO OU MIOPÁTICO Estudo genético para Duchenne TRATAMENTO: Corticoide Fisioterapia motora e respiratória APENAS PARA MUTAÇÃO NONSENSE → ATALURENO Precisa de um diagnóstico muito precoce para ter um melhor prognóstico. O diagnóstico precoce é difícil, precisa de biópsia etc. Ainda estamos em um estágio muito longo de curar uma doença genética, mas estamos no caminho porque está começando a aparecer drogas capazes disso. 2) MIOPATIA INFLAMATÓRIA – POLIMIOSITE Autoimune Pico 30-60 anos e pico menor por volta dos 15 anos Progressão em semanas ou meses QUADRO CLÍNICO: ARTRALGIA FENÔMENO DE REYNAUD MIALGIA Fraqueza da musculatura PROXIMAL e FLEXORA DO PESCOÇO Pode ter disfagia Comum em USO DE ESTATINA – miopatia por uso de ESTATINA – causa uma fraqueza global. DIAGNÓSTICO: CPK muito elevada ENMG → PADRÃO MIOPÁTICO COM FIBRILAÇÕES BIÓPSIA MUSCULAR → ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS COM INFILTRADO LINFOCÍTICO TRATAMENTO: 17 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 Imunossupressores Fisioterapia motora, respiratória Fonoterapia 3) MIOPATIA INFLAMATÓRIA – DERMATOMIOSITE DERMATOMIOSITE – Presença de RASH CUTÂNEO ANTES da agressão muscular. Autoimune Rash cutâneo PRECEDE a agressão muscular Heliotropo ERITEMA FACIAL e CERVICOTORÁCICO Comum antes da puberdade e em torno dos 40 anos 10% adultos → PARANEOPLÁSTICO DIAGNÓSTICO: ENMG → PADRÃO MIOPÁTICO BIÓPSIA MUSCULAR → ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS COM INFILTRADO LINFOCÍTICO, principalmente de linfócitos B TRATAMENTO: igual ao da polimiosite. Imunossupressores, FT motora, FT respiratória ATENÇÃO! CPK ALTA E AUDOLASE ALTA → PENSA EM MIOPATIA ASSOCIADA. IMAGEM DA BIÓPSIA MUSCULAR DA DERMATOMIOSITE Músculo com processo inflamatório PERGUNTAS QUE PODEM EXISTIR EM RELAÇÃO A ESSAS DOENÇAS DOENÇAS DO CORNO ANTERIOR DA MEDULA → AME E ELA RADICULOPATIAS − COMPRESSIVAS (HÉRNIA) OU INFLAMATÓRIAS (GUILLAIN) NEUROPATIAS − POLINEUROPATIAS PURAMENTE SENSITIVAS, MOTORAS OU MISTAS; AXONAIS OU DESMIELINIZANTES. − Levam ao pensamento de etiologias diferentes. Se é axonal, não é Guillain Barré, por exemplo. Se é axonal, pode ser alcoolismo, bulimia, déficit de vitamina (B12), CA (paraneoplásica), quimioterapia (ex: CA de mama) JUNÇÃO NEUROMUSCULAR − MIASTENIA GRAVIS – episódica, flutuação. FLUTUAÇÃO É A MARCA REGISTRADA. Sintomas mais no final do dia por causa do cansaço. Varia de acordo com a hora, com o estímulo que é feito ao longo do dia etc. os pacientes podem correr, mas, podem também sofrer CRISES MIASTÊNICAS e ter perda da força para a musculatura respiratória, por exemplo. CRISE MIASTENICA PODE SER TRATADA COM A IMUNOGLOBULINA. MÚSCULO − MIOPATIAS − Genéticas ou adquiridas, principalmente as autoimunes inflamatórias. É muito importante topografar o local da fraqueza muscular para tentar identificar a etiologia. Por isso a necessidade de coloca-las em grupos para ajudar no diagnóstico. 18 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 xxx
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